2001 - Procissão Do Enterro (Versão Festa)
2001 - Procissão Do Enterro (Versão Festa)
2001 - Procissão Do Enterro (Versão Festa)
Paulo CASTAGNA(**)
ABSTRACT. The Good Friday Procissão do Enterro (Funeral Procession) first appeared in the
Vilar de Frades Monastery (Portugal) between the twelfth and thirteenth centuries and was incorporated
into the liturgy of the Bishopric of Braga, where it was first described in the Missale Bracharense (Braga
Missal) in 1558. This ceremony continued after the Council of Trent because the Papal Bull Quod a no-
bis, written by Pious V in 1568, permitted the permanence of liturgies already in use for more than 200
years. This meant that the practice of the Good Friday Funeral Procession spread to the Portuguese
colonies in Asia, Africa and America, and is still practiced in several Portuguese-speaking countries. In
Brazil, it became one of the most important celebrations of Holy Week, with the use of Portuguese and
Brazilian musical compositions in Latin, manuscripts preserved in several archives in the country.
1. Introdução
O Brasil é a região na qual esta devoção está mais difundida e preservada, sendo
praticada mesmo em grandes cidades, como São Paulo, onde ocorre todos os anos em
vários bairros, cantando-se, em alguns deles (como na Lapa), música com textos que
remontam, pelo menos, ao século XVIII. Em Minas Gerais, entretanto, a Procissão do
Enterro é mais freqüente e mais tradicional, especialmente na cidade de São João del
Rei, que, para a ocasião, atrai centenas de pessoas de cidades vizinhas e mesmo de ou-
tros Estados.
Existem muitos detalhes envolvidos nessa devoção. Em termos gerais, a cerimô-
nia inclui um ou dois Sermões alusivos à Paixão (o Sermão do Descendimento e o Ser-
mão da Soledade),2 no local em que está instalada a representação da crucifixão de
Cristo, diante de uma das igrejas da cidade. Junto ao local, postam-se pessoas que, com
o auxílio de vestes e símbolos, representam personagens do Antigo e do Novo Testa-
mento, como evangelistas, profetas, apóstolos, soldados romanos, etc. Ao final da pre-
gação, a imagem do Cristo morto é retirada da cruz por personagens que representam
José de Arimatéia e Nicodemus e colocada em um esquife. O coro começa a cantar o
texto Heu! Heu! Domine! Heu! Salvator noster!, normalmente sem acompanhamento
instrumental, e o esquife é seguido pelos personagens bíblicos, pelos membros das ir-
mandades que promovem o ato e pelo povo, por várias ruas da cidade.
Ao terminar a procissão, o esquife é depositado em um local apropriado, no inte-
rior de uma outra igreja, iniciando-se a segunda parte da cerimônia, na qual a imagem
do Senhor Morto é incensada, enquanto o coro canta, geralmente, o Sepulto Domino
(existem outros textos para a incensação do senhor Morto, como veremos adiante), sem
o concurso do povo. A cerimônia termina com a visitação dos fiéis à imagem, os quais
passam diante dela em silêncio. Embora encerrada a Procissão do Enterro, no Domingo
da Ressurreição (ou de Páscoa) os mesmos personagens retornam para a Procissão do
Santíssimo Sacramento, cuja temática é agora a da ressurreição de Jesus.
2
Jorge de Campos Teles informa que, em Lisboa, após a Procissão do Enterro era feita a Procissão do
Regresso de Nossa Senhora, no antigo Convento de São Francisco de Xabregas, encerrada pelo canto do
Stabat Mater e pelo Sermão da Soledade, lá também conhecido como Sermão das Lágrimas de Nossa
Senhora. Cf.: TELES, Jorge de Campos. A Paixão de Cristo na devoção popular lisboeta. Lisboa: Rei
dos Livros, 1999. p.132.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 3
2. Origens
Uma das raras notícias conhecidas sobre a origem esta celebração encontra-se no
Thezouro de ceremonias (1734), de João Campelo de Macedo, segundo o qual a Procis-
são do Enterro surgiu no Convento de Vilar de Frades, que existiu no Bispado de Braga,
em Portugal, nos séculos XII e XIII, então ocupado pelos Cônegos de S. João Evange-
lista.3 De acordo com o cerimonial de Macedo, embora não conste dos livros litúrgicos
tridentinos, a Procissão do Enterro não se opõe às rubricas e, por ser “uso pio e devoto”,
não foi proibida pela Igreja:4
3
“O mosteiro de S. Salvador de Vilar de Frades, beneditino, constava nos séculos XII e XIII, segundo os
livros de linhagens desta época ter sido fundado por um prócer da região, D. Godinho Viegas [...], o que
pode aliás corresponder, como geralmente sucedia, a uma restauração. [...]” Cf.: GRANDE enciclopé-
dia portuguesa e brasileira: ilustrada com cerca de 15.000 gravuras e 400 estampas a cores. Lisboa e Rio
de Janeiro: Editorial Enciclopédia Ltda., s.d. v.35, p.801-809.
4
Cf.: MACEDO, João Campelo de. Thezouro de ceremonias... Braga: Francisco Duarte da Matta, 1734,
p.533, § 2.
5
SÃO LUIZ, Antonio de. Mestre de ceremonias, que ensina o Rito Romano, e Serafico aos religiosos da
Reformada, e Real Provincia da Conceição no Reyno de Portugal, exposto em duas unicas classes para
utilidade tambem dos mais ecclesiasticos, que praticão os mesmos ritos [...]. Lisboa: Simão Thaddeo
Ferreira, 1789. Lição LXX, § 1025, p.306.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 4
O estudo musicológico mais significativo sobre essa devoção foi realizado por
Solange Corbin, no Essai sur la musique religièuse Portugaise au Moyen Age (1100-
1385),6 situando a Procissão do Enterro nas cerimônias próprias do Bispado de Braga,
em Portugal.
A liturgia bracarense surgiu no século VI, mas foi substituída pela liturgia his-
pânica após o IV Concílio de Toledo (século VII) e pela liturgia romana após o Concílio
de Burgos (século XI). Ressurgindo entre fins do século XII e inícios do século XIII, a
liturgia bracarense subsistiu após a Bula Quod a nobis (9 de julho de 1568) de Pio V,
que permitiu a manutenção das liturgias que já fossem praticadas há mais de 200 anos.7
O período de ressurgimento da liturgia bracarense e as informações dos autores
dos cerimoniais citados permitem supor, portanto, uma origem da Procissão do Enterro
entre os séculos XII e XIII, embora a mais antiga descrição conhecida do ato, como
adiante veremos, encontra-se em um missal bracarense de 1558. Jorge de Campos Te-
les, assim como os autores dos cerimoniais acima referidos, sustenta a origem dessa
devoção no Convento de Vilar de Frades, com base em uma cerimônia trazida de Jeru-
salém:8
A mais antiga descrição da Procissão do Enterro foi localizada por Solange Cor-
bin, na edição de 1558 do Missale Bracharense, com música em cantochão (exemplo
1). A autora informa ter encontrado descrição da mesma cerimônia em um Processional
6
CORBIN, Solange. Essai sur la musique religièuse portuguaise au moyen age (110-1385). Paris, Soci-
eté D’Edition “Les Belles Lettres”, 1952. Livre II (Etudes de Textes), Cap.VIII (Les pièces caractéristi-
ques de la liturgie dans les livres portugais), item “La depositio Christi, au Vendredi Saint”, p.302-310.
7
Cf.: COELHO, Antônio. Curso de liturgia romana. 3 ed. Negrelos: Edições “Ora et Labora” / Mosteiro
de Singeverga, 1950. v.1, p.231.
8
TELES, Jorge de Campos. A Paixão de Cristo na devoção popular lisboeta. Lisboa: Rei dos Livros,
1999. p.102.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 5
9
Processionale / cisterciense / reverendissime DD / Abbatis / Generalis / Reformatoris / Congregationis
Lusitaniæ / S. Bernardi / Fidelissimi Regis / Consiliarii, eleemosinarique Maximi / Nati etc. etc. / Jussum
editum / Lisbonæ MDCCLVII / Apud Josephum da Costa Coimbra / Cum facultate Sueriorum. Apud:
CORBIN, Solange. Op.cit., p.307.
10
REIS, Antonio Thomas dos. Methodo da Liturgia Bracharense, ou modo de celebrar com a devida
perfeição o Sacrossanto Sacrifício da Missa. Braga, 1837. Apud: CORBIN, Solange. Op.cit., p.309-310.
11
Trata-se, de acordo com José Carlos Miranda, de Antônio Vaz Toscano (?-1633), Mestre de Capela da
Sé de Coimbra. Cf. MIRANDA, José Carlos. Programa da Temporada Ançã-ble 1997-1998 [Portugal].
p.5.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 6
12
VILLA-LOBOS, Mathias de Sousa. Arte de cantochão. Coimbra: Manoel Rodrigues de Almeyda,
1688. p.183-184.
13
ROSÁRIO, Domingos do. Theatro ecclesiastico, e manual de missas offerecido á Virgem Santissima,
Senhora Nossa [...]. Lisboa: Simão Thaddeo Ferreira, 1786. v.2, p.372.
14
LIBER Usualis Missæ te Officii pro Dominicis et Festis cum canto gregoriano ex Editione Vaticana
adamussim excerpto et rhythmicis signis in subsidium cantorum a Solesmensibus Monachis diligenter
ornato. Parisiis, Tornaci, romæ: Typis Societatis S. Joannis Evangelistæ descelée & Socii, 1950. p.719.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 7
Exemplo 4. Tom de recitação da terceira Lição das Matinas do Tríduo Pascal, aplicado
à frase “Pupilli facti sumus absque patre, matres nostræ quasi vidua”, impressa
por Mathias de Sousa Villa-Lobos em 1688 (MSVL), por Giovanni Guidetti em
1587 (GG) e pelos Monges do Mosteiro de Solesmes em 1910 (MS).
3. Difusão
O jesuíta informa que os textos cantados eram todos de origem bíblica e que as
Três Marias - simbolizadas pelos “meninos de casa e alguns outros cantores da nossa
capela” - cantavam, alternadamente com “dois coros de apóstolos”, o texto Heu! Heu!
Domine! Salvator noster! (Ai! Ai! Senhor! Salvador nosso!) que consta no Missale
Bracharense de 1558 e nas versões atuais desta cerimônia. As personagens simboliza
16
DOCUMENTA indica. Roma, 1956, v.4, p.197. Apud: MARTINS, Mário. O teatro nas cristandades
quinhentistas da Índia e do Japão. Lisboa, Brotéria, 1979. p.52.
17
DOCUMENTA indica. Roma, 1968, v.10, p.721. Apud: MARTINS, Mário. op.cit., p.52-53.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 9
das são Maria Madalena, Maria Salomé e Maria Cléofas que, segundo a tradição cristã,
choraram a morte de Jesus em Jerusalém.
No Brasil, a Procissão do Enterro foi descrita pela primeira vez no Colégio de
Porto Seguro, Bahia, na Sexta-feira Santa de 20 de abril de 1565, pelo jesuíta Antônio
Gonçalves:18
A cerimônia parece ter sido bastante difundida entre os jesuíticas da costa bra-
sileira, já no final do século XVI. De acordo com Fernão Cardim, a Procissão do Enter-
ro celebrada no Colégio Jesuítico de Salvador, em 30 de março de 1584, foi acompa-
nhada de disciplinas (auto-flagelação), prática comum naquele período:19
18
GONÇALVES, Antônio. Carta ao Padre Diego Mirón, Lisboa. Porto Seguro, 15/02/1566. In: LEITE,
Serafim. Monumenta Brasiliae. Roma, Monumenta Historica S.I., 1960. v.4, doc. 31, p.316-318.
19
CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil: introduções e notas de Rodolpho Garcia, Bap-
tista Caetano e Capistrano de Abreu. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980 (Coleção Recon-
quista do Brasil, nova série, v.13). Doc. 3: “Informação da missão do P.Christovão Gouvêa às partes do
Brasil ou narrativa epistolar de uma viagem e missão jesuítica”, p.159.
20
CONSTITUIÇÕES Primeiras do Arcebispado da Bahia feitas, e ordenadas pelo Illustrissimo, e Reve-
rendissimo Senhor Sebastião Monteiro da vide, Arcebispo do dito Arcebispado, e do Conselho de Sua
Magestade: Propostas, e aceitas em o synodo Diocesano, que o dito Senhor celebrou em 12 de junho do
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 10
anno de 1707. Impressas em Lisboa no anno de 1719, e em Coimbra em 1720 com todas as Licenças
necessarias, e ora reimpressas nesta Capital. S. Paulo, na Typographia 2 de Dezembro de Antonio Louza-
da Antunes. 1853. Livro Primeiro, Título XXXIII, n.119, p.52-53.
21
DINIZ, Jaime. Gregório de Souza e Gouvea. III Encontro Nacional de Pesquisa em Música, 5 a 9 de
agosto de 1987, Ouro Preto, Minas Gerais. Anais; promoção: Escola de Música UFMG (DTGM), Or-
questra Ribeiro Bastos de São João del Rei, Museu da Inconfidência de Ouro Preto. Belo Horizonte,
Imprensa Universitária, 1989. p.33-55. Esta informação encontra-se à p.48.
22
CONSTITUIÇÕES Primeiras do Arcebispado da Bahia... op.cit., Livro III, título 14, n.491, p.192.
23
MONTEIRO, Raul Leno. Carmo: patrimônio da história, arte e fé. São Paulo: empresa Gráfica da
Revista dos Tribunais S/A, 1978. p.39.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 11
A atuação das ordens terceiras, no Brasil, entre fins do século XVII e inícios do
século XVIII, gerou um aumento na solenidade da Procissão do Enterro e a adoção de-
finitiva do canto de órgão (polifonia) para os textos anteriormente cantados em canto-
chão, com absoluta predominância, entre os espécimes conhecidos, do estilo antigo, ou
seja, aquele baseado em normas composicionais do século XVI. Um exemplo típico é a
composição anônima para a Procissão do Enterro, encontrada em três grupos de manus-
critos, que incluem cópias do séculos XVIII e XIX (exemplo 6): 1) no Arquivo da Cúria
Metropolitana de São Paulo (SP), cód. ACMSP P 253;27 2) na Orquestra Lira Sanjoa
24
MACHADO, Diogo Barbosa. Bibliotheca Lusitana. Lisboa: Ignacio Rodrigues, 1743. v.2, p.321-445-
446. Apud: NERY, Ruy Vieira. A música no ciclo da “Bilioteca Lusitana”. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 1984. p.65.
25
VASCONCELLOS, Joaquim de. Os musicos portugueses: biographia-bibliographia por [...]. Porto:
Imprensa Portugueza, 1870. v.1, p.56.
26
SANTA MARIA, Agostinho de. op.cit., v.6, 1718, Livro III, Título I (Da milagrosa Imagem de Nossa
Senhora da Soledade, que se venera na Sè de Elvas.), p.471.
27
ACMSP P 253 C-Un - “Suprano Tracto Primeiro”. Sem indicação de copista, sem local, [final do
século XIX]: partes de SATB.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 12
nense (São João del Rei - MG), sem código;28 3) no Museu da Música de Mariana
(MG), cód. MA SS-16 [M-2 V-1],29 com muitas diferenças em relação aos grupos pre-
cedentes, sobretudo nos versículos da primeira parte.
Exemplo 6. Anônimo. Estribilho (c. 1-8) e primeiro versículo da Primeira Parte (c. 1-9)
da Procissão do Enterro, encontrada em três grupos de manuscritos musicais
brasileiros: 1) no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo (SP), cód.
ACMSP P 253; 2) na Orquestra Lira Sanjoanense (São João del Rei - MG), sem
código; 3) no Museu da Música de Mariana (MG), cód. MA SS-16 [M-2 V-1].
28
OLS, sem cód. [C-Un] - “Soprano a 4 Vozes / dos / Tratos Paxaõ e Adoração / da Crus Prossiçaõ do
Enterro / do Senhor / 17 / 1928 / Pertence a Hermenegildo Je de Sousa Trindade / Pr dadiva de Manoel
Jose da Sa “. Cópia de Carlos Antônio da Silva, [São João del-Rei?, meados do século XIX]: partes de
SATB.
29
MMM MA SS-16 [M-2 V-1]: [C-1] - “Sexta Fr.ª Suprano”. Sem indicação de copista, sem local, [final
do século XVIII]: partes de SAT; [C-2] - “Sexta fr.ª Suprano”. Sem indicação de copista, sem local, [1ª
metade do século XIX]: parte de S.
30
MIOP/CP-CCL 298 [C-Un] - “Populemeus a Quatro vozes e- / cum descendentibus in- / Lacum / Para
Sesta feira da Paixaõ. / Fran.co Gomes da Rocha”. Cópia de Francisco Gomes da Rocha [?], sem local,
[final do século XVIII]: partes de S1S2AT (Cum descendentibus in lacum) / SATB, bx (Sepulto Domino).
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 13
31
MIOP/CP-CCL 298 - “Populemeus a Quatro vozes e- / cum descendentibus in- / Lacum / Para Sesta
feira da Paixaõ. / Fran.co Gomes da Rocha”. Cópia de Francisco Gomes da Rocha [?], sem local, [final
do século XVIII]: partes de S1S2AT.
32
DUPRAT, Régis. A polifonia portuguesa em obras de brasileiros. Pau Brasil, São Paulo: ano 3, n.15,
p.69-78, nov./dez. 1986. Reimpresso em: A polifonia seiscentista portuguesa em Minas Gerais no século
XVIII. Barroco, Belo Horizonte, n.14, p.41-48, 1986/1987. Mais uma vez reproduzido em: A polifonia
portuguesa no século XVIII em Minas Gerais. In: REZENDE, Maria Conceição. A música na história de
Minas colonial. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1989. p.223-232.
33
VINTE livros de música polifônica do Paço Ducal de Vila Viçosa: catalogados, descritos e anotados
por Manoel Joaquim. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1953. f. 53-56 e 70v-72r.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 14
De acordo com José Augusto Alegria, o músico espanhol Ginés de Morata foi
Mestre de Capela do Paço Ducal de Vila Viçosa entre fins do século XVI e inícios do
século XVII, conhecendo-se dele algumas obras em manuscritos portugueses e espa-
nhóis.34 A presença da mais antiga composição portuguesa para a Procissão do Enterro
em uma cópia mineira do século XVIII sugere que a recepção, no Brasil, de música es-
crita em Portugal para essa cerimônia, pode ter sido comum já no século XVII.
34
ALEGRIA, José Augusto. História da Capela e Colégio dos Santos Reis em Vila Viçosa. Lisboa: Fun-
dação Calouste Gulbenkian, Serviço de Música, 1983. Cap.VIII (Os mestres da capela), p.156.
35
O SACROSANTO, e Ecumênico Concílio de Trento em latim e portuguez: dedicado e consagrado aos
excell., e Rev.Senhores Arcebispos, e Bispos da Igreja Lusitana. Nova Edição. Rio de Janeiro: Livraria
de Antônio Gonçalves Guimarães & C.ª, 1864. v.2, p.301-303.
36
ROSÁRIO, Domingos do. Theatro ecclesiastico em que se acham muitos documentos de Canto chão
para qualquer pessoa dedicada ao culto Divino nos Officios do coro, e Altar. Offerecido á Virgem San-
tissima Senhora Nossa com o Soberano Titulo da Immaculada Conceyçam, venerada em huma das ca-
pellas. Na Officina Joaquiniana da Musica de D. Bernardo Fernandez Gayo, 1743. xxxii p.não num., 383
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 15
a ser reconhecida quase somente como uma devoção religiosa, porém externa à liturgia
tridentina.
Embora a Procissão do Enterro não esteja descrita nos livros litúrgicos tridenti-
nos, vários cerimoniais portugueses dos séculos XVII e XVIII abordam essa prática,
relacionando-se, abaixo, os principais títulos, em ordem cronológica:
De acordo com essas fontes e com o próprio Missale Bracharense (1558),42 ci-
tado por Solange Corbin, a Procissão do Enterro, desde o século XVI, possuía música e
texto latino específico para as duas partes da cerimônia. As descrições apresentadas por
essas fontes são longas e detalhadas, mas é possível resumir os principais aspectos refe-
rentes à música. Na primeira parte, durante a procissão propriamente dita, três meninos
ou tiples, que representam as Três Marias, cantam o refrão Heu! Heu! Domine!, alterna-
dos com o coro, que canta quatro versículos, identificados pelas letras a, b, c e d no
quadro 1.
p.Cf.: VASCONCELLOS, Joaquim de. Os musicos portugueses: biographia-bibliographia por [...]. Porto:
Imprensa Portugueza, 1870. v.2, p.298.
37
SÃO JOSÉ, Leonardo de. Economicon sacro... Lisboa: Manoel Lopes Ferreyra, 1693, p.647-651. O
exemplar utilizado pertence à Biblioteca dos Bispos de Mariana (MG)
38
MACEDO, João Campelo de. Thezouro de ceremonias... Braga: Francisco Duarte da Matta, 1734,
p.533-540. O exemplar utilizado pertence à Seção de Obras Raras da Biblioteca Municipal Mário de
Andrade (São Paulo - SP).
39
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Manual da Semana Santa... Lisboa: Regia Officina Typogra-
fica, 1775, p.209-210. O exemplar utilizado pertence ao Museu Padre Anchieta (São Paulo - SP).
40
CONCEIÇÃO, Bernardo da. O Eclesiástico instruido... Lisboa: Francisco Luis Ameno, 1788, p.448-
451. O exemplar utilizado pertence à Biblioteca do Colégio do Caraça (Santa Bárbara - MG).
41
SÃO LUIZ, Antonio de. Mestre de ceremonias, que ensina o Rito Romano, e Serafico aos religiosos
da Reformada, e Real Provincia da Conceição no Reyno de Portugal, exposto em duas unicas classes
para utilidade tambem dos mais ecclesiasticos, que praticão os mesmos ritos [...]. Lisboa: Simão Tha-
ddeo Ferreira, 1789. Lição LXX, § 1025, p.306. O exemplar utilizado pertence à coleção do autor.
42
MISSALE Bracharense. Lugduni: Petrus Fradin, 1558, f. XCVI. Citado em CORBIN, Solange. Op.cit.
43
Esta tradução foi gentilmente enviada pelo Pe. Nereu de Castro Teixeira (Belo Horizonte - MG).
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 16
ter!
a - Pupilli facti sumus absque patre, mater nostra a - Estamos órfãos de pai, nossa mãe está viuva.
vidua.
Heu!... Ai!...
b - Cecidit corona capitis nostri, væ nobis quia b - A coroa caiu de nossa cabeça, ai de nós que
peccavimus. pecamos!
Heu!... Ai!...
c - Spiritus cordis nostri, Christus Dominus, morte c - Sopro de nosso coração, o Senhor Cristo foi
turpissima condemnatus condenado a morte torpíssima
Heu!... Ai!...
d - Defecit gaudium cordis, versa est in luctum d - Coro: Acabou-se a alegria de nosso coração,
cithara nostra. nossa cítara está de luto.
Heu!... Ai!...
A forma poética - o estribilho Heu! Heu! Domine! alternado com os quatro ver-
sículos - é semelhante à forma da segunda parte da Adoração da Cruz de Sexta-feira
Santa, cerimônia litúrgica romana originada no século IV, na qual o estribilho Popule
meus é alternado com 9 versículos contendo supostas queixas de Jesus contra o povo,
baseadas em informações do Antigo e do Novo Testamento. Na Adoração da Cruz é
Cristo vivo quem se refere ao povo, mas na Procissão do Enterro é o povo que chora sua
morte, o que sugere uma correspondência não acidental entre o assunto e a forma poéti-
ca dessas duas cerimônias.
Na segunda parte, diante do túmulo de Jesus, canta somente o coro (sem os ti-
ples que, na primeira parte, cantaram o estribilho Heu! Heu! Domine!). Existem, nas
fontes portuguesas, duas versões para esta ocasião: na primeira delas, descrita apenas
por Leonardo de São José (Economicon sacro, 1693)44 e por Francisco de Jesus Maria
Sarmento (Manual da Semana Santa, 1775),45 cinco versículos cantados pelo celebrante
são seguidos por cinco respostas do coro, como se pode observar no quadro 2.
44
SÃO JOSÉ, Leonardo de. Economicon sacro. Lisboa: Manoel Lopes Ferreyra, 1693, p.647-651.
45
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Manual da Semana Santa... Lisboa: Regia Officina Typogra-
fica, 1775, p.209-210.
46
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Manual da Semana Santa. Op.cit., p.209-210.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 17
47
MISSALE Bracharense. Lugduni: Petrus Fradin, 1558, f. XCVI.
48
MACEDO, João Campelo de. Thezouro de ceremonias... Braga: Francisco Duarte da Matta, 1734,
p.533-540.
49
CONCEIÇÃO, Bernardo da. O Eclesiástico instruido... Lisboa: Francisco Luis Ameno, 1788, p.448-
451.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 18
questra Lira Sanjoanense (São João del Rei - MG).50 Nesse caso, a omissão do Heu! Heu!
Domine! indica que os tiples estariam cantando o estribilho por outros papéis, não sendo
necessário sua inclusão em tal manuscrito (quadro 4).
50
OLS, sem cód. - “Enterro do Senhor”. Cópia de [Hermenegildo José de Souza Trindade?, São João del
Rei, 1ª metade do século XIX]: partes de S1A1 B1 / S2A2T2B2.
51
Jean Rousseau (1644 - após 1705) registrou uma variante desse texto, infelizmente sem indicação de
origem ou função: “Cythara mea versa est in luctum, et organum meum in vocem flectium”. Cf.: ROUS-
SEAU, Jean.Traité de la viole: Avec une préface de François Lesure. Genève: Minkoff reprint, 1975. p.4.
52
ACMSP P 118 C-1 - “Procissam / do Enterro do Senhor. / em Sexta fr.ª de Paixam. / a 4 Vozes. / De
Andre da S.ª Gomes / 1778.” Cópia de André da Silva Gomes, [São Paulo], 1778: parte de A.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 19
Heu!... Ai!...
c - Deduc quasi torrentem lacrimas per diem et c - Vertam teus olhos, dia e noite, torrentes de
noctem et non taceat pupilla oculi tui. lágrimas e não cessem de chorar.
Heu!... Ai!...
53
CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil: introduções e notas de Rodolpho Garcia, Bap-
tista Caetano e Capistrano de Abreu. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980 (Coleção Recon-
quista do Brasil, nova série, v.13). Doc. 3: “Informação da missão do P.Christovão Gouvêa às partes do
Brasil ou narrativa epistolar de uma viagem e missão jesuítica”, p.159.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 20
“Canta-se com voz terna o que vem a dizer: Ai! Ai! Senhor! Ai!
Salvador nosso! E o que mostra a Verônica do Senhor, diz assim: Ó vós
todos, que passais pelo caminho desta vida, vede e reparai, se há dor se-
melhante à minha dor?”
54
Cf.: 1) RÖWER, Basílio. Diccionario liturgico para o uso do Revmo. Clero e dos fieis. Petrópolis:
Typographia das “Vozes”, 1928. p.180; 2) PINTO, José Alberto L. de Castro. Dicionário prático de cul-
tura católica, bíblica e geral. IN: Bíblia sagrada: tradução do Padre Antônio Pereira do Nascimento. Rio
de Janeiro: Barsa, 1971. p.278.
55
Santo Ambrósio, no século IV, determinou que “Mulieres Apostolus in Ecclesia tacere jubet”. Cf.:
ROMITA, Sac. Florentius. Jus Musicæ Liturgicæ: dissertatio historico-iuridica. Roma: Ediuzioni Liturgi-
che, 1947. p.23.
56
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Manual da Semana Santa... op.cit., p.208.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 21
melodias até hoje conhecidas são quase sempre derivadas da estética operística italiana
dos séculos XVIII e XIX. O registro mais antigo até o momento encontrado do Canto da
Verônica, no Brasil, está no Livro de Despesas (1768-1819) da Irmandade do Santíssi-
mo Sacramento da Vila do Príncipe do Serro do Frio (MG).57 Trata-se do pagamento a
um cantor masculino em 15 de maio de 1779, no qual a palavra Verônica designa o per-
sonagem e não o retrato de Jesus:58
57
f. 35v.
58
LANGE, Francisco Curt. História da música na Capitania Geral de Minas Gerais: Vila do Príncipe do
Serro do Frio e Arraial do Tejuco. Belo Horizonte: Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais [Im-
prensa Oficial], 1983 [na ficha catalográfica: 1982] (História da Música na Capitania Geral das Minas
Gerais, v.8). p.39.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 22
viúvas) e outra como nos cerimoniais portugueses: “mater nostra vidua” (nossa mãe
está viúva). As indicações de origem podem ser observadas no quadro 6.
Quadro 6. Origem bíblica dos textos da primeira parte da Procissão do Enterro apre-
sentados pelos cerimoniais portugueses.
59
“Condenêmo-lo [o ímpio] a uma morte torpíssima, pois será considerado segundo o seu discurso”.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 23
Domine! foram baseados no segundo Responsório das Matinas do Sábado Santo, como
se pode observar no quadro 8.
O texto do Canto da Verônica, por sua vez, é de origem bíblica e litúrgica, sendo
cantado em quatro ocasiões, nos Ofícios de Trevas do Tríduo Pascal (quadro 9).
Quadro 10. Origem litúrgica dos versículos da segunda Parte (versão 1) da Procissão
do Enterro, apresentados pelos cerimoniais portugueses.
Quadro 11. Origem litúrgica dos versículos da segunda Parte (versão 2) da Procissão
do Enterro, apresentados pelos cerimoniais portugueses.
60
CONSTITUIÇÕES Primeiras do Arcebispado da Bahia. Op.cit., Livro Primeiro, Título XXXIII, n.119,
p.52-53. Mas nem sempre a Procissão do Enterro era celebrada após as Matinas e Laudes (ou Ofício de
Trevas) do Sábado Santo. Dois séculos mais tarde, em São Paulo, a Procissão do Enterro era prescrita
antes do Ofício de Trevas, de acordo com Benedicto de Freitas (Actos diocesanos - Aviso n.16: A Sema-
na Santa. Boletim Ecclesiastico: orgam official da Diocese de S. Paulo, São Paulo, ano 3, n.10, p.186-
187, abr. 1908): “Sexta-feira Santa - 17 de abril. [...] Às 6 horas da tarde: Procissão do Enterro do Se-
nhor, Sermão da Soledade pelo Revmo. Sr. Cônego Dr. João Evangelista Pereira Barros. Em seguida
Ofício de Trevas.”
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 25
suas posições originais, pelo Papa Pio XII (Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos
de 16 de novembro de 1955), gerando o que hoje se conhece como Semana Santa res-
taurada,61 as Matinas do Sábado Santo passaram a ser cantadas no próprio Sábado.
A segunda parte da Procissão do Enterro contém, então, uma espécie de resumo
das idéias mais expressivas do Ofício que acabara de ser cantado, adaptado a uma ceri-
mônia de maior apelo emocional e participação popular. E foi o próprio interesse popu-
lar por essa cerimônia que provocou sua permanência até o presente, enquanto os Ofí-
cios de Trevas, com raras exceções, estão praticamente extintos no Brasil.
Pela não consideração dessa cerimônia pré-tridentina, a composição para a se-
gunda parte da Procissão do Enterro, encontrada nos Livros de música polifônica n. 3 e
n. 4 do Paço Ducal de Vila Viçosa (Portugal), acabou sendo catalogada por Manoel
Joaquim62 e, posteriormente, por José Augusto Alegria,63 como oitavo Responsório das
Matinas do Sábado Santo. Baseando-se nas mesmas informações, Régis Duprat e Carlos
Alberto Balthazar também atribuíram a mesma composição, encontrada no manuscrito
da Coleção Curt Lange, às Matinas do Sábado Santo.64 A seqüência específica dos tex-
tos desses manuscritos, no entanto, jamais ocorre como tal nessa Hora Canônica, além
de estarem ausentes, em todos, os cinco versículos que, na Procissão do Enterro, são
cantados pelo celebrante (Æstimatus sum, Sepulto Domino, In pace factus est, In pace
in idipsum e Caro mea).
A presença de fragmentos musicais anônimos para os textos Dormiam et requi-
escam, Locus ejus e Requiescet in spe (exemplo 8), logo após o Æstimatus sum / cum
descendentibus, no Livro de música polifônica n. 4 do Paço Ducal de Vila Viçosa (f.
58v), não catalogados por Manoel Joaquim ou por José Augusto Alegria, somente cor-
robora a possibilidade de tratar-se esta de uma Procissão do Enterro e não do oitavo
Responsório das Matinas do Sábado Santo.
61
PINTO, José Alberto L. de Castro. Dicionário prático de cultura católica, bíblica e geral. In: Bíblia
sagrada: tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Nova edição, publicada com a aprovação de
Sua Eminência Cardeal D. Jaime de Barros Câmara. [Rio de Janeiro]: Edição Barsa, 1971. p.250, verbete
“Semana Santa”.
62
VINTE livros de música polifônica do Paço Ducal de Vila Viçosa: catalogados, descritos e anotados
por Manoel Joaquim. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1953. f. 53-56 e 70v-72r.
63
BIBLIOTECA do Palácio Real de Vila Viçosa: catálogo dos fundos musicais organizado por José
Augusto Alegria. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989. p.13-16.
64
MUSEU DA INCONFIDÊNCIA / OURO PRETO. Acervo de manuscritos musicais: coleção Francisco
Curt Lange: compositores mineiros dos séculos XVIII e XIX / coordenação geral: Régis Duprat; coorde-
nação técnica: Carlos Alberto Baltazar. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais. v.2
[Compositores não-mineiros dos séculos XVI a XIX], 1994 (Coleção Pesquisa Científica), n.298, p.47.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 26
6. Conclusão
8. Bibliografia
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 27
ALEGRIA, José Augusto. História da Capela e Colégio dos Santos Reis em Vila Viçosa. Lisboa: Funda-
ção Calouste Gulbenkian, Serviço de Música, 1983. XI, 367 p.
BIBLIOTECA do Palácio Real de Vila Viçosa: catálogo dos fundos musicais organizado por José Au-
gusto Alegria. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989. 466 p.
CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil: introduções e notas de Rodolpho Garcia, Baptista
Caetano e Capistrano de Abreu. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980. 206 p. (Coleção
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COELHO, Antônio. Curso de liturgia romana. 3 ed. Negrelos: Edições “Ora et Labora” / Mosteiro de
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CONSTITUIÇÕES Primeiras do Arcebispado da Bahia feitas, e ordenadas pelo Illustrissimo, e Reveren-
dissimo Senhor Sebastião Monteiro da vide, Arcebispo do dito Arcebispado, e do Conselho de Sua
Magestade: Propostas, e aceitas em o synodo Diocesano, que o dito Senhor celebrou em 12 de junho
do anno de 1707. Impressas em Lisboa no anno de 1719, e em Coimbra em 1720 com todas as Li-
cenças necessarias, e ora reimpressas nesta Capital. S. Paulo, na Typographia 2 de Dezembro de
Antonio Louzada Antunes. 1853. XXII, 9, 526, 171 p.
CORBIN, Solange. Essai sur la musique religièuse portuguaise au moyen age (1100-1385). Paris, So-
cieté D’Edition “Les Belles Lettres”, 1952. XL, 436 p. (Collection Portuguaise, v. 8)
DINIZ, Jaime. Gregório de Souza e Gouvea. III Encontro Nacional de Pesquisa em Música, 5 a 9 de
agosto de 1987, Ouro Preto, Minas Gerais. Anais; promoção: Escola de Música UFMG (DTGM),
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DUPRAT, Régis. A polifonia portuguesa no século XVIII em Minas Gerais. In: REZENDE, Maria Con-
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FREITAS, Benedicto de. Actos diocesanos - Aviso n. 16: A Semana Santa. Boletim Ecclesiastico: orgam
official da Diocese de S. Paulo, São Paulo, ano 3, n. 10, p. 186-187, abr. 1908
GRANDE enciclopédia portuguesa e brasileira: ilustrada com cerca de 15.000 gravuras e 400 estampas a
cores. Lisboa e Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Ltda., s.d. 40 v.
LANGE, Francisco Curt. História da música na Capitania Geral de Minas Gerais: Vila do Príncipe do
Serro do Frio e Arraial do Tejuco. Belo Horizonte: Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais
[Imprensa Oficial], 1983 [na ficha catalográfica: 1982]. 470 p. (História da Música na Capitania Ge-
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LEITE, Serafim. Monumenta Brasiliae I-V (1539-1568). Roma: Monumenta Historica S.I., 1956-1968.
5v. (Monumenta Historica Societatis Iesu a Patribus Eiusdem Societatis Edita, volumen 79-81, 87,
99. Monumenta Missionum Societatis Iesu, v. X-XII, XVII, XXVI. Missiones Occidentales)
LIBER Usualis Missæ te Officii pro Dominicis et Festis cum canto gregoriano ex Editione Vaticana
adamussim excerpto et rhythmicis signis in subsidium cantorum a Solesmensibus Monachis dili-
genter ornato. Parisiis, Tornaci, romæ: Typis Societatis S. Joannis Evangelistæ descelée & Socii,
1950. xxix, 1920, 14, 12, 10 p.
MACEDO, João Campelo de. Thezouro De Ceremonias, Que Contem As Das Missas Rezadas, e Solem-
nes, assim de Festas, como de Defuntos. E Tambem As da Semana Santa, quartafeira de cinza, das
Candeyas, Ramos, e Missas de Natal. COM O que toda à Sagraçaõ dos Bispos, suas Missas reza-
das; e dos Capellaês em sua prezença. E tudo o mais, que póde succeder pelo discurso do Anno,
com advertencias particulares para melhor intelligencia das Rubricas, e outras curiozidades mais.
Composto Pelo Lecenciado Joam Campello De Macedo Thezoureyro Mór, que foy da Capella Real.
Segunda Vez Acrescentado Nesta impressaõ com algumas rezoluçoês modernas na maneira da Re-
za: com huma direcçaõ para os Domingos Terceyros: Fórma de receber o Prelado vizitando, ou
outro Vizitador inferior; e algûa noticia do Rito Bracharense. Tudo Pelo Conego Joaõ Duarte Dos
Santos, Prebendado na Santa Sè de Braga Prrimaz das Hepanhas, natural da Corte, e Cidade de
Lisboa, e à sua custa impresso. Em Braga: Na Officina de Francisco Duarte Da Matta. Anno de
1734. Com todas as licenças necessarias, e Privilegio Real. 8 f. inum, 642 p., 68 f. não num.
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 28
NERY, Ruy Vieira. A música no ciclo da “Bilioteca Lusitana”. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
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MUSEU DA INCONFIDÊNCIA OURO PRETO. Acervo de manuscritos musicais: coleção Francisco
Curt Lange: compositores mineiros dos séculos XVIII e XIX coordenação geral: Régis Duprat; co-
ordenação técnica: Carlos Alberto Baltazar. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais.
v. 1 [Compositores Mineiros dos séculos XVIII e XIX], 1991, 178 p. e v. 2 [Compositores não-
mineiros dos séculos XVI a XIX], 1994, 92 p. (Coleção pesquisa Científica)
O SACROSANTO, e Ecumênico Concílio de Trento em latim e portuguez: dedicado e consagrado aos
exell., e Rev. Senhores Arcebispos, e Bispos da Igreja Lusitana. Nova Edição. Rio de Janeiro, Li-
vraria de Antônio Gonçalves Guimarães & C.ª, 1864. 630 p.
PINTO, José Alberto L. de Castro. Dicionário prático de cultura católica, bíblica e geral. In: Bíblia sa-
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ROSÁRIO, Domingos do. THEATRO / ECCLESIASTICO, E / MANUAL DE MISSAS / OFFERECIDO /
Á / VIRGEM SANTISSIMA, / SENHORA NOSSA / COM O SOBERANO TITULO DA IMMACULA-
DA / CONCEIÇÃO: ORDENADO POR SEU AUTHOR / O P. Fr. DOMINGOS DO ROSARIO, /
Filho da Provincia de Santa Maria da Arrabida, e primeiro Vigario / do Coro, que foi do Real
Convento de Mafra. / PARTE SEGUNDA, / NOVAMENTE DIVIDIDA, EM QUE SE TRATA DE
TODAS / as Missas Dominicaes, desde a primeira Dominga do Advento até á ul-/tima depois de
Pentecostes, Festas de Christo, de Nossa Senhora, Mis-/sas proprias de Santos, e dos Communs,
Kyrie, Gloria &c. para to-/das as Solemnidades. Tudo correto, e acrescentado com as quatro / Mis-
sas das Domingas Infra octavas do Natal, Epifania, Ascenção, e / Corpus Christi, Vigilia de Pente-
costes, vinte e tres domingas depois / de Pentecostes, sinco depois da Pascoa, tres depois da Epifa-
nia, Trans-/figuração de Christo, Exaltação da Cruz, Anniversário de Dedicação / da Igreja, e do
Patrocinio de S. José para os Regulares. / Dado ao prélo pelo Illustrissimo, e Excellentissimo Se-
nhor Duque do / Cadaval, Syndico Geral da sobredita Provincia. / Oitava impressão. / [grav.] /
LISBOA: / Na Officina de SIMÃO THADDEO FERREIRA. / ANNO M. DCC. LXXXVI. [1786] /
Com Licença da Real Meza Censoria, e Privilegio Real. 3 f. não num., 573 p., 1 f. não num.
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naõ só dos Conegos Re-grantes Augustinianos da Congregaçaõ de S. Cruz de Coimbra, mas tam-
bem de todo o Clero. [gravura do pilar encimado por coroa e ladeado por dois anjos] Haec Est Sola
& Non Plvs Vltra. Consagrado A’ Soberana E Imperial Senhora Do Pilar Oraculo Divino Do Uni-
verso, Pelo Cappelaõ da Sua [Cappella Dom Leonardo] de S. Joseph, Olys-ponense, Conego Re-
grante [Augustiniano], et Pregador de S. Mag. Lisboa: Na Officina de Manoel Lopes Ferreyra Com
todas as licenças necessarias. Anno 1693. Com Privilegio Real. 12 f. inumeradas, 696 p.
SÃO LUIZ, Antonio de. Mestre De Ceremonias, Que Ensina O Rito Romano, E Serafico Aos Religiosos
Da Reformada, E Real Provincia Da Conceição No Reyno De Portugal, Exposto Em Duas Unicas
Classes Para utilidade tambem dos mais Ecclesiasticos, que praticão os mesmos ritos, Pelo M. R.
P. M. Fr. Antonio De S. Luiz, Ex-Leitor De Theologia, E Padre Da Mesma Provincia. Terceira im-
pressão Mais correcta, e notavelmente accrescentada com algumas Li-ções, varias Doutrinas,
muitas Declarações da Sagrada Con-gregação, e Determinações novissimas do N. SS. P. Pio VI.
Por Hum Filho Da Sobredita Provincia. [grav.] Lisboa: Na Officina De Simão Thaddeo Ferreira.
Anno de M. DCC. LXXXIX. [1789] Com Licença da Real Mesa da Commissão Geral, sobre o
Exame e Censura dos Livros. 4 f. não num., 450 p.
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Manual Da Semana Santa Para Os Officios Ecclesiasticos, que
se celebrão nas Horas Matutinas dos veneraveis Dias De Domingo De Ramos, Quinta Feira Santa,
CASTAGNA, Paulo. A procissão do enterro: uma cerimônia pré-tridentina na América Portuguesa 29
E Sesta Feira Da Paixão. Traduzidos no idioma Portuguez Para espiritual consolação, e proveitosa
intelligencia dos que ignorão a Lingua Latina. Ajuntão se algumas Orações para antes, e depois
dos Santos Sacramentos da Peni-tencia, e Eucaristia, e para visitar de-votamente as Igrejas: E va-
rias Illustrações Históricas, e Reflexões Moraes sobre os Mysterios, que se recordão em toda esta
Semana até Domingo de Pascoa. Por Fr. Francisco De Jesus Maria Sarmento, Comissionario da
Veneravel Ordem Terceira do Convento de Nossa Senhora de Jesus de Lisboa. LISBOA: Na Regia
Officina Typografica Anno MDCCLXXV [1775]. Com Licença da Real Meza Censoria. 261 p.
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MO, E REVERENDISSIMO / SENHOR / DOM IOAM DE MELLO / BISPO DE COIMBRA, CON-
DE DE ARGA-/nil, Senhor de coja do Cõselho de S. Magestade &c. / COMPOSTA / POR MATHI-
AS DE SOUSA VILLA-LOBOS / Natural da Cidade de Elvas Bacharel formado em Leys, / pella
Vniversidade de Coimbra, & Mestre da / Capella da See da mesma Cidade. EM COIMBRA / Com
todas as licenças necessarias. / Na Officina de MANOEL RODRIGUES DE ALMEYDA / Anno de
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VINTE livros de música polifônica do Paço Ducal de Vila Viçosa: catalogados, descritos e anotados por
Manoel Joaquim. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1953. XXXI, 300 p.