A Porta Estreita - John Bunyan
A Porta Estreita - John Bunyan
A Porta Estreita - John Bunyan
THE
Strait Gate
O R,
Great Difficulty of Going to Heaven:
Plainly proving, by the Scriptures, that not only the rude and profane, but
many great professors, will come short of that kingdom:
with directions how and why every one should strive to enter in.
Por John Bunyan
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Sumário
Prefácio do Editor
Ao Leitor
1
A Porta Estreita
A Explicação dessas Palavras
A Explicação das Frases em Particular
Uma Descrição do Reino dos Céus
2
Uma Descrição da Entrada nesse Reino
Três coisas que tornam essa porta tão estreita
3
Uma Exortação para se Esforçar
para Entrar Neste Reino
Significado da palavra “ESFORÇAI”
Como devemos nos esforçar?
Por que devemos nos esforçar?
4
Motivos para se Esforçar para
Entrar Neste Reino
Significado das palavras “PORQUE… MUITOS”
Várias aplicações da palavra “MUITOS”
Como a palavra “MUITOS” é aplicada neste texto
Significado das palavras “EU VOS DIGO”
Duas coisas que acometem aos hipócritas
Significado das palavras “PROCURARÃO ENTRAR”
Por que eles procurarão entrar?
Como eles procurarão entrar?
Significado das palavras “E NÃO PODERÃO”
Observações Acerca dessas Palavras
Primeira observação: os homens argumentarão tudo que puderem
para alcançarem o reino dos céus
Segunda observação: apenas alguns dos que reivindi-carão o
reino de fato o desfrutarão como herança
5
Razões pelas quais Poucos são Salvos
Por que os mundanos miseráveis, carnais e ignorantes não podem
alcançar o céu
Razões pelas quais os falsos cristãos não podem alcançar o céu
Aplicações
Primeira Aplicação
Segunda Aplicação
Terceira Aplicação
Quarta Aplicação
Quinta Aplicação
Sexta Aplicação
Sétima Aplicação
Prefácio do Editor
Se algum escritor não inspirado tem direito ao nome de Boanerges,
filho do trovão, então ele é o autor deste tratado. Temos aqui uma
exposição muito perspicaz e fiel da estreiteza ou das dimensões
exatas da porta mais importante, pela qual não passarão para o
reino dos céus muitos daqueles que professam ser cristãos, pois
estão sobrecarregados de erros fatais. Contudo, “ela não é uma
portinha, mas uma porta suficientemente larga a ponto de permitir a
passagem de todos aqueles que verdadeiramente receberam a
graça de Deus e que amam ao Senhor Jesus Cristo em sinceridade.
E, por outro lado, ela é tão estreita que não permitirá a entrada de
nenhum outro”. Esse tema foi projetado para despertar e encorajar
todos aqueles que verdadeiramente professam a fé no Senhor
Jesus Cristo a um autoexame solene. Também foi peculiarmente
destinado a atacar e corrigir convicções de multidões de hipócritas
que se autodenominavam cristãos no tempo de Bunyan,
especialmente sob os reinados posteriores dos Stuarts.
Durante o Protetorado, a maldade foi combatida e esgueirou-
se para as frestas e cantos da Cidade da Alma Humana;[1] mas
quando um monarca depravado,[2] que havia se refugiado na mais
licenciosa corte da Europa, foi chamado para ocupar o trono de
seus pais, os devassos mais dissolutos e profanos grassaram
livremente pela nação. O vício foi incentivado publicamente,
enquanto a virtude e a verdadeira piedade foram abertamente
tratadas com zombaria e desprezo. Bunyan diz com justiça: “O texto
requer gravidade, assim como os tempos”. “O reino está cheio
daqueles cuja religião se baseia em algumas circunstâncias
exteriores”. Quando estiverem de pé diante da porta, eles “tremerão
como se estivessem em um pântano: sua fé fingida e suas falsas
demonstrações de amor, seriedade e palavras piedosas não serão
capazes de mantê-los firmes. Alguns falsos cristãos fazem com o
evangelho exatamente como as pessoas fazem com suas melhores
roupas: deixam-nas em seus guarda-roupas durante toda a semana,
e as vestem aos domingos. Eles as deixam guardadas até que
precisem ir a uma reunião, ou quando vão se encontrar com algum
homem piedoso”. Tal estado da sociedade exigia uma correção
peculiar, e Bunyan pregou e publicou, em 1676, essa dura
advertência aos hipócritas.
Nenhum assunto poderia ser mais oportuno do que “a porta do
céu” e “as dificuldades de entrar por ela”. Esse é um assunto do
mais profundo interesse para toda a humanidade:
(1.) Para estimular os descuidados a buscarem e entrarem
pela porta dessa única cidade que pode nos servir de refúgio da
miséria eterna;
(2.) Para encher o coração dos filhos de Deus de amor e
alegria em suas esperanças de uma imortalidade bem-aventurada;
(3.) Para atormentar os hipócritas com a terrível ideia de que
encontrarão aquela porta fechada para eles para sempre. Naquele
dia, os gritos e lágrimas dos hipócritas serão em vão, eles ficarão do
lado de fora e clamarão veementemente: “Senhor, Senhor, abre-
nos”, seus clamores serão inúteis, “os demônios estão vindo;
Senhor, Senhor, o abismo abriu a sua boca contra nós; Senhor,
Senhor, se não tiveres misericórdia de nós, nosso destino será o
inferno e a condenação”. Eles eram hipócritas que fingiam ter
encontrado a porta e o caminho para o céu, que se passavam por
peregrinos em busca de uma pátria melhor, um país celestial —
essas vítimas iludidas serão, entre todos os homens, as mais
miseráveis.
A fidelidade leva os ministros de Cristo a lidarem com as
almas dos homens, e podemos dizer que, neste tratado, John
Bunyan é preeminentemente fiel. Leitor, ele estará livre do seu
sangue. Medite na seguinte indagação solene: Eu encontrei a porta?
Eu serei admitido ou excluído desse reino bendito? (Aquele que é
abertamente profano não pode ter nenhuma esperança.) Você
professa ser um cristão verdadeiro? — Cuidado, uma profissão
hipócrita é perigosa. Será inútil insistir em dizer: “Não profetizamos
nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios?”
(Mateus 7:22). Não importa o que professam com os lábios, não há
esperança de entrar pela porta para aqueles que são secretamente
profanos. Os únicos a serem admitidos a passarem pela porta são
aqueles que o Senhor sabe que lhe pertencem, as ovelhas de seus
pastos, as quais ouviram sua voz e a obedeceram. A porta será
fechada contra todos os outros, e eles serão conduzidos para as
trevas eternas após ouvir estas palavras terríveis: “Nunca vos
conheci; apartai-vos de mim” (Mateus 7:23).
Quando a seguinte pergunta for sugerida às nossas mentes:
“São poucos os que se salvam?” (Lucas 13:23), que possamos fixar
a sua resposta em nossas consciências: “Esforçai-vos por entrar
pela porta estreita” (Lucas 13:24). É muito provável que ao pregar
sobre esse texto, Bunyan tenha sido atacado sob a alegação de ter
sido muito duro. O Sr. Doe narra uma anedota da seguinte maneira
em The Struggler: “Enquanto o Sr. Bunyan estava pregando em um
celeiro e demonstrando quão poucos são os que serão salvos, lá
estava um dos eruditos buscando se beneficiar de suas palavras;
após a pregação o acadêmico lhe disse: ‘Você é um enganador, um
homem sem amor e, portanto, não está apto para pregar; pois
aquele que com efeito condena a maior parte de seus ouvintes, não
tem amor e, portanto, não está apto para pregar’”. Ao que o Sr.
Bunyan respondeu: “O Senhor Jesus Cristo pregou de dentro de um
navio para os seus ouvintes que estavam na praia (Mateus 13), e
demonstrou que eles eram como quatro tipos de solo, o solo duro
que serve de caminho, o pedregoso, o espinhoso e o bom, mas
somente aqueles que são representados pelo solo bom é que são
salvos. Mas você diz: ‘aquele que com efeito condena a maior parte
de seus ouvintes, não tem amor e, portanto, não está apto para
pregar’. Porém, essa passagem bíblica relata que o Senhor Jesus
Cristo fez isso, então sua conclusão é: ‘O Senhor Jesus Cristo não
tinha amor e, portanto, não estava apto para pregar o evangelho’.
Que blasfêmia horrível; cale sua lógica infernal e que falem as
Escrituras”. De uma coisa estamos certos: enquanto falsos crentes
de coração vazio se incomodam quando os interesses de suas
almas são fielmente tratados, o cristão humilde e sincero ficará
muitíssimo agradecido por tais indagações perscrutadoras, pois, se
ele estiver errado, poderá ser corrigido antes que seu destino final
seja irrevogavelmente fixado. Submetamos nossas almas a uma
meditação bíblica a respeito dessa porta e dos termos sob os quais
ela pode ser aberta para nós.
As dificuldades que impedem “muitos” de entrar são:
1. Esquecimento de que só podemos entrar no céu com a
permissão da lei, de que todo ponto e vírgula devem ser cumpridos.
Ora, mesmo se pudéssemos viver desde nossa conversão até
nossa morte prestando a mais santa obediência a todos os seus
preceitos, ainda assim, por já os havermos violado anteriormente,
não apenas nossos pecados devem ser purificados pelo sangue da
expiação, mas nós também, como parte do corpo de Cristo,
devemos, nele, prestar uma obediência perfeita.
2. Além da relutância de nossos corações em nos
submetermos a essa justiça perfeita, somos atribulados
externamente por tentações e perseguições. “O mundo fará o
possível para mantê-lo fora do céu através de suas zombarias,
escárnios, insultos, ameaças, prisões, forcas, queimaduras e mil
tipos mortes; portanto, esforce-se! E se o mundo não puder vencê-lo
com isso, ele vai lisonjear, fazer promessas, seduzir, suplicar e usar
mil enganos semelhantes para destruí-lo; muitos dos que foram
fortes o suficiente para resistir às ameaças do mundo, e ainda
assim, foram vencidos pelas bajulações dele. Ah, que pela graça de
Deus possamos escapar de todos esses inimigos e, assim, nos
esforcemos para entrar no gozo de nosso Senhor”.
George Offor
Ao Leitor
Querido leitor,
Creio que Deus tem colocado em meu coração o desejo de lhe
escrever sobre assuntos da maior importância, pois agora não
falamos sobre temas controversos entre os cristãos, mas sobre as
questões que tratam diretamente da salvação ou da condenação da
alma. Além disso, este livro discorre sobre o fato de que poucos
serão salvos e busca provar que muitos daqueles que se chamam
de “cristãos” não herdarão a vida eterna. Portanto, alguns
considerarão que o assunto será polêmico e o odiarão, mas peço
que você não o ignore. O texto exige ousadia, assim como os
tempos; e o fiel cumprimento de meu dever para você me obriga a
isso.
Eu não me alegro nisso, mas lamento. E seria bom que você
também pudesse, graciosamente, se lamentar (Mateus 11:17).
Costuma-se dizer que alguns tornam a porta do céu muito larga, e
outros a torna muito estreita; de minha parte, apresentarei a
verdadeira medida dela conforme eu a vejo na Palavra de Deus.
Portanto, leia o que escrevo e o compare com a Bíblia. E se você
descobrir que minha doutrina está de acordo com o Livro de Deus,
aceite-a, pois você prestará contas no dia do juízo se fizer o
contrário. O objetivo desta obra, se Deus assim quiser, é despertá-lo
e feri-lo para que você seja curado pelo sangue de Jesus; é
perturbá-lo, para que você obtenha a paz pelo sangue de Cristo. Se
tudo que você tiver for tirado, por se tratar de vaidades (pois este
livro não foi escrito para privar ninguém da verdadeira graça), então
compre de Cristo o “ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e
roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da
tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”
(Apocalipse 3:18).
Lisonjear e iludir a si mesmo é algo fácil, mas condenável.
Que o Senhor lhe conceda um coração para julgar corretamente a si
mesmo, e que este livro sirva para lhe preparar para a eternidade,
para que você não apenas espere entrar, mas seja realmente
recebido no reino de Cristo e de Deus. Amém.
Essa é a oração de seu amigo,
John Bunyan.
1
A Porta Estreita
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita;
porque eu vos digo que muitos procurarão entrar,
e não poderão” (Lucas 13:24).
Primeira Aplicação
Primeiramente, me dirigirei àquele que é abertamente profano.
Pecador miserável, você viu nestas páginas que apenas alguns
serão salvos e que até mesmo muitos daqueles que esperam entrar
no céu ficarão de fora dele. O que você tem a dizer sobre isso,
pobre pecador? Deixe-me lhe dizer isso novamente: Existem poucos
a serem salvos, mas muito poucos. Deixe-me acrescentar: Somente
alguns poucos dentro os que se dizem cristãos serão salvos,
somente alguns poucos serão salvos mesmo dentre aqueles que
são considerados cristãos eminentes. O que você tem a dizer sobre
isso agora, pecador? Se o julgamento começa pela casa de Deus,
qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de
Deus? Esta é a pergunta que Pedro faz. Você pode responder,
pecador? Repito: se o julgamento deve começar com eles, isso não
o leva a pensar: “O que será de mim?”. E eu acrescento que quando
vir as estrelas do céu caindo para o inferno, você será capaz de
pensar que um amontoado de pecados como você será elevado ao
céu?
Pedro lhe faz outra pergunta: “E, se o justo apenas se salva,
onde aparecerá o ímpio e o pecador?” (1 Pedro 4:18). Você pode
responder a essa pergunta, pecador? Você não poderá permanecer
entre os justos: “Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os
pecadores na congregação dos justos” (Salmos 1:5). Você não
gostaria de permanecer entre os ímpios. Mas onde você estará,
pecador? Permanecer entre os hipócritas não lhe servirá de nada. O
hipócrita “não virá perante ele”, isto é, não será aceito na presença
de Deus, mas perecerá (Jó 13:16). Deixe continuar, pois isso é do
seu grande interesse! Quando você ver pecadores melhores do que
você amarrados pelos anjos em feixes, para serem queimados,
onde você estará, pecador? Você poderá desejar ser outra pessoa,
mas isso não lhe ajudará. Você poderá querer ter se convertido
antes, mas isso também não lhe ajudará. E se, como a esposa de
Jeroboão, você fingir ser outra mulher, o Profeta, o Senhor Jesus,
logo o descobrirá! O que você vai fazer, pobre pecador? Notícias
terríveis virão sobre você, a menos que você se arrependa, pecador
miserável (1 Reis 14:2, 5, 6; Lucas 13:3, 5)! Ah, quão terrível é o
estado em que se encontra um pecador miserável, e que é
abertamente profano! Todos os que são dotados de bom senso
sabem que esse homem está a caminho da morte, mas ele ri de sua
própria condenação.
Será que eu deveria ser ainda mais específico sobre essa
questão?
1. Pecador miserável e impuro: “A sua casa é caminho do
inferno que desce para as câmaras da morte” (Provérbios 2:18, 5:5,
7:27).
2. Miserável pecador blasfemo e roubador, Deus tem
preparado suas maldições e, portanto, “qualquer que furtar será
desarraigado, conforme está estabelecido de um lado do rolo; como
também qualquer que jurar falsamente, será desarraigado, conforme
está estabelecido do outro lado do rolo” (Zacarias 5:3).
3. Miserável pecador bêbado, o que devo dizer a você? “Ai da
coroa de soberba dos bêbados de Efraim”, “ai dos que são
poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar
bebida forte”, “não hão de herdar o reino de Deus” (Isaías 28:1;
5:22; 1 Coríntios 6:9-10).
4. Miserável pecador cobiçoso, a Palavra de Deus diz, que o
“avarento renuncia ao Senhor”; que “avarento é idólatra”; e que os
avarentos “não hão de herdar o reino de Deus” (Salmos 10:3;
Efésios 5:5; João 2:15; 1 Coríntios 6:9-10).
5. E você, mentiroso, o que vai fazer? “A todos os mentirosos,
a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre” (Apocalipse
21:8, 27).
Não pretendo me prolongar ainda mais, pecador miserável,
não permita que alguém lhes engane, “porque por estas coisas vem
a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Efésios 5:6).
Portanto, apenas lhe farei mais algumas breves advertências e
então lhe deixarei.
Pecador, desperte! Desperte! O pecado jaz à sua porta, o
machado de Deus está posta à sua raiz e o fogo do inferno arde
debaixo de você (Gênesis 4:7). Desperte! “Toda a árvore, pois, que
não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mateus 3:10).
Pecador miserável, desperte; a eternidade está próxima,
juntamente com O FILHO, os dois estão vindo para julgar o mundo.
Desperte! Ainda está dormindo, pobre pecador? Deixe-me tocar a
trombeta aos seus ouvidos mais uma vez! Em breve os céus serão
abrasados e a terra e as obras nela serão queimadas, e então os
homens iníquos irão para a perdição. Você está ouvindo, pecador?
(2 Pedro 3). Ouçam novamente, os doces prazeres do pecado então
desaparecerão e somente os seus frutos amargos e dolorosos
permanecerão. O que você me diz agora, pecador? Você aguentaria
beber do fogo do inferno? A ira de Deus seria agradável ao seu
paladar? Esta será sua comida e bebida por todos os dias no
inferno, pecador!
Colocarei diante de você a pergunta mais aterrorizante que
Deus nos faz, e então, por agora, lhe deixarei: “Porventura estará
firme o teu coração? Porventura estarão fortes as tuas mãos, nos
dias em que eu tratarei contigo?”, Diz o Senhor (Ezequiel 22:14). O
que você diz? Gostaria de responder a essa pergunta agora ou
gostaria de ter mais um tempo? Ou irá se desesperar e arriscar
tudo? Deixe-me colocar esse texto diante de seus olhos para mantê-
los abertos e, assim, possa o Senhor ter misericórdia de você:
“Sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento
tempestuoso; isto será a porção do seu copo” (Salmos 11:6).
Arrependam-se, pecadores!
Segunda Aplicação
Minha segunda aplicação é dirigida aos que estão na roda do oleiro;
dos quais ainda não sabemos se suas convicções e entendimento
terminarão em conversão ou não. Direi várias coisas a você, tanto
para aumentar suas convicções quanto para adverti-lo a não
permanecer em qualquer estado que esteja aquém ou destituído da
graça salvífica.
1. Lembre-se de que poucos serão salvos; e se Deus lhe
considerasse digno de ser um desses poucos, que misericórdia
seria!
2. Agradeça, portanto, pelas convicções de pecado que você
sente; a conversão começa com a convicção, embora nem toda
convicção termine em conversão. É uma grande misericórdia
estarmos convencidos de que somos pecadores e de que
precisamos de um Salvador; portanto, considere isso como uma
misericórdia, e para que suas convicções possam terminar em
conversão, tome cuidado para não as extinguir. É da natureza dos
pecadores considerarem tais convicções como algo que os
prejudicam; e, portanto, costumam eles evitar o ministério do
Espírito e buscam calar a voz de uma consciência que buscam
convencê-los. Esses pecadores miseráveis são muito parecidos
com o menino travesso que fica ao lado da empregada para soprar
e apagar a candeia tão rápido quanto ela a acender no fogo. Ó,
pecador, Deus acende sua candeia e você a apaga; Deus a acende
novamente e você a apaga. Sim, “quantas vezes sucede que se
apaga a lâmpada dos ímpios” (Jó 21:17)? Por fim, Deus resolve que
não acenderá mais sua candeia; e então, como os egípcios, você
habitará todos os seus dias em trevas, e nunca mais verá a luz,
senão a luz do fogo do inferno. Portanto, dê glória a Deus e, se ele
despertar a sua consciência, não extinga as suas convicções. Como
diz o profeta, faça isso “antes que venha a escuridão e antes que
tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando
vós luz ele a mude em sombra de morte, e a reduza à escuridão”
(Jeremias 13:16).
(1.) Esteja disposto a ver o pior de sua condição. É melhor ver
isso aqui do que no inferno; pois é certo que você verá sua miséria,
seja aqui ou lá.
(2.) Cuidado com os pequenos pecados; eles abrirão caminho
para os grandes, e estes por sua vez abrirão caminho para pecados
maiores ainda, que atrairão a ira de Deus sobre você; e então o seu
fim pode ser pior do que o seu começo (2 Pedro 2:20).
(3.) Preste atenção às más companhias e aos maus
relacionamentos, pois isso corromperá os bons costumes. Deus diz
que as más companhias o desviarão de segui-lo e o tentarão a
servir a outros deuses, isto é, demônios. “E a ira do Senhor se
acenderia contra vós, e depressa vos consumiria” (Deuteronômio
7:4).
(4.) Cuidado com pensamentos que o levem a retardar seu
arrependimento, pois isso é condenável (Provérbios 1:24, Zacarias
7:12-13).
(5.) Cuidado para não seguir o exemplo de alguns hipócritas
infelizes e carnais, cuja religião só existe na ponta da língua.
Cuidado, eu digo, com o homem cuja boca está repleta de palavras
bonitas, mas “sua vida perece entre os impuros” (Jó 36:14). “O que
anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será
destruído” (Provérbios 13:20).
(6.) Dedica-se muito à Palavra, oração e conversas piedosas.
(7.) Trabalhe para mortificar até mesmo o que existe em suas
melhores ações, e saiba que tudo que você faz será inútil se você
não for achado em Jesus Cristo.
(8.) Lembre-se de que os olhos de Deus estão sobre o seu
coração e sobre todos os seus caminhos: “Esconder-se-ia alguém
em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor.
Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor” (Jeremias
23:24).
(9.) Medite frequentemente sobre a morte e o julgamento
(Eclesiastes 11:9; 12:14).
(10.) Esteja sempre pensando no terrível fim que os
pecadores que negligenciaram a Cristo terão naquele dia de morte e
julgamento (Hebreus 10:31).
(11.) Imagine, muitas vezes, que você deva comparecer diante
do tribunal de Cristo em seus pecados e considere consigo mesmo:
Como eu estaria se tivesse que me apresentar agora diante de meu
Juiz, como me apresentaria, estaria tremendo e aterrorizado?
(12.) Pense frequentemente naqueles que estão agora no
inferno, distantes de toda misericórdia; pense continuamente neles
da seguinte maneira: Eles já estiveram no mundo, como eu estou
agora; uma vez eles se deleitaram com o pecado, como eu tenho
me deleitado; eles negligenciaram o arrependimento, como Satanás
quer que eu faça. Mas agora eles se foram, agora eles estão no
inferno, agora a cova se fechou sobre eles!
Você também pode questionar o que seria dos condenados
caso a situação deles fosse outra: Se essas criaturas miseráveis
estivessem no mundo novamente, elas pecariam como antes? Elas
negligenciariam a salvação como fizeram antes? Se elas ouvissem
sermões, como eu ouço; se elas lessem a Bíblia, como eu leio; se
tivessem boas companhias, como eu tenho; se elas tivessem um dia
de graça, como eu tenho, elas negligenciariam a salvação?
Pecador, você deveria meditar seriamente nessas coisas,
pois, se Deus quiser, elas podem ser úteis para lhe manter vigilante
para o arrependimento que é para a salvação, do qual nunca se
arrependerá.
Objeção: Mas você disse que poucos serão salvos; e que até
mesmo muitos dos que parecem grandes cristãos não serão salvos.
Isso me faz ficar desanimado e abatido; acho que não tenho motivos
pra continuar. De fato, estou convicto do meu pecado, mas ainda
posso perecer; e se eu continuar em meus pecados, perecerei de
fato. Mesmo que eu seja muito zeloso pelo céu, a possibilidade de
eu ser salvo são de dez, vinte ou cem para um.
Resposta: É verdade que poucos serão salvos, pois foi Cristo
quem o disse; que muitos estarão distantes e não entrarão no céu, é
igualmente verdade, pois isso é testemunhado pela mesma Palavra.
Ora, como devemos reagir diante dessas verdades? “Ora, diante
disso eu não tenho motivos para procurar entrar no céu”. Quem lhe
disse isso? Ninguém deve buscar entrar no céu pelo fato de que
poucos serão salvos? Isso é exatamente contrário ao texto, que nos
convida, por isso mesmo, a nos esforçar. Esforce-se para entrar,
porque a porta é estreita e porque muitos procurarão entrar e não
poderão. Mas por que voltar atrás, visto que esse é o caminho mais
rápido para o inferno? Nunca busque atalhos para o inferno. Se eu
tiver que ir para lá, então irei pelo caminho mais longo. Mas alguém
pode dizer: “Se são apenas poucos que serão salvos, como você
pode dizer que eu sou um desses?”. Aqueles que perdem a vida
perecem porque não abandonam os seus pecados ou porque
assumem uma religião destituída da fé salvífica do evangelho. Eles
perecem porque se contentam com coisas que demonstram não ser
graças de natureza salvífica quando são provadas pelo fogo. Caso
contrário, a promessa é gratuita, completa e eterna, Cristo diz: “O
que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora… Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 6:37; 3:16). Portanto, não permita que o fato de que poucos
serão salvos enfraqueça o seu coração, mas que antes isso lhe faça
acelerar seu ritmo, intensificar seus clamores, fixar seus olhos na
vida eterna; que isso o faça fugir mais rapidamente do pecado para
Cristo; que isso o mantenha sóbrio, e longe de qualquer segurança
carnal, e então você poderá ser salvo.
Terceira Aplicação
Minha terceira aplicação é dirigida aos hipócritas. Senhores, deem-
me a permissão de ressoar a trombeta em seus ouvidos novamente.
Quando todos os homens já tiverem feito tudo o que podiam para
adentrarem o céu, somente alguns o terão como herança; poucos
daqueles que se diziam cristãos, pois essa é a intenção do texto,
como já foi provado. “Porque eu vos digo que muitos procurarão
entrar, e não poderão”. Deixe-me, portanto, expor um pouco do
assunto com vocês, ó milhares de hipócritas!
1. Eu começo por você cuja religião reside apenas em suas
palavras; você que é pouco ou nada conhecido do resto da escória
do mundo, só você pode falar melhor do que eles. Ouça-me
brevemente. Se “eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e
não tivesse amor”, isto é, amor a Deus, a Cristo, aos santos, a
santidade, “nada seria”; nem sequer filho de Deus e, portanto, não
tem nada para lhe abrir as portas do céu (1 Coríntios 13:1-2). Uma
língua tagarela não destrancará os portões do céu, nem cegará os
olhos do Juiz. Veja isso: “O sábio de coração aceita os
mandamentos, mas o insensato de lábios ficará transtornado”
(Provérbios 10:8).
2. Hipócrita cobiçoso, você que lucra com a religião, que usa a
fé que diz professar para trazer grãos para o teu moinho, se atente a
isso também. Ganho não é sinal de piedade. A religião de Judas
tinha muito do que se gloriar, mas sua alma está agora queimando
no inferno. Toda cobiça é idolatria; mas o que é isso, ou qual nome
dar, quando os homens são religiosos pelo dinheiro? (Ezequiel
33:31).
3. Hipócritas imorais, tenho uma palavra para vocês; você que
torce o que diz as Escrituras, para manter seu orgulho, sua vaidade
e sua idolatria abominável. Leia o que Pedro tem a dizer. Você é
uma armadilha que serve de condenação para outros. Vocês que
“engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções,
aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro” (2
Pedro 2:18). Além disso, o Espírito Santo tem muito contra vocês,
contra os seus banquetes e sua comilança sem temor, não para a
saúde do corpo, mas para alimentar a gula (Judas 12). Além disso,
Pedro diz, que vocês que têm prazer em tumultuar durante o dia são
como manchas e máculas, se divertindo com seus próprios enganos
(2 Pedro 2:13). E deixe-me perguntar: Deus concedeu sua Palavra
para justificar sua impiedade? Ou a graça te ensinou a alimentar sua
carne, ou a atender os desejos de sua concupiscência? Destes
também são os que alimentam seus corpos para saciar suas
concupiscências, sob o pretexto de fortalecer sua frágil natureza.
Mas ore, e lembre-se do texto, “muitos procurarão entrar, e não
poderão”.
4. Irei me referir agora aos prepotentes; aqueles cuja religião
reside em suas opiniões. Com este tipo este reino está repleto nos
dias de hoje. Estes consideram todas as coisas como erradas
quando não se encontram do modo em que eles acreditam que
deveriam estar, quando na verdade eles próprios podem estar
errados em meio a seu zelo por suas próprias opiniões. Ore, e
também observe o texto; “muitos procurarão entrar, e não poderão”.
5. O sujeito amaneirado também não está isento de
exortações. Ele é um homem que perdeu tudo, exceto a casca da
religião. Ele é religioso, de fato, em seu exterior; e não é de admirar,
já que isso é tudo o que lhe importa. Mas sendo seu exterior carente
do poder e do espírito da piedade, não lhe será suficiente para livrá-
lo de seus pecados; ele então estará à vista de Deus e fará parte
dos muitos que “procurarão entrar, e não poderão” (2 Timóteo 3:5).
6. O legalista vem a seguir, aquele que não possui vida
alguma, somente a pretensão de seus deveres. Este homem
escolheu permanecer em Moisés, que é o condenador do mundo. “Há
um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais” (João 5:45).
7. Há, em seguida, o libertino, aquele que finge ser contra as
meras formalidades e o legalismo, como coisas que nos levam à
escravidão, negligenciando a ordem de Deus. Este homem finge
orar sempre, mas, sob esse pretexto, não ora de forma alguma; ele
finge guardar todos os dias um sábado, mas essa pretensão serve
apenas para rejeitar todos os horários estabelecidos para a
adoração a Deus. Este é também um dos muitos que “procurarão
entrar, e não poderão” (Tito 1:16).
8. Existe o latitudinário. Ele é um homem que não tem Deus
algum, senão seus desejos, nem religião alguma, senão aquela pela
qual seu ego é adorado. Sua religião está sempre indo de um lado
para outro, como o vento; sua consciência está entorpecida e
cauterizada, e está a um passo de se tornar um ateu declarado; e
também é um dos muitos que “procurarão entrar, e não poderão”.
9. Há também o hipócrita intencionalmente ignorante, ou
aquele que tem medo de saber mais, por medo da cruz. Ele é a
favor da livre escolha do que é verdade, e não pretende arriscar
qualquer coisa pelo nome digno pelo qual seria chamado. Quando
é, a qualquer momento, perturbado por argumentos ou acusações
de sua consciência, ele costuma dizer: “eu não fui ensinado a crer
dessa forma”; como se fosse ilícito para os cristãos virem a entender
mais do que aquilo que lhes foi ensinado na sua conversão. Existem
muitos textos das Escrituras que confrontam tais homens, todos
apontados contra ele como armas, e ele é um dos muitos que
“procurarão entrar, e não poderão”.
10. A todos estes acrescentaremos o hipócrita que se provaria
cristão, ao se comparar com os outros, em vez de se comparar com
a Palavra de Deus. Este homem se consola, porque ele é tão santo
quanto aquele, ele também sabe tanto quanto este outro, e então
ele conclui que irá para o céu: como se ele certamente soubesse,
que aqueles com quem ele se compara seriam indubitavelmente
salvos; mas e se ele estiver enganado? Não poderia ser que tanto
ele quanto os outros estejam aquém da salvação? Mas podemos ter
certeza de que aquele que se comprara com outros está sobre um
fundamento enganoso; e um fundamento enganoso não subsistirá
no dia do julgamento (2 Coríntios 10:12). Este homem, portanto, é
um dos muitos que “procurarão entrar, e não poderão”.
11. Há ainda outro hipócrita; e este não vê problema em servir
a Deus e a Baal também; ele pode ser qualquer coisa por qualquer
companhia; ele pode atirar pedras com as duas mãos; sua religião
muda tão rápido quanto suas companhias; ele é uma rã do Egito e
pode viver na água e fora dela; ele pode viver em companhia
religiosa e também fora dela. Não há nada de errado para ele; ele
se agarrará à lebre e correrá com o cão; ele carrega fogo em uma
mão e água na outra; ele é tudo, menos o que deveria ser. Este é
também um dos muitos que “procurarão entrar, e não poderão”.
12. Há também aquele que adora o seu livre-arbítrio, que nega
ao Espírito Santo sua soberania na obra de conversão; e aquele
Sociniano, que nega que Cristo concedeu satisfação a Deus pelo
pecado; e aquele Quaker, que nega a Cristo suas duas naturezas
em sua pessoa: e eu poderia acrescentar tantos mais, sobre cuja
condenação, eles morrendo como estão, a Escritura é clara: estes
“procurarão entrar, e não poderão”. Mas,
Quarta Aplicação
Se assim for, que estranho desapontamento muitos hipócritas
encontrarão no dia do julgamento! Não me refiro agora ao ímpio
declarado; todos, como eu disse, que não possuem senão um
entendimento comum entre o bem e o mal, sabem que estão a
caminho do inferno e da condenação, e que merecem este destino;
nada pode livrá-los, exceto o arrependimento para a salvação, a
menos que Deus se mostre um mentiroso a fim de salvá-los, e é
difícil apostar nisso.
Também não seria fora do nosso propósito se tomarmos
conhecimento dos exemplos que são brevemente mencionados nas
Escrituras, a respeito dos hipócritas que foram abortados.
1. Judas pereceu entre os apóstolos (Atos 1).
2. Demas, creio eu, pereceu entre os evangelistas (2 Timóteo
4:10).
3. Diótrefes entre os ministros, ou aqueles em ofício na igreja
(3 João 9).
4. E vários daqueles que se diziam cristãos, eles caíram aos
montes e em quase todas as igrejas (2 Timóteo 1:15; Apocalipse
3:4, 15-17).
5. Acrescentemos a isso que as coisas mencionadas nas
Escrituras sobre essa questão são apenas breves sugestões do que
se seguirá posteriormente; como o apóstolo disse: “Os pecados de
alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; e em alguns
manifestam-se depois” (1 Timóteo 5:24).
De modo que, meus companheiros, temamos, para que não
sejamos privados da promessa de entrar neste descanso, e nenhum
de nós venha a falhar. Ó, a falha! Nada mata como ela; nada vai
queimar tanto quanto ela. Não pretendo desencorajá-lo, mas sim
despertá-lo; as igrejas precisam despertar, assim como todos os que
se dizem cristãos. Não me despreze, portanto, mas ouça-me
novamente. Que estranha decepção muitos hipócritas encontrarão
no dia do Deus Todo-Poderoso! — uma grande decepção quanto a
várias coisas:
(1.) Eles procurarão escapar do inferno e, ainda assim, serão
engolidos por ele: que decepção haverá aqui!
(2.) Eles procurarão o céu, mas a porta se fechará contra eles:
que decepção há aqui!
(3.) Eles esperarão que Cristo tenha compaixão por eles, mas
descobrirão que ele cessou todas as suas entranhas de compaixão:
que decepção há aqui! Novamente,
Quinta Aplicação
Assim como essa decepção será terrível, ela certamente também
será muito espantosa.
1. Não ficarão surpresos por serem inesperadamente
excluídos da vida eterna e da salvação?
2. Não será surpreendente para eles ver sua própria loucura e
tolice, enquanto eles consideram como iludiram suas próprias
almas, e assumiram levianamente que eles possuíam aquela graça
que os salvaria, mas que na verdade foram deixados em seu estado
condenável?
3. Eles também não ficarão surpresos uns com os outros, ao
se lembrarem de como, durante a vida, se consideraram coerdeiros
da vida eterna? Para aludir ao profeta, “cada um se espantará do
seu próximo; os seus rostos serão rostos flamejantes” (Isaías 13:8).
4. Não será surpreendente para alguns dos próprios
condenados, ver algumas pessoas irem para o inferno, as quais eles
não esperavam que iriam para lá? Ver pregadores da Palavra,
professos da Palavra, praticantes da Palavra, indo para o inferno.
Que espanto havia entre aqueles que presenciaram a queda do rei
da Babilônia, visto que ele pensava estar acima de todos, mas foi
pisado pelos medos e persas! “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer,
filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as
nações!” Se uma coisa como esta surpreenderá com tanto espanto
os condenados, que tamanho será seu espanto ao ver alguém como
aquele cuja cabeça alcançou as nuvens, descer ao abismo e
perecer para sempre como esterco. “O inferno desde o profundo se
turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti
os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos
a todos os reis das nações” (Isaías 14). Aqueles que poderão te ver,
estreitamente olharão para ti e te contemplarão, dizendo: É este o
homem? É este aquele que um dia professou a fé, nos contestou e
nos abandonou; mas agora ele voltou a estar entre nós? É aquele
que um dia se separou de nós, mas agora perece conosco na
mesma condenação eterna?
Sexta Aplicação
Mais uma vez, mais uma palavra, se ASSIM puder despertar
aqueles que se dizem cristãos. Considere, embora o pobre mundo
carnal certamente pereça, ainda assim eles carecerão dessas
coisas para agravar a própria tristeza, coisas tais que você
encontrará em cada pensamento seu sobre a condição em que
estava quando se encontrava no mundo.
1. Eles não terão uma profissão de fé, para abocanhá-los
quando chegarem lá.
2. Eles não terão o sabor amargo do céu que perderam, para
abocanhá-los quando chegarem lá.
3. Eles não terão os pensamentos de remorso, “Eu estava tão
próximo do céu”, para abocanhá-los quando chegarem lá.
4. Eles não terão as lembranças de como eles enganaram os
santos, os ministros, as igrejas, para abocanhá-los quando
chegarem lá.
5. Eles não terão as lembranças moribundas de sua falsa fé,
sua falsa esperança, seu falso arrependimento e sua falsa
santidade, para abocanhá-los quando chegarem lá. “Eu estava às
portas do céu, olhei para o céu, pensei que passaria por elas”; Ó,
como essas coisas doerão! Elas serão, se assim posso chamá-las,
o aguilhão do aguilhão da morte no fogo do inferno.
Sétima Aplicação
Deixe-me agora lhe dar um pequeno conselho.
1. Você ama a sua própria alma? Então ore a Jesus Cristo por
um coração desperto, por um coração desperto para todas as coisas
do outro mundo, para que você possa ser atraído a Jesus Cristo.
2. Quando fizer isso, implore novamente por mais consciência
sobre o pecado, o inferno, a graça e sobre a justiça de Cristo.
3. Clame também por um espírito de discernimento, para que
possa saber o que realmente é a graça salvífica.
4. Acima de todos os estudos, aplique-se ao estudo daquelas
coisas que mostram a maldade do pecado, a brevidade da vida do
homem e qual é o caminho para ser salvo.
5. Mantenha-se na companhia dos mais piedosos entre os
cristãos.
6. Quando ouvir sobre a natureza da verdadeira graça, não
deixes de perguntar ao seu próprio coração se esta graça existe ali.
E aqui, preste atenção:
(1.) Que o próprio pregador seja são e de boa vida.
(2.) Que você não tome graças aparentes por verdadeiras,
nem frutos aparentes por frutos reais.
(3.) Cuide para que um pecado em sua vida não fique sem
arrependimento; pois isso causará uma falha nas evidências de sua
vida cristã, uma ferida em sua consciência e uma ruptura em sua
paz; suas chances serão de cem para um, se por fim não conduzir
toda a graça que possui para os cantos mais escuros de teu
coração, pois se não for assim você não será capaz, por um tempo,
mesmo com todas as tochas que iluminam o evangelho, de
encontrar seu próprio conforto e consolo .
A editora O Estandarte de Cristo é fruto de um trabalho
que começou a ser idealizado por volta do início de
2013, por William e Camila Rebeca, com o propósito
principal de publicar traduções de autores bíblicos fiéis.
Fizemos as primeiras publicações no dia 2 de dezembro
de 2013 (publicação de 4 eBooks). De lá para cá já são
quase 5 anos e centenas de traduções de autores
bíblicos fiéis, sobre diversos temas da Fé Cristã.
OEstandarteDeCristo.com
Conheça outro livro publicado pela editora
O Estandarte de Cristo