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Aula 7

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Paloma Dias Lotti Garcia

Gramática para preparadores e revisores de


texto - Ibraíma Dafonte Tavares
Página inicial ► GRA ► GRA-T2311A ► AULA 07 - Do artigo à crase ► Texto da aula

Texto da aula
O ARTIGO DEFINIDO

Costumava achar a crase um tema menor para quem usa a língua portuguesa profissionalmente. Para mim, ela
estava no nível da acentuação. Porém, diante de tantos erros cometidos por jornalistas e redatores publicitários, mas
principalmente diante de tantos erros impressos em livros que passaram por preparação e revisão, concluí que o assunto
merece esclarecimentos. Parte da resolução do problema está no conhecimento de regência verbal e nominal. A outra
parte está aqui, no conhecimento do uso dos artigos definidos.
Colocado diante de um substantivo, o artigo definido (o/a/os/as) indica que aquele é um ser conhecido do leitor
ou do ouvinte, seja porque foi mencionado antes, seja porque toda a comunidade o conhece.

Newton descobriu a lei da gravidade.


A rainha da Inglaterra tem quatro filhos.
O rio corre para o mar.

O artigo definido tem também a função de isolar um substantivo do grupo ao qual pertence, delimitando-o entre
os de uma mesma classe.

O filho do professor de inglês preferiu não acompanhá-lo.


O presidente Barack Obama é candidato à reeleição.
O padre Marcelo Rossi acaba de lançar um livro.

Empregos do artigo definido

1. Emprego genérico:

Quando usado diante de um substantivo singular, o artigo definido pode exprimir a ideia de totalidade de um
gênero, uma categoria ou uma espécie. Quando dizemos que “O brasileiro é cordial por natureza”, embora o sujeito
esteja no singular, estamos falando de todos os brasileiros. Outros exemplos:

O mico-leão-dourado está quase extinto.


O homem é o resultado de suas ações cotidianas.
Gosto do inesperado.
A alegria é o contrário da tristeza.

Provérbios e frases feitas


Quando o substantivo faz parte de provérbios e frases feitas, a tendência é omitir o artigo.

Cão que ladra não morde.


Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

2. No lugar de um possessivo:

Ø Antes de partes do corpo e das faculdades da mente e/ou espírito.

Tenho o peito oprimido.


Perdeu a compostura.
Esticou as pernas.

Ø Antes de peças de vestuário e objetos de uso pessoal:

Abriu a bolsa e tirou de lá a carteira.


Vestiu as calças cinza e calçou os sapatos de verniz.
Procurou no bolso do paletó o maço de notas.

Ø Antes de relações de parentesco:

Ligou para a mãe e pediu-lhe que não se atrasasse.


Procurava saber o que acontecia com a irmã.
Não gostava das maneiras rudes do cunhado.

Obs.: Conforme estudamos na aula anterior, o preparador de texto deve promover uma limpeza dos pronomes
possessivos. Os três casos acima devem ser o ponto focal desse trabalho de limpeza. O que sobrar na prova de revisão
deve ser atacado pelo revisor.

3. Diante de um possessivo:

Ø Na maioria dos casos, é facultativo o emprego do artigo diante dos pronomes possessivos.

Esta é minha casa ou Esta é a minha casa

Ø Dispensa-se o artigo quando o possessivo tem o valor de alguns.

Os professores têm suas dificuldades com as novas tecnologias.


A população tem sua razão em reclamar dos impostos.

Ø Dispensa-se também o artigo com expressões de atividades usuais.

Costuma comer seu lanche às 16 horas.


Sempre faz sua sesta, não importa o dia.
Diante de locuções como ao redor, ao alcance, etc., mantenha de preferência o artigo junto do possessivo.

Não enxergava nada ao seu redor


Sempre tive ao meu alcance as condições de que precisava para crescer.

Diante de expressões feitas como em minha opinião, em meu entender, a seu bel-prazer, omita o artigo diante
do possessivo.

Em minha opinião, nada disso era necessário.


Leva a vida a seu bel-prazer.

4. No lugar de um pronome demonstrativo:

Ficou o mês inteiro no hospital. (este mês)


Vendemos apenas produtos da região. (desta região)

5. Diante da palavra casa:

Ø Omite-se o artigo quando a palavra casa tiver o sentido de residência, lar da própria pessoa.

A mulher passou o dia sem sair de casa.


Retornou a casa.

Ø Usa-se o artigo quando o sentido for de edifício ou quando a palavra estiver particularizada.

Retornou à casa de sua infância.


Comprou a casa que se incendiara três anos antes.

6. Diante da palavra terra:

Ø Omite-se o artigo quando a palavra terra for usada em oposição a bordo ou mar.

Ia de bordo a terra
Não encontraram terra durante dois meses.

7. Diante de nomes de pessoas:

Ø Em geral, omite-se o artigo diante do nome de pessoas, em especial quando são personagens históricos.

Chico Buarque de Holanda é um conhecido compositor brasileiro.


Leonardo da Vinci foi um gênio.

Ø Usamos o artigo definido diante do nome de pessoas quando desejamos indicar familiaridade.

O Chico é um sujeito muito tímido.


O Leonardo é meu amigo mais antigo.

Ø Usamos o artigo definido diante do nome de pessoas para particularizá-lo.

Era o Chico de sempre.


Era a Patrícia dos tempos de depressão.

Obs.: Em uma obra de ficção traduzida, procure entender qual o critério – se critério houve – adotado pelo
tradutor. Muitas vezes os preparadores padronizam tudo sem prestar atenção a algumas sutilezas. Por exemplo, o
tradutor pode ter usado o artigo definido diante dos nomes próprios em todas as situações de fala em que há
familiaridade entre os personagens. Numa narrativa em primeira pessoa, ele pode ter variado esse emprego do artigo
também segundo o grau de familiaridade do narrador com cada personagem. Enfim, é preciso entender as sutilezas do
texto para não corrigir o que está certo e para não deixar de corrigir o que não tem sentido.

Formas de tratamento

Não se usa artigo diante de Sua Alteza, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, etc.

Desmarcamos todos os compromissos de Sua Alteza.


Estou sem palavras diante de Vossa Majestade.

8. Diante do nome de cidades, países, regiões:

Ø Em geral, emprega-se o artigo diante dos nomes de países, regiões, rios, montanhas, ilhas, oceanos.

o Brasil, a Suécia, a Provença, a Baviera, o Reno, o Tejo, o Atlântico

Obs.: Há diversas exceções, como Portugal, Guiné-Bissau, Luxemburgo, Taiwan, Omã, Israel, Serra Leoa,
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Botsuana, Madagascar, Uganda, etc.

Os estados brasileiros

Usamos o artigo:
o Acre, o Amapá, o Amazonas, a Bahia, o Ceará, o Distrito Federal, o Espírito Santo, o Maranhão, o Pará, a
Paraíba, o Paraná, o Piauí, o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Norte, o Rio Grande do Sul e o Tocantins.

Não usamos o artigo:

Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe.

Ø Diante do nome de cidades, NÃO usamos artigo.


São Paulo é a maior cidade da América do Sul.
Estive pensando em viver em Madri.
Gosto dos ares modernos de Amsterdã.

Obs.: As exceções são apenas o Porto, a Beira, o Havre, o Cairo, a Guarda, o Recife, o Rio de Janeiro

Quando se deseja particularizar um aspecto da cidade, usamos o artigo.

A Paris dos meus sonhos ficou para trás.


Já não existe mais a São Paulo da garoa.

9. Diante do título de obras artísticas ou de nomes de periódicos:

Ø Emprega-se o artigo definido. Se o artigo fizer parte do nome, deve vir em letra maiúscula.

a Eneida, A tempestade, Os lusíadas

Li ontem em O Estado de S. Paulo uma matéria sobre o racismo.


Passei os olhos por A República.

10. Depois da palavra ambos:

Ø Emprega-se o artigo sempre.

Ambos os pedidos foram atendidos.

11. Depois da palavra todo:

Ø Em geral, emprega-se o artigo depois da palavra todo quando o sentido for de totalidade, inteireza. Mas isso
acontece apenas com os substantivos que admitem o artigo.

Toda a família estava reunida.


Todo o povoado compareceu à festa.

Todo o Brasil comemorou a vitória. MAS Todo Portugal comemorou a vitória.

Ø Omite-se o artigo quando o sentido for cada, qualquer.

Toda família tem problemas.


Todo povoado comemora o Dia de Reis.

Obs.: No plural, todos e todas não dispensam o artigo.

Todas as famílias são iguais.


Todos os caminhos levam a Roma.
12. Com expressões de tempo:

Ø Em geral, omite-se o artigo antes de datas.

A reunião ocorrerá em 18 de outubro.


A viagem está marcada para 25 de junho.

Ø O artigo costuma ser usado em referência a datas históricas.

O Onze de Setembro será lembrado para sempre.


O Quinze de Novembro é comemorado com um feriado nacional.

Ø O nome dos meses não admite artigo, a menos que venha acompanhado de um determinante.

Setembro é o mês da primavera.


O setembro dos meus sonhos teria cinquenta dias.

Ø Usa-se o artigo diante do nome dos dias da semana, principalmente se estiverem no plural.

A segunda-feira é um dia triste.


Tomamos cerveja todas as sextas.

Porém, se o dia da semana estiver empregado como adjunto adverbial, deve-se omitir o artigo.

Terça-feira vou ao cinema.


Visitei-a no hospital sexta-feira.
Os bancos abrem de segunda a sexta.

Ø Diante das horas do dia, só se emprega o artigo quando elas estiverem antecedidas de preposição.

Chegamos às dez da manhã.


Partiram ao meio-dia.
As provas seriam realizadas das 14h às 16h.
Eram duas da tarde.

Atenção:

O Natal acontece em dezembro. MAS A noite de Natal é emocionante.


A Páscoa é sempre doce. MAS O feriado de Páscoa é longo.

13. Com pesos e medidas:

Ø Usamos o artigo definido com valor de cada.

A banana custa dois reais o quilo.


São quatro reais o litro do combustível.

A repetição do artigo

Se empregado diante do primeiro substantivo de uma série, o artigo deve ser empregado diante de todos os
substantivos seguintes, ainda que sejam todos de mesmo gênero e número.

As ruas, as casas e as montanhas ao redor permaneciam imutáveis.


Os Estados Unidos, a Suécia, o Marrocos e a China assinaram o tratado.

Repete-se o artigo antes de dois adjetivos unidos pelas conjunções e e ou quando são atribuídas qualidades
opostas a um mesmo substantivo.

Conhecia o novo e o velho Testamento.

Mas, com as conjunções e e ou não se repete o artigo quando os adjetivos qualificam um substantivo que forma
um conceito único.

A longa e triste jornada deixou nele marcas profundas.

Se os adjetivos não estiverem unidos pelas conjunções e e ou, o artigo deve ser repetido.

Foi a angustiante, a dilacerante, a inevitável busca por respostas que a deixou assim.

A CRASE

Crase é uma palavra de origem grega que significa mistura, fusão. Em gramática, designa a fusão de duas
vogais. No que diz respeito ao que nos interessa aqui, a palavra é normalmente usada para fazer referência à fusão do
artigo a com a preposição a, ocasião em que entra em cena o acento grave (à).
É imperdoável que preparadores e revisores errem o uso do acento indicativo de crase. É como errar ortografia
ou acentuação. Mas o fato é que erram. Não são poucos os livros que saem com erro de crase apesar de terem passado
por duas provas de revisão.
Para ter um bom domínio do assunto, é preciso conhecer o uso dos artigos definidos e regência verbal e nominal.
Já discutimos regência verbal na Aula 5 e acabamos de falar sobre o uso dos artigos definidos.
A regra básica é: devemos usar o acento indicativo de crase quando existe a fusão do artigo a com a preposição
a. Veja estes exemplos:

Fui à feira = Fui (verbo) a (preposição) + a (artigo) feira (substantivo)


Fui ao mercado = Fui (verbo) a (preposição) + o (artigo) mercado (substantivo)

Fui a + a = Fui à
Fui a + o = Fui ao

Corri à farmácia = Corri (verbo) a (preposição) + a (artigo) farmácia (substantivo)


Corri ao cemitério = Corri (verbo) a (preposição) + o (artigo) cemitério (substantivo)
Corri a + a = Corri à
Corri a + o = Corri ao

Quando empregar o acento indicativo de crase

1. A crase com os pronomes relativos a qual, as quais:

Se o verbo que rege esses pronomes exigir a preposição a, haverá crase.

A escola à qual me dirigi ficava distante de casa.

(dirigir-se a + a qual = à qual)

Tire a prova substituindo o termo regido feminino por um termo regido masculino.

O ginásio ao qual me dirigi ficava distante de casa.

(dirigir-se a + o qual = ao qual)

2. A crase com os demonstrativos a/o, aquele, aquela, aquilo:

Sua bolsa é idêntica à de minha mãe.

(idêntica a + a [aquela] = à)

Tire a prova substituindo pelo masculino.

Seu casaco é idêntico ao de minha mãe.

(idêntico a + o [aquele] = ao)

Não quero dar àquele trouxa o gosto de me ver chorar.

(dar a + aquele = àquele)

Refiro-me àquilo que disseram na reunião de ontem.

(Referir-se a + aquilo = àquilo)

Obs.: Não se usa o acento indicativo de crase diante dos pronomes demonstrativos este, esta, isto

Refiro-me a isto.
Identifiquei-me a este senhor.

3. A crase diante das horas:

Dizemos: É uma hora, São seis horas.

Quando as horas são antecedidas de preposição, há crase.


Voltei à uma hora.
Voltei às seis horas.

4. A crase e os substantivos masculinos:

Não se usa o acento indicativo de crase diante de nomes (substantivos) masculinos, exceto quando estão
subentendidas as expressões à maneira de, à moda de. Isso acontece porque esta crase à qual nos referimos é a fusão
do artigo definido a com a preposição a. Diante de palavras masculinas não podemos empregar o artigo feminino,
portanto não há crase.

Disse a Pedro que fosse buscar o violão.


Pedi a Marcelo que intercedesse por nós.

No entanto, quando diante do nome masculino pudermos subentender as expressões à moda de e à maneira de,
usamos o acento indicativo de crase.

Escrevia à Machado.
(à maneira de Machado [de Assis])

Gostava do cabelo à Luís XV.


(à moda de Luís XV)

5. A crase diante dos pronomes possessivos:

Já vimos que é facultativo o emprego do artigo definido diante dos pronomes possessivos. Tanto podemos dizer
“Gosto do meu pai” como “Gosto de meu pai”. Por essa razão, o emprego do acento indicativo de crase diante dos
possessivos também é facultativo.

Disse a minha mãe que eu iria embora.


Disse à minha mãe que eu iria embora.
Ele fez elogios a nossa redação.
Ele fez elogios à nossa redação.
Prestava atenção a minhas palavras.
Prestava atenção às minhas palavras.

Pessoalmente, prefiro usar o acento grave, pois acho que ele elimina as possíveis ambiguidades. Pense no
primeiro exemplo da lista acima. Fora de contexto, a frase é completamente ambígua. Podemos entender que o sujeito é
eu (eu disse) ou podemos concluir que o sujeito é a minha mãe (a minha mãe disse). Por essa razão, em traduções e
em textos de não ficção de autores nacionais eu costumo padronizar com o acento – a menos que o editor recomende
que eu não mexa nesse tipo de opção.
Quando há a elipse do substantivo, o acento indicativo de crase é obrigatório.

Dei explicações à mãe dele e à minha.


Estava me referindo às minhas atitudes e às suas.

6. A crase e as locuções com palavras femininas


Essas locuções levam o acento indicativo de crase ou para evitar ambiguidade ou quando se enquadram nas
regras práticas da existência da crase.

à altura de à medida que


à bala à mercê de
à baila à moda de
à beira de à noite
à chave à proporção que
à custa de à queima-roupa
à direita à revelia
à disposição à risca
à espera de à semelhança de
à espreita à solta
à esquerda à tarde
à faca à toa
à fantasia à tona
à força à unha
à flor da pele à venda
à frente de à vista
à guisa de à vontade
à maneira de às escuras
à mão às pressas
à máquina às claras
à margem às vezes

Nomes de receitas

Tenha cuidado ao usar o acento indicativo de crase no nome das receitas. Bife à rolê? Lula à dorê? Frango à
passarinho? Bife à milanesa? É preciso pesquisar um pouco e prestar atenção no significado das palavras.
Quando está subentendido à moda de, ou seja, quando o que está em questão é a maneira de preparar o
prato, empregamos o acento grave. É esse o caso do bife à milanesa (à moda de Milão), do espaguete à calabresa (à
moda da Calábria), do bife à parmegiana (à moda de Parma), do camarão à tailandesa (à moda da Tailândia), etc.
Porém, há situações em que não se pode subentender a expressão à moda de, como no caso do leitão
pururuca. Pururuca é um adjetivo que significa de pele torrada, crocante como torresmo. O mesmo acontece com a
lula dorée. Dorée é um adjetivo feminino francês que significa dourada. Nossos dicionários ainda não registram dorê,
ao contrário de rolê, forma aportuguesada do francês roulé, que significa enrolado. Portanto, dizemos bife rolê. O
frango a passarinho e o bife a cavalo também não levam acento indicativo de crase.

Os erros mais comuns

Fica aqui uma lista resumida dos principais erros de crase que as pessoas costumam cometer.

1. Antes de palavra masculina:

Errado: Estamos todos à postos.


Certo: Estamos todos a postos.

2. Antes de artigo indefinido:

Errado: Nós nos dedicamos à uma causa nobre.


Certo: Nós nos dedicamos a uma causa nobre.
3. Antes de verbo:

Errado: Eles se dispuseram à aguardar na sala ao lado.


Certo: Eles se dispuseram a aguardar na sala ao lado.

4. Antes de pronomes pessoais:

Errado: Disseram à ela que o pedido havia sido negado.


Certo: Disseram a ela que o pedido havia sido negado.

5. Quando o a está no singular e a palavra à qual se refere está no plural:

Errado: Não abra a porta à pessoas desconhecidas.


Certo: Não abra a porta a pessoas desconhecidas.

6. Antes dos pronomes relativo que e quem:

Errado: Faça o bem sem olhar à quem.


Certo: Faça o bem sem olhar a quem.

Errado: São detalhes à que não dava importância.


Certo: São detalhes a que não dava importância.

Alerta final

Leia tudo com muita atenção para não tomar decisões precipitadas. Procure entender completamente a
estrutura de cada frase do texto. No exemplo abaixo, uma leitura apressada poderia indicar a necessidade de eliminar
o acento indicativo de crase, visto que ele está diante do pronome masculino dele. Porém, lendo cuidadosamente,
percebemos que há um substantivo feminino em elipse que justifica a presença do acento.

Prefiro minha casa à dele.

Ou seja, prefiro minha casa à casa dele. Outros exemplos de acento indicativo de crase que se justifica pela
elipse de um substantivo feminino:

A história do Brasil está intimamente ligada à das grandes navegações europeias.


Esta situação é muito semelhante à que enfrentei no ano passado.
A pobreza no Brasil iguala-se à de outros países latino-americanos.

DE OLHO NO TEXTO

Esse versus este


Os pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, isto, isso, aquilo) referem-se à noção de espaço e de tempo, e
também aos termos do discurso. No primeiro caso (espaço), este e isto indicam algo que está próximo de quem fala, ao
passo que esse e isso dizem respeito ao que se encontra próximo da pessoa com quem se fala.

Este livro é meu.


Isto é meu.

Esse livro pertence à minha mãe.


Isso pertence à minha mãe

Aquele e aquilo dizem respeito a algo que se encontra distante tanto de quem fala quanto da pessoa com quem
se fala.

Aquele livro é o objeto mais antigo da casa.


Aquilo é o objeto mais antigo da casa.

No segundo caso (tempo), este refere-se ao momento em que se fala, ao passo que esse se aplica a um tempo
passado.

Neste mês celebra-se o Natal.


Nessa época as mulheres não podiam votar.

No terceiro caso (termos do discurso), os demonstrativos são usados para fazer alusão a termos que já foram ou
ainda serão mencionados no próprio texto. Usa-se esse e isso para remeter àquilo que já foi dito e este e isto para fazer
referência ao que será dito posteriormente.

Pense nisto: o hábito não faz o monge.


O hábito não faz o monge. Foi esse o pensamento que lhe veio à mente.

Este também é usado para fazer referência ao próprio texto ou fala.

Estas palavras haverão de despertar em ti um sentimento terno.

Por fim, as formas este e aquele são empregadas em frases como esta:

O professor e o aluno começaram a discutir. Este dizia que o mestre estava sendo injusto; aquele, que o garoto
se comportava com imaturidade.

Este retoma o termo imediatamente anterior, enquanto aquele retoma o termo mais distante. Aliás, este recupera
sempre o último elemento, mesmo quando não há oposição entre dois termos.

O diretor de vendas e o diretor de marketing vivem às turras, mas, em minha opinião, este sempre tem razão.

Terminamos a nossa aula por aqui. Leia agora o texto complementar – uma entrevista com a tradutora Maria
Luiza Borges – e depois faça os exercícios. Na próxima semana vamos conversar sobre a vírgula.
NAVEGAÇÃO
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GRA-T2311A
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Geral
INÍCIO - Utilização do Ambiente Virtual de Aprendi...
AULA 01 - Texto, contexto e trabalho editorial
AULA 02 - Gramática, coesão e colocação
AULA 03 - No princípio era o verbo
AULA 04 - Concordância verbal e concordância nominal
AULA 05 - Regência verbal
AULA 06 - Eu, tu, eles e a colocação dos pronomes ...
AULA 07 - Do artigo à crase
Sobre a aula
Vídeo da aula
Texto da aula
Leitura(s) complementar(es)
Exercício 1: Aula 07
AULA 08 - A vírgula
AULA 09 - Outras questões de linguagem
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