Parecer Coren SP 2012 37
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1. Do fato
Enfermeiras questionam se compete ao Auxiliar de Enfermagem ou ao médico realizar
pré-consultas, se é atribuição obrigatória do Auxiliar de Enfermagem realizar a aferição da
pressão arterial e mensuração do peso corpóreo antes da consulta médica, e qual a orientação do
COREN-SP sobre a realização de pré e pós-consultas pelo Enfermeiro e/ou Técnico de
Enfermagem em Unidades Básicas de Saúde.
2. Da fundamentação e análise
Segundo o dicionário, etimologicamente o termo consulta significa “ato ou efeito de
pedir a opinião de alguém mais experiente ou especialista sobre algum assunto.” (HOUAIS,
2001).
Historicamente, no Brasil, o termo “consulta de enfermagem” surgiu na década de 60.
No entanto, há registros de que seu início tenha se dado já na década de 20, sendo que nessa
época era denominada entrevista pós-clínica, representando um procedimento complementar à
consulta médica (MACIEL; ARAUJO, 2003).
Com a promulgação da Lei do Exercício Profissional nº 7.498/86, regulamentada pelo
Decreto n° 94.406/87, em seu art.11, inciso I, alínea “i”, fica determinado como competência
privativa do Enfermeiro a realização da consulta de enfermagem (BRASIL, 1986; 1987).
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Posteriormente foi aprovada a Resolução COFEN nº 159/93 que dispõe que a consulta
de enfermagem deve ser obrigatoriamente desenvolvida em todos os níveis de assistência à
saúde, seja no setor público ou privado (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 1993).
No ano de 2009 foi aprovada a Resolução COFEN nº 358, a qual dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do Processo de
Enfermagem em ambientes públicos ou privados onde ocorre o cuidado profissional de
Enfermagem, que considerou que “a operacionalização e documentação do Processo de
Enfermagem evidencia a contribuição da Enfermagem na atenção à saúde da população,
aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional” (CONSELHO FEDERAL DE
ENFERMAGEM, 2009).
No artigo 1º parágrafo segundo da mesma Resolução há a definição de que o Processo de
Enfermagem corresponde à Consulta de Enfermagem “quando realizado em instituições
prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias,
entre outros.” (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).
Num estudo realizado por Shimizu e Rosales (2009) há a citação da realização de “pré-
consultas” por Auxiliar de Enfermagem numa Unidade de Saúde da Família, sendo que os
autores constataram que a explicação para a realização de tais abordagens era a diminuição do
tempo das consultas médicas.
Alguns autores chamam a atenção sobre as implicações da existência de “pré e pós-
consultas”, conforme texto abaixo:
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3. Da Conclusão
Com base no definido pela legislação em vigor, com vistas à qualificação da assistência
de enfermagem e frente à especificidade da Consulta de Enfermagem, definida como atividade
privativa do Enfermeiro e prevista na SAE, conclui-se que as práticas denominadas como “pré e
pós-consultas” não configuram a Consulta de Enfermagem.
A realização dessas abordagens denominadas genericamente como “pré e pós-
consultas”, cujas ações comumente desenvolvidas são aferição dos dados vitais e levantamento
de dados antropométricos, bem como explicações sobre o tratamento médico proposto, se
descontextualizadas da Consulta de Enfermagem ferem os dispositivos da legislação do exercício
profissional de Enfermagem e contribuem unicamente para a precarização da assistência ao
paciente/cliente, nas diversas unidades de assistência à saúde, sejam públicas ou privadas.
Por outro lado, é esperado que o responsável pela instituição assistencial de saúde
também solicite do profissional médico o cumprimento do determinado na Resolução CFM nº
1958/10 e Parecer CREMESP n° 502/06, por ocasião da realização da consulta médica, ou seja, a
aferição dos dados vitais e a mensuração de outros dados do paciente/cliente que o profissional
médico julgue necessário para a avaliação clínica e decisão terapêutica, haja vista que a consulta
médica e seus requisitos configuram ato médico, não sendo atribuição da equipe de Enfermagem
realizar as práticas denominadas “pré e pós-consultas”.
É o parecer.
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4. Referências
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HOUAISS, A.; VILAR, M.S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
MACIEL, I.C.F.; LEITE, T.A. Consulta de enfermagem: análise das ações junto a programas de
hipertensão arterial, em fortaleza. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto,
v. 11, n. 2, p. 207-214, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v11n2/v11n
2a10.pdf>. Acesso em: 23 out. 2012.
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