Investimento em ETFs
Investimento em ETFs
Investimento em ETFs
by Salvador_
Num país onde apenas 10% das pessoas sabem o que é uma Euribor (segundo o relatório do Banco de
Portugal), e onde a iliteracia financeira das pessoas é uma percentagem elevadíssima da população total
(aliás uma característica comum aos países de povos latinos), não é de admirar que os conceitos de
investimento deixem muito a desejar.
O investimento é de facto o melhor método para a poupança e aqui descreveremos uma forma de
enriquecer lentamente ao longo dos anos.
Bom e como é que isto se alcança? Através do investimento de longo prazo com um perfil
conservador/médio.
Mas tal média, na altura não parecia tão louca quanto isso, uma vez que nos encontrávamos no meio de
um optimismo exagerado fruto da industrialização dos anos 20.
A 3 de Setembro desse mesmo ano de 1929, apenas alguns dias após a publicação das ideias do
executivo da GM, o DJIA atingiu um máximo histórico nos 387 pontos. 2 meses depois o mercado
crashou e os 34 meses que se lhe seguiram foram palco da queda mais devastadora alguma vez ocorrida
na história americana.
Em 1932, quando a devastação tinha atingido o seu fim, o valor das maiores corporações e empresas
americanas tinha caído 90% atingindo o DJIA o valor de 40 pontos.
Poupanças de milhões foram devastadas e outros milhares de investidores que tinham recorrido a
alavancagem através de empréstimos foram à falência. Estávamos perante a maior depressão de
sempre.
O conselho de Raskob foi ridicularizado e denunciado por anos a fio. Representava a loucura de quem
acreditava que o mercado subia permanentemente. Um senador americano inclusive responsabilizou-o
pelo crash do mercado, ao incentivar as pessoas a comprarem num topo de mercado.
Sabedoria convencional, sabe que este tipo de adágios é comum junto a topos de mercados onde se
exacerba que uma tendência nunca terá fim e que o mercado só tem um sentido (vide o exemplo no ano
2000 onde livros atrás de livros eram escritos que os próximos 20 anos seriam ainda melhores que os
anteriores 20 - o livro "Dow 36,000 é um exemplo disso). É uma história já familiar, em topos toda a
gente está excitada com o mercado e nos fundos todos estão pessimistas.
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Voltemos ao conselho do nosso amigo Raskob. Se calcularmos o valor de um portfólio de alguém que
tenha seguido o seu conselho em 1929 descobrimos que a acumulação desse indivíduo teria
ultrapassado o capital de alguém que colocasse os mesmos 15 dólares mensais em Bilhetes do Tesouro
(equivalentes a Depósitos a Prazo) em menos de 4 anos (isto no meio do período mais devastador da
história.
Em 1949, 20 anos após o conselho o portfólio valia 50 mil dólares (abaixo dos 80 mil prognosticados por
Raskob é certo mas o retorno esperado por este era excessivo e também ele caiu no engodo da bolha
que na altura se vivia). Um retorno anual de 9%.
25 anos depois de 1929, o portfólio valia agora 75 mil dólares, apresentando um retorno de 12,8% ao
ano. Ainda que o reetorno estivesse aquém do que Raskob previa, o valor do portfólio era 9 x's maior do
que alguém que tivesse seguido o mesmo conselho mas com Bilhetes do Tesouro.
Isto para mostrar que mesmo investindo no pico de o pior periodo da história onde o valor do mercado
caiu 90%, num período alargado os retornos largamente compensam e quanto maior o horizonte
temporal menor o risco.
Ora bem a estratégia que adoptamos é semelhante mas não igual. O objectivo como disse passa por
demonstrar uma das formas de enriquecer lentamente ao longo dos anos. E como se aplica? Bom, isto
passa por ser uma estratégia de investimento, e que Análises Técnicas, Análises Fundamentais,
adivinhações, prognósticos, "bolas de cristal", ou qualquer outro método de tentar prever o meercado
não são para aqui chamados. O objectivo passa por aumentar a exposição do nosso capital em classes de
activos, comprar e mante-las no longo prazo, tendo sempre a óptica de valor ao contrário do preço.
Pode ser necessário algum capital de ínicio para fazer uso da diversificação, ou na falta deste,
contribuições regulares de óptica mensal em determinados activos terão o mesmo efeito.
Diria que quase todos os interessados, têm a capacidade de poupar o suficiente para investir, Cada caso
é um caso, mas até mesmo quantias que nos parecem insignificantes, poderão fazer toda uma diferença
no longo prazo. Essa pequena quantia é o bastante para providenciar uma diferença significativa
aquando da idade da reforma ou até na expectativa da antecipação da mesma. O processo de
investimento é bastante democrático, ou seja, não é preciso de todo grandes conhecimentos e
capacidades, e prova disso mesmo é que dentro da generalidade das pessoas que se considera, quase
todos podem almejar em conseguir pelo menos 1 milhão.
Com alguns requisitos no entanto: a pessoa ser suficientemente jovem, alguma forma de fonte de
rendimento e disciplina (se considerarmos pessoas de 50 anos sem qualquer tipo de poupança ...
digamos que a probabilidade de não alcançarem este objectivo é obviamente muito elevada).
A estratégia é também do tipo passivo. Ou seja, evita a gestão activa de gestores ditos profissionais ou
de fundos de investimento que tentam bater os seus benchmarks.
Isto porquê? Porque a gestão activa é um "jogo" de soma nula, e 90% dos gestores não batem o
mercado. Devido ao fraco desempenho do universo de gestores de fundos, e sobretudo do investidor
individual comum que tenta fazer "market timing", trading, etc, será utilizado exclusivamente fundos de
tipo passivo que repliquem índices como ETFs negociados em bolsa e/ou fundos de investimento
também eles do tipo passivo.
As pessoas devem reter a ideia que a gestão activa, é no todo, pior que gestão passiva. Isto é uma
certeza matemática, uma vez que todas as acções deverão ser detidas por alguém. Há que haver um
"perdedor" para cada ganhador, e quando digo perdedor não digo no sentido de perder dinheiro, mas
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sim que o mercado é uma média e se há investidores que têm média acima do mercado (que são mt
poucos) há outros que terão médias abaixo do mercado (que são muitos diga-se desde já).
Uma vez que gestão activa também incorre em muitos mais custos que gestão passiva, é uma certeza
que em média a gestão activa irá dar piores resultados. Os dados comprovam isto.
Obviamente nenhum investidor gosta de acreditar que está abaixo da média, ou que consegue escolher
acções de boa qualidade ou fundos de investimento. Ironicamente a maioria dos investidores acabam
por ter retornos abaixo da média, (Veja-se o exemplo de Peter Lynch onde o seu fundo ao longo dos 15
anos que esteve no activo retribuiu algo como 33% ao ano, e para surpresa de Lynch veio a verifficar que
40% dos investidores tinha perdido dinheiro), uma vez que os fundos activos que escolhem incorrem em
comissões e nem conseguem bater o índice.
"Most investors, both institutional and individual, will find that the best way to own common stocks
("shares") is through an index fund that charges minimal fees. Those following this path are sure to beat
the net results (after fees and expenses) of the great majority of investment professionals."
Warren Buffett, Berkshire Hathaway numa carta aos accionistas
Um pequeno segredo ... existe uma pequena estatística bastante humilhante que a maioria dos gestores
de fundos não querem que os seus clientes saibam.
Historicamente, a maioria dos fundos geridos falharam em ter retornos iguais aos do mercado, muito
menos bater fundos que repliquem os índices. Por exemplo, um dos fundos com melhor performance
nos últimos 20 anos foi o Vanguard S&P500, um fundo que replica o índice americano, e apenas uma
mão de outros fundos, de entre milhares de fundos disponíveis ao público, conseguiram igualar ou
ultrapassar o seu retorno, e aqueles que o conseguiram fazer, fizeram-no apenas com uma pequena
margem.
A não ser que se esteja habituado já ao investimento, e que se tenha acesso a research imparcial,
provavelmente a maioria nunca terá ouvido isto, uma vez que os fundos que replicam índices raramente
fazem marketing, e raramente aparecem no topo das performances dos fundos num período de tempo
mais curto, e uma vez que geralmente estes fundos não pagam NADA em comissões são completamente
ignorados por gestores de contas e PFAs (isto dentro dos poucos que existem que possam saber
qualquer coisa porque a maioria é nódoa).
Um fundo de índice é um fundo que evita todo o conceito de research e analises e simplesmente
espelha e replica um certo índice. Não empregam analistas ou gestores de fundos, e a maioria da sua
negociação é feito de modo automático de modo a seguirem de perto a performance desse mesmo
índice. O objectivo de um fundo que replica um índice é o de deter todas as acções desse índice, como
por exemplo o S&P500, nas mesmas percentagens que estão presentes nesse índice. Não existe
tentativa de ter melhor performance que o índice, não existe tentativa de colocar mais peso numa certa
acção que se ache mais promissora nem tentativa de reduzir o peso de uma acção que achem menos
promissora. Seguem o índice e ponto.
Fundos de índice não conseguem ter uma performance exactamente como o índice, porque qualquer
estratégia no mundo real tem custos como custos de negociação e outras despesas, mas há que
assimilar que no agregado os investidores nunca poderão ter um retorno acima dos retornos de
mercado. Alguns (poucos, muito poucos) conseguirão ter retornos mais elevados, mas somente porque
não compraram acções "más" que outros compraram. No total, todos os investidores alcançarão um
retorno que é igual a 100% da média de mercado, menos os custos que incorrem em comprar e vender
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activos. Para maximizar os retornos, pode ficar na esperança de alcançar retornos acima dos de
mercado, seleccionando investimentos cuidadosamente e eliminando os piores (o que segundo os dados
mostram que a maioria não o consegue fazer... logo num tópico destes eu quero que todos tenham
probabilidade igual, se estivesse a aconselhar forma diferente até poderia haver 10% que consguiriam
ter grandes retornos, mas a maioria não o teria), ou simplesmente tentar ter o mais próximo possível do
retorno do mercado ao mesmo tempo que mantemos os custos baixos. Esta última abordagem, é a
abordagem que esses fundos de índice tomam.
Muitos analistas, research, traders, etc. Tendo por base nas perspetivas dos seus economistas relativos à
economia, podem decidir aumentar alocações a certos sectores ou indústrias, etc (mas os economistas
também não têm grande performance no global a prever o que seja) como aliás podemos observar:
Fundos de gestão activa estão entre aqueles que tentam estar entre os poucos que sistematicamente
conseguem ter performance melhor que todos os outros. E é impossível todos os investidores estarem
acima da média, seria como tentarem bater a performance deles mesmos. Por isso logicamente, para
cada estratégia que funcione mesmo bem, haverá outras estratégias que não funcionam de todo. O
desafio passa por tentar identificar então à priori qual a estratégia, que estará dentro das poucas
sortudas, e se há coisa que a história e os dados indicam é que não é tarefa fácil. Da mesma forma que
encontrar a Apple do amanhã, ou a Amazon do amanhã, a mesma tarefa é herculeana encontrar o Peter
Lynch do futuro ou o próximo Warren Buffett.
Nem todos os fundos de gestão activa tentam apanhar os fundos e topos do mercado, mas a maioria
sim, negociando agressivamente de forma totalmente contrária àquilo que defendem em público
insistindo aos investidores para terem uma perspectiva de longo prazo. O turnover de muitos destes
fundos anda muitas vezes nas centenas de %, significando que em média o seu portfólio é comprado e
vendido a cada poucos meses.
Existem várias vantagens que fundos de índice têm sobre gestão activa. Duas grandes são:
Primeiro, um fundo de índice tem uma comissão anual de gestão muito baixa. Não incorrem em
despesas de research e não fazem marketing ou muito raramente (dependendo então do senso comum
que o investidor tem da sua existência). Este custo de comissão baixo é altamente vantajoso para nós
como investidores. Cetirus paribus, um fundo com um custo de comissão mais baixo que seja por
exemplo 1,5% mais baixo irá traduzir-se em 1,5% a mais por ano para o investidor comparado com o
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mesmo fundo mas com uma comissão maior. Ao longo de horizontes temporais mais alargados, estes
1,5% irão traduzir-se em diferenças abismais no resultado final.
Outra das muitas vantagens, é também a eficiência fiscal. Acções tendem a permanecer em índices por
largos períodos de tempo, significando que os fundos que os replicam também deterão essas mesmas
empresas por largos períodos de tempo. Fundos de gestão activa pelo contrário, têm altos rácios de
turnover o que implica que incorram em mais-valias e logo menos eficientes a nivel fiscal. E como se
sabe, quando se compra uma acção e não a vendemos, nunca incorremos em mais-valia, acabando por
diferir o imposto para o futuro.
No curto prazo, aparenta sempre haver um enorme número de fundos de gestão activa que batem os
índices de benchmark, raramente vamos ver um fundo de índice no topo da lista de performance em
qualquer ano em particular. Alargamos no então a janela temporal, e o facto de a maioria dos gestores
não baterem o benchmark, cobrarem comissões mais elevadas e serem menos eficientes a nível fiscal
derivado dos seus turnovers elevados, e os fundos de índice começam a ocupar o topo dessas listas de
performance.
Apesar de se observarmos qualquer ano em particular, haver vários fundos activos a bater os índices, o
problema é que no ano seguinte ou no outro a seguir, a maioria desses fundos falhará em bater o índice,
e os fundos que bateram os índices será um conjunto diferente de fundos. Se olharmos para um prazo
maior para verificar quais os gestores que consistentemente bateram os índices ao longo do tempo,
vamos ver que esta lista emagrece dramaticamente, e um novo problema surge. Os retornos passados
desses gestores não são indicativos dos retornos futuros.
http://www.standardandpoors.com/indices/spiva/en/us
Fundos indexantes são portanto produtos de investimento superiores do que aqueles que tentam bater
os seus benchmarks. As suas comissões reduzidas (para ilustrar e dar o exemplo a média de comissões
dos fundos activos anda na casa dos 1,5-2% ou mais, sendo que os fundos de índices cobram em média
em torno dos 0,15% havendo um que cobra 0,07%), o turnover reduzido, a diversificação elevada (onde
com um fundo destes podemos deter 6000 empresas no portfólio) acabam por dar aos investidores uma
probabilidade bem maior para o sucesso a longo prazo. E por isso mesmo a melhor abordagem para um
investidor de atingir os seus objectivos financeiros é um portfólio constituído por fundos de índice
alocados por múltiplas classes de activos.
Vejamos aqui uma imagem a detalhar a diferença entre um fundo de índice versus fundos que cobrem
2% de comissão anual:
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Acho que é uma imagem esclarecedora.
A gestão activa é mais arriscada. Todos os fundos de investimento refletem um ou dois riscos. Primeiro,
todos os fundos refletem o risco e o retorno esperado do mercado como um agregado: isto é o chamado
risco sistemático ou beta. Fundos de gestão activa têm um segundo risco, chamado de risco não
sistemático. Um E[r] maior por parte dos fundos activos só pode ser alcançado através de menor
diversificação do que o mercado ou através de "trading". Uma vez que os custos de comissões são muito
mais elevados como já vimos, e uma vez que todos os investidores no agregado obtêm o retorno do
mercado, então a probabilidade de bater o mercado por parte do fundo activo é reduzido por um favor
de menor diversificação e de comissões de gestão assim como custos de negociação mais elevados.
Outro factor é a própria sobrevivência desses fundos. A maioria deles desaparece (deixa de ser
comercializado) ou não batem os seus benchmarks. Segundo um estudo da Reuters, em meados dos
anos 70 havia 290 fundos de gestão activa nos Estados Unidos disponíveis aos investidores. Mais de
metade desses fundos fecharam ou fundiram-se nos últimos 35 anos, deixando desses originais 290
cerca de 125 fundos sobreviventes. Tipicamente, fundos fecham as portas ou fundem-se devido a largos
periodos de "underperformance".
Fundos sobreviventes têm uma probabilidade reduzida de bater o mercado. A média desses 125 fundos
sobreviventes tiveram um retorno menor do que um fundo de índice. Cerca de 1/3 desses fundos
conseguiram bater o índice. Portanto demonstra uma vez mais, que cerca de 90% dos fundos activos não
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batem o índice no longo prazo: (33% de 125 fundos dos 290 originais = sensivelmente 12% o que
corresponde com números anteriores).
Portanto, se profissionais não sucedem em bater o mercado, também não serão voces a faze-lo. Se for
um investidor activo, as probabilidades é que tem demasiada confiança e na ilusão falsa nas suas
capacidades de investimento. Também não conseguimos replicar de forma individual a eficiencia de
fundos passivos existentes, ao comprarmos acções individuais, simplesmente derivado às economias de
escala onde esses fundos conseguem manter os custos absurdamente baixos.
Já vimos evidências claras de que fundos de investimento são péssimos a gerir o nosso capital. Não só a
maioria perde para o índice, assim como os fundos de "sucesso" (aqueles que batem o índice) não
tendem a repetir-se (ou seja, vermos um fundo sempre no topo de performance).
Os gestores de fundos também se fazem pagar todos os anos, quer façam dinheiro ou não, fazem-se
pagar pelo montante que o fundo tem sob gestão independentemente da performance. Dai o maior
objectivo acaba por ser sempre ter AUMs elevados. Direi na minha opinião, que é das indústrias mais
enganadoras e onde os interesses não estão alinhados. Por exemplo, os hedge funds são muito mais
transparentes nesta matéria, onde os gestores só ganham se fizerem dinheiro aos seus investidores, logo
os interesses estão alinhados, coisa que não estão nos fundos de investimento.
A dificuldade para os investidores individuais em bater os profissionais são obviamente de não terem a
disponibilidade, a experiência ou as relações profissionais que se equiparem aos profissionais, e que
estamos a arriscar o nosso capital, e não teremos a oportunidade de tirar um salário do capital de
terceiros durante um ano mau ou uma década má (ao contrário dos gestores de fundos).
Poucas pessoas acreditam que poderiam ir para um campo de futebol e debater-se com os profissionais,
no entanto no que toca a investimentos a maioria está CONVENCIDA que consegue bater o mercado,
aliás basta ir a fóruns onde proliferam análises técnicas, e o trading em busca desses retornos acima do
mercado.
A palavra chave é mesmo o estarem convencidos, uma vez que é isso mesmo que acontece. Não tanto
em Portugal, mas nos Estados Unidos sobretudo, somos inundados por publicidade atrás de publicidade,
seja revistas, newsletters, programas televisivos, etc ou conselhos financeiros que nos fazem crer que
identificar as boas acções do amanha é tarefa fácil. A mensagem a passar é simples: Pode capturar
riqueza, mas tem de agir rapidamente.
Vejamos a mensagem que Jim Cramer passa no seu livro aos investidores:
Citar
“Invest in index funds or the lowest-cost mutual funds offered by your 401(k) plan. …it’s the advice that most people
fail to take. People always want to know which mutual fund will give them the best return, but it turns out that’s a
bad question. Even before you add up the fees, actively managed funds fail to beat the market 80 percent to 90
percent of the time. That means that at least in your 401(k), you’re better off investing in an index fund with low
costs that simply tries to mimic the performance of the entire market than in a mutual fund that tries to beat the
market.”
Hummm... completamente diferente daquilo que ele faz no seu programa televisivo Mad Money. Um
pouco hipócrita digamos.
Investidores individuais tem a tentação de pensar aquilo que os gestores profissionais não conseguem
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alcançar: bater a performance dos mercados. A mensagem que tento passar é para pensarem
meticulosamente sobre isto, uma vez que a vossa capacidade de se reformarem com um pé-de-meia
maior ou uns anos mais cedo, pode depender no julgamento adequado das próprias capacidades.
A resposta à pergunta é sim. Poderão não ser o topo mas ao seguir as indicações que vamos detalhando
durante estes parágrafos asseguro que terão uma performance entre os melhores gestores, aqueles que
realmente criam Alpha, posicionando-se no decil superior de todo o universo de gestores.
A fonte de rendimento dos mercados provêm de 3 fatores: inflação, dividendos, e crescimento dos lucros
das empresas como um todo, que em média ronda os 3-4%. Dai, a média do mercado rondar os 11%
sensivelmente (3% inflação, 4% de crescimento de resultados e 3-4% de dividendos).
Em termos reais, o mercado accionista subiu cerca de 7-8% em termos REAIS desde os últimos 100+
anos. No entanto, se observarmos apenas um ano em particular, este número pode diferenciar bastante.
Temos que olhar num horizonte temporal mais alargado para começarmos a ver este padrão de 8% em
termos reais a emergir.
Risco é a variação dos retornos que acontece num prazo temporal mais curto. Quanto mais risco
corrermos, maior será o E[r] ou seja o retorno expectável. Por outras palavras no fundo a fonte dos
retornos de mercado, é o medo de volatilidade.
A nível de mercado estamos conversados. No entanto a maioria das pessoas comete erros enormes
quando investem, ainda que saibam que o mercado é o melhor local para investir, cometem erros que os
levam possivelmente a perder tudo, simplesmente porque não sabiam o que faziam.
Quando compramos uma acção, estamos a tomar dois tipos de risco (que já falamos sobre eles
anteriormente):
- Risco de Mercado: o risco de estarmos dentro numa classe de activo em particular. versus em ter o
capital em depósitos por exemplo. Este é o risco "benéfico", uma vez que é impossível evitá-lo mas
também porque somos pagos por isso mesmo. Este é o risco que gere retornos. Tecnicamente dá-se o
nome de Risco Sistemático.
- Risco Individual da acção: este é o risco de que uma acção estará acima ou abaixo da média de
mercado num determinado período temporal. Tem o nome de Risco Não Sistemático, e é prejudicial. No
entanto, felizmente este tipo de risco é totalmente EVITÁVEL, mas que infelizmente a maioria dos
investidores não o evita acabando depois por terem dissabores. Este risco é evitável através da
diversificação, e não só em activos da mesma classe como por várias classes de activos. Mais para a
frente falaremos mais e entraremos em detalhe sobre o que é a diversificação.
O risco individual não é compensado. Uma vez que diversificando podemos eliminar o Risco não
sistemático, ninguém paga para correr esse tipo de risco. Por outas palavras, os preços das acções não
incluem compensação por as determos individualmente. Se detivermos um par de acções num portfólio
não diversificado estamos a correr Risco não sistemático e a não sermos compensados por isso.
A maioria dos investidores cai neste erro. Como o mercado de acções sobe como um todo no seu
conjunto, acha que a acção perdedora que detenham no longo prazo tem que obrigatoriamente subir
também. Veja-se o caso do BCP actualmente, e que muitos investidores dizem que no longo prazo hão-
de ganhar dinheiro de certeza simplesmente porque no longo prazo as acções sobem.
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Mas sobem mesmo?
Bom, sim sobem é verdade. Mas no AGREGADO! Se olharmos para um gráfico qualquer que seja, de um
índice de acções vamos verificar obviamente uma tendência ascendente. O mercado accionista em
qualquer horizonte temporal longo irá sempre fazer novos máximos. Sabendo que o mercado de acções
sobe no longo prazo, os investidores ERRADAMENTE assumem que as acções que detenham irão subir.
Contudo, um índice de acções é composto por imensas empresas e composto por acções bem-sucedidas
ou sobreviventes. É um índice das empresas vencedoras ao longo dos anos. As empresas menos
sucedidas que até possam vir a ter sido parte desse mesmo índice mas que entram em decadência
vendo o seu valor cair, serão substituídas no índice por outra empresa mais bem-sucedida. Os índices
periodicamente recompõem os seus componentes substituindo as más empresas por outras boas. Veja-
se o caso da General Motors que compunha o Dow Jones. Assim que a General Motors começou a entrar
em decadência, esta foi substituída por outra empresa - que se a memoria não me falha foi a Microsoft.
E por isso, o investidor médio tende a sobrevalorizar a resiliência da acção média, o que não traduz
necessariamente que venha a subir no longo prazo. Na verdade, a maioria das empresas acaba por não
voltar a ver os seus máximos como muitas até entram em falência, aliás como foi o caso com a General
Motors.
Para termos o menor risco possível (e o menor risco possível é o risco de mercado), queremos deter
muitas, muitas acções. Desta forma detemos o risco sistemático, e não o risco não sistemático. E é
exactamente isso que um fundo de índice é: uma forma de comprarmos todas as acções de uma só vez
de forma a evitarmos os riscos não sistemáticos.
Agora que sabemos um pouco mais destes dois tipos de risco, podemos adicionar um outro no meio:
- Risco de Mercado/Sistemático
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Em geral, todas as acções de uma determinada classe de activo tendem a mover-se em conjunto, e
também tendem a mover-se diferentemente de outras classes de activos. Por exemplo, Empresas EUA
Large Cap podem cair em valor, mas isto não ter qualquer relevância para Empresas Japonesas de
Pequeno Valor. Todo o conceito de "Classe de Activo" simplesmente identifica um grupo de acções que
tende a mover-se em preço em conjunto, e que tendem a ter características de risco e retorno
semelhantes ao longo do tempo.
Ao contrário do Risco Não Sistemático em acções individuais, não podemos totalmente eliminar o Risco
de Classe de Activo.
No entanto podemos minimizá-lo. Ao determos várias classes de activos diferentes, podemos minimizar
esse risco. Desta forma, podemos correr risco em deter Acções de Pequeno Valor de Mercados
Emergentes uma vez que também detemos Acções de Grande Valor Americanas, e apesar do risco da
primeira classe ser maior, ao determos as duas classes estamos na verdade a DIMINUIR o risco de
determos apenas uma. Mais adiante falaremos um pouco mais sobre este fenómeno, mas a verdade é
que não é difícil provar que corremos menos risco ao determos 50% de cada classe do que deter 100%
da classe de activo menos arriscada.
Já vimos o erro anterior que cometem ao tomar o todo como aplicável às partes (a tendência do
mercado no agregado aplicada a uma acção em particular).
- não deterem acções individuais suficientes para diversificarem e eliminarem o risco não sistemático.
- quando o fazem, as acções que detêm são de apenas uma ou duas classes de activos, quando na
verdade deveriam deter 10 ou mais classes de activos.
Ora bem...
Pensar em investimentos pode ser bastante intimador para alguns, confuso dirão outros ou de ser
bastante trabalhoso outros dirão e que o mercado pode ser bastante imprevisível. Mas quem diz que
isto tem de ser assim tão difícil?
Como irão ver ao longo destes parágrafos, intimador não é ... confuso muito menos e trabalhoso menos
ainda. Prometo que se gastarem 5 horas por ano debruçados sobre isto é capaz de ser muito. Mas
também quem não é capaz de sacrificar-se 5-10 horas por ano para ter um plano financeiro que o ajude
a alcançar os seus objectivos financeiros?
Bom... este tipo de investimento passivo foca-se nos aspectos dos quais podemos controlar em vez de
desperdiçarmos tempo a tentar bater o mercado sem qualquer sucesso - sabemos que a grande maioria
não consegue nem conseguirá bater o mercado - ou a tentar acertar nas acções estrela.
Aderindo a este estilo de investimento que estou a falar, embraçando esta filosofia que foca-se em
diversificar por entre várias classes de activos e terão tempo de sobra para disfrutarem do que quer que
seja e sobretudo ao mesmo tempo que têm um plano financeiro no activo para que alcancem os vossos
objectivos financeiros.
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Ora com o mercado a bater consistentemente 85-90% dos fundos de investimento por que razão hei-de
por o meu capital nos fundos?
Bom, a indústria financeira gasta por ano cerca de 30-40 mil milhões por ano em marketing só para vos
levarem a acreditar que precisam da ajuda de um profissional, quando este profissional não bate o
mercado, corre mais riscos e ainda se faz pagar bem por isso.
Este texto tenta dar as condições para que qualquer um tenha ao seu dispor as ferramentas necessárias
e posso garantir que se seguirem estas regras vão bater 90% dos gestores profissionais com muito
menos risco.
Não por os ovos todos no mesmo cesto. A maioria preferiria ter todos os seus ovos NO CESTO - aquela
classe de activos que estivesse a ter a melhor performance - e infelizmente é o que a maioria dos
investidores tenta fazer sem sucesso e com resultados medíocres. Vamos observar a importância da
diversificação em relação ao mercado e à nossa carteira.
Em baixo, temos uma imagem, onde a linha vermelha demonstra a volatilidade implícita de deter ou
uma acção, uma classe de activo, fundo de investimento, etc.
No curto prazo, o nosso portfólio diversificado vai sofrer de underperformance face a estes activos
maravilha do momento. No longo prazo, a diversificação oferece-nos uma carteira com muito menos
volatilidade e sem sacrificar retornos.
Neste segundo gráfico, temos outra classe de activo, representado pela linha verde que é adicionada ao
nosso portfólio. Como podemos verificar, é tão volátil como a 1a classe de activo. Mas como vamos ver,
ao adicionarmos várias classes de activos, a volatilidade do portfólio é reduzida sem sacrificar os
retornos.
Isto deve-se a um fenómeno: Correlação.
Mais uma vez a linha a azul é tão volátil quanto as restantes. Fazendo parte de um portfólio
diversificado, ajuda a reduzir a volatilidade global.
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E agora temos a diversificação em acção.
A linha a preto é a media das 3 classes (que não se calcula simplesmente fazendo a média... uma vez que
a correlação entra no meio disto os cálculos são um pouco mais complexos). No entanto podemos ver
que a volatilidade é reduzida largamente sem sacrificar retornos.
No curto prazo, a melhor classe de activo tem uma overperformance face ao portfólio (isto e expectável).
No longo prazo podemos ver que a linha a preto representando o nosso portfólio mantem-se taco a taco
com as classes de activos a nível individual.
Num mundo de 20 000 empresas potenciais (e muitas mais se contarmos com outras bolsas que não
apenas a NYSE), fundos de investimento, etc. não é surpresa que muitos investidores se percam e não
saibam realmente o que é investir. Para piorar as coisas, temos a indústria financeira a gastar biliões para
que coloquemos o nosso capital nas mãos deles.
2 - Não por todos os ovos no mesmo cesto (diversificar por várias classes de activos)
3 - Não existem almoços grátis (tentar capturar o retorno por inteiro das classes de activos através de
fundos de índice de baixo custo ao invés dos caríssimos fundos de investimento normais que já sabemos
nem batem os índices)
O primeiro princípio é óbvio. No entanto, infelizmente são poucos que dão importância ao investimento,
ou o conceito que têm de investimento é ... depósitos. Sejamos realistas... depósitos não são uma
maneira de conseguirmos atingir os nossos objectivos financeiros de longo prazo.
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O segundo princípio também ele é obvio e importante. O problema é que todos queremos estar
diversificados desde que estejamos diversificados nos 10 melhores fundos, nos melhores sectores.
Infelizmente, poucos são os que percebe que diversificação significa obrigatoriamente que diferentes
classes de activos irão ter diferentes retornos no curto prazo. A qualquer momento, uns sectores vão
estar a brilhar e outros não. Em vez de gastarmos o nosso tempo e recursos, e também dinheiro a tentar
prever qual o próximo sector a brilhar, devemos deter todas as classes.
O terceiro princípio passa por capturar o retorno total de cada classe de activo ao determos fundos
indexados de baixo custo.
É tão simples quanto parece e é uma maneira de construir um portfólio que é facilmente replicável por
qualquer um.
Comecemos pelas classes de activos. Existem, regra geral, cerca de 4 classes de activos:
- Imobiliário
- Acções
- Obrigações
- Matérias-primas
Obviamente depois disto podemos ter vários sectores dentro de cada classe.
- Acções:
Ora dentro das acções, cada sector, cada área geográfica também vai ter correlações diferentes.
Começando por Imobiliário. No mercado financeiro é perfeitamente possível expor-nos a esta classe de
activos. Os denominados REIT's ou Real Estate Investment Trusts são fundos de imobiliário e que hoje
em dia estão acessíveis a qualquer pessoas e por isso mesmo possíveis de investir através de ETF's ou
Mutual Funds, e que seguem de forma ampla os retornos gerados pelo mercado imobiliário um pouco
por todo o mundo, desde os Estados Unidos, Europa à Ásia.
Esta classe de activo é bastante boa para diversificação uma vez que a sua correlação com os restantes
activos é bastante reduzida ou até mesmo negativa com alguns dos outros activos.
O retorno deriva de duas variáveis no caso do imobiliário que são: o produto das rendas e aquele que
advém obviamente da apreciação do capital ou do valor.
No longo prazo este apresenta um retorno na casa dos 10% com uma volatilidade de 19%.
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Matérias-primas
As matérias-primas como já disse uma outra vez não têm qualquer retorno intrínseco., o ganho neste
tipo de posição é exclusivamente de origem especulativa uma vez que é resultante da flutuação de
preços. Mesmo assim os ganhos são bastante interessantes com 11,4% ao ano nas últimas 4 décadas
com um risco de 25%.
Contudo os drawdowns são gritantes como é o caso de em 2008 o drawdown atingir os 50%.
Mas se existem coisas más também as há boas. Uma das grandes características desta classe acaba por
ser a sua fraca correlação com as acções onde existe períodos onde até é negativa, o que torna-as
excelentes na diversificação do portfólio e minimização do risco (parece um contrassenso adicionarmos
um dos activos mais arriscados ao portfólio para... diminuirmos o risco mas é verdade).
Adicionalmente convém relembrar que a correlação entre a inflação e matérias-primas é maior que a
correlação entre inflação e acções, pelo que de certa forma constituem uma boa cobertura de risco de
inflação.
Ouro
O ouro de certa forma constitui parte das matérias-primas, no entanto resolveu-se abrir uma excepção e
dar-lhe destaque.
O ouro também não tem retorno intrínseco. No entanto, o ouro representa uma excelente oportunidade
de diversificação visto que existe uma falta de correlação entre este activo com TODOS as outras classes
de activos, o que faz do ouro um activo único. Existem inúmeros estudos que tentam concluir esta falta
de correlação, e no fundo a conclusão ou falta desta, é que a rentabilidade do ouro não se encontra
relacionada com qualquer fase do ciclo económico ao contrário dos outros activos.
Acções
Diz tudo penso eu. As acções são títulos de posse das empresas. Quando detemos estas, estamos a deter
parte da economia e a acreditar no seu crescimento.
Historicamente as acções têm tido bons retornos mas sempre com algum risco atrás. O retorno anda em
volta dos 10% com um risco associado nos 20%.
Os retornos das acções provêm de 3 fontes: Crescimento de dividendos, Inflação, Crescimento PIB
(earnings)
O normal é que as empresas crescem os seus resultados no agregado em 3% ao ano em termos reais.
Adicionando os dividendos e temos 6% de crescimento REAL das nossas poupanças (anda entre os 6-
7%).
Se adicionarmos a inflação então chegamos ao retorno nominal média desta classe de activos.
Por exemplo um país em claro crescimento o seu retorno poderá ser muito maior mas com muito mais
risco acrescido.
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Por exemplo, nas últimas décadas os retornos nominais médios dos mercados emergentes situam-se nos
20% no entanto o risco associado médio é de 32.6%.
Como se vê, claramente são mais arriscados mas também apresentam retornos bem mais simpáticos. O
facto de a sua correlação não ser muito forte com outros mercados accionistas é um bónus para nós
visto que os podemos usar na nossa diversificação de modo a aumentar os nossos retornos ao mesmo
tempo que diminuímos o risco.
O nosso portfólio poderia simplesmente deter em proporções iguais as 4 classes de activos principais:
25% Imobiliário
25% Acções
25% Matérias-primas
25% Obrigações
No entanto, a prática mostra que ao "granularmos" mais o nosso portfólio conseguimos aumentar
ligeiramente os retornos ao mesmo tempo que diminuímos o risco.
Sim a crise de 2008 foi praticamente sem quaisquer precedentes. Tudo caiu. Mesmo assim a queda
máxima foi de 20% (compare-se aquilo que com o mercado desceu de 60%)
O retorno médio anual desta carteira tipo é de 11.1 % ao ano com uma volatilidade de cerca de 10%
Este investimento é também baseado num investimento ÚNICO de 10 mil euros. E como sabemos um
plano financeiro deve ser regular e com reforços regulares.
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O tipo de crescimento de um plano poupança seria muito maior se fizéssemos por exemplo reforços
mensais ou anuais ao invés de estarmos somente com um único ponto no tempo com o investimento
original.
Por exemplo, o capital final desta carteira é de cerca de 640 mil € a partir de 10 mil €. Ora se
investíssemos 10 mil € e anualmente poupássemos 1000 € e investíssemos na nossa carteira, ao invés de
700 mil € teríamos 1 milhão e 200 mil € ... quase o dobro.
Podem também observar que existem 2 gráficos. Um que diz Rebalanced outro que diz unbalanced.
Ora bem, com as variações ao longo do tempo dos mercados e desvalorizações é natural que os nossos
25% originais alocados a cada classe de activos se vão modificando. (Se uma classe subisse 100%
enquanto as outras ficasse no mesmo sitio então já não teríamos uma distribuição de 25-25-25-25 mas
sim de 50 - 16.66 - 16.66 - 16.66)
Ora, o efeito de rebalanceamento é, nós periodicamente ano a ano reajustarmos os níveis de alocação
de acordo com os originais.
Portanto vamos vender parte dos activos mais ganhadores até chegarmos a' alocação de 25% e reforçar
nos perdedores para voltarem a ter 25% de alocação.
Isto faz com que vendamos ao longo do tempo ganhadores para reforçar perdedores e é isso que
queremos. E vemos como este fenómeno do rebalanceamento tem um efeito tremendo no final ,
estamos a falar de ter mais 30-40% de capital do que o outro.
Por exemplo, sem rebalanceamento as alocações ao invés de serem, 25-25-25-25 neste momento
estariam em:
40% Imobiliário
24% Ações
9% Obrigações
27% Matérias-primas
ou seja podemos ver que estão completamente desfasadas... estamos super expostos a imobiliário e
quase nada expostos a obrigações.
O gráfico não está actualizado com os resultados de 2011 mas posso dizer que YTD está com um retorno
de +7%
Em seguida vamos mostrar o que podemos conseguir ao granularmos mais o nosso portfólio, ao
diversifica-lo por mais sectores, a nível geográfico e possivelmente adicionar 1 ou outro tipo de activo
que seja pouco correlacionado e dar um pouco de mais retornos diminuindo não só a volatilidade como
o nosso drawdown.
Ora tendo com isto por base, podemos perfeitamente criar portfólios diversificando a nossa carteira
pelas mais variadas classes de activos.
Se pesquisarem pela net vão ver que existem imensas alocações aconselhadas por diversos "gurus".
Portfólio #1
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Este portfólio é o mais simples de todos. É o chamado 60-40 onde 60% do portfólio é alocado a acções e
40% em obrigações.
Veja-se que a crise de 2000 foi sentida com um drawdown de 15% e 2008 com um drawdown de 22%.
Este tipo de portfólio é simplista, porque ignora diversificação geográfica, como outras classes de
activos. No entanto, é melhor este tipo de investimento que nada.
Como podemos ver está alocado a 25% acções, 25% a ouro, e 50% de obrigações (sendo que metade
para longo prazo e outra metade para curto prazo).
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Os resultados?
Retorno Anual de 9.66% com um risco de 8.10% e um drawdown máximo de 4.25% em 1981 ... (Em 2008
perdeu 0,7%)
É um portfólio bastante curioso apenas com 4 activos, que em separado até poderão parecer arriscados
(sobretudo a alocação a ouro) no entanto em conjunto funcionam bastante bem tendo uma protecção
para todos os cenários.
Ouro para inflação ou hiperinflação. Obrigações para deflação. Acções para boom económico e cash
para recessões. É um portfólio virado para um perfil muito mais conservador derivado da sua pouca
volatilidade.
Finalmente chegamos ao nosso portfólio. Um portfólio que considero estar devidamente diversificado
em várias classes de activos, assim como geograficamente.
Retorno anual:
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Drawdown máximo em 2008 onde teríamos visto a nossa conta perder 18,9% mas já a teria recuperado
e aliás já estamos 28% acima do topo de 2008.
As alocações são sempre suscetíveis e os próprios fundos também mas estão ai aqueles que considero
ser os melhores fundos de índice para determinada classe de activo.
A Vanguard sem dúvida que se destaca como sendo a entidade de referência na disponibilização de
fundos de índice. Os custos são os mais reduzidos, ao mesmo tempo que replica os seus subjacentes
muito bem.
Uma classe de activos que não está ai representada seria obrigações de mercados emergentes, no
entanto a Vanguard vai fazer-nos o favor de criar um fundo que replique o índice de obrigações de
mercados emergentes já no inicio de 2012.
Mais uma vez a importância do rebalanceamento!! Faz toda a diferença. Por exemplo sem
rebalanceamento, esta carteira teria tido um drawdown de 45% !!
E porquê? Porque se não houvesse rebalanceamento, com todas as oscilações ao longo dos anos
chegávamos a 2008 com uma alocação de 60% em Mercados Emergentes em vez dos originais 12,50%.
Por isso é importante ajustar anualmente às alocações originais ou quando se desviam em demasiado
dos seus targets.
Poderão não estar ainda convencidos e até cépticos e achar que grande parte do crescimento da carteira
se deveu ao grande crescimento pré 2000 e que por isso os resultados estão influenciados.
É verdade sim que a última década tem sido bastante má em geral para os mercados, onde os retornos
não estão tão elevados, e fomos alvo de duas crises.
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Mesmo assim os retornos não são de descurar.
Simplesmente mostra a evolução do Retorno Anual num período de 5 ou 10 anos durante o período.
1972-1977
1973-1978
1974-1979
etc etc
Acho que perceberam o conceito. Isto serve para verificar que um retorno elevado por exemplo médio
anual de quase 13% não foi influenciado em demasia por retornos passados.
Obviamente também aqui isto sofre ciclos. Podemos ver que os anos 8 foram excelentes para investir o
que é normal, onde os retornos andavam na casa dos 15-20%.
O retorno a 5 anos, ou seja quem tivesse investido em 2006 !!! quase no topo ... estaria com um retorno
de 9,7% ao ano.
Aqui se vê a resiliência que uma carteira devidamente diversificada pode contribuir para os nossos
objectivos financeiros a longo prazo.
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Deixo aqui o gráfico do mesmo portfólio desde 2006 e não incluindo 2011 ainda... se incluir 2011 que
ainda n acabou estamos quase a atingir a barreira dos 20 mil
(Este gráfico não incorpora o efeito dos reforços periódicos como outros que iremos mostrar)
Por exemplo, o ano 2000 a 2010 foi segundo muito especialista uma época perdida em investimentos e
que apenas os profissionais ou investimentos alternativos, é que poderiam ter feito $$ nestes mercados,
ou ainda dizerem que os mercados mudaram o paradigma é diferente bla bla bla bla whiskas saquetas...
Ora bem, se antes apresentei os números de 2000 a 2010 tendo começado o investimento apenas num
ponto inicial desta horizonte temporal (descurando os efeitos de reforços, etc).
Quem começasse em 2000 com 10 mil €, e fizesse reforços periódicos (poupando 150 € por mês e
depois no final do ano colocar no portfólio).
Bom foram os 10 mil de entrada inicial ... e 18 mil € de acumulação (10 anos x 12 meses x 150 €).
Quer isto dizer que 54 mil euros vieram de retornos. E aqui se vê a importância da poupança periódica.
Se antes com um investimento único acabávamos com 29 mil € ... aqui teríamos quase 3x's mais.
5 mil euros iniciais à mesma data e com 100 € de poupança mensal, dariam algo como:
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Praticamente 50 mil €.
Obviamente quem tem possibilidades de poupar mais, deve fazê-lo o máximo que conseguir. Se tiverem
filhos, façam um para o vosso, irá praticamente pagar todas as despesas universitárias quando chegar
aos 18 anos.
Por exemplo um inicio de 1500 euros, com reforços mensais de 75 €, alguém chegaria aos 18 anos com
quase 80 mil €. E 18 anos é tempo mais que suficiente para deixar o longo prazo produzir os seus
efeitos...
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Gráficos sobrepostos com e sem prestações no cenário de 1000 € iniciais e com prestações de 25€
Aqui fica a importância uma vez mais dos reforços periódicos e regulares.
Neste exemplo, coloquei uma das estratégias que uso de longo prazo (sim é uma gestão activa - ou seja
completamente o oposto do que aconselho aqui... parece um pouco contrassenso eu dizer para não se
fazer gestão activa e depois eu próprio fazer gestão activa ...)
No entanto para ver que os benefícios de uma gestão activa muita vez nem é o retorno total mas sim
controlar o risco. A gestão activa não fica muito diferente de buy and hold, no entanto a nível de risco é
tipo metade. Tendo isto em conta, então podem usar-se mecanismos de alavancagem por exemplo para
ter mais retornos com risco semelhante ao "normal" ou ligeiramente superior.
Aqui esta estratégia é alavancada 1.5x's e está plotada a diferença também entre apenas começar o
portfólio numa data ou fazer reforços mensais de 150 €.
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O que há a retirar da imagem não é que devemos ir para gestão activa, mas sim da importância que o
reforço periódico tem.
Aqui fica uma carteira com os valores todos. A nível nominal assim como a nível real
Mesmo assim, só considerando o retorno real, vemos que teríamos um poder de compra equivalente a
sensivelmente 500 mil euros HOJE (usando uma taxa de inflação de 3,5%)
Ora com base nisto, depois quando chega a reforma podemos gastar todo este dinheiro em rendimento.
Onde vamos ter a reforma da Segurança Social, e acumular com esta.
Uma carteira destas, poderia dar-nos um salário na reforma de 2500 € (obviamente aos valores de hoje,
e ignorando qualquer rendimento da SS portanto havia que adicionar o rendimento da SS a haver algum)
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durante 21 anos - onde nesta altura o portfólio passaria para um perfil mais conservador tipo 100%
obrigações ou depósitos).
Bom, e fica findado toda a minha exposição de como o investimento deve ser feito tendo em vista os
nossos objectivos financeiros.
Vemos em como a diversificação feita como deve ser, mesmo durante uma década que muitos dariam
por perdida (aliás é o que a maioria fala porque os mercados durante estes 10 anos não fizeram nada
para além de andar de lado), uma década onde passámos por 2 dos Bear Markets mais severos da
história e mesmo assim quem tenha começado no TOPO em 2000 almejou um retorno superior a 10%
ao ano.
Fica aqui demonstrada a robustez de um portfólio quando feito com cabeça, tronco e membros, e
sobretudo se aliarmos a isso os reforços periódicos vemos como conseguimos aumentar a riqueza por
um factor de 5-6x's num espaço de 10 anos.
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