Estatuto Da Vitima
Estatuto Da Vitima
Estatuto Da Vitima
Artigo 212.º
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA [...]
1— .....................................
Lei n.º 130/2015 2— .....................................
3— .....................................
de 4 de setembro 4 — A revogação e a substituição previstas neste
artigo têm lugar oficiosamente ou a requerimento do
Procede à vigésima terceira alteração ao Código de Processo Ministério Público ou do arguido, devendo estes ser
Penal e aprova o Estatuto da Vítima, transpondo a Diretiva ouvidos, salvo nos casos de impossibilidade devidamente
2012/29/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de fundamentada, e devendo ser ainda ouvida a vítima,
outubro de 2012, que estabelece normas relativas aos direi- sempre que necessário, mesmo que não se tenha cons-
tos, ao apoio e à proteção das vítimas da criminalidade e que tituído assistente.
substitui a Decisão-Quadro 2001/220/JAI do Conselho, de 15 de
março de 2001. Artigo 246.º
A Assembleia da República decreta, nos termos da [...]
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
1— .....................................
Artigo 1.º 2— .....................................
3— .....................................
Objeto 4— .....................................
A presente lei procede à vigésima terceira alteração ao 5 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 92.º e 93.º,
Código de Processo Penal e aprova o Estatuto da Vítima, caso o denunciante não conheça ou domine a língua
portuguesa a denúncia deve ser feita numa língua que
transpondo a Diretiva 2012/29/UE do Parlamento Europeu
compreenda.
e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, que estabelece 6 — (Anterior n.º 5.)
normas relativas aos direitos, ao apoio e à proteção das 7 — (Anterior n.º 6.)
vítimas da criminalidade e que substitui a Decisão-Quadro 8 — (Anterior n.º 7.)
2001/220/JAI do Conselho, de 15 de março de 2001.
Artigo 247.º
Artigo 2.º
[...]
Alteração do Código de Processo Penal
1— .....................................
Os artigos 68.º, 212.º, 246.º, 247.º, 292.º e 495.º do Código 2— .....................................
de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87, de 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 82.º-A, o
17 de fevereiro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 387-E/87, Ministério Público informa ainda o ofendido sobre o
de 29 de dezembro, 212/89, de 30 de junho, e 17/91, de 10 de regime e serviços responsáveis pela instrução de pedidos
janeiro, pela Lei n.º 57/91, de 13 de agosto, pelos Decretos- de indemnização a vítimas de crimes violentos, formu-
-Leis n.os 423/91, de 30 de outubro, 343/93, de 1 de outubro, lados ao abrigo do regime previsto na Lei n.º 104/2009,
e 317/95, de 28 de novembro, pelas Leis n.os 59/98, de 25 de 14 de setembro, e os pedidos de adiantamento às
de agosto, 3/99, de 13 de janeiro, e 7/2000, de 27 de maio, vítimas de violência doméstica, bem como da existência
pelo Decreto-Lei n.º 320-C/2000, de 15 de dezembro, pelas de instituições públicas, associativas ou particulares, que
Leis n.os 30-E/2000, de 20 de dezembro, e 52/2003, de 22 de desenvolvam atividades de apoio às vítimas de crimes.
agosto, pelo Decreto-Lei n.º 324/2003, de 27 de dezembro, 4— .....................................
pela Lei n.º 48/2007, de 29 de agosto, pelo Decreto-Lei 5— .....................................
Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015 7005
A intervenção junto da vítima está limitada ao respeito Qualquer intervenção de apoio técnico à vítima deve
integral da sua vontade, sem prejuízo das demais disposi- ser efetuada na observância das normas e obrigações pro-
ções aplicáveis no âmbito da legislação penal e processual fissionais, bem como das regras de conduta aplicáveis ao
penal. caso concreto.
Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015 7007
b) A inquirição das vítimas de violência sexual, violência depoimento possa, se necessário, ser tomado em conta
baseada no género ou violência em relações de intimidade, no julgamento, nos termos e para os efeitos previstos no
salvo se for efetuada por magistrado do Ministério Público artigo 271.º do Código de Processo Penal.
ou por juiz, deve ser realizada por uma pessoa do mesmo 2 — O Ministério Público, o arguido, o defensor e os
sexo que a vítima, se esta assim o desejar e desde que a advogados constituídos no processo são notificados da
tramitação do processo penal não seja prejudicada; hora e do local da prestação do depoimento para que pos-
c) Medidas para evitar o contacto visual entre as ví- sam estar presentes, sendo obrigatória a comparência do
timas e os arguidos, nomeadamente durante a prestação Ministério Público e do defensor.
de depoimento, através do recurso a meios tecnológicos 3 — A tomada de declarações é realizada em ambiente
adequados; informal e reservado, com vista a garantir, nomeadamente,
d) Prestação de declarações para memória futura, nos a espontaneidade e a sinceridade das respostas.
termos previstos no artigo 24.º; 4 — A tomada de declarações é efetuada, em regra,
e) Exclusão da publicidade das audiências, nos termos através de registo áudio ou audiovisual, só podendo ser
do artigo 87.º do Código de Processo Penal. utilizados outros meios, designadamente estenográfi-
cos ou estenotípicos, ou qualquer outro meio técnico
Artigo 22.º idóneo a assegurar a reprodução integral daquelas, ou
a documentação através de auto, quando aqueles meios
Direitos das crianças vítimas
não estiverem disponíveis, o que deverá ficar a constar
1 — Todas as crianças vítimas têm o direito de ser ouvi- do auto.
das no processo penal, devendo para o efeito ser tomadas 5 — A inquirição é feita pelo juiz, podendo em seguida o
em consideração a sua idade e maturidade. Ministério Público, os advogados constituídos e o defensor,
2 — Em caso de inexistência de conflito de interesses, por esta ordem, formular perguntas adicionais, devendo a
a criança pode ser acompanhada pelos seus pais, pelo vítima ser assistida no decurso do ato processual por um
representante legal ou por quem tenha a guarda de facto técnico especialmente habilitado para o seu acompanha-
durante a prestação de depoimento. mento, previamente designado pelo tribunal.
3 — É obrigatória a nomeação de patrono à criança 6 — Nos casos previstos neste artigo só deverá ser pres-
quando os seus interesses e os dos seus pais, representante tado depoimento em audiência de julgamento se tal for
legal ou de quem tenha a guarda de facto sejam conflituan- indispensável à descoberta da verdade e não puser em causa
tes e ainda quando a criança com a maturidade adequada a saúde física ou psíquica de pessoa que o deva prestar.
o solicitar ao tribunal.
4 — A nomeação do patrono é efetuada nos termos da Artigo 25.º
lei do apoio judiciário.
Acesso a estruturas de acolhimento
5 — Não devem ser divulgadas ao público informações
que possam levar à identificação de uma criança vítima, As vítimas especialmente vulneráveis podem, se no qua-
sob pena de os seus agentes incorrerem na prática de crime dro da avaliação individual tal for considerado necessário,
de desobediência. ser temporariamente alojadas em estruturas de acolhimento
6 — Caso a idade da vítima seja incerta e existam mo- apoiadas pelo Estado.
tivos para crer que se trata de uma criança, presume-se,
para efeitos de aplicação do regime aqui previsto, que a Artigo 26.º
vítima é uma criança.
Assistência médica e medicamentosa