2 - Eneq 2020 - 247915 - Ma
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RESUMO: ESTE ESTUDO VISA APRESENTAR COMO O ENSINO DE ISOMERIA ÓPTICA A PARTIR DA DISCUSSÃO SOBRE
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR PODE ESTAR INSERIDO NO CONTEXTO DE UMA METODOLOGIA ATIVA . A PROPOSTA
OBJETIVOU A PRODUÇÃO DE MÍDIA AUDIOVISUAL SOBRE A REFERIDA TEMÁTICA, QUE OS ESTUDANTES DEVERIAM
VISUALIZAR COMO ATIVIDADE EXTRA CLASSE, PARA POSTERIOR DISCUSSÃO E REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS SOBRE
ISOMERIA ÓPTICA EM SALA DE AULA. OS RESULTADOS DA SALA DE AULA INVERTIDA PROPOSTA, POSSIBILITOU QUE
AS DÚVIDAS DOS ESTUDANTES FOSSEM SANADAS NA SALA DE AULA COM A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR,
PROPORCIONANDO UM AMBIENTE DINÂMICO E DE MAIOR INTERESSE POR PARTE DO GRUPO CLASSE .
INTRODUÇÃO
Ainda é percebido na atualidade um ensino de Química que ocorre, de forma
que, o conteúdo é trabalhado sem qualquer associação com o cotidiano e sem fazer
nenhum sentido para o educando. Já foi muito debatido que um processo de ensino-
aprendizagem pautado sem interdisciplinaridade, descontextualizado e com ausência de
significação promovem desinteresse e falta de motivação aos estudantes (NUNES;
ADORNI, 2010)
A interdisciplinaridade e a contextualização são eixos centrais para uma
abordagem interativa no ensino de Química e aliadas a uma metodologia que busque a
participação e interesse do aluno, permitem o desenvolvimento de uma formação crítica
e cidadã ao mesmo (BRASIL, 2002). Então, as metodologias ativas surgem como uma
alternativa na promoção de autonomia e estímulo para os estudantes (MAZUR, 2015).
Dentre as vertentes da metodologia ativa, a sala de aula invertida ou flipped
classroom consiste na troca entre as atividades que seriam realizadas em casa pelas
atividades realizadas em sala e vice-versa. Este tipo de aula é um método que permite
repensar os processos de ensino aprendizagem, utilizando-se de tecnologias
educacionais (BERRETT, 2012).
Neste tipo de aula, recursos educacionais como livros, artigos, notícias, vídeos,
simuladores, dentre outros são cuidadosamente indicados ou disponibilizados para os
estudantes a fim de eles possam construir o conhecimento através de uma estratégia
própria e diversificando o material de estudo. Na sala, várias atividades podem ser
propostas como a resolução de exercícios, resolução de uma situação-problema,
debates, etc. As atividades visam ajudar os estudantes a colocarem em prática ou
articularem melhor as informações sobre o conteúdo conceitual que esteja ligado aos
recursos disponibilizados. Assim, os alunos têm a capacidade de discutir e se posicionar
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Scheid (2016), no século XXI, não somente o ensino de química, como
também o de ciências, tem se constituído de vital importância para entender os
“fenômenos do mundo natural e tomar decisões políticas e sociais que possibilitem a
vivência democrática, cidadã e humana com dignidade” (SCHEID, 2016, 281). Contudo,
no campo educacional é possível observar as diversas adversidades que os estudantes
encontram no estudo de química nas escolas. Seja por conteúdos complexos ou que não
foram abordados devidamente; pela falta de professores durante o período letivo, ou
ainda, como aponta Romero (2013), pelo desinteresse comum por parte dos próprios
alunos. Neste cenário, ainda sãos encontrados relatos de estudantes que o contato com
a Química é fortalecido por cálculos matemáticos, utilização de formulas, símbolos e
reações químicas reforçando o clichê da química como um componente curricular difícil.
Ainda segundo Romero (2013), a utilização da experimentação, e até de outro
recurso didático, geralmente não acontece durante as aulas. A ausência de laboratórios,
ou até mesmo a falta de internet em sala para reprodução de vídeos experimentais,
impedem o professor de articular o componente curricular de Química de forma
experimental e até mesmo prática. Dessa forma, o estudante não dispõe de meios para
visualizar e aplicar os conceitos químicos no cotidiano.
Logo, o ato de lecionar química vem se tornando um desafio a ser encarado
pelos licenciados e licenciadas. Contudo, para que o ensino de química se torne
significativo, é necessário que o professor conheça e reconheça esses desafios para
poder se desenvolver e articular uma atuação mais efetiva e formativa. Sendo assim,
como aponta Vaz e Soares (2008), também seja necessário conhecer os alunos, suas
histórias, suas perspectivas e o mundo que os cerca, para que se possa superar os
desafios de um componente curricular tão importante socialmente.
Ensino de Isomeria
tradicionalmente era feito em aula e em aula o trabalho que era feito em casa”. A aula é
transmitida através de vídeos que substituem a instrução direta. Assim, sobra mais
tempo para trabalhar atividades-chave de aprendizagem com auxílio do professor em
sala de aula (SCHIMITZ, 2016). Nesta metodologia são funções do estudante entrar em
contato com o instrumento pedagógico, envolvendo o conteúdo inserido no planejamento
curricular, disponibilizado pelo professor (vídeo-aulas, por exemplo), e ter papel ativo no
seu próprio processo de aprendizagem, o que promove um estímulo ao desenvolvimento
da autonomia do educando.
Atuando como mediador, o professor fica incumbido de auxiliar os alunos na
discussão e realização das atividades propostas, incentivando-o a trabalhar em conjunto
com seus semelhantes. O planejamento e a reprodução de uma aula invertida pode
variar em função da realidade vivenciada pelos estudantes e pelo professor, não
havendo, portanto, uma estrutura pré-definida sobre a qual este modelo de aula deva
ocorrer, desde que a dinâmica de estudos, por parte dos estudantes, e realização de
atividades, com auxílio do professor, atenda ao critério de inversão em relação às aulas
com enfoques predominantemente tradicionais. Uma vez estudando em casa, os
estudantes poderão pontuar e discutir suas dúvidas para a sala de aula, na qual o contato
com seus colegas e o professor poderá se constituir como elementos propulsores no
desenvolvimento cognitivo dos estudantes, além de se melhorar a gestão do espaço e
do tempo de aula (CAMILLO et al, 2018).
A mobilização do raciocínio dos estudantes a partir de disposições pessoais,
aulas com maior participação ativa dos mesmos, com maior número de interações aluno-
aluno e aluno-professor, bem como o uso de ferramentas diversificadas (video aulas
coletadas ou preparadas pelo professor, livros ou e-books, aplicativos etc.) no processo
de ensino-aprendizagem são alguns dos pontos positivos encontrados na ocorrência de
aulas pautadas nesta metodologia, que, sem dúvidas, apresenta também alguns
desafios, tais como a exigência de um maior tempo para o planejamento, um necessário
preparo dos professores, a distribuição dos recursos e, sobretudo, o engajamento por
parte dos estudantes.
Do ponto de vista do ensino de química, Leite (2017) aponta que a metodologia
da sala de aula invertida possibilita, em relação direta com os conteúdos a serem
trabalhados, o uso de materiais diferentes daqueles recorrentemente empregados pelos
professores em suas aulas, além de eventuais discussões, ambientalizados em espaço
virtual, entre os estudantes que participam do desenvolvimento da metodologia, não
estando as mesmas restritas ao momento posterior, em sala de aula.
METODOLOGIA
O trabalho envolvido na realização da sala de aula invertida foi constituído de quatro
etapas: elaboração de roteiro, produção de um recurso audiovisual (vídeo),
disponibilização do vídeo e aplicação de atividades em sala de aula. Na Tabela 2 são
descrita as atividades de cada etapa. As mesmas atividades foram aplicadas nas duas
turmas (A e B) do 3º ano do Ensino Médio do Colégio de Aplicação (CAp-UFPE) e as
atividade em sala de aula foram desenvolvidas em grupos.
Tabela 2. Materiais desenvolvidos para o ensino de isomeria óptica1
Etapa Atividades
Elaboração do roteiro Realização de pesquisas para articulação entre os
para produção conteúdos de isomeria óptica e proteínas;
audiovisual desenvolvimento de roteiro sobre um diálogo entre dois
personagens que discutissem os conteúdos a partir da
temática do Whey Protein.
Produção do vídeo Separação das falas dos personagens com posterior
gravação; realização da edição do vídeo com inclusão de
animações e imagens interativas.
Aplicação da sala de aula Como atividade extra-classe: disponibilização do
invertida endereço eletrônico do vídeo aos estudantes para
estudo. Na sala de aula: aplicação de exercícios
envolvendo os contextos das proteínas e da isomeria
óptica, com mediação do docente.
1
Todo o material está disponível em <http//gg.gg/aulaisomeriaoptica>
20º Encontro Nacional de Ensino de Química – ENEQ Pernambuco - UFRPE/UFPE
Recife – PE – 13 a 16 de julho de 2020.
20º Encontro Nacional de Ensino de Química Área do trabalho
ENEQ Pernambuco - UFRPE/UFPE
TIC
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A produção audiovisual mostrou-se bastante pertinente para o ensino de
isomeria óptica, ao visualizarem o vídeo os estudantes trouxeram para sala de aula
discussões ricas do conteúdo vinculado ao contexto de suplementação proteica através
do Whey Protein (WP). O WP é um suplemento alimentar a base de proteína do leite que
contém inúmeros aminoácidos. Devido a sua estrutura, é possível ensinar isomeria
óptica a partir da presença do carbono quiral que os aminoácidos costumam conter. A
Figura 1 ilustra o aminoácido isoleucina, que apresenta dois carbonos quirais indicados
pelas setas e asteriscos:
Figura 1: Estrutura molecular da isoleucina com a indicação dos seus carbonos quirais através
dos asteriscos e setas.
CONCLUSÃO
O desenvolvimento de uma metodologia ativa, no formato de sala de aula
invertida, promoveu aos estudantes um momento pedagógico diferenciado ao inverter
as atividades realizadas na escola e no âmbito familiar. Em seus domicílios, os
estudantes puderam desenvolver autonomia em relação ao que estava sendo aprendido
e tiveram o primeiro contato com o conteúdo teórico de isomeria óptica, de maneira
dinâmica e tecnológica, sem a necessidade de um mediador no processo de ensino-
aprendizagem. Em sala, puderam interagir com os colegas de classe e cooperar uns
com os outros através de discussões e da intervenção do professor, quando necessário,
para a resolução de problemas. Os resultados explicitaram êxito na compreensão do
assunto e realização das atividades propostas. Além disso, o desenvolvimento
diversificado da aula tornou o processo mais atrativo aos estudantes de forma a engajá-
los melhor ao entendimento do assunto de isomeria óptica a partir da temática de
suplementação proteica, desenvolvendo a habilidade de conexão entre a química e o
cotidiano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERRETT, Dan. How flipping the classroom can improve the traditional lecture. The
Education Digest, v. 78, n. 1, p. 36, 2012.