Ficha de Trabalho
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5. Do ponto de vista dos valores, serei objetivista se defender que os juízos de valor:
(A) São verdadeiros ou falsos relativamente a cada um dos indivíduos.
(B) Só são verdadeiros para o próprio sujeito que os formula.
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(C) São verdadeiros dependendo do que possamos pensar desse juízo.
(D) São verdadeiros independentemente das perspetivas de cada sujeito.
Vamos supor que estamos inclinados a afirmar que a excisão [ou mutilação genital
feminina] é má. Estaríamos nós apenas a impor os padrões da nossa própria cultura? Se
o relativismo cultural estiver correto, isso é tudo quanto podemos fazer, pois não há um
padrão culturalmente neutro a que possamos apelar. Mas, será isto verdade?
Penso, na verdade, que há alguma coisa correta no relativismo cultural e quero agora
passar a dizer o que é. Há duas lições que devemos aprender com a teoria, ainda que
acabemos por rejeitá-la. Primeiro, o relativismo cultural alerta-nos, de maneira correta,
para os perigos de pressupor que todas as nossas preferências estão fundadas numa
espécie de padrão racional absoluto. Não estão. Muitas das nossas práticas (mas não
todas) são particularidades exclusivas da nossa sociedade e é fácil perder de vista esse
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facto. Ao recordar-nos isso, a teoria presta um bom serviço. (…) A segunda lição
relaciona-se com a necessidade de manter o espírito aberto. No processo de
crescimento, cada um de nós adquiriu algumas convicções fortes: aprendemos a aceitar
alguns tipos de conduta e a rejeitar outros. (…) O relativismo cultural, ao sublinhar que
as nossas perspetivas morais podem refletir preconceitos da nossa sociedade, fornece
um antídoto para este tipo de dogmatismo. (…) Podemos ficar então mais abertos à
descoberta da verdade, seja ela qual for.
James Rachels (2004). Elementos de filosofia moral. Gradiva, pp. 52-54.
11.1. Que lições podemos aprender, segundo o autor, com o relativismo cultural?
11.2. Apresenta exemplos que fundamentem a posição defendida por J. Rachels neste
texto.
12. Lê, atentamente, o texto seguinte.
Em novembro de 1986, Carlos DeLuna, de 27 anos, foi considerado culpado da morte
de Wanda Vargas Lopez, uma mãe solteira de 24 anos (…), e condenado à pena de
morte. Mais de 25 anos depois, uma equipa de investigadores da Faculdade de Direito
de Columbia descobriu “erros grosseiros” no processo e concluiu que a justiça do Texas
executou o homem errado.
Rita Siza, “Mais de 25 anos depois, relatório diz que inocente foi executado no Texas”,
in Público, 15-05-2012.
Uma mulher afegã foi condenada a 12 anos de prisão porque foi violada. Os tribunais
locais consideram a violação de Gulnaz, por parte do marido de uma prima, como
adultério. A única forma de evitar a prisão é casar com o violador. (…) Da agressão que
Gulnaz sofreu aos 19 anos nasceu uma menina que agora tem dois anos. É por ela que
a mulher diz que vai aceitar casar-se com o agressor, como lhe foi proposto pelo tribunal,
em vez de cumprir a pena. “Assim, a minha filha pode continuar a ter uma mãe” (…).
“Mulher condenada a 12 anos de cadeia porque foi violada”, in Jornal de Notícias, 24-
11-2011.
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13.1. Considerando o juízo de valor Obrigar Gulnaz a casar com o seu violador é injusto
e cruel:
A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família,
sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na
altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. O casamento não pode ser celebrado
sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 16.º.
14.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é compatível com uma perspetiva
subjetivista dos valores? Justifica a sua resposta.
17. Alguém que defenda a perspetiva subjetivista dos valores considera que:
(A) A verdade de um juízo de valor é universal.
(B) A verdade de um juízo de valor é absoluta.
(C) A falsidade de um juízo de valor é objetiva.
(D) A falsidade de um juízo de valor é relativa.
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(B) A legitimidade de um juízo de valor está dependente de preferências.
(C) A verdade de um juízo de valor é relativa ao sujeito que avalia.
(D) A verdade de um juízo de valor é variável de pessoa para pessoa.
19. Para o relativismo cultural, quando duas culturas discordam quanto a uma questão
ética:
(A) Podemos defender que uma delas está certa e outra errada.
(B) Devemos ter opiniões firmes sobre cada uma das perspetivas.
(C) Devemos abster-nos de fazer juízos de valor sobre as suas práticas.
(D) É legítimo compararmos as suas práticas e tomarmos partido por uma.
A ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais atraiu sempre as
pessoas educadas. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes, diz-se, e pensar
que há um padrão universal que se aplica em todas as épocas e lugares não passa de
uma ingenuidade.
Por fim, devemos apontar um aspeto puramente lógico. Algumas pessoas pensam que
o relativismo se segue do facto de as culturas terem padrões diferentes. (…) Contudo,
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isto é um erro. Do simples facto de as pessoas discordarem quanto a um assunto, não
se segue que não haja uma verdade sobre esse assunto.
Holi (ou Festival das Cores) é uma festividade da religião hindu que acontece
todos os anos, entre fevereiro e março, na Índia e em outros países onde o
hinduísmo é professado (Bangladesh, Nepal e Paquistão, por exemplo). Celebra
a chegada da primavera e a fertilidade. Durante as festividades, crianças e
adultos atiram água e tintas das mais diversas cores uns aos outros.
23. Faz corresponder cada um dos exemplos a um dos tipos de juízo: facto ou valor.
A. Os hindus acreditam no poder medicinal das cores.
B. Holi é uma celebração religiosa do hinduísmo.
C. As tintas coloridas dão à celebração um aspeto muito belo.
D. Por vezes, a festividade dá lugar a acontecimentos indignos.
E. O contraste de cores resulta num conjunto harmonioso.
F. Cada um dos pigmentos usados tem um significado preciso.
G. Holi é uma celebração sagrada, divertida e fraterna.
H. Holi junta indianos de todas as castas, vestidos de branco.
I. O Festival das Cores é um momento de liberdade e tolerância.
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J. Todos os anos, milhares de indianos participam no Festival.
K. Os participantes são muitas vezes injustos para os que se recusam associar-se à
celebração.
L. Atirar tintas coloridas é um costume moralmente aceitável.
24.1. Considerando o conteúdo do texto, associa a cada um dos itens a chave proposta.
A. Amina Lawal foi condenada à morte por apedrejamento por um tribunal religioso.
B. Na Nigéria é ilegal uma pessoa ser condenada à morte por apedrejamento.
C. A condenação de Amina Lawal é moralmente inaceitável, independentemente do
crime.
D. O juiz disse que Amina Lawal devia ser executada logo que deixasse de
amamentar.
E. A pena de morte em geral, e não apenas o apedrejamento, é injusta e cruel.
F. As pessoas presentes no tribunal consideraram um bem executar Amina Lawal.
G. Não devemos interferir nas culturas com costumes diferentes dos nossos.
H. Na Nigéria é legal uma pessoa ser condenada à morte por apedrejamento.
I. O governo nigeriano anunciou que não faria executar a sentença.
J. Em questões fundamentais de justiça, os Estados não devem ser soberanos.
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25. Começa por ler, atentamente, o texto.
Numa aldeia paquistanesa, um rapaz de doze anos foi acusado de ter uma relação
amorosa com uma mulher de vinte e dois anos que pertencia a uma classe social
superior. Negou a acusação, mas os anciãos não acreditaram nele. Como castigo,
decretaram que a irmã adolescente do rapaz – que nada fizera de errado – fosse violada
publicamente. O seu nome é Mukhtar Mai. Quatro homens executaram a sentença
enquanto os habitantes da aldeia assistiam. Os observadores disseram que isto nada
tinha de invulgar, mas, com tantos estrangeiros na região, o incidente foi noticiado e
descrito na Newsweek.
James Rachels (2009). Problemas da filosofia. Gradiva, p. 238.
25.1. Com recurso ao exemplo referido no texto, explica a diferença entre subjetivismo
e objetivismo axiológicos.
A ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais atraiu sempre as
pessoas educadas. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes, diz-se, e pensar
que há um padrão universal que se aplica em todas as épocas e lugares não passa de
uma ingenuidade. (…) Superficialmente, esta atitude parece esclarecida. De facto, a
tolerância é uma virtude importante e é óbvio que muitas práticas não passam de
costumes sociais – por exemplo, padrões de vestuário, de alimentação, de organização
doméstica. No entanto, as questões fundamentais de justiça são diferentes. Quando
pensamos em exemplos como a escravatura, o racismo e os maus-tratos infligidos às
mulheres, encolher os ombros e dizer «Eles têm os seus costumes e nós temos os
nossos» já não parece tão esclarecido. Temos a ideia (…) de que devemos respeitar as
diferenças entre culturas. Respeitar uma cultura não implica que tenhamos de aceitar
tudo o que nela existe.
James Rachels (2009). Problemas da filosofia. Gradiva, pp. 237-240.
Seleciona a opção que permite obter a única afirmação adequada ao sentido do texto.
26.1. De acordo com o conteúdo do texto, podemos perceber que o autor defende que:
(A) Costumes como os padrões de vestuário são questões de opinião.
(B) Questões fundamentais de justiça não devem ser relativas.
(C) Respeitar uma cultura não implica aceitar tudo o que nela existe.
(D) Todas as opções anteriores são verdadeiras.
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26.2. Para o autor, a ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais:
(A) Permite condenar universalmente a escravatura.
(B) Não é uma visão esclarecida da diversidade cultural.
(C) É uma perspetiva esclarecida da diversidade cultural.
(D) Permite promover valores universais como a justiça.
27. Seleciona as opções que permitem obter afirmações passíveis de serem subscritas
pelo relativismo cultural.
(A) Sociedades diferentes têm códigos morais diferentes.
(B) O código moral de uma sociedade dita o que é correto no seio dessa sociedade.
(C) A escravatura e o trabalho infantil afiguram-se errados onde quer que ocorram.
(D) Não há padrões objetivos para julgar um código social como melhor do que outro.
(E) A sociedade ocidental é hoje mais justa do que no século XIX.
(F) O código moral da nossa própria sociedade não tem estatuto especial.
(G) Não há verdades morais universais que possam ser aceites por todos os povos.
(H) É mera arrogância nossa tentar julgar a conduta de outros povos.
(I) É razoável condenar certas práticas da nossa ou de outras culturas.
(J) Existem critérios transculturais de certo e de errado.
(K) A tortura é objetivamente um mal.
(L) O código moral da nossa sociedade é superior a outros códigos morais.
(M) Não é razoável condenar práticas da nossa ou de outras culturas.
(N) Todos os padrões de certo e de errado são relativos a uma dada cultura.
(O) Respeitar uma dada cultura implica abstermo-nos de a julgar.
(P) É um erro condenar as sociedades que promovem o racismo e a xenofobia.
(Q) Não podemos aceitar as sociedades que promovem o racismo e a xenofobia.
(R) Todos os códigos morais são equivalentes.
(S) A sociedade ocidental é hoje menos justa do que no século XIX.
(T) Existem juízos morais que devem ser promovidos universalmente.
Pensamos habitualmente que pelo menos algumas das mudanças sociais são melhorias.
(Apesar de, naturalmente, outras mudanças poderem piorar as coisas.) Ao longo da
maior parte da história ocidental o lugar das mulheres na sociedade esteve severamente
circunscrito. Não podiam ter bens; não podiam votar; e estavam em geral sob o controlo
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quase absoluto dos seus maridos. Recentemente, muitas destas coisas mudaram, e a
maioria das pessoas pensa que isto é um progresso. Mas se o relativismo cultural estiver
correto, poderemos legitimamente pensar que é um progresso? Progresso significa
substituir uma maneira de fazer as coisas por uma maneira melhor. Mas qual o padrão
pelo qual avaliamos estas novas maneiras como melhores? Se as velhas maneiras
estavam de acordo com os padrões culturais do seu tempo, então o relativismo cultural
diria que é um erro julgá-las pelos padrões de uma época diferente. A sociedade do
século XVIII era diferente da que temos agora. Afirmar que fizemos progressos implica
o juízo de que a sociedade de hoje é melhor, e isso é justamente o tipo de juízo
transcultural que, segundo o relativismo cultural, é impossível.
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