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RBN 571 4 Perfil Epidemiologico Do Traumatismo Cranioencefalic - OJNZXk4

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Rev. Bras. Neurol. 57(1): 17-21, 2021.

Perfil epidemiológico do traumatismo cranioencefálico


no Nordeste do Brasil
Epidemiological profile of traumatic brain injury in Northeastern Brazil
Marcelo Rafael Xenofonte1, Consuelo Penha Castro Marques2

RESUMO ABSTRACT
O traumatismo cranioencefálico (TCE) se apresenta Traumatic brain injury (TBI) appears in the Brazilian
na realidade brasileira como importante causa de reality as an important cause of disabilities and deaths,
incapacitações e óbitos, sendo de especial interesse da being of special interest to public health, also, due to the
saúde pública, também, devido à alta demanda de recursos high demand for resources for the treatment of its victims.
para o tratamento de suas vítimas. Nesse contexto, análises Based on this, systematic analyzes on the topic are of
sistemáticas sobre o tema são de grande relevância para great relevance for the direction of preventive policies.
o direcionamento de políticas preventivas. O presente The present work aims to analyze the profile of the TBI in
trabalho tem por objetivo analisar o perfil do TCE na Northeastern Brazil, through an exploratory, descriptive,
região Nordeste do Brasil, através de estudo exploratório, epidemiological, time series study, from January 2009 to
descritivo, epidemiológico, de série temporal, de janeiro December 2019, with secondary data from DATASUS -
de 2009 a dezembro de 2019, com dados secundários do Ministry of Health of Brazil. There was an increase in the
DATASUS - Ministério da Saúde do Brasil. Foi constatado number of hospitalizations and deaths in the period, with
um aumento no número de internações e óbitos no período, the majority of male victims, of brown race, aged between
sendo a maioria das vítimas do sexo masculino, da raça 20 and 39 years. Hospitalization costs are high and on the
parda, com idade entre 20 e 39 anos. Os custos com rise.
internações são elevados e se encontram em ascensão.

Palavras-chave: traumatismo craniocerebral; Keywords: craniocerebral trauma; epidemiology;


epidemiologia; saúde coletiva. collective health.

1.Estudante de Medicina, Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil; 2.Professora, PhD, Universidade Federal do Maranhão,
Pinheiro, Maranhão, Brasil.
Autora correspondente: Consuelo P. C. Marques – Estrada Nova Pacas, S/N, UFMA - Campus Pinheiro, Maranhão, CEP: 65200-000 –
consuelopenha@hotmail.com.
Conflitos de interesse: Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
Financiamento: Universidade Federal do Maranhão com infraestrutura e recursos humanos; recursos financeiros privados dos próprios autores.

Revista Brasileira de Neurologia » Volume 57 » Nº 1» JAN/FEV/MAR 2021 17


Xenofonte MR et al. Epidemiologia do TCE no Nordeste do Brasil

INTRODUÇÃO acesso e a divulgação de dados do DATASUS não requer


submissão a Comitê de Ética em Pesquisa, estando, pois,
O traumatismo cranioencefálico corresponde a uma das disponíveis ao público em geral e pesquisadores.
maiores causas de morbidade e mortalidade no mundo,
variado amplamente quanto à etiologia e principal faixa RESULTADOS
etária acometida. Na Europa, a maior parte das internações
por TCE é de crianças e adolescentes, ao passo que as mortes O estudo revelou um total de 299.001 internações por
associadas a tal tipo de trauma são mais comuns em idosos, TCE na região Nordeste entre os anos de 2009 e 2019,
sendo as quedas o principal mecanismo gerador1. No Brasil, bem como 30.257 óbitos, o que resultou numa taxa de
por sua vez, o TCE atinge, sobretudo, os adolescentes e mortalidade geral de aproximadamente 10,1%. A figura
adultos jovens vítimas de acidentes automobilísticos2,3,4,5; 01 contém a evolução das internações e dos óbitos
na região Nordeste, em especial, há forte associação entre nesse período, em valores anuais. Dos nove estados que
o TCE e os acidentes motociclísticos2,5, sendo de especial compõem a região, a Bahia computou o maior número
interesse da saúde pública devido ao alto número diário de de internações (figura 02), com um total de 73.133, ante
internações e procedimentos hospitalares por tal trauma. 72.949 do segundo colocado, o estado do Ceará. Esses
O impacto social causado pelo TCE pode ser dividido dois estados, juntos, corresponderam à quase metade
genericamente em duas vertentes: em primeiro lugar, das internações no período (48,8%); no entanto, o maior
e mais importante, o comprometimento, definitivo ou crescimento percentual no número de internações foi
não, da estrutura psicossocial dos pacientes, em especial registrado no estado do Maranhão, com um aumento de
daqueles que cursam com danos mais severos ao encéfalo 142,2% em onze anos. Sergipe registrou o menor número
e manifestam déficits cognitivos e/ou físicos extremamente de internações no período (7.438). Quanto ao número de
incapacitantes; em segundo, o enorme ônus gerado pela óbitos (figura 03), o estado do Pernambuco apresentou
estabilização, terapia e reabilitação desses casos6, cujas a maior quantidade (6.903), seguido do Ceará (6.334) e
condições também demandam, não raramente, extenso da Bahia (6.316), totalizando, os três, 64,6% do total de
período de inatividade profissional e perda de produtividade óbitos no período; em termos percentuais, foi o estado
a longo prazo. de Sergipe que apresentou o maior aumento, de 60,9%
Cabe ressaltar que, a despeito da endemia de TCE que em onze anos, embora em números absolutos esse estado
perdura no Brasil há anos, com elevada expressão de casos tenha somado menos óbitos (1.080) do que qualquer outro
no Nordeste, estudos nacionais sobre o tema ainda são da região Nordeste. Somente o estado da Paraíba registrou
escassos, sendo de grande necessidade análises sistemáticas um decréscimo tanto da quantidade de internações e
de dados epidemiológicos para um direcionamento de como da de óbitos por TCE (quedas de 58% e 38,3%,
políticas públicas que previnam a ocorrência e, dessa respectivamente).
maneira, reduzam os trágicos efeitos do TCE sobre a Em relação ao sexo, a maioria das internações foi de
população. vítimas do sexo masculino, correspondendo a 78,9% dos
casos (figura 04). O sexo masculino também foi responsável
MATERIAIS E MÉTODOS por 82,6% dos óbitos no período analisado. A taxa de
mortalidade foi, portanto, de 10,5% nestes pacientes, ante
Foi realizado um estudo exploratório, descritivo, 8,4% em pacientes do sexo feminino.
epidemiológico, de série temporal, do período de janeiro Quanto à faixa etária das vítimas, as terceira e quarta
de 2009 a dezembro de 2019, sobre o traumatismo décadas de vida respondem tanto pela maioria das
cranioencefálico no Nordeste do Brasil. Os resultados internações (22,5% e 17,5%, respectivamente) quanto dos
foram obtidos a partir de dados secundários, extraídos óbitos (20,6% e 16,9%, nessa ordem), seguidas da quinta
do Departamento de Informação do SUS (DATASUS), década, que equivale a 13,9% destes e 12,2% daquelas.
constituído pela fonte de dados do Sistema de Informações A maior taxa de mortalidade, porém, foi registrada entre
Hospitalares do SUS (SIH/SUS), Ministério da Saúde os grandes idosos – pacientes de oitenta anos ou mais
(http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/ –, de 21,5%, enquanto que a menor correspondeu à da
nruf.def). faixa etária entre 1 a 4 anos, de 1,9%. As figuras 05 e 06
A amostra é de casos de internação hospitalar e óbitos por contêm os gráficos referentes, respectivamente, ao número
TCE (CID-10 S069/traumatismo intracraniano) de 2009 a de internações e de óbitos por TCE por faixa etária, no
2019. As variáveis estudadas foram: internações, região período de estudo.
Nordeste, unidade da Federação, ano de processamento, No que se refere à raça declarada, a análise dos
faixa etária, sexo, raça, valor gasto em internações, média dados revelou maior predominância da parda, tanto nas
de permanência hospitalar e óbitos. As informações foram internações (84,6%) quanto nos óbitos (85,5%), seguido
extraídas do DATASUS em junho de 2019 e exportadas ao da raça branca, que compôs 6,9% destes e 7,6% daquelas
programa Microsoft Office Excel®, no qual foram tabuladas (tabelas 1 e 2). A raça menos atingida foi a indígena,
e os dados apresentados em gráficos e tabelas, para melhor respondendo por 0,07% do total de internações e 0,05%
estudo dos resultados, com análise de distribuição das dos óbitos.
frequências dos números absolutos e percentuais. Por fim, a média de permanência hospitalar por cada
Por ser um banco de dados de domínio público, o paciente variou entre 6 e 6,7 dias ao longo do período,
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Xenofonte MR et al. Epidemiologia do TCE no Nordeste do Brasil

com média geral de 6,3 dias (tabela 3). No tocante ao valor Figura 04. Total de internações e de óbitos por TCE no
gasto em internações hospitalares, entretanto, houve um Nordeste do Brasil, por sexo, de 2009 a 2019.
aumento considerável, de 94,7% em onze anos, atingindo
a cifra de 42.8 milhões de reais no ano de 2019 e um total
de mais de 389 milhões de reais gastos entre 2009 e 2019
(tabela 4).

Figura 01. Distribuição de internações e óbitos por TCE


no Nordeste do Brasil, de 2009 a 2019.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do


SUS (SIH/SUS).

Figura 05. Número de internações por TCE no Nordeste


do Brasil, por faixa etária, de 2009 a 2019.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do
SUS (SIH/SUS).

Figura 02. Distribuição de internações por TCE no


Nordeste do Brasil, por unidade da Federação, de 2009 a
2019.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do


SUS (SIH/SUS).

Figura 06. Número de óbitos por TCE no Nordeste do


Brasil, por faixa etária, de 2009 a 2019.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do


SUS (SIH/SUS).

Figura 03. Distribuição de óbitos por TCE no Nordeste do


Brasil, por unidade da Federação, de 2009 a 2019.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do


SUS (SIH/SUS).

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do


SUS (SIH/SUS).

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Xenofonte MR et al. Epidemiologia do TCE no Nordeste do Brasil

Tabela 1. Internações por cor/raça e ano. Tabela 4. Valor gasto em internações, em reais, por ano.
Cor/raça Branca Preta Parda Amarela Indígena Total Ano R$
2009 1458 546 5112 503 6 7625 2009 22.016.425
2010 1272 576 5225 551 6 7630 2010 26.582.842
2011 1361 280 5387 551 5 7584 2011 29.311.526
2012 1209 267 6098 177 12 7763 2012 31.662.162
2013 593 159 9938 24 8 10722 2013 34.683.402
2014 597 170 12844 56 4 13671 2014 37.274.836
2015 534 215 12323 324 5 13401 2015 39.128.186
2016 871 345 13976 1187 10 16389 2016 42.448.674
2017 795 309 14684 1039 9 16836 2017 41.454.619
2018 894 424 15189 1157 19 17683 2018 41.937.221
2019 898 379 16100 1321 16 18714 2019 42.875.004
Total 10482 3670 116876 6890 100 138018 Total 389.374.897

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do
SUS (SIH/SUS). SUS (SIH/SUS).

Tabela 2. Óbitos por cor/raça e ano. DISCUSSÃO


Cor/raça Branca Preta Parda Amarela Indígena Total
Em concordância com o que foi registrado em estudos
2009 105 42 357 21 - 525
anteriores, sejam eles locais2,3,5 ou abrangendo áreas
2010 71 34 293 25 - 423
diversas4, na região Nordeste houve um aumento no número
2011 94 19 340 28 - 481
de internações por TCE, de aproximadamente 28% em
2012 82 11 329 5 1 428
onze anos. Isso pode ser explicado tanto pelo aumento real
2013 33 12 724 - - 769 do número de vítimas de trauma, quanto por uma possível
2014 37 15 1044 8 - 1104 ampliação da cobertura do atendimento às mesmas. Tal
2015 39 14 963 28 - 1044 crescimento não se estabeleceu de maneira linear ao longo
2016 96 22 1437 143 - 1698 do período estudado, tampouco houve padrão definido
2017 66 27 1501 95 1 1690 de queda, embora esta tenha sido registrada, ainda que
2018 81 47 1472 113 1 1714 infimamente, em três momentos (2015, 2017 e 2019).
2019 106 35 1620 143 3 1907 Verificou-se também aumento importante no número
Total 810 278 10080 609 6 11783 de óbitos por TCE, de 23,1%. Embora tenha existido
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do correspondência, em boa parte do período analisado, entre
SUS (SIH/SUS). crescimento na quantidade de internações e na de óbitos,
ocorreram anos em que o aumento daquelas foi seguido de
Tabela 3. Média de permanência hospitalar, em dias, por diminuição destes (2011 e 2018). Em 2019 viu-se o oposto,
ano. uma redução da soma de internações e um acréscimo do
número total de óbitos, se comparado ao ano anterior.
Ano Média É interessante destacar novamente que o estado da
2009 6,0 Paraíba foi único entre todos os nove estados a registrar
2010 6,0 redução nos indicadores de TCE, tanto em número de
2011 6,0 internações quanto de óbitos, ainda que as causas para tal
2012 6,0 fato sejam desconhecidas a este estudo.
2013 6,1 Com relação à prevalência do sexo, o masculino
2014 6,0 respondeu pela maioria absoluta das internações
2015 6,3 e, principalmente, dos óbitos, reforçando análises
2016 6,7 precedentes2,3,4 e assemelhando, nesse ponto, a realidade
2017 6,6 brasileira à européia1. O predomínio de TCE em homens
2018 6,7 foi 3,75 vezes maior do que em mulheres, e o número
2019 6,7 de óbitos daqueles foi 4,75 vezes maior do que destas.
Média Geral 6,3 Esses dados corroboram com o fato de que os homens
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do estão mais propensos ao principal mecanismo causador de
SUS (SIH/SUS). TCE no país, os acidentes automotivos de alto impacto.
Destes, os mais prevalentes são os motociclísticos2,3,4,5, que
apresentam alta morbidade e mortalidade3,5, principalmente
quando associados ao consumo elevado de álcool pela
vítima. Além disso, a população masculina, pelas suas
características sociais intrínsecas, ainda se encontra em
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Xenofonte MR et al. Epidemiologia do TCE no Nordeste do Brasil

maior vulnerabilidade à violência2,3,5, fator preponderante os dois anos. A média de gasto hospitalar por paciente
ao óbito por TCE. internado subiu de R$ 1.026,93 em 2009 para R$ 1.562,95
A análise dos dados revelou que os adultos jovens, em 2019; a média de dispêndio geral, referente aos onze
entre 20 e 39 anos, foram os mais acometidos por TCE anos analisados, foi de R$ 1.302,25 por paciente. Ainda
no Nordeste, respondendo por 40% das internações e que, como mencionado, tenha havido três momentos em
37,5% dos óbitos no período avaliado. Os jovens entre 20 que a quantidade de internações diminuiu, em nenhum ano
e 29 anos foram os mais atingidos. Como já constatado foi registrado queda de despesas com TCE na região.
bibliograficamente, isso se deve primordialmente às Tais números impressionantes dimensionam a
características socioculturais e comportamentais4,5 sobrecarga de dinheiro público usado na endemia
dessa faixa etária, tais como baixo nível de instrução, de TCE pela qual o país tem passado. Esses valores
consumo exacerbado de álcool e substâncias ilícitas e aumentam consideravelmente quando se leva em conta
maior exposição à violência, condições que predispõem os procedimentos cirúrgicos, as terapias de reabilitação
a alto risco de trauma. Embora em menor grau, pacientes pós-internação dos casos mais graves de TCE, além
da quinta década de vida também somaram números da seguridade social demandada pelos pacientes que
elevados, equivalendo a terceira maior porção das vítimas apresentam sequelas graves e inaptidão às atividades
que evoluíram em óbito. Ao contrário do que se observa profissionais de outrora.
na Europa, onde os números de internações por TCE são
igualmente notáveis nos extremos etários1, os resultados CONCLUSÃO
mostraram que no Nordeste brasileiro ocorre exatamente
o oposto. Como a análise mostrou, o TCE é uma importante causa
Foi observado que a taxa de mortalidade, por sua vez, de internações e óbitos no Nordeste, constituindo grave
aumentou em concomitância à idade das vítimas, sendo problema de saúde pública. Embora se tenha notado um
a maior delas referente aos pacientes de oitenta anos ou agravamento geral da situação na região, a melhora dos
mais, de 21,5%. Nesses indivíduos, há forte associação indicadores no estado da Paraíba demonstra que há a
entre o TCE e as quedas de própria altura5, tal como possibilidade de retrocesso da preocupante conjuntura
ocorre nas crianças4, embora nestas a mortalidade tenha atual e, assim, se poupar a maior parte da sociedade dos
se mostrado bastante baixa no estudo (entre 1,9% e 3,7%, danos devastadores desta condição.
dependendo da idade). Na criança, as quedas se justificam
REFERÊNCIAS
sobretudo pelos aspectos de conduta pueris – como a falta
de discernimento em situações de risco; já no idoso, elas 1.Majdan, M., Plancikova, D., Brazinova, A., et al. Epidemiology
se devem mais ao processo de atrofia senil de estruturas of traumatic brain injuries in Europe: a cross-sectional analysis.
encefálicas e à própria fragilidade anatômica progressiva The Lancet Public Health. 2016; 1(2):76-83.
de ossos e músculos, que afeta drasticamente seu equilíbrio. 2.da Cruz Passos, M. S., Gomes, K. E. P., Pinheiro, F. G. D.
O estudo também mostrou que, em relação à raça M. S., et al. Perfil clínico e sociodemográfico de vítimas de
declarada pelas vítimas, houve grande superioridade traumatismo cranioencefálico atendidas na área vermelha da
numérica da parda, como ressaltado nos resultados. A taxa emergência de um hospital de referência em trauma em Sergipe.
de mortalidade desse grupo, entretanto, foi de 8,6%, inferior Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia. 2015; 34(4):274-279.
3.Monteiro, L. F., Frasson, M. Z., Wrsesinski, A., et al.
à da raça amarela, que registrou uma mortalidade de 8,8%.
Caracterização dos pacientes com traumatismo cranioencefálico
A raça branca foi a segunda mais afetada em números de
grave admitidos em um hospital terciário. Arquivos Catarinenses
internações e de óbitos, e atingiu a terceira maior taxa de Medicina. 2016; 45(3):2-16.
de mortalidade, de 7,7%, percentual semelhante ao dos 4.Magalhães, A. L. G., Souza, L. C. D., Faleiro, R. M., Teixeira,
pretos (7,5%), embora os indicadores destes tenham sido A. L., Miranda, A. S. D. Epidemiologia do traumatismo
notadamente inferiores (2,6% das internações e 2,3% dos cranioencefálico no Brasil. Rev Bras Neurol. 2017; 53(2):15-22.
óbitos). Os indígenas somaram quantidades inexpressivas 5.Silva, L. O. B. D. V., Nogueira, T. A., Cunha, R. L. L. S. D.
quando comparados às demais raças, porém a mortalidade et al. Análise das características de indivíduos com sequelas de
ainda foi relativamente alta, de 6%. traumatismo cranioencefálico (TCE) em um centro de referência
A média de permanência hospitalar por pacientes com em reabilitação (características de TCE). Rev Bras Neurol. 2018;
54(2):28-33.
TCE pouco variou ao longo dos onze anos analisados,
6.Badke, G. L., Araujo, J. L. V., Miura, F. K., et al. Analysis
sendo a maior mudança ocorrida no ano de 2016, que
of direct costs of decompressive craniectomy in victims of
registrou uma média de 6,7 dias, um aumento de pouco traumatic brain injury. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 2018;
mais de 6% comparado ao ano anterior. 76(4):257-264.
Quanto aos custos em internações por TCE – o que
não inclui gastos com procedimentos hospitalares e
ambulatoriais – houve volumosa alteração ao longo do
período estudado: enquanto em 2009 foram despendidos
por volta de 22 milhões de reais, no ano de 2019 esses
valores chegaram a quase 42,9 milhões de reais. O
aumento de 28% no número de internações nesse período
resultou em 94,7% de despesa a mais, comparando-se
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