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PDF CERS - OAB - Direito Penal - Capítulo 10

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OAB

EXAME DE ORDEM

Capítulo 10
CAPÍTULOS

Capítulo 1- Noções gerais do direito penal. Funções do direito


penal. Ciência do direito penal. Categorias do Direito Penal. Fontes
do Direito Penal. Evolução histórica do Direito penal. Escolas penais. 
História do Direito Penal Brasileiro. Velocidades do Direito Penal.
Princípios do direito penal. Lei penal.
Capítulo 2 – Teoria geral do crime. Noções introdutórias. Fato típico.

Teoria do tipo. Crime doloso. Crime culposo. Crime preterdoloso.
Capítulo 3 – Erro de tipo. Iter criminis. 
Capítulo 4 – Ilicitude. 
Capítulo 5 – Culpabilidade. Concurso de pessoas. 
Capítulo 6 – Das penas. Penas privativas de liberdade. Penas
restritivas de direitos. Pena de multa. Aplicação da pena. Suspensão

condicional da pena. Livramento condicional. Efeitos da condenação.
Reabilitação criminal. Medidas de segurança.
Capítulo 7 – Concurso de crimes. 
Capítulo 8 – Extinção da punibilidade 
Capítulo 9 – Homicídio. Infanticídio. Aborto. Lesão Corporal. Dos

Crimes contra a Honra

Capítulo 10 (você está aqui!) – Dos crimes contra a dignidade



sexual
Capítulo 11 – Furto. Roubo. Extorsão. Estelionato. Receptação.

Disposições gerais dos crimes contra o patrimônio
Capítulo 12 – Dos crimes contra a administração pública. Dos crimes
praticados por funcionário público contra a administração em geral.

Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral. Dos crimes contra a administração da justiça

1
SOBRE ESTE CAPÍTULO

Olá, Futuro Advogado!

A apostila de número 10 do nosso curso de Direito Penal tratou sobre Dos Crimes contra a

Dignidade sexual, assunto que vem sendo bastante cobrado nos mais diversos concursos
públicos! No entanto, de acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve

presente apenas 1 VEZ nos últimos 3 anos no Exame de Ordem.

Contudo, como estamos plenamente cientes que a FGV costuma ser bastante imprevisível,
também por este assunto estar presente no edital, achamos melhor acrescentá-lo na apostila

para que você esteja o mais preparado possível, ok? 😉

Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei

e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha.

E o mais importante, responda questões! A resolução de questões é a chave para a aprovação!

Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você possa assimilar ainda

mais o conteúdo visto e praticar 😊

Vamos juntos!

2
SUMÁRIO

DIREITO PENAL ........................................................................................................................................ 7

Capítulo 10 ................................................................................................................................................ 7

11. Dos crimes contra a Dignidade sexual ........................................................................................ 7

11.1 Estupro ....................................................................................................................................................................... 7

11.1.1 Introdução ................................................................................................................................................................ 7

11.1.2 Previsão ..................................................................................................................................................................... 7

11.1.3 Lei 8.072/1990 e a natureza hedionda do estupro ................................................................................ 8

11.1.4 Objeto jurídico e objeto material .................................................................................................................. 9

11.1.5 Núcleo do tipo ....................................................................................................................................................... 9

11.1.6 Sujeitos do crime ............................................................................................................................................... 10

11.1.7 Elemento subjetivo ............................................................................................................................................ 10

11.1.8 Pluralidade de condutas ................................................................................................................................. 10

11.1.9 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 10

11.1.10 Figuras qualificadas: art. 213, §§ 1.º e 2.º........................................................................................ 11

11.1.11 Ação penal do estupro ............................................................................................................................ 12

11.2 Violação sexual mediante fraude ................................................................................................................ 12

11.2.1 Previsão legal ....................................................................................................................................................... 12

11.2.2 Sujeitos do crime ............................................................................................................................................... 13

11.2.3 Objeto jurídico e objeto material ............................................................................................................... 13

11.2.4 Tipo subjetivo ...................................................................................................................................................... 13

11.2.5 Núcleos do tipo .................................................................................................................................................. 14

11.2.6 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 14

11.3 Importunação sexual ........................................................................................................................................ 15

3
11.3.1 Considerações iniciais ...................................................................................................................................... 15

11.3.2 Sujeitos do crime ............................................................................................................................................... 15

11.3.3 Conduta .................................................................................................................................................................. 16

11.3.4 Tipo subjetivo ...................................................................................................................................................... 17

11.3.5 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 17

11.4 Assédio Sexual..................................................................................................................................................... 18

11.4.1 Previsão legal ....................................................................................................................................................... 18

11.4.2 Bem jurídico tutelado ....................................................................................................................................... 18

11.4.3 Sujeitos ................................................................................................................................................................... 18

11.4.4 Núcleo do tipo .................................................................................................................................................... 19

11.4.5 Elemento subjetivo ............................................................................................................................................ 19

11.4.6 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 19

11.4.7 Causa de aumento da pena: art. 216-a, § 2.º ........................................................................................ 19

11.5 Da exposição da intimidade sexual ........................................................................................................... 20

11.5.1 Previsão legal ....................................................................................................................................................... 20

11.5.2 Sujeitos ................................................................................................................................................................... 20

11.5.3 Elemento subjetivo ............................................................................................................................................ 20

11.5.4 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 21

11.5.5 Princípio da especialidade.............................................................................................................................. 21

11.5.6 Figura equiparada .............................................................................................................................................. 21

11.6 Estupro de vulnerável....................................................................................................................................... 22

11.6.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 22

11.6.2 Objeto jurídico e objeto material ............................................................................................................... 23

11.6.3 Núcleos do tipo .................................................................................................................................................. 23

11.6.4 Elemento subjetivo ............................................................................................................................................ 24


4
11.6.5 Art. 217-A do Código Penal e constrangimento do ofendido ...................................................... 24

11.6.6 Sujeitos ................................................................................................................................................................... 24

11.6.7 Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 24

11.6.8 Vulnerabilidade e erro de tipo ..................................................................................................................... 25

11.6.9 Vulnerabilidade ................................................................................................................................................... 25

11.6.10 Exceção de Romeu e Julieta ................................................................................................................. 25

11.6.11 Figuras qualificadas: art. 217-A, §§ 3.º e 4.º................................................................................... 26

11.7 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente - CP, art. 218-A ...... 26

11.7.1 Previsão legal ....................................................................................................................................................... 26

11.7.2 Tipo objetivo ........................................................................................................................................................ 27

11.7.3 Tipo subjetivo ...................................................................................................................................................... 27

11.8 Divulgação de cena de estupro ou cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou

pornografia (Lei 13.715/2018) ................................................................................................................................... 27

11.8.1 Previsão legal ....................................................................................................................................................... 27

11.8.2 Sujeitos do crime ............................................................................................................................................... 28

11.8.3 Conduta .................................................................................................................................................................. 28

11.8.4 Tipo subjetivo ...................................................................................................................................................... 29

11.8.5 Causas de aumento .......................................................................................................................................... 29

11.8.6 Exclusão da ilicitude .......................................................................................................................................... 30

11.9 Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual; ............................................................................. 31

11.10 Disposições Gerais (majorantes) nos crimes contra a dignidade sexual. .................................. 31

11.11 Disposições gerais: majorantes (CP, art. 234-A) ................................................................................... 32

QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 34

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 37

GABARITO ............................................................................................................................................... 47

5
QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 48

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 49

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 51

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 53

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 56

6
DIREITO PENAL

Capítulo 10

11. Dos crimes contra a Dignidade sexual

11.1 Estupro

11.1.1 Introdução

A Lei 12.015/2009 promoveu a junção do antigo estupro com a do crime de atentado

violento ao pudor, e criou a nova figura prevista no Art. 213 do Código Penal. Atualmente o
crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal, representa a junção dos antigos delitos
de estupro (art. 213) e atentado violento ao pudor (art. 214).

Vale frisar, entretanto, que não houve abolitio criminis do atentado violento ao pudor.
Muito embora o art. 214 do Código Penal tenha sido formalmente revogado pela Lei
12.015/2009, a conduta que era nele incriminada subsiste como relevante perante o Direito

Penal, agora com o nomen iuris estupro.

Conclui-se, portanto, pelo simples deslocamento do antigo atentado violento ao pudor


para o atual delito de estupro. Incide na hipótese o princípio da continuidade normativa,

também conhecido como princípio da continuidade típico-normativa, pois o fato subsiste


criminoso, embora disciplinado em tipo penal diverso.

11.1.2 Previsão

O art. 213 do Código Penal contém quatro espécies de estupro, a saber:

 Simples, definido no caput;

7
 Qualificado pela lesão corporal de natureza grave: § 1.º, 1.ª parte;
 Qualificado pela idade da vítima, menor de 18 e maior de 14 anos: § 1.º, in fine; e
 Qualificado pela morte (§ 2.º).

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter

conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro


ato libidinoso: 1

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a


vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

§ 2º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

11.1.3 Lei 8.072/1990 e a natureza hedionda do estupro

O estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples ou

qualificadas – é crime hediondo, nos termos do art. 1.º, inc. V, da Lei 8.072/1990:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados


no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,

consumados ou tentados:

V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);

Esse crime submete-se a tratamento penal mais rigoroso, destacando-se a o não


cabimento de anistia, graça e indulto, e também da fiança (Lei 8.072/1990, art. 2.º, incs. I e II).

1
Questão 02
8
11.1.4 Objeto jurídico e objeto material

O art. 213 do Código Penal tutela dois bens jurídicos: a dignidade sexual e, mais
especificamente, a liberdade sexual, bem como a integridade corporal e a liberdade individual.

O objeto material desse crime é a pessoa, de qualquer sexo, contra quem se dirige a conduta
criminosa.

11.1.5 Núcleo do tipo

O núcleo do tipo é “constranger”, no sentido de coagir alguém a fazer ou deixar de fazer

algo. Para viabilizar o constrangimento, o sujeito se vale de violência ou grave ameaça,


legalmente previstos como meios de execução do estupro.

Violência (vis absoluta ou vis corporalis) é o emprego de força física sobre a vítima,

consistente em lesões corporais ou vias de fato. Pode ser direta ou imediata, quando dirigida
contra o ofendido, ou indireta ou mediata, se voltada contra pessoa ou coisa ligada à vítima
por laços de parentesco ou afeto.

A ameaça deve ser GRAVE, isto é, é a promessa de realização de mal grave, futuro e sério
contra a vítima (direta ou imediata) ou pessoa que lhe é próxima (indireta ou mediata). A
individualidade da vítima deve ser considerada na análise da gravidade ou não da ameaça.

Conjunção carnal é a cópula vagínica, ou seja, a introdução total ou parcial do pênis na


vagina. Atos libidinosos, por outro lado, são os revestidos de conotação sexual, com exceção da
conjunção carnal.

Prevalece que é desnecessário o contato físico entre o agente (ou terceiro) e a vítima.
Assim, responde por estupro o agente que obriga a vítima a se despir ou a se masturbar,
enquanto observa

Por fim, para a configuração do crime de estupro, é indispensável o dissenso da vítima.

9
11.1.6 Sujeitos do crime

O estupro era um crime bipróprio (exigia qualidade especial do sujeito ativo e do sujeito
passivo) e, após a Lei 12.015/09, tornou-se um crime BICOMUM (não requer qualidade especial

do sujeito ativo nem do sujeito passivo).

Em síntese, o crime de estupro pode ser praticado pelo homem contra uma mulher ou
contra um homem, ou então pela mulher, contra outra mulher ou contra um homem.

11.1.7 Elemento subjetivo

É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), consistente

na intenção de manter conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém. Não se pune a
modalidade culposa.

11.1.8 Pluralidade de condutas

É um tipo misto alternativo (ou crime de ação múltipla), ou seja, a prática de mais de uma
conduta no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima configura crime único. Imagine

por exemplo que, um indivíduo submete à vítima a pratica de conjunção carnal, e, em seguida,
a coito anal, responderá por um só crime de estupro (o juiz poderá considerar as circunstâncias
do caso concreto na dosimetria da pena).

11.1.9 Consumação e tentativa

Consuma-se com a prática dos atos de libidinagem. Na conduta “constranger alguém,

mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal”, o estupro se consuma com a
introdução, total ou parcial, do pênis na vagina. Não há necessidade de ejaculação ou de

orgasmo. Em todas as hipóteses, evidentemente, é imprescindível o prévio emprego de violência


ou grave ameaça para constranger a vítima a qualquer dos comportamentos legalmente
descritos.

10
Admite a tentativa. Mas, não sendo possível vislumbrar a finalidade do agente, poderá

responder por constrangimento ilegal (crime subsidiário, ou seja, “soldado de reserva”).

11.1.10 Figuras qualificadas: art. 213, §§ 1.º e 2.º

Em seus §§ 1.º e 2.º, o art. 213 do Código Penal elenca formas qualificadas do estupro,
nas quais são alterados em abstrato os limites mínimo e máximo da pena privativa de liberdade.
Vejamos cada uma delas.

§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima


é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos;

§ 2º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos;

Estupro qualificado pela lesão corporal de natureza grave

A violência é um dos meios de execução do estupro. As vias de fato e as lesões leves,

todavia, são absorvidas pelo crime sexual.

Na expressão “lesão corporal de natureza grave” ingressam as lesões corporais graves


propriamente ditas, e também as lesões corporais gravíssimas, definidas no art. 129, §§ 1.º e 2.º,

do Código Penal. Essas lesões não constituem crimes autônomos, e sim qualificadores do delito
tipificado no art. 213 do Código Penal.

Estupro qualificado pela idade da vítima

Incide a qualificadora do estupro quando a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos. A


idade da vítima deve ser provada por documento hábil. Se a vítima for menor de 14 anos,

configura estupro de vulnerável.

Estupro qualificado pela morte

11
A pena é de reclusão, de 12 a 30 anos, se da conduta resulta morte. Aplica-se unicamente

à morte da vítima do estupro. Se a morte recair em pessoa diversa, como no exemplo daquele
que mata o marido para estuprar sua mulher, deverão ser imputados ao agente os crimes de

estupro e homicídio qualificado pela conexão (CP, art. 121, § 2.º, inc. V), em concurso material.

Se a vítima for menor de 18 anos e morrer em razão da conduta, responderá o agente


somente pela qualificadora do § 2º, que é mais grave. Nesse caso, a idade poderá ser

considerada pelo juiz na dosimetria da pena.

Por fim, se o resultado lesão grave ou morte decorrer de dolo (direto ou eventual)? Incide
a qualificadora ou há concurso de crimes? Para a incidência da qualificadora, o resultado (lesão

grave ou morte) deve ser proveniente de culpa. Portanto, trata-se de crime preterdoloso (dolo
na conduta + culpa no resultado qualificador). Havendo dolo quanto ao resultado, não há

estupro qualificado, mas estupro simples em concurso material com lesão grave ou homicídio.
É a corrente majoritária.

11.1.11 Ação penal do estupro

Lei n.º 13.718/18 - Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada.

11.2 Violação sexual mediante fraude

11.2.1 Previsão legal

Conhecido como estelionato sexual, caracterizado quando agente, SEM emprego de


violência ou grave ameaça, pratica atos de libidinagem com a vítima, mediante fraude ou outro
meio que dificulte sua livre manifestação de vontade.

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.


12
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem

econômica, aplica-se também multa.

11.2.2 Sujeitos do crime

A violação sexual mediante fraude é crime comum ou geral, podendo ser cometido por
qualquer pessoa. Quanto ao sujeito passivo, pode ser qualquer pessoa, desde que não se amolde
ao conceito penal de vulnerável para fins sexuais.

11.2.3 Objeto jurídico e objeto material

O bem jurídico penalmente tutelado é a liberdade sexual da pessoa humana,

independentemente do seu sexo. O objeto material é a pessoa física sobre a qual recai a conduta
criminosa.

11.2.4 Tipo subjetivo

É o dolo, pouco importando a finalidade do agente. Conclui-se, portanto, que o art. 215
do Código Penal não reclama nenhum tipo de elemento subjetivo específico para a configuração

do delito. Não se admite a modalidade culposa.

Entretanto, a Lei 12.015/09 trouxe novidade no parágrafo único: Se o estelionatário sexual


tiver a finalidade específica de obter vantagem econômica, aplicar-se-á também a pena de

multa.

Art. 215, Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter


vantagem econômica, aplica-se também multa.

Não há necessidade da efetiva obtenção da vantagem econômica. Basta a intenção de

alcançá-la em decorrência da prática do delito.

13
11.2.5 Núcleos do tipo

O tipo penal contém dois núcleos: “ter” e “praticar”. Ter é conseguir ou obter conjunção
carnal com alguém. Praticar, por sua vez, é realizar ou efetuar outro ato libidinoso com alguém.

Cleber Masson vislumbra falha promovida pela Lei 12.015/2009, tendo em vista que o
dispositivo apenas fala em “praticar outro ato libidinoso com alguém”, sem mencionar a
possibilidade do "permitir". Dessa forma, se, em razão da fraude ou expediente similar, a vítima

é obrigada a praticar em si mesma, atos sexuais (exemplo: automasturbação), ou então venha a


praticar no agente algum ato libidinoso (exemplo: sexo oral), não se poderá reconhecer o crime

de violação sexual mediante fraude.

Fraude é o artifício, o ardil, o estratagema utilizado para enganar determinada pessoa,


afetando a livre manifestação da sua vontade. Além disso, a vítima não se reveste da situação

de vulnerabilidade. Exemplos clássicos de estelionato sexual: Irmãos gêmeos; ginecologista; baile


de máscaras.

Nesse contexto, a fraude (ou outro meio) utilizada na execução não pode anular a

capacidade de resistência da vítima, caso em que estará configurado o delito de estupro de


vulnerável (art. 217-A, §1º). Assim, não pratica estelionato sexual, mas estupro de vulnerável, o

agente que usa psicotrópicos para vencer a resistência da vítima e com ela manter a conjunção
carnal.

11.2.6 Consumação e tentativa

A violação sexual mediante fraude é crime material ou causal: consuma-se com a


conjunção carnal, ou seja, com a introdução total ou parcial do pênis na vagina, não se exigindo

o orgasmo ou sequer a ejaculação, ou então com a realização do ato libidinoso.

A tentativa é possível em face do caráter plurissubsistente do delito, comportando o


fracionamento do iter criminis.

14
11.3 Importunação sexual

11.3.1 Considerações iniciais

O art. 215-A foi introduzido ao ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 13.715/2018.
Vejamos sua redação:

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com

o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei


nº 13.718, de 2018) 2

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime

mais grave.

A Lei nº 13.718/2018 revogou a contravenção penal do art. 61 do DL 3.688/41


(Importunação Ofensiva ao Pudor). 3
A Lei nº 13.718/2018 tipificou como importunação sexual,

delito do art. 215-A do CP. Não se pode falar, no entanto, em abolitio criminis relativa à
contravenção, pois estamos, na verdade, diante do princípio da continuidade normativo-típica.

Com o advento da Lei nº 13.718/2018, a pena cominada é mais grave, representando

uma novatio legis in pejus, que não pode retroagir para alcançar situações pretéritas. Desta
forma, somente podem responder pelo art. 215-A do CP aqueles que praticaram a conduta a

partir do dia 25/09/2018.

A importunação sexual possui pena de 1 a 5 anos de reclusão. Logo, classifica-se como


infração de médio potencial ofensivo. Isso significa que é possível a concessão de suspensão

condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95).

11.3.2 Sujeitos do crime

É crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, seja do mesmo

sexo/gênero ou não. A vítima pode ser qualquer pessoa, ressalvada a condição de vulnerável,

2
Vide questão 10 do material
3
Vide questão 3 do material
15
(que não impede sua subsunção do fato à norma, quando a vítima for vulnerável, desde que

não haja contato físico).

Percebe-se ser necessária que a vítima do crime seja pessoa certa e determinada. O
objetivo é evitar a confusão com o crime de ato obsceno. Neste, o sujeito passivo é a

coletividade e conduta visa o ultraje público ao pudor dos frequentadores do local público ou
aberto ao público. Trata-se de crime vago.

Se a vítima for pessoa menor de 14 anos, a conduta poderá configurar o crime do art.

218-A do CP: Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente.

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou


induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de

satisfazer lascívia própria ou de outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos

Segundo o Prof. Márcio Cavalcante, a depender das peculiaridades do caso concreto, o

fato pode até mesmo ser enquadrado como estupro de vulnerável. Veja esta situação analisada
pelo STJ:

A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante


pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a
deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de
vulnerável. STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 2/8/2016 (Info 587).

11.3.3 Conduta

Consiste em praticar (levar a efeito, fazer, realizar) ato libidinoso contra alguém, ou seja,
pressupõe uma pessoa específica (é o que diferencia do ato obsceno) a quem deve se dirigir o
ato de autossatisfação.

16
O preceito secundário do art. 215-A contém subsidiariedade expressa: aplicam-se as

penas da importunação sexual se a conduta não caracteriza crime mais grave. Por isso, a falta
de anuência da vítima não pode consistir em nenhuma forma de constrangimento, que aqui

deve ser compreendido no sentido próprio que lhe confere o tipo do estupro – obrigar alguém
à prática de ato de libidinagem –, não no sentido usual, de mal-estar, de situação embaraçosa,

ínsita ao próprio tipo do art. 215-A e um de seus fundamentos.

Imagine que dentro de um ônibus, um sujeito faz automasturbação e ejacula nas costas
de uma passageira que está sentada à sua frente. O fato não podia ser enquadrado como

estupro (art. 213 do CP), considerando que não houve violência ou grave ameaça.

Agora, “o passar de mãos lascivo nas nádegas”, “o beijo forçado”, aquilo que antes tinha
que se adequar ao estupro para não ficar impune “ganha” nova tipificação: o crime de

importunação sexual.

O art. 215-A do CP também serve para punir a conduta do frotteurismo. O frotteurismo


consiste em “tocar e esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento”. O comportamento

geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas, dos quais o indivíduo pode
escapar mais facilmente de uma detenção. No frotteurismo não há violência ou grave ameaça,

razão pela qual não se enquadra como estupro (art. 213 do CP), mas sim o delito do art. 215-A
do CP.

11.3.4 Tipo subjetivo

O elemento subjetivo sempre será o dolo direto e especial, tal seja vontade dirigida a
satisfazer da própria lascívia ou de terceiros, não bastando o simples toque ou “esbarrão” no

metrô, por exemplo. Deve ser ato doloso capaz de satisfazer a lascívia do agente e ofender a
liberdade sexual da vítima ao mesmo tempo. Não admite modalidade culposa.

11.3.5 Consumação e tentativa

O momento consumativo será com efetiva prática do ato libidinoso, admitindo tentativa,
mas de difícil configuração.

17
11.4 Assédio Sexual

11.4.1 Previsão legal

Assédio sexual é a insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada, que usa


dessa vantagem para obter favores sexuais de um subalterno. O Código Penal disciplinou no
Art. 216-A:

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou


favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de

superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,


cargo ou função. 4

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. (VETADO)

§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18

(dezoito) anos.

11.4.2 Bem jurídico tutelado

Além da liberdade sexual da vítima, tutela-se a liberdade de exercício de trabalho, bem

como o direito de não ser descriminado.

11.4.3 Sujeitos

É crime bipróprio. O sujeito ativo deve ser superior hierárquico ou deve exercer
ascendência sobre a vítima. O sujeito passivo deve ser subordinado ou subalterno.

Não se exige sexo específico de sujeito ativo ou passivo, vale dizer, pode ocorrer assédio

com conotação heterossexual ou homossexual.

4
Vide questão 9 do material
18
11.4.4 Núcleo do tipo

O núcleo do tipo é “constranger”, sem violência à pessoa ou grave ameaça. A conduta


consiste em o superior hierárquico ou pessoa dotada de ascendência inerente ao exercício de

emprego, cargo ou função, constrange o subalterno a realizar seus desejos sexuais,


aproveitando-se dos poderes que lhe são conferidos pela relação de trabalho.

11.4.5 Elemento subjetivo

É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (elemento subjetivo específico),

representado pela expressão “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual”. Não
se admite a modalidade culposa.

11.4.6 Consumação e tentativa

O assédio sexual é crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado.


Consuma-se no momento do constrangimento ocasionado à vítima com o intuito de obter

vantagem ou favorecimento sexual, ainda que não se realize o ato desejado pelo ascendente
ou superior hierárquico.

É possível a tentativa, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o


fracionamento do iter criminis.

11.4.7 Causa de aumento da pena: art. 216-a, § 2.º

Como estabelece o § 2.º do art. 216-A do Código Penal: “A pena é aumentada em até

um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos”. Esse dispositivo legal merece sérias críticas.

A incidência da causa de aumento da pena afasta o benefício da transação penal, pois a


pena máxima extrapola o limite de dois anos. Também não será cabível a suspensão condicional

do processo, pois a pena mínima ultrapassa o montante de um ano. Em síntese, o assédio sexual
agravado constitui-se em crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com os benefícios
elencados na Lei 9.099/1995.

19
11.5 Da exposição da intimidade sexual

11.5.1 Previsão legal

A Lei nº 13.772/2018 acrescenta um novo crime ao Código Penal. O agente produz (cria,
financia) ou registra (fotografa, filma, grava etc.) cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes.

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,


conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter

íntimo e privado sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei nº


13.772, de 2018)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em

fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir


pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.

(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018).

A Lei nº 13.772/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018). Por ser
uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência. Assim, os

fatos praticados antes de 20/12/2018 não poderão ser punidos com base no art. 216-B do CP.

11.5.2 Sujeitos

Tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa. Trata-se,

portanto, de crime bicomum.

11.5.3 Elemento subjetivo

É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não admite modalidade culposa.

20
11.5.4 Consumação e tentativa

A cena registrada deve ter sido praticada em caráter íntimo e privado. Se o agente filma
um casal mantendo relações sexuais em uma praça, por exemplo, ou, se há autorização (salvo

em se tratando de crime ou adolescente, situação na qual configura o crime do art. 240 do ECA)
não configura o crime.

Trata-se de crime plurissubsistente, comportando a tentativa.

11.5.5 Princípio da especialidade

Caso o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena, deve responder

pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material:

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à


venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por

meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -


, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de

estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua


prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou
pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime


mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

11.5.6 Figura equiparada

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em


fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir

pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.


(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018).

A fotografia, vídeo ou áudio, aqui, não é verdadeiro. Foi feita uma montagem, ou seja,

foram acrescentados elementos que não ocorreram na realidade.


21
11.6 Estupro de vulnerável

11.6.1 Introdução

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor
de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com

alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o


necessário discernimento 5 para a prática do ato, ou que, por qualquer

outra causa, não pode oferecer resistência 6.

§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-

se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela


ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.7 (Incluído pela Lei

nº 13.718, de 2018).

O estupro de vulnerável representa uma das mais importantes inovações promovidas pela
Lei 12.015/2009. Com a criação do art. 217-A, aboliu-se a presunção de violência nos crimes

sexuais, mediante a revogação do art. 224 do Código Penal.

5
Vide questão 8 do material
6
Vide questão 4 do material
7
Vide questão 5 do material
22
O art. 217-A do Código Penal contempla três espécies de estupro de vulnerável: simples,

que pode ser própria (caput) ou por equiparação (§ 1.º); b) qualificada pela lesão corporal de
natureza grave, prevista no § 3.º; e c) qualificada pela morte, tipificada no § 4.º. Em todas elas,

o estupro de vulnerável constitui-se em crime hediondo, a teor do mandamento veiculado pelo


art. 1.º, inc. VI, da Lei 8.072/1990.

11.6.2 Objeto jurídico e objeto material

O bem jurídico penalmente tutelado é a dignidade sexual dos vulneráveis, com a


finalidade de proteger a integridade e a privacidade de tais pessoas no âmbito sexual.

O objeto material é a pessoa vulnerável sobre a qual recai a conduta criminosa.

11.6.3 Núcleos do tipo

O tipo penal contempla duas condutas distintas, cada qual com um núcleo específico.

1.ª conduta: Ter conjunção carnal com menor de 14 anos

2.ª conduta: Praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos

Percebe-se que o vulnerável pode ter tanto o comportamento ativo quanto passivo.
Exemplo: Mulher constranger menino a ter com ela conjunção carnal. É um delito de execução
livre, vale dizer, não exige violência, grave ameaça ou fraude.

STF/2019: Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da

boca (beijo lascivo) praticou estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo possível a
desclassificação para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do DL 3.668/41).

23
11.6.4 Elemento subjetivo

É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), consistente


na intenção de ter com a vítima conjunção carnal ou com ela praticar outro ato libidinoso. Não

se admite a modalidade culposa.

11.6.5 Art. 217-A do Código Penal e constrangimento do ofendido

No estupro de vulnerável, o tipo penal não reclama a violência ou grave ameaça como
meios de execução do delito. Basta à realização de conjunção carnal ou outro ato libidinoso

com a vítima, inclusive com sua anuência. De fato, a vulnerabilidade do ofendido implica a
invalidade do seu consentimento.

11.6.6 Sujeitos

Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Crime comum. Se o sujeito ativo for uma das pessoas do
art. 226, II, a pena é aumentada de metade.

Sujeito passivo: Vulnerável. A vítima é própria.

Ao completar 14 anos, eventual vítima estará protegida pelo crime de estupro, previsto

no art. 213 do Código Penal, se for constrangida a praticar conjunção carnal ou ato libidinoso
mediante violência ou grave ameaça. Dessa forma, se o fato ocorreu no dia do aniversário de

14 anos não há que se falar em estupro de vulnerável, que só é cabível caso ela fosse menor
de 14 anos. 8

11.6.7 Consumação e tentativa

Consuma-se com a prática dos atos de libidinagem, sendo perfeitamente possível a


tentativa.

8
Questão 01
24
11.6.8 Vulnerabilidade e erro de tipo

Existe a possibilidade de o agente se equivocar quanto à idade de vítima. Assim, caso o


réu mantenha relação sexual com pessoa menor de 14 anos, acreditando ter ela idade superior

a essa, estará configurado o erro de tipo, que afasta o dolo (art. 20 do Código Penal). Como o
estupro de vulnerável não é punido a título de culpa, o fato será atípico.

11.6.9 Vulnerabilidade

Prevalece ser a presunção de vulnerabilidade absoluta.

Súmula n.º 593, STJ. O crime de estupro de vulnerável se configura com a

conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo


irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua

experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso


com o agente.

STJ/2019: Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do


CP) para o crime do art. 215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo penal do art.

215-A é praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção
absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos.

11.6.10 Exceção de Romeu e Julieta

Não é cabível a chamada exceção de Romeu e Julieta, pois independente do

consentimento. A vulnerabilidade dos menores de 14 anos, com base nessa teoria, poderia ser

25
relativizada em caso de pequena diferença de idade – até 5 anos – entre os envolvidos no ato

de natureza sexual. Essa teoria não pode ser acolhida no Brasil.

11.6.11 Figuras qualificadas: art. 217-A, §§ 3.º e 4.º

§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave, aí também incluindo-se a de


natureza gravíssima, a pena do estupro de vulnerável será de reclusão, de 10 a 20 anos. Caso

resulte em morte, a pena será de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Incidirão as figuras qualificadas mesmo se não se concretizar a conjunção carnal ou outro


ato libidinoso, desde que sobrevenha o resultado agravador lesão corporal de natureza grave

(ou gravíssima) ou morte.

11.7 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou


adolescente - CP, art. 218-A

11.7.1 Previsão legal

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos,


ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a

fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois)


a 4 (quatro) anos. 9

9
Vide questão 7 do material
26
11.7.2 Tipo objetivo

São duas condutas:

1. Praticar atos de libidinagem na presença de menor: Ocorre quando a presença do


menor é espontânea e o sujeito se aproveita dessa presença.
2. Induzir menor a presenciar atos de libidinagem: A presença do menor é provocada.
O menor NÃO PODE participar dos atos de libidinagem, sob pena de configurar
Estupro de Vulnerável.

11.7.3 Tipo subjetivo

Dolo, com finalidade especial de satisfazer lascívia própria ou de outrem.

11.8 Divulgação de cena de estupro ou cena de estupro de


vulnerável, de cena de sexo ou pornografia (Lei 13.715/2018)

11.8.1 Previsão legal

Este tipo penal foi inserido ao CP pela Lei 13.718/2018. Vejamos:

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à

venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por


meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -

, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de


estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a
sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou

pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime


mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

27
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime

é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima


de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído

pela Lei nº 13.718, de 2018)

Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput


deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou

acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da


vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18

(dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

O crime do art. 218-C possui pena de 1 a 5 anos de reclusão. Logo, classifica-se como
infração de médio potencial ofensivo. Isso significa que é possível a concessão de suspensão

condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95).

11.8.2 Sujeitos do crime

Trata-se de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa (homem ou mulher).

O agente que divulgou o vídeo não precisa ter sido o mesmo indivíduo que participou
ou filmou o ato. Se for a mesma pessoa, poderá haver concurso de crimes.

Se a vítima mantém ou manteve relação íntima de afeto com o autor, aumenta-se a pena

de um a dois terços (§1º.).

Por fim, tratando-se de vítima menor de dezoito anos, o comportamento do agente pode
recair na conduta dos arts. 241 ou 241-A, do ECA, a depender das circunstâncias do caso

concreto.

11.8.3 Conduta

Podemos dividi-la em duas partes:

28
1ª parte: O agente oferece, disponibiliza ou divulga, de qualquer forma (gratuitamente

ou não), por qualquer meio (digital ou não), pela internet ou fora dela fotografia, vídeo ou
qualquer registro audiovisual que contenha: Cena de estupro (art. 213 do CP)

 Cena de estupro de vulnerável envolvendo as pessoas do § 1º do art. 217-A


 Cena que faça apologia (“propaganda”) ou induza a sua prática.

O agente divulga uma fotografia ou vídeo que contém uma cena de estupro (relação

sexual sem consentimento) ou uma cena que faça apologia ou induza a prática de estupro.

2ª parte: O agente oferece, disponibiliza ou divulga, de qualquer forma (gratuitamente


ou não), por qualquer meio (digital ou não), pela internet ou fora dela, fotografia, vídeo ou

qualquer registro audiovisual que contenha cena de sexo, nudez ou pornografia sem que a
pessoa que está aparecendo na fotografia ou vídeo tenha(m) autorizado a sua publicação.

Aqui não tem nada a ver com estupro. O agente divulga uma fotografia ou vídeo que

contém uma cena de sexo (consensual), nudez ou pornografia.

A conduta de receber a fotografia/vídeo e salvá-lo não se amolda em nenhum dos núcleos


do tipo que são os seguintes: “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à

venda, distribuir, publicar ou divulgar”.

Se o agente obteve a mídia invadindo um dispositivo informático e depois repassou as


fotografias/vídeos, neste caso ele responderá por dois delitos em concurso material (art. 154-A

e art. 218-C do CP).

11.8.4 Tipo subjetivo

Não admite modalidade culposa. O crime é punido a título de dolo.

11.8.5 Causas de aumento

O § 1º traz duas causas de aumento de pena.

1. Se o agente que praticou o crime mantém ou tinha mantido relação íntima de afeto com
a vítima. É a chamada de “porn reveng”. Prevista no §1.º:
29
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime

é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de


afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.

A “revenge porn” consiste na conduta do ex-namorado ou ex-marido que, inconformado

com o término da relação, divulga, como forma de punir a sua ex-parceira, fotografias ou
imagens nas quais ela aparece nua ou em cenas de sexo.

É de ordem objetiva. Independe da intenção do agente. Se o sujeito mantém ou manteve

relação íntima de afeto com a vítima, ele já receberá o aumento da pena mesmo que não haja
provas que revelem qual foi a sua intenção ao divulgar o vídeo ou a fotografia.

2. Se o agente praticou o crime com o objetivo de se vingar da vítima ou de humilhá-la.


Esta segunda situação é de ordem subjetiva, aqui entendida como algo que envolve a
intenção do agente.

11.8.6 Exclusão da ilicitude

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput

deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural


ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação
da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18

(dezoito) anos.

O § 2º traz duas situações. Não haverá o crime se:

 O agente divulga a fotografia ou o vídeo em publicação de natureza jornalística,


científica, cultural ou acadêmica sem identificar a vítima;
 O agente divulga a fotografia ou o vídeo em publicação de natureza jornalística,
científica, cultural ou acadêmica identificando a vítima, desde que ela seja maior
de 18 anos e tenha dado autorização para isso.

30
11.9 Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual;

A Lei 13.718/2018 entrou em vigor em 25 de setembro de 2018, alterou a ação penal nos
crimes contra a dignidade sexual. A partir da vigência da Lei 13.718/2018, todos os crimes contra

a liberdade sexual são de ação penal pública incondicionada.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública incondicionada. 10

11.10 Disposições Gerais (majorantes) nos crimes contra a


dignidade sexual.

A Lei nº 13.718/2018 acrescentou uma nova causa de aumento de pena punindo com
mais rigor o estupro “coletivo” e o estupro “corretivo”.

Art. 226. A pena é aumentada:

I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas)

ou mais pessoas;

II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,


cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima

ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;

III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Lei nº

13.718/2018)

Estupro coletivo

a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;

Estupro corretivo

10
Vide questão 6 do material
31
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

Qual a diferença entre o estupro praticado mediante o concurso de duas ou mais pessoas
e o estupro coletivo? Como compatibilizar a aplicação do art. 226, inciso I e do 226, inciso IV,
“a”?

O art. 226, Inciso IV, “a” deve ser aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e
217-A do CP). Isso porque o nomen iuris da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e
“estupro corretivo”. O quantum da majorante é mais elevado. A pena é aumentada de 1/3 a 2/3.

Já o art. 226, inciso I, será aplicado para os demais crimes contra a dignidade sexual. O quantum
é fixo. A pena é aumentada da quarta parte.

Assim, o inciso IV, “a”: aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e 217-A do

CP). Isso porque o nomen iuris da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e “estupro
corretivo”. Já o inciso I é aplicado para os casos demais crimes contra a dignidade sexual.

Para Rogério Sanches, a majorante do estupro corretivo abrange, em regra, crimes contra

mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, no qual o abusador quer “corrigir” a orientação


sexual ou o gênero da vítima. A violência é usada como um castigo pela negação da mulher à

masculinidade do homem. Uma espécie doentia de ‘cura’ por meio do ato sexual à força.

11.11 Disposições gerais: majorantes (CP, art. 234-A)

O art. 234-A do Código Penal traz duas causas de aumento de pena para os crimes contra

a dignidade sexual. Tais hipóteses foram alteradas pela Lei nº 13.718/2018:

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:

III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação

dada pela Lei nº 13.718, de 2018);

IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima


doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser

32
portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação

dada pela Lei nº 13.718, de 2018);

33
QUADRO SINÓTICO

Crimes contra dignidade sexual


Conceito: consiste na prática de constranger alguém, mediante
Estupro
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
O estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies
– simples ou qualificadas – é crime hediondo.
O estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies
– simples ou qualificadas – é crime hediondo
Para a configuração do crime de estupro, é indispensável o
dissenso da vítima.
A prática de mais de uma conduta no mesmo contexto fático e
contra a mesma vítima configura crime único.
Em seus §§ 1.º e 2.º, o art. 213 do Código Penal elenca formas
qualificadas do estupro: Estupro qualificado pela lesão corporal de
natureza grave, Estupro qualificado pela idade da vítima, Estupro
qualificado pela morte.
Lei n.º 13.718/18 - Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I
e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada.
Conhecido como estelionato sexual, caracterizado quando agente,
Violação
SEM emprego de violência ou grave ameaça, pratica atos de
sexual libidinagem com a vítima, mediante fraude ou outro meio que
dificulte sua livre manifestação de vontade.
mediante
fraude
O art. 215-A foi introduzido ao ordenamento jurídico brasileiro
Importunação
pela Lei 13.715/2018. Consiste em praticar (levar a efeito, fazer,
sexual realizar) ato libidinoso contra alguém, ou seja, pressupõe uma
pessoa específica (é o que diferencia do ato obsceno) a quem deve
se dirigir o ato de autossatisfação.
O art. 215-A do CP também serve para punir a conduta do
frotteurismo. O frotteurismo consiste em “tocar e esfregar-se em

34
uma pessoa sem seu consentimento”. O comportamento
geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas.
Assédio sexual é a insistência inoportuna de alguém em posição
Assédio
privilegiada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais
Sexual de um subalterno. É crime bipróprio. O sujeito ativo deve ser
superior hierárquico ou deve exercer ascendência sobre a vítima.
O sujeito passivo deve ser subordinado ou subalterno. A pena é
aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos.

A Lei nº 13.772/2018 acrescenta um novo crime ao Código Penal.


Da exposição
O agente produz (cria, financia) ou registra (fotografa, filma, grava
da intimidade etc.) cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo
e privado sem autorização dos participantes.
sexual
No estupro de vulnerável, o tipo penal não reclama a violência ou
Estupro de
grave ameaça como meios de execução do delito. Basta à
vulnerável realização de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com a
vítima, inclusive com sua anuência. De fato, a vulnerabilidade do
ofendido implica a invalidade do seu consentimento. Prevalece ser
a presunção de vulnerabilidade absoluta.
São duas condutas:
Satisfação de
1. Praticar atos de libidinagem na presença de menor: Ocorre
lascívia quando a presença do menor é espontânea e o sujeito se aproveita
dessa presença.
mediante 2. Induzir menor a presenciar atos de libidinagem: A presença do

presença de menor é provocada. O menor NÃO PODE participar dos atos de


libidinagem, sob pena de configurar Estupro de Vulnerável.
criança ou
adolescente -
CP, art. 218-A
O agente que divulgou o vídeo não precisa ter sido o mesmo
Divulgação de
indivíduo que participou ou filmou o ato. Se for a mesma pessoa,
cena de poderá haver concurso de crimes.
Se a vítima mantém ou manteve relação íntima de afeto com o
estupro ou autor, aumenta-se a pena de um a dois terços (§1º.).

cena de Por fim, tratando-se de vítima menor de dezoito anos, o


comportamento do agente pode recair na conduta dos arts. 241
estupro de ou 241-A, do ECA, a depender das circunstâncias do caso concreto.

35
vulnerável, de
cena de sexo
ou
pornografia
A Lei 13.718/2018 entrou em vigor em 25 de setembro de
Ação Penal
2018, alterou a ação penal nos crimes contra a dignidade sexual.
nos crimes A partir da vigência da Lei 13.718/2018, todos os crimes contra a
liberdade sexual são de ação penal pública incondicionada.
contra a
dignidade
sexual
Aumento de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
Disposições
gravidez.
gerais: Aumento de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe
majorantes ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa

(CP, art. 234- com deficiência

A)

36
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Durante dois meses, Mário, 45 anos, e Joana, 14 anos,

mantiveram relações sexuais em razão de relacionamento amoroso. Apesar do consentimento


de ambas as partes, ao tomar conhecimento da situação, o pai de Joana, revoltado, comparece

à Delegacia e narra o ocorrido para a autoridade policial, esclarecendo que o casal se conhecera
no dia do aniversário de 14 anos de sua filha.
Considerando apenas as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de Mário

A) é atípica, em razão do consentimento da ofendida.

B) configura crime de estupro de vulnerável.


C) é típica, mas não é antijurídica, funcionando o consentimento da ofendida como causa

supralegal de exclusão da ilicitude.


D) configura crime de corrupção de menores.

Comentário:
Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)

anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:

37
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Questão 2

(XVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2015) Glória é contratada como secretária de Felipe, um

grande executivo de uma sociedade empresarial. Felipe se apaixona por Glória, mas ela nunca
lhe deu atenção fora daquela necessária para a profissão. Felipe, então, simula a existência de

uma reunião de negócios e pede para que a secretária fique no local para auxiliá-lo. À noite,
Glória comparece à sala do executivo acreditando que ocorreria a reunião, quando é

surpreendida por este, que coloca uma faca em seu pescoço e exige a prática de atos sexuais,
sendo, em razão do medo, atendido. Após o ato, Felipe afirmou que Glória deveria comparecer
normalmente ao trabalho no dia seguinte e ainda lhe entregou duas notas de R$ 100,00.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que Felipe deverá responder pela prática do crime
de

A) violação sexual mediante fraude.


B) assédio sexual.

C) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.


D) estupro.

Comentário:
Importante frisar, de início, que não se trata de assédio sexual, apesar de haver a superioridade

hierárquica, eis que Felipe utilizou de grave ameaça para realização do ato sexual. Ficando claro

a incidência do delito de estupro, art. 213 do CP.

Questão 3

(Banca: MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto) Assinale a alternativa


correta.

38
A) O crime de importunação sexual, com elemento subjetivo específico, foi criado pela Lei n°

13.718/2018, que revogou expressamente o artigo 61 do Decreto-Lei n° 3.688/41, Lei das


Contravenções Penais.

B) O crime de importunação sexual, tipificado pela Lei n° 13.718/2018, exige que a conduta seja
praticada em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.

C) A Lei n° 13.718/2018 tipificou o crime de importunação sexual, com dolo genérico e expressa
subsidiariedade ao crime de estupro de vulnerável.

D) O crime de importunação sexual, assim como o crime de estupro, é crime de ação penal
pública condicionada à representação da pessoa contra a qual o ato foi praticado.
E) A importunação sexual é crime contra a liberdade sexual, tal qual o crime de ato obsceno.

Comentário:
a) O crime de importunação sexual efetivamente exige elemento subjetivo específico, como

se observa da seguinte expressão do art. 215-A do CP: “com o objetivo de satisfazer a


própria lascívia ou a de terceiro”. (ii) O art. 3º, II, da Lei n. 13.718/2018 revogou o art. 61

da Lei das Contravenções Penais.

b) O tipo não exige que o ambiente seja público. Art. 215-A, CP: Praticar contra alguém e
sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de

terceiro.

c) Preceito secundário do art. 215-A, do CP: reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
não constitui crime mais grave. A subsidiariedade é genérica, e não específica ao crime do

art. 217-A do CP.

d) Art. 225, do CP. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública incondicionada. Com a Lei n. 13.718/2018, todos os crimes

contra a dignidade sexual são processados mediante ação civil pública incondicionada.

e) O ato obsceno (art. 233, CP) está previsto no capítulo VI, Do Ultraje Público Ao Pudor,
não sendo, portanto, crime contra a liberdade sexual.

39
Questão 4

(Banca: FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público) No dia 23 de abril de 2013, Jailson,

aproveitando que sua esposa havia saído de casa para fazer compras, decidiu ir até o quarto de
sua enteada Jéssica, que à época contava com 19 anos de idade. Ao perceber que Jéssica estava
dormindo, Jailson se aproximou de sua cama, apalpou seus seios e começou a acariciar sua
vagina por dentro da calcinha. Ocorre que, nesse momento, o irmão de Jéssica chegou à casa

e, ao presenciar a cena, começou a gritar, momento em que Jailson se afastou da jovem e fugiu.
O tipo penal em que incorreu Jailson, sem analisar se o delito teria se dado na forma consumada
ou tentada, é:

A) Constrangimento ilegal (art. 146, caput, do CP).


B) Estupro (art. 213, caput, do CP).

C) Estupro de vulnerável (art. 217-A, §1º, do CP).


D) Violação sexual mediante fraude (art. 215, caput, do CP).

E) Importunação sexual (art. 215-A, do CP).

Comentário:

Nos termos do § 1º, do art. 217-A, do CP, equipare-se à estupro de vulnerável a conduta
daquele que mantém conjunção carnal ou pratica outro ato libidinoso com alguém que,

por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

40
Questão 5

(Banca: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia) Em relação ao crime de estupro
de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal

A) a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

B) o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.


C) que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.

D) que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.


E) que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.

Comentário:
Art. 217-A. § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se

independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações


sexuais anteriormente ao crime.

Questão 6

(Banca: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) A respeito de crimes contra
a dignidade sexual, assinale a opção correta.

A) Para a configuração do crime de estupro de vulnerável, é relevante, na avaliação da

atipicidade da conduta, averiguar a existência de relacionamento amoroso entre a vítima e o


agente.

41
B) O STJ pacificou o entendimento de que, com o advento do Estatuto da Pessoa com

Deficiência, eventual consentimento da vítima afasta a tipicidade do estupro de vulnerável.


C) Em regra, o crime de importunação sexual pode ter como agente passivo pessoa vulnerável,

dados a especificidade da conduta e seu caráter de crime não subsidiário.


D) Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de médico ginecologista que, durante

atendimento, pratica ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do consentimento dado


por ela para a realização de exame ginecológico.

E) Em se tratando de crime de estupro em que a vítima seja maior de dezoito anos de idade e
plenamente capaz, a ação penal é pública incondicionada, ainda que não tenha ocorrido
violência real na prática do crime.

Comentário:

a) Súmula 593 do STJ - O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção

carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência

de relacionamento amoroso com o agente.

b) § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se


independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações

sexuais anteriormente ao crime. (Inserido pela Lei nº 13.718/2018)

c) Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a


presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou

de outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos

Inclusive, há uma subsidiariedade expressa no preceito secundário do art. 215-A do CP


(importunação sexual). Isso significa que, se a conduta praticada puder se enquadrar em

42
um delito mais grave, não será o crime do art. 215-A do CP. No caso, o crime de “Satisfação

de lascívia mediante presença de criança ou adolescente” é mais grave".

d) O crime de assédio sexual ocorre apenas quando o agente se prevalece de sua condição
de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou

função.

e) Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718/2018).

Questão 7

(Banca: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) No que concerne aos crimes contra a

dignidade sexual, é correto afirmar que

A) dadas as condições de evolução social, não se pune atualmente a violação sexual mediante

fraude e nem a sedução.


B) o crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de maiores

de 18 anos não-vulneráveis só é punido se o agente tem intuito de lucro.


C) o crime de assédio sexual, por expressa disposição legal fruto de ativismo jurídico, é punido
mais gravemente se cometido por homem contra mulher do que vice-versa.

D) é fato típico induzir menor de 14 (quatorze) anos a presenciar ato libidinoso diverso da
conjunção carnal, a fim de satisfazer lascívia própria.

E) apenas pessoas dignas são objeto de proteção penal, excluídas as pessoas que
voluntariamente se entregam à má vida ou a práticas sexuais promíscuas.

Comentário:

43
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a

presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou
de outrem.

Questão 8

(Banca: FCC - 2018 - PGE-TO - Procurador do Estado) O crime de estupro de vulnerável,


tipificado no art. 217-A, do Código Penal, prevê a pena em abstrato de oito a quinze anos de

reclusão para aquele que tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
catorze anos. De acordo com o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, bem

como pelo que estabelece a legislação,

A) a existência de relacionamento amoroso da vítima com o agente é hipótese de excludente

de antijuridicidade do crime em questão.


B) o consentimento da vítima para a prática do ato afasta o caráter delitivo do crime,

constituindo causa de excludente de ilicitude.


C) a experiência sexual anterior da vítima é relevante para a tipificação do delito.
D) incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput do art. 217-A com alguém

que, por enfermidade, não tem o necessário discernimento para a prática do ato.
E) o referido crime não está elencado na Lei no 8.072/1990 como hediondo.

Comentário:

a, b, c): Súmula 593: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal
ou prática de ato libidinoso com o menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência
de relacionamento amoroso.
44
d) § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,

por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

e) O referido crime está elencado na Lei no 8.072/1990 como hediondo.

Questão 9

(Banca: CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público) Deverá responder por crime de assédio

sexual o

A) líder religioso que, no ambiente ecumênico, por reiteradas vezes, importunar fiel para que
realize ato de natureza sexual.

B) agente que, se valendo de lotação elevada em veículo de transporte público, praticar ato
libidinoso sem o consentimento da vítima.

C) indivíduo que constranger a vítima, em ambiente virtual, a se expor ou a praticar ato libidinoso
diverso da conjunção carnal.

D) sujeito que praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal com vítima alcoolizada incapaz
de manifestar livremente sua vontade.

E) empregador que, fora do ambiente laboral, constranger funcionário a conceder favorecimento


sexual, valendo-se de sua condição hierárquica.

Comentário:
Assédio sexual, previsto no artigo 216 do Código Penal, está estritamente vinculado a duas
circunstancias elementares: superioridade hierárquica ou ascendência inerentes ao exercício

do emprego, cargo ou função.

45
Questão 10

(Banca: VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Tícia, de 16 anos, há dois anos

namora Caio, de 19 anos. Tícia é virgem e está decidida a apenas manter relação sexual após o
casamento, já marcado para ocorrer no dia em que ela completará 18 anos. Quando estavam
sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, aproveitando-se que Tícia cochilava, masturbou-se e

ejaculou no corpo da namorada que, imediatamente, acordou. Sentindo-se profundamente


violada e agredida, Tícia grita e acorda os pais, que dormiam no quarto da casa. Os pais, vendo

a filha suja e em pânico, impedem Caio de fugir e decidem chamar a polícia. Acionada a polícia,
Caio é preso, em flagrante delito e, encerradas as investigações, denunciado pelo crime sexual

praticado. Diante da situação hipotética, Caio poderá ser processado pelo crime de

A) corrupção de menores, tratando-se de ação penal pública incondicionada.

B) violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia estava dormindo, sem possibilidade de
resistir, tratando-se de crime de ação penal pública condicionada.
C) importunação sexual, tratando-se de ação penal pública incondicionada.

D) estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor, tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada.

E) estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a vítima ser menor de 18, tratando-se de
ação penal pública condicionada.

Comentário:
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de

satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.

46
GABARITO

Questão 1 - A

Questão 2 - D

Questão 3 - A

Questão 4 - C

Questão 5 - A

Questão 6 - E

Questão 7 - D

Questão 8 - E

Questão 9 – CERTO

Questão 10 – C

47
QUESTÃO DESAFIO

O consentimento da vítima, o fato da vítima já ser iniciada na vida


sexual ou mesmo a existência de relacionamento amoroso podem
excluir o crime de estupro de vulnerável? A presunção de
vulnerabilidade da vítima, menor de 14 anos, no crime de estupro
de vulnerável é absoluta ou relativa?

Responda em até 5 linhas

48
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

O crime de estupro de vulnerável se configura independentemente de eventual

consentimento da vítima, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento


amoroso com o agente. A presunção de vulnerabilidade, segundo o STJ, é absoluta no caso
estupro de vulnerável, contra menor de 14 anos.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Sum. 593 STJ

Após grande divergência na doutrina e na jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça veio por
pacificar a questão ao editar a súmula n. 593, a qual dispõe: “O crime de estupro de vulnerável

se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo
irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual

anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente”. Na esteira desse


entendimento o legislador veio por promover alteração legislativa fazendo incluir o § 5º, no art.

217-A do Código Penal, senão vejamos: “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1º
Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por

enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (VETADO). § 3º Se da
conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. § 5º As penas

previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do


consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.

(Inserido pela Lei nº 13.718/2018)”. Importante consignar, em relação aos demais vulneráveis
para além dos menores de 14 anos que, a pena prevista no § 1º do art. 217-A aplica-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime se a pessoa com deficiência não puder dar um consentimento válido
em virtude de não ter o necessário discernimento para a prática do ato. Por outro lado, se a
49
pessoa com deficiência tiver discernimento para a prática do ato, seu consentimento será sim

válido e irá excluir o crime do art. 217-A do CP, considerando que, neste caso, a pessoa com
deficiência não será vulnerável.”.

 Presunção absoluta

A consequência para a ausência de impugnação ou rejeição de sua impugnação, na forma do


artigo 535, § 3º, CPC, varia em função o montante a ser executado. Haverá, conforme o caso, a
expedição de precatório judicial ou, tratando-se de obrigação de pequeno valor (no Estado de
SC fixada em 10 salários mínimos), requisição para pagamento no prazo de 2 meses. Art. 535. §
3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada: I - expedir-se-á, por
intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente,
observando-se o disposto na Constituição Federal; II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade
na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de
pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição,
mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. Para
Humberto Teodoro Junior “a despeito da inovação quanto à separação dos procedimentos de
acordo com a espécie de título, a sistemática de ambas as codificações é a mesma: não se
realiza atividade típica de execução forçada, diante da impenhorabilidade dos bens pertencentes
à União, Estados e municípios. Não se procede, pois, à expropriação (via penhor e arrematação)
ou transferência forçada de bens. O que se tem é a simples requisição de pagamento, feita
entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo, conforme dispõe os arts. 534, 535 e 910, observada
a Constituição Federal (art. 100)”.

50
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Estupro

 Código Penal: Art. 213, §§1º e 2º.

 Súmula n.º 608, STF.

No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.

Violação sexual mediante fraude

 Código Penal: Art. 215 e Parágrafo único.

Importunação sexual

 Código Penal: Art. 215-A.

Assédio sexual

 Código Penal: Art. 216-A, §2º.

Registro não autorizado da intimidade sexual

 Código Penal: Art. 216-B e Parágrafo único.

Estupro de vulnerável

 Código Penal: Art. 217-A. §§ 1º, 3º, 4º e 5º

 Súmula n.º 593, STJ.

O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de
14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

 Código Penal: Art. 218-A.


51
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena
de sexo ou de pornografia

 Código Penal: Art. 218-C, §§1.º e 2º.

Ação penal

 Código Penal: Art. 225.

Aumento de pena

 Código Penal: Art. 226.

Disposições gerais: Aumento de pena

 Código Penal: Art. 234-A.

52
JURISPRUDÊNCIA

 STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).

Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da boca (beijo lascivo) praticou
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo possível a desclassificação para a contravenção penal de
molestamento (art. 65 do DL 3.668/41)

 (REsp 1759135/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/08/2019, DJe 01/10/2019)

Insere-se no tipo penal de assédio sexual a conduta de professor que, em ambiente de sala de aula, aproxima-se
de aluna e, com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, toca partes de seu corpo (barriga e seios), por
ser propósito do legislador penal punir aquele que se prevalece de sua autoridade moral e intelectual - dado que
o docente naturalmente suscita reverência e vulnerabilidade e, não raro, alcança autoridade paternal - para auferir
a vantagem de natureza sexual, pois o vínculo de confiança e admiração criado entre aluno e mestre implica
inegável superioridade, capaz de alterar o ânimo da pessoa constrangida. 4. É patente a aludida "ascendência", em
virtude da "função" desempenhada pelo recorrente - também elemento normativo do tipo -, devido à atribuição
que tem o professor de interferir diretamente na avaliação e no desempenho acadêmico do discente, contexto que
lhe gera, inclusive, o receio da reprovação. Logo, a "ascendência" constante do tipo penal objeto deste recurso não
deve se limitar à ideia de relação empregatícia entre as partes. Interpretação teleológica que se dá ao texto legal.

Comentário: O crime de assédio sexual pode ser caracterizado entre professor e aluno.

 (AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 26/06/2019, DJe 01/07/2019)

Tem prevalecido no Superior Tribunal de Justiça a impossibilidade de desclassificação da figura do estupro de


vulnerável para o art. 215-A do Código Penal, uma vez que referido tipo penal é praticado sem violência ou grave
ameaça, e o tipo penal imputado ao agravante (art. 217-A do Código Penal) inclui a presunção absoluta de violência
ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos.

Comentário: Não é possível desclassificar crime de estupro de vulnerável para o delito de importunação sexual

53
 (HC 371.633/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe
26/03/2019)

O crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente busca
proteger a dignidade sexual do vulnerável, assegurando que possa se desenvolver de forma saudável, e, no
momento apropriado, decidir livremente o seu comportamento sexual. 4. Diferentemente do que ocorre nos artigos
217-A, 218 e 218-A do Código Penal, nos quais o legislador presumiu de forma absoluta a vulnerabilidade dos
menores de 14 (catorze) anos, no artigo 218-B não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor
de 18 (dezoito) anos não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode
oferecer resistência, o que ocorre, na maioria das vezes, mediante a comprovação de que se entrega à prostituição
devido às suas más condições financeiras.

 (REsp 1683375/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
14/08/2018, DJe 29/08/2018)

Mesmo após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a conduta consistente em manter Casa
de Prostituição segue sendo crime tipificado no artigo 229 do Código Penal. Todavia, com a novel legislação,
passou-se a exigir a "exploração sexual" como elemento normativo do tipo, de modo que a conduta consistente
em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza crime, sendo necessário, para a configuração
do delito, que haja exploração sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a
mercancia carnal. 2. Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de mercancia sexual,
tampouco havendo notícia de envolvimento de menores de idade, nem comprovação de que o recorrido tirava
proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante ameaça, coerção, violência ou qualquer outra forma
de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não há falar em fato típico a ser punido na seara penal.

 (RHC 117978, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 05/06/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-153 DIVULG 31-07-2018 PUBLIC 01-08-2018)

O Supremo Tribunal Federal registra precedente admitindo a legitimidade do Ministério Público para propor a ação
penal por reputar dispensável a ocorrência de lesões corporais para a caracterização da violência real nos crimes
de estupro (v.g. HC nº 102.683/RS, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 3/2/11).

54
MAPA MENTAL

55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.

Estefam, André: Direito penal esquematizado: parte geral / André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves;
coordenador Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

https://s3.meusitejuridico.com.br/2018/11/b9efe85a-primeiras-impressoes-sobre-o-crime-de-importunacao-sexual-
e-alteracoes-da-lei-13.pdf

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