PDF CERS - OAB - Direito Penal - Capítulo 10
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EXAME DE ORDEM
Capítulo 10
CAPÍTULOS
1
SOBRE ESTE CAPÍTULO
A apostila de número 10 do nosso curso de Direito Penal tratou sobre Dos Crimes contra a
Dignidade sexual, assunto que vem sendo bastante cobrado nos mais diversos concursos
públicos! No entanto, de acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve
Contudo, como estamos plenamente cientes que a FGV costuma ser bastante imprevisível,
também por este assunto estar presente no edital, achamos melhor acrescentá-lo na apostila
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei
Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você possa assimilar ainda
Vamos juntos!
2
SUMÁRIO
Capítulo 10 ................................................................................................................................................ 7
3
11.3.1 Considerações iniciais ...................................................................................................................................... 15
11.7 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente - CP, art. 218-A ...... 26
11.10 Disposições Gerais (majorantes) nos crimes contra a dignidade sexual. .................................. 31
GABARITO ............................................................................................................................................... 47
5
QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 48
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 53
6
DIREITO PENAL
Capítulo 10
11.1 Estupro
11.1.1 Introdução
violento ao pudor, e criou a nova figura prevista no Art. 213 do Código Penal. Atualmente o
crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal, representa a junção dos antigos delitos
de estupro (art. 213) e atentado violento ao pudor (art. 214).
Vale frisar, entretanto, que não houve abolitio criminis do atentado violento ao pudor.
Muito embora o art. 214 do Código Penal tenha sido formalmente revogado pela Lei
12.015/2009, a conduta que era nele incriminada subsiste como relevante perante o Direito
11.1.2 Previsão
7
Qualificado pela lesão corporal de natureza grave: § 1.º, 1.ª parte;
Qualificado pela idade da vítima, menor de 18 e maior de 14 anos: § 1.º, in fine; e
Qualificado pela morte (§ 2.º).
qualificadas – é crime hediondo, nos termos do art. 1.º, inc. V, da Lei 8.072/1990:
consumados ou tentados:
1
Questão 02
8
11.1.4 Objeto jurídico e objeto material
O art. 213 do Código Penal tutela dois bens jurídicos: a dignidade sexual e, mais
especificamente, a liberdade sexual, bem como a integridade corporal e a liberdade individual.
O objeto material desse crime é a pessoa, de qualquer sexo, contra quem se dirige a conduta
criminosa.
Violência (vis absoluta ou vis corporalis) é o emprego de força física sobre a vítima,
consistente em lesões corporais ou vias de fato. Pode ser direta ou imediata, quando dirigida
contra o ofendido, ou indireta ou mediata, se voltada contra pessoa ou coisa ligada à vítima
por laços de parentesco ou afeto.
A ameaça deve ser GRAVE, isto é, é a promessa de realização de mal grave, futuro e sério
contra a vítima (direta ou imediata) ou pessoa que lhe é próxima (indireta ou mediata). A
individualidade da vítima deve ser considerada na análise da gravidade ou não da ameaça.
Prevalece que é desnecessário o contato físico entre o agente (ou terceiro) e a vítima.
Assim, responde por estupro o agente que obriga a vítima a se despir ou a se masturbar,
enquanto observa
9
11.1.6 Sujeitos do crime
O estupro era um crime bipróprio (exigia qualidade especial do sujeito ativo e do sujeito
passivo) e, após a Lei 12.015/09, tornou-se um crime BICOMUM (não requer qualidade especial
Em síntese, o crime de estupro pode ser praticado pelo homem contra uma mulher ou
contra um homem, ou então pela mulher, contra outra mulher ou contra um homem.
na intenção de manter conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém. Não se pune a
modalidade culposa.
É um tipo misto alternativo (ou crime de ação múltipla), ou seja, a prática de mais de uma
conduta no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima configura crime único. Imagine
por exemplo que, um indivíduo submete à vítima a pratica de conjunção carnal, e, em seguida,
a coito anal, responderá por um só crime de estupro (o juiz poderá considerar as circunstâncias
do caso concreto na dosimetria da pena).
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal”, o estupro se consuma com a
introdução, total ou parcial, do pênis na vagina. Não há necessidade de ejaculação ou de
10
Admite a tentativa. Mas, não sendo possível vislumbrar a finalidade do agente, poderá
Em seus §§ 1.º e 2.º, o art. 213 do Código Penal elenca formas qualificadas do estupro,
nas quais são alterados em abstrato os limites mínimo e máximo da pena privativa de liberdade.
Vejamos cada uma delas.
do Código Penal. Essas lesões não constituem crimes autônomos, e sim qualificadores do delito
tipificado no art. 213 do Código Penal.
11
A pena é de reclusão, de 12 a 30 anos, se da conduta resulta morte. Aplica-se unicamente
à morte da vítima do estupro. Se a morte recair em pessoa diversa, como no exemplo daquele
que mata o marido para estuprar sua mulher, deverão ser imputados ao agente os crimes de
estupro e homicídio qualificado pela conexão (CP, art. 121, § 2.º, inc. V), em concurso material.
Por fim, se o resultado lesão grave ou morte decorrer de dolo (direto ou eventual)? Incide
a qualificadora ou há concurso de crimes? Para a incidência da qualificadora, o resultado (lesão
grave ou morte) deve ser proveniente de culpa. Portanto, trata-se de crime preterdoloso (dolo
na conduta + culpa no resultado qualificador). Havendo dolo quanto ao resultado, não há
estupro qualificado, mas estupro simples em concurso material com lesão grave ou homicídio.
É a corrente majoritária.
Lei n.º 13.718/18 - Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima:
A violação sexual mediante fraude é crime comum ou geral, podendo ser cometido por
qualquer pessoa. Quanto ao sujeito passivo, pode ser qualquer pessoa, desde que não se amolde
ao conceito penal de vulnerável para fins sexuais.
independentemente do seu sexo. O objeto material é a pessoa física sobre a qual recai a conduta
criminosa.
É o dolo, pouco importando a finalidade do agente. Conclui-se, portanto, que o art. 215
do Código Penal não reclama nenhum tipo de elemento subjetivo específico para a configuração
multa.
13
11.2.5 Núcleos do tipo
O tipo penal contém dois núcleos: “ter” e “praticar”. Ter é conseguir ou obter conjunção
carnal com alguém. Praticar, por sua vez, é realizar ou efetuar outro ato libidinoso com alguém.
Cleber Masson vislumbra falha promovida pela Lei 12.015/2009, tendo em vista que o
dispositivo apenas fala em “praticar outro ato libidinoso com alguém”, sem mencionar a
possibilidade do "permitir". Dessa forma, se, em razão da fraude ou expediente similar, a vítima
Nesse contexto, a fraude (ou outro meio) utilizada na execução não pode anular a
agente que usa psicotrópicos para vencer a resistência da vítima e com ela manter a conjunção
carnal.
14
11.3 Importunação sexual
O art. 215-A foi introduzido ao ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 13.715/2018.
Vejamos sua redação:
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com
mais grave.
delito do art. 215-A do CP. Não se pode falar, no entanto, em abolitio criminis relativa à
contravenção, pois estamos, na verdade, diante do princípio da continuidade normativo-típica.
uma novatio legis in pejus, que não pode retroagir para alcançar situações pretéritas. Desta
forma, somente podem responder pelo art. 215-A do CP aqueles que praticaram a conduta a
É crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, seja do mesmo
sexo/gênero ou não. A vítima pode ser qualquer pessoa, ressalvada a condição de vulnerável,
2
Vide questão 10 do material
3
Vide questão 3 do material
15
(que não impede sua subsunção do fato à norma, quando a vítima for vulnerável, desde que
Percebe-se ser necessária que a vítima do crime seja pessoa certa e determinada. O
objetivo é evitar a confusão com o crime de ato obsceno. Neste, o sujeito passivo é a
coletividade e conduta visa o ultraje público ao pudor dos frequentadores do local público ou
aberto ao público. Trata-se de crime vago.
Se a vítima for pessoa menor de 14 anos, a conduta poderá configurar o crime do art.
fato pode até mesmo ser enquadrado como estupro de vulnerável. Veja esta situação analisada
pelo STJ:
11.3.3 Conduta
Consiste em praticar (levar a efeito, fazer, realizar) ato libidinoso contra alguém, ou seja,
pressupõe uma pessoa específica (é o que diferencia do ato obsceno) a quem deve se dirigir o
ato de autossatisfação.
16
O preceito secundário do art. 215-A contém subsidiariedade expressa: aplicam-se as
penas da importunação sexual se a conduta não caracteriza crime mais grave. Por isso, a falta
de anuência da vítima não pode consistir em nenhuma forma de constrangimento, que aqui
deve ser compreendido no sentido próprio que lhe confere o tipo do estupro – obrigar alguém
à prática de ato de libidinagem –, não no sentido usual, de mal-estar, de situação embaraçosa,
Imagine que dentro de um ônibus, um sujeito faz automasturbação e ejacula nas costas
de uma passageira que está sentada à sua frente. O fato não podia ser enquadrado como
estupro (art. 213 do CP), considerando que não houve violência ou grave ameaça.
Agora, “o passar de mãos lascivo nas nádegas”, “o beijo forçado”, aquilo que antes tinha
que se adequar ao estupro para não ficar impune “ganha” nova tipificação: o crime de
importunação sexual.
geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas, dos quais o indivíduo pode
escapar mais facilmente de uma detenção. No frotteurismo não há violência ou grave ameaça,
razão pela qual não se enquadra como estupro (art. 213 do CP), mas sim o delito do art. 215-A
do CP.
O elemento subjetivo sempre será o dolo direto e especial, tal seja vontade dirigida a
satisfazer da própria lascívia ou de terceiros, não bastando o simples toque ou “esbarrão” no
metrô, por exemplo. Deve ser ato doloso capaz de satisfazer a lascívia do agente e ofender a
liberdade sexual da vítima ao mesmo tempo. Não admite modalidade culposa.
O momento consumativo será com efetiva prática do ato libidinoso, admitindo tentativa,
mas de difícil configuração.
17
11.4 Assédio Sexual
(dezoito) anos.
11.4.3 Sujeitos
É crime bipróprio. O sujeito ativo deve ser superior hierárquico ou deve exercer
ascendência sobre a vítima. O sujeito passivo deve ser subordinado ou subalterno.
Não se exige sexo específico de sujeito ativo ou passivo, vale dizer, pode ocorrer assédio
4
Vide questão 9 do material
18
11.4.4 Núcleo do tipo
representado pela expressão “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual”. Não
se admite a modalidade culposa.
vantagem ou favorecimento sexual, ainda que não se realize o ato desejado pelo ascendente
ou superior hierárquico.
Como estabelece o § 2.º do art. 216-A do Código Penal: “A pena é aumentada em até
um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos”. Esse dispositivo legal merece sérias críticas.
do processo, pois a pena mínima ultrapassa o montante de um ano. Em síntese, o assédio sexual
agravado constitui-se em crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com os benefícios
elencados na Lei 9.099/1995.
19
11.5 Da exposição da intimidade sexual
A Lei nº 13.772/2018 acrescenta um novo crime ao Código Penal. O agente produz (cria,
financia) ou registra (fotografa, filma, grava etc.) cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes.
A Lei nº 13.772/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018). Por ser
uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência. Assim, os
fatos praticados antes de 20/12/2018 não poderão ser punidos com base no art. 216-B do CP.
11.5.2 Sujeitos
Tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa. Trata-se,
É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não admite modalidade culposa.
20
11.5.4 Consumação e tentativa
A cena registrada deve ter sido praticada em caráter íntimo e privado. Se o agente filma
um casal mantendo relações sexuais em uma praça, por exemplo, ou, se há autorização (salvo
em se tratando de crime ou adolescente, situação na qual configura o crime do art. 240 do ECA)
não configura o crime.
Caso o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena, deve responder
A fotografia, vídeo ou áudio, aqui, não é verdadeiro. Foi feita uma montagem, ou seja,
11.6.1 Introdução
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor
de 14 (catorze) anos:
nº 13.718, de 2018).
O estupro de vulnerável representa uma das mais importantes inovações promovidas pela
Lei 12.015/2009. Com a criação do art. 217-A, aboliu-se a presunção de violência nos crimes
5
Vide questão 8 do material
6
Vide questão 4 do material
7
Vide questão 5 do material
22
O art. 217-A do Código Penal contempla três espécies de estupro de vulnerável: simples,
que pode ser própria (caput) ou por equiparação (§ 1.º); b) qualificada pela lesão corporal de
natureza grave, prevista no § 3.º; e c) qualificada pela morte, tipificada no § 4.º. Em todas elas,
O tipo penal contempla duas condutas distintas, cada qual com um núcleo específico.
Percebe-se que o vulnerável pode ter tanto o comportamento ativo quanto passivo.
Exemplo: Mulher constranger menino a ter com ela conjunção carnal. É um delito de execução
livre, vale dizer, não exige violência, grave ameaça ou fraude.
STF/2019: Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da
boca (beijo lascivo) praticou estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo possível a
desclassificação para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do DL 3.668/41).
23
11.6.4 Elemento subjetivo
No estupro de vulnerável, o tipo penal não reclama a violência ou grave ameaça como
meios de execução do delito. Basta à realização de conjunção carnal ou outro ato libidinoso
com a vítima, inclusive com sua anuência. De fato, a vulnerabilidade do ofendido implica a
invalidade do seu consentimento.
11.6.6 Sujeitos
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Crime comum. Se o sujeito ativo for uma das pessoas do
art. 226, II, a pena é aumentada de metade.
Ao completar 14 anos, eventual vítima estará protegida pelo crime de estupro, previsto
no art. 213 do Código Penal, se for constrangida a praticar conjunção carnal ou ato libidinoso
mediante violência ou grave ameaça. Dessa forma, se o fato ocorreu no dia do aniversário de
14 anos não há que se falar em estupro de vulnerável, que só é cabível caso ela fosse menor
de 14 anos. 8
8
Questão 01
24
11.6.8 Vulnerabilidade e erro de tipo
a essa, estará configurado o erro de tipo, que afasta o dolo (art. 20 do Código Penal). Como o
estupro de vulnerável não é punido a título de culpa, o fato será atípico.
11.6.9 Vulnerabilidade
215-A é praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção
absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos.
consentimento. A vulnerabilidade dos menores de 14 anos, com base nessa teoria, poderia ser
25
relativizada em caso de pequena diferença de idade – até 5 anos – entre os envolvidos no ato
9
Vide questão 7 do material
26
11.7.2 Tipo objetivo
27
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime
O crime do art. 218-C possui pena de 1 a 5 anos de reclusão. Logo, classifica-se como
infração de médio potencial ofensivo. Isso significa que é possível a concessão de suspensão
Trata-se de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa (homem ou mulher).
O agente que divulgou o vídeo não precisa ter sido o mesmo indivíduo que participou
ou filmou o ato. Se for a mesma pessoa, poderá haver concurso de crimes.
Se a vítima mantém ou manteve relação íntima de afeto com o autor, aumenta-se a pena
Por fim, tratando-se de vítima menor de dezoito anos, o comportamento do agente pode
recair na conduta dos arts. 241 ou 241-A, do ECA, a depender das circunstâncias do caso
concreto.
11.8.3 Conduta
28
1ª parte: O agente oferece, disponibiliza ou divulga, de qualquer forma (gratuitamente
ou não), por qualquer meio (digital ou não), pela internet ou fora dela fotografia, vídeo ou
qualquer registro audiovisual que contenha: Cena de estupro (art. 213 do CP)
O agente divulga uma fotografia ou vídeo que contém uma cena de estupro (relação
sexual sem consentimento) ou uma cena que faça apologia ou induza a prática de estupro.
qualquer registro audiovisual que contenha cena de sexo, nudez ou pornografia sem que a
pessoa que está aparecendo na fotografia ou vídeo tenha(m) autorizado a sua publicação.
Aqui não tem nada a ver com estupro. O agente divulga uma fotografia ou vídeo que
1. Se o agente que praticou o crime mantém ou tinha mantido relação íntima de afeto com
a vítima. É a chamada de “porn reveng”. Prevista no §1.º:
29
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime
com o término da relação, divulga, como forma de punir a sua ex-parceira, fotografias ou
imagens nas quais ela aparece nua ou em cenas de sexo.
relação íntima de afeto com a vítima, ele já receberá o aumento da pena mesmo que não haja
provas que revelem qual foi a sua intenção ao divulgar o vídeo ou a fotografia.
(dezoito) anos.
30
11.9 Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual;
A Lei 13.718/2018 entrou em vigor em 25 de setembro de 2018, alterou a ação penal nos
crimes contra a dignidade sexual. A partir da vigência da Lei 13.718/2018, todos os crimes contra
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública incondicionada. 10
A Lei nº 13.718/2018 acrescentou uma nova causa de aumento de pena punindo com
mais rigor o estupro “coletivo” e o estupro “corretivo”.
ou mais pessoas;
13.718/2018)
Estupro coletivo
Estupro corretivo
10
Vide questão 6 do material
31
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
Qual a diferença entre o estupro praticado mediante o concurso de duas ou mais pessoas
e o estupro coletivo? Como compatibilizar a aplicação do art. 226, inciso I e do 226, inciso IV,
“a”?
O art. 226, Inciso IV, “a” deve ser aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e
217-A do CP). Isso porque o nomen iuris da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e
“estupro corretivo”. O quantum da majorante é mais elevado. A pena é aumentada de 1/3 a 2/3.
Já o art. 226, inciso I, será aplicado para os demais crimes contra a dignidade sexual. O quantum
é fixo. A pena é aumentada da quarta parte.
Assim, o inciso IV, “a”: aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e 217-A do
CP). Isso porque o nomen iuris da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e “estupro
corretivo”. Já o inciso I é aplicado para os casos demais crimes contra a dignidade sexual.
Para Rogério Sanches, a majorante do estupro corretivo abrange, em regra, crimes contra
masculinidade do homem. Uma espécie doentia de ‘cura’ por meio do ato sexual à força.
O art. 234-A do Código Penal traz duas causas de aumento de pena para os crimes contra
32
portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação
33
QUADRO SINÓTICO
34
uma pessoa sem seu consentimento”. O comportamento
geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas.
Assédio sexual é a insistência inoportuna de alguém em posição
Assédio
privilegiada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais
Sexual de um subalterno. É crime bipróprio. O sujeito ativo deve ser
superior hierárquico ou deve exercer ascendência sobre a vítima.
O sujeito passivo deve ser subordinado ou subalterno. A pena é
aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos.
35
vulnerável, de
cena de sexo
ou
pornografia
A Lei 13.718/2018 entrou em vigor em 25 de setembro de
Ação Penal
2018, alterou a ação penal nos crimes contra a dignidade sexual.
nos crimes A partir da vigência da Lei 13.718/2018, todos os crimes contra a
liberdade sexual são de ação penal pública incondicionada.
contra a
dignidade
sexual
Aumento de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
Disposições
gravidez.
gerais: Aumento de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe
majorantes ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa
A)
36
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Durante dois meses, Mário, 45 anos, e Joana, 14 anos,
à Delegacia e narra o ocorrido para a autoridade policial, esclarecendo que o casal se conhecera
no dia do aniversário de 14 anos de sua filha.
Considerando apenas as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de Mário
Comentário:
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
37
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Questão 2
(XVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2015) Glória é contratada como secretária de Felipe, um
grande executivo de uma sociedade empresarial. Felipe se apaixona por Glória, mas ela nunca
lhe deu atenção fora daquela necessária para a profissão. Felipe, então, simula a existência de
uma reunião de negócios e pede para que a secretária fique no local para auxiliá-lo. À noite,
Glória comparece à sala do executivo acreditando que ocorreria a reunião, quando é
surpreendida por este, que coloca uma faca em seu pescoço e exige a prática de atos sexuais,
sendo, em razão do medo, atendido. Após o ato, Felipe afirmou que Glória deveria comparecer
normalmente ao trabalho no dia seguinte e ainda lhe entregou duas notas de R$ 100,00.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que Felipe deverá responder pela prática do crime
de
Comentário:
Importante frisar, de início, que não se trata de assédio sexual, apesar de haver a superioridade
hierárquica, eis que Felipe utilizou de grave ameaça para realização do ato sexual. Ficando claro
Questão 3
38
A) O crime de importunação sexual, com elemento subjetivo específico, foi criado pela Lei n°
B) O crime de importunação sexual, tipificado pela Lei n° 13.718/2018, exige que a conduta seja
praticada em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
C) A Lei n° 13.718/2018 tipificou o crime de importunação sexual, com dolo genérico e expressa
subsidiariedade ao crime de estupro de vulnerável.
D) O crime de importunação sexual, assim como o crime de estupro, é crime de ação penal
pública condicionada à representação da pessoa contra a qual o ato foi praticado.
E) A importunação sexual é crime contra a liberdade sexual, tal qual o crime de ato obsceno.
Comentário:
a) O crime de importunação sexual efetivamente exige elemento subjetivo específico, como
b) O tipo não exige que o ambiente seja público. Art. 215-A, CP: Praticar contra alguém e
sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro.
c) Preceito secundário do art. 215-A, do CP: reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
não constitui crime mais grave. A subsidiariedade é genérica, e não específica ao crime do
d) Art. 225, do CP. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública incondicionada. Com a Lei n. 13.718/2018, todos os crimes
contra a dignidade sexual são processados mediante ação civil pública incondicionada.
e) O ato obsceno (art. 233, CP) está previsto no capítulo VI, Do Ultraje Público Ao Pudor,
não sendo, portanto, crime contra a liberdade sexual.
39
Questão 4
(Banca: FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público) No dia 23 de abril de 2013, Jailson,
aproveitando que sua esposa havia saído de casa para fazer compras, decidiu ir até o quarto de
sua enteada Jéssica, que à época contava com 19 anos de idade. Ao perceber que Jéssica estava
dormindo, Jailson se aproximou de sua cama, apalpou seus seios e começou a acariciar sua
vagina por dentro da calcinha. Ocorre que, nesse momento, o irmão de Jéssica chegou à casa
e, ao presenciar a cena, começou a gritar, momento em que Jailson se afastou da jovem e fugiu.
O tipo penal em que incorreu Jailson, sem analisar se o delito teria se dado na forma consumada
ou tentada, é:
Comentário:
Nos termos do § 1º, do art. 217-A, do CP, equipare-se à estupro de vulnerável a conduta
daquele que mantém conjunção carnal ou pratica outro ato libidinoso com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
40
Questão 5
(Banca: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia) Em relação ao crime de estupro
de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal
A) a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
Comentário:
Art. 217-A. § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
Questão 6
(Banca: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) A respeito de crimes contra
a dignidade sexual, assinale a opção correta.
41
B) O STJ pacificou o entendimento de que, com o advento do Estatuto da Pessoa com
E) Em se tratando de crime de estupro em que a vítima seja maior de dezoito anos de idade e
plenamente capaz, a ação penal é pública incondicionada, ainda que não tenha ocorrido
violência real na prática do crime.
Comentário:
carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência
de outrem:
42
um delito mais grave, não será o crime do art. 215-A do CP. No caso, o crime de “Satisfação
d) O crime de assédio sexual ocorre apenas quando o agente se prevalece de sua condição
de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função.
e) Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718/2018).
Questão 7
(Banca: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) No que concerne aos crimes contra a
A) dadas as condições de evolução social, não se pune atualmente a violação sexual mediante
D) é fato típico induzir menor de 14 (quatorze) anos a presenciar ato libidinoso diverso da
conjunção carnal, a fim de satisfazer lascívia própria.
E) apenas pessoas dignas são objeto de proteção penal, excluídas as pessoas que
voluntariamente se entregam à má vida ou a práticas sexuais promíscuas.
Comentário:
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Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a
presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou
de outrem.
Questão 8
reclusão para aquele que tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
catorze anos. De acordo com o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, bem
que, por enfermidade, não tem o necessário discernimento para a prática do ato.
E) o referido crime não está elencado na Lei no 8.072/1990 como hediondo.
Comentário:
a, b, c): Súmula 593: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal
ou prática de ato libidinoso com o menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência
de relacionamento amoroso.
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d) § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Questão 9
(Banca: CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público) Deverá responder por crime de assédio
sexual o
A) líder religioso que, no ambiente ecumênico, por reiteradas vezes, importunar fiel para que
realize ato de natureza sexual.
B) agente que, se valendo de lotação elevada em veículo de transporte público, praticar ato
libidinoso sem o consentimento da vítima.
C) indivíduo que constranger a vítima, em ambiente virtual, a se expor ou a praticar ato libidinoso
diverso da conjunção carnal.
D) sujeito que praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal com vítima alcoolizada incapaz
de manifestar livremente sua vontade.
Comentário:
Assédio sexual, previsto no artigo 216 do Código Penal, está estritamente vinculado a duas
circunstancias elementares: superioridade hierárquica ou ascendência inerentes ao exercício
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Questão 10
(Banca: VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Tícia, de 16 anos, há dois anos
namora Caio, de 19 anos. Tícia é virgem e está decidida a apenas manter relação sexual após o
casamento, já marcado para ocorrer no dia em que ela completará 18 anos. Quando estavam
sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, aproveitando-se que Tícia cochilava, masturbou-se e
a filha suja e em pânico, impedem Caio de fugir e decidem chamar a polícia. Acionada a polícia,
Caio é preso, em flagrante delito e, encerradas as investigações, denunciado pelo crime sexual
praticado. Diante da situação hipotética, Caio poderá ser processado pelo crime de
B) violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia estava dormindo, sem possibilidade de
resistir, tratando-se de crime de ação penal pública condicionada.
C) importunação sexual, tratando-se de ação penal pública incondicionada.
D) estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor, tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada.
E) estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a vítima ser menor de 18, tratando-se de
ação penal pública condicionada.
Comentário:
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
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GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - D
Questão 3 - A
Questão 4 - C
Questão 5 - A
Questão 6 - E
Questão 7 - D
Questão 8 - E
Questão 9 – CERTO
Questão 10 – C
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QUESTÃO DESAFIO
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GABARITO QUESTÃO DESAFIO
Após grande divergência na doutrina e na jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça veio por
pacificar a questão ao editar a súmula n. 593, a qual dispõe: “O crime de estupro de vulnerável
se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo
irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual
217-A do Código Penal, senão vejamos: “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1º
Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (VETADO). § 3º Se da
conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. § 5º As penas
(Inserido pela Lei nº 13.718/2018)”. Importante consignar, em relação aos demais vulneráveis
para além dos menores de 14 anos que, a pena prevista no § 1º do art. 217-A aplica-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime se a pessoa com deficiência não puder dar um consentimento válido
em virtude de não ter o necessário discernimento para a prática do ato. Por outro lado, se a
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pessoa com deficiência tiver discernimento para a prática do ato, seu consentimento será sim
válido e irá excluir o crime do art. 217-A do CP, considerando que, neste caso, a pessoa com
deficiência não será vulnerável.”.
Presunção absoluta
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
Estupro
No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
Importunação sexual
Assédio sexual
Estupro de vulnerável
O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de
14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
Ação penal
Aumento de pena
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JURISPRUDÊNCIA
STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).
Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da boca (beijo lascivo) praticou
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo possível a desclassificação para a contravenção penal de
molestamento (art. 65 do DL 3.668/41)
(REsp 1759135/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/08/2019, DJe 01/10/2019)
Insere-se no tipo penal de assédio sexual a conduta de professor que, em ambiente de sala de aula, aproxima-se
de aluna e, com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, toca partes de seu corpo (barriga e seios), por
ser propósito do legislador penal punir aquele que se prevalece de sua autoridade moral e intelectual - dado que
o docente naturalmente suscita reverência e vulnerabilidade e, não raro, alcança autoridade paternal - para auferir
a vantagem de natureza sexual, pois o vínculo de confiança e admiração criado entre aluno e mestre implica
inegável superioridade, capaz de alterar o ânimo da pessoa constrangida. 4. É patente a aludida "ascendência", em
virtude da "função" desempenhada pelo recorrente - também elemento normativo do tipo -, devido à atribuição
que tem o professor de interferir diretamente na avaliação e no desempenho acadêmico do discente, contexto que
lhe gera, inclusive, o receio da reprovação. Logo, a "ascendência" constante do tipo penal objeto deste recurso não
deve se limitar à ideia de relação empregatícia entre as partes. Interpretação teleológica que se dá ao texto legal.
Comentário: O crime de assédio sexual pode ser caracterizado entre professor e aluno.
(AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 26/06/2019, DJe 01/07/2019)
Comentário: Não é possível desclassificar crime de estupro de vulnerável para o delito de importunação sexual
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(HC 371.633/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe
26/03/2019)
O crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente busca
proteger a dignidade sexual do vulnerável, assegurando que possa se desenvolver de forma saudável, e, no
momento apropriado, decidir livremente o seu comportamento sexual. 4. Diferentemente do que ocorre nos artigos
217-A, 218 e 218-A do Código Penal, nos quais o legislador presumiu de forma absoluta a vulnerabilidade dos
menores de 14 (catorze) anos, no artigo 218-B não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor
de 18 (dezoito) anos não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode
oferecer resistência, o que ocorre, na maioria das vezes, mediante a comprovação de que se entrega à prostituição
devido às suas más condições financeiras.
(REsp 1683375/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
14/08/2018, DJe 29/08/2018)
Mesmo após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a conduta consistente em manter Casa
de Prostituição segue sendo crime tipificado no artigo 229 do Código Penal. Todavia, com a novel legislação,
passou-se a exigir a "exploração sexual" como elemento normativo do tipo, de modo que a conduta consistente
em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza crime, sendo necessário, para a configuração
do delito, que haja exploração sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a
mercancia carnal. 2. Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de mercancia sexual,
tampouco havendo notícia de envolvimento de menores de idade, nem comprovação de que o recorrido tirava
proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante ameaça, coerção, violência ou qualquer outra forma
de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não há falar em fato típico a ser punido na seara penal.
(RHC 117978, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 05/06/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-153 DIVULG 31-07-2018 PUBLIC 01-08-2018)
O Supremo Tribunal Federal registra precedente admitindo a legitimidade do Ministério Público para propor a ação
penal por reputar dispensável a ocorrência de lesões corporais para a caracterização da violência real nos crimes
de estupro (v.g. HC nº 102.683/RS, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 3/2/11).
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
Estefam, André: Direito penal esquematizado: parte geral / André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves;
coordenador Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
https://s3.meusitejuridico.com.br/2018/11/b9efe85a-primeiras-impressoes-sobre-o-crime-de-importunacao-sexual-
e-alteracoes-da-lei-13.pdf
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