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Podcasts
Prazer em ouvir
Vinte propostas na área da cultura
– da música à literatura, do cinema ao teatro e à dança –,
para ouvir sem hora nem lugar marcados
7 ---------- P O D CAST S
CULTURA
AO OUVIDO
Em formato de conversa ou entrevista,
nestes 20 podcasts portugueses fala-se de
literatura, música, cinema, teatro ou dança
– e, claro, da vida em geral
— P O R F LO R B E L A A LV E S , M A R I A N A C O R R E I A D E B A R R O S ,
P E D R O D I A S D E A L M E I D A E S A N D R A P I N TO
Música Livros
A Descoberta O Poema
do Som Encontro Ensina a Cair
Filipe Melo
40 a 60 minutos
com a Beleza Raquel Marinho
60 minutos
Martim Sousa Tavares
Ao seu currículo multifacetado Nascido em 2020,
– ele é músico, realizador
10 minutos com o propósito de
de cinema, escritor… –, Filipe divulgar a poesia de
Melo juntou, desde final do Nos últimos anos, Martim Sousa Tavares tem tido tal autores contemporâneos
ano passado, a tarefa de exposição mediática que já se tornou banal elogiar-lhe portugueses, o podcast da
comunicador num podcast. o modo como, nos vários projetos a que se dedica, faz jornalista Raquel Marinho
Ligado à Fundação Calouste chegar a música clássica ao comum dos mortais. A tornou-se um dos mais
Gulbenkian, este A Descoberta ideia não é nova, nem o maestro foi o primeiro a fazê- ouvidos em Portugal.
do Som, apresenta-se como -lo em Portugal. Mas impressiona a maneira simples e Acreditando que O Poema
uma abordagem aos “bastidores descomplexada como o fez. Desde logo porque pôs as Ensina a Cair, título do
da criação musical, os percursos suas capacidades ao serviço dos mais esquecidos, dos verso do poema de Luiza
artísticos, as curiosidades sobre que vivem no Interior do País, em regiões desertifica- Neto Jorge, Raquel Marinho
os grandes compositores, das a vários níveis (a Orquestra Sem Fronteiras, com entrevista pessoas de
intérpretes e obras musicais, sede em Idanha-a-Nova, é disso exemplo maior). No diferentes áreas (da música à
promovendo diálogos entre a podcast Encontro com a Beleza – resultado de um política) sobre os seus gostos
música e outras formas de arte”. programa da Rádio Observador –, apresenta um ex- poéticos “esperando ficar
Tudo isso é feito em conversa certo de uma peça musical. A forma como se envolve mais perto delas e conhecê-
com um convidado. Até agora, na apresentação e na contextualização da obra em -las melhor”. O projeto segue
há episódios para ouvir com questão constitui um bom exemplo do poder que tem a frase do poeta Lawrence
Maria João Pires, Catarina em chegar aos outros. Acredita que é mesmo possível Ferlinghetti: “A poesia é a
Vasconcelos, Mário Laginha transformar as pessoas através da arte – e é difícil não distância mais curta entre
e Andreia Pinto Correia. sermos contagiados por essa atitude. Sara Belo Luís duas pessoas.” Vencedor em
2021 do Prémio de Melhor
Podcast Português de Arte
O Avesso e Cultura no PODES, Festival
da Canção Márcia, Fausto Bordalo Dias ou entre as 10h e as 12h, e depois de Podcasts Portugueses,
Tomás Wallenstein. se transforma… em podcast. conta atualmente com 319 mil
Luísa Sobral
Descubra as diferenças. seguidores no Instagram.
Mais de 60 minutos
Hotel Califórnia
Tal como as séries, os podcasts Paulino Coelho e Júlio Isidro As Regras Ponto
vivem no éter e é possível 100 minutos da Atração de Desencontro
voltar a eles – ou ouvi-los pela
João Gobern Hugo van der Ding
primeira vez – ad aeternum. Não há melhor exemplo de
Luísa Sobral continua a compor que um bom podcast pode 40 minutos 40 a 60 minutos
muita música e, entretanto, é ser, simplesmente, um regresso
possível recuar ao outono de aos velhos argumentos de um Não se apresenta exatamente Quem tem por gosto a leitura
2020 e ouvir o primeiro dos clássico programa de rádio. como um podcast, mas tendo sabe que os livros são como
38 episódios d’O Avesso da Hotel Califórnia, além de todos os episódios acessíveis, as cerejas: puxa-se um e vem
Canção, onde tenta encontrar título de um dos álbuns mais a qualquer momento, no site da sempre outro atrás. Hugo
a resposta para uma simples vendidos da história da música RTP Play, funciona exatamente van der Ding comprova a
pergunta: “O que está por popular (lançado pelos Eagles como um. Mais uma vez, aqui se teoria neste podcast onde se
trás das canções de que em 1976), é um programa da sublinha o poder intemporal da desencontra com diferentes
gostamos?” Podcast focado Rádio Renascença, centrado fórmula a que se convencionou pessoas através de livros e
no exercício da escrita e em música dos anos 70 e 80 chamar “rádio de autor.” João do debate que eles suscitam.
da criatividade, que vai da (com muitas exceções que Gobern (que durante vários Da psiquiatria às questões do
descoberta da música às confirmam essa regra temporal). anos, até ao fim do século sono, das revoluções culturais
primeiras composições, é uma Mas o que sobressai aqui é passado, foi jornalista da VISÃO) à igreja, da arqueologia às
conversa de artista para artista, a descontração da conversa discorre sobre os mais variados viagens, o entrevistador
muitas vezes de gerações solta entre Júlio Isidro (claro assuntos, sempre com a música propõe uma leitura prévia ao
diferentes, onde os bastidores que o “senhor comunicação” e as palavras como âncoras. convidado, que lhe responde
da música estão em destaque, tinha de estar no formato O mais recente episódio, por com outra sugestão. Abrem-
através das palavras de gente de um podcast...) e Paulino exemplo, obedecia a um tema -se então os microfones
importante na área como Carlos Coelho, num programa que vai genérico inspirado pelo dia lá para, a partir dessas obras, se
Tê, Capicua, Sara Tavares, para o ar todos os sábados, fora: a chuva. discutirem e aprofundarem os
Livros Cinema
NA PONTA DA LÍNGUA
Teatra Sandra Duarte Tavares
2 minutos
Mariana Oliveira
Aprender a usar e a pronunciar corretamente certas
50 minutos palavras é a proposta de Sandra Duarte Tavares,
professora do Ensino Superior na área da Comunicação
e autora dos livros Comunicar com Sucesso, 500 Erros
Conduzido por Mariana Oliveira, jornalista e ra- Mais Comuns da Língua Portuguesa e Falar Bem,
dialista cultural na Antena 3, o podcast do Teatro Escrever Melhor. Neste podcast da Antena 1, bastam
Nacional D. Maria II segue o tom informal, em apenas dois minutos para descobrir algumas subtilezas
conversas sem guião com pessoas ligadas ao teatro, da língua portuguesa. Já agora, devemos dizer “fazer
de alguma maneira. Foi com o humorista Bruno a barba ou desfazer a barba”?
Nogueira que se deu início a estes encontros, em
setembro de 2019, ao qual se seguiram os atores
Eunice Muñoz, Albano Jerónimo, Miguel Guilher- COISA QUE NÃO EDIFICA
me e Ivo Canelas. Por este “palco virtual” (primeiro NEM DESTRÓI
num ritmo mensal, atualmente quinzenal) também Ricardo Araújo Pereira
já passaram o músico Paulo Furtado (The Legen- 25 a 50 minutos
dary Tigerman), a rapper Capicua, Manuela Aze-
vedo, a voz dos Clã, os encenadores Tiago Guedes O estilo inconfundível de R.A.P.
e David Pereira Bastos, entre outros nomes, para vê-se logo no início da síntese de
falar sobre o seu trabalho e a sua ligação ao teatro cada episódio deste podcast (que nasceu ligado à SIC):
lisboeta. “Ricardo Araújo Pereira discorre chatamente sobre...”
E sobre o que discorre o humorista, sozinho ou com
convidados, em Coisa que Não Edifica nem Destrói?
Sobre o humor e tudo à volta – ou seja, a vida. Com
Set-up: Podcasts portuguesa. Os episódios muitas referências literárias e filosóficas, R.A.P. mistura
da Dança têm tradução para inglês e
linguagem gestual portuguesa.
da melhor maneira coloquialidade, graça e erudição.
Contemporânea
AS AMIGAS DE ELEONOR
Portuguesa Mescla Pedro Vieira e Raquel Vaz Pinto
Sekoia – Artes Performativas Rafaela Jacinto 60 minutos
60 minutos 30 minutos
Homenagear mulheres que se distinguiram na política, na
Depois de Madalena Vitorino, O novíssimo podcast do educação, na ciência e nas artes é o fio condutor deste
Francisco Camacho, Olga Teatro Municipal do Porto, do podcast que junta Pedro Vieira, escritor e apresentador
Roriz, Rui Horta e Vera DDD – Festival Dias da Dança do programa O Último Apaga a Luz na RTP 3, e Raquel
Mantero, entre outros e do CAMPUS Paulo Cunha Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de
bailarinos e coreógrafos, e Silva, lançado no último Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
terem passado pelo Set- sábado, 20, é conduzido As Amigas de Eleanor tem o bónus de ser gravado
Up, mais nomes se seguirão pela poeta, atriz e performer ao vivo na FLAD – Fundação Luso-Americana para
neste podcast criado pela Rafaela Jacinto, com som o Desenvolvimento, em Lisboa, em sessões mensais
Sekoia – Artes Performativas. de Mother Júpiter. A partir abertas ao público. Os próximos encontros acontecem
Ana Rita Teodoro, Clara da premissa “Como, onde nos dias 19 de fevereiro e 18 março.
Andermatt, Cláudia Dias, David e porquê nos mesclamos?
Marques, Gaya de Medeiros, Quantos cosmos cabem
João Fiadeiro, Marco da num espetáculo, num corpo, FEMINA
Silva Ferreira, Miguel Pereira, numa fala?”, são entrevistadas Vanessa Augusto
Tânia Carvalho, Vânia Gala e pessoas do mundo artístico. 60 minutos
Victor Hugo Pontes serão os No primeiro episódio,
protagonistas da segunda Avatares Também Sonham?, A convite do Maus Hábitos, casa portuense dedicada
edição, que se estreia no Rafaela conversa com Rita à música e às artes visuais, a jornalista Vanessa Augusto
dia 18 de fevereiro. A Sekoia, Barbosa, Maria Inês Marques dá voz, todos os meses, a este podcast dedicado a
associação sem fins lucrativos, e Rui Lima, cocriadores do mulheres da área da cultura. Femina tem periodicidade
quer criar um arquivo sonoro espetáculo de realidade mensal e pela cadeira das entrevistadas já passaram,
e visual sobre as histórias de virtual Bertie. O grupo Aurora entre outros nomes, Ana David, curadora no Batalha
vida e o percurso profissional Negra (Cleo Tavares, Isabél Centro de Cinema, Melissa Rodrigues, artista visual
das mais relevantes figuras Zuaa e Nadia Yracema) será e programadora, e Amélia Muge, cantora, compositora
da dança contemporânea o próximo convidado. e instrumentista.
Fora
SABORES INDIANOS foi convertida em
Não vão faltar ovos no espetáculo de dança
brunch alternativo que por Olga Roriz. Desta
o restaurante lisboeta sexta a domingo, dias
Gunpowder organiza 26 a 28, chega ao palco
neste sábado, 27, e para insetos. Todos têm lugar do Teatro Nacional
o qual convidou Natalie no PET – Festival da São João, no Porto,
Castro, a cozinheira Família e dos Animais sendo que o elenco é
de mão cheia do Isco de Companhia que vai formado por bailarinos
– Padaria e Bistro. ocupar a FIL, no Parque e por pessoas da
O menu (servido das Nações, desta sexta, comunidade local.
entre as 12h e as 16h) 26, a domingo, 28. Entre Bilhetes: €7,50 a €16.
irá incluir receitas as diferentes áreas
de origem indiana, temáticas, destaca-se
mas também opções o maior aquário móvel —— Exposição
criativas confecionadas da Europa, do projeto
por Natalie. Omelete Fluviário vai à Escola, CARTOONS DE
ao estilo dos cafés com 14 metros de CRISTINA SAMPAIO
parsi em Bombaim, comprimento, 22 mil Os leitores atentos
com tomate, cebola, litros de água e mais lembrar-se-ão da
coentros, malagueta de dez espécies de polémica com o
verde e queijo, servida peixes, de carpas koi cartoon, transmitido
com chutney de tomate até percas europeias. pela RTP, de um polícia
e torradas (€9,50); Bilhetes: €8 (sex), francês a treinar tiro a
panquecas com banana €10 (sáb-dom), €5 alvos com diferentes
caramelizada, xarope (5-15 anos e mais tonalidades. A autora,
de cardamomo e de 65 anos). Cristina Sampaio, quis
pistácio (€8,50); ovos chamar a atenção
verdes avinagrados para um problema
(€7,50) e brioche —— Dança – o racismo na polícia
LUÍS FERRAZ
em casa
(R. Mouzinho da animais de quinta e o frenesim de uma será nesta quinta, 25,
Silveira, 228), passou a exóticos e até alguns cidade imaginária, às 18h, e a exposição
ter, aos sábados, uma ficará patente até ao
Cinema carta pensada para dia 1 de março, de
de animação quem gosta de acordar segunda a sexta,
tarde. Servido das entre as 10h e as 18h.
para crianças, 12h30 às 15h30, o Lazy A entrada é livre.
espetáculos Saturday Mornings
grátis, inclui uma seleção
brunches e de pão e pastelaria, —— Cinema
ovos (royal, benedict,
tricot a fechar ABRIL
mexidos ou escalfados),
o longo mês
JORGE GOMES
D.R.
Rosa Cavaco; Patrícia Portela e
O Nosso Uniforme, de música de Noiserv (dia
Yegane Moghaddam; 27); e Grande Colheita, —— Biblioteca canção Andar à Solta, —— Tricot
ou Balada de um um espetáculo Digital o segundo tema de
Batráquio, de Leonor deambulante pelo avanço do álbum GORRO
Teles, a exibir na jardim, onde, a par EUGÉNIO Subida Infinita, o quinto EM LÃ TWEED
Casa das Artes neste da música e da DE ANDRADE VIRTUAL dos Capitão Fausto, Nunca é tarde para
sábado, 27 (15h e representação, os Parte do espólio do com edição a 14 de se dedicar à arte do
18h). A encerrar o participantes poderão poeta e escritor passa março. Este será o tricot. A Retrosaria
festival, o filme- degustar sopas feitas a estar disponível na último a contar com de Rosa Pomar tem
concerto Sons da com ingredientes plataforma Biblioteca o teclista Francisco um novo kit com
Liberdade, pela dupla cultivados numa Digital Eugénio Ferreira, que irá deixar tudo o que é preciso
O Som do Algodão, é horta em Viseu (dia de Andrade. Entre a banda lisboeta. para fazer um gorro
apresentando neste 28). Entrada gratuita, poemas, manuscritos, “É a última vez que quentinho, que saberá
domingo, às 16h15, mediante levantamento postais, fotografias e tocamos os cinco bem nos dias mais
no cinema Batalha. de bilhete no próprio outros documentos, juntos. Não é um fim, frios. É tricotado com
Bilhetes a partir €4. dia. propriedade das mas uma despedida.” o fio Kilcarra Tweed
bibliotecas municipais Anunciadas estão as (100% lã, em várias
do Porto e do Fundão, datas dos concertos cores), em malha
—— Doçaria a obra de Eugénio de apresentação do circular, com uma
de Andrade (1923- novo disco pelo País. execução simples,
ALENTEJO 2005) estará acessível Os bilhetes já estão à adequada a iniciantes
CONVENTUAL online (dez mil registos venda e têm esgotado (€20,70). As instruções
O claustro seiscentista constarão do site ao como pãezinhos (em português e
do Convento dos longo dos próximos quentes. inglês, incluídas no kit)
Agostinhos, em Vila meses). O poeta será também estão à venda
Viçosa, acolhe a I o homenageado na O CHAMAMENTO online (€3,50).
—— Artes Feira de Doçaria Feira do Livro do DOS CLUB MAKUMBA
Conventual, desta Porto deste ano e a Há música nova dos
ISTO É PARTIS sexta até domingo, sua última morada, no Club Makumba. Janaina
NA FUNDAÇÃO 26 a 28. Durante três Passeio Alegre, será Calling antecipa o
GULBENKIAN dias, e além da montra transformada na Casa segundo álbum de
A mostra anual de de doces conventuais da Poesia. originais da banda de
projetos de arte desta região Tó Trips, João Doce,
participativa, Isto é alentejana, o programa Gonçalo Leonardo
Partis, está de regresso inclui concertos de —— Disco e Gonçalo Prazeres,
à Fundação Calouste música, uma oficina de Sulitânia Beat, que
Gulbenkian, em Lisboa. bolachas e biscoitos “SUBIDA INFINITA” chega às lojas nesta
Entre esta sexta, 26, e e um concurso. DOS CAPITÃO FAUSTO sexta, dia 26, nos
D.R.
LISBOA
Lina_
Depois de uma singular
homenagem a Amália, na
companhia do músico e
produtor espanhol Raül Refree,
D.R.
Lina_ dedica um disco ao grande
poeta português, no ano em
que se assinalam 500 anos do
PALMELA
seu nascimento. O disco Fado
Abril em janeiro
Music. Mais uma vez, a tradição
do fado e da cultura portuguesa
misturam-se com referências e
Nesta segunda edição, o festival muda-se músicos contemporâneos de
para Palmela e apresenta uma programação diversas geografias (a produção
dedicada aos 50 anos do 25 de Abril é do britânico Justin Adams).
Nos próximos meses, Lina_ vai
cantar Camões em diversos
D
palcos do mundo.
epois de uma primeira, e cia nobre no que à música diz respeito
bem-sucedida, edição em e que, tal como o pai, Jorge, também Teatro da Trindade > R. Nova da
Oeiras, em 2023, este “fes- tem no piano o instrumento de eleição. Trindade 9, Lisboa > 30 jan, ter
21h > €10
tival itinerante, que privi- Apresenta aqui o primeiro trabalho em
legia a palavra e a música de autor”, nome próprio, Parto, no qual se destaca
muda-se agora para Palmela, onde vai uma versão de Para Rosalía, de Adriano
PORTO
apresentar uma programação dedicada Correia de Oliveira. A primeira noite
aos 50 anos do 25 de Abril. O car- termina em grande com um espetáculo
taz do MicroSons engloba diferentes de tributo a José Mário Branco na voz O Salgado Faz
gerações de músicos e artistas, que, de JP Simões, que já havia interpretado Anos... Fest!
segundo a organização, irão “abor- uma versão de Inquietação no álbum
dar o tema com a total liberdade que 1970, editado em 2006.
Abril lhes concedeu”. Mantém-se o A programação de sábado, 27, É assim que nascem as
ambiente intimista das atuações, que arranca com o espetáculo Que Abril tradições. Desde 2013, sempre
se vão distribuir por dois palcos: o do Abriu, com o ator André Gago e a sua em janeiro, que a festa de anos
Cineteatro São João, onde se reali- banda, que vão apresentar “poemas e de Luís Salgado, músico e ex-
zam os concertos principais, e o do canções da liberdade” de grandes au- programador do Maus Hábitos,
Café-Concerto, no foyer do teatro, tores da língua portuguesa, do tempo se transforma numa sessão de
reservado aos novos talentos. tanto da resistência como da liberta- concertos e convívio, nesse
O concerto de abertura, nesta sexta, ção, junto com alguns temas originais. espaço da movida e da cultura
26, estará a cargo de Ana Lua Caiano, O alinhamento continua com Hadessa, portuenses. Hoje, esta festa é
um dos talentos emergentes da nova alter-ego musical de Vanessa Santos assumida como um festival de
música popular portuguesa, conhecida (que, em junho do ano passado, lançou um dia só. Na edição de 2024
pela capacidade de criar melodias atra- o disco de estreia Fortuna), e com o de O Salgado Faz Anos... Fest, já
vés de um processo de grande explora- duo Virgem Suta, que neste ano cum- neste sábado, 27, destaque para,
ção, juntando a música tradicional com pre 15 anos de carreira e promete en- entre muitas outras, as atuações
a eletrónica – conta apenas com dois cerrar o festival em festa. — Miguel Judas de O Gajo, Ana Lua Caiano, Nel
EP editados e prepara-se para lançar o Monteiro e Cobrafuma.
álbum de estreia no final de março. Se- Cineteatro de São João > R. Gago Coutinho
gue-se a atuação de Vicente Palma, mú- e Sacadura Cabral, Palmela > T. 21 233 6630 Maus Hábitos > R. Passos Manuel
sico cujo apelido revela uma ascendên- > 26-27 jan, sex-sáb 20h30 > €10 e €16 178, Porto > 27 jan, sáb, 21h > €20
Pobres Criaturas
A filha de Deus
O novo Lanthimos é uma poderosa fábula social,
algures entre Frankenstein e Tim Burton
Volta ao
mundo Bella,
a personagem
interpretada por
Emma Stone, em
Pobres Criaturas,
passa por várias
cidades na sua
descoberta do
mundo e da
Humanidade.
Paris (na foto)
e também, por
exemplo, Lisboa,
onde ouve um
fado de Carminho
e come pastéis
de nata
D.R.
A
chave para entendermos Pobres Cria- monstruosa na sua sede de vida e de experiência,
turas, o último filme-sensação do um ser despido de preconceitos e limitações, com
grego Yorgos Lanthimos, está, natural- um poder de raciocínio lógico devastador, que
mente, em Frankenstein, obra fantásti- herdou do criador, um cirurgião chamado Deus.
ca de Mary Shelley. A escritora britânica contava Estética e também narrativamente, Lanthi-
a história de um inventor sem escrúpulos, que mos faz de Pobres Criaturas um esplendoroso
concebeu uma criatura sem atributos sociais. filme à la Tim Burton – há ali muito de, por
O monstro Frankenstein não era um puro vilão, exemplo, Eduardo Mãos de Tesoura – e um dis-
mas simplesmente alguém de força desmedida positivo estético absolutamente deslumbrante,
que não sabia como funcionar em sociedade e no retrato pictórico das cidades por onde Bella
que, por isso, se tornava perigoso. Na fantasia de passa, que inclui Lisboa, com pastéis da nata e o
Lanthimos passa-se algo parecido. Bella é uma fado de Carminho. Mas, ao contrário de Burton,
recriação de um médico louco, com as cica- Lanthimos não faz da fábula um conto de fadas.
trizes de um Frankenstein, e, na sua educação Prevalece sempre um tom ensaístico e racional
para a sociedade, acaba por lhe ser apresentada que supera o punch emocional. O motivo é, aci-
demasiado cedo. Se no monstro de Frankenstein ma de, tudo pragmático.
o perigo estava na força descontrolada, aqui esse O argumento está impecavelmente desenha-
poder físico é substituído pelo erotismo e por do, e para o seu funcionamento contribuem duas
uma tendência para o epicurismo com forma de grandes atuações: em primeiro lugar, Emma
se olhar o mundo marcada pela genuína curiosi- Stone, que também volta a produzir o filme de
dade de uma criança. Lanthimos, como já havia feito em A Favorita (a
Lanthimos serve-se desta fábula para fazer sua desarticulação funcional deve merecer, pelo
uma reflexão filosófica sobre a própria socie- menos, uma nomeação para os Oscars), e, em se-
dade (um pouco ao estilo do Papalagui, com a gundo, o insuperável Willem Dafoe, em mais um
sua visão exterior do universo ocidental). Há um papel difícil de esquecer. — Manuel Halpern
olhar inocente, prático e irónico sobre o mundo,
estupidificando-se a razão de ser dos códigos so- De Yorgos Lanthimos, com Emma Stone, Mark Ruffalo,
ciais. São cenas de humor fácil, mas eficaz. Bella é Willem Dafoe, Ramy Youssef > 142 min
Cara de Espelho
Canções que vão à luta
A banda é nova, mas conhecemos bem os seus elementos.
Os Cara de Espelho prometem agitar as águas com música
de combate, tão poética como interventiva
— PO R PED RO D IAS D E ALM EI DA
À
partida, parece que esta- voltar a tocar as suas guitarras, entrar
mos em presença daquilo mesmo na banda. E são dele todas as 12
a que se convencionou músicas e letras do disco de estreia dos
chamar um “supergrupo” Cara de Espelho – nome que nasceu de
– uma banda formada por um verso da primeira canção em que
gente que já tem gran- trabalharam juntos, Cara Que É Tua: “O
de reconhecimento noutros grupos e cara de espelho, assim batizado/ tem os
projetos musicais. Do alto dos seus 69 defeitos dos outros espelhados...” Afinal,
anos, Carlos Guerreiro desfaz equívocos, o objetivo neste disco é, também, pôr
sorridente, com poucas palavras: “Somos um espelho à frente de quem o ouve,
super amigos!” Mitó Mendes, a vocalista “refletindo a sociedade”.
destes Cara de Espelho, também ques- Soando a música popular portuguesa
tiona essa categorização: “Normalmente, do século XXI, há algo nestas canções
nos supergrupos juntam-se músicos que faz pensar no espírito e estilo de
que têm carreiras ativas noutras bandas José Afonso: uma mistura de lirismo e
nesse momento; aqui, estávamos todos intervenção, poesia livre e afirmações
parados nesse sentido, tirando talvez o muito diretas, lado a lado. São can-
Nuno Prata, já que os Ornatos Violeta ções que vão à luta. “Que arregaçam as
se voltaram a juntar pontualmente nos mangas”, diz Pedro. “Que dão a cara...”,
últimos anos...” Pedro da Silva Martins acrescenta Mitó. “Sinto que, às vezes, é
prefere sublinhar que esta é uma banda preciso ser chato, andar a morder cal-
que surge “em contraciclo”: “Estamos canhares, pôr o dedo na ferida. Isso faz
todos numa idade em que normalmente bem e é importante neste momento”, diz
se pensa ‘agora, vou é fazer uma carreira o letrista. Muitas delas têm alvos e temas
a solo’, mas juntámo-nos numa banda bem claros, fazendo pensar na música
nova...” de intervenção que animava o País há
meio século. Desigualdades económicas
O “DOUTOR COISINHO” e fugas aos impostos? Ouça-se Paraíso
Tudo começou com um encontro for- Fiscal: “Quando morrer eu quero subir
tuito à porta dos Correios, na Avenida de ao Paraíso Fiscal/ vida de contribuinte
Roma, ainda antes da pandemia, entre é deveras infernal/ que São Pedro me
Carlos Guerreiro e Sérgio Nascimento. receba no seu Portal das Finanças...”
A conversa acabaria num telefonema, Ou Testa de Ferro: “Quero pôr maços
ao fim desse dia, com uma frase que de notas em pequenos envelopes/ Dar
LUCAS TAVARES
os músicos estão muito habituados a a fuga pro estrangeiro antes que alguém
dizer e ouvir. “Eh pá, gostei muito de te me tope/ Quero contas na Suíça, uma NUNO PRATA
encontrar, devíamos fazer alguma coisa casa em Paris/ E chamada à justiça ser
juntos...”, disse Sérgio ao fundador dos amiga do juiz.” As guerras dos nossos Baixista. Um dos fundadores,
no início dos anos 90, dos
Gaiteiros de Lisboa. Essa foi a semente. dias ou de sempre? Estão em Tratado de Ornatos Violeta, no Porto.
Depois, seguiu-se um processo de soma Paz: “No fim, será proclamado que todos Afirmou-se neste século como
de elementos, com convites endereçados ganharam/ mas sabemos quem perdeu.” escritor de canções, lançando
pelo percussionista que já tocou com Em tempo de animada campanha três discos em nome próprio: Todos
meio mundo na música portuguesa das eleitoral, uma canção em especial pro- os Dias Fossem Estes/Outros
últimas décadas. “O Sérgio é que foi mete ser bastante polémica. Na letra de (2006), Deve Haver (2010)
e Nuno Prata (2014)
juntando as peças”, diz Pedro da Silva Dr. Coisinho, “um le penesinho peque-
Martins, que, para aceitar a proposta, nino, de brinquedo”, só falta mesmo
pôs a condição de poder igualmente identificar o nome do líder do Chega.
“O dr. Coisinho
Vem coisificar o medo
Ai, ó mulher, é branco
Ai, ó mulher, é preto
PEDRO
DA SILVA MARTINS O dr. Coisinho
Vem quantificar o erro
Em 2006, foi um dos criadores
dos Deolinda, onde se notabilizou Ai, ó qu’ele é cigano
como letrista e compositor. Antes, já Ai, ó qu’ele é o demo...”
tinha criado os Bicho de 7 Cabeças.
Nos últimos anos, tem-se afirmado “Na nossa geração, e com o gosto musi-
como autor prolífico para outros cal que partilhamos, nós estruturámo-nos
artistas. Em 2021, foi produtor
de Desalmadamente, disco
a ouvir José Afonso, Sérgio Godinho, José
que marcou o regresso Mário Branco, Adriano Correia de Olivei-
de Lena d’Água ra, Fausto...”, diz Mitó, ressalvando que o
caso de Carlos Guerreiro é diferente: “Ele
privou com eles, tocou com eles, foi até o
braço-direito de alguns deles.”
“Será que estamos a cantar só para os
nossos amigos?”, pergunta-se Pedro da
Silva Martins. E responde: “Na verda-
LUÍS JOSÉ de, não sei, nem interessa muito agora,
MARTINS logo se vê. Sei que é isto que queremos
Guitarrista. Com o irmão, Pedro
dizer e que achamos urgente dizer.”
da Silva Martins, foi membro Carlos Guerreiro partilha essas dúvidas
fundador dos Bicho de 7 Cabeças e inquietações: “Tenho-me questionado
e dos Deolinda. Com a pianista muito sobre quem vai perceber e gostar
Joana Sá, gravou, em 2013, o disco do nosso trabalho. Há uma clientela para
Almost a Song e, em 2017, lançou isto? Será uma coisa muito geracional e
um álbum em nome próprio:
Tentos – Invenções e que não chega aos mais novos?”
Encantamentos Depois do lançamento do disco, já nesta
sexta-feira, 26, vem aí o desafio dos palcos,
onde os Cara de Espelho vão ter canções
novas, além das que estão no disco, para
apresentar – há já concertos marcados em
Braga (24 de fevereiro), Loulé (2 de março),
Lisboa (5 de março) e Porto (16 de março).
Uma das características da maioria dos
MITÓ MENDES CARLOS tais supergrupos da história da pop e do
GUERREIRO rock é que, por norma, não duram muito
A sua voz deu-se a conhecer e tornam-se facilmente projetos de um
n’A Naifa, projeto que cofundou Em 1991, foi um dos fundadores
com João Aguardela e Luís dos Gaiteiros de Lisboa, mas a sua disco só. Mas não é isso que estes músi-
Varatojo, cantando palavras de carreira musical já tinha começado cos experientes veem no horizonte. “Com
poetas portugueses. Com Sandra há muito. Com José Mário Branco e todo o compromisso da nossa parte, acho
Baptista, fundaria, depois, o duo Fausto, foi um dos integrantes do que não faz muito sentido lançarmos um
Señoritas, que lançou os discos GAC, no período revolucionário. disco e desaparecermos”, sintetiza Mitó.
Acho Que É Meu Dever Não Nascido em 1954, afirmou-se
como um criativo construtor Para já, todos concordam numa avaliação
Gostar (2016) e As Saudades
Que Eu Não Tenho de instrumentos a esta nova aventura em que embarcaram:
(2018) musicais “É um grupo muito divertido, estamos
sempre a rir!” palmeida@visao.pt
LISBOA LISBOA
I
podemos reinventar a história
sto que se vai passar aqui não pas- À Procura de Chaplin é o terceiro no sentido de a reperspetivar
sa de uma comédia improvisada”, capítulo de uma trilogia de Rita Cal- de forma mais justa e
avisa-se logo na abertura do espe- çada Bastos que começou com Se Eu equilibrada.”
táculo. A frase, não por acaso, tem Fosse Nina, a partir da personagem O espetáculo tem no elenco
a assinatura de Charlie Chaplin. O mí- com o mesmo nome de A Gaivota, atores portugueses e
tico ator e realizador é uma referência de Tchekov, que, segundo a própria, cabo-verdianos: Ana Lúcia
no novo espetáculo de Rita Calçada personifica “o sonho de ser atriz”. Palminha, Deka Saimor,
Bastos, À Procura de Chaplin, uma E prosseguiu com Eu Sou Clarice, Emerson Henriques, Rafaela
criação com uma forte carga visual inspirada na vida e obra da escritora Jacinto e Tiago de Almeida.
e um lado tragicómico. “A premissa Clarice Lispector e na forma como ela A cenografia é de Herlandson
nunca foi fazer copy-paste de nada “fala sobre a alma humana”. “O Cha- Duarte. Na estreia, esta quinta,
do Chaplin, ele inspirou-nos, teatral- plin teve uma infância altamente trági- 25, faz-se um brinde para
mente falando, através das imagens e ca, conseguiu sublimar essa tragicida- celebrar os 35 anos do Teatro
do ambiente que convocava”, adian- de e fez dela comédia”, diz, ainda, Rita da Garagem e será lançado
ta à VISÃO a atriz e encenadora que Calçada Bastos. Estas três figuras, na o terceiro volume de Teatro
recorre, neste espetáculo, a uma certa sua diferença, têm em comum “a for- (In)completo, de Carlos J.
linguagem circense. “Interessou-me ma como tratam a existência humana.” Pessoa, dramaturgo residente
o imaginário do clown, que vive feliz E acrescenta: “Vivermos mais felizes é, e diretor. De 15 a 18 de
com muito pouco, para refletir sobre na verdade, uma procura.” Carla Ma- fevereiro, Outra Tempestade
como podemos viver melhor”, afirma. ciel, Luciano Amarelo, Carolina Faria e chega ao Teatro Carlos
“Se calhar não nos levando tão a sério Maria Mingote fazem parte do elenco. Alberto, no Porto. — R.N.
e conseguindo explorar o ridículo da — Rafael Nabais
existência; o clown tem essa qualida- Teatro Taborda > Costa do
de, de ser o anti-herói, o falhado. Castelo 75, Lisboa > T. 21 885
São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria 4190 > 25-28 jan, qui-sáb
O que somos todos em alguma área Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7651 > até 28 19h30, dom 16h30 > €6 a €8
da nossa vida.” jan, qui-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
História ilustrada
Eduardo Gageiro
começou a sua
atividade de
fotojornalista
em meados dos
anos 50. Nas
suas fotografias,
muitas delas
históricas, sempre
privilegiou o preto
e branco
LISBOA
Factum
O olhar de Eduardo Gageiro
As celebrações dos 50 anos do 25 de Abril passam por uma grande
exposição de um nome fundamental do nosso fotojornalismo
P
or favor, leve-me ao comandante por- 25 de Abril, organizada pelas Galerias Muni-
que sou amigo dele.” Não era amigo, cipais/EGEAC. Podem ver-se, ao todo, 170 fo-
nem sabia quem era, mas o soldado tografias de Eduardo Gageiro, um dos grandes
que lhe barrava o caminho levou-o até fotojornalistas portugueses de sempre, à beira
Salgueiro Maia. E foi assim que Eduardo Ga- de completar 89 anos. As mais antigas são dos
geiro começou a fotografar a revolução. “Nes- anos 50 e a mais recente foi feita na Avenida da
sas alturas, temos de estar de alma e coração Liberdade, nas celebrações do 25 de Abril, em
e, aconteça o que acontecer, o que interessa 2023. Ao longo da carreira, Eduardo Gageiro
é fazer a imagem”, disse numa entrevista em foi distinguido com mais de 300 prémios,
que recordava esse dia. E fez muitas das ima- nacionais e internacionais. — R.N.
gens mais icónicas do 25 de abril de 1974, que
podem agora ser vistas na exposição Factum, Cordoaria Nacional > Av. da Índia, Lisboa > T. 21 363 7635
integrada na celebração oficial dos 50 anos do > 27 jan-5 mai, seg-dom 10h-13h,14h-18h > grátis
D
entro das duas grandes e lumi- preto, turnedó ou bife da vazia maturado),
nosas salas do Herdade 1980, servida com um molho envelhecido um mês
com vista para as ruas Formosa em barrica de casca de carvalho, acompanha-
e Sá da Bandeira, nem parece
que nos encontramos no in-
da de batata a murro, migas de batata-doce,
esparregado ou arroz de costela assada. “É
Nos últimos
terior do Mercado do Bolhão. uma viagem a Portugal à mesa entre amigos meses,
A steakhouse de José António Silva e da ma- e família”, dizem os proprietários, que viram abriram sete
deirense Isabel Pita Silva é um dos sete res- no terceiro piso do renovado mercado uma
taurantes que abriram nos últimos meses no oportunidade de negócio. restaurantes.
terceiro piso do edifício histórico do Porto, A área de restauração do Bolhão é muito mais Até ao verão,
reaberto em setembro de 2022 e que, no pri-
meiro ano, recebeu cinco milhões e meio de
do que uma praça da alimentação. Além do
Herdade 1980, nos últimos meses somaram-
devem
visitantes. Inspirada na cozinha portuguesa, -se outros seis restaurantes dotados de salas somar-se
a steakhouse tanto sugere petiscos (croquetes elegantes com janelas de alto a baixo viradas mais três: de
de cozido à portuguesa, alheira de Vinhais, pi- para a rua, e que funcionam do almoço ao
ca-pau, bife à antiga) como carne portuguesa jantar, após o fecho das bancas de frescos. francesinhas,
na brasa (posta mirandesa, secretos de porco Até ao verão, espera-se que abram mais três: crus e petiscos
104 VISÃO 25 JANEIRO 2024
DE FACA E GARFO
A galeria de
restauração do
Mercado do Bolhão
funciona de segunda
a sábado, entre as 12h
e as 24h, e tem duas
entradas (nas ruas
Formosa e Fernandes
Tomás) acessíveis
à noite depois
do fecho do mercado
de frescos.
30 anos por Virgínia (Gina) do Céu, no tempo A partir de 17 de
em que o café funcionava ao lado das escadas março, prevê-se que
principais do Bolhão. os sete restaurantes
Desde que abriu, no último verão, a despensa abram também ao
de legumes, fruta, queijos e azeitonas do Casa domingo.
Vegetariana é abastecida nas bancas do piso
térreo. A sustentabilidade é uma das preocu-
pações do restaurante do grupo que detém o
Casa Vegetariana
Praia da Luz, na Foz. “Há muito que quería-
mos vir para a Baixa, e desde que percebi que T. 93 590 6302
o vegetarianismo tinha uma história no Porto > seg-sáb 12h-23h
[onde foi fundada a Sociedade Vegetariana
em Portugal, em 1911], achei fazer sentido”, Culto ao Bacalhau
conta Maria Adão. Com uma sala decorada
T. 91 072 9138 / 22 110
pelo designer de interiores Paulo Lobo, onde 2810 > seg-sáb 12h-23h
se destacam os desenhos de legumes num
armário de uma antiga mercearia, serve-se D. Gina
uma cozinha sem carne nem peixe, a maioria
vegan, com consultadoria do chefe Luís Amé- T. 22 332 6628 > seg-
rico. Caldo verde à transmontana, linguini de -ter 12h-15h, qua-sáb
massa fresca feito na casa (tal como as pizzas), 12h-15h, 19h30-21h30
moqueca de legumes com arroz basmati,
de francesinhas, crus e petiscos. Os dez for- costeleta de couve-flor com chimichurri ou Herdade 1980
marão um dos maiores pisos gastronómicos tibornada de beringela na brasa saboreiam-se T. 22 324 1980; 91
da Baixa do Porto, cujas esplanadas – com numa sala generosa onde não falta o jogo do 8861980 > seg-sáb
mesas e cadeiras portuguesas da Adico – têm rapa na mesa para entreter, antes ou depois 12h-16h, 19h-23h
vista para o miolo central do mercado cente- da refeição.
nário. É o caso do Culto ao Bacalhau, no qual Já no Peixe no Mercado – dois pisos, também Nelson dos Leitões
o chefe de cozinha Rui Martins apresenta decorados por Paulo Lobo –, os olhos pousam
T. 91 948 7364 > ter, qua,
uma carta assente no receituário da cozinha no aquário com marisco vivo e no pescado sex, sáb 10h-22h
portuguesa do fiel amigo, com demolha pró- fresco alinhado na montra. “Somos o único
pria e cura mínima de 24 meses. Um piscar restaurante na Baixa com grelha a carvão”, O Pintainho 36
de olho a quem queira saborear o bacalhau orgulha-se o empresário José Miguel Cruz,
em caldeirada, açorda, escabeche, à Gomes que abriu o negócio com João Vieira. “Ado- T. 22 317 2568 > seg,
ter, sex, sáb 12h-15h,
de Sá e à Brás, ou mesmo à sobremesa, no rávamos ir a Matosinhos comer peixe. Porque
19h-22h, qua-qui
mil-folhas de bacalhau com doce de ovos e não trazer essa comida na grelha para aqui?” 12h-15h
gelado de baunilha. Ao leme da cozinha está o jovem Rodrigo Car-
doso, 23 anos, que “reinterpreta pratos da co- Peixe no Mercado
DAS TRIPAS AO ARROZ DE LAVAGANTE zinha portuguesa de sempre” com um toque
Os novos restaurantes convivem com três his- contemporâneo. Na carta, tanto se encontra T. 22 208 6819 > ter-sáb
12h-24h
tóricos que transitaram do velhinho mercado: peixe fresco (de Matosinhos, Algarve e Açores)
D. Gina, Nelson dos Leitões e O Pintainho 36, como polvo à lagareiro, arroz de lavagante ou
todos agora com salas interiores. No D. Gina, de salmonete, lula de anzol com alho negro
servem-se tripas à moda do Porto, iscas ou e manteiga, sopa de santola ou, entre várias
sardinha pequena, mas nesta casa de cozinha opções, uma invulgar e deliciosa combina-
tradicional o que mais sai são os famosos ção de rabanada com lavagante e malagueta
arrozes malandrinhos de tomate, feijão ou fermentada. Cozinha de autor, dentro de um
grelos, servidos em tachos de barro como há mercado tradicional. falves@visao.pt
LISBOA
Novidades
A italiana costa
amalfitana
inspirou a nova
Terrazza do
Rocco, tanto na
decoração como
no menu. Ostras
e champanhe,
uma eterna
combinação
vitoriosa, para um
intervalo a meio
da tarde
D.R.
O
belo e o gosto são dos mais subjetivos The Ivens Hotel ganhou 50 lugares e beleza a
temas para se discutir. Mas acredita- rodos com as mesas e cadeiras em ferro “verde
mos que o Rocco deve ser consensual alegre”, mobiliário de jardim a remeter para os
para uma maioria de gente que apre- pátios da costa amalfitana, em Itália, os recantos
cia a arte, da gastronómica à vínica, da decora- forrados por azulejos, o bar com bancos altos ao
ção de interiores (Lázaro Rosa Violán) ao saber balcão.
receber. Está tudo certo. A elegância é proporcional aos sabores pro-
O Crudo Bar está lá desde a inauguração (2021), vados. Empate entre o tártaro de atum (€24) e
mas recentemente ganhou uma atração – ostras e o bucatini com burrata (€24). Já entre os pratos
champanhe, numa hora calma (16h-18h). O menu principais – robalo com risotto de amêijoa (€36),
(€35) conjuga moluscos e uma flûte de Gaston tagliatelle al funghi e tartufo servido na roda de
Révolte Tradition Premier Cru, o champanhe queijo pecorino (€36) e lasanha al ragu (€26) –,
francês “da casa” dos fine dining do grupo Plate- houve unanimidade no peixe e no toque cítrico
form (Alma, Brilhante, Sala de Corte). A acidez e do arroz. Os clássicos continuam a ser dos prefe-
salinidade da casta Pinot-Meunier acompanha seis ridos dos clientes, como ossobuco com risotto de
ostras, duas de cada nação: com molho migno- açafrão (€38), chateaubriand (€80, 500 g), bife
nette (chalota, vinagre de vinho tinto e pimenta), Rossini (€40), lombo de novilho, foie gras, puré
puré de maçã e wasabi e chutney de cebola roxa. de batata trufado. No doce final com cheesecake
Por esta ordem, fizemos duas rondas e aprovámos (€16) e tiramisu (€14), rendemo-nos à teatralida-
este mergulho no mar. de italiana preparada à nossa frente. Não se fica
Na continuação da sala principal, a Terrazza indiferente. — Sónia Calheiros
é uma lufada de refresco, como uma mimosa
saboreada ao lanche. Este quarto restaurante do R. Ivens, 14, Lisboa > T. 21 054 3168 > seg-dom 8h-1h
LISBOA
Nude Project
A onda da geração Z
A primeira loja da marca espanhola de streetwear abriu
na Baixa lisboeta, com tudo o que faz dela um sucesso
– sweatshirts, colares de pérolas e edições limitadas LISBOA E AÇORES
As pregadeiras
A
colaboração da Nude Project colares de pérolas, parece ser o segredo da Avó
com a Playboy, em celebração do sucesso e um chamariz, sobretudo
dos 70 anos do lançamento da para a geração Z (nascidos entre 1995 e Há um romeiro, o Espírito
primeira edição da revista (em 2008). A Nude Project é feita de swea- Santo, uma freira e um padre,
dezembro de 1953), deu que falar. Até tshirts, t-shirts, blusões, calças de gan- mas também galinhas, patos,
Madonna apareceu com um boné da ga e casacos unissexo, com design ur- um cão e até uma pomba
coleção e, mais uma vez, várias peças da bano, bem como de lançamentos quase para levar ao peito. Ao todo,
marca espanhola de streetwear esgota- todos os meses e de muitas edições são 26 os bonecos bordados
ram. “Somos criativos, e as colaborações limitadas. “Mais do que uma marca de à mão pelas 15 avós d’A Avó
são importantes, mas têm de ser espe- roupa autêntica, com artigos exclusivos Veio Trabalhar, de Lagoa, nos
ciais para serem reativas e causarem im- e de qualidade, gerámos uma comuni- Açores. A coleção é “uma
pacto”, diz o responsável da loja lisboeta, dade, e as pessoas, quando vestem uma recriação contemporânea das
Konstantine Rudenko. A Nude Project peça nossa, sentem esse espírito de figuras do presépio feito pelos
começou em 2019, quando, numa resi- pertença”, sublinha Konstantine. A isto, bonequeiros de Lagoa”, diz
dência de estudantes, os amigos Bruno juntam-se complementos irreverentes, Ângelo Campota, da Fermenta,
Casanovas e Alex Benlloch, agora com como a Beercuda, uma bolsa a tiracolo a associação responsável pela
24 anos, começaram a produzir a roupa para levar bebidas em lata; o Pleasu- dinamização do projeto de
de que gostavam. Daí à marca global, re Pack, com preservativo, isqueiro inovação social, que combate
pode dizer-se, foi um pulinho. e pacote de mortalhas; os emblemas a solidão dos mais velhos
Hoje, têm oito lojas, seis em Espa- para personalizar uma peça e até uma através dos lavores. Desta
nha, uma em Milão e outra em Lisboa, taça de comida para cão. Quanto às vez, a premissa de criar peças
que, tal como as suas pares, teve fila à peças esgotadas, sempre que possível de design artesanal originais
porta (cerca de 400 pessoas) no dia da são rapidamente repostas. É o caso do recaiu nesta tradição açoriana,
abertura, no início de dezembro. Com- Cherry Hood, uma camisola de capuz e o sucesso da coleção foi
binar peças confortáveis e minima- com estampa de cerejas nas costas. Até tal que as mãos não chegam
listas, mas com pormenores, seja um quando esta estará disponível, logo se para as encomendas. “Além de
bordado seja uma frase provocatória ou verá. — Susana Lopes Faustino vendermos em Lisboa e nos
uma estampa, com outras peças estru- Açores, fomos contactados por
turadas e acessórios arrojados, como os R. Áurea, 153, Lisboa > seg-sáb 11h30-20h30 um fotógrafo japonês, a viver
em Torres Vedras, que levou
as nossas criações para uma
Streetwear
As peças de livraria em Tóquio, e também
roupa unissexo vamos vender numa plataforma
de ar desportivo na Suíça.” Com tanta procura,
são inspiradas no tiveram de chamar reforços.
universo do hip-hop Às avós de Lagoa, juntaram-
e do skate
-se outras mãos de Ribeira
de Chã e Atalhada, para levar
estas pregadeiras e os lavores
portugueses pelo mundo fora.
— S.L.F.
Alta tecnologia
Para a série,
gravada em
diversos locais,
da floresta
húmida da Costa
Rica às ruas de
Nova Iorque,
recorreu-se a
nova geração
de lentes
profissionais,
como as que
são utilizadas
nos endoscópios
médicos
JAMIE THORPE / NATIONAL GEOGRAPHIC
DISNEY+
É
verdade que, de há uns anos para cá, a ras 4K que se utilizam hoje num documentá-
Pixar já não nos deslumbra como era rio de História Natural geram imagens HDR
seu hábito (desde Wall-E?). Mas o estú- maravilhosas [com mais brilho e contraste];
dio de cinema de animação teve o mé- o que fez a diferença foi esta nova geração de
rito de mostrar – com filmes como Toy Story, lentes profissionais, como as que são utiliza-
Monstros & Companhia, À Procura de Nemo, das nos endoscópios médicos, que permitem
Ratatui ou Up: Altamente – que o espírito da não só aumentar a imagem como nos dão uma
animação clássica podia coexistir com a tec- perspetiva cinematográfica de grande angular.”
nologia mais avançada. Uma Vida de Inseto (A Também a iluminação foi importante. “Com as
Bug’s Life), que estreou em 1998 (a seguir a Toy câmaras de filmar tradicionais, a luz é mui-
Story, já lá vão 26 anos), serve agora de inspira- to forte, o que pode causar desconforto e até
ção à nova série documental original da Natio- alterar o comportamento dos insetos; recor-
nal Geographic, disponível no canal Disney+. remos a luzes LED, o que é algo revolucioná-
Escaravelhos do estrume, aranhas saltado- rio quando se trata destas pequenas criaturas,
ras (ou papa-moscas), baratas, louva-a-deus, permitindo-nos filmar mais de perto e de di-
abelhas-das-orquídeas e formigas-de-fogo ferentes ângulos”, conta Markham, que antes já
são alguns dos protagonistas de Uma Ver- tinha produzido as séries Super/Natural para a
dadeira Vida de Inseto (A Real Bug’s Life, no National Geographic/Disney+ e Animal para a
original), série que aponta lentes potentíssi- Netflix, ambas nomeadas nos Emmys.
mas ao mundo dos insetos, como revelou à Sob as diretrizes de três cientistas (um zoó-
VISÃO o produtor Bill Markham: “As câma- logo, um entomologista e um biólogo), a equipa
Expats
A
carga da história é deveras dramática, mui-
tas vezes apaziguada por imagens de uma
Hong Kong menos vista – noturna, vazia,
na penumbra, onde deambulam as protago-
JAMIE THORPE / NATIONAL GEOGRAPHIC
“Redescobri o —— Filme
OS SALTEADORES
luxo. Não é o caso. Tenho
quatro pares destes ténis e é
Desde 2014
que lidera —— Disco
o Boi-Cavalo, AMASSAKOUL TINARIWEN
restaurante em É o seu álbum preferido dos
Tinariwen. “Ouvir rock/blues
Alfama de cozinha do deserto, por uma banda
contemporânea de tuaregues do Mali, da região
portuguesa, do deserto do Sara, que
com cada acorde de guitarra
JOSÉ CARLOS CARVALHO
ANO DO DRAGÃO
MUSEU DO ORIENTE
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Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte) | 1350-352 Lisboa | T. (+351) 213 585 200 | info@foriente.pt
Traje masculino para ópera chinesa [pormenor] | China | ca. 1970 | Fundação Oriente/Museu do Oriente, Inv. 5.1C48 | ©JSRamos
7 ---------- J O G O S
PALAVRAS CRUZADAS
> > HORI ZON TAIS > > 1. Assunto debatido (fig.). Jovem do sexo
masculino, homem novo, adolescente, moço. // 2. Conjunto dos
paroquianos ou diocesanos. Momento ou espaço que corresponde
ao fim ou ao começo de algo. // 3. Lentidão. Documento escrito.
// 4. Objeto ou estrutura com forma circular. Fluido elétrico que se
desprende da nuvem eletrizada. // 5. Difundir em sentido centrífugo.
Arsénio (s. q.). // 6. Sódio (s. q.). Faixa de terra junto a uma extensão
de água. // 7. Cada uma das divisões de uma cidade ou povoação. // 8.
A luz da aurora. Tapume. // 9. Campo de cereais. Aquilo que prejudica
ou se opõe ao bem. // 10. Conteúdo de um odre. Parte de um veículo
ligeiro destinada ao transporte de bagagens. // 11. Elemento de
formação de palavras que exprime a ideia de boca ou cavidade oral.
Procriar. >> VERTICAIS > > 1. Comboio de alta velocidade (sigla, fr.).
Que ou o que invade. // 2. Data. Rádio (s. q.). Díodo semicondutor
que emite luz quando uma corrente elétrica passa por ele (ing.).
// 3. Fazer perder a vista. Que ou aquele que dá ou partilha com
pouca generosidade. // 4. Cipó. Discursar. // 5. Aumentado quatro
vezes. // 6. Unidade monetária italiana (ant.). // 7. Resíduos Industriais
Perigosos (sigla). Guarda que mantinha a ordem nos Jogos Olímpicos
da Antiguidade grega. // 8. Acorrentara. A mim. // 9. Vasilha bojuda
de madeira, menor do que o tonel, para líquidos. Escrever em versos
rimados. // 10. Mulher que não crê em Deus. Pedra preciosa, de
cor leitosa ou azulada, que apresenta reflexos cambiantes e é uma
variedade de sílica hidratada. // 11. Que sente ou mostra ciúmes.
Formar em alas.
SUDOKU
— FÁ C I L
// 6. Lira. // 7. RIP, Alita. // 8. Amarrara, Me. // 9. Pipa, Rimar. // 10. Ateia, Opala. // 11. Zeloso, Alar.
SOLUÇÕES >> VERT ICAIS >> 1. TGV, Invasor. // 2. Era, Ra, Led. // 3. Cegar, Avaro. // 4. Liana, Orar. // 5. Redobrado.
// 6. Na, Orla. // 7. Bairro. // 8. Alvor, Taipa. // 9. Seara, Mal. // 10. Odrada, Mala. // 11. Oro, Gerar.
>> HORIZON TAIS >> 1. Tecla, Rapaz. // 2. Grei, Limite. // 3. Vagar, Papel. // 4. Anel, Raio. // 5. Irradiar, As.