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Introdução
1929&1;178:0.1 Jesus planejava passar esta quinta-feira, seu último dia de liberdade sobre a Terra como Filho divino
encarnado, com seus apóstolos e alguns discípulos leais e devotos. Pouco depois da hora do desjejum desta bela
manhã, o Mestre os levou a um lugar isolado à curta distância acampamento acima, e ali lhes ensinou muitas novas
verdades. Ainda que Jesus fez outros discursos aos apóstolos durante as primeiras horas da noite deste dia, esta
conversa da quinta-feira de manhã foi sua alocução de despedida ao grupo do acampamento composto pelos apóstolos
e os discípulos escolhidos, tanto judeus como gentios. Os doze estavam todos presentes, salvo Judas. Pedro e vários
apóstolos comentaram sobre sua ausência, e alguns deles pensaram que Jesus o havia enviado à cidade para cuidar
de algum assunto, provavelmente para acertar os detalhes de sua próxima celebração da Páscoa. Judas não retornou
ao acampamento até a metade da tarde, pouco antes de que Jesus levasse os doze a Jerusalém para compartilhar da
Última Ceia.
1929&2;178:1.1 Jesus falou para quase 50 de seus seguidores de confiança por cerca de duas horas e respondeu a
uma vintena de perguntas sobre a relação entre o reino dos céus e os reinos deste mundo, sobre a relação da filiação
com Deus e a cidadania nos governos terrestres. Este discurso, juntamente com suas respostas às perguntas, podem
ser resumidas e rescritas em linguagem moderna, tal como se segue:
1929&3;178:1.2 Os reinos deste mundo, sendo materiais, freqüentemente podem achar necessário empregar a força
física na execução de suas leis e para manter a ordem. No reino dos céus, os verdadeiros crentes não recorrerão ao
emprego da força física. O reino dos céus, sendo uma fraternidade espiritual dos filhos de Deus nascidos do espírito, só
pode ser promulgado pelo poder do espírito. Esta diferença de procedimento se refere às relações entre o reino dos
crentes e os reinos dos governos seculares, e não anula o direito dos grupos sociais de crentes em manter a ordem em
suas filas e administrar a disciplina a seus membros ingovernáveis e indignos.
1929&4;178:1.3 Não há nada de incompatível entre a filiação no reino espiritual e a cidadania em um governo secular
ou civil. É o dever do crente dar a César as coisas que são de César, e a Deus as coisas que são de Deus. Não pode
haver discrepância entre estas duas exigências sendo uma material e a outra espiritual, a menos que surja um César
que se atreva usurpar as prerrogativas de Deus e exija que a homenagem espiritual e um culto supremo sejam rendidas
a ele. Nesse caso só adorareis a Deus e ao mesmo tempo tentareis esclarecer a esses dirigentes terrestres
equivocados, e desta maneira os induzireis também ao reconhecimento do Pai que está nos céus. Não rendereis culto
espiritual aos dirigentes terrestres; nem empregareis a força física dos governos terrestres, cujos chefes podem se
converter em crentes algum dia, na tarefa de promover a missão do reino espiritual.
1930&1;178:1.4 Desde o ponto de vista de uma civilização em progresso, a filiação no reino deveria ajudar a converter-
vos em cidadãos ideais dos reinos deste mundo, já que a fraternidade e o serviço são as pedras angulares do
evangelho do reino. O chamado ao amor do reino espiritual deveria mostrar ser o destruidor efetivo do impulso ao ódio
dos cidadãos incrédulos e belicosos dos reinos terrestres. Mas esses filhos materialistas envolto nas trevas, jamais
saberão sobre vossa luz espiritual da verdade, a menos que vos acerqueis muito deles com esse serviço social
desinteressado que é a conseqüência natural de se produzir os frutos do espírito na experiência da vida de cada crente
individual.
1930&2;178:1.5 Como homens mortais e materiais, vós sois em verdade os cidadãos dos reinos terrestres, e deveríeis
ser bons cidadãos, muito melhores por terdes vos tornado filhos renascidos de espírito do reino celestial. Como filhos
esclarecidos pela fé e libertos pelo espírito do reino dos céus, enfrentai-vos com a dupla responsabilidade do dever para
com os homens e do dever para Deus, ao mesmo tempo que assumis voluntariamente uma terceira obrigação sagrada:
o serviço à fraternidade dos crentes conhecedores de Deus.
1930&3;178:1.6 Não podeis adorar a vossos governantes temporais, e não deveríeis empregar o poder temporal na
promoção do reino espiritual; mas deveríeis manifestar por igual, aos crentes e aos incrédulos, o ministério eqüitativo do
serviço amoroso. O poderoso Espírito da Verdade reside no evangelho do reino, e em breve derramarei este mesmo
espírito sobre todo o gênero humano. Os frutos do espírito, vosso serviço sincero e amoroso, são a poderosa alavanca
social para erguer às raças das trevas, e este Espírito da Verdade se tornará vosso fulcro multiplicador de poder.
1930&4;178:1.7 Mostrai sabedoria e manifestai sagacidade em vossas relações com os governantes civis incrédulos.
Com discrição, mostrai-vos que sois expertos em resolver os desacordos menores e em ajustar os pequenos mal-
entendidos. De todas as maneiras possíveis —em todas as coisas, exceto em vossa lealdade espiritual aos
governantes do universo— procurai viver pacificamente com todos os homens. Sede sempre tão prudentes como as
serpentes, mas tão inofensivos como as pombas.
1930&5;178:1.8 Vós deveríeis ser muito melhores cidadãos do governo secular como resultado de terdes vos tornado
filhos esclarecidos do reino; dessa forma, os chefes dos governos terrestres se tornariam muito melhores dirigentes nos
assuntos civis como resultado de crerem neste evangelho do reino celestial. A atitude de serviço desinteressado ao
homem e devoção inteligente a Deus, deveria transformar todos os crentes no reino em melhores cidadãos do mundo,
enquanto a atitude de ser um cidadão honesto e um devoto sincero a seus deveres temporais, deveria ajudar a tornar
esse cidadão mais receptivo ao chamamento espiritual da filiação no reino celestial.
1930&6;178:1.9 Enquanto os chefes dos governos terrestres tentem exercer a autoridade de ditadores religiosos, vós
que credes neste evangelho apenas podeis esperar por dificuldades, perseguições e inclusive a morte. Mas a luz
mesma que trazeis ao mundo, e inclusive a maneira mesma em que sofrereis e morrereis por este evangelho do reino,
esclarecerão finalmente, por si mesmas, ao mundo inteiro, e resultarão na separação gradual da política e a religião. A
pregação perseverante deste evangelho do reino trará algum dia, a todas as nações, uma libertação nova e incrível, a
independência intelectual e a liberdade religiosa.
1931&1;178:1.10 Sob as perseguições iminentes que sofrereis por parte daqueles que odeiam este evangelho de
alegria e liberdade, vós tereis sucesso e o reino prosperará. Mas estareis em grave perigo, em épocas posteriores,
quando a maioria dos homens falarão bem dos crentes no reino e muitos, em altos cargos, aceitarão nominalmente o
evangelho do reino celestial. Aprendei a serdes fiéis ao reino, inclusive em tempos de paz e prosperidade. Não tenteis
aos anjos que vos supervisionam, a que vos conduzam por caminhos turbulentos como uma disciplina amorosa
destinada a salvar vossa alma indolente.
1931&2;178:1.11 Recordai que estais encarregados de predicar este evangelho do reino —o desejo supremo de fazer a
vontade do Pai, unido à alegria suprema da realização, pela fé, da filiação com Deus— e não deveis permitir que nada
desvie vossa consagração a este único dever. Que toda a humanidade se beneficie do transbordamento de vosso
afetuoso ministério espiritual, de vossa comunhão intelectual esclarecedora, e de vosso serviço social edificante; mas
nenhum destes labores humanitários, nem todos juntos, devem ser permitidos a tomar o lugar da proclamação do
evangelho. Estes grandes serviços são os subprodutos sociais dos ministérios e transformações ainda maiores e
sublimes, forjados no coração do crente no reino pelo vivificante Espírito da Verdade e pela compreensão pessoal de
que a fé de um homem nascido do espírito confere a garantia de uma comunhão viva com o Deus eterno.
1931&3;178:1.12 Não deveis tentar promulgar a verdade nem estabelecer a retitude mediante o poder dos governos
civis ou por meio da promulgação das leis seculares. Sempre podeis vos esforçar por persuadir a mente dos homens,
mas jamais deveis vos atrever a forçá-los. Não deveis esquecer a grande lei da equidade humana na qual vos ensinei
de maneira positiva: Tudo aquilo que quereis que os homens façam por vós, fazei o mesmo por eles.
1931&4;178:1.13 Quando um crente no reino é chamado a servir ao governo civil, que ele preste esse serviço como
cidadão temporal desse governo, apesar de que esse crente deveria mostrar em seu serviço civil todas as
características comuns dos cidadãos, tal como estas tiverem sido realçadas pelo esclarecimento espiritual da
associação enobrecedora da mente do homem mortal com o espírito interior do Deus eterno. Se o não crente pode
qualificar-se como um servidor civil superior, vós deveríeis questionar seriamente se as raízes da verdade em vosso
coração não murcharam por falta da água viva da comunhão espiritual combinada com o serviço social. A consciência
da filiação com Deus deveria estimular toda a vida de serviço de cada homem, mulher e de cada criança que se tornou
possuidor desse poderoso estimulante de todos os poderes inerentes de uma personalidade humana.
1931&5;178:1.14 Não deveis ser uns místicos passivos nem ascetas pálidos; não deveis vos tornar sonhadores e
preguiçosos, que confiam passivamente em uma Providência fictícia para que lhes proporcione até as necessidades da
vida. Em verdade, deveis ser gentis em vossas relações com os mortais equivocados, pacientes em vosso trato com os
ignorantes, e indulgentes quando sujeitos à provocação; mas também deveis ser valentes na defesa da retitude,
poderosos na promulgação da verdade, e vigorosos na predicação deste evangelho do reino, inclusive até os confins da
Terra.
1931&6;178:1.15 Este evangelho do reino é uma verdade viva. Disse-vos que ele se parece à levedura na massa, e ao
grão da semente de mostarda; e agora vos afirmo que ele se parece à semente do ser vivo, o qual, de geração em
geração, embora permaneça a mesma semente viva, desdobra-se infalivelmente em novas manifestações, e cresce
aceitavelmente em canais de nova adaptação às necessidades e condições peculiares de cada geração sucessiva. A
revelação que vos tenho feito é uma revelação viva, e desejo que ela produza os frutos apropriados em cada indivíduo e
em cada geração, de acordo com as leis do crescimento espiritual, da melhora e do desenvolvimento que se adapta. De
geração em geração, este evangelho deve mostrar uma vitalidade crescente e demonstrar uma maior profundidade de
poder espiritual. Não deve ser permitido que se torne simplesmente uma lembrança sagrada, uma mera tradição sobre
mim e sobre a época em que vivemos agora.
1932&1;178:1.16 E não esqueçais: Não fizemos nenhum ataque direto às pessoas nem à autoridade dos que estão
sentados no trono de Moisés; apenas oferecemos a nova luz, a qual eles têm rechaçado tão energicamente. Só os
atacamos pela denúncia de sua deslealdade espiritual às mesmas verdades que fingem ensinar e salvaguardar.
Somente confrontamos com esses dirigentes estabelecidos e esses chefes reconhecidos, quando eles opuseram
diretamente à pregação do evangelho do reino aos filhos dos homens. E inclusive agora, não somos nós que lhes
atacamos, mas eles que buscam nossa destruição. Não esqueçais que vós apenas estais encarregados de sair a
predicar a boa nova. Não deveis atacar os velhos costumes; deveis introduzir habilmente a levedura da nova verdade
no meio das antigas crenças. Deixai que o Espírito da Verdade faça seu próprio trabalho. Que a controvérsia só surja
quando os que desprezam a verdade vos forcem a ela. Mas quando o incrédulo obstinado vos ataque, não hesitais em
vos colocardes em vigorosa defesa da verdade que vos salvara e santificara.
1932&2;178:1.17 Ao longo de todas as vicissitudes da vida, recordai sempre em amar-vos uns aos outros. Não luteis
contra os homens, nem sequer contra os incrédulos. Mostrai misericórdia inclusive àqueles que abusam de vós
maliciosamente. Mostrai-vos ser cidadãos leais, artesãos honestos, vizinhos elogiáveis, parentes dedicados, pais
compreensivos e crentes sinceros na fraternidade do reino do Pai. E meu espírito estará sobre vós, agora e inclusive
até o fim do mundo.
1932&3;178:1.18 Quando Jesus terminou seu ensinamento, era quase uma hora, e eles regressaram imediatamente ao
acampamento, onde Davi e seus companheiros tinham preparado o almoço para eles.
Depois Do Almoço
1932&4;178:2.1 Não muitos ouvintes do Mestre foram capazes de entender nem sequer uma parte de seu discurso
matutino. De todos os que lhe escutaram, os gregos compreenderam melhor. Inclusive os onze apóstolos ficaram
desconcertados por suas alusões a futuros reinos políticos e a gerações sucessivas de crentes no reino. Os seguidores
mais ferventes de Jesus não podiam conciliar o final iminente de seu ministério terrenal com estas referências a um
futuro prolongado de atividades evangélicas. Alguns destes crentes judeus estavam começando a intuir que a maior
tragédia do mundo estava prestes a acontecer, mas não conseguiam conciliar este desastre iminente com a atitude
pessoal alegremente indiferente do Mestre, nem com seu discurso matutino, em que aludira repetidas vezes às
transações futuras do reino celestial, que abarcariam enormes períodos de tempo e englobariam relações com muitos
reinos temporais sucessivos na Terra.
1932&5;178:2.2 Ao meio-dia deste dia, todos os apóstolos e discípulos haviam se inteirado sobre a fuga apressada de
Lázaro de Betânia. Eles começaram a perceber a determinação raivosa dos dirigentes judeus para exterminar a Jesus e
seus ensinamentos.
1932&6;178:2.3 Graças ao trabalho de seus agentes secretos em Jerusalém, Davi Zebedeu estava plenamente
informado dos progressos do plano para prender e matar Jesus. Ele sabia tudo acerca da posição de Judas nesta
conspiração, mas nunca revelou este conhecimento aos outros apóstolos nem a qualquer discípulo. Pouco depois do
almoço, ele tomou Jesus à parte e, atrevendo-se, perguntou-lhe se ele sabia – mas jamais conseguiu terminar sua
pergunta. O Mestre, levantando sua mão, interrompeu-lhe, dizendo: "Sim, Davi, eu sei de tudo, e também sei que tu
sabes, mas cuide de não dizer a ninguém. Apenas não duvides em teu próprio coração que a vontade de Deus
prevalecerá no final."
1933&1;178:2.4 Esta conversação com Davi foi interrompida pela chegada de um mensageiro da Filadélfia, trazendo a
notícia de que Abner havia ouvido falar da conspiração para matar Jesus, e perguntava se ele devia partir para
Jerusalém. Este corredor saiu apressadamente para Filadélfia com esta mensagem para Abner: "Continua com tua
obra. Se me separo de vós na carne, é apenas para que eu possa regressar em espírito. Não vos abandonarei. Estarei
convosco até o fin."
1933&2;178:2.5 Nesse momento, Felipe veio até o Mestre e perguntou: "Mestre, visto que a hora da Páscoa se
aproxima, onde queres que nos preparemos para comê-la?" E assim que Jesus escutou a pergunta de Felipe,
respondeu: "Vai e traze Pedro e João, e vos darei instruções para a ceia que vamos compartir nesta noite. Quanto à
Páscoa, isso tereis que considerar depois que nós tivermos feito isso primeiro."
1933&3;178:2.6 Quando Judas escutou o Mestre falar destas questões com Felipe, ele se acercou para poder escutar a
conversa deles. Mas Davi Zebedeu, que estava perto, adiantou-se e ocupou Judas numa conversa, enquanto Felipe,
Pedro e João iam a uma lado para falar com o Mestre.
1933&4;178:2.7 Jesus disse aos três: "Ide imediatamente a Jerusalém, e quando franqueeis o portão, encontrareis um
homem levando um cântaro de água. Ele falará convosco, e então o seguireis. Quando ele vos conduzir até um
determinada casa, entrai atrás dele, e perguntai-lhe sobre o bom homem daquela casa, ‘Onde está a sala dos
convidados em que o Mestre vai comer a ceia com seus apóstolos?' E quando tiverdes perguntado isto, o senhor da
casa vos mostrará uma grande sala na parte superior, toda equipada e preparada para nós."
1933&5;178:2.8 Quando os apóstolos chegaram à cidade, encontraram o homem com o cântaro de água junto ao
portão, e o seguiram até a casa de João Marcos, onde o pai do rapaz os recebeu e lhes mostrou o cômodo superior à
disposição para a ceia vespertina.
1933&6;178:2.9 E tudo isso sucedeu como resultado de um entendimento ocorrido entre o Mestre e João Marcos
durante a tarde do dia anterior, quando eles estavam a sós nas colinas. Jesus queria estar seguro de que teria esta
última refeição com seus apóstolos sem problemas, e achando que se Judas soubesse de antemão o lugar da reunião
ele poderia combinar com seus inimigos para capturá-lo, ele fez este acordo secreto com João Marcos. Desta maneira,
Judas não se inteirou do local da reunião até mais tarde, quando chegou ali em companhia de Jesus e dos outros
apóstolos.
1933&7;178:2.10 Davi Zebedeu tinha muitos assuntos que tratar com Judas, de maneira que ele foi facilmente impedido
de seguir Pedro, João e Felipe, tal como desejava tanto fazer. Quando Judas deu a Davi certa quantidade de dinheiro
para as provisões, Davi lhe disse: "Judas, dadas as circunstâncias, não seria oportuno que me proporcionasses um
pouco de dinheiro por adiantado para minhas necessidades atuais?" E Judas depois de refletir por um momento,
respondeu: "Sim, Davi, creio que seria sensato. De fato, em vista das condições inquietantes em Jerusalém, creio que
seria melhor para mim que te entregue todo o dinheiro. Eles conspiram contra o Mestre, e no caso de que me aconteça
algo, não ficarias em dificuldades."
1934&1;178:2.11 E então Davi recebeu todos os fundos apostólicos em espécie e os recibos do dinheiro em depósito.
Os apóstolos não se inteiraram desta operação até o dia seguinte pela noite.
1934&2;178:2.12 Eram aproximadamente as quatro e meia quando os três apóstolos retornaram e informaram a Jesus
que tudo estava disposto para a ceia. O Mestre se preparou imediatamente para levar seus doze apóstolos pelo
caminho para estrada de Betânia, e dali até Jerusalém. E esta foi a última jornada que fez com todos os doze.
A Caminho Da Ceia
1934&3;178:3.1 Procurando mais uma vez evitar as multidões que cruzavam o vale de Cedron daqui pra lá entre o
parque de Getsemâni e Jerusalém, Jesus e os doze passaram pela fronte ocidental do Monte das Oliveiras para chegar
à estrada que descia de Betânia até a cidade. Quando se aproximaram do lugar onde Jesus havia permanecido na noite
anterior para discursar sobre a destruição de Jerusalém, eles se detiveram inconscientemente e permaneceram ali
contemplando em silêncio a cidade. Como estavam um pouco adiantados, e já que Jesus não desejava atravessar a
cidade até depois do pôr-do-sol, disse a seus companheiros:
1934&4;178:3.2 "Sentai-vos e descansai enquanto converso convosco sobre o que em breve deve ocorrer. Todos estes
anos tenho vivido convosco como irmãos, e vos tenho ensinado a verdade sobre o reino dos céus e revelado os
mistérios do mesmo. E meu Pai tem feito em verdade muitas obras maravilhosas em conexão com minha missão na
Terra. Fostes testemunhas de tudo isto e participantes na experiência de serdes trabalhadores juntamente com Deus. E
vós me dareis testemunho de que eu vos tenho advertido durante algum tempo que dentro em breve terei que retornar à
tarefa que o Pai me deu realizar; tenho-vos dito claramente que devo vos deixar no mundo para continuar a obra do
reino. Foi com esta finalidade que vos distingui nas colinas de Cafarnaum. A experiência que tivestes comigo, agora
deveis preparar-vos para compartilhar com outros. Como o Pai me enviou a este mundo, assim estou a ponto de vos
enviar para me representardes e terminardes a obra que eu comecei.
1934&5;178:3.3 "Contemplais esta cidade com tristeza, pois não escutastes minhas palavras proferidas sobre o fim de
Jerusalém. Eu vos preveni de antemão para que não pereçais em sua destruição e assim se atrase a proclamação do
evangelho do reino. Advirto-vos também a que prestais atenção a fim de que não vos exponhais desnecessariamente
ao perigo quando eles venham levar o Filho do Homem. Eu devo ir, mas vós deveis permanecer para dar testemunho
deste evangelho quando eu tiver ido, tal como ordenei a Lázaro que fugisse da ira dos homens, para que pudesse viver
e dar a conhecer a glória de Deus. Se é vontade do Pai que eu parta, nada do que façais poderá frustrar o plano divino.
Prestai atenção com vós mesmos para que eles não vos matem também. Que vossas almas sejam valentes na defesa
do evangelho com o poder do espírito, mas não ficai iludidos em qualquer tentativa néscia de defender o Filho do
Homem. Eu não preciso de nenhuma proteção pelas mão do homem; os exércitos do céu estão ao alcance da mão
neste mesmo momento; mas estou decidido a fazer a vontade de meu Pai que está nos céus, e por isso devemos nos
submeter àquilo que muito em breve está por nos ocorrer.
1934 :6;178:3.4 "Quando vejais esta cidade destruída, não esqueçais que já tereis entrado na vida eterna de serviço
sem fim no reino sempre em avanço do céu, inclusive do céu dos céus. Deveríeis saber que há muitas moradas no
universo de meu Pai e no meu, e que lá espera os filhos da luz a revelação de cidades cujo construtor é Deus e de
mundos cujos costumes de vida são a retitude e a alegria na verdade. Eu vos trouxe o reino dos céus aqui na Terra,
mas declaro que todos aqueles de vós que entreis nele pela fé e permaneceis nele mediante o serviço vivo da verdade,
ascendereis certamente aos mundos superiores e vos sentareis comigo no reino espiritual de nosso Pai. Mas primeiro
deveis cingir-vos e completar a obra que começastes comigo. Primeiro deveis passar por muitas tribulações e suportar
muitas dores — e essas provas estão agora mesmo sobre vós — e quando terminardes vosso trabalho na Terra, vireis
para minha alegria, da mesma forma que eu terminei a obra de meu Pai na Terra, e estou prestes a regressar a seu
abraço."
1935&1;178:3.5 Quando o Mestre terminou de falar, levantou-se e todos eles seguiram-no na descida do Oliveto e na
cidade. Nenhum dos apóstolos, salvo três, sabia aonde estavam indo enquanto faziam seu trajeto pelas estreitas ruas
ao cair a escuridão. As multidões os empurravam, mas ninguém os reconheceu nem soube que o Filho de Deus estava
passando por ali a caminho de sua última reunião como um ser mortal com seus embaixadores escolhidos do reino. E
os apóstolos tampouco sabiam que um deles mesmos já havia começado a conspirar para entregar o Mestre nas mãos
de seus inimigos.
1935&2;178:3.6 João Marcos os havia seguido todo o caminho até a cidade, e depois de que tiveram entrado pelo
portão, correu por outra rua, de maneira que estava esperando para recebê-los na casa de seu pai quando eles
chegaram.