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As Panquecas de Mama Panya Guia de Leitura

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As panquecas de Mama Panya

Mary e Rich Chamberlin


Ilustrações Julia Cairns
Tradução Cláudia Ribeiro Mesquita
Guia de leitura
para o professor

48 páginas

A história

Tema
Solidariedade, generosidade e vida comunitária: estes são os
temas deste livro. A história, que se passa no Quênia, mostra que,
quando se pode contar com os amigos, os problemas se resolvem
sem muita dificuldade.
Na África, compartilhar uma refei­­ção com os amigos é mui-
to importante. Quan­­­­­­do várias pessoas contribuem para que essa
refeição seja possível, o espírito fraterno é maior ainda. De fato,
a mensagem principal do livro é: o que importa não é quanto a
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pessoa tem, mas sua disposição em compartilhar isso com os ou-


tros; basta querer dividir o que se possui (pouco ou muito) para
receber a mesma gentileza de volta.
As panquecas de Mama Panya Mary e Rich Chamberlin

Resumo
O lugar A história se passa no Quênia, país do leste da África (ou Áfri-
Fatos geográficos e históricos ca oriental). Mama Panya e seu filho, Adika, se preparam para ir
Situado na África oriental, o Quênia ao mercado. Adika veste sua melhor roupa, e Mama Panya guarda
faz fronteira com a Etiópia (ao norte),
as panelas, pega a bolsa e calça as sandálias. Quando Adika per-
o Sudão (a noroeste), a Somália (a
gunta à mãe o que ela vai comprar no mercado, a resposta é: “Um
leste), a Tanzânia (ao sul) e Uganda (a
oeste). A oeste, fica ainda o lago Vitória,
pouco e um pouquinho mais”. O menino imagina que a mãe fará
que pertence ao Quênia e outros panquecas, e ela confirma que a intenção é justamente essa.
dois países (Tanzânia e Uganda) e é o No caminho, mãe e filho encontram vários amigos e vizinhos,
terceiro maior do mundo. A sudeste, no entre os quais Mzee Odolo, Sawandi, Naiman, Gamila, Bwana
oceano Índico, fica o litoral queniano, Zawenna e Rafiki Kaya, que acabam sendo convidados por Adika
onde se localiza Mombassa, a cidade a comer panquecas com eles. Mama Panya fica preocupada, te-
mais importante do país (devido ao mendo que a comida não seja suficiente para alimentar todos
turismo), que abriga o maior porto da
eles. Afinal, ela dispõe de apenas duas moedas para comprar os
África oriental. A capital, Nairóbi, fica
ingredientes de que necessita para as panquecas.
no centro do Quênia e reúne muitas
escolas, universidades e hospitais. Entretanto, os convidados chegam trazendo, um a um, alimen-
tos para incrementar a refeição: leite, manteiga, farinha, peixe, ba-
A população queniana, de cerca de 35
nana, sal e cardamomo, usado como condimento. Eles comem
milhões de habitantes (pouco menos que
a do Estado de São Paulo), não se distribui
à sombra de um baobá, árvore da qual tudo se aproveita, desde
uniformemente pelo país (que é menor as folhas até o tronco. Em seguida, Rafiki Kaya toca seu mbira
que Minas Gerais). Ela concentra-se no (piano de dedo polegar), e Mzee Odolo canta para completar a
sul e no centro do Quênia; o norte é a confraternização. Logo fica claro que as panquecas satisfazem a
região menos povoada. São comuns as todos os convidados e que novos encontros virão para comemo-
aldeias com poucos moradores, como a rar a solidariedade na aldeia africana.
que está retratada em As panquecas de
Mama Panya.

A geografia física é diversificada.


Acima da linha do equador, o relevo A caminho do mercado, Adika e Mama Panya vêem
se caracteriza pelas planícies. Ao sul, lagartos, acácias, baobás, gado bovino e outros animais
destacam-se as montanhas; ali, a 5.895 e plantas comuns na região.
metros de altitude (o ponto mais alto Os principais produtos agrícolas são chá, café
da África), está o monte Kilimanjaro, (importantes para a exportação), milho, trigo, laranja,
próximo à fronteira com a Tanzânia. banana, abacaxi, abacate, girassol, soja, sisal, algodão,
Esse pico, que pode ser escalado sem coco, cana-de-açúcar, batata, tomate, cebola, arroz,
nenhum equipamento especial, ergue- feijão, mandioca e caju.
se em meio às savanas, onde vivem
A indústria queniana produz plásticos, derivados de
leões, girafas, elefantes, gnus (antílopes
petróleo, tecidos, cimento, produtos metalúrgicos e
encontrados no leste da África), zebras,
alimentos processados. A economia também depende
macacos, girafas, hipopótamos, búfalos
muito do turismo, sobretudo no litoral, em Mombassa, e
e flamingos, entre outros animais que
na savana.
atraem turistas do mundo inteiro. O
monte Quênia é a segunda montanha O Quênia esteve sob domínio da Inglaterra durante mais
mais alta da África. de setenta anos e só obteve a independência em 1963.


As panquecas de Mama Panya Mary e Rich Chamberlin

A narrativa
O texto é narrado em terceira pessoa, e os protagonistas são o
Hábitos e costumes menino Adika e sua mãe, Mama Panya. As demais personagens
O Quênia é formado de diversas são importantes, porque permitem que a conclusão seja positiva
sociedades, cada uma com língua e (o banquete ocorre ao final do livro) e porque ajudam a compreen-
cultura próprias. O idioma mais usado der como se vive naquela região.
no país é o kiswahili, que significa
Escrita por Rich e Mary Chamberlin, a história, que poderia
“falando a língua do povo do litoral”
se passar em qualquer tempo (não há nenhuma referência tem-
(a palavra árabe swahili significa
poral explícita), acontece num espaço em que a vida comunitária
“litorâneo” e originariamente descrevia
é bastante valorizada.
as pessoas que os comerciantes
árabes visitantes encontravam ali). O
kiswahili é uma mistura do banto com
o árabe. Como outros países da região
falam a mesma língua, isso facilita a
comunicação entre eles e possibilita
certa identidade cultural.

Alguns termos do kiswahili têm origem no


português: leso vem de lenço; meza, de
mesa; mvinyo (pronuncia-se “imvinho”),
de vinho; parafujo (pronuncia-se
“parafudjo”), de parafuso.

Falam-se ainda o inglês e diversas outras


línguas e dialetos locais.

A culinária é rica e varia de acordo com


a região e com a sociedade. Também é
influenciada pelos produtos alimentícios
mostradas, destacam-se a dos massais, representada por
mais representativos de cada área. No Sawandi e Naiman, que cuidam do gado e levam para
norte do país, onde a caça é muito a casa de Adika duas cuias de couro com leite e um
praticada, a alimentação baseia-se pequeno balde com manteiga. De fato, carne e leite são
na carne. No sul, como há grande a base da alimentação dos massais, conhecidos por suas
produção de caju, a castanha é a base vestimentas vermelhas. Eles vivem, sobretudo, na Tanzânia
de muitos pratos. e no Quênia e falam uma língua própria (embora também
O mercado (feira) é aonde se vai para usem muito o kiswahili).
comprar produtos para o dia-a-dia. As ilustrações mostram outras cenas comuns na África
É também o ponto de encontro dos oriental, como mulheres carregando às costas crianças
moradores de aldeias próximas. presas por panos (isso permite que as mães realizem outras
As cores vivas das ilustrações de Julia atividades ao mesmo tempo que tomam conta dos filhos).
Cairns retratam uma aldeia no leste da Manifestações culturais
África e o caminho para o mercado, A música é parte das confraternizações e de muitas das
ao longo do qual se vêem não só manifestações espirituais entre os africanos. Nessa história,
as pessoas, mas também animais e destaca-se o mbira, instrumento tocado por Rafiki Kaya
paisagens da região. Entre as sociedades após a refeição coletiva à sombra do baobá.


As panquecas de Mama Panya Mary e Rich Chamberlin

Atividades para a sala de aula

Antes da leitura
Recomenda-se contextualizar geograficamente a narrativa, ex-
plicando que a história se passa numa aldeia do Quênia. Para falar
do aspecto geográfico e histórico, pode-se mostrar aos alunos o
mapa impresso no livro, que traz a localização de países como o
Quênia, Uganda, a Tanzânia, a Somália, a Etiópia e o Sudão.
Sugere-se que, em seguida, se pergunte aos alunos o que eles
sabem sobre aquela região africana e, em particular, sobre o Quê-
nia. É interessante informar que muitos atletas consagrados em
competições esportivas por todo o mundo são quenianos. Vários
deles venceram corridas no Brasil. O queniano Paul Tergat é o
atleta que venceu a corrida de São Silvestre mais vezes (a prova
de rua mais tradicional da América Latina, realizada anualmente
em São Paulo): ele ganhou cinco vezes.
Sugere-se também explicar aos alunos que, de acordo com es-
tudos recentes, a origem do homem se deu na África, milhões
de anos atrás. Segundo essa teoria, ele teria depois migrado para
outras regiões do planeta. Por isso, hoje em dia é comum chamar
esse continente de “Mãe África”. Muitos europeus demoraram
a aceitar essa idéia (que os escritos do cientista Charles Darwin
sugeriam já no século XIX), pois queriam que a Europa fosse o
berço da humanidade. Convém explicar que, perto do local onde
se passa a história de Mama Panya, viveram alguns desses nossos
ancestrais mais antigos. Compreende-se, assim, que nossa liga-
ção com a África é profunda e que podemos continuar a apren-
der com aquele continente, como bem mostra o livro.
Recomenda-se ainda indicar num mapa a proximidade entre
a África e o Brasil (muito embora a história do livro se passe no
lado leste do continente, próximo do oceano Índico, portanto
longe do Atlântico).
Sugere-se também verificar se os alunos conhecem o signifi-
cado de algumas palavras menos usuais que aparecem no livro e,
caso surjam dúvidas, explicá-las.

Após a leitura
a. Perguntar aos alunos se já ouviram o ditado “A união faz a
força”. O que eles entendem quando se fala disso? Alguém
lembra um caso em que várias pessoas se juntaram para aju-
dar alguém, resolver um problema ou simplesmente promo-
ver uma festa? Quando várias famílias organizam um almoço
ou jantar, num fim de semana ou num evento especial, como
aniversário, feriado nacional ou comemoração religiosa (Na-


As panquecas de Mama Panya Mary e Rich Chamberlin

tal, Páscoa, Pessach, Ramadã), é comum que cada uma leve


um prato. Isso também acontece na África, porém com mais
freqüência. Nessas ocasiões, cada um leva um pouco, e ao fi-
nal, quando se juntam todas as contribuições, o pouco vira
muito. Pode-se sugerir que os alunos organizem uma refeição
(talvez um simples lanche), não apenas para amigos e familia-
res, mas também para aqueles que não têm condição de com-
prar o próprio alimento. É uma boa maneira de demonstrar
solidariedade, tão presente na trama do livro.
b. Propor uma confraternização (ou seja, uma demonstração de
fraternidade) entre os alunos: cada criança pode trazer um
prato de doce ou salgado, sanduíches ou suco, entre outras
coisas, para que todos percebam como é bom compartilhar
uma refeição, mesmo que não haja nenhuma razão específica
para a comemoração. Explicar que, por exemplo, quando al-
guém leva uma lata de leite condensado à casa de um amigo
para misturá-la com chocolate em pó, ambos estão compar-
tilhando o alimento. Explicar também que o livro nos mos-
tra como a solidariedade fortalece as pessoas: Mama Panya,
que mal tem dinheiro para alimentar o filho, no fim consegue
fazer comida para todos os convidados, graças à colabora-
ção deles. A cooperação é bem-vinda até quando o anfitrião
aparentemente não tem problemas financeiros. No Quênia, o
princípio da cooperação é tão importante que uma expressão
comumente usada é harambee, que significa “união, esforço
coletivo, ação conjunta”. É comum num dia um grupo ajudar
a reformar uma casa ou construir uma clínica e, em outro,
ajudar a fazer o plantio ou a colheita, por exemplo.
c. Explicar aos alunos que a língua mais falada no Quênia é o
kiswahili e propor que eles imaginem que estão naquele país.
Para dizer “Oi” a alguém, podem repetir Jambo (pronuncia-se
“djambo”). Se querem perguntar como a pessoa vai, dizem Ha-
bári, e a resposta será Mzuri, “Tudo bem”. Já para agradecer um
convite, um pedaço de chocolate ou qualquer outra oferta, diz-
se Asante, “Obrigado”, ou Asante sana, “Muito obrigado”. Du-
rante a confraternização proposta acima, pode-se perguntar aos
alunos o que diria um africano da aldeia de Adika para agrade-
cer. Em vez de “Obrigado”, ele diria... Asante ou Asante sana.
d. Pode-se perguntar às crianças em que ocasiões elas gostam de
usar roupas especiais. Da mesma forma que no Brasil elas cos-
tumam vestir suas melhores roupas para ir a uma festa, sair
no fim de semana ou comparecer a uma cerimônia religiosa,
em várias partes da África ir ao mercado é uma ocasião es-
pecial. Por isso, Adika põe sua melhor camiseta e seu melhor
calção para acompanhar Mama Panya.


As panquecas de Mama Panya Mary e Rich Chamberlin

Sugestões bibliográficas
Para o professor
AIRTON, O. Aventura no topo da África: trekking no Kiliman-
jaro. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Narra a jornada do autor rumo ao pico do Kilimanjaro, o
ponto mais alto do África.
HAFNER, D. Sabores da África: receitas deliciosas e histórias
apimentadas da minha vida. São Paulo: Selo Negro, 2000.
Nascida na África, a autora apresenta diversas receitas asso-
ciadas a personagens que participaram da história de sua vida.
FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. A África ensinando a gente. São
Paulo: Paz e Terra, 2003.
Narra as experiências vividas por Paulo Freire na África e como
elas mudaram a educação naquele continente. A obra apresenta
ainda as contradições e as dificuldades encontradas por lá.
HERNANDEZ, L.L. A África na sala de aula: visita à história
contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
Analisa o domínio europeu e a resistência dos nativos até a
formação dos Estados nacionais. Mostra a África como um en-
trelaçamento de diversas cultu­ras e processos históricos, com
identidades complexas e, por vezes, contraditórias.

Sites
www.panapress.com
Site com notícias sobre cultura, política e agricultura do con-
tinente africano. A agência de notícias Panapress, com sede em
Dacar, no Senegal, foi criada por iniciativa da imprensa privada
de vários países africanos. O site é atualizado diariamente e pos-
sui versões em português, inglês e francês.
www.africadebate.iscte.pt
Site de uma associação internacional de pesquisadores que
desenvolvem trabalhos sobre a África. Possui versões em portu-
guês, inglês e francês.

Elaboração do guia Paulo Daniel Farah (professor na


faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da

USP, onde leciona literatura árabe); preparação Norma


Marinheiro; revisão Carla Mello Moreira, Carmen Olivieri

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