Aula 5 - Doenças Transmitidas Por Alimentos - DTA
Aula 5 - Doenças Transmitidas Por Alimentos - DTA
Aula 5 - Doenças Transmitidas Por Alimentos - DTA
• Contaminação intrínseca:
- Em decorrência da infecção do hospedeiro;
- Alimento (carne) contendo formas infectantes do agente. Ex:
Toxoplasmose e Teníase-Cisticercose.
AGENTES INFECCIOSOS
• Infecção do sistema gastrointestinal:
- Gastroenterite.
- Bacterianas:
Vírus o Escherichia coli; Salmonella e Shigella...
- Virais:
- Hepatite A, Rotavírus, Norovírus
Bactérias - Parasitárias:
o Giardia intestinalis, Cryptosporidium
spp, Toxoplasma gondii, Taenia solium,
Taenia saginata e Echinococcus
Parasitas granulosus.
GASTROENTERITE BACTERIANA
• Alimento contaminado:
- Própria bactéria
- Toxina bacteriana
Laboratório de Protozoologia
MANIPULADORES DE ALIMENTOS
• Fontes de contaminação mais
frequentes.
www.bbc.co.uk/.../157_angolacolera/page2.shtml
Distribuição Geográfica
Atualmente a doença ocorre em surtos.
Tratamento
• Antibiótico;
• Deve-se buscar orientação médica.
http://www.anvisa.gov.br/paf/viajantes/diarreia.htm
Transmissão
• Fecal-oral
– Ingestão de água e alimentos contaminados pela
Salmonella typhi.
Tratamento
• Antibiótico;
• Deve-se buscar orientação médica.
http://www.anvisa.gov.br/paf/viajantes/diarreia.htm
Norovírus
• RNA vírus da família Caliciviridae, altamente
contagioso:
⁻ Menos de 100 partículas virais são suficientes para
infectar um indivíduo.
⁻ Vírus responsável por gastroenterites em locais de
confinamentos ou de contato próximo, numa mesma
família, em navios, asilos e ambientes hospitalares.
⁻ Por ser altamente contagiosa, é possível que pessoas
da mesma família apresentem os sintomas ao mesmo
tempo.
Transmissão
• Fecal – oral
• Contato com a pessoa infectada
• Contato com superfícies ou objetos contaminados pelo
vírus
• Ingestão de água ou alimentos contaminados
Sintomas
• Evacuações líquidas intensas
• Febre alta
• Vômito
• Dores de cabeça
• Dores abdominais
• Fraqueza e cansaço
• Mialgias (dor muscular)
• Mal estar
⁻ Geralmente, o paciente começa a perceber os sintomas entre 24 e 48
horas após a exposição ao vírus.
⁻ Sintomas costumam durar até 72 hs.
Tratamento
• Não existe tratamento específico para o norovírus, seu
tratamento é paliativo:
• Distribuição mundial;
• Parasita intestinal mais comum em países
desenvolvidos;
• Ásia, África e América Latina:
- 200 milhões de indivíduos sintomáticos
- 500.000 casos novos por ano
GIARDÍASE
• Infecta o homem e animais domésticos:
- Cães, gatos e bovinos.
• Parasitismo:
- Aderem à mucosa intestinal (disco adesivo);
- Não há invasão das células;
- Barreira mecânica para absorção de alimentos;
- Adesão provoca lesões com inflamação;
Transmissão
• Fecal – oral;
• Ingestão de alimentos e água
contaminados com cistos.
Sintomas
• Diarréia (fezes amolecidas) com
duração entre 2 a 4 semanas
(autolimitada);
• Esteatorréia, desconforto abdominal,
náuseas, vômitos, flatulência e perda
de peso;
Período de incubação:
• 1 a 4 semanas (média 7 a 10 dias).
Diagnóstico
• Exame de fezes (coproparasitológico);
• Pesquisa de cistos e trofozoítos;
- Exame de 03 amostras colhidas em dias
alternados;
- Eliminação de cistos é intermitente.
Tratamento
• Derivados imidazólicos
- Metronidazol;
- Secnidazol;
- Tinidazol.
• Orientação médica
Controle
• Difícil
- Grupos A e B circulam entre seres
humanos e animais.
o Austrália: alta proporção de cães
infectados com os grupos A e B.
o 1993: surto no Canadá (veiculação
hídrica) = esquilos como fonte de
infecção.
• Saneamento básico;
• Educação sanitária;
• Filtração da água;
• Lavar bem frutas e verduras.
CRYPTOSPORIDÍASE
• Cryptosporidium sp
– Cryptosporidium parvum (potencial zoonótico)
– Cryptosporidium hominis
• Distribuição mundial:
– Freqüente em países em desenvolvimento.
• Protozoário intracelular obrigatório
– Células epiteliais do intestino delgado;
– Formas graves em pacientes aidéticos.
Transmissão
- Fecal – oral;
- Ingestão de água e alimentos
contaminados com oocistos;
- Água recreacional
contaminada.
• Surtos ligados à transmissão por água:
- 1993 Milwaukee (EUA): 400 mil pessoas
infectadas.
Protoescólex
invaginado
Patologia da Hidatidose Humana
A infecção tem início por via digestiva e as hidátides vão
localizar-se:
• Fígado: 75 a 80% dos casos;
• Pulmões:10 a 20% deles.
• Músculos: 4,7% de cistos,
• Baço: 2,3%,
• Rim: 2,1% e
• Cérebro: 1,4%
Os cistos são múltiplos em 1/3 dos casos.
Parede íntegra dos cistos permite a passagem de
substâncias antigênicas que levam à produção de
anticorpos.
Diagnóstico da Hidatidose
A hidatidose é diagnosticada com base:
• Aspectos clínicos e epidemiológicos.
• Exames de imagem (raio-X, ultrassonografia ou tomografia
computadorizada).
• Testes sorológicos e moleculares.
Testes sorológicos*:
• Hemaglutinação indireta
• ELISA
• Imunodifusão e Immunoblotting
* Ainda que muito específicos, esses testes não têm sensibilidade
satisfatória, podendo dar resultados falso-negativos.
Sintomatologia clínica
Na maioria dos casos de infecção humana, o desenvolvimento do cisto
hidático é assintomático.
Os indivíduos podem ser portadores do cisto durante toda a vida sem
necessitar de assistência médica e poucos são os que desenvolvem
alterações graves.
As manifestações clínicas estarão relacionadas com a localização e
tamanho do cisto.
– Localização abdominal: dor, massas palpáveis, icterícia, hepatomegalia ou
esplenomegalia (o fígado é preferencialmente atingido);
– Localização pulmonar: tosse, dor torácica, hemoptise (tosse com sangue)
ou dispnéia (dificuldade respiratória);
– Localização óssea: destruição de trabéculas, necrose e fratura
espontânea.
Tratamento
O tratamento ideal é a retirada completa do parasito
(cisto) do organismo.
Cirúrgico
• Para evitar recidivas, administrar ao paciente, no pós-operatório,
albendazol durante 4 semanas.
Fígado e Pulmão de ovino
Controle
Impedir que os cães se alimentem de vísceras cruas do gado
para cessar a transmissão;
Interdição do abate clandestino;
Evitar acesso de cães em matadouros para que não tenham
contato com vísceras condenadas pela presença do cisto hidático;
Controle sanitário do gado abatido e estudo epidemiológico que
identifique áreas endêmicas que necessitem de atenção;
Tratamento anti-helmíntico dos cães domésticos parasitados,
com praziquantel, mebendazol micronizado, nitroscanato ou
fospirato, feito periodicamente;
Adoção de técnicas de criação de gado ovino que dispensem o
emprego de cães (como as pastagens cercadas).
CONTAMINAÇÃO INTRÍNSECA DE CARNES
TOXOPLASMOSE
Toxoplasmose: antropozoonose
Toxoplasma gondii:
• Hospedeiro definitivo: Pets
- Felídeos (gato doméstico)
• Hospedeiros intermediários:
Animais
- Animais de sangue quente, produção
incluindo o HOMEM.
Implicações:
Animais
• Saúde pública silvestres
• Biodiversidade
Animais
aquáticos
TOXOPLASMOSE
Zoonose de importância médica e veterinária.
Toxoplasma gondii:
• Altamente imunogênico
DISTRIBUIÇÃO
Prevalência: MUNDIAL
• Região geográfica (↓ clima frio)
• Padrões culturais (alimentação)
• > 1 bilhão de infectados
INFECÇÃO DOENÇA
• Brasil: 70% população adulta COMUM RARA
• Grande São Paulo: 60%
TOXOPLASMOSE Micronemas
Roptrias
Toxoplasma gondii:
• Intracelular obrigatório;
• Filo Apicomplexa;
• Penetra ativamente na célula hospedeira;
• Parasita qualquer célula de animal de
sangue quente.
Forma de arco
ou crescente
IFN-
Variações pH
Aumento temperatura
From M. Torbenson
O Cisto é imune a terapia e fica residente nos tecidos por anos, numa
localização intracelular, com uma cápsula glicoproteica, o que o torna
inatingível a resposta imune.
Aspectos Clínicos
Imunocompetente:
• Assintomática 90% casos;
• Caráter benigno e autolimitado:
- Imunidade celular e humoral.
• Sintomáticos:
- Linfoadenopatia (cadeia cervical):
- Febre, dor de garganta, mialgia e cefaléia
- Quadros mais graves (sistêmicos):
Pneumonite, hepatite e miocardite
- 2 a 3% desenvolvem a forma ocular:
Retinocoroidite (retina coróide)
Formas císticas na retina;
Erechim (RS):
- 17,7% (Glasner et al., 1992)
Retinocoroidite por T.gondii com
lesão satélite ativa, com
espessamento focal devido acúmulo
de células inflamatórias (A). Processo
de cicatrização após 1 mês de
tratamento (B).
Aspectos Clínicos
Imunocomprometido:
• Síndrome da Imunodeficiência adquirida:
- Encefalite (Luft & Remington, 1988);
- 20% de óbitos em pacientes com AIDS (Passos et al., 2000).
• Imunossupressões medicamentosas;
• Transplantes (coração, fígado e medula óssea);
• Imunologicamente imaturos (feto e recém nascido):
- Toxoplasmose congênita
60
40
20
0
12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
Idade gestacional (semana)
Gilbert et al. 1999
Toxoplasmose Congênita - Hidrocefalia
Diagnóstico
Clínico: Limitado
Laboratorial:
• Diagnóstico Parasitológico:
- Isolamento do agente:
Inoculação em camundongos
Cultivo celular
- Detecção morfológica do agente:
Microscopia
Colorações específicas
- Detecção de ácidos nucleicos:
PCR
• Diagnóstico Histológico
• Diagnóstico Sorológico
Diagnóstico Parasitológico
Inoculação em camundongos:
• Sangue (camada leucocitária);
• Sedimento da centrifugação:
- Líquido cefalorraquidiano;
- Líquido amniótico;
- Lavado brônquico-alveolar;
• Amostras de carne previamente digeridas.
Inoculação intraperitoneal em camundongos
soronegativos:
• Soroconversão do animal;
• Achado de taquizoítos no líquido peritoneal;
• Cistos em cérebro.
Pesquisa de oocistos
Método de centrífugo - flutuação em sacarose (A)
Coloração de Kinyoun (B)
• Esfregaço das fezes filtradas
Pesquisa de Ácidos Nucleicos
Reação em cadeia pela polimerase (PCR):
• Detecção de segmentos específicos de ácidos nucléicos após amplificação
pela PCR:
- Técnica sensível;
- Rotina em muitos laboratórios de diagnóstico;
- Resultado em menos de 48 horas;
- Cuidados especiais para contaminação;
115 bp - Amplificação de vários segmentos de DNA de diferentes genes:
SAG1, B1, DNA ribossomal
Gânglios linfáticos:
• Intensa ativação imunológica.
Imunohistoquímica:
• Visualização do agente e de seus antígenos.
Cisto de T.gondii em meio a substância cinzenta.
Infecção, mas não doença .
Toxoplasmose - córtex cerebral
Toxoplasmose - Sistema nervoso central
reação imunohistoquímica
Placenta
Toxoplasmose
congênita
Served by
reservoir A
Cases
1 Case
Density of cases
0,01 – 0,74
0,75 – 1,48
1,49 – 2,22 Concentração de casos na área central abastecida
2,23 – 2,97
por um dos reservatórios de água municipal.
Surto de Toxoplasmose em Santa Maria - RS
Investigação de surto de toxoplasmose em Santa Maria/RS, 2018
IV Simpósio Brasileiro de Toxoplasmose - RBPT - Brasília-DF, outubro de 2018
Início: abril/2018
Até o final de agosto:
• 1343 casos suspeitos:
- 748 confirmados para toxoplasmose aguda
- 32 casos apresentaram lesão oftalmológica
- 85 gestantes toxoplasmose aguda (3 óbitos fetais, 4 abortos) e
21 toxoplasmose congênita.
- Amostras de 09 placentas foram positivas na PCR e bioensaio
para T. gondii
- Detecção do marcador CCp5A, encontrado em infecção por
oocisto, em 78% das amostras testadas (28/36).
• Causa provável do surto: ingestão de oocistos em água.
Pinto-Ferreira F, Nino BSL, Martins FDC, Monica TC, Britto IC, Signori A, Medici KC, Freire RL, Navarro IT, Garcia JL, Headley SA, Vogel FSF, Minuzzi CE, Portella LP, Bräunig P, Sangioni LA, Ludwig A, Ramos LS,
Pacheco L, Silva CR, Pacheco FC, Menegolla IA, Farinha LB, Haas S, Canal N, Mineo JR, Difante CM, Mitsuka-Breganó R. Isolation, genetic and immunohistochemical identification of Toxoplasma gondii from
human placenta in a large toxoplasmosis outbreak in southern Brazil, 2018. Infect Genet Evol. 2020 Nov;85:104589. doi: 10.1016/j.meegid.2020.104589. Epub 2020 Oct 8. PMID: 33039602.
CARNE como Fonte de Infecção
Toxoplasma gondii em animais de produção:
• Perdas econômicas aborto ovelhas e cabras
(Buxton,1990; Dubey & Adams,1990);
• Implicação em Saúde Pública CARNE.
• Nos EUA é considerada uma das principais doenças
transmitidas por alimentos, atingindo o mesmo nível da
Salmonelose e Campilobacteriose (Kijlstra & Jongert, 2008)
• Cistos podem se desenvolver em 6-7 dias após a infecção do
hospedeiro intermediário (Dubey et al., 1998).
• Cistos persistem por toda a vida do hospedeiro:
- Variação no número de cistos.
CARNE como Fonte de Infecção
Fonte: Kijlstra A, Jongert E. 2008. Control of the risk of human toxoplasmosis transmitted by
meat. Int J Parasitol, 38:1359-1370.
Inativação pelo calor
Países islâmicos:
• Proibição do consumo de carne suína
• Doença é inexistente.
Teníase
Tênia da carne de porco:
Taenia solium
Tênia da carne bovina:
Taenia saginata
Ingestão de carne contendo
larvas;
Verme adulto no intestino do
homem.
Cisticercose
Ingestão de ovos de Taenia
solium
Salada, frutas e verduras.
Larvas nos tecidos (cérebro)
• Taenia saginata
– 4 a 12 metros de comprimento;
– 1000 a 2000 proglotes;
– 40.000 a 80.000 ovos por proglote;
– Proglote grávida: ramificações uterinas
numerosas;
– Ovo embrionado = embrião hexacanto
com casca espessa.
• Taenia solium
– 1,5 a 4 metros de comprimento;
– 700 a 900 proglotes;
– Escólex com coroa dupla (acúleos);
– Proglote grávida: ramificações uterinas
pouco numerosas;
– Ovo embrionado = embrião hexacanto
com casca espessa.
Sintomas
Teníase (parasitose intestinal):
• Maioria dos casos assintomática;
• Dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso,
flatulência, diarréia ou constipação.
• Retardo no crescimento e desenvolvimento das crianças
e baixa produtividade no adulto.
Período de incubação: cerca de 3 meses após a ingestão da
carne contendo larvas.
Longevidade: 25 a 30 anos.
. Complicações:
• Obstrução do apêndice, colédoco, ducto pancreático:
- Intervenção cirúrgica
Cisticercose
Período de incubação: 15 dias a anos.
Sistema nervoso central:
• Sintomas neuropsiquiátricos:
- Convulsões
- Hipertensão intracraniana
- Distúrbio de comportamento (sistema límbico)
Globo Ocular:
• Turvação visual até cegueira;
• Cisticerco causa inflamação intensa, com
eventual destruição do olho.
Tratamento
Teníase:
• Mebendazol
• Praziquantel
• Albendazol
Neurocisticercose :
• Terapia de suporte (uso de anticonvulsivantes).
• Em casos específicos:
• Hospitalização;
• Praziquantel associado à Dexametasona para reduzir a
resposta inflamatória, consequente à morte dos
cisticercos;
• Albendazol associado a Metilpredinisolona.
Orientação médica.
Controle
Educação sanitária:
• Medidas de higiene pessoal;
• Ingestão de carne bem cozida.
Inspeção sanitária da carne:
• Reduzir a comercialização ou o consumo de carne contaminada
por cisticercos.
Fiscalização de produtos de origem vegetal:
• Proibir a irrigação de hortas e pomares com água de rios e
córregos, que recebam esgoto ou outras fontes de águas
contaminadas com ovos de Taenia sp.
Cuidados na suinocultura:
• Impedir o acesso do suíno às fezes humanas e a água e
alimentos contaminados com material fecal.