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Apostila CHS PM 2023 - EAD - Isolamento Preservacao Local Crime

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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

ELMANO de FREITAS da Costa


GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

SAMUEL ELÂNIO de Oliveira Júnior - DPF


SECRETÁRIO DA SSPDS

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

Clauber Wagner Vieira DE PAULA – CEL PM


DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

KAMILLY Távora CAMPOS Petrola - DPC


DIRETORA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE

Francisco EDINALDO do Vale Cavalcante – DPC


COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE

José ROBERTO de Moura Correia – TC PM


COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE

Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – MAJ PM


SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE

CURSO DE HABILITAÇÃO A SARGENTO POLICIAL MILITAR - CHS PM/2023

DISCIPLINA
ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME E SINISTRO

CONTEUDISTA
Francisco Silvio Maia

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM

• 2023 •
SUMÁRIO

ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME E SINISTRO ....................................... 1


1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2. A PRESERVAÇÃO E OS EXAMES DE LOCAL DE CRIME TÊM POR OBJETIVOS: .................... 2
3. CADEIA DE CUSTÓDIA..................................................................................................... 5
4. O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL .................................................................................... 7
5. RESUMO DOS PROCEDIMENTOS PADRÕES ................................................................... 10
6. LOCAL DE CRIME – OBSTÁCULOS À SUA PRESERVAÇÃO ................................................ 11
7. EVOLUÇÃO DO LOCAL DE CRIME .................................................................................. 14
8. CONCEITO DE LOCAL DE CRIME .................................................................................... 16
9. CLASSIFICAÇÃO DOS LOCAIS DE CRIME ........................................................................ 17
9.1 Internos ou Fechados ............................................................................................... 17
9.2 Externos ou Abertos ................................................................................................ 18
9.3 Locais Relacionados ................................................................................................. 18
9.4 Preservados, Idôneos ou Não violados ..................................................................... 19
9.5 Não Preservados, Inidôneos ou Violados: ................................................................ 19
10. CORPO DE DELITO, VESTÍGIO, EVIDÊNCIA E INDÍCIO ................................................... 19
10.1 Corpo de Delito ...................................................................................................... 20
10.2 Vestígio .................................................................................................................. 21
10.3 Evidência ................................................................................................................ 21
10.4 Indício .................................................................................................................... 21
11. VESTÍGIOS VERDADEIROS, ILUSÓRIOS E FORJADOS. ................................................... 22
11.1 Vestígio verdadeiro ................................................................................................ 22
11.2 Vestígio ilusório...................................................................................................... 23
11.3 Vestígio forjado ...................................................................................................... 24
11.4 Vestígios Transitórios ............................................................................................. 25
11.5 Vestígios Permanentes ........................................................................................... 25
12. INDÍCIOS ..................................................................................................................... 26
12.1 Indício Manifesto ................................................................................................... 26
12.2 Indício Próximo ...................................................................................................... 26
12.3 Indício Distante ...................................................................................................... 26
13. ASPECTOS TÉCNICOS E PERICIAIS DE LOCAIS DE CRIME CONTRA A PESSOA ............... 27
14. PROCEDIMENTOS DURANTE O EXAME DE LOCAL DE CRIME ...................................... 28
14.1 Procedimentos Preliminares .................................................................................. 28
14.2 Fotografia Criminal................................................................................................. 30
14.3 Croquis e outros recursos ...................................................................................... 31
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 32
ANEXO I ............................................................................................................................ 33
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 39
ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL DO CRIME E
SINISTRO

1. INTRODUÇÃO

A preservação e o isolamento do local de crime são extremamente fundamentais


para que se obtenha sucesso durante a investigação criminal, que pode ser conceituada
como sendo o conjunto de procedimentos, deveres e atividades desenvolvidas pelos
agentes da Segurança Pública com o intuito de esclarecer um fato delituoso ou criminoso.
Constitui-se num ato continuo que envolve as seguintes fases: o policiamento ostensivo,
os procedimentos técnicos – investigativos e a perícia criminal.
Citado por Nilton José Costa Ferreira, o Professor Carlos Kehdy define local de crime
como “toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de um crime
ou delito e que, portanto, venha a exigir providências policiais” sendo, então um ponto de
encontro dos órgãos que compõe as Secretarias de Segurança Pública em todo território
pátrio. Pode-se dizer ainda, que o local de crime, não se resume apenas no espaço físico,
onde ocorreu um fato delituoso, mas também naqueles onde se desenvolvera atividades
anteriores e posteriores ao fato.

É sabido que um dos maiores objetivos da investigação criminal é buscar respostas


e soluções sobre um fato dito como criminoso, que necessite de providências policiais. O
investigador criminal, tal qual um cientista, busca incessantemente solucionar o problema
que lhe é apresentado mediante o desenvolvimento de uma pesquisa/investigação que
será executada seguindo procedimentos e metodologias que permitam aos demais

1
profissionais de segurança pública que se depararem com situações semelhantes possam
tirar as mesmas conclusões acerca do fato.
A sedimentação da pesquisa desenvolvida neste manual traz como pressuposto
mostrar a importância sobre a o isolamento, preservação e levantamentos de dados nos
mais diversos locais de crimes, bem como o cuidado que se ter na manutenção dos mais
variados vestígios e indícios, suas importâncias na elucidação de fatos delituosos, bem
como, de modo especial, orientar, esclarecer e advertir pessoas menos avisadas o quanto
é essencial a preservação de um local de crime, até a chegada de peritos criminais, que
poderão, durante seus estudos, descobrir material acusador, colhê-lo e interpretá-lo, com
o fim único de apontar o autor ou autores de um fato criminoso, baseado em provas
irrefutáveis, frutos de uma independência imparcial, para que no procedimento policial e
judicial a prova apresentada seja valorizada.

2. A PRESERVAÇÃO E OS EXAMES DE LOCAL DE CRIME TÊM POR


OBJETIVOS:

A perpetuação da cena do crime (manter o ambiente o mais inalterado possível, ou


seja, não mover e/ou subtrair objetos de sua posição original);
A coleta de vestígios e/ou evidências (projétil de arma de fogo, fios de cabelo,
manchas sanguíneas, impressões digitais e objetos em geral) e demonstrar sua ligação
direta com o delito em questão;
O estudo da dinâmica dos fatos, pelos peritos criminais;
Evitar a colocação ou plantação de vestígios forjados ou ilusórios por curiosos ou
pessoas alheias ao fato, que venham a mudar o rumo da investigação criminal;
Dar subsídios para a elucidação do fato e sua autoria.
Segundo Dórea quando enumera como causas responsáveis pelas alterações
características dos vestígios:
- as causas naturais, resultantes da ação dos elementos da natureza; - as causas
acidentais, frutos de ações deficientes de proteção dos vestígios e em geral decorrentes
de imperícia ou negligência;
- as causas propositais, resultado de ato voluntário de pessoas interessada na
destruição do vestígio.

2
A excelência na preservação do local de crime dará melhor suporte à perícia
criminal, irá instruir de forma mais clara o inquérito policial, quanto às circunstâncias e
autoria do delito e a respectiva ação penal. Os esclarecimentos de um delito estão
proporcionalmente relacionados ao nível de preservação a que foi submetido o local.
Feito o isolamento, o acesso a essa área será restrito ao perito criminal, além de
outros componentes da polícia científica como laboratoristas, fotógrafos, datiloscopistas,
desenhistas policiais, etc. A nenhuma outra pessoa, ainda que parente da vítima ou
integrante da organização policial deverá ser dado acesso àquela área, antes da conclusão
dos exames periciais. Em hipótese alguma representantes dos meios de comunicação
devem ter acesso ao interior do perímetro delimitado (DÓREA, 2012).
É pertinente deduzir que nas últimas décadas a delinquência, sobretudo nas áreas
urbanas, cresceu de forma surpreendente e que as cifras em matérias delituosas se
tornaram cada vez mais expressivas, denotando que o delinquente está cada vez mais
astuto, calculista e perigoso. As forças de segurança e ordem encontram-se muitas
ocasiões em desvantagem para policiar as manifestações de subversão que nossa
sociedade moderna originou, sendo necessário cada vez mais estudos e capacitações
técnico-operacionais e psico-científicas para combater tais situações.

3
A sociedade necessita de profissionais prontos a fornecerem soluções imediatas,
confiáveis e seguras, sendo sempre necessária a renovação do conhecimento humano,
sobretudo o científico.
No Brasil, a instituição policial no combate ao crime e na busca da verdade real
trabalha, de modo geral, em três vias concomitantes: 1) o policiamento ostensivo, pelas
forças policiais militares estaduais, o qual tem papel fundamental na preservação e
isolamento de um local de delito quando este já ocorrera e na prevenção e tentativa de
evitar sua ocorrência através do confronto direto com prospectos delinquentes; 2) a
investigação policial, realizada pela polícia civil ou judiciária, estágio no qual dar-se
prosseguimento de forma empírica com a busca de provas objetivas (materiais) e
subjetivas (testemunhais), as quais poderão levar os agentes a preciosas evidências
criminais e indícios do(s) criminoso(s); 3) a pesquisa de vestígios em cenas de crime,
realizada pela polícia científica ou perícia criminal.
Nos moldes da Polícia Americana, a Polícia brasileira, principalmente os grupos
especializados em crimes de Homicídio, está aderindo ao conceito da Recognição
Visuográfica do Local de Crime, que se define como uma minuciosa busca e registro de
provas encontradas nas cenas de crime, as quais serão depuradas no próprio local ou nos
laboratórios especializados, devido a celeridade e necessidade de uma investigação mais
rápida e apurada. (Desgualdo, 2001).

A eficiência na preservação e isolamento do local de crime, evitando que vestígios


não se deteriorem ou se percam, por ações de pessoas estranhas aos acontecimentos
delituosos, é o primeiro passo para uma investigação policial bem sucedida, seguido de
um trabalho de perícia criminal com suportes e/ou fundamentos suficientes para
apresentar resultados (laudo) técnico-científicos contundentes, vem a colaborar para o
aumento da taxa de elucidação de fatos delituosos que atormentam a sociedade
brasileira.

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Video 1: Simulação de local de crime
hthtps://www.youtube.com/watch?v=NzotyM0Hgp8&spfreload=1

3. CADEIA DE CUSTÓDIA

Ettore Ferrari Júnior, Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, farmacêutico-


bioquímico e especialista em Investigação Policial, discorreu na rede mundial de
computadores, sobre a importância da manutenção da cadeia de custódia para validação
da prova criminal e da própria investigação que se segue. Afirmando que a cadeia de
custódia contribui para a validação da prova pericial e o respectivo laudo gerado. A
responsabilidade de manutenção da idoneidade processual é compartilhada a todos os
agentes do Estado envolvidos, incluindo o perito criminal.
A necessidade de procedimentos padronizados é necessária, para que diante dos
questionamentos da defesa do acusado, as provas periciais permaneçam robustas e
confiáveis, servindo de elemento de convicção do juiz.

5
A prova pericial é, dentre as provas produzidas na persecução penal, a que mais
baseia a decisão dos juristas. Seu poder de convencimento está amparado em
características como imparcialidade e embasamento científico. Entretanto, por mais que
os avanços tecnológico e científico venham contribuindo com as ciências forenses, não
representam garantia que estas evidências serão aceitas como prova pericial pela justiça
(FERREIRA, 2011).
Para garantir a validade dos exames periciais, os experts forenses devem respeitar a
cadeia de custódia, que seria a documentação que o laboratório dos Institutos de
Criminalísticas, possui com a intenção de rastrear todas as operações realizadas com cada
vestígio, desde a coleta no local do crime até a completa destruição.
A cadeia de custódia contribui para manter e documentar a história cronológica da
evidência, para rastrear a posse e o manuseio da amostra a partir do preparo do
recipiente coletor, da coleta, do transporte, do recebimento, da análise e do
armazenamento. Inclui toda a sequência de posse.
Na área forense, todas as amostras são recebidas como vestígios ou evidências. São
analisadas e o seu resultado é apresentado na forma de laudo para ser utilizado na
persecução penal. As amostras devem ser manuseadas de forma cautelosa, para tentar
evitar futuras alegações de adulteração ou má conduta que possam comprometer as
decisões relacionadas ao caso em questão.
O detalhamento dos procedimentos deve ser minucioso, para tornar o procedimento
robusto e confiável, deixando o laudo técnico produzido, com teor irrefutável. A
sequência dos fatos é essencial: QUEM manuseou, COMO manuseou, ONDE o vestígio foi
obtido, COMO ARMAZENOU-SE, POR QUE manuseou-se. O fato de assegurar a memória
de todas as fases do processo constitui um protocolo legal que possibilita garantir a
idoneidade do caminho que a amostra percorreu.
Segundo CHASIN, a cadeia de custódia se divide em externa e interna: a fase externa
seria o transporte do local de coleta até a chegada ao laboratório. A interna, refere-se ao
procedimento interno no laboratório, até o descarte das amostras. WATSON (2009)
descreve a cadeia de custódia como o processo pelo qual as provas estão sempre sob o
cuidado de um indivíduo conhecido e acompanhado de um documento assinado pelo seu
responsável, naquele momento.

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Exercício de Fixação:

1. Quais os principais objetivos da Preservação do Local de Local de Crime


2. O que você entende por Recognição Visuográfica de Local de Crime
3. Defina Cadeia de Custódia

4. O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

A cadeia de custódia, na Lei, inicia-se logo após o conhecimento do fato criminoso:

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Inciso com redação dada
pela Lei nº 8862, de 28.03.1994);
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo
III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas)
testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e

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durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.
Portanto, a Autoridade Policial (leia-se Delegado de Polícia), constatada a existência
do fato criminoso, providenciará que seja feito o isolamento da área e preservados os
vestígios do local do crime, a fim de que os peritos possam examinar todo o conjunto de
vestígios ali dispostos.
Assim, em muitos casos a autoridade policial que não puder se deslocar até a área
onde ocorreu o delito, deve tomar providências e determinar que um agente seu
compareça e realize aquelas tarefas em seu nome. Portanto, o fato de - mesmo
justificadamente - não puder comparecer ao local do crime, não o exime da
responsabilidade legal.
Caso não ocorram estes procedimentos por parte dos policiais, os peritos deverão
dar cumprimento ao artigo 169 do CPP e seu parágrafo único, sob pena de serem
responsabilizados posteriormente pela autoridade judiciária.
Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Parágrafo Único - Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas
e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. Os
peritos, ao cumprirem essa determinação legal, não a fazem sob a conotação de
fiscalização do trabalho policial, pois não é este o espírito do dispositivo legal. Deve haver
coerência e bom senso por parte dos peritos, em simplesmente relatarem tais condições,
caso tenha de fato ocorrido prejuízo para a realização da perícia.
A presença dos peritos no local do delito, todavia, não substituí as ações da
autoridade policial, a qual caberá, além dos procedimentos para isolar a cena do crime e
impedir o acesso de qualquer elemento alheio à equipe da perícia, ações que possibilitem
a segurança dos peritos e sua equipe, viabilizando deste modo à conclusão do trabalho
pericial.
Os trabalhos periciais no local de uma ocorrência findam quando o perito esgotar
todas as possibilidades de exames, e se der por satisfeito, momento em que ele
autorizará à Autoridade Policial a remover a interdição do sítio do delito. A Autoridade
Policial, entretanto, poderá optar por manter o local isolado, para os trabalhos

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preliminares de investigação.
O CPP cita que a autoridade policial deve garantir a conservação da cena do crime,
manipular indícios do local do fato, portanto a garantia da robustez da investigação se
inicia neste momento. ESPÍNDULA (2009) cita que todos os elementos que darão origem
às provas periciais ou documentais requerem cuidados para resguardar a sua idoneidade
ao longo de todo o processo de investigação e trâmite judicial.
O artigo 170 do CPP cita que "nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os
laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
esquemas". O fato de a Lei exigir a guarda de amostra do material analisado garante ao
investigado a possibilidade de contestação e defesa.
O Art. 159 § 5º Durante o curso do processo judicial é permitido às partes, quanto à
perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a
quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser
fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
impossível a sua conservação.
Percebe-se que a cadeia de custódia não é exclusividade do perito criminal, mas sim
de todos os envolvidos na localização e produção de provas: delegados, agentes,
escrivães, papiloscopistas. A importância do procedimento adequado na cena de crime é
a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma condenação.
Como exemplo, o famoso julgamento de O.J. Simpson, que ocorrera nos Estados
Unidos, em que a defesa do réu questionou o modo de coleta e produção da prova
incriminatória e persuadiu o júri demonstrando que havia dúvidas sobre a autoria de O.J.
Simpson, apesar de o perfil genético dele ter coincidido com o da prova coletada no local
do crime.

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Vídeo 2 - Palestra capacita Policiais para preservar local do crime

https://www.youtube.com/watch?v=0hH5o_L8GKc

5. RESUMO DOS PROCEDIMENTOS PADRÕES

a) Primeiro policial – Verificar a existência da ocorrência; isolar o local do crime;


b) Demais policiais – Isolar e preservar o local do crime;
c) Autoridade Policial – comparecer ao local; solicitar a perícia a ser realizada;
garantir a segurança dos agentes envolvidos na investigação; apreender os objetos
relacionados com o fato;
d) Peritos Criminais – atender à solicitação da autoridade policial, realizar a perícia e
consignar em documento todas as informações relativas ao trabalho desenvolvido.
O procedimento padrão, embora definido em lei, na prática é de difícil
implementação, haja vista as carências de toda ordem existentes nos diversos órgãos de
segurança. Assim, o conceito de autoridade policial é por vezes estendido aos demais
policiais, que são ditos “agentes da autoridade”.
Deste modo, o primeiro policial a chegar ao sítio da ocorrência, após verificar a
existência do delito criminoso, comunicará o fato, no caso do Estado do Ceará a CIOPS
(Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança Pública) e tomará as primeiras
providências no sentido de preservar o local do crime. Os procedimentos seguintes
dependerão do tipo de ocorrência.

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6. LOCAL DE CRIME – OBSTÁCULOS À SUA PRESERVAÇÃO

Uma pesquisa monográfica realizada por Hélder Taborelli em dezembro de 2003, na


cidade de Cuiabá – MT relata sobre a atuação do Policial militar em locais de crime, onde
a classificação das áreas, quanto à atuação do militar no local de crime ficará
condicionada ao espaço físico, amplitude do fato e necessidade de estabelecimento das
mesmas: a variação, limitação e delimitação, e é condicionado à estrutura física do local.
Preservar é manter livre de qualquer mal, perigo ou dano. O ato de preservar é bem
mais amplo e abrangente, ou seja, é a medida tomada para proteger alguma coisa de
causas que a possam deteriorar. Logo, o conceito é: o ato de mantê-lo rigorosamente no
estado em que o criminoso o deixou, até a chegada da autoridade policial competente
para tomar conhecimento do fato.
Os obstáculos que o militar encontra no local de crime são vários, porém, é
necessário ter em mente o que deve ser preservado e, ainda, como deve ser preservado.
O principal a ser preservado são todos os vestígios e a providência essencial a ser tomada
é a interdição rigorosa do local. A importância dos vestígios não está restrita ao que ele
representa. São de fundamental importância, também, as posições em que se encontram
e suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não ser perceptível de
imediato. O perigo da inobservância desta regra não reside apenas na possibilidade de
serem destruídos vestígios importantes, mas, também, a de serem alterados vestígios,
posições e a inclusão de novos vestígios.
A interdição consiste, idealmente, em delimitar o perímetro do local e as duas vias
de acesso, impedindo a entrada, de qualquer pessoa, animal ou coisa. Em locais abertos,
a interdição se torna mais difícil, pois o acesso geralmente é fácil, sendo necessária a
utilização de fitas e/ou cordas de isolamento. O isolamento necessitará de uma vigilância

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efetiva sobre todo o perímetro, principalmente nas vias de acessos normais. Tratando-se
de locais fechados, as próprias características tornam mais fácil o isolamento, onde
normalmente o acesso se dá pelas aberturas, portas e janelas, destinadas a essa
finalidade, bastando interditá-las.
Em diversos países recomenda-se que a interdição se faça 50 (cinquenta) metros
após a verificação do último vestígio presente no local mediato. Todavia, muitas vezes a
aplicação dessa regra é impossível. Não há como fixarem normas rígidas no tocante à
delimitação da extensão e da forma do local de crime. A autoridade e seus agentes é
quem deve fazer tal delimitação, em cada caso concreto, usando seu próprio
discernimento.
Na prática, o primeiro policial que chegar ao local deve tomar as providências para
que o local seja adequadamente preservado.
De nada valerá a interdição do local, se ela não for mantida eficazmente até a sua
liberação pelos peritos. O trabalho de levantamento no local de crime requer máximas
atenção e concentração, devendo, pois, a sua custodia ser mantida, até a conclusão do
trabalho pericial. Embora deva ser extremamente evitado alterar de qualquer forma o
‘estado das coisas’, casos ocorrem em que algumas providências como cobrir o cadáver
evitam que a chuva ou outra intempérie destrua vestígios importantes como manchas de
fluídos corpóreos ou esfumaçamento.

Em casos extremos é aceitável a proteção de vestígios, no entanto, ao penetrar no


local para fazer isso, o policial deverá fazê-lo com o máximo de cuidado, evitando, tanto
quanto possível, correr risco de, na tentativa de proteger certos vestígios, causar dano a
estes ou a outros vestígios. É importante lembrar que nada deve ser alterado de suas
posições originais.

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Em algumas situações, faz-se necessário à ação da autoridade policial e/ou dos seus
agentes no local de crime o que, em tese, poderia constituir numa não preservação do
estado das coisas como foram encontradas. Essas situações obrigam a entrada da
autoridade policial e seus agentes no local, com vistas a:

• Para fazer cessar o fato;


• Para prestar socorro a vítima;
• Para fazer a evacuação do local;
• Para conhecer o fato;
• Para evitar mal maior (ocorrência de trânsito - Lei 5970/73).

A rotina de procedimentos do militar nos locais tem sido objeto de constantes


questionamentos, o que tem proporcionado vários posicionamentos a respeito. Deverá
proteger todo o local a fim de serem aproveitadas pelos peritos de todos indícios que
possam levar a elucidação do fato delituoso, como manchas de sangue, pegadas,
impressões digitais que estão sujeitas a desaparecem pela ação do tempo. Não deverá
permitir de nenhum modo que policiais de folga andem pelo local. Repórteres e
fotógrafos antes de fazerem os seus trabalhos, deverão primeiramente respeitar os
trabalhos do policial e do perito.
Entende-se que na prática é bem diferente dos preceitos doutrinários, mas o militar
e/ou qualquer agente da Segurança Pública deve se esforçar para impedir que curiosos
prejudiquem os trabalhos policiais. É certo que todos querem ver de perto e até tocar em
objetos no local de crime, querem também ver o corpo ou os instrumentos utilizados em
um homicídio, arrombamento ou em outro tipo de delito.
Esse conflito se agrava quando familiares insistem em ver de perto o corpo do filho,
marido ou alguém da família. Contudo, o militar deverá ser paciente e dedicado,
tratando-se com a atenção e respeito, mas com a apuração atenção para que se evite a
adulteração do local.
No caso do policial militar, o mesmo deve entender que alterar ou permitir que se
altere o local de crime, além de transgressão disciplinar, poderá estar incorrendo em
crime. No local de crime, a polícia colhe os elementos necessários à elucidação do fato e à
fixação das responsabilidades.

13
Daí a grande importância que lhe atribuímos nas investigações policiais, podendo-se
dizer que a sua preservação e correto aproveitamento decidem quase sempre do êxito
dessas investigações. Além dos dados que possibilitem descobrir a identidade do
criminoso, o local de crime pode oferecer elementos preciosos na fixação das
responsabilidades. Quantos delinqüentes de comprovada periculosidade escapam às
penas da lei, apenas por falta de provas suficientes.

E quantos outros alcançam absolvição em crimes de homicídio, graças à habilidade


de seus advogados que, sentindo a inconsistência da prova, conseguem atrair para seus
constituintes os favores da legitima defesa.
E, tudo isso, tem origem na defeituosa interpretação do local de crime e no mau
aproveitamento dos indícios e provas que ele oferece. Enfim, sobre a relevância, a
importância, a oportunidade de estudar e analisar o comportamento do militar nos locais
de crimes entendeu-se que não há o que se questionar. É necessária uma busca constante
da perfeição.

7. EVOLUÇÃO DO LOCAL DE CRIME

Na idade média não havia órgão policial preparado para a elucidação de fatos
delituosos, no que diz respeito aos vestígios e indícios, que oferecesse aos julgadores
provas, frutos de uma convicção lógica e sem margem de erros da autoria ou não dos
delitos.
Quando ocorria um crime, se não fossem a intervenção das revelações por
adivinhos, era necessária a prova testemunhal, que na época era considerada a RAINHA

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DAS PROVAS, ou a própria confissão dos acusados. Para conseguir-se tais informações
empregava-se a força, enervamento, terror ou desmoralização dos suspeitos ou acusados.
Com o decorrer dos tempos, houve a necessidade, por força da humanização dos
povos, em relação as questões forenses, da apuração dos fatos, baseadas em regras da
verdade formal, evitando-se a confissão diretamente dos suspeitos ou de testemunhas,
por meio de vícios, sugestões, tortura, cujos fatos eram muitas vezes, confessados com
simulação ou através de manifestações capazes de confundir a consciência das
autoridades, quando da condenação ou absolvição de acusados.
Já existem recursos nos Laboratórios de Polícia Técnica a serviço da justiça através
das Ciências, pelo processo tecnológico, com aparelhamento de testes de processamento
de associação de idéias, detectores de mentira com a divulgação de exames psicológico e
psicanalítico, químico, estereoscópio, etc., onde são analisados e interpretados os
vestígios e indícios deixados pelos criminosos no local de crimes, sendo mais valiosos do
que aquelas informações prestadas por testemunhas ou acusados, que são hoje
consideradas as PROSTITUTAS DAS PROVAS.
Para alcançarmos o modernismo das polícias, antes do aparelhamento supracitado,
foi necessário a incorporação de homens exercitados, desde longo tempo, no
conhecimento de pessoas e coisas.
O aperfeiçoamento desses homens, nas ACADEMIAS DE FORMAÇÃO POLICIAL foi
também por necessidade e exigência premente da especialização profissional, reclamada
pela evolução dos tempos. Pois, em contrapartida, os criminosos também evoluíram de
forma e aspecto, acompanhando a evolução da humanidade, processando disfarces sob
variados métodos de ação, os quais, vive dramatizando seus atos, iludem, falseiam,
fingem, escamoteiam, catequizam, representam, trapaceiam, ludibriam, fazem truques e
passam aos olhos da maioria das pessoas como homens honestos.

15
oje, graças à atuação e evolução dos programas acadêmicos das ACADEMIAS DE
FORMAÇÃO POLICIAL, como exemplo da AESP – Academia Estadual de Segurança Pública
do Estado do Ceará se vê Laboratórios e departamentos compostos de profissionais
capacitados e conscientes. Profissionais esses, cuja missão é pesquisar e elaborar
materiais didáticos, novas metodologias de ensino-aprendizagem com o objetivo
prioritário de atingir excelência na formação inicial e continuada de membros que
compõem o sistema de segurança pública nacional, capacitando-os adequadamente e
eficazmente para o combate ao crime e aos criminosos e para fomentação dos direitos
humanos.

8. CONCEITO DE LOCAL DE CRIME

O objetivo deste tópico é mostrar o que é local de crimes, sua importância na


elucidação de fatos delituosos, bem como, de modo especial, orientar, esclarecer e
advertir pessoas menos avisadas, o quanto é essencial a preservação de um local de
crime, até a chegada de Peritos Criminais, que poderão, durante os estudos, descobrir
material acusador, colher esse material e interpretá-lo, com o fim único, que é apontar o
autor ou autores de um fato criminoso, baseado em provas irrefutáveis, frutos de uma
independência imparcial, para que no procedimento policial e judicial a prova
apresentada seja valorizada.
Carlos Kehdy em sua obra Elementos de Criminalística traz a seguinte definição de
local de crime: “Local de crime é toda área onde tenha ocorrido um fato, que pela sua
natureza assuma a configuração de delito e que portanto exija as providências da polícia”.
O local do crime para o Rabello (1996: pg. 17), é resumido com muita propriedade,
como sendo:

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“Local de crime é a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por
origem o ponto no qual é constatado o fato, se entenda de modo a abranger
todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido
praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou
posteriores, à consumação do delito, e com este diretamente relacionado”.

Da definição podemos concluir que o local do crime não se constituiu apenas da


região onde o fato foi constatado, mas em todo e em qualquer local onde existem
vestígios relacionados com o evento, que sejam capazes de indicar uma premeditação do
fato ou uma ação posterior para ocultar provas, que seriam circunstâncias qualificadas do
crime em investigação.

9. CLASSIFICAÇÃO DOS LOCAIS DE CRIME

Os locais do crime podem ser classificados em:

9.1 Internos ou Fechados

Que são caracterizados quando o fato ocorreu em um ambiente fechado,


circunscrito por paredes ou outras formas de fechamento como residências, fábricas,
interiores de veículos, prédios, dentre outros, que também, divide em:
Área Mediata Interna: são consideradas as vias de acesso ao ambiente onde ocorrer
o fato delituoso, como corredores, os ambientes ao redor do cômodo, os jardins e demais
área vizinhas;

17
Área Imediata Interna: consiste no espaço físico onde ocorreu o fato delituoso, como
um quarto ou outro cômodo qualquer.

9.2 Externos ou Abertos

É determinado quando o crime ocorre em ambiente aberto, não limitado por


edificações, como estradas, matagal, beira de rios e outros, que também são
subdivididos:

 Área Mediata Externa: são consideradas as áreas de acesso para onde ocorreu
o crime, como estradas, picadas e ainda as imediações;
 Área Imediata Externa: consiste no local propriamente dito, onde ocorreu o
crime.

9.3 Locais Relacionados

São aqueles locais que, apesar de diversos daqueles relacionados anteriormente,


apresentam relações com um único fato delituoso. Esses locais de crimes são de
interesses puramente teórico, porém quanto à situação tem por finalidade determinar a
dinâmica do fato ocorrido.

Os locais de crimes são classificados ainda, conforme a sua preservação em:

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9.4 Preservados, Idôneos ou Não violados

São aqueles em que os locais de crime são mantidos nas condições originais que
foram deixados pelo seu autor envolvido, sem alteração do estado das coisas, após a
prática da infração penal, até a chegada dos peritos.

9.5 Não Preservados, Inidôneos ou Violados:

são aqueles em que após a prática de uma infração penal e antes da chegada e
assunção dos peritos no local, eles apresentam-se alterados, quer nas posições originais
dos vestígios, quer na subtração ou acréscimos destes, modificado de qualquer forma o
estado das coisas.

Os locais de crimes são classificados também quanto á natureza do fato em:


• Local de homicídios;
• Local de suicídios;
• Local de acidente;
• Local de furto qualificado;
• Local de explosão;
• Local de incêndio, etc.

Exercício de Fixação

1. Cite três procedimentos, de acordo com Art. 6º do CPP, que deverá ter a Autoridade
Policial, após conhecimento de um fato criminoso.
2. Quais os procedimentos padrões dos agentes da Segurança Pública em Local de Crime?
3. Conceitue Local de Crime.

10. CORPO DE DELITO, VESTÍGIO, EVIDÊNCIA E INDÍCIO

Em todo lugar delitivo quase sempre se produz um intercâmbio de meios de prova


entre autor (es), vítima (s) e espaço físico onde se perpetuara uma ação criminosa. Uma

19
vez identificada uma evidência, estudadas suas características químicas, físicas e
biológicas, traça-se um diagnóstico com o objetivo de se obter uma valorização das
provas ora estudadas. Durante uma investigação cientifica criminal, com muita
propriedade e sofisticação diz Edmond Locard (1912): “O tempo que passa é proporcional
a verdade que se vai”.

10.1 Corpo de Delito

O conceito de corpo de delito, como originalmente aparece no Código de Processo


Penal, num decreto-lei publicado em 3 de outubro de 1941, referia-se, certamente,
apenas ao corpo humano. Todavia, do ponto de vista técnico-pericial atual, entende-se
corpo de delito como “qualquer coisa material relacionada a um crime passível de um
exame pericial”. “É o delito em sua corporação física.”
Desta forma, o corpo de delito constitui-se no elemento principal de um local de
crime, em torno do qual gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o
elemento desencadeador da perícia e o motivo e a razão última de sua implementação.
Exemplificando, em um local em que ocorreu um homicídio, o corpo de delito será,
naturalmente, o cadáver da vítima. Tratando-se, porém, de um local de disparo de arma
de fogo, no qual uma vidraça fora atingida por um projétil de origem desconhecida, o
corpo de delito será a vidraça e, por extensão, o prédio em que esta se localizava.

Em perícias internas, efetuadas nos órgãos como Instituto de Criminalística e


Instituto de Medicina Legal, o corpo de delito poderá se constituir em uma mídia como,

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CD-ROM, pendrive, em uma pessoa com lesões corporais, em elementos de munição,
armas, documentos, etc, dependendo do tipo de perícia solicitada e aos propósitos a que
se destina.

10.2 Vestígio

Define-se o termo vestígio, conforme o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, como


“sinal que homem ou animal deixa no lugar onde passa; rastro, pegada, sinal, (...)”.
Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que
possa ter relação com o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência
de um agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte
adequado para a sua ocorrência (local em que o vestígio se materializou). Os conceitos de
corpo de delito e vestígios nem sempre são facilmente distinguíveis. Contudo,
segregando-se um deles, o outro por exclusão é facilmente reconhecido.

10.3 Evidência

É a “qualidade daquilo que é evidente, incontestável, que todos veem ou podem ver
e verificar”. No âmbito da Criminalística, porém, constitui uma evidência o vestígio que,
após analisado pelos peritos, se mostrar diretamente relacionado com o delito
investigado. As evidências são, portanto, os vestígios depurados pelos peritos. Observa-se
que as evidências, por decorrerem dos vestígios, são elementos exclusivamente materiais
e, por conseguinte, de natureza puramente objetiva. Edmond Locard (1912) define
evidência da seguinte forma: “As evidências são testemunhas mudas que não mentem”
(apud Zajaczkowski, 1998).

10.4 Indício

O termo indício encontra-se explicitamente definido no artigo 239 do Código de


Processo Penal: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras

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circunstâncias.” Num primeiro momento, o termo definido pelo Art. 239 do CPP onde lê-
se:
“Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”,
parece sinônimo do conceito de evidência. Contudo, a expressão indício foi definida para
a fase processual, portanto para um momento pós-perícia, o que quer dizer que a
nomenclatura “indício” engloba, além dos elementos materiais de que trata a perícia,
outros de natureza subjetiva, próprios da esfera da polícia judiciária.
Neste contexto, cabe aos peritos a alquimia de transformar vestígios em evidências,
enquanto aos policiais reserva-se a tarefa de, agregando-se às evidências informações
subjetivas, apresentar o indiciado à Justiça. Disto conclui-se que toda evidência é um
indício, porém, nem todo indício é uma evidência. Atesta-se, desta forma, o que, com
muita precisão e singeleza distingue o Professor Gilberto Porto, em seu Manual de
Criminalística: “o vestígio encaminha; o indício aponta”.

11. VESTÍGIOS VERDADEIROS, ILUSÓRIOS E FORJADOS.

11.1 Vestígio verdadeiro

No âmbito de uma área onde tenha ocorrido um crime, vários serão os elementos
deixados pela ação dos agentes da infração.

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Todavia, nesse contexto - área física você vai encontrar inúmeras coisas além dos
vestígios produzidos por vítima e agressor. O vestígio verdadeiro é uma depuração total
dos elementos encontrados no local do crime, pois somente o são aqueles que sejam
produtos direto das ações do cometimento do delito em si. Por exemplo, se o agressor
coloca uma arma de fogo na mão da vítima para simular situação de suicídio, este é um
vestígio forjado e, portanto, não se trata de elemento produto da ação direta do delito
em si.
Os peritos, ao examinarem um local de crime, devem estar atentos e conscientes da
possibilidade de encontrarem vestígios dessa natureza e que, portanto, suas análises no
próprio local são de fundamental importância para o sucesso da perícia. Os peritos devem
ter muito claro sobre quais são os vestígios verdadeiros em uma cena de crime.

11.2 Vestígio ilusório

O vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja
relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha
ocorrido de maneira intencional.
A produção de vestígio ilusório nos locais de crime é muito grande, tendo em vista a
problemática da falta de isolamento e preservação de local.

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Este é o maior fator da sua produção, pois contribuem para isso desde os populares
que transitam pela área de produção dos vestígios, até os próprios policiais desatentos
com as técnicas de preservação.

11.3 Vestígio forjado

Por vestígio forjado entendemos todo elemento encontrado no local do crime, cujo
autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos
elementos originais produzidos pelos atores da infração. Um vestígio forjado poderá ser
produzido por qualquer pessoa que tenha interesse em modificar a cena de um crime,
por razões as mais diversas.
No entanto, neste rol de pessoas, vamos encontrar alguns grupos mais incidentes.
Um dos grandes produtores de vestígios forjados são os próprios autores de delito, que o
fazem na intenção de dificultar as investigações para se chegar até a sua pessoa. Também
podemos encontrar vestígios forjados produzidos por pessoas que tenham interesse
indireto no resultado da investigação de um crime.
Um exemplo disso são parentes de vítimas de suicídio que – por não aceitarem o
fato ou por interesse de recebimento de seguros – tentam acrescentar elementos que
venham a ser entendidos como uma ocorrência de homicídio ou até de acidente.

Os Vestígios quanto à sua natureza podem ser:

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11.4 Vestígios Transitórios

São todos aqueles que em pouco tempo se deformam ou se inutilizam, exemplo:

Pegada humana; Impressão digital latente; Marca de pneumático; Cinza; Poeira, etc.

11.5 Vestígios Permanentes

São todos aqueles que permanecem por certo tempo, sem alterar sua constituição,
exemplo:
Vidros quebrados; Mercas de arrombamento de móvel; Pedaços de pano (tecido);
Fio; Pêlo; Ponta de cigarro; Marcas de ferramenta; Marcas de dentes em fruta; Marcas de
apagamento de números (rasura);
Manchas de sangue, etc.

25
12. INDÍCIOS

Indícios são as circunstancias conhecidas e aprovadas, que tendo relação com o fato,
autoriza por indução, concluir-se pela existência de outras circunstâncias, isto é, são
elementos materiais que apontam diretamente uma pessoa, que pode ser a autora de um
fato criminoso. Os principais indícios são: MANIFESTO; PRÓXIMO; DISTANTE.

12.1 Indício Manifesto

é aquele que conhecido do público, parte da própria natureza do fato, exemplo: sinal
que indique o caminho seguido pelo criminoso, servindo como elemento robustecedor de
outras pessoas que depois de examinado pode contribuir para a descoberta de vestígios
ou de coisas relacionadas com o fato delituoso.

12.2 Indício Próximo

é aquele que tem relação direta com o fato, exemplo: Cédula de identidade e
documentos outros encontrados no local da ocorrência, presumivelmente caídos quando
da luta corporal ou da prática do crime.

12.3 Indício Distante

é aquele que tendo relação com o fato delituoso, mesmo distante é aceito nas
indagações ou investigações que serão procedidas, exemplo: característica físicas ou
sinais peculiares do (s) acusado (s) indicados por testemunhas.

Exercícios de Fixação

1. Defina Corpo de Delito, Vestígios e Indício


2. De acordo com a apostila, quanto sua natureza quais são os tipos de vestígios?
3. Cite exemplos de vestígios permanentes.

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Video 3 – Caso Mércia Nakashima

https://www.youtube.com/watch?v=h3rPSEN2uzA

13. ASPECTOS TÉCNICOS E PERICIAIS DE LOCAIS DE CRIME


CONTRA A PESSOA

A perícia em local de crime contra a pessoa, o chamado local de morte violenta, é


uma das áreas da criminalística que mais oferece riqueza de vestígios, capaz de propiciar
ao investigador criminal um trabalho de desafio ao raciocínio lógico e à metodologia
científica que deve ser aplicada em cada caso (Carvalho, 2005).
Numa investigação de assassinato, à medida que o tempo passa, fica mais difícil
encontrar os vestígios. E, por mais similares que sejam não existem dois exames de local
de morte violenta iguais. A cena do crime pode produzir uma enorme quantidade de
rastros de evidência.

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A primeira ação é verificar se o local está devidamente isolado e preservado senão,
orientar a quem de direito para que este possa isolar a área da cena do crime – mesmo
sendo um quarto pequeno ou uma rua inteira. Todos os vestígios encontrados devem ser
preservados. Também é importante reduzir o número de pessoas que tem acesso à cena
do crime, pois podem introduzir materiais que possam confundir o caminho da
investigação. Tudo deverá ser anotado cuidadosamente e minuciosamente.
O exame em local de morte violenta, normalmente, é um dos mais ricos em
quantidade de detalhes. Para se realizar um bom exame os profissionais de segurança
devem ter em mente três pressupostos básicos: a paciência, a perseverança e a atenção
em todos os detalhes.

14. PROCEDIMENTOS DURANTE O EXAME DE LOCAL DE CRIME

14.1 Procedimentos Preliminares

A cena de um crime é documentada com anotações escritas, fotografias, vídeos e


desenhos. É fundamental definir o sentido e forma de deslocamento no interior das áreas
de exame, visando resguardar os vestígios na sua forma original, conforme foram
produzidos pelos agentes da infração (vítima e agressor). Esse deslocamento deve tomar
um sentido de direção (circular, varredura, etc.), por onde, ao passarmos, devemos
proceder a todos os exames necessários naquelas áreas.

(Saferstein, 2006)

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Observe que a orientação circular na prática pode sofrer pequenas variações no seu
percurso, dependendo dos vestígios que forem sendo encontrados ao longo da área em
exame. A orientação do tipo varredura é muito usada para ambientes abertos.
É importante ter em mente que o exame em um local de crime tem aspectos
irreversíveis e quando examinamos determinado vestígio poderemos estar - ao mesmo
tempo - destruindo-o. É o que chamamos de “ponte” que ao atravessarmos, poderá ser
destruída. Exemplo disso é o de um fragmento de impressão digital, uma marca de
calçado no solo, o formato de uma mancha de sangue, etc. Tomados os procedimentos
iniciais - tão importantes quanto os exames a seguir – e escolhida a rotina e metodologia
a ser adotada (circular, varredura, etc.), iniciaremos a entrada (percurso) no local definido
por nós como local imediato.

No local onde houver cadáver é sempre recomendável aos peritos checarem se


realmente a vítima está morta, pois já houve casos em que, depois de passadas duas a
três horas do fato, a vítima ainda estava com vida e - devido à aparente morte – ninguém
se preocupou em verificar o óbito. É evidente que existem situações que não será preciso
fazer tal verificação, tendo em vista, por exemplo, o início de estado de putrefação ou
lesões graves que, ao observar de longe, já é possível saber que a vítima não sobreviveria.
É importante que o investigador ao iniciar os trabalhos investigativos, comece com a
tomada de informações para o desenvolvimento de futuras análises e comparações, tais
como hora em que chegou ao local, condições atmosféricas, condições de visibilidade,
vias de acesso e outras informações relevantes do local, como por exemplo, vias de
acesso, rotas de aviões e etc.
É fundamental a observação detalhada de todo o local, no sentido de verificar toda
a sua configuração. Não se trata ode exame dos vestígios, mas sim o de observar o local
quando a sua disposição e topografia.

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Se é área pública ou privada; área com ou sem edificações ou o local envolve
situação mista; as vias de acesso existentes (e de possíveis rotas de fuga do agressor); se é
área urbana, rural, industrial, comércio, residência e tudo sobre essas destinações de
prédios e áreas existentes naquele local dos exames. Se o crime ocorreu à noite, deverá
constar se o local possui iluminação artificial.
Se foi em via pública, em pistas de trânsito asfaltada, terra, etc. Enfim, tudo o que
puder ser observado naquele local, deverá ser objeto de anotações, pois muitas dessas
informações poderão ser valiosas para confrontar ou complementar análises de algumas
informações futuras.

14.2 Fotografia Criminal

A fotografia auxilia sob dois aspectos muito importantes. O primeiro é de visualizar


posteriormente as condições exatas do local antes de qualquer tomadas de decisões. O
segundo aspecto é o da importância da fotografia constar como ilustração em todos os
laudos, para servir de instrumento de convencimento junto aos seus usuários, acerca do
que é descrito pelos peritos do local examinado.
Segundo a legislação específica temos determinando que “os cadáveres serão
sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do
possível, todas as lesões externas e vestígios encontrados no local de crime”. Art. 324
(CPPM) - Sempre que conveniente e possível, os laudos de perícias ou exames serão
ilustrados com fotografias, microfotografias, desenhos ou esquemas, devidamente
rubricados.

30
14.3 Croquis e outros recursos

O desenho criminalístico é uma ferramenta indispensável não só do perito, mas de


todos esses profissionais, uma vez que os ajuda na sua tarefa tanto de examinar um dado
local e expressar esse exame de maneira que outros também possam compreendê-lo,
como também interpretar os dados contidos neste documento, ou seja, o que se quer
transmitir. O desenho criminalístico “Croqui” é usado para ilustrar os mais diversos tipos
de laudos, desde o de local de Ocorrência de Trânsito e morte violenta até os laudos de
exames de materiais, como: peças, veículos, projéteis, armas e etc. Deve também ser
usados para confeccionar gráficos, tabelas, organogramas e outros meios comunicativos,
os quais enriquecerão grandemente o laudo pericial.
Recursos como a trena métrica, a régua com e sem escalas, esquadros, compasso,
gabaritos e outros instrumentos são de grande utilidade ao trabalho, principalmente no
momento da produção da arte final no laboratório. A trena é o meio ou o instrumento
mais usado e adequado de medição de pequenos e médios espaços. Seja a trena métrica
de fita ou trena eletrônica, a sua finalidade é a de permitir a tomada desses espaços com
uma escala de precisão e facilidade, que deve ser empregada no momento em que o local
estiver sendo levantado ou examinado.
Os esboços no local do crime desempenham um papel vital na investigação. O
esboço acabado fornece um registro preciso e permanente dos fatos encontrados no local
do crime. Uma fotografia é normalmente uma vista bidimensional do local e não fornece
informações precisa no que diz respeito à distância entre objetos que estão presentes no
local e não pode ser claramente entendida a menos que as distâncias tomadas entre estes
pontos sejam conhecidas.
Croqui em local de morte violenta, tendo como exemplo um esfaqueado dentro de
uma residência. Recomenda-se que sejam representados:
1- A rua (tipo de via, medidas);
2- O terreno (suas características e dimensões);
3- As medidas externas da casa e sua posição dentro do terreno, e se julgar
necessário características das casas vizinhas;
4- Distribuição das peças: localização, medidas, posição das aberturas (portas,
janelas);
5- Distribuição dos mobiliários (dimensões e posicionamento);

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6- Posicionamento da vítima dentro da residência;
7- Posicionamento dos vestígios (faca, armas, gotas de sangue).

(Saferstein, 2006)

Exercícios de Fixação.

01. Qual a importância da Fotografia Forense


02. O que você entende por croquis.

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preservação dos vestígios deixados pelo fato, em tese delituoso, exige a


conscientização dos profissionais da segurança pública e de toda a sociedade de que a
alteração no estado das coisas sem a devida autorização legal do responsável pela
coordenação dos trabalhos no local, pode prejudicar a investigação policial e,
consequentemente, a realização da justiça, visto que os indícios materiais serão
interpretados na forma como foram encontrados no local da ocorrência.
Todavia, nem sempre é possível manter o isolamento da área e preservar os
vestígios até a chegada da perícia criminal, pois a primeira preocupação dos profissionais
da segurança pública é com o socorro à vítima - em casos de acidente de trânsito, por
exemplo -, momento em que muitas vezes o local é descaracterizado ante a necessidade
de salvar uma vida ou evitar algum perigo iminente.
Excetuando-se tais hipóteses, verifica-se a importância da manutenção do estado
das coisas por meio do correto isolamento do local, a fim de se garantir a idoneidade das
evidências relacionadas ao fato investigado e agilizar os trabalhos periciais. Nesse sentido,

32
é imprescindível a integração dos órgãos de segurança pública, na execução de suas
atribuições, vez que os procedimentos atinentes a cada um desses órgãos devem
convergir os trabalhos das equipes para dois focos principais: o rápido atendimento à
sociedade e o sucesso da investigação criminal.

ANEXO I

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL. PORTARIA Nº1678/2014 -GS


- O SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL DO ESTADO DO CEARÁ no uso
de suas atribuições legais, Considerando a necessidade de aprimorar e disciplinar os
procedimentos que visam à modernização da atuação conjunta da Coordenadoria
Integrada de Operações de Segurança, da Polícia Civil, da Policia Militar, do Corpo de
Bombeiros Militar, Perícia Forense e Academia Estadual de Segurança Pública;
Considerando o que prevê o próprio Código de Processo Penal em seus artigos 6º, incisos
I e II, e 169, com nova redação dada pela Lei nº8.862, de 28 de março de 1994;
Considerando o que dispõe o art.166 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº2.848, de
07 de abril de 1940); Considerando o que dispõe a Lei nº5.970, de 11 de dezembro de
1973, publicada no Diário Oficial da União, de 13 de dezembro de 1973; Considerando
que o rápido e correto atendimento de locais de crime ou de sinistro contribui,
sobremaneira, para a eficiência da investigação criminal, agilizando a liberação de pessoas
e coisas; Considerando que a eficiência no isolamento e na preservação do local de crime
ou de sinistro influi positivamente no resultado dos exames periciais, sendo evitadas
irreparáveis dificuldades à consecução da investigação criminal, resolve:

SEÇÃO I
Da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança – CIOPS
Art.1º – À CIOPS compete o acionamento dos órgãos do sistema de segurança
pública de acordo com a natureza do fato, o registro das ocorrências, e o
acompanhamento das atividades policiais, periciais e de bombeiros, certificando-se,
sempre, quando a presença dos elementos acionados nos destinos que lhes foram
determinados, até o término de todos os trabalhos.

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Art.2º – Ao tomar conhecimento de uma ocorrência, a CIOPS deve acionar,
imediatamente, os órgãos competentes, com uma breve descrição, contendo:
I – nome e registro do responsável pela transmissão;
II – número da ocorrência;
III – natureza da ocorrência, esclarecendo se é de autoria conhecida ou
desconhecida;
IV – local, com citação precisa do nome do logradouro (rua, praça, avenida, etc.),
número, bairro, ponto de referência e outros que facilitem sua localização;
V – esclarecimento, se possível, sobre o tipo de local, se é aberto ou fechado;
público ou privado; se é de utilidade ou necessidade pública; de fácil ou difícil acesso; e
VI - outros dados e informações necessários ao melhor atendimento da ocorrência.

SEÇÃO II
Do Órgão, da Autoridade e do Agente Policial
Art.3º – O órgão, a autoridade ou o agente policial, recebendo da CIOPS a
comunicação sobre uma ocorrência, deve dirigir-se imediatamente para o local.
Parágrafo Único – Se a comunicação sobre uma ocorrência não for originária da
CIOPS, deve o órgão, a autoridade ou o agente policial que a recebeu ligar-se com aquela
Coordenadoria, imediatamente, para transmitir o fato, possibilitando o acionamento dos
órgãos competentes e a transmissão de orientações quanto aos procedimentos a serem
adotados.
Art.4º- A autoridade ou o agente policial, que primeiro chegar ao local de crime ou
de sinistro, deve, de imediato, isolar e preservar adequadamente a área onde ocorreu o
fato e, se possível, as cercanias, até a chegada dos peritos criminais e a conclusão dos
levantamentos periciais, cuidando para que não ocorram salvo os casos previstos em lei,
modificações por sua própria iniciativa, impedindo, ainda, a ultrapassagem da linha de
isolamento por qualquer pessoa, mesmo familiares da vítima, imprensa, ou outros
policiais e peritos que não fazem parte da equipe de atendimento acionada pela CIOPS.
Parágrafo Único – A liberação do acesso ao local de crime ou de sinistro para os
responsáveis pelos trabalhos de polícia judiciária só deve ocorrer após a conclusão dos
levantamentos periciais.
Art.5º – Sob pena de responsabilidade, a autoridade ou o agente policial deve isolar
e preservar o local de crime ou de sinistro, não lhe alterando o cenário, sob nenhuma

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hipótese ou pretexto, incluindo-se nisso:
I – não mexer em absolutamente nada que componha a cena do crime ou do
sinistro, em especial não retirando, colocando, ou modificando a posição do que quer que
seja, exceto os casos de estrita necessidade de prestação de socorro à vítima;
II – havendo cadáver, não tocá-lo, não movê-lo de sua posição original, não revirar os
bolsos das vestes e não realizar sua identificação, atribuição esta de responsabilidade da
perícia criminal;
III – não recolher pertences;
IV – não mexer nos instrumentos do crime, principalmente armas e estojos;
V – não tocar nos objetos que estão sob guarda;
VI – não fumar, nem comer ou beber nada na cena do crime;
VII – em locais internos, manter portas, janelas, mobiliário, eletrodomésticos,
utensílios, tais como foram encontrados, não os abrindo ou fechando, não os ligando ou
desligando, salvo o estritamente necessário para conter risco eventualmente existente;
não usar o telefone, sanitário ou lavatório;
VIII – em locais internos ou externos, afastar os animais soltos, principalmente, onde
houver cadáver.
§1º - Havendo suspeita de alteração do local de crime ou de sinistro, deve a
autoridade policial investigar o fato no intuito de identificar os possíveis causadores,
registrando tal situação no boletim de ocorrência.
§2 º – Em caso de acidente de trânsito com vítima, a autoridade ou o agente policial
que primeiro chegar ao local pode autorizar, independentemente do exame sobre o fato,
a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele
envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego; devendo lavrar
a respectiva autorização no boletim da ocorrência, nele consignando o fato, as
testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstancias necessárias ao
esclarecimento da verdade.
Art.6º – Ao chegar ao local, além do estrito cumprimento às normas prescritas no
Art.5º, desta Portaria, deve a autoridade ou o agente policial:
I – verificar a natureza da ocorrência (homicídio, suicídio, morte acidental, morte
natural, acidente de trânsito com vítima, crime contra o patrimônio, acidente do trabalho,
incêndio, desabamento, soterramento, explosão, enchente, afogamento e outras);

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II – havendo possibilidade, conhecer sobre as circunstâncias relacionadas com a
ocorrência e solicitar a identificação das testemunhas arroladas;
III – tratando-se de crimes, verificar se é de autoria conhecida ou desconhecida;
IV – tratando-se de morte, confirmar o acionamento da Coordenadoria de Perícia
Criminal e Coordenadoria de Medicina Legal/PEFOCE;
V – em outras situações que não envolva casos de morte, confirmar o acionamento
da Coordenadoria de Perícia Criminal/PEFOCE, quando indicado;
VI - em casos de busca e salvamento, ou de local de difícil acesso, confirmar o
acionamento do Corpo de Bombeiros Militar.
Art.7º – Enquanto perdurar a necessidade de que o local de crime ou de sinistro seja
mantido isolado e preservado, não pode o mesmo ser abandonado, em qualquer
hipótese, devendo ficar guarnecido por, no mínimo, dois agentes policiais em princípio.
Art.8º – Caso o primeiro atendimento do local de crime ou de sinistro seja realizado
por policial civil, este é o responsável pelas medidas de isolamento e de preservação, até
a chegada da Polícia Militar ou a conclusão da perícia criminal.
Art.9º – A Autoridade Policial da Delegacia de Polícia Civil competente, após
cientificada da ocorrência, passa a ser responsável pela realização de todo o trabalho de
polícia judiciária, devendo respeitar a liberação do local de crime ou de sinistro pela
perícia criminal.
Art.10 – A Autoridade Policial da Delegacia de Polícia Civil em funcionamento no
local mais próximo da ocorrência deve expedir, imediata e prioritariamente, a guia de
solicitação de exame de corpo de delito, mesmo que o cadáver não esteja identificado.

SEÇÃO III
Do Corpo de Bombeiros Militar
Art.11 – Dentro dos limites de suas atribuições institucionais, o Corpo de Bombeiros
Militar deve atuar no necessário apoio aos demais órgãos do sistema de segurança
pública, isolando e preservando os locais quando do atendimento de ocorrências,
devendo ser substituído após a chegada dos policias militares solicitados pra isolar e
preservar os locais até a conclusão dos trabalhos periciais.
Parágrafo Único – Devem ser observadas as normas insculpidas no Art.5º, desta
Portaria.

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SEÇÃO IV
Da Coordenadoria de Perícia Criminal
Art.12 – A Coordenadoria de Perícia Criminal deve dar prioridade máxima ao local
com vítima fatal, especialmente em via pública.
Art.13 – Havendo necessidade de que perdure a preservação do local de crime ou
sinistro após a diligência preliminar, a fim de serem realizados exames complementares,
deve o perito criminal comunicar a situação à CIOPS que adotará as medidas necessárias
junto à Polícia Militar.
Parágrafo Único – Perdurando a preservação do local de crime ou de sinistro, após a
diligência preliminar, continuam prevalecendo as normas prescritas no Art.5º,
ressaltando-se que, sequer entre os intervalos das diligências periciais, pode ser admitido
o acesso de qualquer pessoa estranha aos trabalhos periciais, salvo quando autorizado
pela perícia.
Art.14 – O perito criminal responsável pela realização da perícia do local de crime ou
de sinistro deve zelar para que este seja liberado o mais prontamente possível,
possibilitando o prosseguimento dos trabalhos da polícia judiciária, devendo, ainda,
documentar a comunicação de tal ato e ter ciência de que o retardamento injustificado
da liberação do local acarretará pena de responsabilidade.

SEÇÃO V
Da Coordenadoria de Medicina Legal
Art.15 – A Coordenadoria de Medicina Legal deve atender, imediatamente, às
solicitações da CIOPS para utilização do carro de cadáver (rabecão).
Art.16 – Existindo vítima com lesões corporais deve ser realizado o Exame de Corpo
de Delito, devendo haver o cuidado de ser verificado se o interessado é possuidor da
respectiva Guia para o exame, expedida pela Delegacia de Polícia responsável pelo caso.
Art.17 – A retirada de cadáver do local de crime ou de sinistro somente deve ocorrer
após a conclusão das atividades de perícia criminal e a autorização do responsável pelos
trabalhos de polícia judiciária. Art.18 – A Coordenadoria de Medicina Legal aplica-se,
também, no que lhe compete, o disposto no Artigo 10, desta Portaria.

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SEÇÃO VI
Das Disposições Finais
Art.20 - As Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiro Militar e a Perícia Forense,
como um todo e seus integrantes, individualmente, cada um dentro de suas atribuições,
são responsáveis pelo rápido e correto atendimento do local de crime ou de sinistro.
Art.21 - O rápido e correto atendimento do local de crime ou de sinistro tem por
objetivo contribuir para a eficiência da investigação criminal e minimizar a angústia das
partes envolvidas.
Art.22 - Qualquer ato que venha a contrariar o interesse da sociedade,
caracterizando o retardamento injustificado no atendimento à ocorrência e a falta de
cumprimento das normas prescritas na presente Portaria, em que fase seja, é passível de
responsabilidade.
Art.23 - Os Comandantes-Gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, o
Delegado Geral da Polícia Civil e o Perito Geral da PEFOCE, devem realizar, junto aos
respectivos órgãos subordinados sediados no interior do Estado, as adaptações lógicas
necessárias ao fiel cumprimento das normas prescritas nessa Portaria.
Art.24 - A Academia Estadual de Segurança Pública deve disseminar o conteúdo
desta Portaria no âmbito do Sistema de Segurança Pública, capacitando os profissionais
de segurança pública para a correta aplicação dos termos aqui expressos, inclusive
conciliando este conhecimento com o que está posto no Procedimento Operacional
Padrão - POP nº001.2014/SSPDS, o qual foi elaborado com a observância fiel da
legislação vigente e ao que está prescrito nesta Portaria.
Parágrafo único - O Procedimento Operacional Padrão nº001.2014/Local de
Crime/SSPDS a que se refere este artigo, será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias,
pela SSPDS, a contar da data de publicação desta Portaria.
Art.25 - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário, em especial a Portaria nº271/2000-GS/SSPDS, de 10 de julho de
2000.
GABINETE DO SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL, em Fortaleza,
1º de dezembro de 2014.
Servilho Silva de Paiva
SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL

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REFERÊNCIAS

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