Emulti Documento Norteador Dez23
Emulti Documento Norteador Dez23
Emulti Documento Norteador Dez23
NORTEADOR
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE - eMulti
(PORTARIA GM/MS N° 635/MS DE 22 DE MAIO DE 2023)
São Paulo
2023
2023, Prefeitura do Município de São Paulo
Secretário-Adjunto
Maurício Serpa
Chefe de Gabinete
Roberto Carlos Rossato
Elaboração:
Catherine Russo Munoz Espinoza
Maria Lúcia Barbosa Yamashita
Neila Maria Ferreira
Selma Anequini Costa
Colaboração:
Coordenadorias Regionais de Saúde
Divisão de Cuidados das Doenças Crônicas
Divisão de Cuidados por Ciclos de Vida
Divisão de Promoção e Saúde
Divisão de Saúde Mental
Divisão de Assistência Farmacêutica e Laboratorial,de Enfermagem
e Insumos Estratégicos
Agradecimento
A todos os profissionais das Supervisões Técnicas de Saúde,
Coordenadorias Regionais de Saúde e Divisões da Coordenadoria de
Atenção Básica que, direta ou indiretamente, colaboraram na concepção
e elaboração do documento norteador Equipe Multiprofissional na
Atenção Primária à Saúde - eMulti
I - Introdução ................................................................... 7
Anexos ............................................................................. 31
Anexo 1 - A ...................................................................... 32
Anexo 1 - B ...................................................................... 33
Anexo 2 ............................................................................ 34
Anexo 3 ............................................................................ 35
Apresentação
Documento Norteador
para execução de despesas em ações e serviços públicos de saúde...” e “Institui,
define e cria incentivo financeiro federal de implantação, custeio e desempenho
para as modalidades de equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde”.
I. Introdução
A Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, norteada pelos princípios
e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS, define a Atenção Básica como
“o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem
promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de
danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas
de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional
e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem
responsabilidade sanitária” (BRASIL, 2017).
A Atenção Básica (AB), de acordo com estes preceitos, constitui-se como a
principal porta de entrada dos usuários na Rede de Atenção à Saúde (RAS) tendo um
papel relevante de dar resposta à maior parte das demandas de saúde da população.
Atua como coordenadora do processo de cuidado e ordenadora da RAS, congregando
Documento Norteador
saúde e substituir o modelo tradicional, foi implementado, mediante a publicação
da Portaria nº. 692 de 25/03/1994, o Programa Saúde da Família-PSF. Em 2006, a
denominação PSF foi alterada para Estratégia Saúde da Família-ESF (BRASIL, 2010a),
pois esta última remete a ações contínuas e permanentes de integração e organização
das atividades em um território definido, com o propósito de enfrentar e resolver os
problemas identificados. As equipes de Saúde da Família (eSF), são compostas por
médico, enfermeiro, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de
saúde (ACS).
Em 2008, na perspectiva de ampliar a capacidade de resposta e a resolutividade
da Atenção Básica, e tendo em vista as necessidades de saúde da população, foram
criados pelo Ministério da Saúde (MS) os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF),
por meio da Portaria nº 154/2008. A equipe NASF, constituída por profissionais de
várias áreas do conhecimento, tais como, assistente social, profissional de educação
f ísica, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, nutricionista, psicólogo,
terapeuta ocupacional, entre outras, deveriam atuar em conjunto com os profissionais
das eSF ampliando, compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios
sob responsabilidades dessas equipes.
Atendendo a esta Portaria, em 2009, o Município de São Paulo, por intermédio
de um grupo de trabalho da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), normatizou a
implementação do NASF com a publicação do documento “Diretrizes e Parâmetros
Norteadores das Ações dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família”, descrevendo o
modelo teórico-lógico de atuação desta equipe, além de orientações quanto à
proporção de horas/atividades para cada categoria profissional, sempre considerando
a necessidade de adequações desses parâmetros de acordo com a realidade local.
De acordo com essa diretriz, compreendeu-se que a equipe NASF passaria a ser
um membro orgânico da Atenção Básica participando integralmente do dia a dia
nas UBS com ESF e trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os demais
profissionais, garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços
diretos à população. Os diferentes profissionais deveriam estabelecer e compartilhar
saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma visão comum, buscando soluções
dos problemas pelo diálogo, de modo a maximizar as habilidades singulares de cada
um.
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pública e compilação final do documento, houve a publicação da Portaria GM/MS
N°635, de 22 de maio de 2023, que demandou novos realinhamentos sem, contudo,
alterar os preceitos que nortearam essa construção, visto que são coincidentes com
o descrito no Artigo 2° da referida publicação, a saber:
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Os profissionais da eMulti devem desenvolver suas atividades nas UBS, com
um trabalho integrado com as equipes de Saúde, independente do modelo (ESF e
Tradicional). Cada profissional, detentor de conhecimento específico deve contribuir
para o trabalho em equipe, com integração de saberes, que são essenciais para
a atenção integral à saúde do usuário, das famílias e da comunidade. Importante
destacar que o trabalho dos profissionais da Atenção Básica deve ocorrer de forma
integrada sempre visando a interdisciplinaridade do cuidado.
A coordenação da equipe deve ser de responsabilidade das gerências das UBS,
e a sua distribuição deve estar de acordo com o perfil epidemiológico e necessidades
do território, em concordância e com o acompanhamento das Supervisões Técnicas
de Saúde (STS), Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e SMS.
É importante enfatizar que os profissionais das eMulti, por atuarem segundo
as diretrizes da Atenção Básica, são parte integrante do processo de ordenação da
RAS e da coordenação do cuidado, acompanhando o percurso do usuário na rede,
verificando as potencialidades do território e singularidade de cada caso.
O processo de trabalho da eMulti compreende a produção de um cuidado
continuado e longitudinal, regionalizado e sob a ótica da integralidade, favorecido
pela atuação sinérgica e interdisciplinar entre os profissionais que a compõem.
A escuta deve ser qualificada, com olhar direcionado para as dimensões da
vulnerabilidade e visando à diminuição das iniquidades em saúde. Entende- se por
iniquidades as desigualdades provenientes de causas injustas e que necessitam de
um olhar diferenciado por parte das equipes da atenção básica como população
negra, indígena, migrante, LGBTIA+, pessoas com deficiência, em situação de rua e
em situação de violência, dentre outras.
Vale destacar que é determinante a participação dos profissionais que compõem
a eMulti no processo de territorialização da Unidade, no planejamento e execução
das ações e monitoramento dos indicadores propostos.
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se, dentro do possível, a adequação da carga horária para esses parâmetros, com
exceção do profissional médico.
No MSP, dentro de uma mesma CRS e STS há realidades diferentes que impactam
nas necessidades de saúde da população. Desta forma, apenas um processo detalhado
de conhecimento do território poderá auxiliar na definição de prioridades. Foram
elencados aqui alguns aspectos importantes que devem ser considerados pelas
equipes das UBS, STS, CRS e OSS na construção do processo de territorialização.
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cor, especialmente: perfil de recém-nascidos de risco, mortalidade materna e infantil,
violência e acidentes, doenças crônicas não transmissíveis, pessoas com deficiência
no território, casos pós COVID-19, meningites, dentre outras que o território julgar
importantes. Vale destacar o trabalho integrado com as STS, Unidades de Vigilância
em Saúde (UVIS) e NUVIS-AB para o levantamento do perfil epidemiológico da região.
Com relação às iniquidades e vulnerabilidades, estas devem ser avaliadas sob
a ótica do cuidado diferenciado, considerando os grupos populacionais específicos
como pessoas em situação de rua, população negra, indígenas, população LGBTIA+,
migrantes, pessoas com deficiência, dentre outras situações que o território avaliar
como importantes.
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e devem interagir em diversos momentos, de acordo com as necessidades que as
equipes identificarem (BRASIL, 2010b).
A definição de ações prioritárias que devem ser desenvolvidas pelas eMulti está
descrita na Portaria GM/MS N°635, de 22 de maio de 2023, Artigo 2º:
Parágrafo único. Incumbe às eMulti, prioritariamente, o desenvolvimento da
integralidade das seguintes ações:
I - o atendimento individual, em grupo e domiciliar;
II - as atividades coletivas;
III - o apoio matricial;
IV - as discussões de casos;
V - o atendimento compartilhado entre profissionais e equipes;
VI - a oferta de ações de saúde à distância;
VII - a construção conjunta de projetos terapêuticos e intervenções no território; e
VIII - as práticas intersetoriais.
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do profissional. A determinação dessa porcentagem deve levar em conta critérios
pactuados entre a eMulti e as equipes vinculadas, permitindo, desta forma, maior
autonomia e flexibilidade do processo de trabalho dessas equipes.
É importante destacar que a educação permanente também pode ser realizada
na dimensão clínico-assistencial, especialmente, em consultas compartilhadas,
atividades coletivas e visitas domiciliares.
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. Elaborar a estratégia para formação e desenvolvimento da atividade;
. Definir quais recursos são necessários para realização da atividade;
. Avaliar os resultados obtidos.
A principal atividade coletiva desenvolvida na atenção básica é o grupo, que deverá
prever a possibilidade de ser interdisciplinar, oportunizando a transversalidade e a
integralidade do cuidado. O grupo é uma estratégia que favorece a troca de vivências,
saberes e aprendizagens sobre o processo saúde-doença, estimulando a mudança de
atitudes e hábitos.
A prática grupal propicia uma escuta mais qualificada das questões em saúde
e a um acompanhamento mais horizontal, já que seus encontros são mais longos
e mais frequentes do que os atendimentos individuais. Além disso, é um espaço de
formação e fortalecimento de redes sociais e de suporte.
Do ponto de vista da organização, os grupos podem ser subdivididos em:
. Aberto: composto por temática aberta a quem se interessar por ela, não há uma
exigência rígida quanto a f requência na participação, novos integrantes podem entrar
e serem convidados a qualquer momento. Podem ter duração variável e, inclusive,
serem contínuos.
. Fechado: Há limite de participantes, não sendo permitido o ingresso de novos
integrantes durante o período definido dos encontros. O número e frequência dos
encontros podem ser pré-estabelecidos ou não. Normalmente os grupos fechados
são utilizados quando há uma proposta terapêutica envolvida.
. Semiaberto: pode haver ingresso de novos participantes, desde que haja um novo
acordo entre os integrantes.
Quanto ao enfoque do grupo, de modo didático, podemos classificá-los em:
. Grupos Educativos: são grupos voltados para os cuidados relacionados à promoção
da saúde e prevenção de doenças e agravos. Os grupos educativos favorecem a
construção coletiva de conhecimento e a reflexão acerca da realidade vivenciada
pelos seus membros, possibilitando a quebra da relação vertical (profissional/usuário)
e facilitando a expressão das necessidades, expectativas e angústias.
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que, inclusive, podem ser os protagonistas da proposta. Como exemplo, pode ser
citada produção de expressão artística como desenhos, artesanato, pinturas, canto,
dança, música, mas, também podem estar ligadas a uma expressão cognitiva, como
oficinas de memória, linguagem oral e leitura/escrita.
A divisão adotada acima sobre tipos de grupos e oficinas é organizacional.
Elas podem e devem ser utilizadas em combinações que os profissionais julgarem
pertinentes para cada situação.
Enfatizamos que todas as atividades coletivas deverão ser inseridas no “e-SUS
CDS” e “e-SUS AB” utilizando-se da “Ficha de Atividade Coletiva”. Esta ficha permite
a identificação do tipo de atividade, público-alvo e temas para saúde.
Nos Anexos 1A e 1B, estão descritos os procedimentos/parâmetros de assistência
dos profissionais das eMulti, com a especificação da duração de cada atividade e por
categoria profissional. Estão especificadas também as formas de registro de cada
atividade, que devem ser seguidas para que as informações migrem adequadamente
para o sistema de informações do Ministério da Saúde.
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Cadastro
Os profissionais da eMulti devem ser cadastrados no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde - CNES de uma das UBS que ela será referência, a qual
denominaremos de “UBS Base”. O cadastro no CNES deverá atender a orientação da
Portaria SAES/MS nº 37, de 18 de janeiro de 2021, alterada pela Portaria Nº 472, de 31 de
maio de 2023, a saber:
“Art. 2º Fica alterada, para 72 - eMulti - Equipes Multiprofissionais na Atenção
Primária à Saúde, a descrição do tipo de equipe 72 - eNASF-AP - Equipe do Núcleo
Ampliado de Saúde da Família e Atenção Primária, constante do Anexo I da Portaria
SAES/MS nº 37, de 18 de janeiro de 2021, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nº
14, de 21 de janeiro de 2021, seção 1, páginas 132-134”.
No caso de categorias profissionais da eMulti, onde há um profissional por UBS
(p.ex. farmacêutico), há duas formas de cadastro no CNES:
1- Pertencentes a “UBS Base”: serão cadastrados na eMulti;
2- Pertencentes a “UBS vinculada”: serão cadastrados no CNES da UBS onde exercem
suas atividades, porém atuando conjuntamente aos demais profissionais da eMulti
no que se refere ao processo de trabalho.
Agenda
A agenda para os profissionais da eMulti deve ser criada no SIGA de acordo com as
orientações contidas no documento “Diretrizes da atenção Básica”, disponível no
link: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/index.
php?p=345314
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. Realizar o acolhimento, suporte e acompanhamento do usuário/famílias e/ou
cuidadores, de acordo com as necessidades apresentadas;
. Atuar nos processos diagnósticos em todos os ciclos de vida, sobretudo na infância
e idades avançadas;
. Construir em equipe o Projeto Terapêutico Singular (PTS) de acordo com a
complexidade da demanda trazida pelo usuário, considerando as diversas atividades
da Unidade;
. Realizar intervenções preferencialmente coletivas, mas também individuais de
promoção, prevenção e tratamento, pautadas nas necessidades das pessoas, famílias
e comunidade;
. Participar dos grupos programáticos da UBS, p. ex. gestante, planejamento
reprodutivo, aleitamento, puericultura, dores crônicas, envelhecimento saudável,
doenças transmissíveis, entre outros;
. Utilizar, quando for o caso, os recursos de teleatendimento, teleconsulta,
telematriciamento e consulta compartilhada virtual para facilitar o acesso, bem como
a interação entre as equipes;
. Utilizar, quando for o caso, as modalidades das Práticas Integrativas e Complementares
em Saúde (PICS) nas ações assistenciais individuais e coletivas
. Realizar Visitas Domiciliares;
. Realizar a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica AMPI-AB;
. Identificar e atender as necessidades da população LGBTIA+ com ênfase nos princípios
da integralidade, universalidade, equidade e humanização.
. Identificar, monitorar e incluir as pessoas com doença/anemia falciforme na “Linha
de Cuidados em Doença Falciforme na Atenção Básica”.
. Acolher e apoiar as pessoas com deficiência e suas famílias, residentes no território,
identificando necessidades e propondo ações com vistas a qualidade de vida,
autonomia, manutenção funcional e acompanhamento do uso de Tecnologia Assistiva,
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. Atender oportunamente os usuários pós Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outros
casos de origem neurológica, com intervenções na fase aguda até início do processo
de reabilitação na atenção especializada, mantendo o acompanhamento longitudinal
do usuário;
. Atender, dentro da área de competência de cada categoria profissional e de acordo
com os atributos essenciais e derivados da APS, usuários em todas as fases da
doença e/ou agravo, com vistas a uma atuação corresponsável, superando a lógica da
f ragmentação do cuidado;
. Desenvolver ações integradas do Programa Saúde na Escola (PSE);
. Realizar o matriciamento de casos com as Unidades e profissionais dos demais pontos
da RAS;
. Identificar e encaminhar aos serviços da rede casos pós-alta hospitalar que impliquem
em ações de reabilitação em serviço especializado, realizando atendimento e
orientação até início do acompanhamento na atenção especializada;
. Realizar ações integradas ao Núcleo de Prevenção de Violência (NPV) da unidade, com
o olhar direcionado à prevenção e detecção de situações de violências, acolhendo o
usuário e promovendo a integração intersetorial entre as redes de atenção, proteção
e de garantias de direitos dessas pessoas;
. Realizar ações integradas e/ou compor o Núcleo de Vigilância em Saúde da UBS
(NUVIS-AB), participando do processo de territorialização e das ações de vigilância no
território;
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. Acompanhar e discutir com os membros da equipe as questões sociais que possam
ser identificadas como determinantes e condicionantes do processo saúde/doença
do indivíduo;
. Identificar, articular e disponibilizar, junto às equipes das Unidades, a rede de proteção
social;
. Informar e discutir com os usuários acerca dos direitos sociais, mobilizando-os ao
exercício da cidadania;
. Elaborar relatórios sociais e pareceres sobre matérias específicas do serviço social;
. Assessorar os movimentos sociais na perspectiva de identificação de demandas,
fortalecimento do coletivo, formulação de estratégias para defesa e acesso aos direitos;
. Capacitar, orientar e organizar, junto com as equipes, o acompanhamento das famílias
do Programa Bolsa Família e outros programas de distribuição de renda;
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. Promover eventos que estimulem ações que valorizem atividades físicas e sua
importância para a saúde da população.
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. Realizar atividades clínico-assistenciais relacionadas ao Cuidado Farmacêutico, a
partir do desenvolvimento da consulta farmacêutica;
. Realizar prioritariamente o acompanhamento farmacoterapêutico de indivíduos
mais vulneráveis para a utilização inadequada de medicamentos (pacientes com
limitação cognitiva, idosos, portadores de doenças crônicas, usuários em situação de
polifarmácia, dentre outros);
. Realizar visitas domiciliares em conjunto com os demais profissionais de saúde,
conforme planejamento e demandas relativas à farmacoterapia;
. Desenvolver ações de farmacoepidemiologia: estudos de utilização de medicamentos
como, por exemplo, os estudos de perfil de consumo, estudos de prescrição-indicação,
estudos de adesão às diretrizes farmacoterapêuticas, dentre outras.
Para outras atribuições, consultar o “Manual de Assistência Farmacêutica:
Descrição de Atribuições e Atividades de Farmacêuticos e Técnicos/Auxiliares de
Farmácia”, disponível em:
https: //www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/assist_ farmaceutica/
index.php?p=5449
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Documento Norteador
. Integrar-se às diversas ações do Programa de Saúde na Escola - PSE, elaborando
estratégias compartilhadas que possibilitem o desenvolvimento da linguagem oral
e escrita, prevenção de alterações auditivas e voz, além de ampliar o convívio, a
participação e aprendizagem de pessoas com deficiência no ambiente escolar;
. Acompanhar e orientar o uso de aparelhos auditivos, comunicação alternativa e
aumentativa, bem como realizar a articulação com serviços especializados, sempre
que necessário;
. Atuar, junto às equipes, no fortalecimento das redes familiares e interação social das
pessoas em sof rimento mental ou com deficiência;
. Articular com os recursos dos outros setores e da comunidade para ampliação da
rede de suporte, quebra de barreiras e inclusão social.
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com equipes da Unidade;
. Orientar a rede de apoio e de ambiente social para acolhimento e cuidado às
famílias e às pessoas em vulnerabilidade nutricional ou com casos de deficiências de
micronutrientes e morbidades associadas ao estado nutricional;
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Médico Pediatra - CBO 225124
. Atender de forma compartilhada ou individual, crianças e adolescentes dentro da
faixa etária de 0 a 19 anos 11 meses e 29 dias, visando uma atenção resolutiva em
saúde da criança e do adolescente;
. Elaborar, avaliar e monitorar os planos de cuidado individual e coletivo à saúde da
criança e do adolescente;
. Participar da identificação e análise das dificuldades coletivas de saúde da criança e
do adolescente;
. Priorizar crianças e adolescentes com situações de saúde complexas e multifatoriais,
como RN de risco, pré-termo, baixo peso, egresso de UTI neonatal, infecções congênitas,
alterações nas triagens neonatais, casos de má nutrição (desnutrição e obesidade)
e outras doenças crônicas, agravos psicossociais/comportamentais, Transtorno
do Espectro Autista (TEA), disforia de gênero, dificuldades escolares, situações de
violência, uso de drogas, alterações do desenvolvimento neuro- psicomotor, alterações
da maturidade sexual e distúrbios do crescimento, dentre outros.
. Adotar uma abordagem interdisciplinar e em rede intersetorial junto às equipes de
referência.
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V. Ferramentas Tecnológicas
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O conceito de Ferramentas Tecnológicas em Saúde proposto por MERHY (1997)
abrange três categorias distintas, sendo definidas como leve, leve-dura e dura.
As Tecnologias leves, consideradas aquelas que envolvem as relações
interpessoais, dizem respeito ao acolhimento, autonomização, produção de vínculo e
atenção integral como gerenciadores das ações de saúde. A leve-dura são os saberes
estruturados, como protocolos, diretrizes, linhas de cuidados, dados epidemiológicos,
ou seja, aquelas que não precisam de um recurso de alta tecnologia para o processo
de trabalho em saúde. A dura é referente ao uso de equipamentos tecnológicos,
procedimentos de alto custo, normas e estruturas organizacionais.
Diante do exposto, é indubitável que a instituição de tecnologias leves está
inteiramente vinculada à atenção básica e ao trabalho das eMulti por favorecer
a produção de vínculo entre profissionais de saúde e usuários, permitindo uma
abordagem mais humanizada e eficaz na saúde. Elas reconhecem a importância das
relações interpessoais, da escuta atenta e do manejo adequado das necessidades dos
usuários, garantindo o cuidado integral e a valorização da autonomia e dignidade de
cada pessoa.
Assim, no sentido de organizar, desenvolver e executar as ações e práticas em
saúde na Atenção Básica, elencamos quatro ferramentas integrantes das tecnologias
leves e que são centradas nas competências de intervenção interpessoal, a saber:
Clínica Ampliada, Projeto Terapêutico Singular (PTS), Projeto de Saúde do Território
(PST) e Apoio Matricial.
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“diagnóstico do problema” e suas possibilidades de soluções. O diagnóstico do
problema deverá ser uma construção coletiva entre a equipe de saúde responsável
pelo caso, o usuário, demais serviços da rede de saúde e, ampliando com ações
intersetoriais quando necessário. Parte da premissa que, embora as soluções não
sejam simples ou muitas vezes factíveis, uma abordagem ampla e compartilhada
que considere a realidade, por si só é mais eficiente do que uma atuação individual.
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interdisciplinar em saúde estão intimamente interligados e em consonância com as
diretrizes da AB, com vistas a um cuidado longitudinal e corresponsável. Segundo
Campos e Domitti (2007), “Apoio matricial e equipe de referência são, ao mesmo tempo,
arranjos organizacionais e uma metodologia para a gestão do trabalho em saúde,
objetivando ampliar as possibilidades de realizar-se clínica ampliada e integração
dialógica entre distintas especialidades e profissões”.
Dentro desta proposta organizacional que busca assegurar uma retaguarda
especializada às equipes da Atenção Básica, é na transdisciplinaridade que se dará
a ampliação de intervenções clínicas e sanitárias, sempre na perspectiva do cuidado
integral e na vinculação do usuário, evitando encaminhamentos frequentes aos outros
níveis da RAS e viabilizando o cuidado no próprio território.
As ações de Matriciamento podem ser classificadas em duas dimensões:
assistencial e técnico-pedagógica. Define-se como dimensão assistencial, todas as
ações realizadas diretamente com os usuários, sejam elas atendimentos em grupo,
ações intersetoriais, consulta compartilhada ou individualizada. As ações voltadas para
a dimensão técnico-pedagógica englobam o suporte educativo e o intercâmbio de
conhecimento entre as equipes, assim como a construção compartilhada do Projeto
Terapêutico Singular (PTS) e de diretrizes clínicas. Na prática, essas duas dimensões
podem acontecer concomitantemente, a depender da ação desenvolvida.
A construção do PTS deve ser realizada em conjunto com o usuário e/ou família,
objetivando a efetividade e adesão do usuário, tendo em vista a singularidade como
elemento central do planejamento, considerando as f ragilidades, potencialidades, e o
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. Diagnóstico
Composto por uma avaliação ampla, que considere tanto os aspectos biológicos
quanto os psicológicos, assim como o contexto social do indivíduo/ coletividade,
reconhecendo seus riscos e vulnerabilidades, tanto quanto seu poder de intervenção
no processo saúde-doença.
. Definição de metas
Deve conter propostas de curto, médio e longo prazo, pactuadas entre os profissionais
e o indivíduo/coletivo, buscando sempre uma postura resiliente e sensível frente a
. Divisão de responsabilidades
Nesta etapa, é pactuado entre todos os envolvidos a definição das tarefas e
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responsabilidades.
. Reavaliação
Com a evolução do caso, se faz necessário a rediscussão do PTS: seus avanços, desafios
e necessidades de novas considerações e diretivas.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica – N° 1 - A Implantação
da Unidade de Saúde da Família. Caderno 1. Brasil, 2010a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio à Saúde da Família /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010b.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica, n. 39. Núcleo de Apoio à Saúde da
Família. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 116 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de consolidação nº 2, de 28 de setembro
de 2017. Consolida as normas sobre as Políticas Nacionais de Saúde do SUS.
Brasília, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de consolidação nº 4, de 28 de setembro
de 2017, Anexo V. Publica a Lista Nacional de Notificação Compulsória. Brasília,
2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.979/2019. Institui o Programa Previne
Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção
Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, por meio da alteração
da Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017. Brasil,
2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.979- de-
12-de-novembro-de-2019-227652180
BRASIL. Ministério da Saúde. Nota Técnica nº 3/2020-DESF/SAPS/MS, Sobre o
Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e Programa
Previne Brasil. 2. Brasil, 2020. Disponível em: https://www.conasems.org.br/wp-
content/uploads/2020/01/NT-NASF-AB-e- Previne-Brasil-1.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n° 1, de 2 de junho de
2021. Consolidação das normas sobre Atenção Primária à Saúde. Brasília, 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 544, de 3 de maio de 2023. Institui
procedimentos para execução de despesas em ações e serviços públicos de
saúde autorizadas na Lei Orçamentária Anual de 2023 com base no art. 8º da
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SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Linha de Cuidados da Pessoa
com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA. São Paulo, 2023. Disponível em:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/LINHA_DE_CUIDADO_
TEA_FINAL.pdf
SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Manual para elaboração do
diagnóstico socioambiental - PAVS. São Paulo, 2020. Disponível em: https://
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/pavs/index.
php?p=215712
SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Núcleo de Vigilância em Saúde
na Atenção Básica – Documento Norteador. São Paulo, 2022. 38p. Disponível
em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/
index.php?p=338605
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ANEXOS
Equipe Multiprofissional na Atenção Primária à Saúde - eMulti
Documento Norteador
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Equipe Multiprofissional na Atenção Primária à Saúde - eMulti
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Anexo 1 - A
Procedimentos / Parâmetros de assistência dos Profissionais da Equipe Multiprofissional
Categorias Profissionais
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Anexo 1 - B
Procedimentos / Parâmetros de assistência dos Profissionais da Equipe Multiprofissional
Categorias Profissionais
Médicos Especialistas
Tipos de Atividades
Psiquiatra Pediatra Ginecologista
Observações:
*** Teleconsulta - as atividades de teleconsulta síncrona e assíncrona devem
*Todas as atividades de grupo e reuniões deverão ser inseridas no e-SUS “ ficha de
ativida de coletiva” ou prontuário próprio “ficha de atividade coletiva”. Esta ficha
ser apontadas como:
permite a identificação do tipo de atividade, público alvo e temas para saúde. 03.01.01.025-0 - TELECONSULTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA (Específico para
o médico psiquiatra)
**Toda atividade de consulta individual deve ser apontada como:
03.01.01.006-4 - CONSULTA MÉDICA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA
03.01.01.007-2 - CONSULTA MÉDICA EM ATENÇÃO ESPECIALIZADA
****Visita / Atendimento Domiciliar - deve ser apontado como:
( Específico para o médico psiquiatra)
03.01.01.013-7 - CONSULTA/ATENDIMENTO DOMICILIAR
Consulta compartilhada - o procedimento deve ser apontado uma única
vez com a identificação dos profissionais envolvidos
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Anexo 2
Distribuição de Carga horária das Ações Estratégicas
Atividades Coletivas
MATRICIAMENTO
CLÍNICO-
70%
DIMENSÕES
ASSITENCIAIS
Atendimento Individual e
Visita domicilar
Atividades Coletivas
MATRICIAMENTO
CLÍNICO- Mínimo
DIMENSÕES
ASSITENCIAIS de 45%
Atividades
Máximo Atividades administrativas
Administrativas / e logísticas / Supervisão
Gerenciais de 40% farmacêutica
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Anexo 3
*Para mais informações, consultar documento: “Diretrizes para a Organização das Ações de Reabilitação na Rede
de Cuidados à Pessoa com Deficiência”, disponível no link:
https: //www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/pessoa_com_def iciencia/index.
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