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Estatuto Da Vitima

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7004 Diário da República, 1.ª série — N.

º 173 — 4 de setembro de 2015

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA n.º 34/2008, de 26 de fevereiro, pelas Leis n.os 52/2008, de


28 de agosto, 115/2009, de 12 de outubro, 26/2010, de 30
Decreto do Presidente da República n.º 101/2015 de agosto, 20/2013, de 21 de fevereiro, pela Lei Orgânica
n.º 2/2014, de 6 de agosto, e pelas Leis n.os 27/2015, de 14
de 4 de setembro de abril, e 58/2015, de 23 de junho, passam a ter a seguinte
redação:
O Presidente da República decreta, nos termos do ar-
tigo 135.º, alínea a), da Constituição, o seguinte: «Artigo 68.º
É exonerado, sob proposta do Governo, o ministro ple-
nipotenciário de 1.ª classe Luís Manuel Barreira de Sousa [...]
do cargo de Embaixador de Portugal em Banguecoque. 1— .....................................
Assinado em 22 de agosto de 2015. 2— .....................................
3— .....................................
Publique-se.
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referendado em 28 de agosto de 2015. c) No prazo para interposição de recurso da sen-
tença.
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. — O Mi-
nistro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Manuel 4— .....................................
Parente Chancerelle de Machete. 5— .....................................

Artigo 212.º
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA [...]
1— .....................................
Lei n.º 130/2015 2— .....................................
3— .....................................
de 4 de setembro 4 — A revogação e a substituição previstas neste
artigo têm lugar oficiosamente ou a requerimento do
Procede à vigésima terceira alteração ao Código de Processo Ministério Público ou do arguido, devendo estes ser
Penal e aprova o Estatuto da Vítima, transpondo a Diretiva ouvidos, salvo nos casos de impossibilidade devidamente
2012/29/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de fundamentada, e devendo ser ainda ouvida a vítima,
outubro de 2012, que estabelece normas relativas aos direi- sempre que necessário, mesmo que não se tenha cons-
tos, ao apoio e à proteção das vítimas da criminalidade e que tituído assistente.
substitui a Decisão-Quadro 2001/220/JAI do Conselho, de 15 de
março de 2001. Artigo 246.º
A Assembleia da República decreta, nos termos da [...]
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
1— .....................................
Artigo 1.º 2— .....................................
3— .....................................
Objeto 4— .....................................
A presente lei procede à vigésima terceira alteração ao 5 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 92.º e 93.º,
Código de Processo Penal e aprova o Estatuto da Vítima, caso o denunciante não conheça ou domine a língua
portuguesa a denúncia deve ser feita numa língua que
transpondo a Diretiva 2012/29/UE do Parlamento Europeu
compreenda.
e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, que estabelece 6 — (Anterior n.º 5.)
normas relativas aos direitos, ao apoio e à proteção das 7 — (Anterior n.º 6.)
vítimas da criminalidade e que substitui a Decisão-Quadro 8 — (Anterior n.º 7.)
2001/220/JAI do Conselho, de 15 de março de 2001.
Artigo 247.º
Artigo 2.º
[...]
Alteração do Código de Processo Penal
1— .....................................
Os artigos 68.º, 212.º, 246.º, 247.º, 292.º e 495.º do Código 2— .....................................
de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87, de 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 82.º-A, o
17 de fevereiro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 387-E/87, Ministério Público informa ainda o ofendido sobre o
de 29 de dezembro, 212/89, de 30 de junho, e 17/91, de 10 de regime e serviços responsáveis pela instrução de pedidos
janeiro, pela Lei n.º 57/91, de 13 de agosto, pelos Decretos- de indemnização a vítimas de crimes violentos, formu-
-Leis n.os 423/91, de 30 de outubro, 343/93, de 1 de outubro, lados ao abrigo do regime previsto na Lei n.º 104/2009,
e 317/95, de 28 de novembro, pelas Leis n.os 59/98, de 25 de 14 de setembro, e os pedidos de adiantamento às
de agosto, 3/99, de 13 de janeiro, e 7/2000, de 27 de maio, vítimas de violência doméstica, bem como da existência
pelo Decreto-Lei n.º 320-C/2000, de 15 de dezembro, pelas de instituições públicas, associativas ou particulares, que
Leis n.os 30-E/2000, de 20 de dezembro, e 52/2003, de 22 de desenvolvam atividades de apoio às vítimas de crimes.
agosto, pelo Decreto-Lei n.º 324/2003, de 27 de dezembro, 4— .....................................
pela Lei n.º 48/2007, de 29 de agosto, pelo Decreto-Lei 5— .....................................
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6— ..................................... idade, do seu estado de saúde ou de deficiência, bem


7 — Sendo a denúncia apresentada pela vítima, o como do facto de o tipo, o grau e a duração da vitimi-
certificado referido no número anterior deve conter a zação haver resultado em lesões com consequências
descrição dos factos essenciais do crime em causa, e a graves no seu equilíbrio psicológico ou nas condições
sua entrega ser assegurada de imediato, independente- da sua integração social;
mente de requerimento, cumprindo-se ainda o disposto c) ‘Familiares’, o cônjuge da vítima ou a pessoa que
no n.º 5 do artigo anterior, se necessário. convivesse com a vítima em condições análogas às dos
cônjuges, os seus parentes em linha reta, os irmãos e as
Artigo 292.º pessoas economicamente dependentes da vítima;
d) ‘Criança ou jovem’, uma pessoa singular com
[...] idade inferior a 18 anos.
1— ..................................... 2 — Para os efeitos previstos na subalínea ii) da
2 — O juiz de instrução interroga o arguido e ouve alínea a) do n.º 1 integram o conceito de vítima, pela
a vítima, mesmo que não se tenha constituído assis- ordem e prevalência seguinte, o cônjuge sobrevivo não
tente, quando o julgar necessário e sempre que estes separado judicialmente de pessoas e bens, ou a pessoa que
o solicitarem. convivesse com a vítima em condições análogas às dos
Artigo 495.º cônjuges, os descendentes e os ascendentes, na medida
estrita em que tenham sofrido um dano com a morte, com
[...] exceção do autor dos factos que provocaram a morte.
1— ..................................... 3 — As vítimas de criminalidade violenta e de crimi-
2 — O tribunal decide por despacho, depois de re- nalidade especialmente violenta são sempre considera-
colhida a prova, obtido parecer do Ministério Público e das vítimas especialmente vulneráveis para efeitos do
ouvido o condenado na presença do técnico que apoia disposto na alínea b) do n.º 1.
e fiscaliza o cumprimento das condições da suspensão, 4 — Assistem à vítima os direitos de informação, de as-
bem como, sempre que necessário, ouvida a vítima, sistência, de proteção e de participação ativa no processo
mesmo que não se tenha constituído assistente. penal, previstos neste Código e no Estatuto da Vítima.
3— ..................................... 5 — A vítima tem direito a colaborar com as auto-
4 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .» ridades policiais ou judiciárias competentes, prestando
informações e facultando provas que se revelem ne-
Artigo 3.º cessárias à descoberta da verdade e à boa decisão da
causa.»
Aditamento ao Código de Processo Penal Artigo 4.º
É aditado ao Código de Processo Penal, aprovado pelo Alteração sistemática ao Código de Processo Penal
Decreto-Lei n.º 78/87, de 17 de fevereiro, o artigo 67.º-A,
alterado pelos Decretos-Leis n.os 387-E/87, de 29 de de- 1 — Os títulos IV e V do livro I da parte I do Código
zembro, 212/89, de 30 de junho, e 17/91, de 10 de janeiro, de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87,
pela Lei n.º 57/91, de 13 de agosto, pelos Decretos-Leis de 17 de fevereiro, são renumerados, passando a ser, res-
n.os 423/91, de 30 de outubro, 343/93, de 1 de outubro, petivamente, os títulos V e VI.
e 317/95, de 28 de novembro, pelas Leis n.os 59/98, de 2 — É aditado um novo título IV ao livro I da parte I
25 de agosto, 3/99, de 13 de janeiro, e 7/2000, de 27 de maio, do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei
pelo Decreto-Lei n.º 320-C/2000, de 15 de dezembro, pelas n.º 78/87, de 17 de fevereiro, com a designação «Vítima»,
Leis n.os 30-E/2000, de 20 de dezembro, e 52/2003, de 22 de sendo composto pelo artigo 67.º-A.
agosto, pelo Decreto-Lei n.º 324/2003, de 27 de dezembro,
pela Lei n.º 48/2007, de 29 de agosto, pelo Decreto-Lei Artigo 5.º
n.º 34/2008, de 26 de fevereiro, pelas Leis n.os 52/2008, de Estatuto da Vítima
28 de agosto, 115/2009, de 12 de outubro, 26/2010, de 30
de agosto, 20/2013, de 21 de fevereiro, pela Lei Orgânica É aprovado, em anexo à presente lei e da qual faz parte
n.º 2/2014, de 6 de agosto, e pelas Leis n.os 27/2015, de 14 integrante, o Estatuto da Vítima.
de abril, e 58/2015, de 23 de junho, com a seguinte redação:
Artigo 6.º
«Artigo 67.º-A
Entrada em vigor
Vítima
A presente lei entra em vigor no prazo de 30 dias a
1 — Considera-se: contar da data da sua publicação.
a) ‘Vítima’: Aprovada em 22 de julho de 2015.
i) A pessoa singular que sofreu um dano, nomeada- A Presidente da Assembleia da República, Maria da
mente um atentado à sua integridade física ou psíquica, Assunção A. Esteves.
um dano emocional ou moral, ou um dano patrimonial,
Promulgada em 22 de agosto de 2015.
diretamente causado por ação ou omissão, no âmbito
da prática de um crime; Publique-se.
ii) Os familiares de uma pessoa cuja morte tenha sido
diretamente causada por um crime e que tenham sofrido O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
um dano em consequência dessa morte; Referendada em 24 de agosto de 2015.
b) ‘Vítima especialmente vulnerável’, a vítima cuja Pelo Primeiro-Ministro, Paulo Sacadura Cabral Portas,
especial fragilidade resulte, nomeadamente, da sua Vice-Primeiro-Ministro.
7006 Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015

ANEXO Artigo 6.º


(a que se refere o artigo 5.º) Princípio da confidencialidade
Sem prejuízo do disposto no Código de Processo Penal,
ESTATUTO DA VÍTIMA os serviços de apoio técnico à vítima asseguram o adequado
respeito pela sua vida privada, garantindo o sigilo das
informações que esta prestar.
CAPÍTULO I
Disposições gerais Artigo 7.º
Princípio do consentimento
Artigo 1.º
1 — Sem prejuízo do disposto no Código de Processo
Objeto Penal, qualquer intervenção de apoio à vítima deve ser
O Estatuto da Vítima (doravante, Estatuto) contém um efetuada após esta prestar o seu consentimento livre e
conjunto de medidas que visam assegurar a proteção e a esclarecido.
promoção dos direitos das vítimas da criminalidade, trans- 2 — A vítima pode, em qualquer momento, revogar
pondo para a ordem jurídica interna a Diretiva 2012/29/UE livremente o seu consentimento.
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro 3 — Fora do âmbito do processo penal, qualquer inter-
de 2012, que estabelece normas relativas aos direitos, ao venção de apoio a vítima que careça de capacidade para
apoio e à proteção das vítimas da criminalidade e que prestar o seu consentimento apenas pode ser efetuada em
substitui a Decisão-Quadro 2001/220/JAI do Conselho, seu benefício direto.
de 15 de março de 2001. 4 — Sempre que, nos termos da lei, um indivíduo maior
careça, em virtude de limitação ou alteração das funções
Artigo 2.º físicas ou mentais, de doença ou outro motivo similar, de
capacidade para consentir numa intervenção, esta não pode
Articulação com outros diplomas legais
ser efetuada sem que nos termos da lei seja providenciada
1 — O presente Estatuto não prejudica os direitos e a devida autorização ou assistência, ou na sua ausência ou,
deveres processuais da vítima consagrados no Código de se este for o agente do crime, de uma pessoa designada
Processo Penal, nem o regime de proteção de testemu- nos termos da lei.
nhas consagrado na Lei n.º 93/99, de 14 de julho, alterada 5 — A vítima deve, na medida do possível, participar
pelas Leis n.os 29/2008, de 4 de julho, e 42/2010, de 3 de no processo de autorização.
setembro. 6 — Caso a vítima seja uma criança e exista um conflito
2 — O presente Estatuto não prejudica também os re- de interesses entre esta e os titulares das responsabilidades
gimes especiais de proteção de vítimas de determinados parentais, que os impeça de a representarem, ou caso a
crimes. criança vítima não esteja acompanhada da sua família ou se
encontre dela separada, deve ser nomeado um representante
à criança vítima, nos termos da lei.
CAPÍTULO II 7 — O disposto no presente artigo não prejudica os
Princípios procedimentos de urgência previstos nos artigos 91.º e
92.º da Lei de Proteção das Crianças e Jovens em Perigo,
Artigo 3.º aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada
pela Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto.
Princípio da igualdade
Toda a vítima, independentemente da ascendência, na- Artigo 8.º
cionalidade, condição social, sexo, etnia, raça, língua, Princípio da informação
idade, religião, deficiência, convicções políticas ou ide-
ológicas, orientação sexual, cultura e nível educacional, O Estado assegura à vítima a prestação de informação
goza dos direitos fundamentais inerentes à dignidade da adequada à tutela dos seus direitos, designadamente nos
pessoa humana, sendo-lhe assegurada a igualdade de opor- termos previstos nos artigos 11.º e 12.º
tunidades para viver sem violência e preservar a sua saúde
física e psíquica. Artigo 9.º
Artigo 4.º Princípio do acesso equitativo aos cuidados de saúde

Princípio do respeito e reconhecimento O Estado, tendo em conta as necessidades de saúde, as-


segura as medidas adequadas com vista a garantir o acesso
À vítima é assegurado, em todas as fases e instâncias de equitativo da vítima aos cuidados de saúde de qualidade
intervenção, tratamento com respeito pela sua dignidade apropriada.
pessoal.
Artigo 5.º Artigo 10.º
Princípio da autonomia da vontade Obrigações profissionais e regras de conduta

A intervenção junto da vítima está limitada ao respeito Qualquer intervenção de apoio técnico à vítima deve
integral da sua vontade, sem prejuízo das demais disposi- ser efetuada na observância das normas e obrigações pro-
ções aplicáveis no âmbito da legislação penal e processual fissionais, bem como das regras de conduta aplicáveis ao
penal. caso concreto.
Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015 7007

CAPÍTULO III ii) A decisão de acusação ou de pronúncia;


Direitos das vítimas de criminalidade b) Os elementos pertinentes que lhe permitam, após a
acusação ou a decisão instrutória, ser inteirada do estado
Artigo 11.º do processo, incluindo o local e a data da realização da
audiência de julgamento, e da situação processual do ar-
Direito à informação
guido, por factos que lhe digam respeito, salvo em casos
1 — É garantida à vítima, desde o seu primeiro contacto excecionais que possam prejudicar o bom andamento dos
com as autoridades e funcionários competentes, inclusiva- autos;
mente no momento anterior à apresentação da denúncia, e c) A sentença do tribunal.
sem atrasos injustificados, o acesso às seguintes informações:
7 — Para os efeitos previstos no número anterior, a
a) O tipo de serviços ou de organizações a que pode vítima pode de imediato declarar, aquando da prestação
dirigir-se para obter apoio; da informação aludida na alínea l) do n.º 1, que deseja ser
b) O tipo de apoio que pode receber; oportunamente notificada de todas as decisões proferidas
c) Onde e como pode apresentar denúncia; no processo penal.
d) Quais os procedimentos subsequentes à denúncia e 8 — As informações prestadas nos termos das alíneas a)
qual o seu papel no âmbito dos mesmos; e c) do número anterior devem incluir a fundamentação
e) Como e em que termos pode receber proteção; da decisão em causa ou um resumo dessa fundamentação.
f) Em que medida e em que condições tem acesso a: 9 — Devem ser promovidos os mecanismos adequados
i) Consulta jurídica; para fornecer à vítima, em especial nos casos de reconhe-
ii) Apoio judiciário; ou cida perigosidade do arguido, de informações sobre as
iii) Outras formas de aconselhamento; principais decisões judiciárias que afetem o estatuto deste,
em particular a aplicação de medidas de coação.
g) Quais os requisitos que regem o seu direito a in- 10 — Deve ser dado conhecimento à vítima, sem atrasos
demnização; injustificados, da libertação ou evasão da pessoa detida,
h) Em que condições tem direito a interpretação e tra- acusada, pronunciada ou condenada.
dução; 11 — Deve ser assegurado à vítima o direito de optar
i) Quais os procedimentos para apresentar uma denún- por não receber as informações referidas nos números
cia, caso os seus direitos não sejam respeitados pelas auto- anteriores, salvo quando a comunicação das mesmas for
ridades competentes que operam no contexto do processo obrigatória nos termos das normas do processo penal apli-
penal; cável.
j) Quais os mecanismos especiais que pode utilizar em
Portugal para defender os seus interesses, sendo residente
Artigo 12.º
em outro Estado;
k) Como e em que condições podem ser reembolsadas Garantias de comunicação
as despesas que suportou devido à sua participação no 1 — Devem ser tomadas as medidas necessárias para
processo penal; garantir que as vítimas compreendam e sejam compreen-
l) Em que condições tem direito à notificação das de- didas, desde o primeiro contacto e durante todos os outros
cisões proferidas no processo penal. contactos com as autoridades competentes no âmbito do
2 — A extensão e o grau de detalhe das informações a processo penal.
que se refere o número anterior podem variar consoante 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, a co-
as necessidades específicas e as circunstâncias pessoais municação com a vítima deve ser efetuada numa linguagem
da vítima, bem como a natureza do crime. simples e acessível, atendendo às caraterísticas pessoais da
3 — No momento em que apresenta a denúncia, é asse- vítima, designadamente a sua maturidade e alfabetismo,
gurado à vítima o direito a assistência gratuita e à tradu- bem como qualquer limitação ou alteração das funções
ção da confirmação escrita da denúncia, numa língua que físicas ou mentais que possa afetar a sua capacidade de
compreenda, sempre que não entenda português. compreender ou ser compreendida.
4 — Podem ser fornecidas, em fases posteriores do 3 — Salvo se tal for contrário aos interesses da vítima
processo, informações complementares das prestadas nos ou prejudicar o bom andamento do processo, a vítima pode
termos do n.º 2, em função das necessidades da vítima e fazer-se acompanhar de uma pessoa da sua escolha no
da relevância dessas informações em cada fase do pro- primeiro contacto com as autoridades competentes, caso
cesso. devido ao impacto do crime a vítima solicite assistência
5 — A vítima tem direito a consultar o processo e a obter para compreender ou ser compreendida.
cópias das peças processuais nas mesmas condições em 4 — Nas situações referidas no número anterior, são
que tal é permitido ao ofendido nos termos previstos no aplicáveis as disposições legais em vigor relativas à no-
Código de Processo Penal. meação de intérprete.
6 — Sempre que a vítima o solicite junto da entidade
competente para o efeito, e sem prejuízo do regime do se- Artigo 13.º
gredo de justiça, deve ainda ser-lhe assegurada informação,
Assistência específica à vítima
sem atrasos injustificados, sobre:
O Estado assegura, gratuitamente nos casos estabele-
a) O seguimento dado à denúncia, incluindo:
cidos na Lei n.º 34/2004, de 29 de julho, alterada pela Lei
i) A decisão de arquivamento ou de não pronúncia, n.º 47/2007, de 28 de agosto, que a vítima tenha acesso
bem como a decisão de suspender provisoriamente o pro- a consulta jurídica e, se necessário, o subsequente apoio
cesso; judiciário.
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Artigo 14.º Artigo 18.º


Despesas da vítima resultantes Gabinetes de atendimento e informação à vítima
da sua participação no processo penal nos órgãos de polícia criminal
À vítima que intervenha no processo penal, deve ser 1 — Cada força e serviço de segurança constituem a sua
proporcionada a possibilidade de ser reembolsada das des- rede de gabinetes de atendimento, dotados de condições
pesas efetuadas em resultado dessa intervenção, nos termos adequadas, nomeadamente de privacidade, ao atendimento
estabelecidos na lei, em função da posição processual que de vítimas.
ocupe no caso concreto. 2 — O atendimento deve ser realizado nas condições
previstas no n.º 1 do artigo anterior e de forma a serem
Artigo 15.º transmitidas à vítima, de forma adequada e completa, as
Direito à proteção
informações previstas na lei.
3 — O disposto nos números anteriores deve igualmente
1 — É assegurado um nível adequado de proteção à ser concretizado, sempre que possível, nas instalações dos
vítima e, sendo caso disso, aos seus familiares elencados departamentos de investigação e ação penal.
na alínea c) do n.º 1 do artigo 67.º-A do Código de Pro-
cesso Penal, nomeadamente no que respeita à segurança Artigo 19.º
e salvaguarda da vida privada, sempre que as autoridades
competentes considerem que existe uma ameaça séria de Vítimas residentes noutro Estado membro
represálias e de situações de revitimização ou fortes indí- 1 — É assegurada aos cidadãos residentes em Portugal,
cios de que essa privacidade possa ser perturbada. vítimas de crimes praticados noutros Estados membros, a
2 — O contacto entre vítimas e os seus familiares e os possibilidade de apresentar denúncia junto das autoridades
suspeitos ou arguidos em todos os locais que impliquem nacionais, sempre que não tenham tido a possibilidade de o
a presença de uns e de outros no âmbito da realização de fazer no Estado membro onde foi cometido o crime, caso
diligências processuais, nomeadamente nos edifícios dos em que as autoridades nacionais devem transmiti-la pron-
tribunais, deve ser evitado, sem prejuízo da aplicação das tamente às autoridades competentes do território onde foi
regras estabelecidas no Código de Processo Penal. cometido o crime, nos termos da legislação aplicável.
3 — O juiz ou, durante a fase de inquérito, o Ministério 2 — A transmissão da denúncia é de imediato comuni-
Público podem determinar, sempre que tal se mostre im- cada à vítima que a tenha apresentado.
prescindível à proteção da vítima e obtido o seu consenti- 3 — Aos cidadãos residentes noutros Estados membros,
mento, que lhe seja assegurado apoio psicossocial. vítimas de crimes praticados em Portugal, é assegurada:
4 — O disposto nos números anteriores não prejudica a
aplicação do regime especial de proteção de testemunhas, a) A recolha de depoimento imediatamente após a apre-
nomeadamente no que se refere à proteção dos familiares sentação da denúncia do crime à autoridade competente;
da vítima. b) A aplicação, na medida do possível, das disposições
relativas à audição por videoconferência e teleconferência,
Artigo 16.º para efeitos da prestação de depoimento.
Direito a uma decisão relativa a indemnização
e a restituição de bens CAPÍTULO IV
1 — À vítima é reconhecido, no âmbito do processo Estatuto de vítima especialmente vulnerável
penal, o direito a obter uma decisão relativa a indemni-
zação por parte do agente do crime, dentro de um prazo Artigo 20.º
razoável.
2 — Há sempre lugar à aplicação do disposto no ar- Atribuição do estatuto de vítima especialmente vulnerável
tigo 82.º-A do Código de Processo Penal em relação a 1 — Apresentada a denúncia de um crime, não existindo
vítimas especialmente vulneráveis, exceto nos casos em fortes indícios de que a mesma é infundada, as autoridades
que a vítima a tal expressamente se opuser. judiciárias ou os órgãos de polícia criminal competentes
3 — Os bens pertencentes à vítima que sejam apreendi- podem, após avaliação individual da vítima, atribuir-lhe
dos em processo penal devem ser de imediato examinados o estatuto de vítima especialmente vulnerável.
e restituídos, salvo quando assumam relevância probatória 2 — No mesmo ato é entregue à vítima documento
ou sejam suscetíveis de ser declarados perdidos a favor comprovativo do referido estatuto, compreendendo os
do Estado. seus direitos e deveres.
Artigo 17.º Artigo 21.º
Condições de prevenção da vitimização secundária
Direitos das vítimas especialmente vulneráveis
1 — A vítima tem direito a ser ouvida em ambiente 1 — Deve ser feita uma avaliação individual das vítimas
informal e reservado, devendo ser criadas as adequadas especialmente vulneráveis, a fim de determinar se devem
condições para prevenir a vitimização secundária e para beneficiar de medidas especiais de proteção.
evitar que sofra pressões. 2 — As medidas especiais de proteção referidas no nú-
2 — A inquirição da vítima e a sua eventual submissão a mero anterior são as seguintes:
exame médico devem ter lugar, sem atrasos injustificados,
após a aquisição da notícia do crime, apenas quando sejam a) As inquirições da vítima devem ser realizadas pela
estritamente necessárias às finalidades do inquérito e do mesma pessoa, se a vítima assim o desejar, e desde que a
processo penal e deve ser evitada a sua repetição. tramitação do processo penal não seja prejudicada;
Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015 7009

b) A inquirição das vítimas de violência sexual, violência depoimento possa, se necessário, ser tomado em conta
baseada no género ou violência em relações de intimidade, no julgamento, nos termos e para os efeitos previstos no
salvo se for efetuada por magistrado do Ministério Público artigo 271.º do Código de Processo Penal.
ou por juiz, deve ser realizada por uma pessoa do mesmo 2 — O Ministério Público, o arguido, o defensor e os
sexo que a vítima, se esta assim o desejar e desde que a advogados constituídos no processo são notificados da
tramitação do processo penal não seja prejudicada; hora e do local da prestação do depoimento para que pos-
c) Medidas para evitar o contacto visual entre as ví- sam estar presentes, sendo obrigatória a comparência do
timas e os arguidos, nomeadamente durante a prestação Ministério Público e do defensor.
de depoimento, através do recurso a meios tecnológicos 3 — A tomada de declarações é realizada em ambiente
adequados; informal e reservado, com vista a garantir, nomeadamente,
d) Prestação de declarações para memória futura, nos a espontaneidade e a sinceridade das respostas.
termos previstos no artigo 24.º; 4 — A tomada de declarações é efetuada, em regra,
e) Exclusão da publicidade das audiências, nos termos através de registo áudio ou audiovisual, só podendo ser
do artigo 87.º do Código de Processo Penal. utilizados outros meios, designadamente estenográfi-
cos ou estenotípicos, ou qualquer outro meio técnico
Artigo 22.º idóneo a assegurar a reprodução integral daquelas, ou
a documentação através de auto, quando aqueles meios
Direitos das crianças vítimas
não estiverem disponíveis, o que deverá ficar a constar
1 — Todas as crianças vítimas têm o direito de ser ouvi- do auto.
das no processo penal, devendo para o efeito ser tomadas 5 — A inquirição é feita pelo juiz, podendo em seguida o
em consideração a sua idade e maturidade. Ministério Público, os advogados constituídos e o defensor,
2 — Em caso de inexistência de conflito de interesses, por esta ordem, formular perguntas adicionais, devendo a
a criança pode ser acompanhada pelos seus pais, pelo vítima ser assistida no decurso do ato processual por um
representante legal ou por quem tenha a guarda de facto técnico especialmente habilitado para o seu acompanha-
durante a prestação de depoimento. mento, previamente designado pelo tribunal.
3 — É obrigatória a nomeação de patrono à criança 6 — Nos casos previstos neste artigo só deverá ser pres-
quando os seus interesses e os dos seus pais, representante tado depoimento em audiência de julgamento se tal for
legal ou de quem tenha a guarda de facto sejam conflituan- indispensável à descoberta da verdade e não puser em causa
tes e ainda quando a criança com a maturidade adequada a saúde física ou psíquica de pessoa que o deva prestar.
o solicitar ao tribunal.
4 — A nomeação do patrono é efetuada nos termos da Artigo 25.º
lei do apoio judiciário.
Acesso a estruturas de acolhimento
5 — Não devem ser divulgadas ao público informações
que possam levar à identificação de uma criança vítima, As vítimas especialmente vulneráveis podem, se no qua-
sob pena de os seus agentes incorrerem na prática de crime dro da avaliação individual tal for considerado necessário,
de desobediência. ser temporariamente alojadas em estruturas de acolhimento
6 — Caso a idade da vítima seja incerta e existam mo- apoiadas pelo Estado.
tivos para crer que se trata de uma criança, presume-se,
para efeitos de aplicação do regime aqui previsto, que a Artigo 26.º
vítima é uma criança.
Assistência médica e medicamentosa

Artigo 23.º 1 — As vítimas especialmente vulneráveis podem ser


assistidas pelos serviços de saúde integrados no Serviço
Recurso à videoconferência ou à teleconferência
Nacional de Saúde situados na área da estrutura de acolhi-
1 — Os depoimentos e declarações das vítimas espe- mento onde forem inseridas, em alternativa aos serviços
cialmente vulneráveis, quando impliquem a presença do de saúde da sua residência.
arguido, são prestados através de videoconferência ou de 2 — As vítimas especialmente vulneráveis estão isentas
teleconferência, por determinação do Ministério Público, do pagamento das taxas moderadoras no âmbito do Serviço
oficiosamente ou a requerimento da vítima, durante a fase Nacional de Saúde, nos termos a regulamentar por portaria
de inquérito, e por determinação do tribunal, oficiosamente do membro do Governo responsável pela área da saúde.
ou a requerimento do Ministério Público ou da vítima,
durante as fases de instrução ou de julgamento, se tal se Artigo 27.º
revelar necessário para garantir a prestação de declarações
Comunicação social
ou de depoimento sem constrangimentos.
2 — A vítima é acompanhada, na prestação das declara- 1 — Os órgãos de comunicação social, sempre que di-
ções ou do depoimento, por técnico especialmente habili- vulguem situações relativas à prática de crimes, quando
tado para o seu acompanhamento previamente designado as vítimas sejam crianças ou jovens ou outras pessoas
pelo Ministério Público ou pelo tribunal. especialmente vulneráveis, não podem identificar, nem
transmitir elementos, sons ou imagens que permitam a sua
Artigo 24.º identificação, sob pena de os seus agentes incorrerem na
prática de crime de desobediência.
Declarações para memória futura
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
1 — O juiz, a requerimento da vítima especialmente órgãos de comunicação social podem relatar o conteúdo
vulnerável ou do Ministério Público, pode proceder à in- dos atos públicos do processo penal relativo ao crime em
quirição daquela no decurso do inquérito, a fim de que o causa.
7010 Diário da República, 1.ª série — N.º 173 — 4 de setembro de 2015

CAPÍTULO V -se os atuais mandatos em curso com a duração inicial-


mente definida.
Disposições finais 2 — Até à aprovação dos regulamentos referidos no
número seguinte mantêm-se em vigor os regulamentos
Artigo 28.º emitidos pela Ordem dos Farmacêuticos que não con-
Formação dos profissionais trariem o disposto no Estatuto em anexo à presente lei.
3 — A Ordem dos Farmacêuticos aprova no prazo de
1 — As autoridades policiais e os funcionários judiciários 180 dias, a contar da data da entrada em vigor da presente
suscetíveis de entrar em contacto com vítimas recebem lei, os regulamentos previstos no seu Estatuto.
formação geral e especializada de nível adequado a esse 4 — A Ordem mantém a designação tradicional de So-
contacto, a fim de aumentar a sua sensibilização em relação ciedade Farmacêutica Lusitana, de que é legítima conti-
às necessidades das vítimas e de lhes permitir tratá-las de nuadora.
forma não discriminatória e com respeito e profissionalismo.
2 — As atividades do Centro de Estudos Judiciários Artigo 4.º
contemplam conteúdos sobre vitimação, a fim de aumentar
a sensibilização dos magistrados judiciais e do Ministério Norma revogatória
Público em relação às necessidades das vítimas. É revogado o n.º 2 do artigo 2.º do Decreto-Lei
n.º 288/2001, de 10 de novembro, alterado pelos Decretos-
Artigo 29.º -Leis n.os 134/2005, de 16 de agosto, 34/2008, de 26 de
Financiamento fevereiro, e pela Lei n.º 22/2009, de 20 de maio.
1 — Em matéria de investimento para a disponibiliza- Artigo 5.º
ção de respostas no domínio do apoio à vítima, o apoio
público da administração central rege-se pelo regime de Republicação
cooperação, nos termos da lei em vigor. É republicado no anexo II à presente lei e da qual faz
2 — O apoio financeiro referido no número anterior parte integrante, o Decreto-Lei n.º 288/2001, de 10 de
pode ser assegurado por verbas oriundas dos fundos co- novembro, com a redação atual.
munitários, nos termos dos regulamentos aplicáveis.
Artigo 6.º
Lei n.º 131/2015
Entrada em vigor
de 4 de setembro
A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua pu-
Quarta alteração ao Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, blicação.
conformando-o com a Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro, que Aprovada em 22 de julho de 2015.
estabelece o regime jurídico de criação, organização e funcio-
namento das associações públicas profissionais. A Presidente da Assembleia da República, Maria da
Assunção A. Esteves.
A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: Promulgada em 15 de agosto de 2015.
Artigo 1.º Publique-se.
Objeto O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
A presente lei procede à quarta alteração ao Estatuto Referendada em 18 de agosto de 2015.
da Ordem dos Farmacêuticos, aprovado pelo Decreto-Lei Pelo Primeiro-Ministro, Paulo Sacadura Cabral Portas,
n.º 288/2001, de 10 de novembro, alterado pelos Decretos- Vice-Primeiro-Ministro.
-Leis n.os 134/2005, de 16 de agosto, 34/2008, de 26 de fe-
vereiro, e pela Lei n.º 22/2009, de 20 de maio, no sentido de ANEXO I
o adequar à Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro, que estabelece
o regime jurídico de criação, organização e funcionamento
(a que se refere o artigo 2.º)
das associações públicas profissionais.
ESTATUTO DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS
Artigo 2.º
Alteração ao Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos
CAPÍTULO I
O Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, aprovado em
anexo ao Decreto-Lei n.º 288/2001, de 10 de novembro, Disposições gerais
alterado pelos Decretos-Leis n.os 134/2005, de 16 de agosto,
34/2008, de 26 de fevereiro, e pela Lei n.º 22/2009, de SECÇÃO ÚNICA
20 de maio, passa a ter a redação constante do anexo I à
presente lei e da qual faz parte integrante. Natureza, sede e atribuições

Artigo 3.º Artigo 1.º


Disposição transitória Natureza
1 — O disposto na presente lei não afeta a atual compo- 1 — A Ordem dos Farmacêuticos, adiante designada por
sição dos órgãos da Ordem dos Farmacêuticos, mantendo- Ordem, é a associação pública profissional representativa

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