Cbc,+VIICongresso Artigo 0086
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Resumo:
Com a perspectiva de liberação de preços no setor aéreo nacional , já sinalizado no início da década de 90, as
maiores organizações aeroviárias não se agilizaram para desfrutarem da vantagem competitiva. Com advento da
liberação, hoje o setor vive uma situação de apreensão, ratificando que não está adequadamente preparado para as
exigência e agilidade nos cálculos determinados por tal cenário. O presente trabalho retrata os resultados de uma
investigação, através do método do estudo de caso, sobre o perfil gestorial de custos da Viação Aérea Riograndense
(Varig S.A.). O resultado confirma a hipótese que o sistema de gestão de custos adotado não se alinha a atual
realidade.
Palavras-chave:
RESUMO:
Com a perspectiva de liberação de preços no setor aéreo nacional , já sinalizado no
início da década de 90, as maiores organizações aeroviárias não se agilizaram para
desfrutarem da vantagem competitiva. Com advento da liberação, hoje o setor vive uma
situação de apreensão, ratificando que não está adequadamente preparado para as
exigência e agilidade nos cálculos determinados por tal cenário. O presente trabalho
retrata os resultados de uma investigação, através do método do estudo de caso, sobre o
perfil gestorial de custos da Viação Aérea Riograndense (Varig S.A.). O resultado
confirma a hipótese que o sistema de gestão de custos adotado não se alinha a atual
realidade.
1 – Introdução
A esses dois elementos importantes, deve ainda ser adicionado o resultado. Com ele,
fica assegurada a expansão da entidade (do ponto de vista de modernização em novas
aeronaves e instalações, em busca de melhores condições de atendimento aos clientes,
pontos de escala nas rotas do país) através de seu reinvestimento. Principalmente com a
carência quase absoluta de recursos externos, ou de sua impossibilidade de obtenção em
face aos elevados custos financeiros, o resultado constitui a principal fonte de
financiamento do setor de aviação comercial.
Nos início dos anos 80, as empresas aéreas, procuraram concentrar suas atividades em
pontos específicos, buscando a formação de centros geradores de tráfego (hubs
airports).
VII Congresso Brasileiro de Custos – Recife, PE, Brasil, 2 a 4 de agosto de 2000
A criação dos hubs foi uma conseqüência das alterações na regulamentação dos
transportes aéreos nos Estados Unidos, que promoveram uma reorganização do setor em
todo o mundo. O país é responsável por 60% de todo o tráfego aéreo mundial, e 9 entre
as 10 maiores empresas aéreas são norte-americanas.
Nesse ambiente bem mais competitivo, salientam Johnson & Kaplan (1996), há
profundas implicações sobre os sistemas de gerência de custos.
Nesse sentido a nossa proposta surge do interesse em tentar traçar um perfil recente do
modelo gestorial de custos nas organizações de aviação comercial. Para ser possível
atender minimamente esta proposta utilizamos o método do estudo de caso que
caracteriza-se por adotar uma unidade que se analisa profundamente. A vantagem do
estudo de caso é que ele permite examinar em profundidade o desenvolvimento de
ações em seus próprios cenários.
No inicio dos anos 90, surge um novo ambiente institucional, com uma economia
liberalizante e aberta aos mercados internacionais. Um plano de liberalização do
mercado aéreo foi inevitável. Com a entradas de mais empresas estrangeiras a voar para
o Brasil, as companhias foram praticamente obrigadas a rever os preços de suas
passagens. Os gráficos que seguem exibem o comportamento das tarifas nos principais
vôos domésticos.
VII Congresso Brasileiro de Custos – Recife, PE, Brasil, 2 a 4 de agosto de 2000
Quadro 2 – Preços Praticados X Preços Ajustados nas Principais Rotas entre as Cidades
Rotas Preços Praticados* Preços Ajustados*
Ponte Aér ea Rio – São Paulo Us$ 139,82 em todas as companhias Us$105,31–TAMe Us$ 101,77 na Rio-Sul e no pool Var ig/Vasp/TRansbr ail
São Paulo – Br asília Us$ 260 pela TAM e Us$ 311,50 pela Rio-Sul Us$ 162,83 pela Var ig e TAM, Us$ 164,60 pela Tr ansbr asil e de Us$ 93,80
a 211,50 pela Vasp
São Paulo – Belo Hor izonte Us$ 219,47 pela TAM e Us$ 206,19 pela Rio- Us$ 119,47 pela Var ig, Us$ 69,91 a 156,64 pela Vasp, Us$119,47 a 191,15
Sul pela TAM e Us$ 118,58 a 165,49 pela Rio-Sul
Cur itiba – Salvador Us$ 387,61 Us$ 152,21 vasp – Us$210,62 TAM – Us$ 244,25 Tr ansbr asil – Us$ 273,45
Var ig e 363,72 Rio-Sul
Rio – For taleza Us$ 448,67 Us$179,65 Vasp – Us$290,26 Tr ansbr asil – Us$313,27 Var ig – Us$326,55
TAM
São Paulo - Recife Us$ 419,47 Us$168,14 Vasp – Us$174,34 Var ig – Us$232,74 TAM – Us$270,80
Tr ansbr asil
R$ 1,00 = Us$ 1,13
FONTE: Rev ista Veja, n.12, 25.03.98
A literatura registra que a abertura de mercado na área de aviação comercial é dolorosa,
mas produz resultados. Toma-se como referência a desregulamentação promovida nos
Estados Unidos, em 1978. A maioria das 26 novas companhias aéreas que surgiram na
época faliu, mas algumas se consolidaram, como a Southwest. Os benefícios para a
sociedade ficaram. Segundo cálculos da entidade de defesa do consumidor americano,
de 1978 a 1990 os passageiros economizaram cerca de 100 bilhões de dólares na
compra de bilhetes aéreos, em relação aos preços anteriores. Na década de 80 o número
de passageiros nos país dobrou. Ao longo da última década foram vendidos 580 milhões
de passagens aéreas, o que dá uma média de dois bilhetes de avião por ano para cada
cidadão americano. No Brasil, que tem 160 milhões de habitantes, são vendidos apenas
21 milhões de bilhetes anuais, o que dá a média de menos de um oitavo de bilhete por
pessoa. Urge esclarecer que a movimentação nos aeroportos nacionais é crescente desde
1992. No entanto, apenas em 1994 foi ultrapassado o número de 41,39 milhões de
embarques e desembarques realizados em 1991. Em 1996, foram realizados 50,23
milhões de embarques e desembarques em aeroportos administrados pela Infraero,
número 10,4% maior que o de 1995.
E m p r e sa s A é r e a s
8 8 ,0
T r a n s b r a s il
de reestruturação da aviação poderá
1 2 9 ,3
começar por meio de acordo TA M
O mercado aéreo é uma prova clara de que a regulamentação causa a ineficiência devido
à falta de concorrência. As empresas protegidas da concorrência permitem que seus
níveis de custos aumentem demais através de um excesso de capital e custos, chegando
a um ponto em que seus resultados líquidos não são muito melhores. Isso geralmente se
reflete num baixo valor agregado por funcionário e num nível ruim e em baixos padrões
de desempenho.
O custo da milhagem das empresas aéreas nacionais é uma das mais altas do mundo.
Tomando como referência a maior delas, o custo do assento disponível por quilômetro
voado está distante dos paradigmas. A figura que segue confirma essa afirmativa.
5 ,7
aérea normalmente responde por bem
D e lt a A ir lin e s
U n it e d A ir lin e s
5 ,4
mais da metade dos postos de trabalho e
A m e r ic a n A ir lin e s
5 ,2
8
dos ativos físicos. Especificamente e para
V a r ig garantir o êxito a longo prazo, a série de
0 2 4 6 8
decisões administrativas deve gerar planos
C e n ta v o s ( U s $ )
e ações destinadas a assegurar os influxos
essenciais à sustentação dos fluxos de
Figura 2 – Comparativo do Custo por Assento saída planejadas pela empresa, para que
sejam obtidos níveis realistas de lucros e
de retorno dos investimentos. A geração
contínua
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GESTÃO
RECURSOS DE OUTPUT
INPUTS
Aeroporto
Aeronav e Mov imentação de passageiros e Passageiros e Cargas
Pilotos e Equipe de Bordo cargas ao redor do mundo Transportadas
Equipe de Terra
Passageiros e Cargas
ATIVIDADES PROCESSOS
CUSTOS RECEITAS
EFICIÊNCIA EFICÁCIA
CPR
1
CER
Até mesmo uma empresa que trabalhe sistematicamente para dirigir seus esforços e
recursos no sentido de oportunidades e resultados necessita de análise e controle de
custos. Nenhuma delas pode operar sem dissipar esforços, assim como nenhuma
máquina pode funcionar sem perdas por atrito. Mas uma empresa e seu desempenho de
custos podem ser grandemente melhorados, assim como o atrito pode ser reduzido.
As nossas investigações teóricas apontam que no âmbito das empresas aéreas, as quais
responsáveis pela operação dos vôos comerciais e pela movimentação de passageiros e
cargas, o custo deve ser definido como aquilo que o cliente paga e dele extrair pela
utilidade.
Quase todos os custos de uma empresa aérea vêm de recursos comprometidos antes do
uso; ou seja são custos fixos a curto prazo. Os recursos fornecem a capacidade
necessária para executar a operação dos serviços de transportes aéreos comerciais de
passageiros e cargas durante cada período. As flutuações da demanda para as atividades
executadas durante o período utilizando esses recursos não influencia as despesas de
curto prazo associadas ao fornecimento dos recursos.
O preço pago pela concessão de espaço para a operação desses serviços é o valor do
Preço Básico definido pela administração do aeroporto multiplicado pela área
concedida.
O preço pago pela concessão do espaço para a operação dos serviços acessórios é o
valor do Preço Básico definido pela administração do aeroporto multiplicado pela área
concedida, acrescido de 50%.
Quadro 2 – Comparativo de Custos entre Empresas de Aviação Comercial Brasileiras e Nor te-
Americanas
Estas últimas colocações nos proporcionam uma idéia de quanto a parte fixa tomam
parte do panorama de custos nas empresas aéreas.
Custos variáveis, conforme o nome sugere, são os custos que variam na proporção
direta da atividade de produção. As bebidas e os jantares servidos a bordo são custos
variáveis porque só são despesas para a companhia aérea quando os passageiros estão
em seus assentos para consumi- los.
Esses custos variáveis são facilmente perceptíveis principalmente porque eles podem ser
prontamente atribuídos às unidades de output (produção final) pelas quais as pessoas
pagam, tais como bilhetes de passagem. A variabilidade de outros custos pode não ser
tão nítida. Por exemplo, os salários de comissários e comissárias de bordo são um custo
variável? Salários são certamente variáveis na hora de fazer a programação de vôos;
mas vôos significam mais tripulação. Nesse caso, os salários da tripulação são fixos,
sendo variáveis apenas as despesas com materiais.
Asseguram Heskett, James L et al (op.cit) que todas as empresas aéreas praticam todos
estes métodos de gestão da demanda. As que atingem o melhor desempenho dão um
passo à frente. São excelentes no que é chamado de controle da receita, com os
objetivos de atraírem a maior proporção possível de passageiros pagando tarifa normal,
e a realização da receita mais elevada possível por assento-milha em uma determinante
rota concorrente. O desafio é equilibrar número de passageiros e alcance de vôo.
Quem compra um serviço faz uma despesa, mas não acrescenta nada aos bens que
possui. Por essa razão, discutem Berry & Yadav (1997), as empresas tentam diferenciar
seus serviços por meios não-físicos – qualidade ou preço, por exemplo – e geralmente
se concentram no preço, que aparece mais fácil de implementar resultados mais
imediatos e com maior poder de persuasão perante os consumidores-alvo.
Conforme Dolan & Simon (1998) a menos que a empresa tenha um nível muito elevado
de diferenciação de produto, seus próprios lucros estarão até certo ponto sob controle
dos concorrentes. Essa característica é peculiar na indústria da aviação comercial.
operando um serviço de ponte aérea com vôos em horários regulares entre Boston e
Nova York.
O fim do pool existente no setor aéreo brasileiro no ano de 99 detonou a disputa pela
rota mais movimentada do país: ponte aérea Rio-São Paulo. Esse trecho virou uma
espécie de linha de frente na estratégia de todas as quatro grandes companhias aéreas
brasileiras, Vasp, Transbrasil, Varig/Rio Sul e TAM. Elas concorrem acirradamente.
Neste contexto o que se instiga é qual delas oferece o serviço com o perfil mais próximo
do que o passageiro deseja? O quadro 2 disponibiliza uma síntese analítica de custo –
benefício de cada serviço das empresas aéreas.
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A passagem dos conceitos teóricos ao campo da análise empírica quase nunca se dá sem
dificuldades (nem nas ciências sociais e nem sequer nas ciências ditas exatas), e o caso
presente não constitui uma exceção.
A concepção que orientou a abordagem dessa pesquisa foi proveniente de Silva (1990).
Para ele ao determinar os custos, é preciso, em primeiro lugar, descrever os sistemas
físicos utilizados e sua operação. A partir dessa descrição, os fatores de produção
necessários poderão ser especificados, inclusive os aportes de pessoal e de material. De
modo ideal, as relações entre a produção e os resultados fornecidos pelo nível de
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Por se tratar de um aeroporto que opera com vôos regulares com pontos de origem ou
destino em território estrangeiro, a empresa aérea selecionada deve operar rotas
internacionais. Nesse ambiente destacam as empresas aéreas nacionais Varig, Vasp,
Transbrasil e TAM mediante acordos de concessão.
A seleção da Varig foi pautada nos seguintes aspectos: 1 – É a mais antiga e maior
companhia aérea nacional e 2 – Facilidade de contatos e acesso às informações.
Dada a complexidade que envolve a operação global de uma companhia aérea como a
Varig em que a mesma pode ser denominada de macrooperação enquanto os setores
envolvidos podem ser denominados microoperação delimitamos o estudo a partir do
pouso do avião na pista tomando como exemplo o vôo 818, São Paulo – Miami.
Com o sistema de Hubs da Star Alliance, cada companhia aérea está ligada a outros
sistemas, permitindo aos clientes acesso a uma gama maior de pontos de destino
mundiais.
combustível. Destination E
Destination G Destination F
Enquanto o passageiro passa pelo check -in, local onde ele fará a reserva de seu assento no avião
e realizará o despacho da bagagem, outros nove setores trabalham, simultaneamente, para que o
vôo não se atrase nem um segundo.
Quando as malas são despachadas no check-in, entra em ação o serviço de bagagens. As malas
são conduzidas através de uma esteira até a pista, onde os responsáveis as separam de acordo
com o vôo. Enquanto isso, o passageiro é encaminhado à sala de embarque ou para uma das
três salas vips de que a Varig dispõe para vôos internacionais – uma para a primeira classe , que
oferece cinco ambientes e banheiro equipado com chuveiro esterilizado a cada banho e kits com
toalhas, sabonete, shampoo, escova e pasta de dente e até perfume e duas para a classe executiva
(fumantes e não-fumantes). A empresa ainda dispõe uma Quarta sala vip para vôos domésticos,
de onde o passageiro pode realizar o check in sem ter que enfrentar a fila e também dispõe de um
banheiro com as mesmas regalias da primeira classe internacional. Além dessas salas, a Varig
oferece, exclusivamente, ao passageiro outros dois tipos de serviço: o atendimento especial e o
atendimento a menores desacompanhados . O primeiro possui uma equipe treinada
especialmente para dar atendimento padronizado a deficientes físicos e mentais, enfermos e
idosos. Já o segundo oferece uma sala monitorada por especialistas que dão suporte às crianças
que estão viajando sozinhas, desde a hora em que chegam ao aeroporto até a hora do embarque.
Para acompanhar o andamento dos vôos em relação à lista de passageiros está o editing. Este é o
setor responsável pela abertura da lista de espera de um vôo e o remanejamento e acomodação de
passageiros, caso algo dê errado.
Enquanto isso, na pista, o avião está passando por seis operações ao mesmo tempo. Uma das
equipes de manutenção da Varig – o setor conta, ao todo, com 329 mecânicos especializados em
qualquer avião da frota – realiza uma checagem detalhada da aeronave, verificando desde uma
lâmpada queimada até um motor estourado. A eficiência é tanta que eles são capazes de trocar
um jogo de pneus de uma aeronave em poucos minutos. Para completar, a Varig ainda mantém
um estoque com aproximadamente 3.000 peças, que vão desde extintores de incêndio até caixas -
pretas. O pessoal do serviço de bagagem e de cargas organiza, no porões do avião, as malas,
encomendas e até animais. Dentro da aeronave já estão a postos a equipe de limpeza, a tripulação
(comandante, co-piloto e comissários de bordo) e a equipe de comissaria, responsável pelo
abastecimento da comida que será servida a bordo. Cada vôo tem um re sponsável, que é
chamado de red cap. O seu trabalho consiste em acompanhar toda a preparação do avião para
que o embarque a decolagem aconteçam dentro do horário previsto. Isso significa que, quando
uma aeronave pousa com atraso, o tempo disponível para a preparação do avião para uma nova
decolagem, conseqüentemente, acaba diminuindo.
Quando uma aeronave estaciona no pátio, entra em ação o trabalho do COI – Centro de
Operações Integrado. Esta seção é composta por um integrante de cada setor: Manutenção, DOV
(Despachante Operacional de Vôo), responsável pelo atendimento de passageiros e um
coordenador de tripulantes. Toda vez que uma aeronave apresenta um problema eles se reúnem
e, diante das informações que cada um tem de seus respectivos setores, tomam a melhor decisão
para solucioná-lo rapidamente. O COI é o sistema nervoso da empresa. Nele são tomadas as
decisões cruciais para o bom andamento do vôo.
Trabalhando em conjunto com o editing está a conexão. Como o próprio nome diz, eles atendem
os passageiros que vêm de uma cidade onde não há um vôo direto para o país de destino. Muitos
dos passageiros que fazem conexão acabam chegando, ou muito antes do vôo ou em cima da
hora. Isso acaba complicando a vida dos responsáveis pelo setor, que de qualquer maneira, têm
que embarcar a todos.
Tendo tudo isso em ordem, o red cap, finalmente, libera o embarque dos passageiros. Após o
embarque entre em ação o setor de conferencia dos cartões de embarque. Antigamente, a
contagem dos bilhetes de um vôo demorava mais de uma hora, ou seja, para obter um saldo total
do dia, a empresa levava mais de 24 horas. Hoje, graças a um sistema computadorizado
desenvolvido pela Sita, uma empresa internacional que tem seus sistemas utilizados em todos os
grandes aeroportos do mundo, a conferência fica pronta em meno s de 15 minutos após a
decolagem.
A Varig também possui um departamento especialmente criado para recuperar e devolver
bagagens perdidas. A companhia tem um índice muito baixo de extravio, 4,5 volumes por 1.000
transportados, enquanto o máximo de perda aceito pela Iata é de dez volumes. É neste mesmo
setor que se encontra a seção de achados e perdidos. Nela estão reunidos os objetos esquecidos,
pelos passageiros e tripulantes dentro do avião. Lá se encontra de tudo: livros, roupas, chapéus,
aparelhos dentários, guarda-chuvas, aparelhos celulares, documentos, laptops, óculos, compras
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7 – Conclusão
A Southwest Airlines é uma das empresas aéreas que mais crescem e mais dão lucros
nos EUA enfatizando operações de custos baixos. No início da década de 70 enquanto
outras companhias se concentravam no estabelecimento de dispendiosas rede do tipo
hub and spoke, a empresa optou por voar em rotas mais curtas e diretas e usar
aeroportos menos caros e menos congestionados, sempre que possível. Com isso,
mantém seus custos de treinamento e manutenção baixos, porque rotas mais curtas
permitem usar apenas um tipo de aeronave, o Boeing 737. O tempo de retorno de seu
avião é, em média, 20 minutos, o que quer dizer que os aviões da Southwest passam
mais tempo no ar – a única maneira de uma linha aérea gerar receita. A inexistência de
reserva de assentos e de serviço de bordo contribui para a maior rapidez no retorno da
aeronave e para a redução dos custos operacionais e, além disso, a Southwest consegue
uma economia maior por não ter entrado na era dos sistemas de reserva automatizados.
Ela também passou a oferecer assentos sem bilhete em todos os seus vôos. Os
passageiros que ligam para a companhia para fazer uma reserva recebem um número.
Podem pedir o recibo por correio ou fax ou pegá-lo no portão de embarque. Os aviões
da empresa são capazes de chegar ao portão de um aeroporto, descarregar bagagem e
passageiros, carregar bagagem e passageiros e partir, tudo isso em dez minutos. Como?
Tendo funcionários mais produtivos. A alta produtividade, combinada com à falta de
luxo da empresa proporciona uma vantagem competitiva de custos da ordem de 43%
sobre as grandes empresas americanas. Será que as empresas aeroviárias nacionais não
podiam fazer um benchmarking?
À Varig não deve ser possível imputa-lhe, unicamente, ao acaso a responsabilidade pelo
insucesso operacional nos últimos anos. Algumas possíveis explicações podemos
delinear, como por exemplo a forte influência do dólar sobre a estrutura de custos da
empresa, alta carga tributária, os freqüentes reajustes dos combustíveis, preços dos
seguros das aeronaves, menores prazos de financiamento, maiores taxa de juros e riscos
(spreads) nos financiamentos.
Ainda que em seus discursos a Varig se considere adepta aos novos tempos de
globalização e de desregulamentação, ela continua imprimindo em seu modelo de
gestão o ultrapassado esquema em que a relação custo-preço é mais importante que os
benefícios criados pela percepção de valor do cliente.
BIBLIOGRAFIA