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Estudos Preliminares

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


COORDENAÇÃO DA ÁREA DE GEOMÁTICA
CURSO TÉCNICO EM AGRIMENSURA

1 ESTUDOS PRELIMINARES PARA A CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS

Os serviços constantes dos Estudos Preliminares de Engenharia nos Estudos de


Viabilidade, e nos Projetos de Engenharia Rodoviária, Projeto Básico e Projeto Executivo são
definidos e especificados pela instrução de serviço nº 207 elaborada pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (BRASIL, 2006). De acordo com esta instrução, os
estudos preliminares deverão ser executados em duas fases: preliminar e definitiva.

1.1 FASE PRELIMINAR

A fase preliminar é composta de algumas etapas que serão descritas nos tópicos a
seguir (BRASIL, 2006).

1.1.1 Coleta e Compilação de Dados

Nesta etapa, serão coletados dados e documentos preexistentes da área de estudo


tais como:
a) elementos topográficos preexistentes: plantas de levantamentos topográficos
generalizados ou específicos; fotografias aéreas e foto-mosaicos; restituições
aerofotogramétricas, mapas cadastrais e cartas geográficas.
b) dados geológicos e/ou geotécnicos preexistentes: mapas geológicos; dados do
subsolo existentes, inclusive de sondagens, ensaios e testes realizados para outras vias,
obras-de-arte1 ou prédios e edificações na área do projeto ou de jazidas; resultados de testes
e ensaios geotécnicos; estudos e/ou trabalhos relativos a aspectos geológico-geotécnicos.
c) dados climáticos e fluviométricos: elementos relativos à hidrologia das bacias
contidas na área em estudo e em zonas adjacentes; características de cobertura do solo das
bacias; elementos relativos ao comportamento hidráulico dos rios, canais e córregos
existentes; características das obras-de-arte existentes (pontes, bueiros e galerias); dados
relativos ao uso do solo, bem como indicadores socioeconômicos e outros dados de valia
para a correta estimativa dos custos de desapropriação; dados e anotações colhidos em
inspeções in loco das áreas em estudo.
d) localização de linhas de transmissão de energia; localização e natureza de outras
obras dos serviços públicos (tubulações de águas pluviais, adutoras, entre outras). Nesta
fase, contatar os órgãos e concessionários de serviços públicos responsáveis pelas
instalações aéreas, ao nível do solo, subterrâneas e subaquáticas, seja sob a forma de fios,
cabos, dutos, tubulações, canalizações, canais ou galerias.

1.1.2 Identificação e estudo das alternativas de traçado


Nesta etapa, os estudos deverão ser desenvolvidos até certo grau de precisão que
atenderão às exigências mínimas necessárias para os estudos preliminares, podendo estes

1
Obra-de-arte: Designação tradicional de estruturas, tais como pontes, viadutos, túneis, muros de arrimo e
bueiros, necessários à implantação de uma via (BRASIL, 1997).

Projeto Geométrico de Vias – Professora Zuleide Alves Ferreira


ser aprofundados desde que estejam especificamente autorizados pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

1.1.3 Identificação das possíveis diretrizes

Segundo Brasil (1997), uma diretriz consiste numa projeção ortogonal do eixo da
plataforma de uma via em plano horizontal, sendo denominada diretriz ideal a linha reta que
liga dois pontos extremos de uma estrada a ser projetada.
Para Macedo (2000), a diretriz geral consiste em uma reta que liga os pontos extremos
da estrada (pontos A e B), conforme demonstra a figura 1. A diretriz parcial, por sua vez, liga
dois pontos obrigatórios intermediários. A cidade C e o porto D correspondem a pontos
obrigatórios de passagem de condição determinados pelo órgão responsável pela construção
levando em conta fatores políticos, econômicos, sociais, entre outros. A garganta G e o ponto
E correspondem aos pontos obrigatórios de passagem de circunstância, os quais são
definidos por fatores técnicos (melhores condições de tráfego ou menores custos) durante a
fase de reconhecimento.

Figura 1 - Diretriz geral de uma estrada

Fonte: Pontes Filho, 1998.

De acordo com Brasil (2006), para identificação das possíveis diretrizes devem ser
observadas algumas condicionantes existentes, projetadas ou planejadas relativas ao uso do
solo, rede de serviços públicos, controles geográficos, geotécnicos e ainda, à utilização
conjunta de faixas de domínio2.

1.1.4 Estabelecimento de critérios

Conforme Brasil (2006), nesta etapa, serão estabelecidos alguns critérios como:
a) Número de pistas e faixas de cada subtrecho; velocidade diretriz;
b) Largura da faixa de rolamento, acostamento e canteiros; grau de acesso e sua
forma de controle; superelevação máxima;
c) Gabaritos verticais e horizontais mínimos;
d) Veículos de projeto;
e) Declividade transversal da pista em tangente;

2Faixa de domínio: Base física sobre a qual assenta uma rodovia até o alinhamento das cercas que separam a
estrada dos imóveis marginais ou da faixa do recuo (BRASIL, 1997).
Projeto Geométrico de Vias – Professora Zuleide Alves Ferreira
f) Características da transição da superelevação;
g) Medidas de favorecimento do transporte coletivo quando aplicáveis.

1.1.5 Avaliação preliminar comparativa

As alternativas de traçado deverão ser comparadas levando em consideração


aspectos técnicos básicos (traçado e topografia), aspectos funcionais (controle de acesso e
interseções), aspectos econômicos, aspectos ambientais, aspectos financeiros (possibilidades
de adiamento de investimentos) e outros necessários (BRASIL, 2006). Dessa forma, a
avaliação preliminar deve possibilitar a redução das alternativas levantadas, reduzindo o
número de soluções básicas que serão avaliadas e comparadas com mais detalhamento na
fase definitiva.

1.2 Fase definitiva

De acordo com Brasil (2006), após os estudos da fase preliminar, será selecionado,
dentre os traçados alternativos, o que mais atende aos objetivos do projeto.
1.2.1 Aspectos a serem considerados

Para a seleção do traçado, devem ser considerados os seguintes aspectos:

a) Geologia e geotécnica: necessário o estudo a partir de fotografias aéreas, dados de


sondagem e ensaios previamente coletados longo das diretrizes básicas.

b) Terraplenagem: este estudo deverá analisar alternativas quanto à movimentação de


volumes de materiais (necessidade de empréstimos e bota-foras) devendo contemplar
também planos de urbanização e paisagismo.

c) Hidrologia e drenagem: visando o estabelecimento e a concepção do sistema de


drenagem principal, será necessário o desenvolvimento de algumas tarefas:
- Determinação de bacias de drenagem tanto em macroescala (rios, riachos e
córregos) como em microescala (linhas de drenagem no terreno) a partir de dados
topográficos e/ou aerofotos.
- Análise de dados pluviométricos: média anual e mensal de chuvas, número de dias
de chuvas por mês; alturas máximas e mínimas de precipitação; pluviograma entre outros.
- Consideração da influência de modificações no projeto da rodovia sobre o sentido do
escoamento, concentração das descargas pluviais e magnitude das obras de drenagem
requeridas.
- Avaliação dos impactos causados pelo remanejamento e/ou modificação do sistema
de drenagem preexistente
- Análise dos dados fluviométricos disponíveis e cálculo dos demais elementos não
disponíveis necessários ao projeto de pontes e bueiros de maior vulto.

d) Obras de arte especial3: Neste estudo, deve ser prevista a necessidade de pontes,
viadutos, passarelas, muros de arrimo de maior porte.

3
Obra-de-arte especial: Estrutura, tal como ponte, viaduto ou túnel que, pelas suas proporções e
características peculiares, requer um projeto específico. Da mesma forma uma obra-de-arte corrente consiste
numa obra-de-Arte de pequeno porte que normalmente se repete ao longo da estrada, obedecendo geralmente
a projeto padronizado.
Projeto Geométrico de Vias – Professora Zuleide Alves Ferreira
e) Faixa de domínio: Nesta etapa, deve ser feita uma estimativa de custos com a
desapropriação na faixa de domínio para cada traçado alternativo, baseada no levantamento
de preços de mercado para os terrenos e construções dentro da faixa de domínio.

f) Pavimentação: Esta tarefa tem como objetivo a definição dos tipos genéricos de pavimento
(rígido ou flexível) com base nos resultados dos estudos de geologia e geotécnica, bem como
de drenagem e necessidades de tráfego.

g) Estudos ambientais: Os estudos desenvolvidos nesta etapa têm como objetivo:

– Relacionar as características físicas das obras às do meio ambiente;


– Identificar os segmentos críticos com respeito ao meio ambiente;
– Identificar os segmentos críticos no que tange aos impactos ambientais significativos
e as respectivas medidas mitigadoras;
– Selecionar as alternativas em função dos custos de implantação e operação.

As alternativas serão selecionadas observando o perfil do relevo, pluviosidade da


região, características hidrológicas e hidrogeológicas, tipos de cobertura vegetal e drenagem.

h) Outros itens: Nesta etapa devem ser considerados todos os elementos que possam
influenciar nos custos do projeto: sinalização, defensas, paisagismo e urbanização,
instalações vinculadas à operação da rodovia (postos de polícia, de pesagem ou de
estatística de trânsito, residências), conforme orientação e definição por parte do DNIT.

i) Plano funcional definitivo: Este plano está relacionado a trechos viários já implantados,
onde deverá ser definida a necessidade e locais de acessos; estabelecidos o padrão e a
configuração de interseções; determinada a necessidade de vias marginais; tomadas em
consideração as necessidades de atendimento ao fluxo de pedestres e ao transporte coletivo,
entre outros.

j) Estimativa preliminar de custos: As estimativas de custo deverão possuir um alto grau de


detalhamento e precisão, onde deverão estar inclusos custos de terraplenagem;
pavimentação; pontes e viadutos; obras-de-arte; dispositivos de drenagem; meios-fios,
sarjetas; passeios; defensas e cercas; sinalização horizontal e vertical; remanejamento de
serviços públicos e outros itens necessários.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Diretoria de Desenvolvimento


Tecnológico. Divisão de Capacitação Tecnológica. Glossário de termos técnicos
rodoviários. - Rio de Janeiro, 1997. 296p. (IPR. Publ., 700).

BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento


e Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias.
Diretrizes básicas para estudos e projetos rodoviários:
escopos básicos / instruções de serviço. - 3. ed. - Rio de Janeiro, 2006. 484p. (IPR. Publ.,
726).

MACEDO, Edivaldo Lins. Noções de topografia para projeto rodoviário. 2000. Disponível
em: <http://topografiageral.com.br/Nocoes/index.php>. Acesso em: 22 abr. 2016.

PONTES FILHO, Glauco. Estradas de rodagem: Projeto Geométrico. São Carlos: GP


Engenharia, 1998. 432p.

Projeto Geométrico de Vias – Professora Zuleide Alves Ferreira

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