Slides - Questão Coimbrã
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Muito há que me eu pergunto a mim donde proviria esta
enfermidade que hoje grassa por tantos espíritos, de que até
alguns dos mais robustos adoecem, que faz com que a literatura, e
em particular a poesia, anda marasmada, com fastio de morte à
verdade e à simplicidade, com o olhar desvairado e visionário,
com os passos incertos, com as cores da saúde trocadas em carmins
postiços
(...)
Quem não vê que vem tornando a contagiosa escola dos conceitos,
das sutilezas, das vanidades discretas, dos alambicamentos
metafísicos, das bátegas de flores, de pérolas, de diamantes, das
mariposas, das estrelas, das asas de anjos; a anarquia, o
turbilhão enfim de todas quantas imagens udas e miúdas há, e
pode, e não pode haver para usurparem o lugar devido aos
pensamentos e aos afetos; a mascarada das figuras em suma, as
saturnais da fantasia, a soltura das florais?
(...)
Deixando de parte, por agora, Braga e Quental, de que, pelas
alturas em que voam, confesso, humilde e envergonhado, que muito
pouco enxergo nem atino para onde vão, nem avento o que será
deles afinal. g
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