Práticas Inspiradoras de Gestão e Desenvolvimento de RH em Organizações Da Economia Social
Práticas Inspiradoras de Gestão e Desenvolvimento de RH em Organizações Da Economia Social
Práticas Inspiradoras de Gestão e Desenvolvimento de RH em Organizações Da Economia Social
de gestão e
desenvolvimento de
recursos humanos em
organizações da
economia social
Janeiro, 2024
Práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos humanos
em organizações da economia social
ISBN 978-989-9168-09-1
DOI https://doi.org/10.56002/ceos.0088b
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Práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos humanos
em organizações da economia social
ÍNDICE
PREFÁCIO .................................................................................................................................. 5
Ana Azevedo
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 7
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Práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos humanos
em organizações da economia social
CONCLUSÃO ..........................................................................................................................135
Susana Bernardino
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Práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos humanos
em organizações da economia social
PREFÁCIO
Ana Azevedo
Diretora do CEOS.PP
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INTRODUÇÃO
C
onsiderando os princípios fundamentais da economia social, tais como
a primazia das pessoas, a solidariedade, a igualdade e a não
discriminação, juntamente com a valorização intrínseca dos recursos
humanos e seu papel preponderante nas organizações desse setor, a gestão e
desenvolvimento de pessoas revela-se central. Uma das especificidades do
setor da economia social é o seu caráter híbrido, nomeadamente no que
concerne os seus Recursos Humanos. Com efeito, as organizações
empregadoras da economia social contam com a colaboração de profissionais
assalariados, bem como com recursos humanos voluntários – quer de gestão,
quer de execução – sejam pessoas associadas ou não. No caso específico das
cooperativas, existe ainda a figura de cooperador trabalhador que se apresenta
como complexa pela hibridez de posição entre a prestação de atividade que se
aproxima da laboral e um vínculo distintivo de caráter cooperativo. A adoção de
práticas sólidas de gestão e desenvolvimento de Recursos Humanos não
apenas aborda desafios como a atração e retenção de talentos, mas também
fomenta um ambiente de trabalho motivador e inclusivo, humanizado e de
proximidade.
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Num setor marcado por uma mão-de-obra muito intensiva, no qual o fator
humano constitui o elemento fundamental da presentação dos serviços às
comunidades, conhecer práticas que possam potenciar e motivar os Recursos
Humanos revela-se central. Acresce que é escassa a produção técnico-científica
sobre práticas de gestão e desenvolvimento de recursos humanos na economia
social. Paralelamente, as mudanças estruturais do mercado de trabalho,
marcado por dificuldades como a atração e retenção de pessoas, a escassez de
mão-de-obra nas regiões mais desertificadas (onde continuam a atuar as
organizações da economia social que não se deslocalizam e mantêm-se
próximas das suas comunidades), bem como o envelhecimento da população
ativa, também representam desafios consideráveis para a economia social. Num
setor de grande intensidade de trabalho de proximidade, em contacto com
situações de vulnerabilidade com as quais as populações que são apoiadas por
estas organizações enfrentam, o desagaste físico e emocional obrigada à
adoção de práticas cada vez mais centradas no bem-estar dos recursos
humanos e na valorização do seu valor imprescindível e não substituível pela
Inteligência Artificial.
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PARTE I.
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Deolinda Meira
Docente da área do Direito do ISCAP & Investigadora do CEOS.PP
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Assim, nos termos do art. 2.º da LBES, “entende-se por economia social o
conjunto das atividades económico-sociais, livremente levadas a cabo por
entidades referidas no art. 4.º […]”, atividades estas que “têm por finalidade
prosseguir o interesse geral da sociedade, quer diretamente quer através da
prossecução dos interesses dos seus membros, utilizadores e beneficiários,
quando socialmente relevantes”.
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Assim, a LBES não adota a forma jurídica das entidades como critério exclusivo
de delimitação subjetiva. Efetivamente, o legislador, para além das formas
jurídicas correspondentes à delimitação tradicional das famílias da Economia
Social (cooperativas, mutualidades, associações e fundações), fala, igualmente,
de um estatuto jurídico (o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade
Social - IPSS).
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BIBLIOGRAFIA
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GESTÃO DO VOLUNTARIADO
Sónia Gonçalves
Presidente da Pista Mágica – Voluntariado & Inovação
INTRODUÇÃO
1
Ivan Scheier (1926-2008) é uma referência nos EUA e Canadá no domínio do voluntariado, tanto como
impulsionador do voluntariado, implementador de organizações de voluntariado, como na edição de livros
e artigos sobre a temática. Também o adjetivam de «pensador» na área do voluntariado e lhe dão o
crédito da invenção de muito do que chamamos de gestão de voluntariado.
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Seguro de voluntariado
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PERFIL DE FUNÇÃO
Designação da função
É a designação/título da função
Propósito da Função
O resultado que a função espera alcançar e o impacto desta na sua
organização. É a parte mais importante da descrição de funções.
Atividades propostas
Exemplos das atividades a serem realizadas para alcançar o propósito. A
palavra “propostas” indica que a pessoa voluntária tem alguma autoridade
para decidir e realizar outras atividades aprovadas, caso a supervisão
concorde que as mesmas ajudam a alcançar o propósito.
Indicadores
Se há metas definidas que contribuam para o propósito, devem ser
enunciadas. É a forma de medir como o propósito é alcançado.
Enquadramento de horário
Número de horas estimado, período de compromisso, flexibilidade de
horário.
Duração do compromisso:
Horário:
Local de trabalho
O lugar onde a oportunidade de voluntariado se realizará.
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Qualificações/Requisitos da Função
Quais as competências, atitudes e conhecimentos que são procurados, bem
como requisitos (de vestuário e conduta).
Acompanhamento
Relações entre recursos humanos pagos e voluntários, requisitos para
reportar informações e as relações de acompanhamento, bem como os
procedimentos para monitorização e resolução de problemas.
Benefícios
Formação, seguro, estacionamento, reembolso das despesas, eventos para
agradecimento a quem faz voluntariado, etc.
Nota: Documento produzido a partir do livro Volunteer Management. Mobilizing all the resources of the
community by Steve McCurley and Rick Lynch publicado por Heritage Arts Publishing (Illinois, USA), 1996,
pp.230-232
O processo de recrutamento pode ser encarado como um filtro, por ser o esforço
de encontrar pessoas voluntárias cujos círculos de necessidades são
coincidentes com os da organização. Consiste em atrair o número suficiente de
voluntários que preenchem os requisitos do perfil de função.
De massas
Utilizado quando está a recrutar para funções que podem ser realizadas pela
maioria das pessoas. Por não serem necessárias competências específicas ou
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porque alguém pode ser ensinado em pouco tempo a fazer as tarefas. É mais
utilizado em atividades de curta duração, como ajudar em eventos, por exemplo.
Focalizado
Círculos concêntricos
Intermediado
É realizado através do contacto com outros grupos que têm como propósito
encaixar voluntários em oportunidades de voluntariado, como por exemplo os
Bancos Locais de Voluntariado (BLV) e Plataformas online de divulgação de
oportunidades de voluntariado.
De ambiente
Trata-se de uma campanha desenhada para um sistema fechado, que deve ser
um grupo ou pessoas que têm um elevado grau de identificação,
interconhecimento e laços de ligação. Exemplos de ambientes de recrutamento:
Escola, Associação, Profissão, Congregação da Igreja, Bairro.
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Supervisão não é andar a mandar nas pessoas ao seu redor, não é constantemente
dizer o que devem fazer, não é verificar insistentemente o que estão a fazer, não é
duvidar da sua boa vontade e capacidade de fazer um bom trabalho. Os bons
supervisores compreendem que o trabalho pode ser altamente compensador, que dá a
oportunidade às pessoas de fazerem a diferença, de encontrarem significado pessoal,
de viverem os valores pessoais, de crescerem intelectual, social e emocionalmente e
serem desafiadas a dar e ser o melhor de si.
Jarene Francis Lee e Julia M. Catagnus
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De realçar que nesta fase não se trata de avaliar a pessoa voluntária, mas o
programa de voluntariado. Isso significa que todas as partes envolvidas devem
participar no processo: as pessoas voluntárias, que as coordena/acompanha, as
pessoas beneficiárias, outras partes envolvidas, se for o caso (como empresas
no âmbito de voluntariado corporativo).
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Beatriz Costa
Mestre em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos, ISCAP
Ana Luisa Martinho
Docente da área das Ciências Sociais do ISCAP & Investigadora do CEOS.PP
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Para além destes fatores, Akingbola (2006) adiciona que, por um lado, as OES
procuram conseguir fazer sempre mais através da sua missão e estratégia e, por
outro lado, sofrem com a pressão de se tornarem mais eficazes e eficientes. Dias
(2014) reforça esta afirmação, referindo que a realidade das organizações do
setor é baseada nas contingências económico-financeiras e em beneficiários
que procuram cada vez mais serviços de elevada qualidade a preços
competitivos. Inevitavelmente, estes fatores estão conectados à GDRH, devido
à necessidade de adaptação às mudanças das envolventes externas e internas,
salientadas por Gomes et al. (2008) como partes fundamentais para definir uma
gestão de pessoas estratégica.
Como tal, revela-se essencial para estas organizações adotarem uma Gestão
Estratégica de Recursos Humanos, de forma a torná-las capazes de desenvolver
mecanismos para identificar e acompanhar os desafios atuais, bem como, a
respetiva adaptação das práticas de RH para lidarem com as mudanças do
ambiente em que operam (Akingbola, 2006; Pynes, 2009). Parente (2014)
reforça ainda que, o propósito da Gestão Estratégica de Recursos Humanos que
baseia o desempenho organizacional na conciliação da estratégia da
organização com os objetivos da GDRH, quer sejam eles profissionais ou
pessoais, revela-se ainda mais fundamental na ES, dada a centralidade que os
RH detêm pela especificidade das atividades prestadas, pouco passíveis de
serem substituídas por capital fixo.
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Desta forma, uma GDRH eficaz é crítica para a sobrevivência das OES, já que
estas dependem dos conhecimentos, competências e habilidades dos seus
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BIBLIOGRAFIA
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Sandra Santos
Mestre em Gestão e Regime Jurídico-Empresarial da Economia Socia, ISCAP
Susana Bernardino
Docente da área da Gestão do ISCAP & Investigadora do CEOS.PP
INTRODUÇÃO
Segundo Val (2020), o setor da ES tem vindo assumir uma grande relevância,
evidenciada, por exemplo, nas oportunidades que gera a nível do emprego,
serviços disponibilizados e corresponde valor acrescentado que produz, bem
com contributos para o desenvolvimento e inclusão social. De acordo com a
Conta Satélite da Economia Social (CSES) o Valor Acrescentado Bruto (VAB)
da ES representou 3,2% do VAB da economia nacional. Já no que diz respeito
ao emprego da economia nacional, as organizações da ES foram responsáveis
por 5,1% e 5,2% do emprego total e por 5,8% e 5,9% do emprego remunerado
(CSES, 2023).
Na génese das OES reside a missão, de caráter social, o que leva a que as
atividades desenvolvidas visem, acima de tudo, a criação de valor social junto
do público a que se propõe servir (Soares et al., 2012).
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Para além disso, permite melhorar a comunicação interna e externa, bem como
monitorizar o desempenho da organização, e respetivos colaboradores, em
função dos objetivos estratégicos.
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prioridades a seguir, tendo em conta a missão social que as rege, bem como a
definição das iniciativas a realizar, seus indicadores e metas a atingir.
O BALANCED SCORECARD
A sua origem remonta ao início dos anos 90, através de um artigo publicado por
Kaplan e Norton, na Harvard Business Review, em fevereiro de 1992 (Silva,
2015). Este artigo teve por base os resultados de um estudo realizado durante
12 meses no âmbito da medição do desempenho organizacional.
Tal como referido por Pontes (2016), o BSC traduz a missão e a estratégia de
uma organização, através de um conjunto abrangente de medidas de
desempenho que fornece o enquadramento para uma medição estratégica e
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Para além dos seus criadores (Kaplan & Norton, 1996), muitos são os autores
que defendem a importância deste modelo de gestão aplicado às organizações.
Exemplo disso é Niven (2008), que adverte, no entanto, que para que esta
ferramenta possa ser bem-sucedida e dela retirado o máximo partido, deverá ser
adaptada a cada organização.
De referir ainda que a evidência disponível indica que as organizações que têm
desenvolvido e implementado o BSC têm apresentado resultados positivos,
evidenciados na sequência do uso desta ferramenta de gestão (Pinto, 2009).
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missão através da sua relação com o ambiente. De outro modo, segundo Igor
Ansoff, a gestão estratégica nas organizações pode ser entendida como o
processo de tomada de decisões que orienta as ações das mesmas ao longo do
tempo, tendo em conta a sua relação com o ambiente em que está inserida.
Como tal, a gestão estratégica envolverá a análise daquilo que se pretende com
a organização, e que poderemos assumir como sendo a sua razão de ser
(missão), bem como uma análise das condicionantes internas e externas, cujo
diagnóstico conjunto permitirá a determinação dos objetivos estratégicos da
organização. No entanto, como referido por Pedra (2022), para que o processo
seja efetivo, este deve ser planeado, implementado e mensurado, com o objetivo
de direcionar o comportamento da organização, e seus colaboradores, rumo aos
seus objetivos. Assim, e tal como referido por Ferreira (2011), a gestão
estratégica pode ser vista como um processo baseado numa orientação em
direção à ação, tendo como função principal criar e manter sistemas partilhados
e facilitar a ação organizada, de forma a garantir a existência contínua da
organização.
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O BSC pode, ainda, ser utilizado para estabelecer objetivos que definam e
reflitam as prioridades da organização e, em simultâneo, estabeleçam a base
para a distribuição dos recursos no seu interior.
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A comunicação deve ainda ser feita com base numa linguagem simples e
objetiva, através da qual os recursos humanos compreendam o que lhes está a
ser comunicado, sem que ocorram problemas de interpretação capazes de
desvirtuar o potencial de orientação estratégico proporcionado pelo BSC
(Pontes, 2016).
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Segundo Nair (2004, conforme citado por Silva, 2015) este processo
compreenderá sobretudo sete etapas principais.
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Tal como destacado por vários autores, nas OES, a principal alteração face ao
setor empresarial, consiste em destacar a Missão no modelo geral (e.g. Drucker,
1989; Kaplan & Norton, 2001; Moore, 2003, citados por Gonçalves, 2014). Dessa
forma, a Missão passa a ser definida em primeiro lugar, tal como ilustrado na
figura 3. Esta mudança resulta do facto de o objetivo primário das organizações
sociais ser a maximização do resultado social, expresso na sua razão de ser
(missão). Como tal, é a Missão que condiciona a estratégia da organização, pelo
que deve ser avaliada e quantificada ao mais alto nível do BSC. A mesma
posição é partilhada por Pinto (2009), que defende que, no topo da análise do
BSC, seja incluída a Missão. O autor vai ainda mais longe, ao considerar que,
no caso das organizações sociais, a missão funciona como “uma quinta
perspetiva abrangente, para a qual terão que convergir os objetivos, metas e
iniciativas fixadas nas outras perspetivas” (Pinto, 2009, p.153).
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Santos (2023) evidencia que o BSC representa, nas OES, uma forma de
repensar a forma como é desenvolvido o processo de planeamento estratégico,
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CONCLUSÃO
O BSC é uma ferramenta de gestão estratégica que pode ser aplicada a qualquer
organização, seja ela com ou sem fins lucrativos, embora com as devidas
adaptações.
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REFERÊNCIAS
CSES (2023). Conta Satélite da Economia Social 2019 – 2020.
https://cases.pt/conta-satelite-da-economia-social-2019-2020-2/
Duarte, S. (2014). Proposta de um painel de gestão estratégico numa IPSS
[Dissertação de Mestrado, Faculdade de Economia do Porto].
Ferreira, A. (2011). Gestão Estratégica e Gestão do Conhecimento na
Transferência do Conhecimento, nas Instituições de Ensino Superior Público
Militar. [Tese de Doutoramento, Universidade da Beira Interior]
https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2628/1/ATT00031.pdf
Geada, F., Cruz, L., & Silva, T. (2012). Value Balanced Scorecard—Ferramentas
para atingir a excelência. Sílabo.
Gonçalves, A. (2014). A importância da estratégia na gestão das organizações
sociais: Estudo no distrito de Vila Real [Mestrado, Politécnico de Viseu -
Tecnologia e Gestão de Lamego].
https://repositorio.ipv.pt/bitstream/10400.19/7086/1/tese_mestrado_Adriana%2
0Gon%C3%A7alves.pdf
Kaplan, R. & Norton, D. (1992). The Balanced Scorecard—Measures That Drive
Performance. Harvard Business Review, 70 (1), 71–79.
Kaplan, R.S. & Norton, D.P. (2001). The strategy-focused organization, Strategy
& Leadership, 29(3). https://doi.org/10.1108/sl.2001.26129cab.002
Lisboa, J., Coelho, A., Coelho, F. & Almeida, F. (2007). Introdução à Gestão de
Organizações (Coord.). Vida Económica – Editora, SA.
Niven, P.R. (2003). Balanced Scorecard Step-by-Step for Government and Non
Profit Agencies. John Wiley & Sons.
Pedra, D. (2022). Gestão estratégica empresarial:O que é gestão estratégica
empresarial e sua importância. Siteware.
https://www.siteware.com.br/blog/gestao-estrategica/gestao-estrategica-nas-
empresas/
Pontes, M. (2016). Análise da implementação e uso do Balanced Scorecard
[Dissertação de Mestrado, Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias.].
Quesado, P., Guzmán, B., & Rodrigues, L. (2017). Advantages and contributions
in the balanced scorecard implementation. Intangible Capital, 14(1), 186-201.
Santos, S. (2023). Desenvolvimento e Implementação do Balanced Scorecard
para uma Organização Social: Centro Juvenil de Campanhã, [Dissertação de
Mestrado em Gestão e Regime Jurídico-Empresarial da Economia Social,
Instituo Superior de Contabilidade e Administração do Porto]
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PARTE II.
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Teresa Guimarães
Presidente da Direção, APPACDM do Porto
Maria João Gomes
Técnica de Recursos Humanos e Responsável pelo Serviço de Gestão de
Pessoas, APPACDM do Porto
Sofia Antunes
Técnica de Recursos Humanos, Estágio Profissional (junho a setembro 2023),
APPACDM do Porto
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A APPACDM DO PORTO
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144
59
51
24 26
20
36
1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Ensino Secundário/ Profissional Licenciatura/ Bacharelato Mestrado
51
43
26
12
8 8
Habilitações
Gráfico 3 | Habilitações
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64
52
18 19
14
9
2
Antiguidade
Gráfico 4 | Antiguidade
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Kit Pessoas
Felizes
Saco de Pano
“Por uma Vida com
Qualidade”
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RESULTADOS DO PROJETO
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48 - 100%
42 - 84%
6 - 16%
*Inclui os colaboradores que, por motivos de saúde/ baixa médica, não usufruíram do Dia de Aniversário.
30
23
Voucher - Almoço de 2 Horas
15 Voucher - Meio Dia de Folga
Voucher - Mês da Metidação/Reiki
8
Voucher - Dia da Família
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CONCLUSÃO
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Género Idade
100
80
Homens 80
60
40
Série1
20
Mulheres 160
0
= > 61 51 - 60 41 - 50 31 - 40 19 - 30
0 100 200 Anos Anos Anos Anos Anos
Antiguidade
Inferior a 5 Anos
Entre 6 e 10 Anos
Entre 11 e 15 Anos
Entre 16 e 20 Anos
Superior a 20 Anos
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
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Habilitações
80
60
40
20
Tipo de Contrato
3
37 46
154
Permanente CEP Permanente Termo Certo Termo Incerto
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35% tem o 1º ciclo do ensino, e apenas 4% tem o ensino secundário. No que diz
respeito à faixa etária, a média de idades dos trabalhadores CEP é de 51 anos.
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É neste seguimento que a instituição dispõe de uma série de respostas que são
coadjuvantes desta Missão de inclusão da pessoa com deficiência no mercado
de trabalho:
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Forma
Jurídica | Associação
Website | https://www.ponyclubdoporto.org/index.html
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Em Portugal existem aproximadamente 1 085 472 pessoas com pelo menos uma
incapacidade, o que representa 10,9% da população residente com 5 ou mais
anos, e apenas 13.950 pessoas com deficiência frequentam Centros de
Atividades Ocupacionais. (Instituto Nacional de Estatística, 2021).
Nesse sentido, o Pony Club do Porto tem atendido e apoiado uma parcela da
população, constituída por crianças e jovens na melhoria da condição de vida,
capacitando-as e incluindo-as na sociedade.
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Embora o tema do clima organizacional não esteja formalizado, nem numa carta
de intenções nem num manual de acolhimento, o Pony Club do Porto, já revela
preocupações nas suas práticas cotidianas.
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Além disso, outro ponto muito avaliado é o espírito de equipe, pois como a
maioria das atividades desenvolvidas pela instituição requerem a partilha
contínua dos processos de aprendizagem das crianças e jovens, é muito
importante o futuro colaborador ser solidário com os colegas. Trata-se de
contribuir, em equipa para a evolução das crianças, pois cada fase de evolução
ou desafios dentro do processo de terapia, deve ser avaliada em conjunto pela
equipe multidisciplinar.
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É priorizado ainda, que o profissional possa conciliar sua vida familiar com a
profissional pois, segundo a instituição, quando um colaborador possui um
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, este se torna ainda mais empenhado em
suas tarefas.
No Pony Club do Porto existe banco de horas, sendo gerido pela própria gestora,
que estando atenta aos números de horas por colaborador, o convida a
descansar e repor energias, promovendo Work Life Balance.
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remontar quase aos seus primórdios. Existe como que uma gestão
individualizada de desenvolvimento pessoal e de carreira, o que se reflete numa
cultura de horizontalidade. Não existe a preocupação de um organograma
funcional, rígido, mas sim, a vontade de desenvolver pessoas, onde as funções
irão permitir que elas mostrem a sua melhor versão.
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Por isso destaca que está sempre atenta aos interesses de seus colaboradores,
procurando ser flexível quanto às dispensas e trocas de dias de trabalho quando
solicitadas, para que possam equilibrar com os compromissos pessoais.
Como bem destaca a gestora, este estilo de liderança, utilizado pelo Pony Club
do Porto se traduz em uma liderança que controla muito menos sua equipa,
procurando ser flexível. Logo, existe maior interação entre os membros da
equipa, maior dinamismo na execução das tarefas, garantindo, assim, um
ambiente autônomo para um melhor desenvolvimento das tarefas.
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em organizações da economia social
BIBLIOGRAFIA
Chhabra, N.L., & Sharma, S. (2014). Employer Branding: strategy for improving
employer attractiveness. International Journal of Organizational Analysis, 22,
pp.48.60. doi: 101108/IJOA-09-2011-0513.
Curvello, J. J. A. (2002). Comunicação interna e cultura organizacional. João
José Azevedo Curvello.
Drucker, P. (2005). Manage Yourself and Then Your Company: Set an Example.
Instituto Nacional de Estatística. (2021). Disponível em https://
file:///C:/Users/User/Downloads/12Censos2021_incapacidade%20(2).pdf
Nunes, Wilsomar Pessoa. (2017). Cultura e Clima no Contexto Organizacional.
Disponível em:
https://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://semanaacademica.org.br/syste
m/files/artigos/artigo_wilsomar_pessoa_nunes_-_pdf.pdf
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Website | https://scmviladobispo.com/
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CARATERIZAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
A Santa Casa da Misericórdia da Vila do Bispo (SCMVB) tem como premissa a
criação e o desenvolvimento de respostas que permitam fazer face às
necessidades diagnosticadas na população, em particular da população sénior.
A organização pretende que as suas atividades sejam exercidas de forma
humanizada, com excelência e níveis de qualidade e ética profissional sólidos.
Os seus valores assentam na honestidade e integridade, dignidade e
humanidade, inovação e empreendedorismo, solidariedade, fraternidade e
compromisso, bem como competência e empenho.
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Bispo, estaremos perante um caso de uma organização Social que poderá ser
considerada como Agente de Desenvolvimento Local.
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Desvinculação
Apesar de não fazer parte dos processos sistematizados, previamente
mencionados, aquando da desvinculação do colaborador é realizada uma
reunião com o mesmo, para perceber os seus possíveis motivos, ou para
enaltecer o trabalho do colaborador na organização, em especial nos casos de
desvinculação por despedimento. Os colaboradores que se desvinculam por
reforma, ou por outros motivos não implícitos numa rutura com a organização,
são chamados a participar nas diversas celebrações da organização, quer sejam
institucionais ou de convívio, passando inclusivamente, muitos deles, a integrar
o corpo de voluntariado da Instituição. Neste caso, não existe um processo muito
formal ou “protocolado” no que respeita à desvinculação, mas sobretudo a
preocupação e a vontade de manter os laços com quem saiu da organização e
retirar aprendizagens com quem se desvincula.
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em organizações da economia social
“Uma das boas práticas tem a ver com a regularidade com que
as encarregadas promovem momentos só do grupo para falarem
sobre o que sentem e ou sobre os problemas que existem. Isso
é muito positivo. Existem reuniões entre a direção, na pessoa do
Sr. Provedor e o grupo deste setor para passar informações
institucionais, novas regras de funcionamento ou outros
assuntos, bem como reuniões entre a Diretora Técnica e o grupo.
Todavia, existe uma reunião só dos colaboradores, sem ninguém
da direção, porque assim abordam questões e falam sobre elas,
resolvendo-as e trazendo-nos sugestões. É muito diferente. Sou
uma pessoa muito próxima dos grupos, mas percebo que a
minha não presença faz com que não abordem certos assuntos.
Existe assim uma maior união entre o grupo, que também é um
dos problemas frequentes nas instituições, a falta de união entre
os vários setores”.
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A Formação
Para além da formação anual obrigatória, são proporcionados, sempre que
possível, momentos de aprendizagens e capacitação. O processo de
levantamento de necessidades de formação, a avaliação da formação e a
avaliação de impacto da formação são momentos importantes para adequar os
conteúdos formativos às funções dos diversos setores. Existem ainda formações
mais abrangentes e que se dirigem a toda a organização. A título de exemplo,
no ano de 2022, no âmbito da medida de Cheque-formação do IEFP, todos os
colaboradores fizeram formação de ética.
Para além das formações ditas formais, é desenvolvido diariamente formação
on the job, quer quando os colaboradores transmitem os seus ensinamentos a
novos colegas, quer através do acompanhamento de técnicos especializados,
como enfermeiros, que acompanham diariamente os cuidados aos utentes.
Podemos relacionar este momento de formação contínua com a troca de
experiências decorrentes da rotatividade dos colaboradores, permitindo a
aplicação de learning & development para todos os colaboradores (Gazal 2020).
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em organizações da economia social
BIBLIOGRAFIA
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de 2023, de http://hdl.handle.net/10773/34498
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Bispo, S. C. (s.d.). Código Ético e Deontológico da Santa Casa da Misericórdia
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Chiavenato, I. (1999). Gestão de Pessoas- O novo papel dos Recursos
Humanos nas Organizações. Campus. Obtido em 10 de junho de 2023, de
https://www.calameo.com/read/00511751730b4539c4004
Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo. (s.d.). Obtido de
https://scmviladobispo.com/Osório, J. (2009). L e a r n i n g O r g a n i z a t i o n
s: As práticas de gestão de recursos humanos e o papel da cultura
organizacional. [Tese de Doutoramento em Ciências Empresariais,
Universidade do Minho] RepositoriUM:
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9976/1/
Varela, B. (2023). A importância do Employer Branding como fator essencial na
humanização e valorização da experiência de trabalho nas organizações-
análises de perceções na ótica dos colaboradores. [Tese de Mestrado em
Gestão de Recursos Humanos, Universidade de Évora] Repositório da
Universidade de Évora: http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/34513
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em organizações da economia social
A REESTRUTURAÇÃO DA ÁREA DE RH NO
BICENTENÁRIO CENTRO JUVENIL DE CAMPANHÃ
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próprio colaborador, este sim deva ser de mais valia para saber se a relação vai
ser duradouro ou não porque normalmente é um dos fatores mais interessantes
para a entidade da economia social, por outro lado é necessário salientar que as
crianças e jovens acolhidos no centro passam por processos muitos
complicados, então têm que ter pessoas envolvidas com a missão para estar de
tempo em tempo a fazer mudanças dos funcionários o que pode acarretar ainda
mais problemas para os utentes.
Contratos de Trabalho
Normalmente de todos os colaboradores, a entidade tem dois tipos de contrato
de um a termo para maioria de colaboradores desde serventes, os de serviços
gerais, motoristas, cozinheira etc…
Para prestação de serviço envolvem os contabilistas, Juristas, nutricionistas etc.
Formação
A formação tende a ser um processo obrigatório tendo de cumprir 40 horas de
formações anuais cada colaborador, com intuito de alargar as suas
competências sejas elas quais foram, também estão a criar verbas especificas
no orçamento para a formação o que facilita ainda mais o funcionário e estimulá-
lo a estudar, ou seja, dando-lhes equilíbrio entre trabalho, formação e a família.
Renumerações e incentivos
No setor social sempre as renumerações são muito baixas quem está neste setor
na maior parte está por paixão porque envolve interior da pessoa, para isso a
politica do centro é tentar criar mecanismos de recompensas, por um salário que
não se converte em dinheiro, mas sim em benefícios e recompensas, fato esse
que trás mais valia os funcionários para compensar os salários baixos, a
entidade tem uma loja social, um café e uma lavandaria, os lucros obtidos nestes
estabelecimentos são utilizados internamente na entidade, porém o dinheiro que
recebem da segurança social dá para os jovens é muito pouco, ou seja, o
orçamente é curto e não chega para suprir todas as necessidades.
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Avaliação de Desempenho
Como foi desenvolvido ao longo deste trabalho podemos constatar que existem
algumas brechas relativamente ao RH, neste contexto a avaliação do
desempenho não poderia ficar de fora que é uma falha verificada na entidade,
que por agora gostariam de implementa-lo numa nova administração porque ao
longo dos tempos nunca foram formalizadas nenhuma avaliação de uma forma
consciente, também têm a consciência para fazer um avaliação é preciso faze-
lo bem e se não pode ser ainda mais difícil do que não tê-lo no inicio.
Diversidade e Inclusão
O Centro Juvenil sempre foi inclusivo, acolhem jovens de variadíssimas partes
do mundo, para esta entidade os processos de integração devem levar em conta
todos os níveis de necessidades, fato esse o certo a se fazer é criar mecanismos
que abrangem todo mundo e o mais importante é e não vangloriar deste feito.
Também neste ato são levadas em consideração fator da alimentação, da
religião e a liberdade de escolha.
Ao nível de recursos humanos, existem alguns funcionários que têm algumas
deficiências (que adquiriram ao longo da vida), como por exemplo um senhor de
52 anos que teve problemas dos ouvidos, para isso são reajustadas funções
para dar mais facilidade ao colaborador.
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Gestão de Carreira
Relativamente a gestão de carreira a entidade tem uma historia muito
interessante, de um senhor que era técnico na entidade com passar dos anos
ele foi promovida para Diretor e ele por sua como estava acostumado com o
trabalho no terreno, não pode ficar na Diretoria pediu para ser integrado na sua
antiga função( que era técnico) na qual sentia mais satisfeito colocando a mão
ma massa, a entidade por sua vez aceitou o pedido e fez a troca entre o atual
de diretor e atual técnico , ou seja, o diretor humildade abdicou do seu cargo
para ser técnico e o atual técnico passou a ser o novo diretor.
Voluntariado
O centro aceita voluntários através de várias parcerias, umas deles é com a
camara municipal do porto, lembrando sempre que devem ser traçadas perfis de
acordo com os princípios básicos da entidade.
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Uma outra atividade desenvolvida pela entidade tem haver com atividades com
aulas de Surf, ir ao cinema com os miúdos/as, fazer cursos de teatros e curso
de Inglês,
O mesmo acontece com abertura da entidade ao exterior, depois de algum
tempo a entidade percebeu que para fazer valer a sua administração era precisa
uma transparência geral, ou seja, a casa é aberta aos stakeholders tudo que seja
para mais valia são aceites, seja atividades culturais, desportivas, teatrais…
relembrando sempre o respeito máximo aos utentes da casa e todos o que é
recebido são destinados aos próprios utentes duma forma clara e transparente.
RESULTADOS
Com as novas práticas, são constatadas uma grande diferença em termo de
feedbacks dos funcionários, seja nas páginas da entidade como nas conversas,
nota-se genuinamente que as pessoas estão felizes e integradas entre eles e
com a administração.
Por outro lado, entidade deu conta que dada a sua transparência e abertura da
entidade para a comunidade, tem trazido bons resultados a cada vez mais
aumentam o os doadores e parceiros querendo fazer sempre mais e mais, pois
sentem o que que tão a fazer vale a pena.
Importa ainda referir que em novembro de 2023, o Centro Juvenil de Campanhã
recebeu, por parte da CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no
Emprego, a Distinção pela igualdade salarial. Com efeito, no dia 14 de
novembro, assinala-se o Dia Nacional da Igualdade Salarial para combater o gap
salarial de 13,1% entre a média salarial das mulheres e dos homens. O Centro
Juvenil de Campanhã recebeu, pela primeira vez, a distinção pelas boas práticas
na promoção da Igualdade Remuneratória entre Mulheres e Homens por
trabalho igual ou de igual valor, com o “SELO DA IGUALDADE SALARIAL” 2023.
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A MEERU
A MEERU trabalha diariamente para garantir que as famílias com que trabalha
adquirem uma rede de suporte consolidada e um conjunto de amigos com quem
possam contar para o resto das suas vidas.
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Além deste projeto, a associação também presta suporte a estas famílias através
do projeto Reconstruir, desenvolvido em parceria com a Domus Social, uma
entidade focada na dignificação da habitação, que permite a reconstrução de
casas através de mão de obra voluntária, doação de materiais e empréstimos
sem juros. Esta parceria permite que as casas reconstruídas sejam vendidas a
um preço muito mais acessível a famílias em situação de emergência
habitacional. A reconstrução destas casas é feita essencialmente por equipas de
voluntariado corporativo e internacional, que contribuem de forma muito mais
esporádica e espontânea, sem que lhes seja exigido qualquer tipo de
recrutamento ou capacitação.
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“Esta relação pode ser criada de várias formas […] através de suporte na
construção de um currículo ou orientação na procura de emprego. Mas
também pode ser através de momentos de convívio e lazer: com refeições,
passeios, jogos, visitas culturais, excursões pela cidade, (...). As atividades
feitas dependem muito das personalidades de ambas as partes e
principalmente daquilo que as famílias mais precisam ou gostariam de fazer!”.
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Recrutamento e Seleção
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marcação de entrevistas online, método esse que, até hoje, tem demonstrado
ser o mais eficiente. Esta entrevista tem como principais objetivos ficar a
conhecer melhor os candidatos e, mais uma vez, confirmar que os potenciais
voluntários compreenderam plenamente todo o projeto e aquilo que é proposto.
Capacitação
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Compreende-se, mais uma vez, o modo como a MEERU encara o papel dos
voluntários e gere o seu desenvolvimento, numa perspetiva de preparação para
uma intervenção futura de livre-arbítrio, fora do olhar da associação, sempre com
a intenção de promover a autonomia. A preocupação em capacitar os cidadãos
é bastante visível, precisamente durante a Academia de Proximidade, prática na
qual nem todos os participantes (que usufruem de formação) são selecionados
para integrarem o grupo de voluntários da associação.
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Monitorização e Desenvolvimento
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Reuniões de Proximidade
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Para que seja possível manter uma comunicação fluída e sólida, a monitorização
de voluntários é também feita através da Chamada Semanal. Esta prática
consiste na realização de uma chamada via telemóvel, sempre feita num dia
aleatório da semana. Um dos elementos de cada Equipa de Proximidade é
atribuído como ponto de contacto e fica encarregue de representar a sua equipa
e expor todo o tipo de acontecimentos diários, novidades ou até dificuldades do
quotidiano, através da Chamada Semanal. Este porta-voz é rotativo e muda
todos os meses.
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Desvinculação
integradas na comunidade.
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A PISTA MÁGICA
No ano de 2009, a Pista Mágica lançou a sua primeira publicação, com o objetivo
de preparar pessoas para Missões de Cooperação Internacional, intitulada
“Sobreviver em Missão”. Posteriormente, no ano de 2011 lança o primeiro livro
infantil com o tema voluntariado. Este livro “Todos temos asas, mas apenas os
voluntários sabem voar” é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
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Acima da média nacional para o setor (INE, 2023) , a média salarial na Pista
Mágica situa-se entre 1241€ e 1480€, para além dos incentivos de subsídio
de alimentação e reembolso de despesas em viatura própria.
A Pista Mágica, assim como grande parte das entidades da Economia Social,
procurava soluções que pudessem garantir a sua sustentabilidade e permitir
que continuassem a desenvolver projetos no âmbito da inovação social e do
voluntariado. Por se tratar de uma entidade com uma dinâmica diferenciada,
que atua de forma indireta com o seu público, era essencial que pudessem
digitalizar seus serviços.
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AS PRÁTICAS REESTRUTURADAS
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BIBLIOGRAFIA
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Economia Social - O Projeto 13+.
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de parcerias intersectoriais em iniciativas de inovação social em Portugal.
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Suspiro, A. (2016,19 de maio). O que é e o que vale a economia social. Observador.
consultado em: junho de 2023 https://observador.pt/2016/05/19/o-que-e-e-o-que-vale-a-
economia.
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Práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos humanos
em organizações da economia social
CONCLUSÃO
Susana Bernardino
Docente da área da Gestão do ISCAP & Investigadora do CEOS.PP
O
s recursos humanos são a alma das organizações da economia social.
É nas pessoas, dotadas de todas as suas competências, motivação e
capacidade de trabalho, que reside o potencial de intervenção das
organizações sociais nas comunidades em que operam. Com efeito, os recursos
humanos são nucleares a todos os processos organizacionais e os propulsores
da capacidade de criação de valor social nas OES.
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Todas estas organizações indicam que, nos dias de hoje, gerir pessoas vai muito
para além da resposta ao normativo legal existente, envolvendo uma abordagem
eminentemente proativa e estratégica. As diferentes organizações indicam que
é possível repensar a forma como se gerem os recursos humanos nas OES.
Conforme ilustra a publicação, a transformação de práticas pode ocorrer em
diferentes domínios da gestão de RH, incluindo colaboradores assalariados ou
voluntários, aplicáveis a diferentes áreas funcionais e em diferentes processos,
que vão desde o recrutamento até à desvinculação.
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em organizações da economia social
Esta publicação, conforme sugerido pelo seu próprio título, pretendia dar a
conhecer práticas inspiradoras de gestão e desenvolvimento de recursos
humanos. Dar a conhecer, de forma detalhada, o seu desenvolvimento nas OES
possibilita que estas sejam alargadas a outros profissionais e organizações. A
publicação permitiu ainda ilustrar que é possível questionar a forma como se
desenvolve a gestão de RH nas OES, com a consciência de que é possível gerir
pessoas de uma forma diferente e que essa diferença é capaz de impactar as
organizações e as comunidades em que atuam. Como último propósito,
gostaríamos que estas deixassem de ser práticas inspiradoras, para passarem
a ser as práticas do setor.
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