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Apostila Bibliologia

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BIBLIOLOGIA

INTRODUÇÃO

Declarações de homens de Deus aprovados, sobre as Escrituras

“Ou este livro afastará você do pecado ou o pecado afastará você desse livro.” (Moody)

“Se colocada sobre uma pilha de livros é a Coroa. Se colocada no meio de uma pilha de livros é a espinha
dorsal. Se colocada abaixo de uma pilha de livros é o fundamento” (C. H. Spurgeon)

“Há bíblias largadas em algum lugar da casa, empoeiradas o suficiente para se escrever CONDENAÇÃO com
os dedos. E abertas o suficiente para te mostrar essa verdade naquele grande dia” (C. H. Spurgeon)

“O espírito santo não muda a escritura de acordo com a interpretação do leitor. Ele muda o leitor da escritura
por meio da verdade imutável que há nela.” (H.D. Lopes)

DESENVOLVIMENTO

Inspiração Divina

A Bíblia foi escrita por homens sob inspiração do único Deus verdadeiro

2 Pedro 1. 19-21
2 Timóteo 3. 15-17

Teorias relacionadas ao modo como se deu a Inspiração Divina

TEORIA DO DITADO - Deus disse exatamente, palavra por palavra, tudo que deveria ser escrito no ouvido
dos escritores. Essa Teoria foi rejeitada pela Igreja no Século XIX

TEORIA DA APROVAÇAO POSTERIOR - Deus inspirou o conteúdo das Escrituras, e não a expressão
verbal. A forma de expressão literária era fruto do talento, cultura e capacidade dos escritores. Todavia, o
processo final dessa interação entre Deus e o homem é inerrante.

Cânon

Tal interação entre Deus e o homem na escrita de algo, gerou o chamado CÂNON

Cânon significa Padrão/ Unidade de medida


Toda religião possui um Padrão a ser seguido e a Bíblia é o nosso Padrão, o nosso Cânon

Por esse motivo dizemos que a Bíblia é nossa regra de fé e prática.

Porém, ao se dizer em livros que compõe as Escrituras Sagradas sendo usados como padrão de
comportamento, há outras religiões diferentes do Protestantismo que possuem esses livros sagrados sendo
usados na formação de outro Cânon que sugere padrões de comportamento distinto dos nossos.

Cabe ressaltar que dentro da própria Igreja Evangélica, que possuem exatamente o mesmo Cânon, há
divergências comportamentais em suas crenças. Todavia, mesmo com essa diversidade de comportamento,
não há divergência no ponto principal da crença, de que a Salvação dos pecados é mediante a fé em Jesus
Cristo, filho do único Deus verdadeiro, e que o Deus verdadeiro existe em três pessoas distintas: Pai, Filho
(Jesus), e o Espírito Santo. Basicamente, há uma convergência da fé em João 3.16.

Além da religião Cristã Protestante, como foi dito acima, outras religiões possuem os escritos sagrados, ou
parte deles, que norteiam suas condutas de fé e prática, como por exemplo: Judaísmo, Catolicismo,
Espiritismo, Mórmons, e Testemunha de Jeová.

Nesse contexto de formação dos Cânons, a constituição do Cânon Hebraico e a formação da Septuaginta
foram muito importantes para a testificação do Cânon que nós protestantes usamos hoje.

Cânon Hebraico

O Cânon Hebraico é composto por todos os 39 livros que compõe o Antigo Testamento da Bíblia Protestante.

Também conhecido como Tanak, a Bíblia Hebraica possui 3 divisões básicas, tendo alguns livros que constam
como distintos na Bíblia Protestante, agrupados em um único livro.

Nesse contexto, todos os 12 profetas menores estão agrupados em um livro único chamado “Os doze”. Esdras
e Neemias compõe um único livro chamado “Esdras-Neemias”. Da mesma forma, os livros de 1 e 2 Crônicas
estão agrupados em um único livro chamado “Crônicas”, bem como 1 e 2 Reis estão agrupados em um livro
chamado “Reis”.

Desta forma, a Bíblia Hebraica possui 24 livros.


Septuaginta

Foi a primeira tradução da Bíblia Hebraica, sendo traduzida para o Grego.

Por iniciativa do Rei Egípcio Ptolomeu II, em 285 AC, foram reunidos 72 eruditos judeus para traduzirem
inicialmente o Pentateuco do Hebraico para o Grego.

A finalidade dessa tradução, era para que o Pentateuco pudesse constar, na língua dominante na época, na
Biblioteca da cidade de Alexandria, um dos maiores centros culturais existentes até então.

Com o tempo, além do Pentateuco, foram inseridos na Septuaginta todos os outros livros da escritura
Hebraica. Além de outros (07) livros conhecidos como Livros Apócrifos, são eles: Tobias, Judite, Baruque, 1
Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria e Eclesiástico, além de adições em grego aos livros de Ester e Daniel.

A Septuaginta foi a base para a Bíblia Católica após a formação da Vulgata Latina, que foi a tradução da
Septuaginta do Grego para o Latim, no final do Século IV. Entre o Concílio de Trento em 1545 e o Concílio
do Vaticano II em 1962, essa foi a versão oficial da Bíblia Católica.

Cânon base dos Protestantes

Com o Cânon Hebraico composto somente pelos 39 livros que possuímos em nosso AT, e a versão da
Septuaginta, possuindo todos os 39 livros, além dos 07 livros Apócrifos, mais tarde adotado pela Igreja
Católica, cresce de importância o estudo da versão usada pela Igreja nos primórdios do Cristianismo.

Com o advento da vinda de Jesus, e ele sendo versado nas escrituras, há a necessidade de que sigamos os
passos de Jesus referente a Base velho testamentária usada por ele, e que por conseguinte seria herdada pela
Igreja primitiva.

O Fato de Jesus ser um Judeu, criado e educado nos princípios Judaicos, já teriam por si só relevância para
dizermos que Jesus rejeitou as adições feitas no Cânon Hebraico por ocasião da Septuaginta.

Mas na idéia de tornarmos essa verdade transparente por meio da própria Bíblia, é importante antes de irmos
ao texto que nos confirma o posicionamento de Jesus acerca de qual versão ele utilizou, atentarmos para o fato
da ordem da disposição dos livros tanto na Bíblia Hebraica quanto na Septuaginta.

Na Biblia Hebraica, o primeiro livro é o de Genesis e o último livro é o referente ao nosso livro de 2 Crônicas,
que na Tanak, esta unido ao livro de 1 Crônicas.

Diferentemente, na Septuaginta, o primeiro livro é o livro de Genesis e o último livro é o livro de Malaquias.

Essa informação é valiosa, quando ouvimos o que consta no livro de Mateus no seguinte trecho:

Mateus 23:35
para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao
sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar.

Com o texto acima, Jesus expõe uma ordem relacionada a morte dos profetas do Antigo Testamento. Jesus
refere-se a uma ordem de mortes que iria de Abel, passaria por todos os Profetas e culminaria com a morte de
Zacarias.
Porém, essa sequência não corresponde a uma lógica cronológica dos fatos, já que Zacarias não foi o último
profeta a morrer na ordem cronológica. Todavia, ele foi o último profeta a morrer quando levamos em conta a
ordem da disposição dos livros no Cânon Hebraico. A morte de Zacarias esta relatada no último livro da
Bíblia Hebraica, 2 Crônicas.

Outro detalhe que termina de amarrar essa convicção, foi o modo como Zacarias morreu, que pelo próprio
Jesus foi entre o santuário e o altar. E quando vamos ao texto de 2 crônicas, último livro da bíblia hebraica,
temos o seguinte:

2 Cr 24. 20-21
O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé diante do povo e
lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do SENHOR, de modo que não prosperais?
Porque deixastes o SENHOR, também ele vos deixará. Conspiraram contra ele e o apedrejaram, por
mandado do rei, no pátio da Casa do SENHOR.

Quando o texto se refere ao pátio da casa do Senhor, ele refere-se a um local que ficava entre o altar do
sacrifício onde eram realizados os holocaustos e o Santo lugar, onde ficava a mesa com os pães da proposição,
candelabro e o altar do incenso. Sendo assim, o exato local onde morre Zacarias em 2 Crônicas, é o local a que
Jesus se refere em Mateus 23.35.

Jesus, que possuía um Cânon em mãos para ensinar, olha para seu padrão de medida e cita Abel como o
primeiro mártir e Zacarias como último, dessa forma, ressalta-se o fato de nosso Senhor Jesus estar utilizando
a base literária herdada dos hebreus, e que hoje constituem nossa base velho testamentária, sem utilizar-se da
Septuaginta, que possuía os livros apócrifos.

Porém, nesse ponto, ainda pode-se questionar um fato. Zacarias citado por Jesus era filho de Baraquias, e o
descrito em 2 Crônicas era filho do sacerdote Joiada. Porém, ao analisar os Evangelhos, percebe-se que o
publico alvo de Mateus ao longo de seus evangelhos são os Judeus, sendo atestado por meio da linguagem
tipicamente judaica, preocupação com o aspecto genealógico e um foco exacerbado no que se refere aos
ensinamentos de Jesus, por meio de diversos discursos de ensinos que perfazem capítulos afora ao longo do
Evangelho de Mateus, sendo reconhecido inclusive, como tendo 5 grandes blocos de discursos de ensinos que
perfazem mais da metade do livro ao longo das escrituras.

Nesse contexto, Mateus é reconhecido em sua linguagem por “saltos geracionais” ao se referir a genealogias.
Como principal exemplo, temos a própria Genealogia de Jesus:

Mateus 1:1
Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

Dessa forma, firma-se um entendimento transparente sobre o fato de Mateus não estar se referindo
diretamente ao pai biológico de Zacarias, mas a algum ancestral de sua geração. Além do mais, a forma da
morte de Zacarias, deixa essa questão plenamente clara.

Formação do Cânon do Novo Testamento

Ao longo do tempo, a Igreja não determinou oque era inspirado, ela reconheceu a inspiração por meio de
critérios incontestáveis.
Após a adoção desses critérios, a Igreja que já possuía a base do Antigo Testamento Hebraica, chega ao quarto
século com seu Cânon definitivo após a inserção dos Livros do Novo testamento, agora não somente como um
livro que servia de direcionamento, mas como um padrão fechado e imutável.

A Igreja, nos primórdios do Cristianismo, não havia se preocupado com a formação de um Cânon como
possuíam os Hebreus. A Igreja já se utilizava de livros dos apóstolos que circulavam entre as cidades, bem
como outros e que eram usados em conjunto com o cânon hebraico.

Porém, começaram a ocorrer eventos que tirariam a Igreja dessa zona de conforto em não se preocupar com
uma unidade de medida de fé e prática.

Da mesma forma que Deus permitiu a perseguição da Igreja para que ela se espalhasse pelo mundo, houve
heresias e divisões internas que uniram a Igreja em prol da busca de uma verdade única para nortear
comportamentos.

Nesse contexto, ocorreram 3 fatos em especial que impulsionaram a Igreja na buscar para unidade de fé e
prática.

1º Fato – “Cânon” de Marcião

Marcião, um Cristão do segundo século, propõe a tese de que o Deus do Antigo Testamento não era o mesmo
Deus no Novo Testamento.

Segundo Marcião, o Deus do Antigo testamento era mal, e não condizia com o Deus pregado por Jesus Cristo.
Com isso, ele forma um “Cânon” onde constava apenas o Evangelho de João e algumas poucas cartas de
Paulo, e então começa a espalhar esse ensinamento contaminando uma grande parcela da Igreja.

Nesse ponto, a Igreja começa a se preocupar com a necessidade de formação de um Cânon correto, já que
estava se espalhando um que a Igreja tinha convicção de que era o errado.

2º Fato – Inspiração continuada de Montano

Montano, que viveu pouco após Marcião, alegou estar recebendo revelações diretamente de Deus por meio de
duas profetizas chamadas Maximila e Priscila.

Segundo Montano, quando Deus vinha sobre essas profetizas, era como se Deus estivesse dedilhando uma
Harpa que se transforma em inspiração divina, e o que elas começavam a declarar, advinha da mesma
inspiração dos Apóstolos de Cristo. E esse fato fez com que Montano escrevesse Livros que reivindicavam a
autoridade dos livros apostólicos, sendo adotado por Cristãos entre os Séculos II e III.

Com isso, a Igreja é levada a pensar sobre o que era e o que não era inspirado, e pensar em uma definição
sobre isso.

3º Fato – Multiplicidade de Escritos

Livros de todos os tipos surgiam a cada instante reivindicando para si autoria divina.

Nessa ocasião, os livros apócrifos inseridos na Septuaginta começam a ganhar espaço, além de outros.
E com toda essa confusão relacionada aos escritos tidos como cristãos, a Igreja precisou se resolver a respeito
desse ponto, pois já estava em circulação o “Cânon” de Marcião. Da mesma forma, ganhava espaço a ideia de
inspiração divina continuada de Montano. E para piorar, crescia a cada dia o número de escritos reivindicando
para si legitimidade como sendo um decreto da parte de Deus.

Com isso, a Igreja tomou para si a responsabilidade de definir o que era e o que não era palavra de Deus. E
após muita labuta, a Igreja chega ao quarto século com os 66 livros que compõe o Cânon Protestante fechado,
após a Reforma, e se espalhando pela Europa após a tradução da Bíblia para o Alemão por Martinho Lutero.

E a decisão da formação do Cânon que temos em mãos hoje, adveio de 3 critérios fundamentais:

1º Critério – Autenticidade

Os livros para serem considerados autênticos, deveriam ter sido escritos por um Apóstolo ou por alguém
ligado diretamente aos apóstolos.

Dessa forma, ao olharmos para nosso Novo Testamento hoje, veremos os seguintes autores:

Mateus - Apostolo
Marcos - Ligado ao Apostolo Pedro
Lucas - Ligado ao Apostolo Paulo
João - Apostolo
Paulo - Apostolo
Tiago – pertencente ao círculo apostólico
Pedro – Apostolo

Quanto ao Livro de Hebreus, que hoje entre a igreja possui autoria controversa, na época da separação dos
livros era considerada como tendo sido escrita pelo Apóstolo Paulo.

2º Critério – Regra de Fé

Os Escritos tinham que estar de acordo com o ensino dos Apóstolos.

Livros que traziam doutrinas e ensinamentos diferentes dos ensinados pelos apóstolos eram descartados.

3º Critério – Catolicidade ou Universalidade

Partia-se do princípio de que Jesus era a revelação de Deus para todo o mundo

Atos 1:8
mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

Logo, os livros para poderem fazer parte do Cânon, teriam que ser conhecidos pelas Igrejas de todas as
Regiões por onde o Cristianismo se espalhou até aquela época. Escritos locais, que regiam costumes locais
eram desconsiderados, tendo a necessidade de que os escritos fossem conhecidos e reconhecidos por todos os
lugares onde o Cristianismo já havia entrado.

Com isso, a Igreja chega ao quarto Século com a formação que temos em nossas mãos.
Composição do Cânon Protestante

Escrito por aproximadamente 40 homens diferentes em um espaço de cerca de 1.600 anos. Sendo o primeiro
livro datado de aproximadamente 1.500 AC e o último entre 90 e 96 DC.

Escrito originalmente em Hebraico e Grego, possuindo trechos e palavras específicas em Aramaico.

Originalmente não houve separação em capítulos e versículos. Somente em 1.250 DC a bíblia foi dividida em
Capítulos, e posteriormente, em duas etapas, a Bíblia é separada em Versículos (1.445 e 1.551 DC)

É dividido em Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT).

Antigo Testamento

É construído por 39 livros, escritos quase que em suas totalidades em Hebraico, possuindo, porém, os trechos
de Esdras 4.8—6.18, Esdras 7.12-26 e Daniel 2.4—7.28 em Aramaico.

Possui a seguinte subdivisão:

Cabe ressaltar, que a divisão entre os Profetas Maiores e Menores não diz respeito ao grau de importância, e
sim ao tamanho dos livros.
Novo Testamento

Constituído por 27 livros, escritos todos em grego.

É subdividido da seguinte forma:

Particularmente, as Cartas de Paulo possuem ainda uma divisão específica descrita abaixo:

Grandes Cartas: Romanos, 1 e 2 Coríntios


Cartas da Prisão: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon
Cartas Pastorais: Tito e 1 e 2 Timóteo

Cabe ainda ressaltar, que 2 Timóteo provavelmente foi escrita em um segundo período de Prisão em Roma,
em um advento posterior a primeira prisão de onde escreveu as citadas cartas da Prisão descritas acima.

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