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Wladimir Besnard

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memória

Para conhecer o mar


Há 60 anos era
realizada a
primeira expedição
oceanográfica
brasileira, com
Wladimir Besnard
Neldson Marcolin

Besnard
rumo à ilha
da Trindade,

U
em 1950
ma ilha rochosa, de origem
vulcânica e nove quilômetros
quadrados de área foi o destino
final de dois navios em maio
de 1950, com 50 pessoas a bordo,
30 delas pesquisadores. Todos
participavam da primeira
expedição oceanográfica brasileira,
organizada pelo governo federal, que visitou
a ilha da Trindade, o ponto mais a leste do
território brasileiro, a 1.180 km de Vitória,
no litoral do Espírito Santo. A meta era
realizar estudos para a construção de uma
base aeronaval e começar a conhecer melhor
a região menos pesquisada do Brasil: o mar,
que banha seus 8,5 mil quilômetros de costa.
Na expedição, Wladimir Besnard encarregou-se
das pesquisas oceanográficas, juntamente
com João Capistrano Raja Gabaglia.
Para Besnard (1890-1960), russo de São
Petersburgo que adotou a cidadania francesa,
aquilo não era novidade. Ele se graduou
em ciências naturais e se especializou em
anatomia comparada e biologia geral
acervo Instituto Oceanográfico da USP

pelo Instituto de Anatomia Comparada


de Moscou. No período em que trabalhou
na França, entre 1920 e 1945, optou pelos
estudos oceanográficos, quando fez pesquisas
no mar de Mármara e em outras regiões
de pesca intensa da Turquia. Trabalhou
no Museu de História Natural de Paris
e criou aquários na Dinamarca e Índia.
Wladimir Besnard / Instituto Oceanográfico da USP
acervo Instituto Oceanográfico da USP

Besnard (esq.)
e embarcação
chegando à
Trindade, em
foto do próprio
cientista

Realizou numerosas viagens pesquisadora do Instituto é a curadora de uma


de estudo pelo mundo, Oceanográfico (IO) exposição sobre Besnard,
quase sempre ligadas da Universidade de São Pesquisador uma das quatro mostras
à oceanografia e à pesca. Paulo (USP) e diretora com fotografias históricas
Besnard foi indicado do Museu de Ciências da passou que podem ser visitadas
pelo antropólogo Paul USP. “Ele foi o responsável 13 anos no IO até dezembro – as
Rivet e pelo biólogo pela introdução e outras três são a da COI,
marinho Louis Fage, ambos desenvolvimento da
no Brasil, do programa antártico
franceses, para dirigir o oceanografia no país onde morreu, brasileiro (realizada pela
recém-criado Instituto durante os 13 anos e lançou Comissão Interministerial
Paulista de Oceanografia que viveu aqui.” para os Recursos do Mar)
em 1946. “Ele deve ter Também fotógrafo e as bases dos e a da Antártica, do
avaliado a grande inventor, Besnard instalou estudos Museu Oceanográfico do
contribuição que poderia as bases de pesquisas
oceanográficos IO. O diretor do instituto,
dar em um país com uma em Cananeia e Ubatuba Michel Michaelovich
costa tão grande quanto a e escreveu textos de no país de Mahiques, lançou
nossa e com pouca tradição divulgação científica. o livro Prof. Wladimir
na indústria do pescado, Em 1950 criou o Besnard (IO-USP).
já que também era Boletim do Instituto Em novembro houve,
um especialista no Paulista de Oceanografia, ainda, um fórum de
processamento industrial transformado em boletim de Oceanografia (1996) discussão sobre o mar
de peixe”, acredita do IO, em seguida e, por fim, em Brazilian e a relação entre os
Elisabete Braga Saraiva, na Revista Brasileira Journal of Oceanography pesquisadores, organizações
(2004). Quando o instituto não governamentais,
foi absorvido pela USP, população costeira e
em 1951, ele continuou governo. “A ideia foi abrir
Wladimir Besnard / Instituto Oceanográfico da USP

como seu diretor. um canal maior de


Os 120 anos de comunicação entre
nascimento de Besnard, a comunidade científica
os 60 anos da primeira oceanográfica e quem usa
expedição e da as informações fornecidas
criação da revista e os por ela”, diz Alexander
50 anos da atuação da Turra, docente do IO.
Sonda
Comissão Oceanográfica “Queremos também estar
inventada Intergovernamental mais articulados para
por Besnard (COI-Unesco), todos participar das decisões
para ser usada comemorados em 2010, nacionais e internacionais
em navios motivaram a realização que envolvam oceanografia
de pesquisa de vários eventos. Elisabete e meio ambiente.”

PESQUISA FAPESP 178 n


dezembro DE 2010 n
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