Ca tia+Sofia+Mendes+ +TF
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Julho 2019
Universidade do Minho
Escola de Economia e Gestão
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Marketing e Estratégia
Julho 2019
Agradecimentos
Quero agradecer ao orientador, Bruno, por ter aceite desde o primeiro momento para trabalhar
comigo e me incentivar neste tema, e também à orientadora Cláudia, por estar disponível para
cooperar comigo. Obrigada a ambos por estarem sempre disponíveis a responder a questões e a
indicar o caminho a seguir.
Agradeço a minha família, muito especialmente a minha mãe, o meu ídolo, a minha guerreira,
que sempre incentivou os meus estudos apesar de todas as adversidades na vida, e nunca me
deixou desistir nem baixar os braços. Agradeço também aos meus padrinhos, Carlos e Carina,
um exemplo de vida a seguir, sempre me incentivaram a seguir em frente, não parar na
licenciatura e seguir no grau de mestre, que sempre me deram bons conselhos e uma rede de
segurança que só posso agradecer. Muito obrigada do fundo o meu coração!
A ti, Ricardo, que me ajudaste em várias situações, és o meu porto de abrigo, obrigada pelo
apoio constante, e pela paciência que tiveste nas alturas mais conturbadas.
Às minhas amigas da vida académica, Liliana, Rita e Ana, amigas que se juntaram no acaso,
obrigada por me demonstrarem o verdadeiro sentido da amizade! Que estejamos sempre
unidas.
Obrigada a todos os participantes do grupo de foco, que foram essenciais para que este estudo
se realizasse. Obrigada por terem aceite este convite e pelo tempo dispensado. Um
agradecimento ainda à junta de freguesia por ter cedido o espaço para que este grupo de foco se
pudesse realizar.
iii
Declaração de integridade
Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo
que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação
de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração. Mais
declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.
iv
Resumo
O marketing relacional é visto como uma linha de extensão do marketing que deriva de diferentes
tipos de investigação. A empresa quando adota este tipo de estratégia necessita de construir uma
rede de relações de confiança, o centro passa a ser o cliente. Associado a este marketing
relacional, está a responsabilidade social corporativa, a harmonia que deve existir entre a marca
e este tipo de ações é fundamental para que se consiga obter resultados positivos e reduzir o risco
de reações negativas das partes interessadas, como dos clientes e os funcionários.
Neste estudo, pretende-se estabelecer uma relação entre a responsabilidade social corporativa e
o marketing de relacionamentos e ainda com o objetivo de perceber e analisar o comportamento
dos consumidores na escolha da marca Delta Cafés em relação às alternativas. Pretende-se ainda
realçar as ligações entre o brand attachment, como é que esta ligação à marca se introduz no
marketing de relacionamentos e analisar a confiança, compromisso, afetividade e intenções
comportamentais.
A metodologia foi feita numa abordagem qualitativa e pretende analisar de que forma a
responsabilidade social corporativa se envolve no marketing de relacionamentos, neste caso
aplicado à empresa Delta Cafés. Foi realizado um grupo de foco com 10 participantes e a análise
ao recente relatório de sustentabilidade da Delta.
Os resultados sugerem que a marca estar associada a este tipo de campanhas, as pessoas ficam
mais sensibilizadas com estes temas e procuram marcas que ajudem neste tipo de causas. Um
resultado interessante do grupo de foco, foi o crescente interesse sobre a preocupação das marcas
em se tornarem mais ecológicas, amigas do ambiente e criarem soluções para reduzir o consumo
de plástico, uma preocupação que a Delta não esquece.
v
Abstract
Title: “Corporate social responsibility and relationship marketing: an approach to Delta Cafés”
Relational marketing is seen as a marketing extension line that derives from different types of
research. When the company adopts this strategy needs to build a network of trust, the center
becomes the customer. Associated with this relational marketing is corporate social responsibility,
the harmony that must exist between the brand and this type of actions is fundamental for achieving
positive results and reducing the risk of negative reactions from stakeholders such as customers
and staff.
This study aims to establish a relationship between corporate social responsibility and relationship
marketing and also with the objective of understanding and analyzing the behavior of consumers
in choosing the Delta Cafés brand instead the alternatives. It is also intended to highlight the links
between brand attachment, how this brand attachment is introduced in relationship marketing and
to analyze trust, commitment, affection and behavioral intentions.
The methodology was based on a qualitative approach and aims to analyze how corporate social
responsibility is involved in relationship marketing, in this case applied to Delta Cafés. A focus
group of 10 participants was conducted and analysis of Delta's recent sustainability report.
The results suggest that branding is associated with such campaigns, people become more aware
of these themes and look for brands that help in these causes. An interesting result of the focus
group was the growing interest in brands' concern about becoming greener, more environmentally
friendly and creating solutions to reduce plastic consumption, a concern Delta has not forgotten.
In the end, the limitations and suggestions for future research are presented.
vi
Índice
vii
4.4.1. “A nossa sustentabilidade, o nosso futuro”............................................................ 43
4.4.2. Sustentabilidade do negócio .................................................................................. 44
4.4.3. As comunidades produtoras de café ...................................................................... 46
4.4.4. O investimento no capital Humano ........................................................................ 50
4.4.5. Investimento na conciliação da vida pessoal e profissional ..................................... 52
4.4.6. O compromisso da Delta Cafés com a biodiversidade ............................................ 53
4.4.7. A economia a circular- reutilizar ............................................................................ 55
4.4.8. Saúde, Segurança e Bem-estar: Assegurar a saúde dos colaboradores ................. 58
4.4.9. Delta: uma comunicação com impacto.................................................................. 58
4.4.10. A marca Delta e o compromisso para uma cidadania responsável ....................... 62
4.4.11. A Delta e o compromisso de promover o empreendorismo .................................. 64
Capítulo V- Análise e discussão dos resultados .................................................................... 67
5.1. Grupo de foco .......................................................................................................... 67
5.1.1. O “gosto” na página de Facebook da Delta e a recomendação a terceiros ............. 68
5.1.2. A importância da presença da Delta nas redes sociais ........................................... 71
5.1.3. A Delta como marca e a proximidade com os consumidores.................................. 73
5.1.4. A variedade de gamas e lotes da Delta Cafés ........................................................ 75
5.1.5. O reconhecimento de marcas de cafés.................................................................. 77
5.1.6. Delta, uma marca com história ............................................................................. 80
5.1.7. Processo de internacionalização da Delta .............................................................. 83
5.1.8. A preocupação da sustentabilidade ambiental da Delta .......................................... 86
5.1.9. A responsabilidade social ...................................................................................... 90
5.1.9.1. As ações de responsabilidade social da Delta ..................................................... 93
5.1.9.2. As campanhas apoiadas pela Delta .................................................................... 94
5.1.9.3. As causas sociais da Delta ................................................................................. 97
5.1.10. Recomendações para a empresa Delta ............................................................. 101
Capítulo VI- Conclusão ...................................................................................................... 104
6.1. Conclusões gerais e implicações práticas ............................................................... 104
6.2. Limitações de estudo e pesquisa futura .................................................................. 107
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 108
Referências eletrónicas ................................................................................................. 111
Anexo I- Grupo de foco ...................................................................................................... 113
viii
Lista de Figuras
Figura 22: Campanha publicitária “ajudar cabe numa cápsula Delta Q” ..................................47
Figura 24: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da festa do Alvarinho .................49
Figura 25: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da meia maratona de Lisboa ......49
Figura 26: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da maratona de leitura ...............50
Figura 27: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da segurança na internet ............51
Figura 28: Campanha de angariação de fundos para o projeto “tempo para Dar” .....................52
Figura 32: Passatempo “MEO marés vivas” patrocinado pela Delta .........................................58
Figura 37: Criança a boiar sobre um colchão nas águas do rio Pasig .......................................72
x
Lista de tabelas
xi
Tabela 26: Frase ilustrativa dos participantes de grupo de foco ................................................72
xii
Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos
xiii
Capítulo I
1
analisar a confiança, compromisso, afetividade e intenções comportamentais em
contextos organizacionais;
analisar o comportamento e atitudes do consumidor aliadas a ações de responsabilidade
social corporativa por parte de uma marca (e.g. Delta Cafés).
Em relação à estrutura deste documento são seis capítulos principais, este é então, o primeiro
capítulo é explicado a parte introdutória do estudo e são esclarecidos, o tema, a questão de
pesquisa, os objetivos gerais que pretendemos alcançar e ainda a estrutura desta investigação.
O quarto capítulo refere-se ao contexto de estudo ao qual é aplicado o tema principal, desta forma
é realizado uma contextualização histórica da marca Delta, bem como a explicação dos valores e
missão da empresa e ainda a análise ao relatório de sustentabilidade da Delta apresentado em
maio de 2019.
No quinto capítulo são apresentadas a análise e discussão dos resultados, este apresenta a
descrição, avaliação e conclusões dos dados recolhidos no grupo de foco.
Por último, o capítulo seis apresenta as conclusões gerais e implicações práticas desta
investigação, assim como as limitações do estudo e possíveis sugestões numa investigação futura.
2
Capítulo II- Enquadramento teórico
2.1.Marketing
O marketing apesar de ser uma terminologia relativamente recente, já passou por várias definições
e alterações. Inicialmente pensava-se no marketing como uma transferência de bens ou compra
e venda, e prevalecia a definição da American Marketing Association (AMA) em que a área do
marketing era abrangida pelo curso de bens e serviços entre a empresa/marca e o consumidor.
Mas como esta definição estava a ser contestada por muitos profissionais, segundo (Richers,
2017) surgiu uma interpretação mais ampla e com dois aspetos principais: as funções
administrativas que englobam o marketing na sua empresa (managerial marketing) e a abordagem
sistémica com integração ordenada por vários mercados. Hoje em dia o marketing não se aplica
apenas às empresas privadas, é também utilizado em organizações com responsabilidade social
como, por exemplo, o estado, igrejas, hospitais, em que não procuram o lucro económico, mas
sim o lucro social através do marketing relacional.
Assim, surgiu a mais recente definição de marketing pela AMA datada de 2013: “Marketing é a
atividade, levada a cabo por instituições, bem como os processos de criar, comunicar, distribuir e
trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e para a sociedade
como um todo”.
Vários autores, tais como, Kotler & Armstrong, (2008), na sua obra “Princípios de Marketing”,
afirmam que o marketing não se transmite apenas em publicidade e vendas, mas também na
utilização de mecanismos e estratégias para satisfazer as necessidades dos consumidores. O
marketing é um processo em que as empresas criam valor para os seus clientes e a construção
de relações fortes com estes. O marketing necessita de criar valor, uma proposta de valor que o
cliente valoriza mais do que a concorrência, e por isso devemos também focar no mercado alvo.
O marketing não é só dar a conhecer/ informar, o marketing é cativar/ atrair os clientes para a
troca, para isso, o meu benefício tem de criar valor, sendo diferente.
Podemos afirmar que, o marketing tem evoluindo e passado por várias fases e processos até aos
dias de hoje. Posto isto, Kotler e Armstrong (2008), explicam nos princípios de marketing, o
processo de marketing conforme representado na figura 1:
Desenvolver um
Entender o Elaborar uma Construir
programa Capturar valor
mercado, as estratégia de relacionamentos
integrado de dos clientes
necessidades e marketing lucrativos e
marketing que para gerar lucro
desejos dos orientada para o criar admiração
garanta valor e qualidade
clientes cliente nos clientes
superior
A empresa ou os profissionais de marketing devem ter sempre presente os cinco conceitos básicos
de cliente e mercado: (1) necessidades e desejos; (2) ofertas de mercado (produtos, serviços e
experiências); (3) valor e satisfação; (4) trocas e relacionamentos; (5) mercados.
As necessidades humanas são o conceito mais básico por trás do marketing. Podemos até
observar estas etapas através da pirâmide de Maslow, este identificou as necessidades humanas
e podem alterar-se à medida que a sociedade evolui, em que devemos satisfazer as mais baixas
primeiro, conforme identificado na figura 2:
4
Figura2: a pirâmide das necessidades de Maslow
As necessidades e desejos do consumidor são saciados pela oferta de mercado, que combina
produtos, serviços, informações ou experiências oferecidas ao mercado para satisfazer uma
necessidade ou desejo. Estas ofertas não são apenas produtos físicos, podem ser também
serviços, atividades ou benefícios para venda.
5
elevadas os clientes ficarão insatisfeitos. Mas as ofertas de mercado não necessitam de ser objetos
físicos, pode ser através de mensagens sociais, por exemplo, quando as marcas, como por
exemplo a Zara, pedem para reciclar a roupa ao trazer de volta à loja quando já não a usa ou
apelar às doações através de uma mensagem social para ajudar os mais pobres. Conseguimos
então compreender que o valor para o cliente e a sua satisfação são fundamentais para o
desenvolvimento e gestão de relacionamento com o cliente.
Trocas e relacionamentos
A troca é o ato de obter de alguém um objeto desejado oferecendo algo em troca, em termos de
marketing, a empresa tenta gerar uma resposta para alguma oferta ao mercado, por exemplo
quando um político busca votos ou um grupo de ação social quer a aceitação do seu projeto. O
marketing consiste em ações que levem à construção e manutenção de relacionamentos de troca
desejados por um público-alvo em relação a algum produto, serviço, ideia ou experiência. O
objetivo não é apenas atrair novos clientes e criar transações, é reter os clientes e expandir os
seus negócios com a empresa.
Mercados
O marketing-mix está assente nos 4 P´s principais (produto, preço, distribuição e promoção), e
também nas transações que traz uma crescente abordagem, o marketing relacional, que se
posiciona com relações a longo prazo. O marketing tem vindo a ter uma orientação cada vez mais
individualizada para alcançar um produto ou serviço personalizado às necessidades de cada
6
consumidor. Este tipo de estratégia cria uma satisfação no cliente, que por sua vez, leva a uma
fidelização e recomendação.
No entanto, este modelo dos 4P´s começou a ser contestado por vários autores, nomeadamente,
Gonroos (1990), em que afirmam que não é só os fatores mas também tem um paradigma pouco
firme e com uma manifesta estreiteza, mostrando-se insuficiente para conseguir uma verdadeira
orientação de mercado Sánchez, et al. (2000). Num estudo efetuado por Constantinides, (2006),
7
foram identificadas várias fraquezas ao modelo 4 P´s tais como fator humano ignorado, falta de
dimensão estratégica, postura ofensiva, falta de interatividade, fraca orientação interna e falta de
personalização. (Antunes & Rita, 2008)
Vários autores, tais como, Kotler e Armstrong (2008), na sua obra “Princípios de marketing”,
afirmam que o marketing não se transmite apenas em publicidade e vendas, mas também na
utilização de mecanismos e estratégias para satisfazer as necessidades dos consumidores. O
marketing é um processo em que as empresas criam valor para os seus clientes e a construção
de relações fortes com estes. O marketing necessita de criar valor, uma proposta de valor que o
cliente valoriza mais do que a concorrência, e por isso devemos também focar no mercado alvo.
O marketing não é só dar a conhecer/ informar, o marketing é cativar/ atrair os clientes para a
troca, para isso, o meu benefício tem de criar valor, sendo diferente.
8
Conclui-se assim que a definição de marketing sempre foi muito contestada, apesar de alguns
especialistas afirmarem que não existe uma definição concreta, e nunca é uma definição fechada
pois o marketing engloba várias áreas que se pensava não ser possível.
2.2.Marketing Relacional
Existe um crescente interesse sobre o marketing relacional, principalmente nas duas últimas
décadas, e por isso temos de perceber o que é o marketing relacional.
9
Figura 4: A evolução do marketing
Fonte: Antunes e Rita, 2008 (adaptado de Gummesson 1998).
Com a evolução do marketing, surge o marketing relacional contrariando o marketing transacional
que se conhecia. Segundo Gummesson (1987) era necessário substituir o antigo conceito de
marketing, pois não conseguia garantir a abordagem necessária aos novos desafios que o mundo
coloca, bastante competitivo. Para isso (Antunes & Rita, 2008) apresentam os seguintes pilares
para a criação do marketing relacional:
A relação: o marketing deve estar virado para a criação, manutenção e desenvolvimento
de relações com os consumidores.
A interatividade das partes: a relação entre empresa/ consumidor para uma entrega e
criação de ambas as partes exigem um estreitamento de laços emocionais,
nomeadamente, a comunicação entre ambos.
O longo prazo: para que se consiga criar, manter e desenvolver as relações de ambos é
necessário tempo (espaço temporal).
Numa definição apresentada por Berry, (1983), que é ainda aceite pelos investigadores, o
marketing relacional consiste me atrair, manter e intensificar as relações com os clientes, ou seja,
o marketing tradicional baseava-se em atrair clientes, mas para o marketing relacional isto era
10
apenas uma parte do todo, pois para além de atrair clientes, existem ainda atividades com o
objetivo de manter e consolidar o intercâmbio com o consumidor, ao longo do tempo, validando
assim a perspetiva de longo prazo defendida por Gronroos (1999), no marketing de serviços, e
também no marketing industrial. (Antunes & Rita, 2008).
Podemos afirmar que o marketing relacional tem tido uma grande evolução nos últimos 25 anos,
assim vários autores tais como Möller e Halinen e entre outros apresentaram as origens concetuais
do marketing relacional que são ilustradas na figura abaixo: gestão dos canais de distribuição,
marketing organizacional, marketing de serviços e database marketing e marketing direto.
Marketing
Relacional
Database marketing e
Marketing dos serviços
marketing direto
11
compreensão da interação com um grupo de pessoas ou até a nível organizacional, mais tarde os
estudos centraram-se numa abordagem em rede mais integrada e abrangente.
Marketing dos serviços
O marketing dos serviços está na base do marketing relacional. Os cientistas desta área mostraram
que era notoriamente insuficiente o desenvolvimento de um quadro concetual para os serviços
baseando-se apenas na abordagem ao marketing mix dos produtos. Assim, veio confirmar-se o
uso de um novo modelo chamado “servuction” (service+ production) mencionado por Eiglier et al.
(1991) no livro Servuction: A gestão marketing de empresas de serviços, onde afirmam que “ A
organização sistemática e coerente de todos os elementos, físicos e humanos, incluídos na
interface cliente-empresa, necessário para a realização de uma prestação de serviço, cujas
características comerciais e níveis de qualidade foram pré-determinados.", ou seja, o servuction é
o modelo que se pressupõe que cada ato para produzir o serviço é uma experiência e, sendo
assim, o cliente faz parte do sistema e interage com ele e pode ser usado para personalizar o
serviço de acordo com o cliente. A gestão da qualidade em marketing e a sua ligação à satisfação
do cliente, são componentes que se tornaram centrais no marketing relacional, tal como a
importância das pessoas e dos processos para a qualidade do serviço.
Database marketing e marketing direto
Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação ao longo das últimas
décadas podemos falar de temas como database marketing e marketing direto. O database
marketing desenvolveu-se a partir do uso empírico realizado pelos profissionais de marketing direto
e, portanto, a literatura existente está associada ao corpo de conhecimento referente a marketing
direto. O database marketing, através das suas técnicas, permite criar relacionamentos entre
consumidor e a empresa e explorar esses relacionamentos para atingir o objetivo da compra,
permite a construção e manter a fidelização dos consumidores e assim melhorar o resultado de
vendas, a identificação de novos mercador ou a descoberta de nichos de mercado, otimizar e
assim reduzir custos de comunicação através do uso dos meios de comunicação como a televisão,
rádio, revistas, jornais, e mais recentemente, através das redes sociais. Podemos então afirmar
que estas ferramentas devem ser encaradas como ferramentas de suporte e indispensáveis pois
deram um grande impulso à capacidade de gestão das relações individuais com o cliente.
Atualmente os clientes não estão tão interessados como antes para as marcas com preço baixo,
pois se uma marca que o cliente desejar não esteja disponível de momento, ele vai facilmente
12
trocar por outra, o que resulta numa fraca fidelização com o cliente. As empresas começaram a
observar este tipo de fenómenos e assim as empresas que estavam viradas para uma estratégia
de concorrência de preços sentiram-se ameaçadas pois já não era significado de uma empresa
duradoura. Então, as empresas começaram a estar orientadas para uma estratégia de mercado e
focadas no cliente e assim manter ou aumentar a lealdade do consumidor como uma nova
ferramenta de marketing, em vez da competição no preço. (Abtin & Pouramiri, 2016). Afirmamos
então que o marketing de relacionamentos, tem como grande objetivo aumentar os lucros da
empresa, transformando a típica visão de uma empresa de marketing comercial para uma
empresa com o objetivo de atrair novos clientes, e relacionar-se com eles. O marketing relacional
necessita de envolver clientes, fornecedores e outros parceiros da cadeia de valor. Mais ainda, um
relacionamento que seja integrador exige uma sobreposição mútua nos planos e processos de
ambas as partes bem como vínculos económicos, emocionais e estruturais entre eles. (Abtin &
Pouramiri, 2016) Então, o desenvolvimento do marketing de relacionamentos é entendido como
uma mudança significativa nos princípios de marketing que é competição e conflito para a
cooperação mutua. (Salari, 2004).
Neste contexto de marketing relacional, deve ser também referido o marketing holístico defendido
por Kotler & Keller (2006), estes defendem que a interdependência entre a conceção,
desenvolvimento e implementação de programas bem como processos e atividades que leva a
olhar para o marketing numa perspetiva integrada e abrangente: . “O marketing holístico considera
que “tudo tem a ver “(aspas dos autores) com o marketing, o que faz com que seja necessário
assumir uma perspetiva lata e abrangente. As quatro componentes do marketing holístico são: o
marketing relacional, o marketing integrado, o marketing interno e o marketing da responsabilidade
social” (página 17). O marketing relacional tem como objetivo, segundo os autores, desenvolver
relações económicas, sociais e técnicas que sejam satisfatórias a longo prazo para ambos os
lados, quer a empresa quer aos seus stakeholders.
13
Noutra perspetiva existe o marketing integrado moldado pelas variáveis clássicas do marketing
mix: produto, preço, promoção e distribuição. A terceira componente do marketing holístico, o
marketing interno, tem foco nos colaboradores da empresa e com o objetivo de “vender a ideia da
empresa” aos trabalhadores, ou seja, reforçar a motivação e compromisso através de técnicas de
marketing.
O marketing de responsabilidade social tem como objetivo integrar através de uma perspetiva do
marketing, questões de natureza ética, ambiental, social e legal.
Então, o marketing relacional não deve ser visto como um novo paradigma, mas sim como uma
componente do marketing holístico, o marketing relacional é uma peça de uma nova perspetiva
de “marketing que procura reconhecer e conciliar o âmbito e a
complexidade das diversas atividades de marketing”. (Kotler & Keller, 2006)
Mais ainda podemos afirmar que o marketing transacional e o marketing relacional, apesar de
pertencerem ao mesmo ramo têm perspetivas diferentes, bem como objetivos diferentes. A
atuação do marketing transacional determina-se na conquista de clientes, com ênfase nas
características dos produtos e relação de curto prazo, por isso, a sua relação com os clientes é
fraca e com baixo nível de compromisso. No marketing relacional atua com ênfase no valor do
cliente para que consiga retê-lo e com elevado nível de serviço e contactos numa visão a longo
prazo.
Processo
Marketing
Relacional
Distribuição Criação
De valor de valor
Marketing
Transacional
Resultado
14
Figura 6: O marketing relacional e marketing transacional
Fonte: autor
Foco
Meios
Cliente médio
Resultados Ação
-Produto standard
- Promoção e -Vendas e
distribuição em economias de
escala e gama
Gerir recursos
massa
-Quota de mercado
Marketing relacional
Foco
Cliente individual
Meios Interação
Resultados
-Produto mais
customizado - Fidelização do
cliente
Gerir
- Promoção e
distribuição mais - Carteira de relacionamentos
individualizada clientes
- Lifetime valve?
15
Gummesson (2002), cita Jackson & Bund, (1985), com uma afirmação que resume muito bem
todo o esquema acima elaborado: “o marketing relacional pode ser extremamente bem-sucedido
quando for apropriado – mas também pode ser altamente dispendioso e ineficaz se não for
apropriado. Da mesma forma, o marketing transacional pode ser rentável e bem-sucedido quando
apropriado, mas tornar-se num tremendo erro se não for apropriado”.
Por outro lado, existem opiniões diferentes das defendidas por Grönroos e Gummesson,
mencionadas acima que defendiam que o marketing relacional e o marketing relacional eram um
contínuo, são as opiniões de Pels et al. (2000),estes afirmam que não é só uma empresa adotar
uma postura mais transacional ou relacional, os autores afirmam o oposto: “tanto o paradigma
transacional como o relacional (bem como as relevantes abordagens à prática de marketing que
eles implicam) são apropriados”. Então podemos afirmar que o marketing transacional é a base,
é necessário haver uma correta segmentação de mercado, uma escolha dos segmentos-alvo, um
posicionamento adequado, e uma gestão eficaz das variáveis do marketing-mix para que uma
empresa tenha sucesso no mercado. Assim não se trata de deixar de ser transacional para ser
mais ou menos relacional ou vice-versa, mas sim em ter de ser transacional (porque esta é a base)
e a empresa pode ir mais ou menos longe na gestão de relações. Pels et al. (2000) afirmam que
depende do “contexto de mercado, da perceção ou interpretação que comprador e vendedor têm
desse mesmo contexto, bem como das suas perceções sobre o modo como a contraparte pode
influenciar a sua situação no mercado”.
16
Figura 8: o marketing transacional versus o marketing relacional
Fonte: Antunes e Rita (2008), adaptado de Christopher, Payne e Ballantine (1994)
Com tudo isto, para Gronroos deve ser feita uma nova mudança no paradigma do marketing, ou
seja, passado marketing mix ao marketing relacional, as empresas devem deixar de pensar a curto
prazo através de transações e passar a relacionamentos de longo prazo com os consumidores.
O marketing relacional assenta na criação de uma relação duradoura com o cliente, por oposição
ao marketing tradicional que assenta nas transações, no relacional o centro passa a ser o cliente
com suporte no desenvolvimento tecnológico, no serviço e também nos recursos, quer seja
humanos, tecnológicos, conhecimento, tempo e capacidades para que se consiga se distinguir da
restante concorrência e seja a preferência do cliente. Então o posicionamento estratégico passa a
ser a certeira de clientes e não a quota de mercado. A empresa constrói uma rede de relações e
uma variedade de relacionamentos baseados na confiança.
Em suma, podemos concluir que o marketing relacional é uma das grandes áreas do marketing e
com maior expressão reconhecido por académicos e profissionais. Tem uma grande natureza
multidisciplinar nos elementos abordados, desde os canais de distribuição, gestão de marcas,
qualidade e fidelização dos clientes. Inclui ainda elementos que ultrapassam o campo de
especificidades do marketing tais como os sistemas de informação devido à crescente importância
das tecnologias de informação e comunicação e a organização estratégica com os novos modelos
de negócio. Resumindo, o marketing relacional é uma área que tem vindo a desenvolver-se cada
vez mais e por isso, não pode ser descurada do ponto de vista teórico ou prático que pretendem
estar atualizados no contexto do marketing.
2.3.A marca
Para uma empresa um dos objetivos mais importantes é a construção de uma marca forte, as
marcas fortes resultam em receitas mais elevadas, tanto a curto como a longo prazo.
Aaker , (1991) identificou três principais variáveis percetivas: a consciência, associações de marca
e de qualidade percebida. Estes são vistos como principais determinantes da fidelidade à marca.
17
Mas outros autores, tal como Feldwick, (1996), têm distinguido seis tipos de atributos de marca:
consciência, imagem, qualidade percebida, valor percebido, personalidade e associações de
organização. Mais tarde, Aaker , (1997) distingue cinco dimensões da personalidade, que são
vistas como características associadas à marca: sinceridade, excitação, competência, sofisticação,
robustez.
A satisfação é vista também como um resultado positivo na relação vendedor/ cliente. A satisfação
da marca é uma avaliação cognitiva da relação de troca da marca que é gratificante. A confiança
é baseada no afeto, na sensação do resultado da relação comum com a marca, assim, a satisfação
e a confiança são necessários para representar os resultados cognitivos e afetivos dos dois tipos
de relacionamentos.
Consensualmente, um dos modelos mais usados nos dias de hoje é o modelo de Keller, (1993) o
modelo de brand equity baseado no cliente e no valor da marca “ o efeito diferencial de
conhecimento da marca na resposta do consumidor à comercialização da marca”, ou seja quando
o cliente está familiarizado com a marca e tem associações positivas à marca, assim, afirma-se
que existem dois tipos de conhecimento da marca: o reconhecimento da marca e a imagem. Esch
et al. (2006).
O relacionamento com a marca pode não só ter uma perspetiva de marca, por vezes pode ser
semelhante aos relacionamentos pessoais, estas marcas fazem parte do contexto psico-cultural
são chamadas de subculturas de consumo.
As principais variáveis para assegurar a eficácia são a gestão de marca, imagem de marca e
reconhecimento de marca, no entanto, não são suficientes para duração a longo prazo. Para haver
sucesso a longo prazo é necessário confiança, satisfação e fixação de marca, para isso os gerentes
devem desenvolver estratégias que garantam que os consumidores fiquem satisfeitos com a marca
e sentirem-se ligados a esta.
Assim conseguimos concluir que o reconhecimento da marca afeta a imagem e esta exerce uma
influência na lealdade à marca. No entanto o facto de conhecer a marca não afeta o consumidor
a fazer compras futuras.
18
A fixação de marca e emoções.
As emoções são muitas vezes chamadas quando o apego é forte porque as emoções são
intrínsecas a marca-indivíduo, a uma conexão e fatores de destaque. Na verdade, a natureza
emocional do apego levou a uma medida de apego baseado puramente em emoções. Thomson
et al. (2005) apresentaram o modelo de três fatores caracteriza fixação da marca em termos de
três componentes emocionais:
(1) afeto: caracterizada por os itens emoção (“afetuoso”, “amado”, “amigável” e “pacífica”);
(2) paixão: caracterizado por os itens (“apaixonados,” “satisfeitos,” e “cativado”);
(3) ligação: caracterizado por os itens (“ligados”, “ligado”, e “ligado”).
19
mais evidentes. Mais ainda, os fatores que guiam a variação da força diferem: nas atitudes
de uma marca forte, a força não varia em função das conexões de marca-própria ou a
proeminência de pensamentos marca, mas sim como uma função da confiança com que
o julgamento é processado. Por outras palavras, as fortes atitudes positivas podem prever
o comportamento do consumidor (eg. A compra), mas também se pode prever o
comportamento com fortes atitudes negativas (eg. Evitar a compra). Assim, o attachment
contrasta ao variar a força de fraca a forte, e a força de ligação que liga a marca com o
indivíduo e a sua proeminência.
O brand attachment pode ser definido como a força da conexão cognitiva e emocional ao fazer
ligação entre a marca e o indivíduo. A definição inclui dois componentes únicos e essenciais: a
conexão entre a marca e o indivíduo; e um vínculo cognitivo e emocional, é a força que evoca uma
prontidão para alocar os próprios recursos de processamento para uma marca. Park et al. (2006).
Uma das questões do marketing é conseguir compreender respostas dos consumidores para as
marcas num contexto de troca. Para isso existem uma variedade de tópicos para estas respostas,
tais como: atitudes de marca, preferências, intenções, satisfação, lealdade, envolvimento em
comunidades de marca, vontade de pagar um preço premium. Assim, aprofundamos ainda outros
construtos relacionais como:
Satisfação:
A satisfação é uma das sensações mais estudadas no âmbito da área do marketing e, por isso, é
dada bastante atenção dado o carácter central que representa para esta área. Assim, são várias
as definições disponíveis na literatura científica acerca do referido construto. Segundo vários
autores, a satisfação resulta da combinação entre aspetos cognitivos e emocionais. A faceta
cognitiva da satisfação está relacionada diretamente com o desempenho percebido do
produto/serviço por parte do consumidor e com o seu nível de adequação às expetativas
previamente concebidas pelo consumidor. A questão emocional, expõe- se através da
manifestação de determinados sentimentos por parte dos consumidores em relação às marcas,
tais como, a felicidade, a surpresa ou até a deceção Liljander & Strandvik, (1997). Erciş et al.
(2012) atentam que se os clientes de uma marca não estão satisfeitos há uma forte eventualidade
20
de estes optarem por reclamar e por passar a utilizar outras marcas alternativas e/ou
concorrentes.
De acordo com um estudo de Ha & Perks, (2005), elevados níveis de satisfação traduzem-se na
decisão, por parte do consumidor, de adquirir um determinado produto/serviço constantemente
e ao longo do tempo.
Belaid & Behi, (2011) entendem que quando um consumidor possui brand attachment, isso vai
resultar numa experiência de consumo mais prazerosa, bem como em emoções positivas
direcionadas à marca e avaliações favoráveis.
Confiança:
A confiança na marca, por sua vez, e tal como refere Aaker, (1997), vai para além da simples
satisfação do consumidor em relação ao desempenho funcional dos produtos/serviços e tende a
ser atingida quando a empresa se concentra nas necessidades dos consumidores de forma mais
aprofundada. Na verdade, a confiança na marca pode ser compreendida como um sentimento de
segurança que o consumidor mantém acerca de uma determinada marca com a qual interage e
com a qual cria um vínculo. Morgan & Hunt, (1994, p. 23) afirmam que a confiança se mostra
“quando uma das partes envolvidas no relacionamento, ou na troca, acredita na confiabilidade e
na integridade do seu parceiro”.
(Sahin et al. (2011) mencionam que a confiança na marca possui duas dimensões principais: a
confiabilidade e a crença, por parte dos consumidores, de que a marca tem boas intenções e trata
com honestidade as suas necessidades e a procura pelo seu bem-estar, inclusivamente, quando
surgem problemas associados aos produtos/serviços da marca em questão. Certeza é que a
confiança, no domínio da marca, pode ser vista como uma sensação segura que o consumidor
detém acerca de uma determinada marca, já que este acredita que a mesma vai corresponder às
suas expetativas de consumo (Delgado-Ballester & Munuera-Alemán, 2001).
Belaid & Behi, (2011) afirmam que a confiança possui uma relação com o brand attachment e
consideram que é capaz de reforçá-la. Mais ainda, se um consumidor tem um laço de afetividade
com uma marca, este vai acreditar e confiar que essa marca não tem a intenção de ser desonesta,
21
de quebrar promessas para com o consumidor. Assim, os mesmos autores asseguram que os
sentimentos relacionados com o attachment, numa relação entre consumidor e marca, refletem-
se num desejo por parte do consumidor em confiar na marca. Podemos, então, afirmar que um
consumidor com um elevado brand attachment é aquele que tem, simultaneamente, uma alta
preferência pela marca na qual confia. Conforme esclarecem Ha e Perks (2005), a confiança
depende bastante da credibilidade da marca aos olhos dos consumidores. No caso de se verificar
que existe, de facto, confiança na marca, resulta, na maioria das vezes, na criação e manutenção
de um relacionamento duradouro entre clientes e marcas, sendo que é transmitida confiança
nessa relação, o que conduz a uma maior frequência da compra dos produtos e/ou da aquisição
dos serviços afetos à marca em questão (Ha & Perks, 2005).
Tal como no caso da satisfação, também a confiança na marca é considerada como um importante
influenciador e potencializador da lealdade (Lau & Lee, 1999). Esta lealdade da parte do cliente
deve ser percebida como um dos principais objetivos das empresas através da promoção e
desenvolvimento de relacionamentos entre consumidores e marcas (Chaudhuri & Holbrook, 2001)
Mais ainda, vários autores admitem que a confiança influencia a satisfação e o compromisso,
sendo que um consumidor que confia numa marca mostrar-se-á, consequentemente, mais
satisfeito e estará disposto a comprometer-se com aquele relacionamento no futuro. (Erciş et al.
2012).
Compromisso:
Neste sentido, torna-se importante dar seguimento ao raciocínio e refletir sobre o compromisso à
marca. Sobre este construto, são também diversas as definições existentes e as reflexões que,
foram adicionadas ao domínio da investigação científica.
O compromisso relacional consiste na crença, por parte de um dos parceiros envolvidos num
relacionamento (neste caso, entenda-se, o consumidor perante a marca), de que esse
relacionamento contínuo com o outro é tão importante quanto assegurar que se realizam o máximo
de esforços para manter o respetivo relacionamento, ou seja, a parte que está comprometida
acredita que vale a pena trabalhar no relacionamento para garantir que este tem uma duração
indefinida (Morgan & Hunt, 1994, p. 23).
22
Segundo Amine, (1998), o compromisso à marca pode derivar de duas razões principais: por um
lado, temos a razão afetiva na qual está incluído o brand attachment e as emoções de um
consumidor em relação a uma dada marca (compromisso afetivo) , por outro lado, apresenta-se a
razão cognitiva que abrange, essencialmente, a perceção ou as variações do risco em termos de
desempenho entre marcas concorrentes (compromisso racional ou calculado).
Belaid e Behi (2011), admitem que há várias investigações que demonstram que o compromisso
é um indicador central para a lealdade à marca, pois o seu ingrediente afetivo está ligado a
sentimentos de devoção e de identificação do consumidor com uma determinada marca. “A
verdadeira lealdade provém de um forte compromisso com a marca que conduz a um
comportamento de compra repetido” (Belaid & Behi, 2011, p. 40). Estes defendem, ainda, que a
ligação do compromisso com o brand attachment é bastante clara e diferenciadora.
Lealdade:
Erciş et al. (2012), defendem que consumidores leais a uma marca são aqueles que repetem a
compra e que recomendam a marca às pessoas com as quais interagem no seu dia-a-dia, tal
como no sentimento de compromisso e confiança. Esta atitude ajuda a proteger as empresas e o
seu ciclo de vida. Mais ainda, Amine (1998) atenta para a necessidade de as empresas definirem
com clareza se uma determinada compra é, realmente, consistente e intencional para que se
possa afirmar que esta atitude da parte do consumidor continuará no futuro e para que, a partir
daí, seja possível falar de lealdade efetiva à marca.
23
Todos os profissionais de marketing, inclusive empresas, seguem altos níveis de lealdade e fazem
todos os possíveis para os manter, uma vez que o sucesso de uma marca a longo prazo depende
dos seus compradores habituais.
Amine (1998) admite que o brand attachment é um antecedente direto da lealdade à marca.
Assim, convém ainda mencionar a perspetiva de Belaid e Behi (2011) que, entendem que o brand
attachment não afeta diretamente a lealdade à marca, mas sim indiretamente, através da ação de
outros construtos relacionais, tais como a satisfação, o compromisso e a confiança. Com a ligação
destes construtos relacionais ao brand attachment, Delgado-Ballester e Munuera-Alemán (2001)
afirmam que os efeitos da confiança, do compromisso e da satisfação com a marca tornam-se
ainda mais fortes quando existem, justamente, níveis mais elevados de envolvimento entre o
consumidor e a marca.
Para que a existência destas respostas possa ser contextualizada com uma hierarquia e com
diferentes níveis de caracterização da força de fixação da marca e um indivíduo:
O nível mais baixo desta hierarquia comportamental é caracterizado por uma falta de
preferência de marca clara, neste nível os comportamentos são de uma avaliação objetiva
e orientada sem compromisso com uma marca específica.
No nível seguinte, um pouco mais elevado, o consumidor já revela preferência por uma
determinada marca, e esta preferência reflete-se através da compra.
No próximo nível mais elevado o consumidor tem tendência a respostas fortes, como o
patrocínio fiel, maior resistência às marcas concorrentes/alternativas, e maior perdão
sobre os percalços que a marca possa vir a cometer, este tipo de comportamento, reflete
uma forte lealdade por parte dos consumidores.
24
Num nível ainda mais elevado, o consumidor é caracterizado por comportamentos como
a insensibilidade ao preço, comprar adiantado se ainda não estiver disponível e uma
participação ativa em comunidades de marca. A este nível já exige, por parte do
consumidor, um sacrifício (eg: tempo, dinheiro, energia) por causa da marca. No ponto
de vista do marketing, estes sacrifícios pela marca representam a fase de sonho de
qualquer marca em relação ao consumidor.
Por fim, estes modelos sobre a atitude foram criados para explicar a ligação entre as atitudes do
consumidor e a compra e o compromisso para trocas futuras, através de conceitos já acima
mencionados como tópico de respostas.
A conexão à marca mede-se através da ligação da marca com o indivíduo, em que a sua essência
consiste em simplificar as necessidades utilitárias, experienciais e/ou simbólicas como os
objetivos. Da mesma forma que um bebé está ligado à sua mãe para que esta dê resposta as suas
necessidades (exemplo: conforto, calor, comida), a ligação às marcas pode ser estabelecida para
dar resposta às necessidades. No entanto, as necessidades dos adultos são mais complexas do
que as dos bebés. Os indivíduos adultos desenvolvem apego às marcas para satisfazer as
necessidades de gratificar o próprio (consumo experiencial), para capacitar o próprio (consumo
funcional), e/ou ainda para enriquecer o próprio (consumo simbólico).
A atitude da marca denota até que ponto um indivíduo tem uma avaliação positiva ou negativa a
uma determinada marca (Park et al. 2006). Esta reação de avaliação é independente da natureza
e força das reações cognitivas ou emocionais associadas à avaliação, ou seja, o conhecimento da
atitude da marca indica se alguém gosta ou não de uma marca, mas não informa sobre a natureza
subjacente dessa reação.
Assim, podemos afirmar que o brand attachment é o resultado de comportamentos específicos
que ajudarão ao relacionamento de necessidades de manutenção, contrastando, com a relação
da atitude que depende de outras, tais como, a força de atitude, conhecimento de atitude e/ ou
acessibilidade de atitude.
Podemos então crer que essas diferenças entre apego à marca e atitude da marca tenham uma
suposição construtiva para os comportamentos dos consumidores em relação a uma marca. Por
25
exemplo, certas marcas produzem sentidos únicos como o cheiro, a visão, etc., exemplo disso, é
a Starbucks que tem o sabor único do café aliado a uma sensação de bem-estar através da música,
bom ambiente, boa vista, etc.
Tal como mencionado acima, existe uma necessidade de apego por parte do indivíduo que
condiciona o seu comportamento (Park et al. 2006), e para ajudar a compreender melhor estas
ligações a marca surge então quatro indicadores comportamentais distintos de apego (Hazan &
Zeifman, 1999):
(1) Busca pela proximidade: o desejo de uma criança para estar perta da sua mãe
(2) Comportamento de base segura: a vontade de explorar ambientes desconhecidos, mas,
apenas quando a mãe está próxima
(3) Porto Seguro: a procura de segurança, proteção e conforto da mãe quando se sente
ameaçado
(4) Aflição, separação: existe um stress emocional e físico da separação real ou ameaça por
parte da mãe.
Posto isto, o consumidor, ao mostrar publicamente, defender e promover o apoio a uma marca,
os consumidores enfrentam o risco do ridículo social da desacreditação e da rejeição social. Várias
vezes, para apoiar uma marca, os consumidores fazem variados sacrifícios tais como dinheiro,
tempo, energia. Enquanto que a dimensão do recurso da autoimagem diz respeito ao julgamento
dos outros, na nossa autoimagem a dimensão de recurso pessoal refere-se a gastar dos próprios
recursos, mais especificamente, quando o apego é alto, o consumidor entende a marca como
uma extensão de si próprio. Estes tipos de consumidores defendem-se de ataques ou críticas feitas
contra a sua marca, e interpretam-nas como uma ameaça pessoal. Estes indivíduos estão
dispostos a envolver-se em comportamentos em nome da marca, mesmo que existam riscos
relacionados à sua imagem. Além disso, um forte apego à marca exige que haja ligações
automáticas entre a marca e o consumidor, este indivíduo tem menos controlo sobre os
comportamentos defensivos relacionados com a marca.
26
2.6. Responsabilidade social corporativa
Responsabilidade social corporativa ou RSC é quando uma empresa adota, de forma voluntária,
posições e ações que promovam o bem-estar social. Este tipo de comportamento não deve estar
associado a pressões feitos pelo governo ou a ações de benefício fiscal das empresas.
Mohr et al. (2001) também definem a RSC como “o compromisso da empresa em minimizar ou
eliminar quaisquer efeitos prejudiciais e maximizar seu impacto benéfico a longo prazo" (p. 47).
Temas que estão em debate nacional tais como desastres ambientais, défice educacional,
violência urbana, desigualdade social, têm despertado o interesse das empresas a assumirem
uma posição para ajudar na resolução destes problemas. As ações de responsabilidade social
contribuem não só para as empresas, mas também para as pessoas que beneficiam das ações
sociais (Kamiya et al. 2018). O contributo para ações de responsabilidade social corporativa (RSC),
tem efeitos positivos na intenção de compra, na intenção de investir na empresa, na atitude em
relação à empresa e o boca a boca positivo. Apesar dos benefícios de RSC para a empresa estejam
documentados, a intenção dos consumidores é diferente em contribuir para a causa. O
consumidor ao identificar-se com a causa pode aumentar a vontade de participar promovendo os
efeitos positivos tanto para os beneficiários da causa como a própria marca. Contudo, apesar dos
efeitos positivos a RSC pode também ter efeitos negativos, pois os consumidores podem não
perceber o objetivo ou a campanha de RSC, e atribuem motivações oportunistas das empresas,
além que podem pensar até que são tentativas deliberadas de enganá-los sobre a capacidade ética
da empresa. (Skarmeas et al. 2013). Mais ainda, diversos estudos sugeriram que a baixa
congruência marca-causa levaria os consumidores a suspeitar dos objetivos da marca, mas poucos
estudaram os mecanismos em que a congruência marca- causa influencia as respostas do
patrocínio de uma causa social.
Assim, a congruência entre a marca e a ação de RSC, em que uma marca e uma causa social
compartilham os mesmos valores ou os mesmos consumidores, este é um fator fundamental para
que a marca consiga obter resultados positivos com a contribuição para as causas sociais.
27
ponto principal”: benefícios sociais e ambientais bem como aumento dos lucros. De facto, admite-
se que as estratégias socialmente responsáveis devem ser seguidas por poderem fornecer uma
base para obtenção de vantagem competitiva. A necessidade forna-se ao procurar situações de
“ganho mútuo” para otimizar o retorno económico de investimentos no ambiente. A questão
fundamental “não é ver se a causa é valiosa, mas sim se apresenta uma oportunidade para criar
valor compartilhado, o que é um benefício significativo para a sociedade e também é valioso para
os negócios.”
Kamiya et al. (2018) demonstraram que o apego em relação à marca por parte do consumidor
influencia positivamente a intenção de compra de uma marca defensora de causas sociais ou que
pratica a responsabilidade social. Portanto o apego à marca além de ser um importante sentimento
de identificação com a marca, também promove sentimentos como lealdade e comprometimento
dos consumidores.
Os consumidores tendem a identificar-se com as marcas relacionadas com RSC, isso provoca
também um bem-estar individual, uma autoimagem positiva, mais ainda, a relação entre o
apadrinhamento de ações de RSC e as respostas aos comportamentos do indivíduo variam
conforme o apoio pessoal em relação ao RSC, as crenças e ao acordo entre as características
individuais e as de marca. Além disso, quando a causa relacionada com a RSC em uma grande
conformidade com a marca, a atitude do consumidor em relação à marca é benéfica.
Conseguimos assim afirmar que uma marca possui uma maior ligação com a causa quando
ambas têm a mesma base de consumidores ou quando têm valores semelhantes.
28
campanhas de RSC, isto faz com que a marca tenha uma imagem socialmente responsável e
também faz com que o consumidor se sinta bem moralmente ao ajudar nestas campanhas.
Existem ainda os chamados “efeitos secundários” das campanhas e ações de RSC em que o
consumidor quando se identifica com a empresa, a sua perceção de que está envolvido no
processo traz sentimentos de gratidão e estimulando a colaborar com iniciativas, assim, quanto
maior a identificação consumidor-empresa, maior o sentimento de gratidão e a intenção de apoiar
este tipo de iniciativas. (Kamiya et al. 2018). No entanto, uma baixa ligação marca-causa pode
persuadir negativamente as crenças, atitudes e intenções dos consumidores, independentemente
da motivação da empresa patrocinadora.
Então, podemos constatar que altos níveis de apego à marca podem moderar o efeito marca-
causa, ou seja, um nível elevado de apego à marca leva a que o consumidor não consiga ver com
clareza a desconfiança da motivação da marca, mesmo que sejam causas com baixa congruência,
na perspetiva contrária, consumidores indivíduos com baixo apego à marca só responderão
positivamente quando a marca for congruente com a causa patrocinada.
Por vezes, pode também existir uma intenção persuasiva quando os indivíduos são
constantemente bombardeados com ações de marketing e mensagens usadas para apelar ao
consumo de produtos ou serviços, no entanto, a exposição a este tipo apelos desperta o
conhecimento sobre tentativas de persuasão. O consumidor quanto mais conhecimento obtiver
sobre táticas de persuasão maior é o ceticismo em relação aos apelos de RSC e assim diminui as
respostas positivas de causas de RSC ligadas à empresa, por isso é necessário que as empresas
convençam os consumidores que as ações de RSC são altruístas e sem interesse para a empresa
para obter respostas positivas, pois se houver a perceção de razões oportunistas os consumidores
podem duvidar dos esforços da marca. Skarmeas & Leonidou, (2013) afirmam ainda que os
consumidores se tornam mais resistentes a informações positivas e mais propensos ao boca a
boca negativo quando duvidam dos motivos da marca em ações de RSC. Então, a maioria dos
indivíduos acredita que as empresas têm um real interesse em ajudar de uma forma socialmente
responsável, mas que também existem os interesses próprios. Quando estudamos a relação entre
o apego à marca e a perceção da intenção persuasiva podemos constatar que quando existe uma
forte ligação do indivíduo com a marca existe uma tendência para negar informações negativas
sobre a marca (Kamiya et al. 2018). Conseguimos assim propor que pessoas com grande apego
29
à marca têm menor sensibilidade para perceber as intenções persuasivas das ações de RSC,
independentemente da congruência marca-causa. Por outro lado, pessoas com pouco apego à
marca têm maior sensibilidade à intenção persuasiva da marca e podem perceber em ações de
baixa congruência marca-causa, uma intenção manipulativa.
Podemos então concluir que a maior ou menor intenção dos indivíduos a apoiar causas depende
da coerência marca-causa o apego em relação à marca e a atitude em relação à causa. Vários
outros autores já fizeram experiências sobre marcas e causas tal como Kamiya et al. (2018), em
que verificaram, mesmo usando diferentes marcas e causas como estímulo, é mais elevada a
intenção de aderir à causa quando a relação marca-causa é maior mas apenas no caso do apego
à marca ser fraco. Quando o apego à marca é grande, a relação marca-causa é irrelevante para o
consumidor, no entanto, quando a relação à causa é forte, a intenção de aderir à causa aumenta
à medida que aumenta o apego à marca.
Mais ainda, quando existe a perceção de intenção persuasiva da marca, a intenção de aderir à
causa diminui no consumidor com baixo apego à marca. Além disto, certas ações de RSC
praticadas por uma determinada marca podem ser percebidas como inapropriadas pelos
consumidores com fraco apego à marca, aumentando a perceção de intenção persuasiva e, assim,
diminuindo a intenção de aderir à causa. Mas à medida que os problemas sociais de hoje em dia,
se tornam cada vez mais complexos, existe também um aumento do número de pessoas com
interesse em participar em ações de RSC lideradas por marcas, e por isso, as marcas assumem
um papel cada vez mais relevante no combate aos problemas sociais ou em benfeitorias, por
exemplo a cadeia de restaurantes McDonald´s em Portugal, criou a Fundação Infantil Ronald
McDonald em que possuem as casas Ronald McDonald que dão abrigo a famílias que estão a
passar por uma fase em que se têm de deslocar das suas casas para acompanhar durante
semanas ou meses uma criança doente para um hospital longe do seu lar. Assim, estas casas são
sem qualquer custo para as famílias e são “a sua casa longe de casa” para que possam
acompanhar estas crianças hospitalizadas com maior proximidade, assim a família pode usufruir
de um quarto, cozinha, sala de estar e jantar sem quaisquer custos. Em 2017, 6950 noites foram
oferecidas às famílias em que 277 famílias foram acolhidas gratuitamente nas casas Ronald
McDonald. Estes resultados só são possíveis de atingir quando o consumidor fica empenhado em
ajudar a causa liderada pela marca.
30
Contudo, a promoção de ações de RSC também pode fortalecer a relação do consumidor com a
marca, quando o consumidor tem um reflexo positivo na construção do apego à marca, as pessoas
envolvem-se nas ações de RSC quando entendem que o trabalho realizado pela marca é justo e
têm a sensação de parceria com a marca na resolução deste tipo de ações. Assim, esta ação
conjunta tem resultados favoráveis para as pessoas beneficiadas pelas ações sociais e para as
marcas, pois quanto mais forte o apego do consumidor à marca, maior a vontade de participar
neste tipo de campanhas sociais que, por diversas vezes, exige tempo, dinheiro, energia e
reputação para manter o relacionamento com a marca-alvo do apego. O apego, por sua vez,
aumenta a empatia e o consumidor identifica-se com a empresa, além de motivar comportamentos
de compromisso.
Podemos assim concluir que as marcas podem obter resultados mais eficientes ao direcionar os
esforços de patrocínio de ações de RSC, a segmentos de consumidores com este tipo de
características em que o apego aumenta a empatia e identificação do consumidor com a empresa
e motiva comportamentos de compromisso com esta.
31
Capítulo III- Metodologia
32
Em termos metodológicos, o uso da metodologia qualitativa como defendem alguns
autores, facilita e promove análises compreensivas, e admite a subjetividade de fenómenos sociais
complexos e esta explicação pode ser manipulada por aspetos culturais. (Gomes & Cesário, 2014),
Coutinho, (2011)explica que, quando a investigação adota uma metodologia qualitativa (menos
estruturada e pré-determinada), como é o caso do presente estudo, o problema pode ser formulado
de uma forma muito geral e emerge no decurso da investigação.
Para desenvolver a problemática desta investigação, farei inicialmente, uma reflexão sobre
a responsabilidade social corporativa, de que forma a Delta Cafés pode estar associada a eventos
de carácter social ou medidas que demonstrem preocupação com os países da extração da
matéria-prima, o café, até ao produto final na fábrica e nas lojas com os seus colaboradores. Ter
ainda presente uma reflexão sobre o marketing de relacionamentos entre o cliente e a marca, de
que forma o cliente pode estar emocionalmente ligado, a razão de haver essa ligação, a preferência
da Delta Cafés em relação a outras marcas do mesmo setor.
Sendo assim, esta investigação tem como principal objetivo perceber se existe uma
responsabilidade social corporativa por parte da Delta Cafés e tentar compreender os motivos para
a afetividade gerada pelos clientes em relação à marca.
Os paradigmas são teses básicas de crenças que guiam o investigador e revelam a visão deste
para com a realidade. Existem tês elementos fundamentais que caracterizam os vários
paradigmas: ontologia, epistemologia e metodologia. A ontologia é “realidade”, ou seja, a posição
sobre a natureza da realidade, a epistemologia é a relação entre a realidade e o investigador, é
considerada a teoria do conhecimento e a metodologia são as técnicas usadas pelo investigador
para descobrir a realidade. (Sobh & Perry, 2006), assim podemos afirmar que o que determina a
escolha do paradigma são as questões de pesquisa. A forma como a realidade é percecionada
pelo investigador, a relação entre o investigador e a realidade e o modo como pretende observar
33
essa realidade são questões que se colocam na definição do quadro teórico do estudo indicado
abaixo.
O paradigma mais utilizado no domínio do marketing é o positivismo, mas pode não ser o mais
completo para o conceito de marketing quando usando nas ciências sociais, pois apesar de ser o
mais clássico e quantitativo não consegue medir, por exemplo, o gosto da investigação do
marketing. O conhecimento do marketing é algo que é construído. A principal alternativa ao
positivismo é o construtivismo e a teoria crítica.
Paradigmas
A presente investigação está elaborada sob a lógica do paradigma construtivista (ou interpretativo).
De acordo com os princípios deste paradigma, a realidade é socialmente construída e percebida
34
como uma construção mental e intangível, de base social e experiencial, prevendo a existência de
múltiplas realidades (Denzin & Lincoln, 2000). O investigador e o objeto de investigação estão
vinculados um ao outro (Guba & Lincoln, 1994), na medida em que a interpretação do “mundo”
depende das sensações humanas, perceções, processamento de informação, sentimentos e ações
(Thornhill et al. 2009).
Para (Coutinho, 2011), o paradigma construtivista tem como objetivo substituir as noções
científicas de explicação, previsão e controlo do paradigma positivista pelas de compreensão,
significado e ação. A objetividade deste conhecimento é considerada válida, na medida em que o
investigador ao ter consciência da influência da tradição na sua interpretação faz com que tenha
uma maior abertura de espírito no momento de interpretar, fundindo e completando as suas ideias
pré-concebidas com outras perspetivas.
Em termos metodológicos, o presente estudo recorreu a uma abordagem qualitativa. A pesquisa
de natureza qualitativa “proporciona uma melhor visão e compreensão do contexto do problema,
enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplica alguma forma da análise
estatística” (Malhotra, 2001, p. 155).
Os três objetivos específicos que o presente estudo pretende alcançar e que conduziram esta
investigação são:
“Todo e qualquer plano de investigação implica uma recolha de dados originais por parte do
investigador” (Coutinho, 2011, p. 99)
“O objetivo das entrevistas é sempre o de explicar o ponto de vista dos participantes, como
pensam, interpretam ou explicam o seu comportamento no contexto natural em estudo”
(Coutinho, 2011, p. 291).
36
Este tipo de instrumento facilita a partilha de perspetivas, histórias e experiências, por parte dos
entrevistados, sobre o fenómeno observado pelo entrevistador (Wahyuni, 2012). O método de
entrevista é, na maior parte das vezes, usado como o principal método para a recolha de dados
empíricos. Uma entrevista semi-estruturada, também conhecida como entrevista qualitativa é um
ponto mediano entre as entrevistas estruturadas e as entrevistas em profundidade.
3.3.2.Grupo de foco
O grupo de foco é uma das técnicas de pesquisa qualitativa considerada das mais importantes.
Compreende numa entrevista realizada de forma não-estruturada e natural, moderada pelo
investigador, entre 8 a 12 participantes, cujo principal objetivo é “obter uma visão aprofundada
ouvindo um grupo de pessoas falar sobre problemas de interesse para o pesquisador” (Malhotra,
2001). A mais valia desta técnica está presente nos resultados inesperados que se podem obter
numa “discussão livre”, e por isso, esta técnica tem vindo a ser usada como o principal método
de recolha de dados numa investigação, principalmente, na última década.
A realização de um grupo de foco pode ser bastante benéfica na etapa da recolha dos dados numa
investigação. Os proveitos com uso deste método são: a sinergia (várias pessoas em conjunto
origina mais informações e gera mais ideias); o efeito bola-de-neve (quando a afirmação de um
indivíduo desencadeia uma reação nos outros participantes); a espontaneidade (as respostas são
espontâneas e não-convencionais); a flexibilidade (nos tópicos abrangidos e na profundidade com
que são tratados); e as descobertas inesperadas (existe uma maior probabilidade de surgirem
boas ideias num grupo do que numa entrevista individual) (Malhotra, 2001).
Normalmente esta técnica é utilizada para tratar os problemas relacionados com a compreensão
das perceções, preferências e comportamento do consumidor e com a obtenção das reações do
consumidor a programas específicos de marketing ou na criação de novas ideias.
Na presente investigação, os participantes do grupo de foco foram escolhidos a partir de uma
amostra não probabilística, ou seja, foram selecionados propositadamente pelos investigadores
para a recolha das informações necessárias (Wahyuni, 2012). Os critérios de seleção dos
participantes, relacionados com o contexto específico do estudo, focaram-se no facto de os
indivíduos seguirem a página de Facebook da empresa Delta, mas também com critérios de
escolha como a diversidade das áreas profissionais para que se consiga obter uma maior
variedade de opiniões, e as idades também variadas pois em todas as idades adultas existe um
37
consumo de café (apesar da condicionante que os jovens são quem mais aderem às redes sociais).
Os membros que constituíram o grupo de foco foram descritos no capítulo da análise dos dados.
A realização do grupo de foco contou com a colaboração de 10 participantes e decorreu num
domingo de manhã, na freguesia de Gonça, concelho de Guimarães. Com uma duração total de
1 hora e 37 minutos, a conversa foi gravada e, posteriormente, transcrita na íntegra (anexo I). O
guião da conversa foi desenvolvido em função dos objetivos do estudo, contudo o decorrer da
“discussão” entre os participantes ditou a ordem das perguntas e conduziu à introdução de novos
assuntos.
Os dados reunidos do grupo de foco, foram analisados, interpretados e agrupados sob um olhar
crítico dos investigadores, originando a criação de tópicos/temas de análise descritos no capítulo
da análise dos resultados. A análise de conteúdo foi, uma vez mais, a técnica utilizada pelos
investigadores.
“Na observação qualitativa o observador passa muito tempo no contexto a observar com o objetivo
de compreender melhor o fenómeno em estudo” (Coutinho, 2011, p. 290).
Com o objetivo de adquirir uma compreensão mais densa das campanhas de marketing relacional
e das campanhas sobre responsabilidade social corporativa, estudámos, em particular, o relatório
de sustentabilidade da Delta, para, posteriormente, no capítulo da análise dos dados,
apresentarmos e discutirmos os resultados da observação deste relatório em concreto.
Neste sentido, foram sistematizados os principais aspetos determinantes de um relatório em que
foram abordados vários aspetos com o lema “como estamos a mudar o mundo”, através da
sustentabilidade, da criação de emprego, cidadania e empreendorismo responsável,
nomeadamente através de exemplos como, a associação Abraço, abriu em Lisboa a Qantina, que
permite o fornecimento refeições para doentes com VIH. A análise a este relatório tem como
objetivo complementar os dados recolhidos nas técnicas anteriores e estabelecer uma ligação
concreta com a comunicação desenvolvida pela Delta.
38
Capítulo IV: Contexto de estudo: a marca Delta Cafés
4.1. Contextualização histórica da marca Delta
A aposta de Rui Nabeiro foi na inovação e qualidade, que garantia a evolução de uma gama de
produtos adaptada e customizada.
Tudo começou em 1961, na vila de Campo Maior, uma região bem no interior que faz até fronteira
com Espanha, que Manuel Rui Azinhais Nabeiro dá início à sua atividade num pequeno armazém
com 50 m2 e escassos recursos, tendo apenas duas bolas de torra com 30kg de capacidade.
Então nasce uma nova marca, a Delta Cafés, uma marca de sucesso não só em Portugal, mas no
mundo inteiro, é um exemplo de pioneirismo, empreendorismo e capacidade de inovação, que se
tornou num símbolo de Campo Maior e de Portugal.
Assim, em 1962, saiu o primeiro lote, o Delta Popular, caracterizado pela sua lata de cores fortes
e contrastantes, a primeira lata a ser comercializada com o famoso triângulo da marca Delta.
Por volta da segunda metade dos anos 70, de forma a encarar as exigências do mercado, surge
o desenvolvimento de novos produtos e serviços de qualidade global, e em 1984, separando a
atividade comercial da industrial, em que a parte comercial fica a cargo da empresa Manuel Rui
Azinhais Nabeiro, Lda. E a parte industrial da empresa Novadelta S.A., a primeira empresa
certificada no setor. Segue-se uma estratégia de “monomarca” com a criação de diferentes
serviços divididos em unidades de negócio e comunicação. A marca aposta num modelo de
fornecimento de auto venda apoiada por equipas de assistência técnica e merchandising
personalizado. Em 1994 é inaugurado o museu do Café em Campo Maior e a marca Delta Cafés
conquista a liderança de mercado.
Nos anos seguintes, existe uma crescente preocupação com o cliente, com as mudanças e
preocupação com o marketing, por exemplo a criação de um cartão cliente, a mudança de logótipo
e o lançamento da revista Delta Magazine. Em 2001 a Delta comemora 40 anos de existência e é
eleita marca de confiança pelo Reader´s Digest (título que ainda mantém em 2019). Em 2007, a
criação do conceito exclusivo da Delta Q, o café em cápsulas e ainda, a 1ª edição do festival Delta
Tejo, o único festival de música em Lisboa, com artistas provenientes de países produtores de
café, pautado pela inclusão e respeito pelo ambiente, partilhado por parceiros, bandas,
fornecedores e público.
Em 2011 a Delta comemora 50 anos de existência e a Delta Q é premiada pela revista Marketeer
na categoria grande consumo. É ainda considerada uma Superbrand em Portugal, Espanha, e
Angola, sendo que também recebem a distinção de Superbrand as marcas Delta Q de Portugal, e
Ginga de Angola. Em 2012, com o reconhecimento da importância dos mercados externos para o
crescimento da empresa e da marca, a Delta Cafés decide uniformizar a marca e nome dos
produtos adaptando aos mercados.
39
4.2. A missão da Delta
A Delta é uma marca de rosto humano com um relacionamento comercial baseado no lema “um
cliente, um amigo”, nos seus primeiros passos para angariar clientes, tinha que conquistar a
confiança de mercado, e fê-lo ao conquistar amigos que recomendavam a marca e fidelizando
clientes. A tática de atuação é a personalização da relação marca-consumidor em que cada
situação é tratada como única e individualizada na globalidade dos negócios. Assim, podemos
afirmar que o relacionamento entre a Delta e os consumidores é semelhante ao empregado de
balcão e o seu cliente: “aprenderam juntos a confiar e a partilhar a vida no sabor e aroma de uma
chávena de café” (fundador Rui Nabeiro).
Então, o modelo de Gestão de Rosto Humano é o que caracteriza a empresa, resulta dos valores
de referência e origina uma missão focada nos clientes e um modelo baseado na partilha e no
diálogo. A Delta é uma marca diferenciadora pois desde a sua fundação que desenvolve uma
estratégia de responsabilidade social que integra necessidades de todas as partes interessadas,
que leva à marca de rosto humano caracterizada pelo empreendorismo responsável, inovação e
diálogo. Desta intervenção surgem normas, princípios orientadores de negócio, código de ética
que regula os objetivos, políticas e sistemas de gestão.
Tal como vimos a missão da Delta é pautada por valores de Rosto Humano, esses valores são os
valores do Grupo Nabeiro, e respeitados por todos os colaboradores e lidera os comportamentos
da Delta. Esses valores são:
40
Qualidade total: “A Delta aposta em melhorar continuamente e de forma progressiva
os seus produtos, serviços e desempenho, através de um Sistema de Gestão Integrado.
Garantimos a segurança alimentar em toda a cadeia de fornecimento para os produtos e
serviços comercializados, assegurando a rastreabilidade, o controlo dos pontos críticos e
o controlo dos pré-requisitos operacionais detetados na análise de perigos. Para o efeito,
existe uma equipa multidisciplinar de Segurança Alimentar transversal a todas as
áreas/sectores da empresa.” (Manual Corporativo da Delta Cafés)
Sustentabilidade: “Nós não somos partidários de benefícios imediatos que
comprometam o desenvolvimento sustentável da empresa. Reconhecemos a necessidade
de assegurar um retorno financeiro sustentável, a longo prazo, através de um processo
de inovação e investimento responsável, de forma a manter a liderança do mercado
nacional e progredir no processo de internacionalização da marca.” (Manual Corporativo
da Delta Cafés)
Solidariedade: “O desempenho da Delta pauta-se pela participação em diversas causas
de cariz social, visando suprimir as necessidades das partes interessadas e contribuir para
o desenvolvimento sustentável.” (Manual Corporativo da Delta Cafés)
Inovação responsável: “Temos como prioridade a implementação de uma cultura de
inovação e conhecimento partilhado, assente nos princípios de eco design e eficiência
energética, que potencie a competitividade e assegure a liderança de mercado. O nosso
modelo de gestão valoriza a capacidade empreendedora e o espírito de melhoria contínua.
Trabalhamos frequentemente em rede com fornecedores, parceiros, universidades e
organizações não governamentais, desenvolvendo tecnologias e procedimentos com o
objetivo de aumentar a competitividade da cadeia e orientando a organização para a
inovação responsável.” (Manual Corporativo da Delta Cafés)
Humildade: “A humildade é inerente à forma de estar e reflete-se na informalidade do
ambiente de trabalho e do relacionamento entre os colaboradores no dia-a-dia.” (Manual
Corporativo da Delta Cafés)
Verdade: “Defendemos a divulgação de informação verosímil, que corresponde à
realidade dos factos.” (Manual Corporativo da Delta Cafés).
Tal como mencionado na missão e valores da Delta, esta tenta missão corresponder às exigências
dos clientes/consumidores, através de um modelo de negócio responsável, assente na criação e
partilha de valor com as partes interessadas. O modo como fazem prevalecer estes princípios são
de extrema importância para que se consiga preservar a confiança nos produtos, na empresa e
nos consumidores. Com a promoção de uma política de comunicação de cariz de informação
respeitando princípios como a transparência, veracidade e qualidade de informação para que o
consumidor esteja elucidado e escolha um consumo responsável. Deste modo, a comunicação da
Delta “não contém alusões para a violência, maus-tratos ou linguagem desadequada. O seu
conteúdo deve ser apropriado ao país e à cultura de destino, não devendo advogar atitudes
discriminatórias ou ofensivas para nenhum grupo político religioso, étnico cultural ou social. A
comunicação sobre os efeitos na saúde dos nossos produtos deverá ser sustentada em estudos
41
científicos. Todos os nossos produtos deverão incorporar a legislação e regulamentos aplicável ao
sector. “(Manual Corporativo da Delta Cafés)
No dia 15 de maio de 2019 foi apresentada na Estufa Fria, em Lisboa a nova estratégia global
para a sustentabilidade da Delta até 2025 nos parâmetros económico, social e ambiental. Na
apresentação o primeiro-ministro, António Costa, teve ainda a oportunidade de discursar e
salientar as grandes conquistas ao longo dos anos e no futuro: "É muito importante que uma
empresa olhe para o seu futuro, como vemos pela longevidade do fundador do grupo Delta, a
Delta tem muitíssimo futuro", afirmou, destacando ainda o "compromisso da Delta com a
sustentabilidade social". A Delta, "foi a primeira empresa portuguesa a ser certificada com base
no programa de conciliação familiar, profissional e pessoal". António Costa salientou também o
compromisso da Delta com o meio ambiente, um empreendorismo ambiental que afirmou ser
“vital” e necessário “cuidar do futuro da Terra (…) hoje”, pois, “Mesmo para os mais otimistas, à
cautela, convém pensarmos que muito provavelmente não há outro planeta onde possamos viver”,
e rematando a questão ambiental,” portanto, mais vale prevenir e conservar este [planeta] antes
de nos arriscarmos a perder este. Mais vale um planeta na mão do que nove a voar”, afirmou. O
primeiro ministro deu ainda destaque ao compromisso da Delta não só em Campo Maior, mas
“em todo o sítio”, fazendo assim recordar que após Timor ter declarado independência, o grupo
da Delta Cafés foi o primeiro a comprar o produto no mercado timorense.
Por falar na matéria-prima, o café, António Costa, defendeu ainda a notícia dada por Rui Miguel
Nabeiro, o administrador do grupo Nabeiro, que a empresa vai apoiar 500 produtores de café no
arquipélago dos Açores durante os próximos 15 anos “Sabemos agora que Açores é também o
único sítio da Europa que tem café”. “É com esta parceria [entre os produtores de café açorianos
e a Delta] que nós vamos passar a poder beber aqui café dos Açores", salientou António Costa,
afirmando ainda que este “vai ser seguramente um grande compromisso para a sustentabilidade”
da região, pois os Açores ainda são muito dependentes da produção de gado bovino e do leite.
Este documento está dividido em duas grandes partes: na primeira “a nossa sustentabilidade, o
nosso futuro” tendo como subponto as áreas de atuação e o compromisso com o ODS. Na
segunda parte “como estamos a mudar o mundo” com 9 subpontos: sustentabilidade do negócio,
comunidades produtoras de café, geração de emprego, biodiversidade, eficiência das operações,
economia circular I e II, cidadania responsável e empreendorismo responsável.
42
4.4.1. “A nossa sustentabilidade, o nosso futuro”
Na figura abaixo podemos observar as 9 áreas de atuação da Delta e os seus compromissos com
ODS, entre 2015 e 2018 a Delta continuou o seu percurso em busca de um desenvolvimento
sustentável, e são estes os resultados derivados pelas diversas iniciativas realizadas, que se
traduzem num contributo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
43
4.4.2. Sustentabilidade do negócio
A marca Delta está presente em 48 mercados internacionais, sendo que 8 são de operações
internacionais diretas (Portugal, Espanha, França, Suíça, Luxemburgo, Brasil, Angola, China),
estes últimos anos têm sido de expansão geográfica ao reforçar presença em cada vez mais países
e os 30% de vendas de mercados internacionais, mostrando assim que a internacionalização é
uma boa estratégia a seguir.
Existem 3 principais razões para o crescimento das vendas nos mercados internacionais:
44
Crescer com o capital humano: em 2017 a Delta através do Centro Internacional de Pós-graduação
Comendador Rui Nabeiro criou o Centro Qualifica, este centro dirige-se á população adulta e jovens
qua não estudam nem trabalham, para que estes possam melhorar as suas habilitações literárias
e dar formação. Aqui é feito um percurso de formação e qualificação ao nível do candidato
(escolher competências a nível escolar e/ou profissional) promovendo a aprendizagem ao longo
da vida.
Em 2017, coincidindo com o 10º aniversário da Delta Q foi criado o Modelo de Inovação da Delta,
ou MIND, é uma incubadora de ideias de inovação e negócio. MIND tem como objetivo estimular
a cultura de inovação em todas as empresas do grupo e nos seus colaboradores. Aliás, estes
colaboradores podem, através da plataforma digital do MIND, dar sugestões de inovação.
Exemplos dessas inovações são o Croffee e o Go Chill by Delta, lançados em 2018
Figura 11: barra energética Croffee Figura12: três diferentes opções de Go Chill
Fonte: Site oficial Delta Cafés (2018) Fonte: Site oficial Delta Cafés (2018)
Crescer com inovação: este é também um dos objetivos da Delta, para isso é que foi criado a
MIND, para além dos produtos Croffee e Go Chill, foi criado também o Delta Q Walq, apresentado
no Innovation Day da Delta, é o primeiro café expresso móvel tirado na hora e em qualquer lugar,
é mais uma marca patenteada da Delta, com total autonomia energética, uma parceria com a
empresa 2 EAST. Foi apresentado ao público na Web Summit 2018 através de um marketing
diferenciado dos restantes onde um astronauta andava com esta máquina portátil.
Foram ainda lançadas a QLIP, uma máquina ultracompacta, com o propósito de monodoses que
se desliga ao fim de um minuto de inatividade e o Delta DRIP coffee, é um slow coffee que é
apenas necessário água quente e a saqueta do café, uma espécie de filtro incorporado, com café
100% arábica. Em 2017 foi lançado o Rise by Delta Q, o café que desafia a gravidade ao ser
servido de baixo para cima.
A Delta assumiu como compromisso “fomentar a qualidade de vida e literacia dos produtores de
café, contribuindo para a erradicação da fome e pobreza nos países produtores de café, e para o
crescimento mais sustentado da fileira do café.”
As condições de vida precárias dos pequenos produtores de café em conjunto com as alterações
climáticas formam uma ameaça séria para que no futuro haja quantidade de café suficiente para
a procura, pois a população mundial continua a aumentar e também o número de consumidores
de café pelo mundo. Então, é necessário fazer algo para reverter esta situação, e a Delta está
empenhada em contribuir para uma produção de café mais sustentável, mais amigo do ambiente
e ainda ajudar a melhorar as condições socio-económicas destas famílias de produtores. Para isso,
a Delta está a:
46
Figura 14: Exemplo de campanha “Um café por Timor”
Fonte: Pinterest
- O apoio a pequenos agricultores e a garantia de compra das suas produções de café, estimula o
empreendorismo na agricultura e ainda garante a subsistência de milhares de famílias.
- Com a formação profissional dada aos agricultores, estes conseguem obter um café com maior
qualidade e aumentar a rentabilidade e produtividade.
- Ao apoiar estes pequenos produtores, a Delta também contribui para a revitalização da fileira do
café, que consegue colocar o café num grande potencial para a economia angolana, tal como
observado em 2017, a Angola foi o 4º maior produtor mundial de café.
- O apoio a estes pequenos produtores é muito importante pois permite a subsistência de famílias
que, de outra forma, teriam de arranjar outra atividade profissional. Em África 64% da população
vive em zonas rurais e 56% trabalham na produção de café, no entanto, o café africano representa
apenas 12% da produção mundial.
A Delta juntou-se, em 2018, à International Coffee Partners (ICP), uma associação fundada
em 2001, com o objetivo de ajudar a dar resposta a questões que afetam os pequenos
produtores, bem como as suas famílias e comunidades e ainda, a garantir o futuro do café. O
trabalho desenvolvido pela ICP já ajudou mais de 74 000 famílias de agricultores em mais de
12 países como, por exemplo, Uganda, Indonésia, Brasil e Honduras, que vamos falar mais
adiante. A entrada da Delta no ICP tem como objetivo reforçar o trabalho deste organismo no
setor do café, ou seja, a Delta já habilitou milhares de famílias produtoras, com as capacidades
47
necessárias para que consigam cultivar um café com melhor qualidade, a melhor preço e
menos danos causados ao meio ambiente.
Até agora, a Delta enquanto membro do ICP já interveio em 12 países, para que haja uma
melhoria das condições de vida destes pequenos agricultores, que são 82 945 famílias
apoiadas pela ICP atualmente, e que nos ajudam a ter café à mesa todos os dias.
Uganda
Neste país, através do ICP, a Delta conseguiu capacitar organizações de agricultores para que
estes possam se expandir e ter acesso a mercador de maior valor, para isso foi necessário ensinar
e mostrar como podem obter informação sobre este mercado para que possam realizar melhores
negócios. Assim, podemos crer que os produtores se estiverem mais capacitados e informados
podem fortificar a sua posição na cadeia de valor e aumentar a sua competitividade. Com o apoio
do ICP, desde 2005, já foram ajudadas 38 000 famílias de agricultores e estabelecidas 58
cooperativas, que prestam serviços aos seus membros.
Brasil
O Brasil é um dos países essenciais para a produção de café, enfrenta desafios significativos para
os agricultores familiares que representa 35% da produção nacional brasileira. Através da
International Coffee Partners, a Delta tem atuado na região de Matas de Minas, que a população
se dedica maioritariamente à produção de café de forma sustentável e numa agricultura familiar,
bem como o acesso de pequenos produtores de café e informação do mercado e práticas para
48
que estes agricultores se possam adaptar às alterações climáticas, assim como no Estado de
Minas Gerais.
Indonésia
A Indonésia cultiva um dos cafés mais excecionais do mundo, por causa do seu ecossistema rico
e diversificado, é até produzido aqui neste país o café mais caro do mundo chamado Kopi Luwak
ou Civeta Café, que é extraído das fezes do animal, Civeta, daí o nome do café. Tal como noutros
países produtores de café, a Indonésia também tem de se adaptar às alterações climáticas,
promover a igualdade de género e ter estruturas agrícolas adequadas. Tal como aconteceu noutros
exemplos descritos, a Delta em parceria com a ICP também tem como objetivo neste país melhorar
a rentabilidade dos pequenos produtores na região de Sumatra, através de ações de formação
sobre boas práticas agrícolas e técnicas para que se possa adaptar as alterações climáticas. Nesta
região já conseguiram apoiar mais de 7 300 famílias desde 2014. Com tudo isto, a produção por
hectare já aumentou bem como a qualidade do café produzido, e como consequência o preço nos
mercados subiu e assim, resulta numa melhor qualidade de vida para estes pequenos produtores
e as suas famílias. Com este projeto, desde 2016 que já se estabeleceram 10 cooperativas de
pequenos produtores, e seis assumiram um papel na comercialização de café dos seus
associados.
Um dos exemplos de pequenos produtores de café é Jimmy Kalonga, tem as suas plantações de
café na Tanzânia e não conseguia aumentar a sua produção. Jimmy Kalonga começou o seu
cultivo de café em 1987, em Izumbwe, na Tanzânia, com 300 cafeeiros, mas que resultavam em
apenas 30 a 50 quilos de café verde produzidos. Para além da baixa produção, este agricultor
tinha ainda de enfrentar as doenças que afetavam a sua produção. Apesar de todos estes entraves
Jimmy não desistiu e decidiu expandir a sua fazenda e em 1992 plantou 400 novas árvores e em
2000 mais 120 cafeeiros, no entanto, a sua produção não ultrapassava os 120 quilos de café
verde.
Com a ajuda do ICP, participaram em formações de marketing e boas práticas agrícolas através
da correta utilização de fertilizantes e biocidas, bem como aprender a fazer a poa correta e uma
investigação de campo regular. Atualmente este produtor tem 692 árvores que dão 5 vezes mais
rendimento do que antes. Jimmy ao melhorar as suas práticas agrícolas conseguiu produzir 600
quilo de café verde, o que confirma que com formação e conhecimento, a produção de café pode
tornar-se num negócio de sucesso e “um caminho para sair da pobreza”.
49
Figura 16: Jimmy Kalonga apresenta a produção de café verde
50
Fonte: Relatório de sustentabilidade da Delta
Está ainda previsto que este tipo de plano seja implementado futuramente noutras unidades de
negócio da Delta Cafés.
Portugal 2 264
Angola 118
Espanha 350
Luxemburgo 21
Brasil 37
China 3
Suíça 20
Tabela 3: Os colaboradores Delta Cafés pelo mundo
Fonte: autor, referenciado pelo Relatório de Sustentabilidade Delta
Nota: Os valores são referentes a 31 de dezembro de 2018
Para que o Delta 4 seja alcançado, é necessário haver também um conjunto de princípios para
que haja uma boa relação com os colaboradores, esses princípios estão descritos no Relatório de
Sustentabilidade da Delta e são descritos abaixo:
-Assumir práticas para além do que está previsto na legislação a nível da remuneração, horários
de trabalho, saúde e formação profissional
51
-Condenar o trabalho infantil e o trabalho forçado e compulsório, não compactuando com tais
práticas por parte de terceiros que nos forneçam produtos ou serviços
Tal como o programa Delta 4, o projeto de conciliação da vida profissional e pessoal, deverá ser
implementado, no futuro, em outras unidades de negócio da Delta Cafés.
52
4.4.6. O compromisso da Delta Cafés com a biodiversidade
- Promoção e sensibilização dos clientes para diversidade das origens do café, através do
lançamento de cafés com novas origens que contribui para a manutenção da biodiversidade das
diversas origens.
-Promoção e sensibilização dos clientes para os cafés certificados, através destas certificações
garantimos e contribuímos para a preservação da biodiversidade das regiões onde são produzidos.
Em 2018, a Delta comprou café a mais de 20 diferentes países e comprou mais de 50 variedades
diferentes de café. Antes de 2015, já tinham sido lançados os cafés de origem Angola, Colômbia,
Brasil e Timor. A estes países juntam-se agora Índia, Vietname e Cuba, disponíveis em 2016 e
2017. A Delta acredita que o que os distingue no setor dos cafés é a diversidade das origens e a
variedade do café, o que é algo que podemos corroborar mais adiante, através da opinião dos
participantes do grupo de foco onde salientam esta diversidade de sabores que não encontram
noutras marcas.
A marca Delta não queria apenas sensibilizar os clientes para a conservação da biodiversidade. A
marca apostou também em cafés certificados:
Café bio e café orgânico: ao comprar este tipo de cafés está a cuidar da sua saúde, pois
através do processo biológico é valorizado os processos produtivos naturais que se utiliza
menos fertilizantes e produtos químicos que são comuns nos outros processos produtivos
de café. Consequentemente, se são utilizados menos produtos químicos, este café bio
também contribui para uma melhoria da qualidade do solo, manutenção da biodiversidade
e produções de café além do consumo responsável de energia e água.
53
Figura 18: logótipo que simboliza uma agricultura biológica
Fonte: Web site de hortas biológicas
Café fairtrade e café de comércio justo: Na compra destes cafés os consumidores estarão
a ajudar os produtores a obter maiores rendimentos ao vender as suas produções de café.
Ao apoiar estes pequenos produtores, não só estará a pagar um preço justo pelo produto
como também apoiar estes pequenos agricultores, a ter melhores rendimentos que lhes
permite fazer a manutenção das plantações de café e desenvolver de uma forma positiva
o setor primário destes países em desenvolvimento. Tal como o nome indica o comércio
justo com estes produtores é o pagamento de um preço mínimo, mas justo, para que
possa ser assegurada uma receita fixa, o que permite um desenvolvimento económico-
social dos produtores, famílias e até mesmo da comunidade.
54
agrícolas e uma responsabilidade social. Ao obter este certificado permite ter acesso a
novos mercados, aumento na produtividade, melhoria na qualidade do produto e melhores
preços.
A Delta assumiu como compromisso a promoção do eco design e circularidade dos materiais.
Cada vez mais assistimos a uma escassez de recursos naturais e o aumento da população a nível
mundial, e por isso, temos de encontrar soluções sustentáveis para que possamos continuar a
viver na Terra. Assim, cada vez mais as empresas procuram soluções como modelos centrados
na circularidade dos materiais presentes na cadeia de valor, por outras palavras, as empresas
estão à procura de soluções para reutilizar os seus produtos que são desperdiçados.
Neste caso, a Delta pretende reutilizar as cápsulas Delta Q, através de um programa de reciclagem
que separa a borra do café do material da embalagem, quer seja alumínio, plástico ou cartão. A
borra do café é reutilizada em compostagem agrícola, que mais adiante vai ser falado, por exemplo
da parceria existente entre a Delta e uma startup portuguesa que utiliza esta borra na produção
de cogumelos, e as embalagens de plástico transformam-se em matéria-prima num processo
industrial. A Delta também está a tentar valorizar a utilização de materiais mais sustentáveis ao
substituir alguns materiais plásticos por papel e madeira certificada, como é o caso das novas
cápsulas 100% biodegradáveis.
55
A Delta, nunca esquece a sua bandeira de responsabilidade social e por isso “Valorizar o ambiente,
valorizando as pessoas” é um dos lemas ao apoiar a instituição Abraço por cada cápsula enviada
para reciclar pelos clientes, um exemplo que vamos analisar mais à frente.
Entre 2015 e 2018, a Delta continuou a alertar e sensibilizar os cientes para depositar as cápsulas
usadas nos pontos reciQla, este sistema de recolha de cápsulas foi desenvolvido pela Delta Q em
prol da responsabilidade ambiental e contribuir para a circularidade dos materiais. A Delta foi uma
marca pioneira sobre este tipo de processos de reciclagem das cápsulas de café, todos os recursos
são geridos para potenciar o seu valor e utilidade, maximizando a reutilização de materiais,
aumentar a eficiência e desenvolver novos modelo de negócio. O modelo de reciclagem das
cápsulas assenta no projeto de investigação ReThink, um projeto criado pela Delta Cafés no âmbito
das iniciativas Planeta Delta. Este projeto pretende avaliar o sistema logístico com a recolha de
cápsulas e borra de café usadas, reciclar o plástico das cápsulas, investigar os componentes da
borra e perceber o que é possível extrair para que se possa utilizar em novos produtos como
nutrição, cosmética, biomassa e bioenergia, e ainda estudar e perceber como é que as máquinas
de café podem ser mais eficientes (Delta Cafés, 2019).
Este projeto foi um projeto único em Portugal por ser integrador, pois analisa todo o circuito do
café, até mesmo o resíduo gerado pelos consumidores, que é uma fonte de grande valorização.
56
Valorizar o ambiente, valorizando as pessoas
A doença SIDA ou doentes que contém o VIH ainda não tem cura conhecida. Em Portugal, segundo
o SNS, foram infetadas 57 574 pessoas com o vírus VIH entre 1983 e 2017, e ainda 886 novos
casos de pessoas infetadas com este vírus em 2017. Estes são números preocupantes e mais
ainda, o desconhecimento da população em geral acerca desta doença faz com que ainda haja
muita discriminação hoje em dia para com estas pessoas. Para combater este flagelo, a Delta
associou-se à Abraço e abriu, em Lisboa, a Qantina um espaço que permite servir mais de 100
refeições por dia para doente com VIH. Estas refeições são preparadas com o acompanhamento
de profissionais de saúde, pois estas refeições são indicadas para estes doentes, porque a
alimentação é fulcral para que a doença esteja controlada. Este espaço abriu em 2013 e por cada
cápsula doada pelos clientes, a Delta doa 0,05€ à Abraço para conseguir concretizar este projeto.
Para apelar à solidariedade dos portugueses, a Delta lançou ainda uma campanha de
responsabilidade social “Ajudar cabe numa cápsula de Delta Q”, onde pretendiam sensibilizar os
consumidores a entregar as cápsulas usadas nas lojas Delta, nos departamentos comerciais e
locais parceiros, que se associaram também a esta iniciativa. Para além de ter uma perspetiva de
solidariedade social, esta iniciativa também faz parte da estratégia de reciclagem ReThink da Delta.
Através deste projeto de reciclagem, a empresa pretendia diminuir o impacto ambiental indireto
associado à fase de consumo e transformar num impacto positivo para o planeta e para as
pessoas. Hoje em dia, a Qantina aina se mantém em funcionamento, o que comprova a
importância deste projeto.
57
Figura 22: Campanha publicitária “ajudar cabe numa cápsula Delta Q”
Fonte: Pinterest
Entre 2015 e 2018 a Delta lançou um conjunto de campanhas através dos pacotes de açúcar que
mostravam mensagens importantes para a qualidade de vida dos clientes e da sociedade em geral
ou ainda alertar para problemas na sociedade. De várias campanhas lançadas, a Delta destaca
para aquelas campanhas que sensibilizavam os consumidores para a adoção de um estilo de vida
saudável através da prática de desporto e comportamentos que promovam a saúde. Para além
destes, A Delta lançou ainda a divulgação de eventos culturais e turísticos em Portugal, e ainda,
causas sociais, com o objetivo de alertar a opinião pública para questões sérias e importantes
como o tráfico humano, os direitos das crianças, as vítimas de bullying e objetivos de
desenvolvimento sustentável. Este foi um dos pontos que também gerou grande discussão no
grupo de foco, até que ponto estas mensagens fariam a diferença ou se alguém a iria ler e mudar
58
a sua atitude em relação a estes problemas sociais, onde se concluiu que apesar de haver cada
vez menos consumidores de café com açúcar as pessoas têm curiosidade e acabam sempre por
ler e é sempre bom alertar para estas causas.
A promoção da saúde
59
– Mercado Quinhentista, na Madeira
– OVIBEJA
Promoção do desporto
Figura 25: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da meia maratona de Lisboa
60
Promoção da cultura
– Bienal de fotografia
Causas sociais
– Prevenção do bullying
– Violência no namoro
– Direitos da criança
– Maus tratos
– Segurança na net
61
Figura 27: Exemplo de campanha da Delta para a promoção da segurança na internet
Fonte: SeguraNet
A Delta assume-se como uma marca humana, comprometida com o bem-estar da humanidade.
Assim, a marca está em constante empenho no progresso da comunidade local de Campo Maior.
Estas ações de responsabilidade social realizam-se através do voluntariado, de serviços e projetos
empenhados em valorizar as pessoas. Para que tudo isto aconteça a Delta apoia os seniores
portugueses, envolvendo os colaboradores da empresa, através do projeto Tempo para Dar, que
inclui ações de voluntariado e ações de recolha de fundos para que se possam responder às
necessidades sociais dos idosos.
A Delta apoia ainda causas para melhorar a equidade e bem-estar da comunidade local através
de serviços e programas do Coração Delta com destaque em 3 diferentes áreas: saúde, educação
e ação social. Este tipo de causas foi também muito elogiado no grupo de foco e contribui para
uma ligação emocional da marca com os consumidores, tal como os participantes disseram:
“todos ganham”, a Delta assume-se como uma empresa comprometida com a responsabilidade
social e ganha prestígio e benefícios fiscais com isso, e as pessoas ganham porque são
beneficiados com os seus projetos.
A Delta promove ações semanais com os seus colaboradores por todo o país para que haja uma
promoção do envelhecimento ativo e ainda a doação de cabazes alimentares e ajudas técnicas.
62
Entre 2015 e 2018 foram ajudados 17 919 idosos através do projeto Tempo para Dar, e ainda
423 386€ concedidos como valor para apoiar os seniores através deste mesmo projeto.
O projeto Tempo para Dar nasceu em 2011 com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos
idosos em Portugal, diminuir a solidão e ainda responder a questões específicas destas idades.
Atualmente, o gabinete deste projeto está sediado em Campo Maior e é aqui que são realizadas
as dinâmicas semanais para promover o envelhecimento ativo. O Tempo para Dar continua a
tentar chegar a quem mais precisa, e para conseguir aumentar a qualidade de vida dos idosos.
Figura 28: Campanha de angariação de fundos para o projeto Tempo para Dar
Saúde
63
O Coração Delta é uma associação de solidariedade social do Grupo Nabeiro e foi criado para
desenvolver projetos nas comunidades, por exemplo, voluntariado e apoio social.
Estes exemplos aqui em baixo, são alguns dos serviços prestados pelo Coração Delta entre 2015
e 2018.
Educação
O Centro Educativo Alice Nabeiro é para crianças entre os 3 aos 12 anos, situado em Campo
Maior que para além de educar as crianças nas mais diversas áreas desde a filosofia para crianças
até à expressão dramática, promove ainda campos de férias e semanas temáticas para crianças.
Na educação a Delta promove ainda rastreios auditivos e de higiene oral a crianças que vão para
o 1º ano de escolaridade, e assim pretendem identificar eventuais problemas de saúde que mais
tarde, possam condicionar a aprendizagem das crianças.
Existe ainda o Banco de Roupa que foi criado através de um grupo de colaboradores que recolhiam
roupa e brinquedos que depois eram entregues a instituições de crianças e jovens e a agregados
familiares a nível nacional.
64
cidadãos empreendedores pelo bem-comum. Muitos dos projetos Coração Delta tem como
objetivo promover iniciativas juntos dos jovens que promovam este empreendorismo e equidade.
Para isso, a Delta promove a empregabilidade juntos dos jovens desempregados através do
programa Promove-te. Promove o empreendorismo em crianças e jovens disponibilizando ao
tecido educativo recursos pedagógicos únicos para a comunicação e estimular o espírito
empreendedor.
O Promove-Te foi criado em 2017, é um programa de inovação social para que os jovens sejam
incluídos no mercado de trabalho, é mais um programa coordenado pelo Coração Delta, e atua
no distrito de Portalegre, nas suas autarquias. É dirigido a jovens entre os 18 e 35 anos de idade,
que estejam desempregados e com o mínimo 9º ano de escolaridade. Já tinha sido lançado um
modelo idêntico em Espanha que foi um sucesso e, por isso, a Delta quis também lançar em
Portugal. Os jovens têm como principal objetivo reforçar competências, tornarem-se visíveis e
conseguirem um emprego.
Promover o empreendorismo
A Delta está empenhada em continuar a difundir, junto dos profissionais de educação, manuais
de empreendorismo para crianças dos 3 aos 12 e dos 13 aos 18 anos. Esta iniciativa pretende
promover o empreendorismo junto das crianças e jovens e dotar ainda a comunidade escolar de
um manual único e pioneiro.
Em 2008, o Coração Delta criou o manual de empreendorismo intitulado “Ter Ideias para Mudar
o Mundo”, que tem como principais objetivos a produção de ideias empreendedoras nas crianças,
este manual fornece ainda aos professores recursos pedagógicos para a construção de futuros
cidadãos empreendedores.
65
O manual “Ter Ideias para Mudar o Mundo”, foi ainda certificado pela Universidade do Minho e
baseiam-se em 12 áreas de conhecimento empreendedor:
1. Estímulo de ideias
2. Partilha de ideias
66
Capítulo V- Análise e discussão dos resultados
“Na investigação qualitativa a recolha e análise de dados é um processo contínuo integrado na
sequência da investigação, de forte cariz indutivo, resultando como produto final uma descrição,
ou seja, “palavras”” (Coutinho, 2011, p. 131).
Neste ponto mostramos a análise dos dados e os resultados alcançados com a realização do grupo
de foco. Em primeiro lugar, é feita uma caracterização geral dos participantes envolvidos. Os
subpontos seguintes são o seguimento da análise de conteúdo efetuada e integram os principais
temas de análise derivado da interpretação dos dados. Para que fosse mais fácil a análise dos
dados a conversa foi dividida em dez tópicos (salientando que o tópico 9 foi dividido em três
subpontos), que foram pensados para que o guião da entrevista respondesse aos objetivos da
investigação.
O grupo de foco foi constituído por 10 elementos, três do sexo feminino e sete do sexo masculino,
contou com a participação de diversas idades compreendidas entre os 25 e os 49 anos, para que
pudéssemos abranger opiniões de jovens adultos e de adultos com maior maturidade, visto que a
Delta é uma empresa com história.
A nível académico e profissional estão todos inseridos atualmente no mercado de trabalho com
profissões bastante diversas entre si bem como as habilitações literárias que derivam entre o 9º
ano de escolaridade e o grau de mestre a nível académico. A característica comum a todos os
participantes era o facto de terem um “gosto” na página oficial de Facebook da Delta Cafés. De
seguida foi construída uma tabela mais pormenorizada sobre as informações dos participantes do
grupo de foco: género, idade, e atividade profissional.
67
Tabela 5- Caracterização dos participantes do grupo de foco
Uma das perguntas iniciais foi o que os uniu a todos neste grupo: o “gosto” na página da Delta.
Das respostas obtidas são todas bastante diferentes, o participante 1 como tem uma ligação direta
com a Delta através do seu estabelecimento comercial, colocou um “gosto” para estar a par das
novidades e também por ser uma ferramenta de trabalho. O que vem a comprovar que, no geral,
a Delta é uma marca bastante heterogénea e os participantes têm motivos diferentes entre si para
seguir a página.
Frases ilustrativas
Participante 1 “Uso para estar a par das novidades e também como uma ferramenta de
trabalho. Os meus pais têm um café e já trabalhamos com a delta a mais de
10 anos colocamos um “gosto” na página de forma a conhecer sempre as
novidades.”
Fonte: autor
68
Outros dois participantes colocaram “gosto” também para estar a par das novidades, não por
motivos profissionais tal como o participante 1, mas sim porque gostam genuinamente do café
Delta.
Frases ilustrativas
Participante 2 “por curiosidade, por ser consumidora do café Delta e também porque gosto
de estar a par das novidades da marca e perfeitamente natural que tenha
colocado “gosto” na página da Delta.”
Participante 10 “É o café que mais gosto e que consumo em casa diariamente. Também
gosto de estar a par de tudo o mundo Delta, quer seja dos graus de
intensidade do café ou até mesmo variedades de chá.”
Fonte: autor
O participante 3 teve conhecimento da página através dos vários festivais em que a Delta é
patrocinadora e a empresa faz várias publicidades e passatempos através da página.
Frases ilustrativas
Participante 3 “Através dos festivais de verão em que a Delta é presença assídua tomei
conhecimento e acabei por fazer “gosto” na página de Facebook da Delta.”
Fonte: autor
69
Figura 31: Página oficial de Facebook da Delta Cafés
Quando temos interesse em perceber os motivos que levaram os participantes a visitar e gostar
da página da Delta Cafés, temos também um natural interesse em apurar se recomendavam a
página, se já tinha sido comentada em conversas entre amigos por exemplo e se achavam úteis
as suas publicações.
Frases ilustrativas
Participante 2 “É muito útil (a página) … e muito informativa. Os festivais em que a Delta
participa e eu não tinha conhecimento desse trabalho desenvolvido pela Delta
e isso é também importante… a página do Facebook divulga coisas muito
interessantes…uma parte engraçada em que falam na Delta “amiga do
ambiente” e que eu não tinha conhecimento que eles estavam tão
emprenhados nesta questão da sustentabilidade ambiental.”
Fonte: autor
70
Figura 32: Passatempo “MEO Marés Vivas” patrocinado pela Delta
Dado que os participantes acharam úteis as publicações e ficaram a conhecer vários passatempos
e novidades lançadas pela marca através da página perguntamos se os participantes se sentiam
mais próximos com a marca a partir do momento em que foi criada a página do Facebook/
instagram e/ou a partir do momento em que começaram a seguir a página.
O participante 1 afirmou que as redes sociais vieram aproximar os clientes com a marca, pois a
informação chega muito mais rápido através da internet do que através dos papéis com
publicidade como antigamente.
Frases ilustrativas
71
Participante 1 “Sim sem dúvida, quer queiramos ou não a internet, nomeadamente, as redes
sociais, são uma ferramenta que acaba por melhor aproximar o consumidor
da marca.”
Fonte: autor
Os participantes sentem-se acarinhados pela marca pois até recebem cápsulas grátis em casa
mesmo sem terem pedido ou ter participado em algum passatempo. Receberam apenas porque
são clientes Delta e isto mostra a preocupação e empenho que a Delta tem com os clientes, e é
por isso que a Delta é considerada uma marca especial.
No seguimento deste último comentário sobre a Delta ser uma marca próxima e preocupada com
os clientes foi questionado acerca dos vários comentários existentes na página da Delta,
publicados pelos consumidores, por exemplo “adoro o café Delta”, e a empresa, apesar de receber
centenas de comentários às suas publicações responde ao cliente, com isto queríamos perceber
as opiniões acerca desta proximidade com o cliente e se esta política de proximidade torna o
cliente mais envolvido com a marca.
Todos os participantes concordaram que este tipo de cuidado em responder aos comentários, esta
política de proximidade com o consumidor torna sem dúvida o cliente mais envolvido com a marca.
Frases ilustrativas
Participante 5 “Essa atitude da Delta ao responder aos comentários, faz com que não seja
apenas deixar um comentário para toda a gente ler, efetivamente dá-nos a
entender que eles a lêem e que a tratam essa informação.”
Participante 4 “E assim percebemos que não a mandam para o “lixo” … porque existem
centenas de empresas que têm comentários desses e a maior parte não
responde… e na Delta não parece que isso aconteça e espero que continue
uma política de respeito pelo consumidor.”
Fonte: autor
A participante 10 referiu ainda que por ser uma marca com 58 anos de história, a marca sabe
que precisa de ter um consumidor satisfeito para que a marca possa ser ainda mais valorizada.
72
Figura 33: Exemplo de comentários a publicações da Delta
Como já tinha sido anteriormente referida pelos participantes, a marca Delta é uma marca
especial, então surgiu a questão em que a Delta é conhecida por ser uma marca ligada às famílias
portuguesas, com raízes nacionais, é uma empresa tipicamente familiar com a sede principal em
Campo Maior, no Alentejo, mas que tem um grande sucesso, quer em Portugal, quer o exterior. E
por isso questionamos aos participantes o que torna a Delta uma marca especial?
73
Tabela 12- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco
Frases ilustrativas
Participante 5 “É fácil de perceber, por aquilo que já ouvimos aqui a ser comentado, a
qualidade do produto é boa. E depois o que tornou a Delta ainda maior e mais
especial é o facto de eles terem uma política social humana muito forte… toda
esta envolvência na sociedade, vai despertar interesse, curiosidade no
produto, logicamente que isto traz retorno para a empresa e para o
consumidor.”; “Quer a nível pessoal ou até empresarial quando nos ouvimos
falar de alguém que nos trata bem isto cria em nós uma curiosidade, este
marketing e esta forma deles dizerem quem são, acaba por trazer outros
produtos por isso efetivamente, é a melhor forma de eles dizerem quem são,
as pessoas, de certa forma…”
Fonte: autor
O participante 3 refere que a marca consegue abranger praticamente todas as faixas etárias
consumidoras de café, consegue captar os mais velhos, pois é uma marca com vários anos de
existência, mas também consegue reinventar-se e chegar também aos mais jovens. Foi dado ainda
como exemplo, este ano a Delta foi a patrocinadora oficial dos Santos Populares com a frase
publicitária “os santos não dormem”, inclusive patrocinou ainda, no Porto, o “São João à la Time
Out” que junta num recinto fechado mediante o pagamento de bilhete, entrada que dá acesso ao
arraial em conjunto com comida e bebida à descrição.
Frases ilustrativas
Participante 3 “É engraçado a forma como conseguem cativar aqueles clientes que
conhecem a marca há bastantes anos, apenas por consumir, pois há 30 ou
40 anos atrás não existiam tantas marcas de café como agora. Ao patrocinar
festivais ou até mesmo os Santos Populares é uma forma de baixar a faixa
etária do consumidor e captar clientes cada vez mais jovens. Digo eu, que
provavelmente, a estratégia de marketing será essa.
Fonte: autor
74
O participante 2 realça o facto de ser uma empresa portuguesa e cada vez mais os portugueses
estão atentos em consumir marcas nacionais, principalmente os jovens têm essa consciência,
pois existe aquela frase “o que é nacional é bom”, e o participante realça a qualidade do café
desta marca em relação a outras no mercado.
Frases ilustrativas
Participante 2 “Eu acho que agora cada vez mais os portugueses apostam no que é
produzido em Portugal e a Delta encaixa que nem uma luva nesse perfil. É
claro que tem muita concorrência… E sinto que na minha geração
começamos a sentir aquele orgulho português e estamos mais atentos e mais
abertos para consumir aquilo que é nosso. Sem dúvida um café que tem
muita qualidade e não e por ser português, nem por estarem a apoiar várias
causas, mas sim por ser um produto de excelência.”
Fonte: autor
Os restantes participantes deram destaque aos vários lotes como Ruby, Diamond, Gold, são lotes
que não se encontram noutras marcas o que também torna a Delta especial e dá a possibilidade
ao consumidor de escolher vários sabores e texturas conforme os gostos de cada um.
Frases ilustrativas
Participante 3 “Por acaso, o que acho curioso, é que o café Delta tem vários lotes com
diferentes nomes como Diamond, Ruby, Gold, e não conheço outras marcas
que tenham esses vários lotes que se possam comercializar nos cafés e
bares.”
Participante 9 “Pela minha experiência, todas as marcas de café têm as suas gamas, lotes
maiores outros menores… Enquanto na Delta tenho mais escolhas, digamos
um mundo infinito de soluções de forma a satisfazer o cliente com qualidade
e com variedade. “
75
Participante 2 “Uma curiosidade é que mesmo aquele café mais barato da Delta é um café
muito saboroso, não perde a qualidade, e é aí que muitas vezes a Delta ganha
em relação a outras marcas porque, apesar do preço ser mais baixo a
qualidade mantém.
Participante 10 “Sempre que tomo um café eu sei sempre distinguir se é Delta ou não, seja
café diamante, gold ou até mesmo descafeinado, tem realmente um sabor
muito característico. “
Participante 4 “O meu café preferido sempre foi a gama Delta Diamante, desde os tempos
mais jovens até hoje, e por isso que eu acho que esta mediatização da marca
nas redes sociais ajudou, mas não nos podemos esquecer que a marca Delta
já esta implementada no mercado há muitos anos. Na Delta nunca tive um
problema de me acontecer beber um café “mal tirado”.”
Fonte: autor
Foi ainda mencionado pelo participante 9 que, por vezes, num lote haveria sempre um quilo que
oxidava e tornava o café mais fraco, e o participante 1 aproveitou este comentário para dizer que
um café que serve 10 cafés por dia tem maior probabilidade do café oxidar do que um
estabelecimento que sirva 100 e nisto a marca não tem culpa, deu até formação aos comerciantes
para que isto não aconteça. Acrescentou ainda que a Delta é uma marca especial não só pelo
café, mas também, por outros produtos de excelência que produz como vinho, azeite, chá, etc.
76
Isto demonstra uma constante preocupação da marca em que pretende dar formações para que
estes intermediários aprendam e sirvam o café com maior qualidade, pois muitas vezes, o
problema não é da matéria- prima mas sim de quem está a fazer o produto final.
Frases ilustrativas
Participante 2 “Houve um estudo realizado pela Delta, em que essa informação pois mais
tarde partilhada connosco, e nos foi dada formação para que a oxidação não
aconteça no café, e isso é muito importante, porque demonstra que a Delta
está preocupada e atenta. O queria também queria acrescentar é que, para
além do consumo de café, que eu uso diariamente, a Delta não se resume
apenas ao café, tem uma grande variedade de outros produtos, por exemplo
utilizo o azeite que é muito bom, vinhos, chás entre outros. E tudo com muita
qualidade.
Fonte: autor
Como já começava a ser introduzido por alguns participantes outras marcas de café e feitas
algumas comparações com a Delta foi pertinente também perceber a opinião dos participantes
sobre quando alguém fala em marcas de cafés, qual é a marca que vem logo à “cabeça”.
Curiosamente, tivemos uma grande diversidade de opiniões, os vários participantes falaram acerca
de várias marcas de cafés mas isso não significa que seja a sua preferida, apenas é uma marca
que conhecem bastante, podem até não consumir com regularidade mas está sempre muito
presente, por exemplo, através da publicidade e isto faz com que seja uma marca que está sempre
no pensamento.
A marca Nespresso foi uma marca muito falada pois é uma marca que está sempre muito presente
através da publicidade com figuras mundialmente conhecidas e isto desperta interesse no público
em geral, tal como referido através do participante 5, mas outros participantes falaram também
sobre algumas características que não agradavam tanto acerca da marca concorrente.
77
Frases ilustrativas
Participante 4 “Acho que a marca …baixou muito as vendas, devido ao facto de a produção
deles ter mudado de país, e muitos cafés que eu consumia dessa marca ,
mesmo de diferentes intensidades e sabores mudou, daí eu ter feito uma
reclamação no posto de vendas da Nespresso, e fui informado que realmente
já não era o único a queixar-me, por tudo isso acho perderam um pouco pelo
menos em Portugal.”
Participante 10 “Houve uma altura em que pensei seriamente em mudar para a Nespresso,
tudo por causa dos problemas que tive com a máquina da Delta, mas também
o feedback que ouvia da marca não era o melhor pelo que continuei com a
Delta.”
Fonte: autor
Ainda acerca desta marca concorrente, o participante 3 lançou uma perspetiva diferente na
escolha das marcas, este refere que a Nespresso é uma marca de estatuto, uma marca que só
alguns tem acesso e isso era visível logo nas lojas Nespresso, não é uma marca como a Delta que
é vendida em supermercados, o café Nespresso apenas era encontrado nas lojas desta marca, e
as lojas têm sempre uma linha clássica, elegante, o que cria uma sensação de charme para os
clientes, e claro, a grande aposta na publicidade, uma tema que também foi referido pelo
presidente de junta em que uma marca quando quer entrar num mercado novo, seja em Portugal
ou no estrangeiro, tem de entrar com uma grande aposta na publicidade, mas a publicidade tem
de ser de destaque para que não possa passar despercebida e para isso, as marcas muitas vezes
usam figuras conhecidas do grande público para que sejam facilmente reconhecidas e seja dada
atenção aquela publicidade, neste caso a Nespresso aliou-se ao ator mundialmente conhecido
George Clooney para lançar a marca em vários mercados.
78
Figura 35: Exemplo de publicidade da marca Nespresso
O desenhador de construção civil referiu que é um consumidor do café Sical, uma marca
inicialmente portuguesa, mas que mais tarde, foi adquirida pela Nestlé. No entanto, o descafeinado
é a bebida que mais consome em substituição do café, e sem dúvida, que a marca Delta é a sua
preferida em relação a descafeinados.
O gestor de produção falou ainda sobre uma diferente forma de a marca ficar na “cabeça” das
pessoas, através da oferta de brindes e da oferta de produtos. Foi dado como exemplo a Super
Bock que para fazer publicidade não oferece o produto, a cerveja, mas sim uma grande variedade
de brindes, optam pela publicidade através da imagem, e podemos observar a publicidade em
copos, porta chaves, mochilas, etc. Pelo oposto, existem outras marcas que apostam na
publicidade através do produto como no caso da Red Bull, é uma marca presente em vários
eventos nacionais e internacionais que oferece o próprio produto, e segundo este participante 3,
é uma atitude “de louvar porque não há melhor forma de tu provares o produto para saberes se
gostas ou não, e não através de brindes”.
Seguindo esta linha de raciocínio sobre a publicidade através do produto o participante 4 refere
que acha um excelente meio de publicidade a Delta enviar para a casa do cliente cápsulas de
oferta para que possa provar e conhecer o novo produto, uma ideia corroborada pela empregada
de limpeza que também recebeu em casa estas ofertas.
Frases ilustrativas
Participante 4 “É a tal questão de a Delta no meu caso, ter mandado para casa o próprio
produto, umas 3 ou 4 caixas de cápsulas de oferta, isso e uma excelente
forma de dar a conhecer o produto.”
Participante 10 “A primeira máquina que comprei ofereceram me em conjunto, 100 cápsulas,
certamente foi alguma campanha. Futuramente essa máquina avariou-me
passado poucos meses. Como estava na garantia fui trocar por outra mais
recente, mas infelizmente voltei a ter problemas e tornei a exercer a garantia
79
e trouxe outra igual a primeira que comprei. Trazia um cupão lá dentro da
caixa preenchi e enviei, passado algum tempo recebi mais algumas cápsulas
em casa de oferta.”
Fonte: autor
Para concluir este assunto acerca das diferentes marcas, o mecânico acrescentou ainda que “A
Delta é também uma embaixadora de Portugal, porque leva o nosso nome a outros países. O que
se ouve os estrangeiros falar é da Delta. Isto porque o que é bom em Portugal e o café e a
gastronomia. “, uma ideia também partilhada anteriormente pela participante 10 que afirmou que
em Portugal é que bebe um bom café, saboroso e intenso, ao contrário do que acontece no nosso
país vizinho, a Espanha, em que o café parece “cevada”, demonstrando que o café tem fraca
intensidade.
Foi introduzido um novo tema à discussão: a evolução da Delta ao longo do tempo. A marca Delta
foi fundada em 1961, tem 58 anos de existência, e naturalmente, perguntamos aos participantes
se era uma marca que os acompanha desde a infância e ainda se, a imagem da Delta tem vindo
a alterar-se ao longo dos anos.
Relativamente ao primeiro assunto, vários participantes afirmaram que a Delta era de facto, uma
marca que os acompanhou durante a infância, recordam que foram os seus pais quem
começaram a utilizar o café Delta e depois, mais tarde em adultos, eles próprios continuaram a
consumir esta marca porque realmente é uma marca de confiança. A Delta foi uma marca que
realmente marcou a diferença pois conseguiu ganhar poder de mercado numa altura em que as
marcas estrangeiras eram bastante valorizadas, tidas como marcas de qualidade e até melhor que
as portuguesas.
Frases ilustrativas
Participante 10 “Sim, já os nossos pais usavam produtos da marca Delta como por exemplo
a cevada.”
80
Participante 5 “Estes produtos como cevadas e cafés antigamente eram dominados por
marcas estrangeiras como a Nestlé. Mas a Delta foi a grande impulsionadora
para que se mudasse um bocado essa mentalidade que as marcas
espanholas e etc. é que tinham qualidade.”
Fonte: autor
Em relação ao segundo assunto sobre a evolução da marca Delta foi consensual a opinião que o
símbolo Delta tem sofrido, naturalmente, ao longo dos anos várias alterações, uma forma de se
modernizar e atualizar conforme as épocas, mas nunca perdendo o seu triângulo característico
Frases ilustrativas
Participante 3 “, a imagem da Delta tem vindo sempre a modernizar-se, acompanha a
modernização ao longo do tempo, mas o logótipo tem seguido sempre uma
linha, temos sempre presente o triângulo característico bem como as cores
da bandeira portuguesa como o verde, amarelo e vermelho.”
Participante 2 “Sim concordo que vai sempre se modernizando, mas nunca perde a sua
imagem característica, o que eu acho que é bom porque acaba sempre por
ser uma marca reconhecida, as pessoas associam sempre aquela imagem
do triângulo vermelho à marca Delta. Enquanto que noutras marcas, ao
mudarem de imagem radicalmente, faz com que o público muitas vezes já
nem reconheça a marca.”
Participante 4 “Mas eu até gosto mais da nova imagem da Delta, mais simples, sem aquele
quadrado verde a fazer de fundo, acho que esta é mais chamativa, ser só um
triângulo vermelho com letras amarelas porque o verde já não era uma cor
tão chamativa, e afastava um bocado a atenção.”
Fonte: autor
O participante 1 levou este tema da imagem da Delta mais adiante, ao afirmar que sempre que
vemos este triângulo vermelho, associamos sempre a marca, e para ilustrar a sua afirmação, deu
como exemplo uma viagem na autoestrada para Lisboa, onde são visíveis vários cartazes sobre a
marca Delta, e só o simples facto de vermos o logótipo, o triângulo vermelho associámos à Delta,
81
já quase que nem precisamos de ler o resto, é uma publicidade que fica na nossa memória, que
é um dos objetivos de um bom logótipo: de boa e fácil memorização para que as pessoas se
lembrem deles em qualquer momento.
O participante 7 falou ainda sobre a experiência como jovem em que por vezes os mais jovens
estão distraídos com estas marcas antigas, familiares, mas a Delta, consegue ser uma exceção e
é uma marca facilmente reconhecida por todos os portugueses, até os mais jovens distraídos. É
também uma marca com uma “imagem moderna, fácil de distinguir, apesar de se ter modernizado
é uma marca que tem aquela forma tão característica.” Em suma, a Delta é uma marca facilmente
reconhecida, ainda mais através do seu logótipo com o triângulo e cores vivas e quentes, fazendo
até lembrar as cores das savanas de África de onde vem grande parte do café.
O logótipo com o triângulo é uma clara menção à quarta letra do alfabeto grego: delta, que é
representado por um triângulo, tal como o símbolo da marca Delta que tem 3 lados simbolizando
3 forças: empresa, colaboradores e clientes, que é representado ainda pelas cores da bandeira
portuguesa o que cria uma relação mais emocional e íntima com os portugueses.
Este foi o primeiro logótipo criado pelo Comendador rui Nabeiro para a
Delta. Apresentava-se numa linha simples, mas já com cores características
com o triângulo vermelho e as letras em amarelo numa clara sobreposição,
dando destaque ao nome da marca.
82
Em 2000, surgiu uma nova alteração mantendo novamente o quadrado
com triângulo sobreposto, mas com novidades subtis como o amarelo
aparece em volta do triângulo e as letras tornam-se mais atuais e de cor
branca.
Depois de rever um pouco a história e a evolução da marca, foi questionado sobre o processo de
internacionalização da Delta, a empresa tem vindo a sofrer um processo de internacionalização
cada vez mais forte com ligações diretas e ligações indiretas, por isso foi questionado a opinião
acerca desta aposta de internacionalização para o crescimento sustentável da organização.
Frases ilustrativas
Participante 3 “É natural, o querer chegar a novos mercados é natural, uma empresa
crescer, sendo líder e tendo uma estrutura e é líder num mercado, é um
processo natural querer chegar a outros mercados. Hoje em dia no mundo
em que vivemos…”
Participante 4 “No nosso mercado nacional, é pequeno, por outro lado, lá fora não faltam
portugueses espalhados pelo mundo para divulgar a marca e eles próprios
conhecem a marca e divulgam nos países onde estão.”
Fonte: autor
O que também merece destaque é o facto de o café Delta ter conseguido entrar num mercado
difícil como o mercado do Brasil, apesar de ser um grande país quer em termos de área quer em
termos populacionais, é também um país com uma grande produção de café e até mesmo nos
países vizinhos, no entanto é o segundo maior país de consumo do café no mundo, o que mostra
que existe mercado para se poder crescer. A Delta em 2012, lançou-se no mercado brasileiro no
centro comercial de Vitória, no estado do Espírito Santo, cidade onde a Delta é a maior vendedora
de cafés em cápsulas, ou monodoses, uma ideia muito bem recebida neste mercado, a Delta
neste país apostou de duas formas: a abertura de lojas próprias em locais estratégicos como
aeroportos e através de franchising numa parceria com a Eurobrasil que detém a exploração em
bares, hotéis e restaurantes. E acabou por se mostrar uma aposta certa pois é um mercado que
não pára de crescer e consequentemente, a abertura de novas lojas com a marca própria Delta
Q, tal como Rui Miguel Nabeiro afirmou: “Somos cada vez mais uma empresa e marca de
referência na comercialização de café no mercado brasileiro”
Uma prova deste crescimento é que já está presente em vários pontos de venda e supermercados
no estado de São Paulo e tal como os participantes dizem pode sempre ir tomar um café num
estabelecimento que venda café Delta porque sabe que vai ser um café com qualidade.
84
Tabela 22- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco
Frases ilustrativas
Participante 2 “Na minha opinião, conseguir entrar no mercado do Brasil que é um grande
produtor de café e esta marca conseguir chegar lá, penso que é uma grande
conquista.”
Participante 1 “Eu sou uma das pessoas que posso dizer que tomei café Delta no Brasil...
Para mim foi um bocado chocante, pois sendo um país e até com vários
países vizinhos com produções de café muito grandes, por exemplo,
Venezuela que exportam o café, e a Delta entrar nesse mercado não é fácil
mas é de louvar, e vai de encontro ao que o participante 4 disse, muitos dos
portugueses que estão lá fora acabam por ver uma marca portuguesa e que
pode ser consumida, a pessoa até pode dizer: “neste país o café é fraco”,
mas se vir o café da Delta, vai lá porque sabe que ali vai tomar um bom café
e então isso é de louvar.”
Fonte: autor
Para ilustrar ainda melhor estes processos de internacionalização de marcas portuguesas o gestor
de produção deu um contributo exemplificado com a marca Paladin que se inicia em 1982, uma
marca tal como a Delta familiar, mas que aqui em Portugal tinha dificuldades em se destacar no
mercado, então em 2000, a empresa Mendes e Gonçalves comprou a marca Paladin e em 2013,
relançou-a muito virada também para um processo de internacionalização da empresa, muito
virada para mercados como o médio oriente onde é um mercado com poder de crescimento pois
consomem bastantes molhos e, mesmo em Portugal, adotou uma postura bastante diferente, com
uma imagem mais marcante, como “ketchup à portuguesa”, mas também um grande
investimento em molhos com sabores diferentes e claro, uma grande aposta na publicidade.
85
Frases ilustrativas
Participante 3 “Conheço o caso da Paladin, uma marca portuguesa também que já existe
há vários anos, é uma marca antiga aqui em Portugal, só há alguns anos atrás
é que houve o “boom” da Paladin, por causa da neta do fundador, entrou na
empresa, e mudou a estrutura, “nós somos uma população que consome
molhos?, então vamos vocacionar o nosso mercado para consumidores de
molhos, para países do médio oriente” (pensamento da gestora da empresa)
e estes países do médio oriente colocam molhos em tudo, em que há um
mercado muito maior e a Paladin cresceu imenso depois do processo de
internacionalização, depois de se terem virado para países que são grandes
consumidores, e depois de ter crescido fora, começa então a crescer em
Portugal, pois tem fundo de maneio para que possa fazer uma aposta na
publicidade e que começou a resultar.”
Fonte: autor
Podemos verificar que a Paladin e a Delta têm vários pontos em comum: os seus fundadores vêm
de origens humildes, sem grandes fortunas para investir, são empresas que se orgulham de
trabalhar no interior de Portugal, na Golegã e em Campo Maior, ambas apostam na
internacionalização como ponto de parida para o crescimento de vendas cada vez maior, e são
empresas que se preocupam com o bem- estar dos seus colaboradores, empresas com grande
sustentabilidade, e um modelo pra outras seguir.
Atualmente, a sustentabilidade ambiental tem de ser uma constante preocupação para empresas
de grande dimensão com a Delta, pois todos juntos temos de fazer a diferença, e estas grandes
empresas têm o dever de dar o seu exemplo através da sustentabilidade. Então foi colocada a
questão que a marca Delta tem uma preocupação com as questões de sustentabilidade ambiental
e, recentemente, até lançou a sua primeira cápsula de café 100% biodegradável, se os
participantes concordavam com estas medidas e achavam viáveis a longo prazo, e como será a
aderência do público a estas iniciativas.
86
De um modo geral, todos concordaram que sem dúvida é urgente e fundamental que cada vez
mais as empresas adotem estas medidas de sustentabilidade, mais aprofundadamente os
participantes 6 e 8 afirmam que é necessário tomar estas medidas para que as gerações vindouras
passam usufruir do planeta Terra tal como nós, pois as empresas necessitam de consumidores e
se não houver consumidores, população, não há vendas, por isso é que as empresas têm de
adotar uma postura de sustentabilidade ambiental, através do controlo de desperdícios, deitar lixo
para o ambiente, é urgente cuidar do nosso planeta.
Acerca da temática desperdício a participante 2 lançou a sua opinião sobre o desperdício que
todos nós fazemos com as cápsulas de café usadas ao lançar para o lixo depois de serem usadas
durante uns segundos numa única vez.
Frases ilustrativas
Participante 3 “Eu não sei se vou dizer alguma asneira, mas uma coisa que me fazia imensa
confusão é que em casa eu tenho a máquina Delta Q, e em casa faço
reciclagem de tudo o que é possível reciclar, e fazia-me imensa confusão não
poder reciclar as cápsulas de café e na altura quando comprei a máquina foi
dito que as cápsulas não eram possível reciclar, mas eu insistia em mandar
para a reciclagem porque para mim não conseguia estar a mandar todo
aquele desperdício fora, também não sei o que faziam a isso depois, mas
também era de certa forma, um avisa de que era urgente fazerem alguma
coisa em relação a isso, porque a quantidade de cápsulas que iam para o lixo
era uma coisa absurda e não se compreende, daí a urgência de todas as
marcas, não só a Delta, de verem muito bem essa parte da sustentabilidade
e a forma como estamos a gastar e consumir o plástico é mesmo absurda, o
consumo, o lixo que fazemos. Quem faz a separação do lixo para reciclagem
é que tem a noção do quanto diariamente se faz lixo, e isto é muito importante.
Agora não sei se é possível reciclar as cápsulas porque mudei de máquina e
não sei se agora é possível, mas todas as marcas deviam pensar nisso.”
Fonte: autor
87
Os participantes ficaram pensativos neste tema pois todos nós fazíamos este tipo de desperdício
e realmente quando as cápsulas foram lançadas em várias marcas, inicialmente não havia um
plano sobre como podíamos reutilizar ou reciclar pois não eram aceites nos ecopontos. No entanto,
hoje em dia as empresas felizmente ficaram mais sensibilizadas com este assunto e tentaram
resolver de várias formas tal como o participante 4 disse que agora é possível reciclar ou pelo
menos existem vários pontos de recolha em supermercados para a recolha de cápsulas, um
comentário que a participante 2 agradeceu a informação, pois criava uma grande confusão não
dar uma nova vida às cápsulas. Por outro lado, o participante lançou uma crítica construtiva ao
afirmar que esses pontos de recolha deveriam estar junto aos ecopontos, para não termos de nos
deslocar tão longe para depositar as cápsulas, pois esse ponto de recolha pode estar a 10
quilómetros de distância o que cria um entrave.
Os participantes comentaram ainda as várias utilidades da borra do café, numa forma de reutilizar
o produto como por exemplo, a borra, segundo os participantes 2, 9 e 4 são um ótimo esfoliante,
é natural e estás a ajudar o meio ambiente. O participante 6 acrescentou ainda que em
determinados estabelecimentos comerciais existe também uma recolha para a borra do café
efetuada pelas marcas produtoras do café e também a borra do café é um excelente fertilizante
para as hortinhas e também para a produção de cogumelos.
Para que se pudesse explorar esta ideia dada pelo participante 6 o moderador aprofundou esta
matéria ao dar o exemplo que a Delta lançou esta linha 100% biodegradável, não estamos só a
falar da cápsula, mas também do café que está na cápsula apenas 1% é usado realmente, e para
que não haja este desperdício até a Delta já conta com uma parceria com uma startup portuguesa
produtora de cogumelos para fornecer esta matéria-prima e assim, também reciclar, ao utilizar
este fertilizante natural nos cogumelos, e assim os participantes dão a sua opinião sobre desta
parceria.
Os participantes 2 e 3 afirmaram que estas preocupações ambientais são sem dúvida uma mais
valia e interessante estas novas parcerias da Delta com startups, pois estas grandes marcas têm
esta responsabilidade de iniciar uma política de redução do plástico e reutilizar estes produtos. Os
participantes 1 e 7 aprofundaram ainda mais este tema em relação ao plástico ao alertar para um
uso abusivo deste tipo de componente.
88
Tabela 25- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco
Frases ilustrativas
Participante 1 “Até porque o uso do plástico hoje é excessivo, um absurdo, e acaba por ter
uma grande vantagem uma grande empresa como a Delta tomar a iniciativa
de ter essa opção e mostrar aos portugueses e ao mundo inteiro, que
podemos fazer melhor do que estamos a fazer atualmente.”
Participante 7 “No meu caso que sou ainda um jovem, preocupo-me bastante com o gasto
excessivo do plástico, e acredito que a juventude de hoje em dia, no geral se
preocupe bastante com a sustentabilidade ambiental, pelo menos nos nossos
dias o problema ambiental que estamos a sofrer neste momento é visível e
se continuarmos como temos continuado até aqui isto vai acabar por chegar
a algo preocupante, e já é, e podemos não ser capazes de lidar com isso ou
de reverter a situação. Portanto, a sustentabilidade é um caminho que se deve
seguir para o bem de todos nós.”
Fonte: autor
O participante 3 deu ainda como exemplo do uso excessivo do plástico, o rio Pasig, nas Filipinas
que foi considerado um rio morto sem ecossistema porque as águas estão cobertas de plástico, e
a técnica de diagnóstico em radiologia, num ato de reflexão sobre este tema, falou sobre um ato
tão banal no dia a dia como cozinhar o jantar a quantidade de plástico que se usa e desperdiça é
impressionante e por isso devíamos fazer alguma coisa para mudar isto. O participante 6
acrescentou ainda que para que nós fossemos pessoas sustentáveis deveríamos mudar muita
coisa das nossas rotinas e isso vai custar muito, mas é inevitável.
89
Figura 37: Criança a boiar sobre um colchão nas águas do rio Pasig
Os participantes de uma maneira geral, afirmaram que tentam ser indivíduos responsáveis, mas
neste momento, não conseguem, aliás, ninguém consegue ser 100% responsável, o participante
5 concorda, mas afirma que podemos minimizar o problema ao colocar o lixo reciclável nos
ecopontos por exemplo. O desenhador de construção civil lançou um assunto interessante e
curioso, a forma como a reciclagem é encarada nas aldeias e nas cidades, parece que nas aldeias
existe uma maior consciência ambiental, talvez por estar em maior contacto com a natureza e lhe
dar a devida importância, e a participante 4 lembra ainda que nas cidades existe um maior stress,
parece que nunca temos tempo para tudo e por isso nem se lembram destas questões ambientais
o que é mau.
Frases ilustrativas
Participante 6 “O problema não está nas aldeias, acho que o grande problema está nas
grandes cidades, pelo que eu vejo as pessoas nas aldeias fazem mais
reciclagem do que as pessoas na cidade, acho que nas aldeias as pessoas
têm mais consciência com o ambiente porque precisam da Terra, o que fico
mesmo surpreendido é ver idosos que fazem a reciclagem e de forma correta
nas aldeias, e com certeza não aprenderam isso na escola, mas quiseram
aprender, através da televisão ou com os netos por exemplo, a importância
da reciclagem e isso é muito bom.”
Fonte: autor
O participante 5 vai mais longe e diz que pensarmos que somos uns indivíduos socialmente
responsáveis é um problema, porque muitas vezes, “nós limitamo-nos a colocar o lixo na
reciclagem e achamos que a partir daí não temos mais a fazer, já não é nossa responsabilidade.”
90
No entanto, tal como diz o participante 6 o problema não está em fazer a reciclagem, mas sim em
tentar reduzir o excesso de consumo de produtos, o problema é este consumismo desenfreado
que vivemos. O presidente de junta , concorda em reduzir mas isso seria numa segunda fase, a
primeira fase que todos nós devemos começar a fazer é a reciclar e reutilizar, daqui parte a
educação para ajudar o meio ambiente e será mais fácil fazer o resto, pois não importa as
empresas terem uma noção de redução do plástico se depois cada um de nós não fizer a
reciclagem desse plástico, portanto antes de reduzir devemos todos nos consciencializar deste
problema e começara reciclar e reutilizar.
Frases ilustrativas
Participante 6 “Isso será numa segunda fase, na primeira fase efetivamente é que não
interessa, por exemplo, a Delta criar umas cápsulas mais pequenas porque
vai reduzir o consumo de plástico se tu, nós, o cidadão não coloca o produto
no sítio certo da reciclagem. A quantidade é importantíssima… Portanto,
atualmente a forma como nós utilizamos, a quantidade que utilizamos é um
bocadinho isto. Eu concordo quando dizemos que nós temos de reduzir, mas
efetivamente, nesta primeira fase é preciso chegar às pessoas e dizer que é
muito importante reutilizar, no fundo consciencializar, porque se nós
reutilizamos já estamos educados e a seguir vem o resto. Porque se nós não
temos este tipo de consciência, se não nos preocuparmos que a garrafa de
água que bebemos a seguir colocar no ecoponto no sítio certo, não estamos
preocupados se é maior ou mais pequena, ou seja, se o consumo de plástico
é maior ou menor.”
Fonte: autor
91
Figura 38: Mensagens de alerta sobre dúvidas na reciclagem, uma parceria da Delta com a
sociedade Ponto Verde
Fonte: Portal Alentejano
O que alguns participantes também afiançaram é que a redução de consumo e de desperdício
não pode acontecer só no plástico, é também necessário nos produtos de consumo, para evitar
uma plantação intensiva, sem necessidade que gera desperdício, portanto temos de arranjar
formas criativas de reciclar e reutilizar como descrito nos exemplos abaixo.
Frases ilustrativas
Participante 6 “Na questão, da origem, se houvesse uma redução das cápsulas de café não
haveria tanta produção nem tento consumismo, não seria uma plantação de
cultura intensiva, o problema não é só o consumo de plástico é também isto
a vida, as árvores, as plantações que estão a ficar todas afetadas e saturadas
porque existe um consumo excessivo.”
Participante 2 “Eu queria só acrescentar que este papel da Delta em todo o produto é
aproveitado, o importante é chegarmos a um ponto em que temos todas as
marcas do mercado em que podemos reciclar a embalagem e todo o produto
noutras situações, seja em produtos cosméticos, que hoje em dia, existem
pessoas que usam a borra do café como esfoliante em vez de comprar um
esfoliante no supermercado, se utilizarmos isto já é menos um produto que
compramos e desperdiçamos.”
Participante 5 “Nós temos que perceber é como é medido o valor daquilo que consumimos,
se é medido naquilo que é vendido à população ou se é medido conforme
aquilo que sai das fábricas. Um dos exemplos de grande consumo são a
quantidade de produtos que temos nas prateleiras de supermercado que vão
esgotar o prazo de validade e vão ser retirados… quando falamos efetivamente
em reduzir é naquilo que o comércio exige dos produtores pois nós não
gostamos de ir a supermercados em que têm as prateleiras vazias pois
ficamos com má impressão e por isso, a política é encher de produtos. Temos
o caso do pão que existe um desperdício enorme diariamente.”
92
Fonte: autor
Este tipo de políticas de consumo excessivo, e realmente um problema tal como diz o participante
1 que existe tantos produtos uma variedade de produção que já nem existem consumidores para
tudo o que é gerado e por isso, as empresas vão sempre criando novos produtos para manter o
desejo de consumo. Por isso, as escolas têm um papel muito importante ao implementar estas
ideias de reciclar e reduzir nos mais novos pois são eles que vão fazer a diferença e ter um real
interesse nestas questões ambientais como já se começa a ver através de manifestações de
adolescentes sobre as questões ambientais.
Importa ainda salientar sobre esta questão que o participante 1 lançou em que “as empresas têm
de arranjar uma alternativa para que o consumo não quebre, mas a nível ambiental seja
sustentável.” E o participante 2 eu como exemplo o caso da Delta através das cápsulas
biodegradáveis e têm um prazo de validade razoável de 90 dias, o que é de certa forma um risco
caso não seja consumido é considerado desperdício, mas mesmo assim, não causa tanto impacto
ambiental. No entanto uma sugestão que foi deixada pelo participante 2 é que se esta gama bio
fosse mais barata ou com o preço igual às restantes cápsulas Delta, a consciência da Delta e do
consumidor mudaria.
Todos os participantes afirmaram que sim de facto a sua posição com a marca altera-se e o
participante 3 afirma ainda que, nós portugueses, somos exímios nesta consciência social e ajudar
o próximo, situação que até levou a alguns risos entre os participantes, por todos concordarem. O
participante 6 chamou a atenção que por vezes as marcas associam-se a causas sociais para que
possam tirar proveito disso, pois conhecem esta consciência social dos portugueses, ao que a
participante 10 diz que no fundo é também uma forma de marketing e que muitas vezes se resume
a isto. O presidente de junta concorda que por vezes possa ser uma manobra de marketing ou
tirar partido disto pois o Estado incentiva este tipo de ações, pois “qualquer empresa, coletiva ou
93
individual, através de um donativo a uma fundação ou associação, consegue que esse valor seja
depois deduzido ao valor a pagar em impostos, isto também tem um pouco de interesse para
eles.” O participante 3 dá como exemplo de empresas por vezes oportunistas que se associam
aos bombeiros para que possam ver esse valor deduzido em impostos e, ao mesmo tempo, ser
vista como uma empresa socialmente responsável. O participante 5 dá como exemplo a Delta,
uma empresa com um verdadeiro sentido de responsabilidade social, e a evolução temporal e
cultural em que há muito tempo atrás o café estava associado à escravatura e hoje em dia são os
que ajudam em causas sociais.
Frases ilustrativas
Participante 3 “Nesta altura tem muitas empresas que se associam aos bombeiros, se
calhar algumas nem tem muita vontade de se associar mas precisam disso
para que no final do ano seja deduzido o valor nos impostos a pagar.”
Participante 5 “No caso da Delta, a marca tem uma forte vertente social, está muito
direcionada para o apoio social. O que é curioso é que o café há séculos atrás
estava associado à escravatura e hoje em dia consegue-se ver, através destas
atitudes, os mais atentos a política das empresas: no passado usavam o
trabalho escravo e hoje, com a evolução da sociedade, já são aqueles que
mais ajudam as causas os que mais ajudam os desfavorecidos, isto é sem
dúvida, uma evolução saudável e consegue-se aprender muito com isto.”
Fonte: autor
Uma das formas se ser socialmente responsável é alertando para problemas globais na sociedade
e assim, foi lançada a questão pelo moderador em que um dos exemplos de campanhas
publicitárias são os pacotes de açúcar que desde 2015 contêm exemplos de campanhas alertando
para questões globais como bullying, tráfico de seres humanos, segurança na net, etc. será que
existe de facto um impacto através destas campanhas? Será que podem marcar a diferença e
mudar mentalidades?
94
Os participantes ficaram um pouco divididos quanto à eficácia destas campanhas nos pacotes de
açúcar, o participante 2 acredita que não chega este tipo de campanhas pois as pessoas
consomem cada vez menos açúcar e não acredita que seja a melhor forma de chegar ao público,
um contrassenso até porque existem outras campanhas a favor da redução de açúcar por isso
este temas tão sérios não deviam estar ligados aos pacotinhos, , mas como a própria afirma, ao
estar ligada ao ramo da saúde tem sempre esta preocupação sobre os excessos. O participante
3, por outro lado, acredita que este tipo de campanhas é sempre uma mais valia pois na compra
do café é sempre oferecido o pacotinho de açúcar e as pessoas nem que seja por curiosidade,
lêem sempre, e acrescenta ainda que é sempre melhor ter este tipo de campanhas ou alertas
para a sociedade do que anedotas ou adivinhas. O participante 5 salientou qual deveria ser a
quantidade de pessoas que mudamos para ser considerado um sucesso, podem ser duas ou três
ou para outros dez ou vinte, o qual toda a gente concordou que se mudarmos duas ou três pessoas
já é um sucesso.
Frases ilustrativas
Participante 5 “Eu concordo com a participante 2, relativamente à eficácia dessas
companhas ou até que ponto essas campanhas possam ser eficazes, mas se
mudarmos duas ou três pessoas para mim já é um sucesso. Eu também
acredito que neste mundo existe muita gente que se senta no café e passa lá
muito mais tempo do que nós e acaba sempre por ler a publicidade e onde
foi feito.”
Fonte: autor
Para que fosse mais percetível para alguns participantes, o moderador interveio ao dizer que estes
tipos de campanhas têm por base a ilustração, por vezes contêm imagens de, por exemplo, no
caso da violência doméstica podemos ver uma mulher maltratada.
O gestor de produção acredita que este tipo de campanhas é um alerta no fundo, no entanto, o
participante 6 acha que este tipo de informação não muda mentalidades, alerta que para quem é
dirigido estas campanhas, por exemplo, os agressores no caso de violência doméstica, vão ver a
mensagem e pensar que são um deles, mas não vão mudar a sua atitude, temos é de dirigir este
95
tipo de mensagens para o público em geral mudar a sua mentalidade como os ditados populares
“entre marido e mulher não se mete a colher”, mudar para “denuncie estes atos de violência, é
um dever cívico”, estes tipo de mensagens é que seriam uma campanha de alerta segundo este
participante. No entanto, temos sempre de destacar os aspetos positivos deste tipo de ações pois,
segundo o participante 5 estas campanhas mudam sempre mentalidades, devemos olhar para a
parte positiva das campanhas, porque as mensagens são sempre importantes.
Frases ilustrativas
Participante 6 “Na minha opinião, esse tipo de imagens é mais do cariz informativo, mas
não muda mentalidades”, pois, “se alguém é um agressor, pratica violência
doméstica e olha para o pacote e pensa: “eu sou um deles”, mas não faz
nada para mudar a sua atitude. No entanto, “se tivesse lá a mensagem
“Violência doméstica: é um dever cívico denunciar”, isso sim é que seria uma
campanha de alerta.”
Participante 5 “O facto de ter uma imagem, por exemplo, nos maços de tabaco não é olhar
para a imagem, ou para a mensagem que tem escrita e pensares “vou deixar
de fumar porque também vou ficar assim”, não é essa a mensagem, é sim
mais uma vez que ouviste, olhaste para aquilo, que leste aquela mensagem
e a ideia deste tipo de mensagens é não deixar morrer este tipo de
pensamentos como o básico “fumar mata”, este tipo de publicidade não
funciona tanto só de olhar pela primeira vez, mas sim de se ouvir falar e ler
tantas vezes, falar cada vez mais destes malefícios para mudar consciências.
Fonte: autor
96
Figura 39: Exemplos da campanha “Muda de Curso”
Esta campanha “Muda de Curso- Violência no namoro não é para ti”, foi lançada pelo governo, no
início do ano letivo 2016/ 2017, na festa da receção ao caloiro na Universidade do Minho, em
Guimarães, que mais tarde, contou com a parceria das associações académicas das
universidades, para alertar sobre este problema social pois os agressores não se iniciam aos 40
anos mas sim nestas idades, o início da vida adulta e temos de mudar mentalidades em relação
a este tipo de violência que acontece e muitas vezes é desvalorizada, e falar sobre a violência no
namoro é desmascarar a violência, deixando de ser um assunto tabu. Mais tarde, quase no final
da campanha lançada pelo governo, a 23 de maio, a Delta decidiu dar continuidade a esta
campanha, e lançou, com a parceria do governo, vários pacotes de açúcar com mensagens
alertando para este tipo de violência.
No que toca a responsabilidade social, a Delta é das empresas portuguesas que mais contribui
para causas de cariz social, o que vai de encontro à próxima questão colocada pelo moderador
em que afirma que a Delta tem um forte cariz social apoiando diversas ações de responsabilidade
social ou até criando as suas próprias ações, por exemplo, apoiar os seniores no envelhecimento
ativo, através da associação Coração Delta que ajuda jovens na educação, higiene oral, o banco
de roupa. Oque acham destas ações sociais? Serão suficientes?
97
O participante 2 concorda que a Delta tem um grande impacto social e todas as marcas deveriam
ter esta consciência como a Delta, se assim fosse conseguia-se fazer muitas mais ações de
responsabilidade social e mais pessoas seriam ajudadas. Mais no caso interno, com os seus
colaboradores, a Delta é uma empresa pioneira em fazer os seus funcionários felizes, tal como
afirma o participante 2 e 3, e é também um exemplo para outras empresas, a base do sucesso
de uma empresa está na motivação dos seus colaboradores. O presidente de junta demonstrou a
sua opinião relativamente a estas ações da Delta, uma das grandes diferenças em relação às
outras empresas é a forma como tratam os seus colaboradores, “o trabalhador conta”, apesar
das várias campanhas feitas a nível local e com grande importância, na verdade, estas são as que
têm mais impacto.
Frases ilustrativas
Participante 5 “Em relação às ações de responsabilidade social da Delta o que mais me
tocou a mim, diretamente, nós que estamos longe é o facto de eu saber que
nessa empresa o trabalhador conta. E isto, na minha opinião, foi a base de
quando se começou a falar do Comendador Nabeiro e da sua empresa, a
Delta, porque quando ouvimos na televisão, nos jornais ou na publicidade que
determinado patrão trata bem os seus colaboradores é o veículo melhor que
existe para a publicidade pois nós todos somos funcionários de alguém.
Obviamente que podemos ouvir falar deste tipo de ações como as consultas
pagas ao dentista, mas não tem tanto impacto, tem impacto apenas para
aqueles que vão usufruir. Mas uma pessoa em Trás-os-Montes ouvir falar de
uma empresa que paga bem e que trata bem os seus funcionários, para
aquela empresa isso é sempre uma mais-valia e nós retemos com maior
facilidade essa informação. Mas nós todos os dias temos de trabalhar, temos
de lidar com os nossos colegas, com o nosso patrão ou a pessoa que está
indicada para gerir a empresa, a forma da empresa gerir as pessoas, na
98
minha opinião, é aquilo que mais fica no ouvido é que na Delta as pessoas
contam que os gerentes ou patrão se preocupam com os colaboradores.”
Fonte: autor
Ainda sobre este assunto, afirma que, para si próprio estas questões de tratar os colaboradores
com justiça e dignidade é muito importante, e dá como exemplo duas cadeias de supermercados
bastante diferentes em que uma trata mal os funcionários, dão horas extras não remuneradas e
outro em que recebem salários acima da média nestas funções, recebem horas extras e têm
flexibilidade para trocar folgas. Segundo este participante temos todos de pensar em qual vamos
fazer compras e ajudar pois não podemos compactuar co este tipo de exploração laboral e
continuar a enriquecer quem não merece. E liga tudo isto à marca Delta, onde afirma que a Delta
é uma empresa com sucesso porque é uma marca que se preocupa com as pessoas e
colaboradores, e por isso, os consumidores gostam da marca e têm um carinho por ela.
Foi dado também como exemplo pelo participante 1, os incêndios que devastaram o país em
2017, em que uma vez mais a Delta também não ficou indiferente e se associou à causa.
Frases ilustrativas
Participante 1
“A Delta acaba por também estar sempre ligada a causas sociais, lembro-me,
por exemplo, dos incêndios do ano passado que foi mais uma das causas a
que a Delta se associou ao ajudar a reconstruir casas e isso acaba por ser
vantajoso numa altura trágica como o caso dos incêndios, a imagem que fica
sempre é uma boa imagem da empresa,… é claro que isto dá sempre uma
boa imagem e mais ainda quando passa na televisão que aquela empresa
está associada com a causa, os milhares de espetadores que estão a ver
ficam também sensibilizados com a ação daquela empresa.”
Fonte: autor
99
O gestor de produção disse que uma empresa que com este tipo de ajuda causa mais impacto,
mas existem muitas outras que o fazem sem querer a publicidade, tal como aconteceu na sua
empresa com a recolha de bens para Pedrógão Grande, local de marca destes incêndios. No
entanto, segundo o participante 1, quando uma empresa grande como a Delta se associa a estas
causas dificilmente não recebe atenção, e no final, tudo isto tem impacto na publicidade pois
quando se pensar quais foram as empresas que se associaram à marca, penamos logo na Delta.
O que acaba por criar empatia com as pessoas e o feedback sobre a empresa será positivo,
segundo o participante 3.
Esta campanha é um dos muitos exemplos que a Delta se associa, em conjunto com outras
grandes empresas, na ajuda do combate aos fogo neste período crítico entre julho a setembro, e
está concentrada nos atos negligentes, uma campanha usada já há vários anos como, por
exemplo, na distribuição de pacotes de açúcar com frases e figuras de sensibilização a ações de
risco nas florestas.
Para que este assunto ficasse esclarecido e concluído, o moderador questionou se todos
concordavam que a empresa ao ajudar nestas causas sociais também valorizava a imagem da
empresa, ao que todos responderam que sim concordavam sem qualquer hesitação, seria uma
espécie de acordo em que todos ganham, a empresa ao ajudar fica bem- vista perante a população
e as pessoas porque são ajudadas numa altura de necessidade.
100
5.1.10. Recomendações para a empresa Delta
O participante 1, começou por lançar uma crítica construtiva para melhorar o seu serviço, pois
como tem um estabelecimento comercial, tem de lidar com estas questões como a dificuldade
em colocar um toldo no café. Ao que o participante 5 respondeu que uma empresa com esta
dimensão deve ter uma razão para que o apoio técnico deva estar centralizado, tal como existem
os vários departamentos comerciais espalhados pelo país, mas isto tudo são informações que não
chegam ao público em geral e por isso nem todos têm o acesso a resposta a esta recomendação.
Frases ilustrativas
Participante 5 “… A Delta para colocar um simples toldo num café, vem uma equipa técnica
de Campo Maior até ao norte, neste caso a Guimarães, por exemplo, se um
toldo se rasgar vem a equipa ao café para tirar as medidas necessárias, vão
novamente a Campo Maior para fazer o toldo e voltam outra vez para o
colocar, e eu acho que nisso a Delta está a falhar. Podiam mandar fazer isso
a uma empresa cá do norte para que não houvesse tantas deslocações e
acabaria por ser um processo mais rápido.”
Fonte: autor
O participante 6 deu a sugestão que deveriam apostar em dar amostras dos produtos aos clientes,
para que estes possam experimentar novos sabores, ao que a participante 10 disse que isso já
tinha acontecido consigo, pois mandaram para casa, sem pedir nada, cápsulas para experimentar,
apenas porque estava registada como Cliente Delta, o que vai de encontro ao pensamento do
participante 3 em que se pedisse a Delta amostras de sabores porque tem receio de experimentar,
a Delta com certeza mandava amostras.
A participante 2 gostaria de experimentar novos produtos da Delta, não só o café, mas também o
azeite e vinhos por exemplo
101
Tabela 35- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco
Frases ilustrativas
Participante 5
“Eu por acaso ainda não provei o azeite Delta, ou azeite Adega Mayor,
portanto a imagem da Delta ainda está muito ligada ao café e acho que se
deviam desvincular um bocado dessa parte e publicitar esses novos produtos
como o azeite, vinagre e os vinhos, e quem sabe, dar amostras gratuitas, por
exemplo na compra de uma embalagem de café Delta dar uma pequena
amostra desses novos produtos, para que o consumidor possa experimentar
e pode gostar e passar também a consumir esses produtos.”
Fonte: autor
Todos estes produtos pertencem ao grande grupo da empresa Rui Nabeiro, mas ainda não são
muito conhecidos ou divulgados, e a empresa deveria apostar mais na divulgação destes novos
produtos. Tal como afirma o gerente de bar deveria ser colocado à venda em mais pontos de
venda acessíveis, como por exemplo o azeite e comercializados em pequenas doses, no seu café
utiliza grandes quantidades de azeite e tremoços, por exemplo, que vêm em baldes brandes, o
que não dá para consumo doméstico. Este gerente teve conhecimento dos novos produtos através
do comerciante da Delta e, assim, cabe ao dono do estabelecimento quere arriscar e experimentar
os novos produtos, e arriscou, pois, a Delta é uma marca com grande qualidade, e por isso, os
restantes produtos, também o deveriam ser por princípio. No entanto, concorda com o participante
2 em que deveria ser dado a conhecer mais produtos sem ser o café, através de amostras. E,
apresar de tudo, a Delta também começa a apostar na demonstração dos produtos através de
grandes eventos como, por exemplo, a Delta esteve presente no Festival da Comida Continente,
era uma excelente oportunidade de lançar e dar a conhecer novos produtos, no entanto, ainda
estava muito focada no café.
Frases ilustrativas
Participante 5 “Devia apostar mais também na divulgação através destas feiras, seria uma
boa oportunidade. Por exemplo estamos a pensar nos produtos como vinho e
102
azeite, mas recentemente, lançaram outros produtos como o Croffee aquela
barra de cereais energética com café ou o café frio que é também muito
utilizado pelos americanos, mas que também gostava de começar a
experimentar aqui em Portugal.
Fonte: autor
O participante 4 disse que mesmo dentro da parte do café também existem novos produtos a
serem divulgados como o Croffee, muito utilizado no estrangeiro, mas lançado agora em Portugal.
Foi ainda dado o comentário pelo participante 5 que tem a confiança que a marca não saia
prejudicada com o lançamento de novos produtos, ao ser um insucesso a marca pode ser
prejudicada, algo que foi “descansado” pelo participante 3 que dá como exemplo a sua empresa
que são lançados novos produtos todos os dias mas também são descontinuados produtos todos
os dias.
103
Capítulo VI- Conclusão
Este estudo destaca a crescente importância do marketing relacional que as marcas criam em
volta dos consumidores. Ao contrário do marketing tradicional que se baseava em atrair clientes,
para o marketing relacional isto é apenas uma parte. As empresas devem estar focadas para uma
manutenção e desenvolvimento das relações com os clientes, esta relação exige uma entrega e
uma comunicação entre ambos, criando assim laços emocionais. Mas para que tudo isto se
concretize, é necessária uma relação a longo prazo, ou seja, criar, manter e desenvolver relações
de ambas as partes.
Isto responde à pergunta de pesquisa inicialmente colocada “em que medida a responsabilidade
social corporativa tem um papel determinante no marketing de relacionamentos em contextos
organizacionais.” Uma marca quando tem uma tradição de ter uma consciência socialmente
responsável, ao ajudar estas causas sociais, por exemplo, as acima referidas, cria uma empatia
nos consumidores, um laço emocional pois os consumidores cada vez mais estão atentos às ações
104
praticadas pelas empresas e cada vez mais informados através do uso quotidiano da internet e
redes sociais, todas estas sensações de confiança e lealdade sentidas pelos consumidores são
características óbvias de quem pratica também um marketing de relacionamentos. É isto que faz
com que a Delta seja uma marca com história, que alia a tradição à modernidade, que se preocupa
com o cliente, é uma marca próxima dos consumidores.
Tal como referido por alguns participantes, a Delta é uma empresa exímia em realçar as emoções
e a levar os consumidores a sentir estas sensações de confiança, compromisso, afetividade, tal
como proposto nos objetivos principais. A Delta é eleita há 18 anos consecutivos como uma marca
de confiança pelos portugueses, e isto é de notar, porque é que afinal esta marca é a escolha dos
portugueses: é uma marca com qualidade, de salientar também os vários sabores e origens do
café, é uma marca portuguesa e hoje em dia os portugueses valorizam “o que é nosso”, é uma
marca com tradição, pois já os nossos pais e avós usavam esta marca que nos acompanha desde
a infância, e nós portugueses, gostamos destas marcas tradicionais, mas apesar de tudo isto, é
uma marca com um elevado valor humano. Quer isto dizer que a Delta está sempre a pensar no
próximo, e isto começa desde a ajuda dada aos produtores de café, através das ações de
formação, o pagamento justo da matéria- prima, até ao consumidor final ou a população em geral,
em que a Delta se associa a inúmeras causas em prol da melhoria da nossa sociedade, seja
através de campanhas de alerta nos pacotes de açúcar ou mais complexas como a abertura de
centros educativos, rastreios de saúde, ajudar até outras associações. Por tudo isto, a Delta
recebeu o prémio da revista Marketeer em 2019 com o “troféu responsabilidade social e
ambiental- mundo mais justo”. E, ainda, o Comendador Rui Nabeiro foi eleito pelo Reader´s
Digest, pela sétima vez como uma personalidade de confiança na categoria empresarial. Isto
demonstra mais uma vez a confiança que os consumidores depositam na marca Delta e na
personalidade Rui Nabeiro.
Este tema teve uma abordagem qualitativa para que fosse possível compreender a opinião dos
consumidores em relação a estas ações de responsabilidade social, e o feedback acerca da Delta
no grupo de foco foi, no geral, bastante positivo, de salientar a clara preferência pela marca, e
também, o acompanhamento da Delta nas redes sociais que cada um segue por diversos objetivos
e perspetivas, o que demonstra que a Delta é uma marca bastante heterogénea.
105
Um dos assuntos também abordados, foi uma surpreendente preocupação dos participantes do
grupo de foco sobre a reciclagem, reduzir e reutilizar as embalagens utilizadas, uma das grandes
críticas ouvidas foram as cápsulas de plástico que iam para o lixo que era um grande desperdício,
mas para responder a esse grande problema, a Delta lançou em maio de 2019 as cápsulas 100%
biodegradáveis em que já não era utilizado o plástico, mas sim produtos naturais, e para que o
desperdício fosse nulo, associou-se a uma startup para que a borra do café também tivesse um
destino útil. Isto demonstra que a Delta está sempre em constante evolução e preocupação com
os temas atuais como as alterações climáticas e que deveríamos fazer algo para reverter esta
situação.
Em suma, a marca Delta Cafés, é um excelente exemplo de uma marca com cariz de
responsabilidade social, uma marca ligada a causas, uma marca com rosto humano, e que
pretende também estar sempre ligada de uma forma emocional, através de uma relação com o
consumidor.
106
6.2. Limitações de estudo e pesquisa futura
Este estudo teve uma abordagem qualitativa, com elaboração de um grupo de foco e ainda, análise
documental ao relatório de sustentabilidade da Delta. Uma grande limitação sentida, foi sem
dúvida, a não realização de uma entrevista semiestruturada, tentamos contactar a Delta via
telefónica e via email, mas sem sucesso. Esperamos que nos pudessem responder para o email
que nos foi recomendado ao telefone, mas até à data, não disseram nada sobre o assunto.
Tentamos contactar via email, responsáveis do departamento de marketing, mas novamente sem
resposta. Então, numa última tentativa, através de contactos com terceiros, parcerias que a Delta
tem com outras empresas, tentamos que nos respondessem, e conseguimos resposta, em que
afirmaram que não dão entrevistas em contexto académico porque recebem centenas de
solicitações para este efeito, no entanto, enviaram o recente relatório de sustentabilidade para que
pudesse responder a algumas das questões.
Será importante, no futuro, considerar uma abordagem quantitativa para que se consiga verificar,
por exemplo, num modelo conceptual como o CRM (Costumer Relationship Management) relações
causais entre variáveis do comportamento do consumidor utilizando hipóteses como por exemplo
a afetividade, confiança, satisfação, lealdade, para que também se consiga melhorar a qualidade
dos resultados obtidos.
Existe ainda uma dificuldade acrescida em generalizar os resultados obtidos, pois a amostra foi
não- probabilística e sujeita a um determinado contexto de investigação. Foi por escolha voluntária
o tratamento de dados de forma manual.
Por último, poderá ser importante, nos estudos futuros, fazer uma comparação entre gerações
(por exemplo, avós e netos) que permita avaliar diferentes graus de perceção perante as
estratégias utilizadas, ou ainda complementar e enriquecer o estudo com uma análise qualitativa
e quantitativa.
107
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112
Anexo I- Grupo de foco
Data: 14/07/2019
Participantes: 10 elementos
113
Questões:
Participante 3: Através dos festivais de verão em que a Delta é presença assídua tomei
conhecimento e acabei por fazer “gosto” na página de Facebook da Delta.
Participante 2: No meu caso foi por curiosidade, por ser consumidora do café Delta e
também porque gosto de estar a par das novidades da marca e perfeitamente natural que
tenha colocado “gosto” na página da Delta.
Participante 10: Eu Na minha opinião, é o café que mais gosto e que consumo em casa
diariamente. Também gosto de estar a par de tudo o mundo Delta, quer seja dos graus
de intensidade do café ou até mesmo variedades de chá. Obviamente recomendaria o
café de intensidade 10, sem dúvida, é muito bom mesmo.
Participante 2: É muito útil para eles sobretudo e penso que ao mesmo tempo é muito
informativa. Nem sempre nós conhecemos todas as gamas e o participante 3 falava nos
festivais em que a Delta participa e eu não tinha conhecimento desse trabalho
desenvolvido pela Delta e isso é também importante. No fundo, a página do Facebook
divulga coisas muito interessantes por exemplo têm uma parte engraçada em que falam
na Delta “amiga do ambiente” e que eu não tinha conhecimento que eles estavam tão
114
emprenhados nesta questão da sustentabilidade ambiental, pois nós quando nos
dirigimos ao supermercado para comprar o produto nem sempre estamos atentos a tudo.
Participante 10: Acho muito engraçado por exemplo a própria imagem da marca, as caixas
com aquelas cores todas muito bonitas, tudo isso ajuda a gostarmos do produto. Mas
nunca esquecendo a vertente ambiental.
Participante 4: Há pouco tempo atrás, quando eles fizeram um lançamento de uma nova
gama de cafés, eles enviaram para minha casa algumas cápsulas, confesso que fiquei
surpreendido, mas ao mesmo tempo senti me acarinhado por que nem todas as marcas
fazem isso, e isso torna a Delta especial.
Participante 5: Essa atitude da Delta ao responder aos comentários, faz com que não seja
apenas deixar um comentário para toda a gente ler, efetivamente dá-nos a entender que
eles a lêem e que a tratam essa informação.
Participante 4: E assim percebemos que não a mandam para o “lixo” digamos, é o que
penso, porque existem centenas de empresas que têm comentários desses e a maior
parte não responde, ignora ou coloca apenas um “gosto” no comentário e na Delta não
parece que isso aconteça e espero que continue uma política de respeito pelo consumidor.
Participante 10: Como é uma marca que existe há muitos anos no mercado português,
com 58 anos de existência, interessa lhes ter o consumidor satisfeito e ao responderem
aos comentários só estão a valorizar ainda mais a marca.
115
5.A Delta é conhecida por ser uma marca ligada às famílias portuguesas, com
raízes portuguesas, tem a sua sede principal em Campo Maior, no Alentejo,
no interior, é uma empresa tipicamente familiar, mas com um grande sucesso
quer em Portugal, quer no exterior.
O que torna a Delta uma marca especial?
Participante 5: É fácil de perceber, por aquilo que já ouvimos aqui a ser comentado, a
qualidade do produto é boa. E depois o que tornou a Delta ainda maior e mais especial é
o facto de eles terem uma política social humana muito forte quer para os funcionários da
própria empresa, em que têm creches para os filhos, quer para os patrocínios que eles
fazem aos festivais, e toda esta envolvência na sociedade, vai despertar interesse,
curiosidade no produto, logicamente que isto traz retorno para a empresa e para o
consumidor, no fundo é o marketing a funcionar naturalmente.
Participante 5: Quer a nível pessoal ou até empresarial quando nos ouvimos falar de
alguém que nos trata bem isto cria em nós uma curiosidade, este marketing e esta forma
deles dizerem quem são, acaba por trazer outros produtos por isso efetivamente, é a
melhor forma de eles dizerem quem são, as pessoas, de certa forma, é como estivessem
a pensar: “nos vamos vos dando um bocadinho e em contra partida vocês ajudam-nos de
outra forma”, isto tudo faz parte da estratégia da empresa, cria uma atitude de respeito
que o consumidor tem para com a Delta e principalmente o respeito ao Comendador
Nabeiro. E normalmente os portugueses quando vêem uma empresa a apoiar causas
sociais, os portugueses respondem a isso de uma forma muito positiva, isto já acontecia
nos tempos mais antigos quando o senhor Nabeiro aparecia na televisão já se sentia que
estávamos perante uma empresa que está aberta para a sociedade e respeita o
consumidor e principalmente as pessoas que mais precisam.
Participante 2 – Eu acho que agora cada vez mais os portugueses apostam no que é
produzido em Portugal e a Delta encaixa que nem uma luva nesse perfil. É claro que tem
muita concorrência, como por exemplo a Nestlé ou Nespresso, mas sinceramente a Delta
é uma marca que consegue estar no mesmo patamar que eles. Eu por exemplo, já ouvi
falar muitas vezes da marca de café Sical, mas acho o café demasiado amargo e ácido, e
o da Delta é um café suave, agradável, saboroso, não é amargo, por isso se enquadra
mais ao meu gosto. E sinto que na minha geração começamos a sentir aquele orgulho
português e estamos mais atentos e mais abertos para consumir aquilo que é nosso. Sem
dúvida um café que tem muita qualidade e não e por ser português, nem por estarem a
apoiar várias causas, mas sim por ser um produto de excelência.
116
Participante 3: Por acaso, o que acho curioso, é que o café Delta tem vários lotes com
diferentes nomes como Diamond, Ruby, Gold, e não conheço outras marcas que tenham
esses vários lotes que se possam comercializar nos cafés e bares.
Participante 9: Pela minha experiência, todas as marcas de café têm as suas gamas, lotes
maiores outros menores, se bem que normalmente comigo aconteceu, com a marca que
trabalhei na altura a Brunatti, quanto melhor era o lote, digamos mais caro, os clientes
gostavam cada vez menos. Enquanto na Delta tenho mais escolhas, digamos um mundo
infinito de soluções de forma a satisfazer o cliente com qualidade e com variedade.
Participante 2: Uma curiosidade é que mesmo aquele café mais barato da Delta é um
café muito saboroso, não perde a qualidade, e é aí que muitas vezes a Delta ganha em
relação a outras marcas porque, apesar do preço ser mais baixo a qualidade mantém.
Participante 10: Mais ainda, sempre que tomo um café eu sei sempre distinguir se é Delta
ou não, seja café diamante, gold ou até mesmo descafeinado, tem realmente um sabor
muito característico.
Participante 4: O meu café preferido sempre foi a gama Delta Diamante, desde os tempos
mais jovens até hoje, e por isso que eu acho que esta mediatização da marca nas redes
sociais ajudou, mas não nos podemos esquecer que a marca Delta já esta implementada
no mercado há muitos anos. Na Delta nunca tive um problema de me acontecer beber
um café “mal tirado” por exemplo, enquanto se forem a concorrência a probabilidade de
isso acontecer será maior, na minha opinião.
Participante 9: Muitas das vezes acontecem me deparar me com lotes de 5 quilos e nesses
mesmo um 1 quilo nunca era igual, oxidava, daí a o café sair mais fraco. Logo os
consumidores queixam se.
Participante 1: Exatamente, era mesmo esse ponto que queria chegar. Se tiveres um
estabelecimento a servir 10 cafés por dia é perfeitamente normal o café oxidar isto
comparativamente a um estabelecimento que serve 50 a 100 cafés por dia. E nisso a
marca não tem culpa nenhuma. Houve um estudo realizado pela Delta, em que essa
informação pois mais tarde partilhada connosco, e nos foi dada formação para que a
oxidação não aconteça no café, e isso é muito importante, porque demonstra que a Delta
está preocupada e atenta. O queria também queria acrescentar é que, para além do
consumo de café, que eu uso diariamente, a Delta não se resume apenas ao café, tem
uma grande variedade de outros produtos, por exemplo utilizo o azeite que é muito bom,
vinhos, chás entre outros. E tudo com muita qualidade.
6.Quando vos falam em marcas de cafés, qual é a marca que vos vem logo à
cabeça?
117
Participante 4 : Acho que a marca referida pelo participante 5 na minha opinião baixou
muito as vendas, devido ao facto de a produção deles ter mudado de país, e muitos cafés
que eu consumia dessa marca , mesmo de diferentes intensidades e sabores mudou, daí
eu ter feito uma reclamação no posto de vendas da Nespresso, e fui informado que
realmente já não era o único a queixar-me, por tudo isso acho perderam um pouco pelo
menos em Portugal.
Participante 8 - Para mim é a Sical, se bem que qualquer café serve para mim, nem que
seja cevada … (Risos)
Participante 6: Eu gostava de comentar o sabor do café da Delta mas não sou consumidor
assíduo da marca. Mas tomo regularmente o descafeinado da Delta, que definitivamente
é o melhor do mercado, embora por vezes tome um ou outro café de outra marca, por
exemplo gosto do café da SICAL. Até acho que a Delta deveria ter aqui uma máquina com
umas cápsulas para aqueles como eu que não provaram café da Delta, era uma boa forma
de marketing…(Risos)
Participante 3: Por exemplo conheço uma marca que está presente em muitos eventos
nacionais e internacionais, que é a Redbull, que ao invés de oferecer brindes como muitas
marcas oferecem, oferece o próprio produto. O que eu quero dizer com isto é que há
muitas marcas que oferecem de tudo mas não o produto, que vão pela imagem, tipo
Super Bock que oferecem vários brindes, e quando vês uma empresa a abdicar do lucro
de X unidades de certo produto, para que possa oferecer, é de louvar porque não há
melhor forma do que tu provares o produto para saberes se gostas ou não, e não através
de brindes.
Participante 4: É a tal questão de a Delta no meu caso, ter mandado para casa o próprio
produto, umas 3 ou 4 caixas de cápsulas de oferta, isso e uma excelente forma de dar a
conhecer o produto.
118
Participante 10: Houve uma altura em que pensei seriamente em mudar para a
Nespresso, tudo por causa dos problemas que tive com a máquina da Delta, mas também
o feedback que ouvia da marca não era o melhor pelo que continuei com a Delta.
Participante 3: Eu acho que a Nespresso é uma marca de estatuto, ou seja, parece que é
uma marca que não está ao alcance de todos, é uma forma de status na sociedade,
podemos ver isso através da publicidade com o Clooney, o produto só está à venda nas
suas lojas e tem sempre aquela linha clássica, preta, que dá um certo charme.
Participante 5: Aqui em Portugal, mas penso mesmo até noutro país qualquer, uma marca
que se queira dar a conhecer, que quer entrar naquele mercado, tem que ter uma forte
presença na publicidade, tem de entrar “com os pés juntos”, e por isso é que muitas
vezes se associam a figuras muito conhecidas para chamar a atenção, no fundo a fazer
muita publicidade. Mas no ponto de vista do português comum, sem grande informação,
sem falar dos sabores entre a marca Nespresso e a marca Delta, é efetivamente, que a
Delta tem sempre a mais- valia de ter bastantes projetos de cariz social que está no fundo
a olhar por nós, enquanto que a outra marca já não tem essa sensibilidade, pelo menos
cá em Portugal
7. A marca Delta conta com 58 anos de existência. É uma marca que vos acompanha
desde a infância? Ao longo dos anos, a imagem da Delta tem vindo a alterar-se?
Participante 10: Sim, já os nossos pais usavam produtos da marca Delta como por exemplo a
cevada.
Participante 5: Estes produtos como cevadas e cafés antigamente eram dominados por marcas
estrangeiras como a Nestlé. Mas a Delta foi a grande impulsionadora para que se mudasse um
bocado essa mentalidade que as marcas espanholas e etc. é que tinham qualidade.
Participante 3: sim, a imagem da Delta tem vindo sempre a modernizar-se, acompanha a
modernização ao longo do tempo, mas o logótipo tem seguido sempre uma linha, temos sempre
presente o triângulo característico bem como as cores da bandeira portuguesa como o verde,
amarelo e vermelho.
Participante 2: Sim concordo que vai sempre se modernizando, mas nunca perde a sua imagem
característica, o que eu acho que é bom porque acaba sempre por ser uma marca reconhecida,
as pessoas associam sempre aquela imagem do triângulo vermelho à marca Delta. Enquanto que
noutras marcas, ao mudarem de imagem radicalmente, faz com que o público muitas vezes já
nem reconheça a marca.
Participante 1: Sem duvida que associamos esse triângulo à marca, por exemplo, vamos numa
viagem para Lisboa, na autoestrada, e vemos um cartaz com a publicidade da Delta, só o símbolo
nós associamos à marca Delta, por vezes nem precisámos de ler o resto, já sabemos qual é a
marca, e aquilo até quase que fica sempre na nossa cabeça, no nosso pensamento, que é no
fundo o objetivo da publicidade.
Participante 4: Mas eu até gosto mais da nova imagem da Delta, mais simples, sem aquele
quadrado verde a fazer de fundo, acho que esta é mais chamativa, ser só um triângulo vermelho
com letras amarelas porque o verde já não era uma cor tão chamativa, e afastava um bocado a
atenção.
119
Participante 7: Mesmo para os mais jovens que às vezes estamos um bocado distraídos dessas
marcas, a Delta é uma marca que facilmente nós conseguimos reconhecer, acho que é também
uma imagem moderna, fácil de distinguir, apesar de se ter modernizado é uma marca que tem
aquela forma tão característica.
9. A marca Delta tem vindo a sofrer um processo de internacionalização cada vez
mais forte com ligações diretas e indiretas. O que acham desta aposta de
internacionalização para o crescimento sustentável da organização?
Participante 3: É natural, o querer chegar a novos mercados é natural, uma empresa crescer,
sendo líder e tendo uma estrutura e é líder num mercado, é um processo natural querer chegar a
outros mercados. Hoje em dia no mundo em que vivemos…
Participante 4: No nosso mercado nacional, é pequeno, por outro lado, lá fora não faltam
portugueses espalhados pelo mundo para divulgar a marca e eles próprios conhecem a marca e
divulgam nos países onde estão.
Participante 2: Na minha opinião, conseguir entrar no mercado do Brasil que é um grande produtor
de café e esta marca conseguir chegar lá, penso que é uma grande conquista
Participante 1: Eu sou uma das pessoas que posso dizer que tomei café Delta no Brasil, por acaso
já fui várias vezes lá, cheguei até a conhecer lá um posto de café, curiosamente era português
casado com uma brasileira e era consumidor/ produtor do café Delta. Para mim foi um bocado
chocante, pois sendo um país e até com vários países vizinhos com produções de café muito
grandes, por exemplo, Venezuela que exportam o café, e a Delta entrar nesse mercado não é fácil
mas é de louvar, e vai de encontro ao que o participante 4 disse, muitos dos portugueses que
estão lá fora acabam por ver uma marca portuguesa e que pode ser consumida, a pessoa até
pode dizer: “neste país o café é fraco”, mas se vir o café da Delta, vai lá porque sabe que ali vai
tomar um bom café e então isso é de louvar.
Participante 4: E pelo menos vai passando a palavra, no fundo essa pessoa acaba por ser a “rede
social” no terreno
Participante 3: Conheço o caso da Paladin, uma marca portuguesa também que já existe há vários
anos, é uma marca antiga aqui em Portugal, só há alguns anos atrás é que houve o “boom” da
Paladin, por causa da neta do fundador, entrou na empresa, e mudou a estrutura da empresa,
“nós somos uma população que consome molhos?, então vamos vocacionar o nosso mercado
para consumidores de molhos, para países do médio oriente” (pensamento da gestora da
empresa) e estes países do médio oriente colocam molhos em tudo, em que há um mercado
muito maior e a Paladin cresceu imenso depois do processo de internacionalização, depois de se
terem virado para países que são grandes consumidores, e depois de ter crescido fora, começa
então a crescer em Portugal, pois tem fundo de maneio para que possa fazer uma aposta na
publicidade e que começou a resultar.
10. A marca Delta tem sido sempre preocupada com as questões da sustentabilidade
ambiental, e recentemente, lançou a primeira cápsula de café 100% biodegradável.
Concordam com estas medidas? Acham viáveis a longo prazo? Como será na vossa
opinião, a aderência do público a estas iniciativas?
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Participante 8: acho fundamental que adotem estas medidas, tanto da Delta como as outras
empresas.
Todos: É fundamental, é urgente sem dúvida.
Participante 8: Se assim não for daqui a 50 ou 100 anos não podemos estar aqui tomar café, ou
seja, para o que for.
Participante 6: As empresas têm que seguir nesse sentido, porque a Delta e outras empresas
precisam dos consumidores, e se não houver consumidores, se não houver população não vai
vender, por isso, se não houver sustentabilidade ambiental, se não controlarmos os desperdícios
e deitar lixo para a atmosfera, não vai haver ambiente. Temos o exemplo das chuvas torrenciais e
quedas de granizo em pleno Verão, que existem em vários países, por isso é urgente cuidar do
nosso planeta.
Participante 2: Eu não sei se vou dizer alguma asneira, mas uma coisa que me fazia imensa
confusão é que em casa eu tenho a máquina Delta Q, e em casa faço reciclagem de tudo o que é
possível reciclar, e fazia-me imensa confusão não poder reciclar as cápsulas de café e na altura
quando comprei a máquina foi dito que as cápsulas não eram possível reciclar, mas eu insistia
em mandar para a reciclagem porque para mim não conseguia estar a mandar todo aquele
desperdício fora, também não sei o que faziam a isso depois, mas também era de certa forma,
um avisa de que era urgente fazerem alguma coisa em relação a isso, porque a quantidade de
cápsulas que iam para o lixo era uma coisa absurda e não se compreende, daí a urgência de todas
as marcas, não só a Delta, de verem muito bem essa parte da sustentabilidade e a forma como
estamos a gastar e consumir o plástico é mesmo absurda, o consumo, o lixo que fazemos. Quem
faz a separação do lixo para reciclagem é que tem a noção do quanto diariamente se faz lixo, e
isto é muito importante. Agora não sei se é possível reciclar as cápsulas porque mudei de máquina
e não sei se agora é possível, mas todas as marcas deviam pensar nisso.
Participante 4: Mas agora já é possível, se agora formos por exemplo, ao Pingo Doce, temos lá
pontos de recolha para as cápsulas.
Participante 2: Ainda bem, porque a mim, isso era uma das coisas que me fazia enorme confusão.
Participante 4: Até mesmo nas lojas Nespresso, tem lá pontos para recolha, agora em vários
hipermercados tem, mas é recolha de cápsulas.
Participante 3: Mas deviam estar esses pontos de recolha nos ecopontos, não ter que nos
deslocarmos até tão longe para depositarmos as cápsulas usadas
Participante 6: Até mesmo naqueles cafés que fazem muito desperdício de borra do café existe
agora uma recolha para isso, mas apenas para estabelecimentos comerciais, apesar de haver
também particulares que recorrem a esse serviço, mas a Delta faz essa recolha, e a Sical também
penso que sim, e a borra do café é também um bom fertilizante para as hortinhas e até existem
empresas que produzem cogumelos que usam muito isso.
Participante 2, 9, 4: É também um ótimo esfoliante a borra do café, quem tiver as mãos secas se
esfregares com sabonete líquido, é um esfoliante natural.
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Moderador: Quando o participante 6 também falou que o café era um bom fertilizante
para os cogumelos, por exemplo, a Delta ao lançar esta linha 100% biodegradável
não é só a cápsula, pois nós não usamos 99% do café da cápsula e, apesar de ser
uma cápsula biodegradável mas continuamos a fazer desperdício, e a Delta ao lançar
esta cápsula lançou também uma parceria com uma startup de Lisboa que utiliza este
fertilizante natural nos cogumelos. O que acham desta parceria?
Participante 2: é uma mais-valia, muito curioso e interessante
Participante 3: Sim sem dúvida uma mais-valia, existe também essa preocupação da Delta em
criar novas parcerias com startups, de vez em quando, leio em notícias que a Delta anda a procura
de startups, sim.
Participante 1: Até porque o uso do plástico hoje é excessivo, um absurdo, e acaba por ter uma
grande vantagem uma grande empresa como a Delta tomar a iniciativa de ter essa opção e mostrar
aos portugueses e ao mundo inteiro, que podemos fazer melhor do que estamos a fazer
atualmente.
Participante 2: E essas grandes marcas têm também essa responsabilidade.
Part.7: No meu caso que sou ainda um jovem, preocupo-me bastante com o gasto excessivo do
plástico, e acredito que a juventude de hoje em dia, no geral se preocupe bastante com a
sustentabilidade ambiental, pelo menos nos nossos dias o problema ambiental que estamos a
sofrer neste momento é visível e se continuarmos como temos continuado até aqui isto vai acabar
por chegar a algo preocupante, e já é, e podemos não ser capazes de lidar com isso ou de reverter
a situação. Portanto, a sustentabilidade é um caminho que se deve seguir para o bem de todos
nós.
Participante 3: Conhecem por exemplo, o rio Pasig, nas Filipinas que foi considerado o primeiro
rio morto? Basicamente não se vê água, apenas plástico, lixo.
Participante 2: Mas é isso que é impressionante, uma pessoa até está a cozinhar e só a quantidade
de plástico que está a utilizar e a desperdiçar, só numa refeição, por isso é mesmo urgente fazer
alguma coisa.
Participante 6: Só um cidadão no mundo, para que fosse um cidadão sustentável deveria fazer
muito menos co2 do que faz agora, é preciso mudar muita coisa, e vai custar muito.
11: Cada um de vocês caracterizam-se como indivíduos socialmente responsáveis?
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cidade, acho que nas aldeias as pessoas têm mais consciência com o ambiente porque precisam
da Terra, o que fico mesmo surpreendido é ver idosos que fazem a reciclagem e de forma correta
nas aldeias, e com certeza não aprenderam isso na escola, mas quiseram aprender, através da
televisão ou com os netos por exemplo, a importância da reciclagem e isso é muito bom.
Participante 4: A velocidade que andamos hoje em dia tão grande que há alturas que nem se
lembram destas questões ambientais e isso é mau.
Participante 5: Acho que isso é sempre um grande problema porque, nós limitamo-nos a colocar
o lixo na reciclagem e achamos que a partir daí não temos mais a fazer, já não é nossa
responsabilidade.
Participante 6: O problema não está em fazer ou não a reciclagem, mas sim na produção excessiva
de produtos e de consumismo, temos de pensar em reduzir.
Participante 3: É excessivo, o consumo é excessivo.
Participante 5: Isso será numa segunda fase, na primeira fase efetivamente é que não interessa,
por exemplo, a Delta criar umas cápsulas mais pequenas porque vai reduzir o consumo de plástico
se tu, nós, o cidadão não coloca o produto no sítio certo da reciclagem. A quantidade é
importantíssima, como aquela história do copo meio-cheio, a lógica aplicada aos tempos
modernos, não é a forma como vemos o copo, quando nós acharmos que uns vêm o copo meio
cheio e outros meio vazio é porque temos copo a mais, e o copo não está dimensionado para
aquilo que nós precisamos. Portanto, atualmente a forma como nós utilizamos, a quantidade que
utilizamos é um bocadinho isto. Eu concordo quando dizemos que nós temos de reduzir, mas
efetivamente, nesta primeira fase é preciso chegar às pessoas e dizer que é muito importante
reutilizar, no fundo consciencializar, porque se nós reutilizamos já estamos educados e a seguir
vem o resto. Porque se nós não temos este tipo de consciência, se não nos preocuparmos que a
garrafa de água que bebemos a seguir colocar no ecoponto no sítio certo, não estamos
preocupados se é maior ou mais pequena, ou seja, se o consumo de plástico é maior ou menor.
Participante 6: Por exemplo, no caso das garrafas que aqui temos hoje, 10 garrafas de plástico,
se na alternativa tivéssemos 10 copos de vidro e um garrafão o consumo ia ser menor, é um
desperdício.
Participante 2: Eu queria só acrescentar que este papel da Delta em todo o produto é aproveitado,
o importante é chegarmos a um ponto em que temos todas as marcas do mercado em que
podemos reciclar a embalagem e todo o produto noutras situações, seja em produtos cosméticos,
que hoje em dia, existem pessoas que usam a borra do café como esfoliante em vez de comprar
um esfoliante no supermercado, se utilizarmos isto já é menos um produto que compramos e
desperdiçamos.
Participante 6: Concordo, mas na questão, da origem, se houvesse uma redução das cápsulas de
café não haveria tanta produção nem tento consumismo, não seria uma plantação de cultura
intensiva, o problema não é só o consumo de plástico é também isto a vida, as árvores, as
plantações que estão a ficar todas afetadas e saturadas porque existe um consumo excessivo. Por
exemplo, há um tempo atrás vi um documentário, em que num determinado país, penso que na
China, um conjunto de produtores reuniam-se e criavam uma espécie de corporativa e ditavam
por preços dos produtos, por exemplo, as laranjas a custam 0,60€ o quilo, e aquele era o preço
durante o ano e apenas colhiam os frutos quando houvesse necessidade e não aquela ideia de
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concorrência entre si uma cultura intensiva para haver excedente, não produzem mais do que
aquilo que precisam.
Participante 4: Mas este tipo de pensamento temos que começar é a implantar nos mais novos
porque vão ser eles que vão fazer a diferença.
Participante 2: Sim concordo com essa ideia, as escolas têm um papel muito importante para
implementar essas ideias e também temos de as pôr em prática na nossa casa, e não existe essa
consciência ainda.
Participante 7: É ainda uma sociedade de consumo que existe atualmente.
Participante 5: Nós temos que perceber é como é medido o valor daquilo que consumimos, se é
medido naquilo que é vendido à população ou se é medido conforme aquilo que sai das fábricas.
Um dos exemplos de grande consumo são a quantidade de produtos que temos nas prateleiras
de supermercado que vão esgotar o prazo de validade e vão ser retirados, e imaginem isso
multiplicado por todos os produtos de supermercados em Guimarães, Fafe, Braga. O reduzir não
é só “eu antes tomava 5 cafés agora só tomo 3”, quando falamos efetivamente em reduzir é
naquilo que o comércio exige dos produtores pois nós não gostamos de ir a supermercados em
que têm as prateleiras vazias pois ficamos com má impressão e por isso, a política é encher de
produtos. Temos o caso do pão que existe um desperdício enorme diariamente. Concluindo
quando nos falam em reduzir falam de tudo pois nisto as marcas ainda não têm essa
consciencialização.
Participante 1: As empresas têm de arranjar uma alternativa para que o consumo não quebre,
mas a nível ambiental seja sustentável.
Participante 2: Aqui está uma boa alternativa da Delta com o facto de o prazo de validade ser de
90 dias no caso deste produto, isso é ótimo.
Participante 5: Mas também pode trazer o problema de que se não consome está a realizar
desperdício
Participante 2: Mas como é biodegradável já não causa tanto impacto ambiental.
Participante 1: Eu neste momento, acho que as grandes empresas, o leque de produtos e
produção é tão grande que não há consumidores para tudo e inventam tantas novidades que as
pessoas até podem não aderir e ficam com um produto mono.
Participante 2: O que eu acho aqui importante referir é que se esta gama bio fosse a mais barata,
eu acho que a consciência, seja da Delta ou do consumidor, mudaria, no entanto com certeza que
quando formos avaliar o preço dessa gama em relação às outras, essa vai ser a mais cara.
12. O que sentem em relação a empresas que apoiam ações de solidariedade social?
Se uma marca tiver uma atitude socialmente responsável, apoiando uma causa social
com a qual vocês também se identificam, o vosso envolvimento e afeto alterar-se-á?
Todos: sim claro, altera.
Participante 3: Hoje em dia, já toda a gente tem uma consciência social em ajudar o próximo, e
nós, portugueses somos exímios nisso. Nós a dar dinheiro por uma causa somos exemplares.
(Risos com a concordância de todos acerca da afirmação)
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Part.6: Atenção que as marcas se associam às causas sociais para que possam tirar proveito
disso, a população portuguesa tem por natureza uma consciência social e eles tiram partido disso.
Participante 10: É marketing, no fundo.
Participante 5: O próprio Estado incentiva este tipo de ações por exemplo, qualquer empresa,
coletiva ou individual, através de um donativo a uma fundação ou associação, consegue que esse
valor seja depois deduzido ao valor a pagar em impostos, isto também tem um pouco de interesse
para eles.
Participante 3: Nesta altura tem muitas empresas que se associam aos bombeiros, se calhar
algumas nem tem muita vontade de se associar mas precisam disso para que no final do ano seja
deduzido o valor nos impostos a pagar.
Participante 5: No caso da Delta, a marca tem uma forte vertente social, está muito direcionada
para o apoio social. O que é curioso é que o café há séculos atrás estava associado à escravatura
e hoje em dia consegue-se ver, através destas atitudes, os mais atentos a política das empresas:
no passado usavam o trabalho escravo e hoje, com a evolução da sociedade, já são aqueles que
mais ajudam as causas os que mais ajudam os desfavorecidos, isto é sem dúvida, uma evolução
saudável e consegue-se aprender muito com isto.
13. Um dos exemplos de campanhas publicitárias são os pacotes de açúcar que desde
2015 contêm exemplos de campanhas alertando para questões globais como
bullying, tráfico de seres humanos, segurança na net, etc. será que existe de facto
um impacto através destas campanhas? Será que podem marcar a diferença e mudar
mentalidades?
Participante2: Isso é um pouco relativo porque eu acho que cada vez mais as pessoas que
consomem café não fazem adição de açúcar, portanto não chega.
Participante 3: Mas chega sempre, apesar de não consumirem açúcar, nos estabelecimentos
comerciais oferecem sempre o pacotinho de açúcar na compra do café e as pessoas acabam
sempre por ler, nem que seja por curiosidade.
Participante 2: Ai sim acaba sempre por chegara alguém mas hoje em dia eu acho que não seja
a melhor forma de chegar ao público através dos pacotinhos, acho até um contracenso, andamos
sempre a fazer publicidade para baixar os níveis de consumo de açúcar e por outro lado, esses
temas tão sérios estarem ligados aos pacotinhos, mas isso sou eu que tenho sempre esta ligação
ao ramo da saúde. (risos) Eu ainda não consegui erradicar o açúcar no café, mas já reduzi
drasticamente a quantidade que consumia.
Participante 5: Eu concordo com a participante 2, relativamente à eficácia dessas companhas ou
até que ponto essas campanhas possam ser eficazes, mas se mudarmos duas ou três pessoas
para mim já é um sucesso.
Todos: sim, claro.
Participante 3: E mais vale ter um alerta para estas causas do que uma adivinha ou anedota.
Participante 5: Eu também acredito que neste mundo existe muita gente que se senta no café e
passa lá muito mais tempo do que nós e acaba sempre por ler a publicidade e onde foi feito.
(risos).
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Participante 6: Mas podem dar um exemplo concreto de campanhas que venham nos pacotes?
Moderador: Por vezes contêm imagens, por exemplo, no caso da violência doméstica
podemos ver a imagem de uma mulher maltratada
Participante 6: Na minha opinião, esse tipo de imagens é mais do cariz informativo, mas não muda
mentalidades.
Participante 3: É um alerta, no fundo.
Participante 6: Se alguém é um agressor, pratica violência doméstica e olha para o pacote e pensa:
“eu sou um deles”, mas não faz nada para mudar a sua atitude.
Participante 5: Muda sempre, e temos de olhar para a parte positiva destas campanhas porque
efetivamente a mensagem é sempre importante.
Participante 6: Se tivesse lá a mensagem “Violência doméstica: é um dever cívico denunciar”, isso
sim é que seria uma campanha de alerta.
Participante 3: É verdade, hoje em dia cada vez mais somos alertados para esse tipo de
campanhas, nunca li tantas vezes a palavra: denuncie, como agora.
Participante 5: O facto de ter uma imagem, por exemplo, nos maços de tabaco não é olhar para
a imagem, ou para a mensagem que tem escrita e pensares “vou deixar de fumar porque também
vou ficar assim”, não é essa a mensagem, é sim mais uma vez que ouviste, olhaste para aquilo,
que leste aquela mensagem e a ideia deste tipo de mensagens é não deixar morrer este tipo de
pensamentos como o básico “fumar mata”, este tipo de publicidade não funciona tanto só de
olhar pela primeira vez, mas sim de se ouvir falar e ler tantas vezes, falar cada vez mais destes
malefícios para mudar consciências.
14. A Delta tem um forte cariz social apoiando diversas ações de responsabilidade
social ou até criando as suas próprias ações, por exemplo, apoiar os seniores no
envelhecimento ativo, através da associação Coração Delta que ajuda jovens na
educação, higiene oral, o banco de roupa. Oque acham destas ações sociais? Serão
suficientes?
Participante 2: Se todas as marcas tiverem esse impacto e essa consciência como a Delta, mudaria
muito as condições de muitas pessoas.
Participante 3: A Delta é um exemplo, que já conta com quase 60 anos de história, o facto de os
funcionários serem uns funcionários felizes e por isso produzem mais e é um exemplo para outras
empresas.
Participante 5: Concordo perfeitamente com essa opinião, ainda ontem estive a falar com outras
pessoas sobre a diferença entre um supermercado de origem francesa e outro de origem alemã,
e conheço pessoas que trabalham nesse supermercado francês e dizem mal sobre a forma como
são tratados, dão horas a mais e não recebem essas horas e tudo isto pesa. No outro
supermercado alemão, que até há uns anos atrás quem ia lá era visto como pobre devido à
desorganização dos produtos e etc. e hoje em dia isso reverteu-se, porque os funcionários dizem
bem daquela empresa, pagam bons salários acima da média, então quando uma empresa trata
bem os seus funcionários é meio caminho andado para obter sucesso na empresa. Apesar do
supermercado francês estar cá há mais anos, o alemão tem mais sucesso porque, pelo menos eu
penso assim: “vou estar a gastar o meu dinheiro, a fazer as minhas compras num supermercado
que trata mal os seus funcionários?”, não vou claro porque isso seria ajudar a aumentar as suas
fortunas e eles continuam a “escravizar” os seus funcionários. E a Delta é uma empresa com
sucesso, que as pessoas gostam e têm um carinho pela marca porque, efetivamente é uma marca
que se preocupa com as pessoas e com os seus colaboradores.
Participante 1: A Delta acaba por também estar sempre ligada a causas sociais, lembro-me, por
exemplo, dos incêndios do ano passado que foi mais uma das causas a que a Delta se associou
ao ajudar a reconstruir casas e isso acaba por ser vantajoso numa altura trágica como o caso dos
incêndios, a imagem que fica sempre é uma boa imagem da empresa, lembro-me também no
caso dos jogos de futebol em que a Federação Portuguesa de Futebol também se associou a isto
oferecendo o valor ganho nas bilheteiras para a reconstrução de casas, os concertos feitos para
estas causas, é claro que isto dá sempre uma boa imagem e mais ainda quando passa na televisão
que aquela empresa está associada com a causa, os milhares de espetadores que estão a ver
ficam também sensibilizados com a ação daquela empresa.
Participante 3: Isso claro que dá mais impacto, mas também existem empresas que o fazem sem
querer publicidade. Por exemplo na empresa onde eu trabalho, no mês passado recolheram
roupas, brinquedos, diversos produtos até eletrodomésticos, coisas que os funcionários já não
precisavam, que tivessem em casa e não usassem, para enviar para Pedrógão Grande. Até pode
estar lá parado num armazém qualquer mas ficamos com a sensação de dever cumprido, tal
como a empresa e sem grande publicidade para receber os louros.
Participante 1: O que eu queria dizer anteriormente é que quando uma grande empresa se associa
a uma causa de grande impacto como no caso dos incêndios tem sempre publicidade, tal como,
no caso dos bombeiros de Guimarães ou das Taipas que quando vão ajudar para esses incêndios
longe, colocam sempre nas redes sociais uma foto da equipa que vão mandar a informar que esta
equipa ou equipas vão a um determinado local que é fora da sua zona de atuação, ajudar a
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combater esse incêndio. Tudo isto tem impacto a nível de publicidade e se a Delta fez isso, fez
muito bem pois as pessoas depois vão pensar “então quais foram as empresas que se associaram
à causa?”, foi a Delta, o Continente, etc.
Participante3: Acaba por criar empatia com as pessoas e o feedback delas é sempre bom e
positivo.
Participante 5: Existe uma espécie de “toma lá, dá cá”, e nós enquanto sociedade também
precisamos disto porque, no fim, todos ganham.
15. Que recomendações dariam à Delta para melhorar a sua comunicação com o
cliente?
Participante 1: Um pouco na parte da crítica, apesar de ser uma crítica construtiva, é que a Delta
para colocar um simples toldo num café, vem uma equipa técnica de Campo Maior até ao norte,
neste caso a Guimarães, por exemplo, se um toldo se rasgar vem a equipa ao café para tirar as
medidas necessárias, vão novamente a Campo Maior para fazer o toldo e voltam outra vez para o
colocar, e eu acho que nisso a Delta está a falhar. Podiam mandar fazer isso a uma empresa cá
do norte para que não houvesse tantas deslocações e acabaria por ser um processo mais rápido.
Participante 5: Esta opção de o apoio técnico estar centralizado na sede principal da Delta, para
nós faz pouco sentido, mas hoje em dia com a dimensão que a Delta tem no país, para ele
continuarem com esta estratégia deve ter com certeza uma explicação cabal. Claro que para nós
era muito mais fácil entender que como eles têm uma sede aqui em Braga, no Porto, etc. que
também tivessem descentralizado estas questões mas eles gerem isso internamente, por isso é
que acredito que eles têm as suas razões para manter este tipo de postura centralizadora, mas
isso são tudo informações que não chegam ao público em geral, são políticas restritas a que
poucos têm acesso.
Participante 6: Deveriam apostar em mandar mais amostras de produto para o cliente, existem
ainda muitas pessoas com receio de experimentar novos sabores.
Participante 3: Mas se é uma empresa que responde a comentários no Facebook, e tenho quase
a certeza que, se mandasse uma carta registada a dizer que gostava de experimentar novos
sabores, novas gamas que foram lançadas mas tenho receio de experimentar, eu acho que eles
iriam mandar umas amostras para eu experimentar.
Participante 10: Sim eu tive essa experiência, não pedi nada, mas mandaram-me para casa umas
cápsulas com diferentes intensidades para eu experimentar, só porque estava registada com
Cliente Delta.
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Participante 8: Poderiam dar ofertas diferentes e inovadoras, por exemplo, aqui no Norte muitas
pessoas têm o hábito de tomar café com um copinho de aguardente ou “bagaço”, eles poderiam
inovar ao juntar uma oferta de destas bebidas com o café.
(Risos)
Participante 2: Eu por acaso ainda não provei o azeite Delta, ou azeite Adega Mayor, portanto a
imagem da Delta ainda está muito ligada ao café e acho que se deviam desvincular um bocado
dessa parte e publicitar esses novos produtos como o azeite, vinagre e os vinhos, e quem sabe,
dar amostras gratuitas, por exemplo na compra de uma embalagem de café Delta dar uma
pequena amostra desses novos produtos, para que o consumidor possa experimentar e pode
gostar e passar também a consumir esses produtos.
Participante 1: Sim claro e colocar à venda em mais supermercados, em mais pontos de venda,
eu sei que já vi em alguns hipermercados o azeite à venda, mas para nós que somos comerciantes
existem em quantidades maiores, por exemplo, eu no meu café, utilizo as azeitonas dessa marca,
mas vêm em baldes grandes que não são para consumo doméstico mas sim para
estabelecimentos pois são vendidos em grandes quantidades. Eu descobri isto porque o
comerciante da Delta, que me fornece o café da zona de Braga, falou-me acerca destes novos
produtos e cabe-nos a nós arriscar e experimentar estes novos produtos e ver como corre e o
feedback dos clientes, mas arriscámos porque sabemos que o café Delta é um café com qualidade
e porque não então experimentar estes novos produtos porque também devem ter a mesma
qualidade porque pertencem à mesma empresa. E assim foi experimentamos e usamos até azeites
com diferentes sabores e intensidades, tal como o vinho. Eu acho que a empresa faz em expandir-
se através de novos produtos se houver qualidade nestes produtos tal como no café, a Delta como
é uma empresa com elevados níveis de qualidade reconhecidos quer aqui em Portugal ou no
estrangeiro, por isso tem quase a “obrigação” de produzir esses produtos neste nível de qualidade
a que fomos habituados. No entanto, concordo plenamente com o que o participante 2 disse que
devem dar a conhecer mais aos consumidores os restantes produtos e uma opção seria as tais
ofertas de amostras, tal como outras empresas já o fazem, por exemplo, a Red Bull que estão
presentes em vários eventos, como jogos de futebol, festivais, ou até mesmo na rua. E a Delta
começa também a apostar nesse sentido como recentemente, esteve presente no festival da
comida Continente, no entanto só divulgava o café quando teve ali uma boa oportunidade de
divulgar os outros produtos.
Participante 4: Sim claro, devia apostar mais também na divulgação através destas feiras, seria
uma boa oportunidade. Por exemplo estamos a pensar nos produtos como vinho e azeite, mas
recentemente, lançaram outros produtos como o Croffee aquela barra de cereais energética com
café ou o café frio que é também muito utilizado pelos americanos, mas que também gostava de
começar a experimentar aqui em Portugal.
Participante 1: Eu como estou ligado também à área de Fitness já tinha ouvido falar da barra
energética, estou a espera para conseguir provar e que eles consigam lançar no mercado e que
as pessoas comprem com facilidade em qualquer estabelecimento.
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Participante 5: Só espero que a marca não saia prejudicada com o lançamento destes novos
produtos, porque às vezes, com o lançamento e insucesso desse produto, a marca pode sair
desvalorizada.
Participante 1: A Delta normalmente, está sempre atenta a esse tipo de situações e quando isso
acontece eles retiram esse produto do mercado, não insistem em vender.
Participante 3: Eu posso dar o exemplo da minha empresa em que produtos são descontinuados
todos os dias, mas são lançados seis novos produtos todos os dias. Isso não significa que desses
seis produtos, todos sejam um sucesso, mas é experimentar e ver quais é que se saem melhor.
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