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BIM de Redes de Drenagem Urbana

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Modelação BIM de redes prediais de

drenagem adaptada ao processo de


licenciamento de edifícios

TIAGO JOÃO CORREIA VAZ LOPES

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de


MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES

Orientador: Professor Doutor Nuno Manuel Monteiro Ramos

Coorientador: Engenheiro Manuel António Duarte Rodrigues

SETEMBRO DE 2020
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2019/2020
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-508 1446
 miec@fe.up.pt

Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Rua Dr. Roberto Frias
4200-465 PORTO
Portugal
Tel. +351-22-508 1400
Fax +351-22-508 1440
 feup@fe.up.pt
 http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja mencionado
o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2019/2020 -
Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
Porto, Portugal, 2020.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o ponto de vista do


respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relação a
erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo Autor.
Aos meus Pais, Namorada, Família e Amigos

" O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."


Winston Churchill
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

AGRADECIMENTOS
Passados 5 anos deste que entrei nesta instituição, só posso agradecer a todos as pessoas que, de alguma
forma, contribuíram para me tornar a pessoa que sou hoje.
Ao meu orientador, Professor Doutor Nuno Manuel Monteiro Ramos, que foi sempre uma ajuda na
elaboração deste documento, que me esclareceu todas as dúvidas que tinha e me aconselhou de todas as
maneiras possíveis, de forma a tornar este trabalho o mais completo possível.
À A400 e todos os seus profissionais que me ajudaram e, em especial, ao Engenheiro Manuel Rodrigues,
por toda a ajuda que me proporcionou ao longo destes meses. Contactar de perto com uma empresa
desta dimensão, conhecer as pessoas e as suas experiências foi muito importante e enriquecedor. Mesmo
em tempos de pandemia, arranjaram-se alternativas de forma a poder concluir, com sucesso, este
trabalho.
Aos meus pais e restante família, por todo o apoio incondicional e sacrifícios ao longo de todos estes
anos, e por ajudarem a tornar-me na pessoa que sou hoje.
À minha namorada Rita, que sem ela não seria a pessoa confiante que sou hoje. Obrigada por me
ajudares a ser o mais perfecionista possível e por acreditares sempre nas minhas capacidades.
Por fim, mas não menos importante, aos meus amigos da faculdade, que conheci ao longo deste anos e
que me proporcionaram experiências fantásticas e que vão ficar para a vida toda.
Obrigado a todos.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

RESUMO
A implementação das tecnologias BIM na indústria AEC veio ajudar os projetistas a ultrapassar
problemas com que normalmente se deparavam. Erros de projeto, de medições e de compatibilização
eram usuais acontecer usando as metodologias tradicionais, ou que até então eram utilizadas
globalmente. Porém, o BIM trouxe vantagens no que toca à compatibilização entre as diferentes
especialidades de projeto, e também na questão da visualização do resultado final, abrindo a
possibilidade de discutir diferentes alternativas, chegando à solução mais viável técnica e
economicamente.
Utilizou-se para o caso de estudo um projeto de um edifício localizado em Lisboa. Utilizando o software
Revit, procedeu-se à modelação das redes prediais de drenagem residual doméstica e pluvial e também
ao seu dimensionamento. Selecionou-se um exemplo que não fosse muito extenso nem complexo, mas
que, por sua vez, demonstrasse que é possível aplicar as metodologias propostas em ambas as redes de
drenagem em estudo. Por último, preparou-se o respetivo projeto de licenciamento, tendo em conta a
entidade licenciadora em questão.
De forma a demostrar as capacidades do BIM na elaboração de projeto, adotou-se uma metodologia que
se focou no alcance da interoperabilidade entre 3 softwares diferentes – o Revit, o Excel e o Dynamo.
Isto permitiu a construção de processos que tornem mais eficaz a elaboração de projetos de engenharia,
tais como scripts no Dynamo que permitem tornar o processo de modelação mais rápido e eficiente.
Procurou-se também perceber de que forma é realizado um projeto de licenciamento de acordo com o
local onde vai ser feito o projeto, e de que forma esse local condiciona a preparação do respetivo
processo.
Chegou-se à conclusão que os scripts criados ajudaram no processo de modelação e podem também ser
usados futuramente noutros projetos, sendo necessário apenas adaptar o scipt criado. Também se
percebeu que, no que diz respeito às entidades licenciadoras, elas ainda não estão preparadas para
receber os projetos em BIM, tendo o projetista que exportar os desenhos do Revit para formatos DWG
e PDF, regredindo de certa forma no que toca ao objetivo final de maturidade BIM.

PALAVRAS-CHAVE: BIM, Interoperabilidade, Redes de Drenagem, Projeto, Licenciamento

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

ABSTRACT
The implementation of BIM technologies in the AEC industry has helped designers to overcome
problems they normally faced. Design, measurement and compatibilization errors were common to
occur using traditional methodologies, or the ones that were used globally. However, BIM brought
advantages in terms of compatibilization between different design specialties, and also in terms of
visualizing the final result, opening the possibility of discussing different alternatives, reaching the most
technically and economically feasible solution.
For the case study a project of a building located in Lisbon was used. Using the Revit software, we
proceeded to the modelling of the domestic and pluvial residual drainage networks and also to their
dimensioning. An example was selected which was not very extensive or complex, but which in turn
demonstrated that it is possible to apply the proposed methodologies to both drainage networks under
study. Finally, the respective licensing project was prepared, considering the licensing entity in question.
In order to demonstrate the capabilities of BIM in project design, a methodology was adopted that
focused on achieving interoperability between 3 different softwares - Revit, Excel and Dynamo. This
allowed the construction of processes that make the elaboration of engineering projects more effective,
such as scripts in Dynamo that make the modeling process faster and more efficient. It was also tried to
understand how a licensing project is carried out according to the place where the project will be done,
and how this place conditions the preparation of the respective process.
It was concluded that the scripts created helped in the modeling process and can also be used in other
projects in the future, only adapting the created scipt is necessary. It was also realized that, as far as the
licensing entities are concerned, they are not yet prepared to receive the projects in BIM, with the
designer having to export the Revit drawings to DWG and PDF formats, going back a bit in terms of the
BIM maturity final objective.

KEYWORDS: BIM, Interoperability, Drainage Systems, Project Design, Licensing

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... I
RESUMO .................................................................................................................................III
ABSTRACT .............................................................................................................................. V

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1. MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS ................................................................................................. 1
1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................... 2

2. BIM EM REDES PREDIAIS DE DRENAGEM ................................................. 3


2.1. BIM ................................................................................................................................. 3
2.1.1. O QUE É? ...................................................................................................................... 3
2.1.2. DIMENSÕES DO BIM ....................................................................................................... 7
2.1.3. INTEROPERABILIDADE..................................................................................................... 9
2.1.4. LOD’S – ESPECIFICAÇÕES DO MODELO ......................................................................... 11
2.1.5. ADOÇÃO BIM NA EUROPA E NO RESTO DO MUNDO ........................................................ 11
2.1.6. REVIT .......................................................................................................................... 12
2.1.6.1. FAMÍLIAS DE OBJETOS............................................................................................... 13
2.1.6.2. SCHEDULES.............................................................................................................. 14
2.1.6.3. WORKFLOWS ............................................................................................................ 15
2.1.6.4. DYNAMO................................................................................................................... 15
2.1.7. CONTEXTO ATUAL........................................................................................................ 15
2.1.8. IMPLEMENTAÇÃO BIM EM CONTEXTO EMPRESARIAL ....................................................... 16
2.2. REDES PREDIAIS DE DRENAGEM RESIDUAL ...................................................................... 18
2.2.1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 18
2.2.2. CONCEITOS GERAIS ..................................................................................................... 20
2.2.3. DIMENSIONAMENTO ..................................................................................................... 25
2.2.3.1. DIMENSIONAMENTO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL ........................................................ 25
2.2.3.2. DIMENSIONAMENTO DA REDE RESIDUAL DOMÉSTICA .................................................. 28
2.2.4. FASES DE PROJETO ..................................................................................................... 29

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3. METODOLOGIA....................................................................................................... 31
3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 31
3.2. METODOLOGIA PROPOSTA .............................................................................................. 32
3.2.1. FLUXOGRAMAS ............................................................................................................ 32
3.2.2. DESCRIÇÃO DO TRABALHO A REALIZAR (REVIT + EXCEL + DYNAMO) ............................... 35
3.2.3. OBJETOS REVIT A UTILIZAR........................................................................................... 39
3.2.4. DEFINIÇÃO DOS APRESENTÁVEIS................................................................................... 39

4. CASO DE ESTUDO ................................................................................................ 41


4.1. APRESENTAÇÃO DO CASO DE ESTUDO ............................................................................ 41
4.2. DOCUMENTOS ESSENCIAIS PARA O INÍCIO DO PROJETO .................................................... 44
4.3. PROCESSO DE MODELAÇÃO............................................................................................ 46
4.3.1. REDE DE DRENAGEM RESIDUAL PLUVIAL....................................................................... 46
4.3.2. REDE DE DRENAGEM RESIDUAL DOMÉSTICA ................................................................. 54
4.4. OBJETOS REVIT UTILIZADOS ........................................................................................... 59
4.5. DESAFIOS ENCONTRADOS .............................................................................................. 59
4.6. SOLUÇÕES UTILIZADAS ................................................................................................... 60
4.6.1. REDE DE COLETORES SUSPENSOS ................................................................................ 60
4.6.2. USO DE UMA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA COMPACTA ............................................................. 61
4.6.3. PESCOÇO DE CAVALO .................................................................................................. 62
4.7. PREPARAÇÃO DOS OUTPUTS ........................................................................................... 62
4.8. PREPARAÇÃO DO PROCESSO DE EMISSÃO ...................................................................... 64

5. RESULTADOS ......................................................................................................... 67
5.1. REDE PREDIAL FINAL ..................................................................................................... 67
5.2. SCRIPTS DYNAMO .......................................................................................................... 73
5.2.1. SCRIPT A – INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DAS CALEIRAS ............................................ 74
5.2.2. SCRIPT B – INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL + REDE RESIDUAL
DOMÉSTICA ENTERRADA......................................................................................................... 76

5.2.3. SCRIPT C – INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DO RESTO DA REDE RESIDUAL DOMÉSTICA ... 80


5.3. QR CODE....................................................................................................................... 83

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

6. RESULTADOS ......................................................................................................... 85
6.1. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 85
6.2. CONSIDERAÇÕES FUTURAS ............................................................................................. 86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 87

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 – GRÁFICO DOS DESVIOS DE CUSTOS E TEMPO DE EXECUÇÃO EM VÁRIOS PROJETOS
INTERNACIONAIS (GOLDSTEIN, 2018) ............................................................................................................ 3
FIGURA 2 - SIGNIFICADO DE BIM (AZHAR, KHALFAN E MAQSOOD, 2012) .............................................................................. 5
FIGURA 3 - DIFERENÇA ENTRE O PROCESSO TRADICIONAL E O PROCESSO BIM (AZHAR, KHALFAN E MAQSOOD, 2012) .................... 5
FIGURA 4 - PERDA DE VALOR DURANTE A VIDA ÚTIL DOS EDIFÍCIOS. ADAPTADO DE (BERNSTEIN, 2005) ........................................ 6
FIGURA 5 – DIMENSÕES BIM (ADAPTADO DE (KAMARDEEN, 2010; SMITH, 2014)) ................................................................ 7
FIGURA 6 - CURVA DE FASE DE PROJETO VS INFLUÊNCIA DA SEGURANÇA (KAMARDEEN, 2010) .................................................... 9
FIGURA 7 - LOGÓTIPO DA BUILDINGSMART (BUILDING SMART, 2020) ................................................................................ 9
FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DO FORMATO IFC (BIM CORNER, 2020) ........................................................................................ 10
FIGURA 9 - MODO DE FUNCIONAMENTO DE UM IFC (BIM CORNER, 2020) .......................................................................... 10
FIGURA 10 - ESFORÇO DE MODELAÇÃO EM FUNÇÃO DO LOD PRETENDIDO (MARTINS, 2019A) ................................................ 11
FIGURA 11 - RESULTADO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO (CHAREF ET AL., 2019) .................................................................... 12
FIGURA 12 - MAPA COM O RESULTADO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO (CHAREF ET AL., 2019) ................................................. 12
FIGURA 13 - FERRAMENTAS PLUMBING & PIPING DO REVIT ............................................................................................... 13
FIGURA 14 - JANELA DE PROPRIEDADES DE UMA TUBAGEM NO REVIT ................................................................................... 14
FIGURA 15 – ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS SCHEDULES ...................................................................................................... 14
FIGURA 16 - ORGANIZAÇÃO INTERNA DA EMPRESA (ADAPTADO DE ANDRÉ SILVA (2016)) ....................................................... 16
FIGURA 17 - FLUXOGRAMA QUE TRADUZ A METODOLOGIA ADOTADA PARA A IMPLEMENTAÇÃO BIM NA EMPRESA A400 (ADAPTADO
DE ANDRÉ SILVA (2016)) .................................................................................................................................... 17
FIGURA 18 - SISTEMA DE DRENAGEM GRAVÍTICO (PEDROSO, 2007) .................................................................................... 20
FIGURA 19 - SISTEMA DE DRENAGEM ELEVATÓRIO (PEDROSO, 2007) .................................................................................. 21
FIGURA 20 - SISTEMA MISTO (PEDROSO, 2007) .............................................................................................................. 21
FIGURA 21 - REGIÕES PLUVIOMÉTRICAS (DR 23/95, 1995) .............................................................................................. 26
FIGURA 22 - CAUDAIS DE DESCARGA DOS APARELHOS E EQUIPAMENTOS SANITÁRIOS E CARATERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DOS RAMAIS DE
DESCARGA E SIFÕES A CONSIDERAR EM APARELHOS DE UTILIZAÇÃO MAIS CORRENTE (DR 23/95, 1995) ............................ 28
FIGURA 23 - CAUDAIS MÁXIMOS PARA O RESPETIVO DIÂMETRO NOMINAL (A400, 2020A) ...................................................... 29
FIGURA 24 - FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA ................................................................................................................. 32
FIGURA 25 - FLUXOGRAMA QUE TRADUZ, DE UMA FORMA SEQUENCIAL, O TRABALHO REALIZADO NA REDE DE DRENAGEM RESIDUAL
PLUVIAL ........................................................................................................................................................... 33
FIGURA 26 - FLUXOGRAMA QUE TRADUZ, DE UMA FORMA SEQUENCIAL, O TRABALHO REALIZADO NA REDE DE DRENAGEM RESIDUAL
DOMÉSTICA ...................................................................................................................................................... 34
FIGURA 27 - FOLHA DE CÁLCULO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL DO DIMENSIONAMENTO DAS CALEIRAS (A400, 2020A) ................... 36
FIGURA 28 - FOLHA DE CÁLCULO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL DO DIMENSIONAMENTO DOS TUBOS DE QUEDA (A400, 2020A) ........ 36
FIGURA 29 - FOLHA DE CÁLCULO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL DO DIMENSIONAMENTO DOS COLETORES (A400, 2020A) ................ 36
FIGURA 30 - FOLHA DE CÁLCULO DE RESIDUAIS DOMÉSTICAS DO DIMENSIONAMENTO DOS COLETORES (A400, 2020A) ................. 37
FIGURA 31 - FOLHA DE CÁLCULO DO DIMENSIONAMENTO DOS TUBOS DE QUEDA (A400, 2020A) ............................................. 37
FIGURA 32 - PÁGINA PRINCIPAL DO DYNAMO .................................................................................................................. 38
FIGURA 33 - CODIFICAÇÃO DAS PEÇAS DE PROJETO (A400, 2020B) .................................................................................... 40
FIGURA 34 - PLANTA PISO 0 ......................................................................................................................................... 42
FIGURA 35 - PLANTA PISO 1 ......................................................................................................................................... 42
FIGURA 36 - PLANTA PISO 2 ......................................................................................................................................... 42
FIGURA 37 - PLANTA PISO 3 ......................................................................................................................................... 42
FIGURA 38 - PLANTA PISO 4 ......................................................................................................................................... 43
FIGURA 39 - PLANTA PISO 5 ......................................................................................................................................... 43
FIGURA 40 - PLANTA COBERTURA .................................................................................................................................. 43
FIGURA 41 - EXEMPLO DE UM TERRAÇO (PISO 2 E 3), ONDE IRÁ SER FEITA A DRENAGEM DO MESMO .......................................... 44

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

FIGURA 42 - LOCALIZAÇÃO DAS MANSARDAS (PISO 5), ONDE É NECESSÁRIO FAZER A SUA DRENAGEM ......................................... 45
FIGURA 43 - EXEMPLO DE UM PAVIMENTO EXTERIOR (PISO 1), ONDE IRÁ SER FEITA A DRENAGEM .............................................. 45
FIGURA 44 - LOCALIZAÇÃO DAS PISCINAS (PISO 4 E 5), ONDE É NECESSÁRIO FAZER A DRENAGEM DAS MESMAS ............................. 46
FIGURA 45 - EXEMPLO DE UMA FILLED REGION CRIADA PARA O PISO 4 .................................................................................. 46
FIGURA 46 - DIMENSIONAMENTO DAS CALEIRAS .............................................................................................................. 48
FIGURA 47 - LOCALIZAÇÃO DO SHARED PARAMETHER “ID_CALEIRAS” NOS OBJETOS CALEIRAS ................................................... 48
FIGURA 48 - GRÁFICO QUE EXPLICA O FUNCIONAMENTO DO SCRIPT DYNAMO CRIADO PARA AS CALEIRAS..................................... 49
FIGURA 49 - IMAGEM 3D DA INSERÇÃO DO OBJETO RALO DE PAVIMENTO NO OBJETO CALEIRA NO MODELO REVIT ........................ 50
FIGURA 50 - IMAGEM 3D DO OBJETO RALO DE PAVIMENTO ................................................................................................ 50
FIGURA 51 - LOCALIZAÇÃO DO SHARED PARAMETHER "ID_TUBO" ....................................................................................... 51
FIGURA 52 - DIMENSIONAMENTO DOS TUBOS DE QUEDA (DAP) (A400, 2020A) .................................................................. 51
FIGURA 53 - DIMENSIONAMENTO DOS COLETORES NÃO ENTERRADOS (A400, 2020A) ........................................................... 52
FIGURA 54 - DIMENSIONAMENTO DOS COLETORES ENTERRADOS (DAP) (A400, 2020A) ........................................................ 52
FIGURA 55 - SCHEDULE CRIADA COM O NOME "DAP TUBAGEM" ........................................................................................ 53
FIGURA 56 - GRÁFICO QUE EXPLICA O FUNCIONAMENTO DO SCRIPT CRIADO PARA A REDE DAS PLUVIAIS ...................................... 54
FIGURA 57 - FLUXOGRAMA QUE REPRESENTA O PROCESSO NA 1ª TENTATIVA DE MODELAÇÃO DA REDE RESIDUAL DOMÉSTICA. ........ 55
FIGURA 58 - LOCALIZAÇÃO DO SHARED PARAMETHER "D_TUBO" ........................................................................................ 56
FIGURA 59 - SCHEDULE CRIADA COM O NOME “DAR TUBAGEM” ........................................................................................ 57
FIGURA 60 - FOLHA DE DIMENSIONAMENTO DAS TUBAGENS DE VENTILAÇÃO (A400, 2020A) .................................................. 58
FIGURA 61 - VISTA 3D DA JUNÇÃO DE QUATRO TUBAGENS DE VENTILAÇÃO, CONVERGINDO NUMA SÓ TUBAGEM .......................... 58
FIGURA 62 - PERSPETIVA 3D DO OBJETO REVIT UTILIZADO PARA REPRESENTAR UMA CVP ........................................................ 59
FIGURA 63 - CORTE DO EDIFÍCIO ................................................................................................................................... 60
FIGURA 64 - ACESSÓRIO DE REDUÇÃO EXCÊNTRICA GEBERIT SILENT-PP, CURTA (GEBERIT TECNOLOGIA SANITÁRIA, 2020) ............ 61
FIGURA 65 - ACESSÓRIO DE BOCA DE LIMPEZA 90º SILENT-PP (GEBERIT TECNOLOGIA SANITÁRIA, 2020) ................................... 61
FIGURA 66 - REPRESENTAÇÃO DA SOLUÇÃO "PESCOÇO DE CAVALO" REALIZADA NO MODELO REVIT ............................................ 62
FIGURA 67 - ORGANIZAÇÃO DA SECÇÃO "EMISSÃO" ......................................................................................................... 63
FIGURA 68 - EXEMPLOS DE TAGS UTILIZADOS NO MODELO ................................................................................................ 63
FIGURA 69 - ORGANIZAÇÃO DA SECÇÃO "SHEETS" ............................................................................................................ 64
FIGURA 70 - ORGANIZAÇÃO DA PASTA A SUBMETER NA CML.............................................................................................. 64
FIGURA 71 - ORGANIZAÇÃO DA PASTA (PE) A ENVIAR AO CLIENTE........................................................................................ 65
FIGURA 72 - PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DOS COLETORES PÚBLICOS ........................................................................................ 68
FIGURA 73 - PORMENOR DE LIGAÇÃO DA REDE PREDIAL À REDE PÚBLICA (DAP) ..................................................................... 68
FIGURA 74 - PORMENOR DE LIGAÇÃO DA REDE PREDIAL À REDE PÚBLICA (DAR) ..................................................................... 68
FIGURA 75 - ESQUEMA 3D DE AMBAS AS REDES PREDIAIS (A) ............................................................................................. 69
FIGURA 76 - ESQUEMA 3D DE AMBAS AS REDES PREDIAIS (B) ............................................................................................. 69
FIGURA 77 - REDE PREDIAL DAP (PISO 0)....................................................................................................................... 70
FIGURA 78 - REDE PREDIAL DAP (PISO 1)....................................................................................................................... 70
FIGURA 79 - REDE PREDIAL DAP (PISO 3 TIPO) ............................................................................................................... 70
FIGURA 80 - REDE PREDIAL DAP (PISO 4)....................................................................................................................... 71
FIGURA 81 - REDE PREDIAL DAP (PISO 5)....................................................................................................................... 71
FIGURA 82 - REDE PREDIAL DAR (PISO 0)....................................................................................................................... 71
FIGURA 83 - REDE PREDIAL DAR (PISO 1)....................................................................................................................... 72
FIGURA 84 - REDE PREDIAL DAR (PISO 3 TIPO) ............................................................................................................... 72
FIGURA 85 - REDE PREDIAL DAR (PISO 4)....................................................................................................................... 72
FIGURA 86 - REDE PREDIAL DAR (PISO 5)....................................................................................................................... 73
FIGURA 87 - APRESENTAÇÃO GERAL DO SCRIPT A ............................................................................................................. 74
FIGURA 88 - PORMENOR DO SCRIPT A (A) ....................................................................................................................... 74

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

FIGURA 89 - PORMENOR DO SCRIPT A (B) ....................................................................................................................... 75


FIGURA 90 - PORMENOR DO SCRIPT A (C) ....................................................................................................................... 75
FIGURA 91 - PORMENOR DO SCRIPT A (D) ....................................................................................................................... 76
FIGURA 92 - APRESENTAÇÃO GERAL DO SCRIPT B.............................................................................................................. 77
FIGURA 93 - PORMENOR DO SCRIPT B (A) ....................................................................................................................... 78
FIGURA 94 - PORMENOR DO SCRIPT B (B) ....................................................................................................................... 78
FIGURA 95 - PORMENOR DO SCRIPT B (C) ....................................................................................................................... 79
FIGURA 96 - PORMENOR DO SCRIPT B (D) ....................................................................................................................... 79
FIGURA 97 - PORMENOR DO SCRIPT B (E) ....................................................................................................................... 80
FIGURA 98 - APRESENTAÇÃO GERAL DO SCRIPT C.............................................................................................................. 81
FIGURA 99 - PORMENOR DO SCRIPT C (A) ....................................................................................................................... 81
FIGURA 100 - PORMENOR DO SCRIPT C (B) ..................................................................................................................... 82
FIGURA 101 - PORMENOR DO SCRIPT C (C) ..................................................................................................................... 82
FIGURA 102 - PORMENOR DO SCRIPT C (D) ..................................................................................................................... 82
FIGURA 103 - PORMENOR DO SCRIPT C (E) ..................................................................................................................... 83
FIGURA 104 - QR CODE DAP (PISO 0, PISO 1 E PISO 3 TIPO) ............................................................................................ 84
FIGURA 105 - QR CODE DAP (PISO 4, PISO 5 E COBERTURA) ............................................................................................ 84
FIGURA 106 - QR CODE DAR (PISO 0, PISO 1 E PISO 3 TIPO) ............................................................................................ 84
FIGURA 107 - QR CODE DAR (PISO 4, PISO 5 E COBERTURA) ............................................................................................ 84

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 - ERROS OU INCONFORMIDADES DETETADOS EM PROJETOS DE DRENAGEM PREDIAL (PIMENTEL RODRIGUES, 2013) ........ 19
TABELA 2 - ERROS OU INCONFORMIDADES DETETADOS EM VISTORIAS A INSTALAÇÕES DE DRENAGEM PREDIAL (PIMENTEL RODRIGUES,
2013)...................................................................................................................................................................... 19
TABELA 3 - DESIGNAÇÃO E FUNÇÃO DOS ELEMENTOS DOS SISTEMAS DE DRENAGEM (ADAPTADO DE PEDROSO (2007)) ................. 23
TABELA 4 - VALORES DOS PARÂMETROS A E B (DR 23/95, 1995) ....................................................................................... 25
TABELA 5 - DIÂMETROS MÍNIMOS DAS TUBAGENS (DR 23/95, 1995) ................................................................................. 26
TABELA 6 – TIPOLOGIA DE CADA PISO DO EDIFÍCIO ............................................................................................................ 41
TABELA 7 - MATERIAL DAS TUBAGENS ............................................................................................................................ 44
TABELA 8 - ÁREAS USADAS PARA O DIMENSIONAMENTO DAS CALEIRAS.................................................................................. 47
TABELA 9 - CAUDAIS DE DRENAGEM DAS 3 CASAS DE BANHO DO PISO 0 ................................................................................ 62
TABELA 10 - CARATERÍSTICAS DOS COLETORES PÚBLICOS .................................................................................................... 67
TABELA 11 - APRESENTAÇÃO DA DESIGNAÇÃO DOS DIFERENTES SCRIPTS DYNAMO CRIADOS ...................................................... 73

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

SÍMBOLOS, ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS


AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção
CAD – Computer Aided Design
BIM – Building Information Modelling
2D – Duas Dimensões
3D – Três Dimensões
AGC – Associated General Contractors of America
IPD – Integrated Project Delivery
FM – Facility Management
O&M – Operation and Maintenance
PtD – Prevention through Design
ICT – Information and Communications Technologies
IAI – Industrial Alliance for Interoperability
IFC – Industry Foundation Class
CIS/2 – CIMsteel Integration Standard Version 2
IT – Information Technology
LOD – Level of Development
MEP – Mechanical, Electrical and Plumbing
AVAC – Aquecimento, ventilação e ar condicionado
PD – Peças Desenhadas
PE – Peças Escritas
DAR – Drenagem de Águas Residuais
ICI – Instalação de Combate Incêndio
MD – Memória Descritiva
LPP – Lista de Peças de Projeto
LPD – Lista Peças de Desenho
ESP – Estudo Prévio
CRL – Câmara de Ramal de Ligação
DAP – Drenagem de Águas Pluviais
CML – Câmara Municipal de Lisboa
OE – Ordem dos Engenheiros

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS


A indústria AEC, assim como todos os outos setores profissionais, tem vindo a sofrer uma modernização
progressiva, ainda que lenta, motivada por uma sociedade cada vez mais digital e em permanente
atualização. Esta evolução, que tem decorrido ao longo dos últimos anos, verificou-se quer ao nível dos
materiais, dispositivos e equipamentos utilizados, quer ao nível da forma de conceção e métodos de
dimensionamento, no sentido de reduzir os custos e aumentar os níveis de conforto finais pretendidos.
É na fase de projeto de um edifício que são tomadas decisões de extrema importância, ao nível das
soluções construtivas adotadas, e que irão afetar o comportamento do edifício desde a entrada em
funcionamento do mesmo até ao fim da sua vida útil. É nesta fase que, independentemente da
especialidade (Estruturas, Mecânica, Hidráulica, etc.), todas as soluções pensadas são otimizadas em
função dos parâmetros pretendidos, que irão diferir em função das pretensões do cliente e das suas
necessidades. Está sempre presente o risco elevado de ocorrer falhas devido à má comunicação ou a
erros de projeto derivado a erro humano. Como se irá ver neste documento, são apresentadas estatísticas
que demonstram uma grande percentagem de erros ou inconformidades, detetados na fase de projeto,
que poderiam ser evitados facilmente, utilizando outras abordagens.
Tradicionalmente, os projetos eram feitos em CAD. Porém, era usual ocorrerem erros, apesar das várias
horas dedicadas ao projeto (Pérez-Sánchez et al., 2017). Estes aspetos, e não só, contribuíram para a
necessidade da implementação da tecnologia BIM, neste caso na elaboração de projetos de
especialidades. Esta nova tecnologia, ainda que não seja assim tão recente como usualmente se pensa,
apresenta grandes vantagens na fase de projeto, contribuindo para o melhoramento da comunicação
entre todos os intervenientes do projeto, das diferentes especialidades, facilitando a compreensão e
visualização do edifício em 3D. Porém, de forma a permitir que esta metodologia se desenvolva, é
necessária uma caraterística muito importante: a interoperabilidade, que consiste no fluxo de informação
entre dispositivo e/ou softwares distintas e tem como objetivo principal melhorar a dinâmica de trabalho
e contribuir para a automatização dos processos (Chuck Eastman, 2011).
Esta dissertação foi realizada em ambiente empresarial na empresa A400 – Projetistas e Consultores de
Engenharia. Esta empresa tem os seus processos de uso da tecnologia BIM já implementados, tendo já
sido introduzidos há já alguns anos, processo esse que irá ser comentado neste trabalho.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De entre os objetivos propostos para este trabalho, destacam-se:


• Modelação e dimensionamento das redes de drenagem (residuais e pluviais), em Revit;
• Criação de um, ou mais, scripts em Dynamo de forma a auxiliar no processo de modelação e
dimensionamento;
• Perceber quais as etapas de modelação em Revit de forma a cumprir os requisitos para o projeto de
licenciamento;
• Saber quais são os entregáveis para a fase de projeto de licenciamento;
• Entender as dificuldades e desafios que um projetista tem de enfrentar.
• Preparação dos processos de emissão para submeter na entidade licenciadora respetiva;
• Entender as diferenças no processo de entrega das emissões de acordo com a entidade licenciadora;

A escolha desta dissertação, inserida na unidade curricular de Instalações de Edifícios, permitiu ao autor
adquirir uma experiência dentro de um ambiente empresarial, algo que se considera essencial para a
formação de um estudante de engenharia. É na observação do quotidiano e de todos os desafios que,
neste caso, os projetistas têm de ultrapassar que se adquire conhecimentos e experiências que não seriam
possíveis numa dissertação em ambiente normal, na faculdade. O facto de contactar diretamente com
profissionais na área torna-se uma mais-valia para o futuro profissional enquanto engenheiro civil.

Para esta dissertação também contribuíram os conhecimentos adquiridos noutras unidades curriculares,
especialmente o modo de funcionamento dos softwares de Revit e Dynamo. É, mais uma vez, o contacto
próximo com profissionais que trabalham diariamente com estes softwares que permitiu ao autor ganhar
ainda mais conhecimentos, que são cruciais nesta área de trabalho.

1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO


Neste subcapítulo são apresentadas a estrutura e os temas a abordar no presente documento.
No capítulo 1 é feita uma introdução do tema em análise e as motivações do autor para a sua realização,
e também é feita uma breve apresentação da estrutura do presente trabalho.
O capítulo 2 é uma contextualização de todos os assuntos abordados e uma verificação da literatura mais
recente e inovadora, quer em relação ao BIM quer em relação às redes prediais de drenagem residual
doméstica e pluvial.
No capítulo 3 é apresentada e discutida a metodologia do processo de modelação e dimensionamento
das redes de drenagem residual doméstica e pluvial.
No capítulo 4 é apresentado o caso de estudo e são explicadas todas as condicionantes do projeto, as
opções tomadas e os desafios encontrados.
No capítulo 5 são apresentados, em maior detalhe, os resultados do caso de estudo, no que diz respeito
às redes prediais e aos scripts criados.
Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões da presente dissertação e discutidas as
considerações futuras do tema em questão.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2
BIM EM REDES PREDIAIS DE DRENAGEM

2.1. BIM
2.1.1. O QUE É?
Na indústria da construção as exigências têm vindo a ser cada vez maiores, sejam elas arquitetónicas,
ambientais, de desempenho ou contratuais, mesmo em projetos de menores dimensões (Martins, 2019b).
Através da análise da Figura 1, podemos ver que em muitos projetos de grandes dimensões foram
ultrapassados os limites orçamentais inicialmente planeados e também ocorreram atrasos em relação ao
tempo de execução da obra. Isto levou à necessidade de repensar as metodologias adotadas na conceção
dos projetos e planeamento da construção dos edifícios.

Figura 1 – Gráfico dos desvios de custos e tempo de execução em vários projetos internacionais (Goldstein,
2018)

Respondendo à questão que dá o nome a este subcapítulo, BIM é um dos desenvolvimentos mais
promissores e entusiasmantes da indústria AEC (Azhar, 2011; Chuck Eastman, 2011). Segundo Bryde,
Broquetas e Volm (2013), BIM pode ser definido como um conjunto de tecnologias, processos e
políticas, com interações entre si, que geram uma metodologia para gerir dados de projeto, em formato

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

digital, que são essenciais durante o ciclo de vida de um edifício. Chuck Eastman (2011) refere ainda
que com a tecnologia BIM podem ser criados um ou mais modelos virtuais de um edifício. O BIM
também permite apoiar a fase de projeto, proporcionando melhores análises e controlo em comparação
ao processo tradicional. Contém muitas das funções que são essenciais para modelar um edifício ao
longo do seu ciclo de vida, fornecendo a base para novas capacidades de conceção e construção e
mudanças nos papéis e relacionamentos entre uma equipe de projeto (Chuck Eastman, 2011).
A AGC (Associated General Contractors of America) define ainda o BIM como o desenvolvimento e
uso de um modelo de software para simular a construção e operação de um edifício. O modelo resultante
é uma representação digital rica em dados, orientada para os objetos, inteligente e paramétrica, a partir
do qual se podem extrair todos os desenhos essenciais e gerar informações que possam ser usadas para
tomar decisões e melhorar o processo de entrega (Azhar, Khalfan e Maqsood, 2012).
No sentido de contextualizar este tema num espaço temporal, as raízes do BIM podem ser interligadas
com a modelação paramétrica que apareceu no final dos anos 70 e início os anos 80. Azhar, Khalfan e
Maqsood (2012) refere também que a indústria AEC apenas começou a implementar o BIM na
elaboração dos projetos a partir de meados dos anos 2000.
Tanto Chuck Eastman (2011) como Azhar, Khalfan e Maqsood (2012) salientam ainda que o BIM não
é apenas uma tecnologia mas também um processo, no sentido de ser uma ideologia de mudança, o
confirmar de um novo paradigma que veio mudar radicalmente a forma de trabalho da indústria AEC,
promovendo um ambiente mais dinâmico e fluído entre os vários intervenientes do processo construtivo.
Para Azhar, Khalfan e Maqsood (2012), o BIM apoia o conceito de IPD (Integrated Project Delivery),
que não é mais do que uma nova abordagem de entrega de projetos de forma a integrar pessoas, sistemas,
estruturas e práticas empresariais em um processo colaborativo para reduzir o desperdício e otimizar a
eficiência em todas as fases do ciclo de vida do projeto.
Mas afinal o que é então o BIM?
Quando analisamos como uma tecnologia, o BIM não é mais do que uma simulação de um projeto que
consiste no modelo 3D do edifício, que contém também todas as informação essenciais relativas a todas
as fases desse edifício desde o planeamento até à última fase, a demolição, como se pode ver na Figura
2. Como já se viu, a tecnologia BIM teve as suas origens na modelação paramétrica orientada para o
objeto. O termo “paramétrico” significa que, quando um determinado elemento é modificado ou
alterado, um outro elemento sofre também alterações se tiverem sido estabelecidas relações de
interdependência previamente (Azhar, Khalfan e Maqsood, 2012; Stine, 2018).
Apesar de existir também o CAD 3D, a principal diferença entre a tecnologia BIM e este é que o último
descreve um edifício através de vistas 3D independente, tal como plantas, cortes e/ou alçados. A edição
de uma dessas vistas requer que todas as outras vistas sejam verificadas e atualizadas individualmente,
um processo sujeito a erros e que é, por si só, moroso. Além disso, os dados nestes desenhos 3D são
apenas informações geométricas, em contraste com a semântica contextual inteligente dos modelos
paramétricos BIM, onde os objetos são definidos em termos de elementos e sistemas de construção,
como espaços, paredes, vigas e colunas. Um BIM transporta toda a informação relacionada com o
edifício, incluindo os seus elementos e sistemas físicos e características funcionais e informações do
ciclo de vida do projeto, em uma série de "smart objects", contendo não apenas informação geométrica
mas também informação textual relevante, que pode ser armazenada (Azhar, Khalfan e Maqsood, 2012).

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 2 - Significado de BIM (Azhar, Khalfan e Maqsood, 2012)

Do ponto de vista de um processo, o BIM pode ser visto como um processo virtual que engloba todos
os aspetos de um edifício dentro de um único modelo virtual, permitindo que todos os intervenientes
(proprietários, arquitetos, engenheiros, empreiteiros, subempreiteiros e fornecedores) possam colaborar
mais e com maior precisão e eficiência. À medida que o modelo é criado, a equipa está constantemente
a refinar e a ajustar o seu trabalho de acordo com as especificações de projeto para garantir que o modelo
seja o mais preciso possível antes que a construção tenha início. As fundações do BIM assentam em
dois pilares, comunicação e colaboração. A implementação bem-sucedida do BIM requer o
envolvimento precoce de todos os intervenientes no projeto. A Figura 3 ilustra a diferença entre o
processo "tradicional" e o processo "BIM", mostrando que o processo BIM apresenta maiores vantagens.

Figura 3 - Diferença entre o processo tradicional e o processo BIM (Azhar, Khalfan e Maqsood, 2012)

O BIM também ajudou o setor da construção na transição entre as diversas fases do ciclo de vida de um
edifício, desde o projeto até à fase da utilização. Segundo Latham (1994). Estima-se que 30% do valor
total dos custos dos projetos se deva a má gestão dos fundos, no que toca à transição entre as fases do
processo construtivo. A Figura 4 traduz isto mesmo, relatando que, na realidade, existe sempre
retrocessos quando avançamos para a etapa seguinte do processo de construção. Existe sempre um
desperdício quando ocorre transferência de conhecimento e/ou informação entre as diversas fases do
processo construtivo.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 4 - Perda de valor durante a vida útil dos edifícios. Adaptado de (Bernstein, 2005)

Benefícios do BIM
Segundo Azhar (2011) e CRC Construction Innovation (2007), podemos destacar os seguintes
benefícios do BIM:
• Uma representação geométrica detalhada do edifício;
• Um processo mais rápido e mais eficaz, onde a informação é transmitida mais facilmente;
• Melhor design: as várias soluções podem ser rigorosamente analisadas, simuladas mais
rapidamente, de forma a chegar às soluções mais aperfeiçoadas e inovadoras;
• Controlo dos custos de todo o ciclo de vida e informações ambientais;
• Melhor qualidade de produção: os outputs da documentação são flexíveis e automática;
• Melhor serviço para com os clientes: uma melhor visualização permite um melhor entendimento do
projeto por parte do cliente;
• Informações do ciclo de vida: a informação relativa aos requisitos, ao design, à construção e à
operação podem ser usados em FM (Facility Management).

Segundo um estudo realizado pela Stanford University’s Center for Integrated Facilities Engineering,
após a recolha de dados de 32 grandes projetos (Azhar, 2011), tiraram-se as seguintes ilações, que
mostram os benefícios reais após a adoção do BIM:
• Até 40% menos alterações que não estavam incluídas nos orçamentos;
• Uma precisão da estimativa de custos de até 3%, quando comparada com os método tradicionais;
• Até 80% de redução de tempo gasto em estimativas orçamentais;
• Ganhos de 10% do valor global através de clash detection (deteção de erros);
• Até 7% de redução no tempo total de projeto.
Pode-se observar que a utilização do BIM traz enormes vantagens que contribuem para a necessidade
de implementação desta tecnologia num ambiente mais abrangente.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.1.2. DIMENSÕES DO BIM


Desde a sua introdução detetou-se uma crescente expansão da utilização do BIM no ciclo de vida dos
edifícios. Os modelos nD incorporam informação diversa referente a todo o ciclo de vida de um edifício,
que vai desde a sua acessibilidade, sustentabilidade, poupanças de energia, custos, prevenção de crimes,
acústica, térmica, etc. Estes modelos servem para os projetistas e toda a restante equipa fazer as
simulações necessárias no sentido de ajudar na tomada de decisão e comparar diferentes soluções
possíveis (Kamardeen, 2010; Smith, 2014).

8D
Segurança
Aumento do grau de complexidade e incerteza

7D
Sustentabilidade

6D
Gestão de Instalações
5D
Custo
4D
Tempo
3D
Geometria
Figura 5 – Dimensões BIM (adaptado de (Kamardeen, 2010; Smith, 2014))

3D BIM
Serviu de base à implementação do BIM no início. O 3D BIM é a representação do projeto nas três
dimensões espaciais (x, y, z) (Charef, Alaka e Emmitt, 2018; Koutamanis, 2020). Charef, Alaka e
Emmitt (2018) também referem que o 3D BIM, que foi usado largamente nos últimos 20 anos para
visualização dos projetos, clash detection e model walkthroughs (este último é mais usado como forma
de apresentação do modelo ao cliente). Permitiu o aumento da colaboração e o melhoramento das
técnicas de projeto e construção.

4D BIM
4D corresponde ao planeamento de forma a ligar as atividades de construção representadas em
cronogramas com modelos 3D para gerar uma simulação gráfica do progresso da construção em tempo
real. A adição da 4ª dimensão (´tempo’) oferece uma oportunidade para avaliar a capacidade de
construção e o planeamento do fluxo de trabalho num projeto. Os envolventes do projeto podem
visualizar, analisar e comunicar eficazmente os problemas relativos aos aspetos sequenciais, espaciais e
temporais do progresso da construção. Como consequência, podem ser gerados horários e planos
logísticos muito mais robustos, bem como o layout do local para melhorar a produtividade (Koutamanis,

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2020; Smith, 2014). Lopez et al. (2016) refere ainda que uma das maiores potencialidades do 4D BIM
é a ligação entre o software BIM e um software de planeamento de maneira a criar simulações com o
objetivo de testar soluções mais rapidamente e permitir a sua visualização a toda a equipa de trabalho.

5D BIM
De acordo com Smith (2014), a adição da 5ª dimensão (‘custo’), permite a geração automática de folhas
de orçamentação dos custos necessários para a construção do modelo. Isso faz com que o tempo
necessário para as estimativas orçamentais seja reduzido de forma muito drástica, melhorando também
a precisão dessas estimativas, permitindo, de certa forma, aumentar o valor real do modelo, aproveitando
melhor o tempo poupado.

A partir da 6ª dimensão, torna-se menos claro e universal a definição destas dimensões (Koutamanis,
2020).

6D BIM
Cerca de 80% do custo total dos projetos está relacionado com FM (Facility Management). A 6ª
dimensão (‘gestão das instalações’) está, portanto, localizada temporalmente na fase de exploração do
edifício - O&M (Operation and Maintenance) (Nicał e Wodyński, 2016). Também Smith (2014) refere
que o facto de o modelo ser rico em informações diversas que podem ser armazenadas permite uma boa
aplicação para FM.

7D BIM
A adição da 7ª dimensão (‘sustentabilidade’) viabiliza que sejam atingidas as metas de carbono
permitidas para elementos específicos dos projetos, validando as decisões dos projetistas e comparando
diversas soluções.

8D BIM
De acordo com Smith (2014) e Kamardeen (2010), a 8ª dimensão refere-se à ‘segurança’. Kamardeen
(2010) refere que muitos dos riscos de segurança são criados no início dos projetos. Por essa razão, a
ideia do 8D BIM é atuar na PtD (Prevention through Design), eliminando na fonte todos os riscos de
segurança, prevenindo futuros acidentes de trabalho, como se pode observar na Figura 7.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.1.3. INTEROPERABILIDADE

Início

Projeto

conceptual
Possibilidade de

influenciar a segurança Projeto detalhado

Contratação

Fase de construção

Fase de projeto

Figura 6 - Curva de fase de projeto vs influência da segurança (Kamardeen, 2010)

Interoperabilidade pode ser definida como a possibilidade de dois ou mais sistemas ou componentes
trocarem e partilharem informação (Grilo e Jardim-Goncalves, 2010). Grilo e Jardim-Goncalves (2010)
refere também interoperabilidade como um campo de atividade cujo objetivo é melhorar a maneira como
as empresas, através das ICT (Information and Communications Technologies), comunicam e interagem
com outras empresas, ou até mesmo com outros departamentos dentro da mesma empresa, com o
objetivo de desenvolver as suas atividades. O ideal seria todos os participantes fazerem uso do mesmo
software ao longo de todas as fases do ciclo de vida de um edifício. Porém, como é percetível, cada
interveniente usa o software que melhor se adequa aos seus objetivos e requisitos profissionais. Isto
implica que, para haver uma correta troca de informações, devem, antes de mais, existir garantias de
interoperabilidade entre softwares, para que as equipas e os sistemas possam trabalhar em conjunto. Para
atingir tal objetivo é necessário ter plataformas técnicas capazes de tratar esse tipo de informação, no
sentido de atingir a comunicação e colaboração entre os diferentes participantes da equipa de projeto
(Laakso e Kiviniemi, 2012).
A IAI (Industrial Alliance for Interoperability) surge no início dos anos 90 com o objetivo de atingir a
interoperabilidade entre softwares, providenciando uma base universal para o melhoramento dos
processos e trocas de informação na indústria AEC. Em 1997 passou a ser chamada de “Internacional
Alliance for Interoperability” e finalmente em 2005 passou para ‘buildingSMART’, cujo logótipo
podemos observar na Figura 8.

Figura 7 - Logótipo da buildingSMART (building SMART,


2020)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Atualmente, os dois principais modelos standard de trocas de informação entre aplicações BIM são o
IFC (Industry Foundation Classes), usado no planeamento, projeto, construção e operação, e o CIMsteel
Integration Standard Version 2 (CIS/2), usado para fabricação de estruturas metálicas. O formato IFC
mais recente é o IFC 4.0 e na Figura 9 podemos ver a sua evolução desde a sua formação em 1994. Já a
Figura 10 mostra o modo de funcionamento do IFC. O modelo é dividido na sua geometria e nos seus
dados. Esses ficheiros são depois convertidos em IFC, que podem ser usados por outro software que tem
a capacidade de ler o IFC e juntar novamente a informação, construindo o modelo original.

Figura 9 - Modo de funcionamento de um IFC (BIM Corner, 2020)

Figura 8 - Evolução do formato IFC


(BIM Corner, 2020)

Porém, a conquista desta interoperabilidade não foi fácil e, atualmente, ainda não está globalizada (Grilo
e Jardim-Goncalves, 2010). Laakso e Kiviniemi (2012) salienta dois obstáculos à conquista desta
interoperabilidade, sendo elas a fragmentação da indústria e a adoção heterogénea de diferentes
softwares de IT (Information Technology). Também Bryde, Broquetas e Volm (2013) refere, no
resultado de um estudo feito em 35 projetos diferentes, que a falta de conhecimento dos limites da
interoperabilidade foram um problema constante na conquista da interoperabilidade pretendida.
Para além da interoperabilidade falada anteriormente, que faz a comunicação entre diversos softwares e
empresas, existe também a interoperabilidade entre diferentes softwares na mesma estação de trabalho.
É esta interoperabilidade que vai ser abordada neste trabalho, cujo objetivo é mostrar que se consegue
melhorar os métodos de trabalho existentes. Irão ser abordadas as capacidades do Revit, conjuntamente
com o Excel e o Dynamo, que vamos ver mais à frente. Estes dois últimos irão impulsionar as
capacidades do Revit e permitir uma otimização do trabalho.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.1.4. LOD’S – ESPECIFICAÇÕES DO MODELO


LOD (Level of Development) representa o nível de detalhe com que o modelo irá ser desenvolvido. Isto
depende da etapa de projeto em questão, por isso é fulcral que o utilizador faça a gestão do esforço de
modelação consoante os requisitos e especificações pretendidas. Um aumento de tempo e esforço de
modelação num modelo com LOD baixo implica uma má gestão dos recursos disponíveis e põe em
causa os objetivos pretendidos, como mostra a Figura 11. É de chamar a atenção que não deve ser feita
a correspondência entre o LOD e a fase de projeto, não existindo qualquer tipo de correlação entre si.
O LOD não está relacionado apenas com a geometria de um elemento, mas também com a informação
que contém. Por exemplo, se estivermos a construir um modelo para fazer uma estimativa orçamental,
a geometria dos elementos usados é irrelevante, porém a sua informação em relação aos custos e mão
de obra são importantes para o objetivo pretendido.

Figura 10 - Esforço de modelação em função do LOD pretendido (Martins,


2019a)

2.1.5. ADOÇÃO BIM NA EUROPA E NO RESTO DO MUNDO


Num artigo de Charef et al. (2019) foi apresentado um estudo com base num questionário feito a
entidades de cada país da Europa com o objetivo de perceber a sua posição em relação ao BIM, como
mostram a Figura 12 e Figura 13.
Podemos observar que são os países nórdicos (Finlândia, Dinamarca, Reino Unido) que estão mais
avançados em relação à implementação e estabelecimento de metodologia e normas BIM na indústria
AEC.
Contudo, Portugal está bem posicionado nesta lista, existindo já planos para a implementação de normas
BIM no presente ano de 2020. Os países situados a sudoeste são os que estão mais atrasados.
É do interesse comum que se pretende alargar a implementação do BIM de um modo abrangente um
pouco por todo o mundo. Como já se viu, é uma tecnologia que traz bastantes vantagens e, por isso, é
uma mudança positiva na indústria AEC.
Em relação às barreiras da implementação do BIM, destaca-se a falta de vontade de mudar os processos
tradicionais que já estão enraizados (Charef et al., 2019).

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 11 - Resultado do questionário realizado (Charef et al., 2019)

Figura 12 - Mapa com o resultado do questionário realizado (Charef et al., 2019)

2.1.6. REVIT
O Autodesk Revit é um software especificamente construído para BIM e totalmente paramétrico (Stine,
2018). Nesta dissertação foram testadas as capacidades da funcionalidade MEP (Mechanical, Electrical
and Plumbing), que está incluída no Revit.
A parte BIM do processo começa quando, usando o modelo virtual do edifício contruído em Revit, se
adiciona toda a informação pretendida que poderá ser usada tanto para FM, análises energéticas,
estruturais, processo construtivo, estimativa de custos e muito mais (Stine, 2018).
Stine (2018) faz também a referência de uma das vantagens deste software em comparação com os
métodos tradicionais CAD que é o facto de o Revit eliminar muitas tarefas repetitivas e morosas que
aconteciam no CAD.
A modelação das redes neste software é um processo relativamente simples. A parte onde surgem mais
dificuldades são na compatibilização com as outras especialidades. Desde o início, o projetista tem de

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

arranjar soluções criativas no sentido de chegar às melhores localizações para as courettes onde irão
passar os tubos de queda, por exemplo. Esta fase é, por vezes, muito complicada pois é alvo de muitos
avanços e recuos, pois as bases de arquitetura sofrem mudanças com alguma regularidade. Com o
avançar das fases de projeto a maior dificuldade assenta na compatibilização com as outras
especialidades no sentido de evitar colisões frequentemente verificadas com, por exemplo, os sistemas
de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado).

2.1.6.1. FAMÍLIAS DE OBJETOS


O Revit MEP contém todas as ferramentas essenciais para a modelação das respetivas redes. Contém
também ferramentas que auxiliam tanto na área AVAC como na parte elétrica.
São as ferramentas da secção de Plumbing que interessam referir e podem ser agrupadas pelas 4
categorias seguintes:
• Pipe: é a ferramenta de criação das tubagens, podendo depois serem personalizadas conforme as
preferências a nível do material e do design;
• Pipe Fittings: são as ferramentas que permitem mudar a direção das tubagens (como por exemplo,
os joelhos, os tês, as cruzetas, etc);
• Pipe Accessory: são o conjunto de acessórios anexos à rede que permitem o seu correto
funcionamento;
• Plumbing Fixtures: são o conjunto de equipamentos colocados nos troços finais da rede que podem
ser configurados, adicionando, por exemplo, um caudal de consumo, na parte de abastecimento de
água.

A Figura 14 mostra a organização destas ferramentas na aba Systems do Revit. O próprio software
contém, para todas as ferramentas referidas anteriormente, famílias já pré-definidas, podendo, porém,
serem editadas e adaptadas às diferentes exigências dos projetos abordados. Este é um processo
fortemente aconselhado e que deve ser usado em todas as empresas que pretendam atingir um nível de
maturidade BIM grande, estando preparadas para todas as circunstâncias.

Figura 13 - Ferramentas Plumbing & Piping do Revit

Cada elemento do Revit tem a sua janela de propriedades, como podemos ver na Figura 15, que pode
ser configurada pelo utilizador. Ela contém informações diferenciadas, que dizem respeito à sua
geometria, material, tipo de rede e outras informações adicionais

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 14 - Janela de propriedades de uma tubagem no Revit

2.1.6.2. SCHEDULES
As schedules são folhas dentro do Revit que permitem fazer contabilização de quantidades de todos os
elementos usados no modelo e também podem auxiliar no dimensionamento das redes. A Figura 16
mostra a organização interna da empresa das schedules no Revit. Qualquer alteração que haja no modelo
vai-se refletir na schedule e vice-versa, demonstrando a parametrização existente neste software.
Podem ser exportadas para o Excel e também permitem fazer a interoperabilidade com o Dynamo, que
vai ser desenvolvida posteriormente no caso de estudo. Isto vai servir de base no processo de modelação
e dimensionamento da rede drenagem doméstica e pluvial.

Figura 15 – Organização interna das schedules

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.1.6.3. WORKFLOWS
Os workflows são mapas de processos feitas para ajudar os projetistas a atingir o resultado pretendido,
clarificando todos as etapas a realizar, minimizando qualquer dúvida que possa surgir. Internamente, e
para o âmbito deste trabalho, foram feitos dois workflows (ou fluxogramas) que dizem respeito à
drenagem residual doméstica e pluvial. Isto serviu de base a todo o processo de modelação e
dimensionamento das duas redes desde o início até ao fim, que consiste na elaboração dos processos de
emissão para as entidades licenciadoras.

2.1.6.4. DYNAMO
O Dynamo é uma aplicação de código livre, que foi desenvolvida de forma a complementar o Revit. De
um modo geral, o Dynamo é uma ferramenta de programação visual, não sendo necessário possuir
conceitos complexos de programação. Serve para a automatização de processos repetitivos e interações
com o modelo Revit, de maneira a facilitar certas operações.
Criar uma rotina em Dynamo consiste, no fundo, em montar uma sequência de tarefas, e podem ser
executadas automaticamente ou manualmente. Cada tarefa pode ser entendida como um comando
próprio do Revit, mas também pode ser uma operação matemática ou qualquer outro processo. Pode ser
alterar o valor de um parâmetro de um elemento, selecionar objetos, comparar valores, ler e escrever
folhas de Excel, criar e apagar objetos no modelo, contribuindo para a interoperabilidade entre o Revit
e o Excel.
Anderle (2016) agrupou as potencialidades e áreas de utilização do Dynamo para o Revit em 4 áreas de
atuação, que explicam o que foi dito anteriormente:
• Extração de dados;
• Visualização;
• Processamento de dados;
• Criação.

2.1.7. CONTEXTO ATUAL


Neste subcapítulo pretende-se elaborar um levantamento de todos os processos que já se conseguem
realizar com o uso do BIM nos projetos de redes prediais de drenagem. Como já foi referido
anteriormente, o BIM trouxe largas vantagens na elaboração de projetos. Permitiu uma melhor
apresentação da solução final ao cliente graças à geração de um modelo 3D da rede final, permite
também o auxílio dos projetistas, maioritariamente na fase de projeto de execução, na compatibilização
com as outras especialidades. Esta é uma vantagem com uma importância extrema que ajuda os
projetistas a cometer cada vez menos erros, que custam caro caso não fossem detetados com
antecedência.
Porém, existem ainda tarefas que não são tão fáceis de realizar com software BIM e o projetista necessita
de ter mais trabalho. Pode-se destacar o facto de as emissões do projeto serem ainda em formato CAD.
Não adianta o projeto ser feito todo em Revit, ou outro software equivalente, quando no final os
desenhos têm de ser exportados para formato CAD. Os clientes ainda não estão preparados nem dão o
devido valor ao produto final BIM. Nem as entidades licenciadoras aceitam os projetos em Revit.

15
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.1.8. IMPLEMENTAÇÃO BIM EM CONTEXTO EMPRESARIAL


Este subcapítulo tem como objetivo mostrar a abordagem da empresa A400 na implementação da
tecnologia BIM, mostrando as fases críticas e as decisões tomadas durante o processo.
Para atingir o objetivo pretendido foram necessárias mudanças na forma de abordagem dos projetos,
formação dos recursos humanos envolvidos e aquisição e desenvolvimento de software. Os softwares
de modelação escolhidos (Revit e Tekla Structures) permitem a interoperabilidade pretendida com outras
ferramentas de cálculo e simulação como o Robot (Estruturas) e Design Builder (AVAC).
Analisou-se um artigo escrito na ata do 1º Congresso Português de BIM, elaborado por (André Silva,
2016) que traduz o processo de implementação do BIM adotado na empresa A400 .
Verificou-se que o objetivo da mudança de metodologias de projeto deveu-se principalmente a
dificuldades relativas a trocas de informação e compatibilização entre especialidades. A tecnologia BIM
possibilitou então uma abordagem focada na redução destes problemas, aumentando por sua vez a
qualidade e rentabilidade dos processos adotados.
A Figura 17 traduz a organização interna da empresa nos seus 7 departamentos sendo que a Coordenação
e a I&D (Investigação e Desenvolvimento) apoiam transversalmente os restantes.

Figura 16 - Organização interna da empresa (adaptado de André Silva (2016))

Quanto às desvantagens da implementação do BIM, destaca-se o facto de os clientes não reconhecerem


o valor desta tecnologia e não estarem dispostos a despenderem os seus honorários no sentido de
compensar o investimento BIM.
No sentido contrário, a empresa beneficia desta tecnologia na realização da coordenação entre
especialidades, um fator chave. A metodologia BIM surge como ferramenta de melhoria dos processos
produtivos aumentando a facilidade com que a informação flui entre os vários intervenientes.
A Figura 18 esquematiza todo o processo de implementação da tecnologia BIM, dividindo o processo
em 10 etapas distintas.

16
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 17 - Fluxograma que traduz a metodologia adotada para a implementação BIM na empresa A400 (adaptado de
André Silva (2016))

De seguida irão ser explicadas, com mais pormenor, as etapas, conforme a respetiva numeração:
1. Foram adquiridas licenças quer para o Revit completo quer para o Revit LT. Esta opção permitiu
poupanças significativas nos custos de licenciamento sem grandes alterações produtivas, sendo que
as funcionalidades da versão LT são suficientes para todo o processo de modelação estrutural se não
forem incluídas as armaduras. O departamento de Estruturas Metálicas utiliza softwares BIM,
nomeadamente o Tekla Structures, há cerca de 10 anos, com elevado grau de sucesso e
enraizamento. Os custos anuais de licenciamento para Revit Completo, Revit LT e Tekla Structures
rondam os 30 000 €. Dadas as alterações do licenciamento Autodesk estima-se que uma licença de
Revit em regime de aluguer poderá atingir cerca de 15% do custo direto de um posto de trabalho,
representando assim um encargo elevado;
2. Selecionaram-se elementos de 4 departamentos (Estruturas, Instalações Hidráulicas, Instalações
Elétricas e Mecânicas) com atuação na criação de conteúdos e procedimentos, com coordenação
através de reuniões periódicas, lideradas pelo BIM Manager. Por duas vezes foi necessário realocar
recursos devido à fraca produtividade deste grupo de trabalho:
a. Numa primeira abordagem selecionaram-se técnicos desenhadores. Os elementos
escolhidos possuíam uma experiência elevada e estavam enquadrados na empresa há vários
anos;
b. Através da identificação das falhas da equipa inicial, selecionaram-se engenheiros de cada
departamento com 3 a 6 anos de experiência;
c. A equipa que melhor efeito surtiu foi composta por engenheiros estagiários, com 0 a 1 ano
de experiência.
3. Processamento e parametrização das famílias previamente à sua introdução, partindo-se de um
sistema de classificação interno em aplicativo próprio, uniformizando parâmetros gerais internos,
mas também parâmetros particulares de cada especialidade. Homogeneização de templates internos
preparados com requisitos específicos de cada especialidade, bem como visualizações do próprio
modelo e entre modelos interligados. Definições específicas para a interoperabilidade entre o

17
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

modelo Revit e outros softwares, concretamente softwares de cálculo estrutural e simulação térmica,
energética e luminotécnica;
4. Igual ao ponto 3;
5. Realização de projetos no sentido de testar as metodologias e procedimentos escolhidos e encontrar
erros de processos possíveis de melhoria;
6. Correção das metodologias e procedimentos propostos em função da análise do processo anterior;
7. Recorreu-se a um plano de formação com o intuito de uniformizar generalizadamente os
conhecimentos BIM entre os colaboradores. Esta formação teve a duração total de 32 horas, cujo
conteúdo programático incidiu principalmente nas funções macro do Revit. Salienta-se a dificuldade
em encontrar programas adequadas para a parte MEP do Revit. A utilização de sistemas com
equipamentos interligados que transportam fluidos ou energia, contém particularidades importantes
que os formadores não estão suficientemente familiarizados;
8. Implementação do processo alargada às outras estações de trabalho;
9. Possíveis desenvolvimentos futuros de aplicativos que ajudem na metodologia BIM;
10. Contínuo melhoramento do processo com ajuda de todos os colaboradores.

2.2. REDES PREDIAIS DE DRENAGEM RESIDUAL


2.2.1. ENQUADRAMENTO
Estimam-se que 90% dos problemas detetados em edifícios têm origem na rede de distribuição de água
e drenagem residual doméstica e pluvial, porém as instalações sanitárias raramente ultrapassam 5% do
custo total da obra (Pimentel Rodrigues, 2007). Esses problemas, que podem ser erros ou defeitos das
instalações, podem ser divididos em 3 tipos diferentes:
• Generalização de um sentimento de desconforto – ruídos, odores, etc;
• Durabilidade reduzida – ocorrência de roturas, avarias frequentes, etc;
• Problemas de humidade – que leva à necessidade de intervenções com custos elevados, que
poderiam ser evitados.
No artigo de Pimentel Rodrigues (2013) são apresentados um conjunto de erros e inconformidades
detetados em projetos de distribuição de água e drenagem predial, como podemos ver na Tabela 1 e
Tabela 2. Analisando o tipo de erros que são apresentados, percebe-se que alguns destes erros poderiam
ser evitados durante a fase de projeto, caso se adotassem, por exemplo, metodologias que aumentassem
a comunicação entre os projetistas e também durante a fase de construção, incidindo no melhoramento
dos processos de organização e distribuição de tarefas. Estes resultados têm como objetivo salientar a
importância de existência de apreciações de projeto e realização de vistorias, que têm como objetivo
encontrar erros que são feitos durante a fase de projeto e/ou construção. Ora, como se pode ver em 2.2,
a metodologia BIM ajuda na redução destes problemas detetados, uma vez que auxilia os projetistas e
os construtores a ter uma perspetiva diferente do projeto, prevalecendo a organização e a visualização
do resultado final, antes mesmo da fase de construção. As ferramentas BIM que os projetistas têm á
disposição ajudam a apurar a ocorrência de erros, como por exemplo, a inexistência de bocas de limpeza,
o incorreto dimensionamento das tubagens, entre outros. Atualmente, os projetistas têm um conjunto de
ferramentas à sua disposição que lhes permite executar menos erros de forma mais consistente, tornando
assim os projetos melhores e diminuindo a existência de erros nos relatórios das vistorias técnicas.

18
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Tabela 1 - Erros ou inconformidades detetados em projetos de drenagem predial (Pimentel Rodrigues, 2013)

Erro ou inconformidade detetado Percentagem

Tubagem com diâmetro mal dimensionado 23%

Ligações incorretas entre tubagens 12%

Condições irregulares de ventilação da rede predial 12%

Outros (inexistência de bocas de limpeza, etc.) 10%

Tubagem de material inadequado ou omisso 10%

Constituição incompleta do projeto 9%

Sistema de bombagem inexistente ou inadequado 9%

Implantação incorreta de câmaras de inspeção 7%

Tabela 2 - Erros ou inconformidades detetados em vistorias a instalações de drenagem predial (Pimentel


Rodrigues, 2013)

Nº de erros ou Com possíveis


Tipo de erro ou inconformidade inconformidades consequências na
detetadas saúde pública

Incorreta separação das redes (domésticas/pluviais) 6 Sim

Problemas de instalação/ ligação entre tubagens


62 (i)
(incluindo alterações do traçado em relação ao projeto)

Alteração dos diâmetros das tubagens em relação ao


25 Sim
previsto no projeto

Alteração da natureza dos materiais em relação ao


12 (ii)
previsto no projeto

Deficiências construtivas em câmaras de inspeção 62 (iii)

Inexistência de bocas de limpeza 20

Erros ou defeitos na ventilação das redes 69 Sim

Alteração do número de aparelhos em relação ao


27 (i)
previsto no projeto

(i) - Existe o risco de obstruções e consequente risco sanitário.


(ii) - A utilização indevida de PVC da “série fria”, por exemplo, pode levar a roturas em ramais ou
tubos de queda, quando são drenadas águas quentes, com risco sanitário significativo.
(iii) – A alteração do número de aparelhos conduz à alteração do caudal de cálculo, o que pode
conduzir, por exemplo, à perda de fecho hídrico em alguns sifões.

19
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Por essas razões, torna-se bastante importante ter em atenção a conceção e dimensionamento destas
redes, durante a fase de projeto.
Ora, neste capítulo irão ser abordadas a constituição destes sistemas, os processos necessários para a sua
correta conceção e as etapas de dimensionamento destas redes.

2.2.2. CONCEITOS GERAIS


Este subcapítulo tem como objetivo sintetizar os tipos de sistemas de drenagem correntemente
considerados, os tipos de drenagem que podem ser usados, os tipos de águas que podem ser lançadas
para a rede pública e a constituição de cada uma das redes.

Tipos de sistemas
Os sistemas de drenagem pública, para onde as redes prediais drenam os seus resíduos, podem ser (DR
23/95, 1995; Pedroso, 2007):
• Separativos: constituídos por duas redes de coletores distintas, uma destinada às águas residuais
domésticas e industriais e outra à drenagem das águas pluviais ou similares;
• Unitários: constituídos por uma única rede de coletores onde são admitidas conjuntamente as águas
residuais domésticas, industriais e pluviais;
• Mistos: constituídos pela conjugação dos dois tipos anteriores, em que parte da rede de coletores
funciona como sistema unitário e a restante como sistema separativo;
• Pseudo-separativos: onde se admite, em condições excecionais, a ligação de águas pluviais de pátios
interiores ao coletor de águas residuais domésticas.

Tipos de drenagem
Em função das diferenças altimétricas entre o ponto de recolha das águas e o coletor público de
drenagem, pode-se recorrer aos diferentes processos enumerados de seguida (Pedroso, 2007):
• Drenagem gravítica: Nas situações em que as águas são captadas a um nível superior ao do
arruamento em que se encontra instalado o coletor público de drenagem. A condução das águas é
feita única e exclusivamente com recurso à gravidade até ao coletor público, como se pode
observar na Figura 19.

Figura 18 - Sistema de drenagem gravítico (Pedroso, 2007)

20
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

• Drenagem com elevação: É indispensável nos casos onde existe recolha de águas a um nível
inferior ao do coletor público. É necessário bombear as águas dos pisos inferiores ao coletor
público e encaminhá-las até à caixa ramal de ligação para depois, através da gravidade, serem
conduzidas ao sistema público de drenagem, como se pode observar na Figura 20.

Figura 19 - Sistema de drenagem elevatório (Pedroso, 2007)

• Sistemas mistos de drenagem: É necessário nas situações em que, no mesmo edifício, ocorrem as
duas situações anteriores, como se pode observar na Figura 21. São os casos mais frequentes.

Figura 20 - Sistema misto (Pedroso, 2007)

21
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Lançamento de águas
Nos sistemas de drenagem residual doméstica e pluvial, o objetivo final é fazer a ligação entre a câmara
ramal de ligação e o coletor público ou, caso este seja inexistente, as valetas dos arruamentos (no caso
das pluviais) e sistemas simplificados de drenagem, como por exemplo fossas sépticas seguidas de
sistemas complementares de tratamento (no casos das residuais domésticas) (Pedroso, 2007).
Independentemente de a rede pública ser do tipo separativa ou unitária, a montante do ramal de ligação,
ambos os sistemas de drenagem residual doméstica e pluvial, têm de ser obrigatoriamente separativos.
No caso de não haver redes públicas de drenagem, as águas pluviais não deverão nunca ser conduzidas
para sistemas simplificados de tratamento de águas residuais existentes (Pedroso, 2007).
Nos sistemas de drenagem pública de águas pluviais são apenas permitidos os lançamentos de águas a
seguir listadas (Pedroso, 2007):
▪ Provenientes da chuva;
▪ Provenientes da rega de jardins, lavagem de arruamentos, pátios e parques de estacionamento
(águas gordurosas);
▪ Provenientes de circuitos de refrigeração e instalações de aquecimento (condensados);
▪ Provenientes de piscinas e depósitos de armazenamento de água;
▪ Provenientes da drenagem do subsolo (águas freáticas).

Já nos sistemas de drenagem pública de águas residuais não são permitidos lançamentos das matérias e
materiais enumerados de seguida (DR 23/95, 1995; Pedroso, 2007):

▪ Matérias explosivas ou inflamáveis;


▪ Matérias radioativas, em concentrações consideradas inaceitáveis pelas entidades competentes;
▪ Efluentes de laboratórios ou instalações hospitalares que, pela sua constituição, possam pôr em
causa a saúde pública;
▪ Entulhos, areias ou cinzas;
▪ Efluentes a temperaturas superiores a 30 ºC;
▪ Lamas provenientes de fossas sépticas, gorduras ou óleos provenientes de câmaras de retenção;
▪ Sobejos de comida, triturados ou não;
▪ Efluentes de unidades industriais que contenham matérias interditas regulamentarmente.

Constituição das redes


Em relação à sua constituição, ambos as redes (residual doméstica e pluvial) partilham elementos com
a mesma função, porém são sempre independentes. A Tabela 3 resume, de um modo geral, os elementos
normalmente utilizados e uma breve descrição. A última coluna representa qual dos sistemas (doméstico
ou pluvial) cada elemento pertence, sendo o mais comum pertencer a ambos.

22
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Tabela 3 - Designação e função dos elementos dos sistemas de drenagem (adaptado de Pedroso (2007))

Elemento Função Sistema Residual

Elementos lineares Doméstico Pluvial

Caleiras ou dispositivos de recolha destinados a conduzir as águas para


NÃO SIM
algerozes ramais de descarga ou tubos de queda
Ramais de canalização destinada ao transporte das águas provenientes dos
descarga dispositivos de recolha (ralos, etc.) para os tubos de queda ou
coletores prediais SIM SIM
(coletivos ou
individuais)

canalização destinada a aglutinar em si as descargas


Tubos de queda provenientes das zonas de recolha e a transportá-las para o SIM SIM
coletor predial ou valeta

canalização destinada a aglutinar em si as descargas


Coletores provenientes dos tubos de queda e eventualmente de ramais
SIM SIM
prediais adjacentes, transportá-las até à câmara de ramal de ligação e
posteriormente para o ramal público
canalização destinada eventualmente a ventilar poços de
Colunas de
bombagem (instalação de elevação), compreendida entre estes e SIM SIM
ventilação
a sua abertura para a atmosfera
canalização compreendida entre a câmara de ramal de ligação e o
Ramal de
coletor público e destinada conduzir as águas residuais da rede SIM SIM
ligação
predial para a pública

Elementos acessórios

Caixa de são dispositivos destinados a receber as águas de vários


pavimento aparelhos sanitários transportadas em ramais de descarga
SIM NÃO
(passagem ou individual aglutinando as águas até um único ramal de descarga
reunião) que liga ao tubo de queda

são dispositivos que podem ser incorporados nos aparelhos


sanitários ou instalados nos ramais de descarga e são destinados
Sifão SIM NÃO
a impedir a passagem de gases, existentes nas tubagens, para
compartimentos ocupados e que podem ser prejudiciais a saúde

são dispositivos que fazem a separação de matéria sólida


Ralos SIM NÃO
transportada nas águas residuais

os trop-lines são dispositivos que se colocam nos topos das


caleiras, na parte superior; são colocados em sítios acima de
Trop-lines locais com permanência de pessoas, de modo a avisar de NÃO SIM
imediato a ocorrência de problemas de entupimento nesses
dispositivos

23
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

os descarregadores de emergência usam-se em sistema sifónico


e servem para drenar o caudal acumulado quando o sistema
Descarregadores
falha; têm de ser dimensionado para escoar o caudal todo de NÃO SIM
de emergência
modo ao nível de água não atingir a platibanda e ocorrer falha
estrutural devido à sobrecarga
Câmaras de são destinadas a assegurar as operações de manutenção e
visita limpeza dos coletores e usam-se em mudanças de direção e SIM SIM
(ou inspeção) diâmetro

Câmaras de são caixas que fazem a ligação entre a última câmara de visita e a
SIM SIM
ramal de ligação rede pública através do ramal de ligação
é um poço que, no seu interior, possui uma ou várias bombas
Poços de
submersíveis para dar força à saída de água, conseguindo elevá- SIM SIM
bombagem
la até à cota da caixa de ramal de ligação [7]
é um elemento essencial no tratamento de águas residuais
Separador de
contaminadas por óleos de origem mineral com origem em NÃO SIM
hidrocarbonetos
parques de estacionamento, etc..[8]

É importante também fazer referência a dois componentes que podem fazer parte do sistema de
drenagem residual pluvial. São eles o sistema sifónico e as bacias de retenção/atenuação.
O sistema sifónico Geberit Pluvia permite fazer a drenagem das águas residuais pluviais das coberturas.
A dimensionamento deste sistema não é feito pelos projetistas uma vez que é assegurado pela Geberit.
No que diz respeito às vantagens, elas são (Geberit Tecnologia Sanitária, 2020):
▪ Menos ralos para drenagem de cobertura devido à elevada capacidade de drenagem do sistema;
▪ Maior flexibilidade no planeamento, devido à poupança dos tubos de queda;
▪ Aproveitamento máximo do espaço uma vez que as tubagens são horizontais não existindo
pendentes.

Já as baciais de retenção são componentes do sistema que apenas se usam em projetos com determinadas
caraterísticas e que se destinam a amortizar o escoamento pluvial efluente, retardando os caudais de
ponta, nunca atingindo assim os limites previamente fixados. Podem ser ainda divididas em subterrâneas
e superficiais, sendo que estas últimas também podem ser secas ou bacias de água permanente. Também
contribuem para o melhoramento da qualidade da água, do sistema de drenagem pluvial quando existe
a ocorrência de precipitações não esperadas e constituem ainda possíveis reservas contra incêndios ou
para fins de rega.

24
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

2.2.3. DIMENSIONAMENTO
2.2.3.1. DIMENSIONAMENTO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL
Relativamente à rede de drenagem residual pluvial, para proceder à determinação do caudal de cálculo
é necessário conhecer o valor da intensidade de precipitação I (mm/h). Este valor depende do tempo de
precipitação e ainda de duas constantes, a e b:

𝐼 = 𝑎 ∗ 𝑡𝑏 (1)

I – intensidade de precipitação (mm/h)


t – tempo de precipitação (min)
a, b – constantes dependentes do período de retorno

O tempo de precipitação é, como o termo indica, um valor que traduz o tempo de duração de uma
precipitação, e depende do critério do projetista, sendo que o valor máximo é de 5 min (Ramos, 2019).
Relativamente às constantes a e b, como foi referido, dependem do período de retorno adotado e ainda
da região pluviométrica onde o edifício está localizado. Portugal é assim divido em 3 regiões
pluviométricas distintas, como mostra a Figura 22. De seguida são retirados os parâmetros a e b da
Tabela 4.

Tabela 4 - Valores dos parâmetros a e b (DR 23/95, 1995)

Período de Regiões pluviométricas


retorno
A B C
(anos)
a B a b a B

5 259,26 -0,562 207,41 -0,562 311,11 -0,562

10 290,68 -0,549 232,21 -0,549 348,82 -0,549

20 317,74 -0,538 254,19 -0,538 381,29 -0,538

50 349,54 -0,524 279,63 -0,524 419,45 -0,524

100 365,62 -0,508 292,50 -0,508 438,75 -0,508

25
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 21 - Regiões pluviométricas (DR 23/95, 1995)

Para se proceder à determinação do caudal de cálculo, recorre-se à equação (2), que depende do valor da
intensidade de precipitação, da área a drenar e ainda de um coeficiente de escoamento. Este coeficiente
de escoamento depende da permeabilidade do local onde a precipitação se faz sentir. Caso seja no solo,
este coeficiente assume o valor de 0, ou seja, toda a água se infiltra no solo. Mas no caso de ser num
pavimento de um terraço, por exemplo, o coeficiente assume o valor de 1, ou seja, toda a água que cai
não é infiltrada no solo, sendo encaminhada para o sistema de drenagem existente.

Qc = 𝐶 ∗ 𝐼 ∗ 𝐴 (2)

O DR 23/95 faz também referência aos diâmetros mínimos das tubagens que têm de ser respeitados,
como mostra a Tabela 5.

Tabela 5 - Diâmetros mínimos das tubagens (DR 23/95, 1995)

Tubagem Diâmetro mínimo (Dmin)

Ramais de descarga 40 mm

Tubos de queda 50 mm

Ramais de ventilação 2/3 do tubo de queda ou ramal de


descarga respetivo

Coletores prediais 100 mm

26
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De seguida são apresentados os caudais de cálculo para fazer o dimensionamento dos elementos da rede.

• Caleiras

2
𝑄𝑐 = 𝐾𝑠 ∗ 𝑠 ∗ 𝑅ℎ3 ∗ √𝑖 (3)

Como as caleiras são dimensionadas para 7/10 da altura, a secção e o raio hidráulico são:

7
𝑆=𝑏∗ ∗ℎ
10 (4)

7
∗ℎ𝑏∗
𝑅ℎ = 10 (5)
7
𝑏+2∗ ∗ℎ
10

• Ramais de descarga = Coletores predais = Ramal de ligação

Q3/8
∅c = 3 (6)
0.6459 ∗ Ks 8 ∗ i3/16
• Tubos de queda

Se L ≥ 1m e entrada cónica ou L ≥ 40D e aresta viva:

𝐻
𝑄 = (𝛼 + 𝛽 ∗ ) ∗ 𝜋 ∗ 𝐷 ∗ 𝐻 ∗ √2 ∗ 𝑔 ∗ 𝐻 (7)
𝐷

Se L ≤ 1m e entrada cónica ou L < 40D e aresta viva:

27
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

𝑄 = 𝐶 ∗ 𝑆 ∗ √2 ∗ 𝑔 ∗ 𝐻 (8)

2.2.3.2. DIMENSIONAMENTO DA REDE RESIDUAL DOMÉSTICA


Relativamente à rede de drenagem residual pluvial, para proceder à determinação do diâmetro a utilizar,
é necessário primeiro conhecer os valores de caudal de descarga, que estão tabelados no DR 23/95,
como mostra a Figura 23.

Figura 22 - Caudais de descarga dos aparelhos e equipamentos sanitários e caraterísticas geométricas dos
ramais de descarga e sifões a considerar em aparelhos de utilização mais corrente (DR 23/95, 1995)

Em relação ao dimensionamento das tubagens, este divide-se em três tipos diferentes:


• Tubos de queda;
• Coletores

1. Tubos de queda
O dimensionamento dos tubos de queda baseia-se na utilização da Figura 24. Ou seja, o diâmetro do
tubo de queda é aquele cujo valor de caudal é maior do que a soma de todos os caudais de cálculo dos
aparelhos sanitários, que drenam para o respetivo tubo de queda.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

CAUDAIS

DN
TAX AS DE OCUPAÇÃO

1/3 1/4 1/5 1/6 1/7

50 81 50 34 25 20
75 259 160 111 82 63
90 433 268 185 136 106
110 749 464 320 236 182
125 1055 653 450 332 257
140 1429 885 610 450 348
160 2039 1262 870 642 497
200 3704 2293 1581 1167 902
250 6728 4165 2872 2119 1639

Figura 23 - Caudais máximos para o respetivo


diâmetro nominal (A400, 2020a)

2. Coletores
O método de dimensionamento dos coletores é igual quer seja coletor suspenso ou enterrado, mudando
apenas o material da tubagem. São dimensionados sempre para meia secção:

2
𝑄𝑐 = 𝐾𝑠 ∗ 𝑆 ∗ 𝑅ℎ3 ∗ 𝑖 1/2 (9)

2.2.4. FASES DE PROJETO


Este subcapítulo é de extrema importância pois permite contextualizar as fases de projeto que existem
durante o processo construtivo de um edifício, baseando-se, para isso, na Portaria 701-H (2008) e no
Manual de Projeto da empresa A400 (A400, 2020b), fornecido pela mesma.
Segundo o Manual de Projeto da empresa, estão previstas as seguintes fases de projeto, de acordo com
o sistema de qualidade da mesma:
• PPR – Programa Preliminar;
• PBA – Programa Base;
• ESP – Estudo Prévio;
• CPR – Comunicação Prévia;
• PRL – Processo de Licenciamento;
• PRC – Processo de Concurso;
• PRB – Projeto Base;
• PRE – Projeto de Execução.

29
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Porém, é importante referir que um projeto normal apenas contempla as 4 seguintes fases:
• PBA – Programa Base;
• ESP – Estudo Prévio;
• PRB – Projeto Base;
• PRE – Projeto de Execução.

A preparação dos processos, seja de licenciamento, concurso, comunicação prévia, etc, são apenas
adaptações de umas das 4 fases descritas anteriormente (A400, 2020b).
Estas diferentes fases estão apresentadas pela ordem cronológica que devem ser respeitadas. À medida
que avançamos no tempo, é essencial o projeto ganhar riqueza a nível de detalhe e na eficácia das
soluções adotadas. Também é essencial haver uma maior comunicação interpessoal, de modo a
ultrapassar os obstáculos que possam vir a aparecer.

30
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

3
METODOLOGIA

3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Como já foi abordado anteriormente neste trabalho, uma das grandes motivações para a escolha do rumo
desta dissertação, é abordar e entender as potencialidades da junção dos softwares Revit, Dynamo e
Excel, aquando da fase de projeto. Para isso, e com a devida autorização da empresa, foi selecionado
um caso de estudo onde se pudessem aplicar e estudar todos os procedimentos escolhidos para a
elaboração do projeto das redes de drenagem.
Um dos objetivos desta dissertação passou por compreender as etapas que são seguidas aquando da
preparação de um projeto de engenharia e todos as questões relevantes que estão inerentes a este
processo. Focou-se em perceber as dificuldades que um projetista tem de enfrentar desde que começa a
modelação de um projeto até à sua entrega final nas entidades licenciadoras. Por essa razão, no capítulo
anterior foi importante fazer uma contextualização dos conceitos base sobre a drenagem residual
doméstica e pluvial e também acerca dos conceitos BIM. Deu-se a conhecer o processo que está por trás
do dimensionamento das redes de drenagem e também sobre as ferramentas de modelação usadas no
Revit.
A última etapa passa por preparar os processos de emissão do projeto em questão. Esta etapa é
importante uma vez que é necessário entregar nas entidades gestoras o processo de licenciamento de
forma a haver a aprovação do projeto. Uma vez que este trabalho foi realizado em circunstância
excecionais, devido à pandemia de COVID-19, este assunto não foi abordado com a profundidade que
se desejava, uma vez que as entidades licenciadoras mudaram a sua maneira de trabalhar, sendo, por
essa razão, mais difícil aprofundar este assunto. Irá ser apresentada apenas a forma como se prepara e
apresenta o projeto nas entidades licenciadoras.
No seu quotidiano, o departamento de instalações hidráulicas, o qual acolheu o autor desta dissertação,
realiza projetos de abastecimento de água e drenagem de águas residuais, quer em instalações prediais,
quer em infraestruturas públicas. Alguns projetistas elaboram também projetos de gás, quer predial, quer
infraestruturas.
Neste trabalho irão ser abordadas as redes prediais de drenagem de águas residuais e pluviais.

31
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

3.2. METODOLOGIA PROPOSTA


3.2.1. FLUXOGRAMAS
Como já foi discutido anteriormente, os fluxogramas desempenham um papel muito importante pois
ajudam os projetistas no seu trabalho. Os fluxogramas têm de ser tanto gerais quanto possíveis, de forma
a clarificar o processo geral na elaboração dos projetos.
O fluxograma apresentado na Figura 25 representa, de uma forma muito geral, a metodologia proposta
na dissertação. Selecionou-se um projeto, realizou-se a modelação e dimensionamento respetivo de
ambas as redes residuais doméstica e pluvial e, por último, preparou-se os processos de emissão nas
entidades licenciadoras.

Figura 24 - Fluxograma da metodologia

A Figura 26 traduz o fluxograma da rede de drenagem de águas pluviais. Já a Figura 27 representa o


fluxograma da rede de drenagem de águas residuais. Mais à frente irão ser explicados todos os passos
seguidos nesse processo.

32
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 25 - Fluxograma que traduz, de uma forma sequencial, o trabalho realizado na rede de drenagem residual pluvial

33
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 26 - Fluxograma que traduz, de uma forma sequencial, o trabalho realizado na rede de drenagem residual doméstica

34
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

3.2.2. DESCRIÇÃO DO TRABALHO A REALIZAR (REVIT + EXCEL + DYNAMO)


Como foi abordado em 2.1.8, a empresa já realiza os projetos, maioritariamente, em BIM. Ainda não
sendo 100 % viável realizar os projetos em Revit, são utilizados também o Excel, o Dynamo, AutoCAD,
entre outros, no sentido de auxiliar o projetista na modelação e dimensionamento das redes. Ora, como
se irá observar mais à frente, o Excel é usado para o dimensionamento, o Dynamo é usado para criar
rotinas de forma a otimizar processos e o AutoCAD é usado para consultar as bases de arquitetura,
complementar os desenhos com pormenores e esquemas de princípio 2D e também para extrair os
outputs de forma a incluir nos entregáveis.
Em 2.1.6 foram já abordados os principais aspetos a ter em atenção no Revit, tais como as ferramentas
mais importantes para a modelação e também as schedules, que irão ter um papel bastante relevante
neste trabalho. No processo de modelação de um projeto, a maior dificuldade não está relacionada com
as funcionalidades e uso do Revit, mas sim com a compatibilização entre as outras especialidades de
projeto, sendo mais usual no projeto de execução.
Ao longo do tempo, as bases de Arquitetura sofrem mudanças consideráveis. No decurso desta
dissertação, esse mesmo problema também aconteceu. No período de adaptação na empresa, no início
da presente dissertação, este foi um dos projetos que o autor usou e tentou familiarizar-se com as
funcionalidades do Revit e o modo de trabalho da empresa. Porém, mais à frente, quando se começou a
modelar o projeto para a dissertação, as plantas de arquitetura tinham sofrido mudanças em relação ao
layout dos pisos. Isto acontece com alguma frequência e, por essa razão, os projetistas têm de se adaptar
e tentar contornar estas contrariedades. Por essa razão, até ao projeto de execução os projetos não são
imutáveis e sofrem sempre alterações.
De seguida, irão ser apresentadas as etapas para a elaboração de qualquer projeto.
Ora, em primeiro lugar, quando se começa a modelar, é necessário o projetista familiarizar-se com o
projeto em questão. Para isso são consultados documentos de apoio onde estão apresentados os
requisitos, caso hajam, ou outras informações relevantes de forma a começar a modelar. Como é
mostrado nos fluxogramas apresentados anteriormente, em cada uma das duas redes, em primeiro lugar,
o projetista necessita de conhecer o edifício e identificar as melhores soluções. É preciso ter em atenção
que nem sempre a melhor solução para um traçado é possível. O objetivo é encontrar sempre a melhor
solução, atendendo às caraterísticas do edifício e às circunstâncias específicas com que o projetista se
depara. Por essa razão, é normal haver sempre retrocessos ou mudanças em relação a uma ideia definida.

Excel
Durante a modelação, o uso do Revit e do Excel é um processo a ser feito quase que em simultâneo. O
objetivo principal passa por modelar em Revit as tubagens, numerá-las com uma designação pré-definida
e, de seguida, fazer o respetivo dimensionamento. Este dimensionamento é feito sempre de montante
para jusante, quer na rede residual doméstica quer na rede residual pluvial, de forma a começar com o
caudal mais pequeno que vai aumentando até obter o máximo caudal que é necessário drenar.
O software Excel é responsável por ajudar no processo de dimensionamento. Como é um programa de
uso comum e generalizado, não foi explicado o seu modo de funcionamento, visto que todas as funções
usadas são relativamente simples. Ora, a empresa já possui folhas de Excel preparadas com todos as
fórmulas que o projetista necessita, que podem ser usadas para o dimensionamento das redes de
drenagem doméstica pluvial e residual, entre outras.

35
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

A Figura 28, Figura 29 e Figura 30 mostram as folhas de cálculo de Excel utilizadas para o
dimensionamento das caleiras, tubos de queda e coletores, respetivamente, pertencentes à rede de
drenagem pluvial. Pode-se verificar que todas elas efetuam uma verificação hidráulica final, tornando o
processo bastante intuitivo e fácil de se fazer. A folha de cálculo de dimensionamento dos coletores é
igual para coletores suspensos e enterrados, mudando apenas o material da conduta. Deve-se ter em
atenção de que os dados presentes nas folhas de cálculo seguintes não se relacionam com o projeto,
servindo meramente para demonstrar o modo de funcionamento das mesmas.

2012000-P HPR - Instalações Hidráulicas Prediais


DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Dimensionamento das Caleiras

Qm - Caudal Máximo Transportado


A - Área a drenar em projecção

Y n - Altura da Lâmina Líquida


I - Intensidade de Precipitação

C - Coeficiente de Escoamento

Am - Área Máxima a Drenar


K - Coeficiente de Strickler

Qe - Caudal Efectivamente
i(%) - Inclinação

Transportado
horizontal

h - Altura
b - Base
C a le ira

m² l/ m in.m 2 A dim . m 1/ 3 /s m m (cm / m) l/ m in m2 l/ m in cm

Caleira C1 1,75 1,00 120 0,3 0,1 0,5 1406,74 804,36 0,00 0,10 OK

Caleira C2 1,75 1,00 75 0,15 0,1 0,4 327,06 187,01 0,00 0,10 OK

Figura 27 - Folha de cálculo da rede residual pluvial do dimensionamento das caleiras (A400, 2020a)

Figura 28 - Folha de cálculo da rede residual pluvial do dimensionamento dos tubos de queda (A400, 2020a)

2012000-P HPR - Instalações Hidráulicas Prediais


DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Calculo dos colectores suspensos
Altura Lâmina Líquida Y (m)
Coeficiente de Escoamento
Coeficiente de Escoamento

Coeficiente de Escoamento

Caudal Secção Cheia (l/s)

T ro ç o
Área de Pavimento (m²)

Diâmetro Exterior (mm)


Área Adstrita Total (m²)

Diâmetro Interior (mm)


Área de cobertura (m²)

Força Tractiva (N/m2)


Inclinação (mm/m)

Velocidade (m/s)
Geodreno (m²)

Caudal (l/s)

K Y/ D
Montante

Jusante

2 1 60 0,50 1,00 0,05 30 0,87 10 75 69,8 3,09 120 0,025 0,36 0,69 1,39 ok

3 2 60 1,00 1,00 0,05 60 1,75 10 110 102,8 8,67 120 0,031 0,30 0,82 1,78 ok

4 3 60 1,00 1,00 0,05 60 1,75 10 110 102,8 8,67 120 0,031 0,30 0,82 1,78 ok

Figura
5 29 4- Folha
60 de
1,00 cálculo 1,00
da rede residual
0,05 60 pluvial
1,75 do
10 dimensionamento
110 102,8 8,67 120dos coletores
0,031 0,30 (A400,
0,82 1,78 2020a)
ok

36
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Na folha da Figura 28 o projetista necessita de introduzir a área a drenar em projeção horizontal e o


coeficiente de escoamento. Com o valor da intensidade de precipitação (I), que para aquela região
assume o valor de 1.75, é calculado o caudal efetivamente transportado. De seguida o projetista completa
os valores relativos às caraterísticas da caleira, no que diz respeito à sua altura, base, coeficiente de
Strickler e inclinação. Com estes dados é calculado o caudal máximo possível de transportar, sendo que
este tem de ser sempre maior do que o efetivamente transportado.
Nas folhas da Figura 29 e Figura 30, o procedimento é muito semelhante, sendo que o caudal
efetivamente transportado tem de ser sempre menor que o caudal máximo admitido.
Já a Figura 31 e Figura 32 mostram as folhas de cálculo de Excel utilizadas para o dimensionamento dos
coletores e tubos de queda, respetivamente, pertencentes à rede das residuais domésticas.

Figura 30 - Folha de cálculo de residuais domésticas do dimensionamento dos coletores (A400, 2020a)

Figura 31 - Folha de cálculo do dimensionamento dos tubos de queda (A400, 2020a)

O processo de dimensionamento das residuais domésticas é diferente do das pluviais, porém a


verificação hidráulica final mantém-se.
Na Figura 31, o projetista preenche, na linha respetiva, os aparelhos que drenam para a tubagem
correspondente, sendo depois calculado automaticamente o caudal de cálculo. De seguida, preenchendo
o diâmetro exterior, é feita a verificação hidráulica.
Já na Figura 32, o projetista também tem de preencher os equipamentos que drenam para a respetiva
tubagem. De seguida, com o auxílio da Figura 24, é feita a verificação do caudal, consoante a taxa de
ocupação. Caso dê KO, é necessário aumentar o diâmetro.

37
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Dynamo
Por último, mas não menos importante, o Dynamo desempenha o papel de “ponte” entre o Excel e o
Revit. É ele quem vai buscar a informação ao Excel, faz o tratamento desses dados através de listas e
introduz essa informação no sítio correto no Revit.
Esta é uma ferramenta que tem a capacidade de, através de uma programação visual que se baseia na
junção de vários nós, de forma a otimizar e minimizar o trabalho do projetista. Porém, o script tem de
estar escrito de forma correta e ter a capacidade de ser mutável de forma a cobrir diversas alternativas,
em diferentes situações.
Ora, o objetivo final é o utilizador não visualizar o código em Dynamo, bastando apenas recorrer ao
Dynamo player, uma ferramenta que faz correr os scripts de Dynamo, criados previamente. Mas para
isso acontecer é necessário o script estar criado do modo mais eficaz possível.

Figura 32 - Página principal do Dynamo

38
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Como podemos observar na Figura 33, do lado esquerdo, tem-se a biblioteca de nós, onde estão todos
os nós existentes. No canto inferior esquerdo pode-se predefinir o modo de funcionamento do Dynamo,
automático ou manual. Apesar de estar predefinido automático, a opção manual é a melhor pois não é
necessário o programa estar constantemente a processar os nós adotados, algo que pode-se tornar
demorado e pesado pois a informação seria carregada sempre que houvesse uma alteração dos nós.

3.2.3. OBJETOS REVIT A UTILIZAR


Com este parágrafo pretende-se fazer uma apresentação do tipo de objetos que foram utilizados durante
a modelação do modelo e distinguir 3 níveis de utilização dos objetos e ferramentas do Revit. Podem-se
então destacar 3 tipos diferentes de níveis de objetos/ ferramentas:
1. os objetos que já existem no Revit;
2. os objetos que foram criados ou adaptados pela empresa;
3. os processos/ferramentas feitos pelo projetista.
Mais à frente, no ponto 4.4, irão ser apresentados em detalhe uma lista de todos os objetos e processos
que constituem os 3 níveis abordados acima.

3.2.4. DEFINIÇÃO DOS APRESENTÁVEIS


Em qualquer gabinete de projetos de engenharia, os entregáveis têm de ser preparados de forma a
cumprir determinadas regras e também de forma a preencher certos requisitos, de acordo com a entidade
licenciadora.
Em primeiro lugar, deve-se chamar à atenção para as diferenças dos entregáveis consoante a localização
da obra. Cada autarquia tem a sua codificação para os diferentes tipos de entregáveis e o projetista tem
de cumprir essas normas criteriosamente.
Relativamente aos entregáveis, propriamente ditos, destacam-se:
• Memória descritiva;
• Folhas de cálculo;
• Peças desenhadas.
O ficheiro final a ser entregue tem de estar dividido em EDITÁVEIS e NÃO EDITÁVEIS, sendo a
constituição das duas pastas igual, porém na segunda todos os ficheiros têm de estar em formato PDF.
De seguida, divide-se em PD (Peças Desenhadas), PE (Peças Escritas) e BIM.

39
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Todos os ficheiros têm de respeitar uma codificação existente dentro do funcionamento da empresa, a
chamada ‘Codificação das peças de projeto’. A Figura 34 mostra a constituição tipo e quais os
parâmetros que a constituem.

Figura 33 - Codificação das peças de projeto (A400, 2020b)

As PD incluem todos os desenhos de todos os pisos do edifício e também os de pormenor, essenciais de


forma a entender o projeto, de todas as especialidades constituintes no mesmo (RAA, ICI, DAP e DAR).
As PE, para além da MD (Memória Descritiva) e Folhas de cálculo auxiliares, contém ainda Cadastros,
Termos de Responsabilidade, Seguros e ainda uma LPP (Lista de Peças de Projeto) e LPD (Lista de
Peças de Desenho), que contém a lista de todos os entregáveis e dos desenhos, respetivamente.
A MD é o documento mais importante que o projetista tem de preparar. É um documento reúne
informações acerca de cada uma das sub-especialidades (RAA, ICI, DAR e DAP), e que contém a
descrição geral de toda a rede, os elementos base para o dimensionamento, o processo de
dimensionamento e ainda as disposições construtivas, de cada uma das sub-especialidades.

40
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

4
CASO DE ESTUDO

4.1. APRESENTAÇÃO DO CASO DE ESTUDO


Este projeto foi desenvolvido como sendo parte de um PRL (Projeto de Licenciamento) e, por essa razão,
foi consultada a memória descritiva da etapa anterior pertencente ao ESP (Estudo Prévio).
Trata-se de uma obra de ampliação de um edifício de habitação e comércio, localizado em Lisboa. A
Tabela 6 apresenta uma informação resumida em relação à constituição do edifício.

Tabela 6 – Tipologia de cada piso do edifício

Piso Constituição

restauração + espaço comercial + 2 depósitos para lixo (comercial e


Piso 0
não-comercial)

Piso 1 2 T1 + 1 T7 (cooliving)

Piso 2 2 T1 + 1 T7 (cooliving)

Piso 3 2 T1 + 1 T7 (cooliving)

Piso 4 1 T0 + 1 T1 + 1 T3

Piso 5 continuação do T3 do piso 4

A Figura 34, Figura 35, Figura 36, Figura 37, Figura 39, Figura 40 e Figura 41 representam os pisos que
constituem o edifício.

41
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 34 - Planta piso 0

Figura 35 - Planta piso 1

Figura 36 - Planta piso 2

Figura 37 - Planta piso 3

42
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 38 - Planta piso 4

Figura 39 - Planta piso 5

Figura 40 - Planta cobertura

43
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

4.2. DOCUMENTOS ESSENCIAIS PARA O INÍCIO DO PROJETO


De acordo com o DR 23/95, para a elaboração de qualquer projeto, os projetistas têm a responsabilidade
de recolher todos os elementos necessários para a modelação e dimensionamento, que são fornecidos
pela entidade gestora ou pelo dono de obra. Neles podem constar informação relativamente à existência
ou não de redes públicas, os valores de pressão máxima e mínima na rede pública ou a localização e
profundidade da soleira da CRL (câmara ramal de ligação). Os tópicos que foram referidos
anteriormente referem-se, maioritariamente, ao abastecimento, o qual não foi objeto de estudo neste
trabalho. Relativamente à drenagem, a lista de requisitos contém as informações mais relevantes, entre
elas a preferência da localização da CRL, os materiais das tubagens e outros pormenores construtivos
que importam referir.
Os cadastros também são documentos importantes que são disponibilizados pela entidade gestora onde
estão definidos o diâmetro de ligação máximo e o seu material, assim como a profundidade máxima da
CRL, para além também da sua localização.
Uma informação importante que foi preciso retirar para realizar o projeto em Revit foi o material com
que irão ser constituídas as tubagens. A Tabela 7 mostra os materiais das tubagens a incluir no projeto,
cuja informação está presente na MD consultada. Estes materiais foram selecionados de acordo com o
que está estipulado no regulamento e também devido ao facto de a empresa já optar por estes materiais.
Em obras de ampliação, como é o caso, pode-se pensar que a solução usada seria utilizar os materiais
que já existam, porém, na maior parte das situações, é difícil saber com precisão quais os materiais
existentes na rede.
Tabela 7 - Material das tubagens

Tubagem Material

Rede não-enterrada PP-Silent

Rede enterrada (Φ>110 mm) PP (Polipropileno corrugado - SN8)

Rede enterrada (Φ<=110 mm) PVC-U (área de aplicação B)

Tubagem de ventilação PVC-U (área de aplicação B)

Contém também uma informação importante que é essencial para começar a modelação em Revit que
são os locais onde é necessária fazer a drenagem das águas pluviais, tais como:

• Terraços acessíveis

Figura 41 - Exemplo de um terraço (piso 2 e 3), onde irá ser feita a drenagem do mesmo
44
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

• Mansardas e saguão

Figura 42 - Localização das mansardas (piso 5), onde é necessário fazer a sua drenagem

• Pavimentos exteriores e ajardinados

Figura 43 - Exemplo de um pavimento exterior (piso 1), onde irá ser feita a drenagem

45
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

• Esvaziamento das piscinas.

Figura 44 - Localização das piscinas (piso 4 e 5), onde é necessário fazer a drenagem das mesmas

4.3. PROCESSO DE MODELAÇÃO


Neste subcapítulo irão ser abordados e explicados todos os passos que estão descritos no respetivo
fluxograma apresentado em 3.2.1.
Em primeiro lugar, foi modelada a rede de drenagem predial residual pluvial. De seguida, modelou-se
a rede de drenagem predial residual doméstica.

4.3.1. REDE DE DRENAGEM RESIDUAL PLUVIAL


Como está explicado no fluxograma respetivo, começou-se por criar as filled regions, que fornecem a
‘área de influência’ que vai ser usada para o dimensionamento das caleiras. A Figura 46 mostra um
exemplo de uma filled region, colorida a azul, criada no terraço no piso 4, de modo a obter a área que
irá ser usada para o dimensionamento das caleiras. A área já é um parâmetro presente nesta ferramenta
do Revit, e aparece na janela de propriedades no lado esquerdo.

Figura 45 - Exemplo de uma filled region criada para o piso 4

46
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

A Tabela 8 mostra as áreas recolhidas de todas as filled regions criadas no Revit. Porém, para
dimensionamento, e por opção do autor deste trabalho, estas foram arredondadas para cima, como
habitualmente deve ser feito como medida de segurança de dimensionamento.

Tabela 8 - Áreas usadas para o dimensionamento das caleiras

Área (m2)
Zona de
Caleira Efetivamente Usada no
influência
medida dimensionamento

Caleira 5A Piso 5 53 60

Caleira 5B Cobertura 29 35

Caleira 5C Cobertura 45 50

Caleira 5D Cobertura 29 35

Caleira 5E Cobertura 22 30

Caleira 4A Piso 4 30,5 35

Caleira 3A Piso 3 28 35

Caleira 2A Piso 2 14 15

Caleira 1A Piso 1 27 30

Depois de ter as áreas de dimensionamento, recorreu-se à folha de Excel para dimensionar as caleiras,
como mostra a Figura 47. Na primeira coluna tem-se a identificação da respetiva caleira, depois a área
a drenar para dimensionamento, como foi explicado acima. De seguida, o projetista preenche as colunas
da base e da altura, de forma a que na última coluna o resultado dê “OK”. Esta verificação compara o
caudal efetivamente transportado com o máximo transportado, sendo que este último tem de ser sempre
maior que o primeiro. Por norma, e como é prática comum na empresa, as dimensões mínimas utilizadas
para as caleiras são de 15 cm para a base e de 10 cm para a altura. Como se pode observar, nas caleiras
2A e 3A, a altura foi ainda reduzida para 7,5 cm devido à área de dimensionamento ser menor e também
à natureza do escoamento. Também foi adotada uma inclinação de 0,5% de forma a existir uma pendente
para o escoamento se dar na direção pretendida.

47
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

0 HPR - Instalações Hidráulicas Prediais


DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Dimensionamento das Caleiras

Qe - Caudal Efectivamente Transportado


Qm - Caudal Máximo Transportado
A - Área a drenar em projecção

C - Coeficiente de Escoamento
I - Intensidade de Precipitação

Y n - Altura da Lâmina Líquida


K - Coeficiente de Strickler

Am - Área Máxima a Drenar


i(%) - Inclinação
horizontal

h - Altura
b - Base
Caleira

m² l/min.m2 Adim. m1/3/s m m (cm / m) l/min m2 l/min cm

Caleira 5A 60 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 105,00 2,60 OK
Caleira 5B 35 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 61,25 1,80 OK
Caleira 5C 50 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 87,50 2,30 OK
Caleira 5D 35 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 61,25 1,80 OK
Caleira 5E 30 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 52,50 1,70 OK
Caleira 4A 35 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 61,25 1,80 OK
Caleira 3A 35 1,75 1,00 90 0,15 0,075 0,5 295,98 169,13 61,25 1,80 OK
Caleira 2A 15 1,75 1,00 90 0,15 0,075 0,5 295,98 169,13 26,25 1,10 OK
Caleira 1A 30 1,75 1,00 90 0,15 0,1 0,5 438,80 250,74 52,50 1,70 OK

Figura 46 - Dimensionamento das caleiras

De forma a passar para a próxima etapa, foi necessário criar, no modelo Revit, um shared paramether
com a designação “Id_Caleiras”, que consiste num parâmetro localizado na tabela das propriedades dos
elementos pretendidos, como mostra a Figura 48. Este teve de ser configurado para aparecer, apenas,
nos elementos que interessam, associados à categoria de Plumbing Fixtures, onde estão localizadas as
caleiras. Depois, teve de se preencher em todas as caleiras a sua designação respetiva, à medida que iam
sendo colocadas no modelo. Esta designação é do tipo “Caleira ni”, onde n representa o número do
respetivo piso e i uma letra do abecedário, começando por ‘A’. A Figura 48 mostra a localização do
shared paramether no painel das propriedades.

Figura 47 - Localização do shared paramether “Id_Caleiras” nos objetos caleiras

48
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De seguida, o processo passou pela criação de um script no Dynamo de forma a obter as dimensões da
caleira que foram dimensionadas no Excel e transcrever essas dimensões nos objetos das caleiras com a
designação respetiva. O princípio de funcionamento do script criado está descrito no fluxograma da
Figura 49.

Figura 48 - Gráfico que explica o funcionamento do script Dynamo criado para as caleiras

Como está evidenciado na Figura 49, em primeiro lugar, faz-se um levantamento de dois conjuntos de
dados. Por um lado, é necessário recolher, na folha de cálculo das caleiras, os dados relativos à
designação de cada caleira e também relativamente às suas dimensões de base e altura. Por outro lado,
é também necessário recolher os dados relativos aos objetos que representam as caleiras no modelo
Revit. Para isso, selecionam-se todos os elementos que pertencem à categoria de Plumbing Fixtures e
filtram-se aqueles que apresentam a designação no shared paramether criado (“Id_Caleira”), do tipo
‘Caleira ni’. Depois, o processo passa por obter os índices dos elementos do modelo Revit com as
posições relativamente à lista que contém os elementos obtidos da folha de cálculo. Este passo é
importante para realizar a etapa final, que consiste em ir buscar as dimensões pretendidas, neste caso a
base e a altura das caleiras, e aplicá-las aos elementos respetivos no modelo Revit, consoante os índices
obtidos anteriormente.
Resumindo, o processo passa por cruzar os dados entre o Excel e o Dynamo, da seguinte forma:
1. Ir buscar à folha de Excel todas as informações necessárias:
i. Designação das caleiras;
ii. Base das caleiras;
iii. Altura das caleiras.
2. Ir buscar ao modelo Revit todos os elementos da categoria Plumbing Fixtures que contêm o
nome “caleira” no shared paramether criado. Isto filtra todos os objetos pertencentes aos
Plumbing Fixtures e seleciona apenas os que interessam;
3. De seguida, associar as dimensões do Excel com as caleiras respetivas no modelo através
da correlação com a sua designação do Excel respetiva.

49
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De seguida, e antes de passar para a criação da tubagem, colocaram-se os ralos no modelo Revit. Como
já se viu, a sua função é encaminhar as águas recolhidas nas caleiras para os tubos de queda. A Figura
50 mostra a posição do ralo de pavimento (a azul) no objeto caleira. A Figura 51 ilustra o objeto Revit
ralo de pavimento usado, pertencente à biblioteca de objetos usada pela empresa.

Figura 49 - Imagem 3D da inserção do objeto ralo de pavimento no objeto caleira no modelo Revit

Figura 50 - Imagem 3D do objeto ralo de pavimento

Relativamente à modelação da tubagem, criou-se outro shared paramether, neste caso, para a categoria
Pipes, com o nome “Id_Tubos”, como mostra a. À medida que se ia modelando os tubos, atribuía-se a
designação no shared paramether, numerando os tubos com a designação “DAP ni”, onde n representa
o número do respetivo piso e i uma letra do alfabeto.

50
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 51 - Localização do shared paramether "Id_Tubo"

Passando agora para a modelação da rede, adotou-se uma estratégia de fazer a modelação e o
dimensionamento piso a piso, ou seja, modelava-se um piso e de seguida fazia-se o dimensionamento
de todos os tubos desse piso. A Figura 53, Figura 54 e Figura 55 mostram as tabelas de dimensionamento
em Excel dos tubos de queda, coletores não enterrados e coletores enterrados, respetivamente.
0 HPR - Instalações Hidráulicas Prediais
DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Dimensionamento dos Tubos de Queda
Caudal Unitário

Comprimento

Carga Máxima
Área Adstrita
DAPs de Queda

Coeficiente de

Carga necessária Verificação da capacidade


Caudal de

Diâmetro

Diâmetro

Admitida
Exterior

Interior
Escoamento

Cálculo

de transporte do DAP
TQ

para o caudal de
cálculo queda adoptado

m2 l/min/m2 l/min m mm mm cm cm l/s l/min

DAP 5I 53,00 1,75 1,00 93 5,77 75 67,8 4,07 5,04 7,61 456,80 OK
DAP 5J 74,00 1,75 1,00 130 15,24 75 67,8 4,07 5,04 7,61 456,80 OK
DAP 5K 70 2,76 75 67,8 4,07 6,04 10,71 642,66 OK
DAP 5N 65,00 1,75 1,00 114 75 67,8 4,07 7,04 2,12 127,29 OK
DAP 4D 61,00 1,75 1,00 107 10,55 75 67,8 4,07 5,04 7,61 456,80 OK
DAP 4E 140 10,55 75 67,8 4,07 6,04 10,71 642,66 OK
DAP 3C 81,00 1,75 1,00 142 2,62 90 79,0 4,74 5,04 2,44 146,23 OK
DAP 2C 95,00 1,75 1,00 166 2,16 110 98,0 5,88 5,04 3,75 225,02 OK
DAP 1C 92,00 1,75 1,00 161 2,68 110 98,0 5,88 5,04 3,75 225,02 OK
DAP 0F 74,00 1,75 1,00 130 2,55 90 79,0 4,74 5,04 2,44 146,23 OK

Figura 52 - Dimensionamento dos tubos de queda (DAP) (A400, 2020a)

51
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

0 HPR - Instalações Hidráulicas Prediais


DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Calculo dos colectores enterrados

Altura Lâmina Líquida Y (m)


Coeficiente de Escoamento

Coeficiente de Escoamento

Coeficiente de Escoamento

Caudal Secção Cheia (l/s)


Área de Pavimento (m²)

Área Adstrita Total (m²)

Diâmetro Exterior (mm)


Área de cobertura (m²)

Diâmetro Interior (mm)


Troço

Força Tractiva (N/m2)


Inclinação (mm/m)

Velocidade (m/s)
Geodreno (m²)

Caudal (l/s)
K Y/D
Montante

Jusante

DAP 5A 14,50 1,00 1,00 0,00 0,50 14,5 0,42 10 75 67,8 2,86 120 0,018 0,26 0,57 1,02 ok
DAP 5B 29,00 1,00 1,00 0,00 0,50 29 0,85 10 75 67,8 2,86 120 0,025 0,37 0,69 1,37 ok

DAP 5C 51,50 1,00 1,00 0,00 0,50 51,5 1,50 10 75 67,8 2,86 120 0,035 0,52 0,80 1,73 ok
DAP 5D 22,50 1,00 1,00 0,00 0,50 22,5 0,66 10 75 67,8 2,86 120 0,022 0,32 0,64 1,24 ok
DAP 5E 74,00 1,00 1,00 0,00 0,50 74 2,16 10 75 67,8 2,86 120 0,044 0,65 0,87 1,96 ok
DAP 5F 26,50 1,00 1,00 0,00 0,50 26,5 0,77 10 75 67,8 2,86 120 0,024 0,35 0,67 1,32 ok
DAP 5G 53,00 1,00 1,00 0,00 0,50 53 1,55 10 75 67,8 2,86 120 0,036 0,53 0,81 1,75 ok
pisicna DAP 5H 1,17 10 75 67,8 2,86 120 0,030 0,44 0,75 1,56 ok
DAP 5L 35,00 1,00 1,00 0,00 0,50 35 1,02 10 75 67,8 2,86 120 0,028 0,41 0,72 1,48 ok
DAP 5M 65,00 1,00 65 1,90 10 75 67,8 2,86 120 0,041 0,60 0,85 1,88 ok
DAP 4A 30,50 1,00 1,00 0,00 0,50 30,5 0,89 10 75 67,8 2,86 120 0,026 0,38 0,70 1,40 ok
DAP 4B 61,00 1,00 1,00 0,00 0,50 61 1,78 10 75 67,8 2,86 120 0,039 0,57 0,84 1,84 ok
piscina DAP 4C 1,17 10 75 67,8 2,86 120 0,030 0,44 0,75 1,56 ok
DAP 3A 14,00 1,00 1,00 0,00 0,50 14 0,41 10 75 67,8 2,86 120 0,017 0,25 0,56 1,01 ok
DAP 3B 28,00 1,00 1,00 0,00 0,50 28 0,82 10 75 67,8 2,86 120 0,025 0,36 0,68 1,35 ok
DAP 2A 7,00 1,00 1,00 0,00 0,50 7 0,20 10 75 67,8 2,86 120 0,012 0,18 0,46 0,75 ok
DAP 2B 14,00 1,00 1,00 0,00 0,50 14 0,41 10 75 67,8 2,86 120 0,017 0,25 0,56 1,01 ok
DAP 1A 13,50 1,00 1,00 0,00 0,50 13,5 0,39 10 75 67,8 2,86 120 0,017 0,25 0,55 0,99 ok
DAP 1B 92,00 1,00 1,00 0,00 0,50 92 2,68 10 75 67,8 2,86 120 0,053 0,78 0,90 2,06 ok
DAP 0B 95,00 1,00 1,00 0,00 0,50 95 2,77 10 75 67,8 2,86 120 0,054 0,80 0,90 2,06 ok
DAP 0D 74,00 1,00 1,00 0,00 0,50 74 2,16 10 75 67,8 2,86 120 0,044 0,65 0,87 1,96 ok

Figura 53 - Dimensionamento dos coletores não enterrados (A400, 2020a)

0 HPR - Instalações Hidráulicas Prediais


DAP - Drenagem de Águas Pluviais
0
Calculo dos colectores enterrados
Altura Lâmina Líquida Y (m)
Coeficiente de Escoamento

Coeficiente de Escoamento

Coeficiente de Escoamento

Caudal Secção Cheia (l/s)


Área de Pavimento (m²)

Diâmetro Exterior (mm)


Área Adstrita Total (m²)

Diâmetro Interior (mm)


Área de cobertura (m²)

Troço
Força Tractiva (N/m2)
Inclinação (mm/m)

Velocidade (m/s)
Geodreno (m²)

Caudal (l/s)

K Y/D
Montante

Jusante

DAP 0A 61,00 1,00 1,00 0,00 0,50 61 1,78 10 125 107,6 9,79 120 0,031 0,29 0,82 1,78 ok
DAP 0C 248,00 1,00 1,00 0,00 0,50 248 7,23 10 125 107,6 9,79 120 0,069 0,64 1,18 3,09 ok
DAP 0E 322,00 1,00 1,00 0,00 0,50 322 9,39 10 125 107,6 9,79 120 0,085 0,79 1,23 3,27 ok

Figura 54 - Dimensionamento dos coletores enterrados (DAP) (A400, 2020a)

Devido ao facto de num projeto poderem existir centenas de tubos que são necessários dimensionar, é
normal haver lapsos. De forma a tentar diminuir este erro, foi criada uma schedule, como foi abordado
em 2.1.6.2. Ora, no caso desta rede, esta página assumiu uma função meramente visual e apenas para
confirmação do trabalho realizado.

52
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

A Schedule criada, como mostra a Figura 56, reúne todas as tubagens criadas no modelo, a rede (System)
a que pertencem (neste caso, DAP), a designação que aparece no shared paramether (“Id_Tubo”) e
ainda o diâmetro da respetiva tubagem (Diameter). Caso houvesse algum tubo que não tivesse nenhuma
designação do shared paramether, apareceria em branco e o projetista saberia que naquela tubagem
tinha faltado preencher o “Id_Tubo”.

Figura 55 - Schedule criada com o nome "DAP Tubagem"

Relativamente à drenagem das piscinas adotou-se a seguinte abordagem. Foi adotado como critério de
projeto um caudal de recirculação que corresponde ao volume de água a repor em função do período de
tempo de recirculação, cujo valor é de 3 m3/h. Existe também um critério de projeto que é seguido, que
é geralmente indicado pelos fabricantes, em que o caudal de lavagem dos filtros, que corresponde ao
volume de água que irá ser drenado, é de cerca de 140% do caudal de recirculação. Ora, por essa razão,
ao valor de 3m2/h foi multiplicado por 1.4, sendo este valor (3x1,4 = 4,2 m3/h) o utilizado para o
dimensionamento da tubagem.
De seguida, com todas as tubagens modeladas, numeradas e dimensionadas, avançou-se para a criação
de outro script no Dynamo. Este script tem como base de funcionamento o anterior script:
1. Ir buscar à folha de Excel todos as designações das tubagens e os diâmetros respetivos;
2. Ir buscar ao modelo Revit todos os elementos da categoria Pipes que contêm o nome “DAP” no
Shared paramether criado (“Id_Tubo”). Isto leva a que haja uma filtragem dos elementos
pretendidos;
3. De seguida associar os diâmetros dimensionados no Excel com os tubos respetivos no modelo
através da correlação com a sua designação do Excel.

53
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

O gráfico da Figura 57 ilustra o funcionamento do script criado, muito similar ao das caleiras.

Figura 56 - Gráfico que explica o funcionamento do script criado para a rede das pluviais

No final desta fase, depois de executado o script criado, todas as tubagens já contêm os diâmetros
corretos, que foram alterados para os valores que estavam discriminados no Excel.
O passo seguinte, como mostra o fluxograma das pluviais, é fazer uma revisão pormenorizada da rede.
Isto é importante uma vez que os tubos de queda e os coletores são dimensionados de maneiras
diferentes. Ou seja, ao dimensionar um coletor que receba um caudal de um tubo de queda, o diâmetro
pode ser diferente. Por essa razão, nesses casos, é necessário mudar para o maior dos dois diâmetros
pois a tubagem não pode diminuir de diâmetro à medida que avançamos na rede.
Assim, concluindo as etapas previstas no fluxograma elaborado, chega-se ao fim da modelação da rede,
estando já tudo dimensionado e revisto.

4.3.2. REDE DE DRENAGEM RESIDUAL DOMÉSTICA


Como já foi referido anteriormente, o processo de dimensionamento da rede de drenagem residual
doméstica é diferente do da rede de drenagem residual pluvial. Esta rede é muito mais extensa e
complexa. Visto que o trabalho de um projetista é arranjar um método de trabalho eficiente, com o
objetivo de atingir sempre a solução mais otimizada possível, utilizou-se o script criado para as pluviais
e aplicou-se a esta rede.
Ora, primeiramente, seguiu-se o mesmo processo, adotado anteriormente, como mostra a Figura 58:

54
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 57 - Fluxograma que representa o processo na 1ª tentativa de modelação da rede residual doméstica.

55
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Depois de executado o script, verificou-se que este não era o método mais eficaz, isto porque o script
apenas altera o diâmetro das tubagens, não fazendo o mesmo para os acessórios. Isto é uma
particularidade do Revit que, por vezes, traz problemas para o projetista. O piso 0 é uma zona onde se
adotou a solução de coletores suspensos, local onde convergem as águas provenientes dos pisos
superiores. Uma vez que se trata de uma zona que concentra muitas tubagens, próximas umas das outras
e com valores de diâmetros diferentes uns dos outros, ocorreu um erro que é muito comum nestas
situações. Quando o modelo não tem espaço para aplicar os novos diâmetros às tubagens juntamente
com os acessórios com os diâmetros originais, o Revit apaga a tubagem, mostrando uma mensagem de
erro.
Isto levou a um repensar da estratégia adotada e a mudar o processo de modelação da rede. Como já
existiam muitos tubos com o diâmetro correto devido ao uso do script mencionado acima, o processo
adotado passou por:
1. Refazer a rede nas zonas onde tinha sido apagada, adotando na mesma a designação acordada
anteriormente (“DAR i”, onde i representa um número começando por 1).
2. Criação de um novo shared paramether, com a designação “D_Tubo”, como mostra a Figura 59.
Este novo shared paramether contém o valor do diâmetro da respetiva tubagem segundo o
dimensionamento no Excel.

Figura 58 - Localização do shared paramether "D_Tubo"

3. Criação de um script, com a mesma ideologia do das pluviais, que faz o seguinte:
a. Ir buscar à folha de Excel todos as designações das tubagens e os diâmetros respetivos;
b. Ir buscar ao modelo Revit todos os elementos da categoria Pipes que contêm o nome “DAR”
no shared paramether criado anteriormente (“Id_Tubo”). Isto leva a que haja uma filtragem
dos elementos pretendidos;
c. De seguida, escrever no shared paramether “D_Tubo” de cada tubagem o valor do diâmetro
dimensionado no Excel.
4. Criação de uma schedule que compara o valor do diâmetro da tubagem no modelo com o diâmetro
dimensionado no Excel, que está alojado no shared paramether “D_Tubo” criado. Se o diâmetro da
tubagem no modelo Revit for menor do que a do shared paramether, aparece ‘KO’, senão, aparece
‘OK’.

56
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

A criação do shared paramether foi necessária para fazer a comparação dos diâmetros na schedule. Foi
usada uma formatação condicional onde, caso dê ‘KO’, apareça a vermelho. Isto torna a perceção visual
mais fácil, uma vez que existem dezenas de tubos. Nesta rede, a função da schedule assume uma
importância muito maior quando comparada com a schedule criada para as pluviais, demonstrando a
ajuda que podem fornecer ao projetista para realizar um trabalho eficaz.
As primeiras três colunas permitem fazer a filtragem de todos os tubos do modelo, de modo a aparecer
apenas os que interessam. Depois, a schedule está organizada pelo shared paramether “Id_Tubo” de
forma crescente. De seguida, aparece o outro shared paramether criado “D_Tubo”, que, como já se viu,
contém os valores dos diâmetros dimensionados no Excel. As duas colunas seguintes (“Diameter” e
“Tamanho”) representam o diâmetro da tubagem que está no modelo Revit. A coluna “Tamanho” foi
criada apenas para esta schedule e representa, de forma numérica, a coluna “Diameter”, de maneira a
ser possível efetuar a comparação com a coluna “D_Tubo”, que também é numérica. Por fim, a última
coluna (“Verificação”), como já foi dito, faz a comparação entre as colunas “D_Tubo” e “Tamanho”.
Caso o primeiro seja maior do que o segundo, aparece KO a vermelho. Senão, aparece OK. A Figura 60
mostra a schedule criada.

Figura 59 - Schedule criada com o nome “DAR Tubagem”

Ora, ainda dentro da modelação da rede de drenagem residual doméstica, chama-se a atenção para a
rede enterrada. Como se trata de uma rede independente da restante, isto é, apenas é representada por
um tubo entre caixas de visita, o seu processo de modelação é mais simples e pode ser otimizado.
Procedeu-se a um aprimoramento do script criado para a rede pluvial. Adicionaram-se os nós
necessários ao script no Dynamo, de modo a ir buscar os diâmetros à folha Excel das residuais (coletores
enterrados, Figura 55) e substituí-los no modelo, conforme é efetuado na rede residual pluvial, como foi
explicado anteriormente. Deste modo, ao executar o script criado para as tubagens da rede residual
pluvial, os coletores enterrados da rede residual doméstica também são atualizados de forma automática.

57
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Por último, procedeu-se à representação da tubagem responsável pela ventilação primária dos tubos de
queda, prolongando-os até à cobertura. Ora, quanto ao seu dimensionamento, como se viu, o tubo de
ventilação tem de ter pelo menos 2/3 do diâmetro tubo de queda respetivo. Neste projeto, e como é
prática comum na empresa, o tubo de ventilação assume sempre, pelo menos, o mesmo diâmetro do
tubo de queda respetivo. Isto traz vantagens quanto à diminuição do número de acessório utilizados no
projeto, contribuindo para uma redução generalizada dos custos, mesmo usando um diâmetro maior do
que o mínimo necessário. Em situações onde afluem dois tubos de ventilação, dimensionou-se supondo
tratar-se de tubos queda. De seguida, calculou-se 2/3 do diâmetro da tubagem, e caso fosse maior do que
a tubagem a montante, aumentava-se o diâmetro.

HPR - Instalações Hidráulicas Prediais

DAR - Drenagem de Águas Residuais


Tubo de Ventilação

Caudal
Designação Dispositivos 2/3
(l/min) Diâmetro Caudal M áximo
Diâmetro Diâmetro
Br Ba Bd Ch Lv M ll M lr Mi Ll Tq Esq Exterior (mm) Admitido (l/min)
Tubo de Ventilação N.º Acumulado Cálculo (mm)
90 60 30 30 30 60 60 60 30 60 60
V ENT 1 2 2 2 6 300 156 75 50 160 75

V ENT 2 4 4 4 12 600 225 110 73 236 75


V ENT 3 2 2 2 2 8 420 186 110 73 236 75
V ENT 4 4 4 4 4 16 840 270 125 83 332 90

V ENT 5 4 4 360 172 90 60 185 75


V ENT 6 4 2 2 2 10 600 225 110 73 236 75

V ENT 7 1 1 2 120 95 75 50 160 75


V ENT 8 3 1 4 300 156 110 73 236 75

Figura 60 - Folha de dimensionamento das tubagens de ventilação (A400, 2020a)

A Figura 62 mostra uma vista 3D da junção de quatro tubagens de ventilação. Como já foi dito,
priorizou-se a diminuição de perfurações da cobertura. Também se deve chamar à atenção que a junção
das tubagens é feita em ângulos de 45º.

Figura 61 - Vista 3D da junção de quatro tubagens de ventilação, convergindo numa só tubagem

58
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

4.4. OBJETOS REVIT UTILIZADOS


Como foi abordado em 3.2.3, apresenta-se de seguida os elementos constituintes dos 3 níveis definidos
anteriormente.
Relativamente ao 1º nível, a utilização de objetos já existentes na biblioteca do Revit foi inexistente,
uma vez que é necessário haver sempre uma personalização dos mesmos antes de inseri-los no modelo.
Passando para o 2º nível, onde os objetos Revit são criados ou adaptados pela empresa, já se podem
enumerar quase todos os objetos Revit utilizados no projeto. Entre eles, estão as tubagens, personalizadas
de acordo com o material pretendido, as caixas de visita (Figura 63), caleiras, ralos e os TAG. Os TAG
são formas de classificar e organizar a informação presente no modelo e usam-se nas sheets que irão ser
exportadas. Por último, quanto ao 3º nível, que se refere a processos/entidades criados pelo projetista,
entram os scripts criados no Dynamo e a interoperabilidade existente entre o Excel – Revit – Dynamo.
Não houve necessidade de criar objetos Revit ou adaptar objetos existente, uma vez que a empresa
contém já uma grande biblioteca de objetos que podem ser usados em qualquer particularidade num
projeto.

Figura 62 - Perspetiva 3D do objeto Revit utilizado para representar uma CVP

4.5. DESAFIOS ENCONTRADOS


Em qualquer projeto de redes, como aconteceu neste caso de estudo, existem sempre um conjunto de
particularidades que constituem desafios que o projetista necessita de enfrentar durante a fase de
modelação.
Em primeiro lugar, como foi falado no início, verificou-se um problema de falta de alinhamentos
verticais, o que obrigaria a fazer desvios nas tubagens, algo que não é recomendado. Por essa razão, e
como nessa altura o projeto ainda estava em fase de Estudo Prévio, foi pedido à arquitetura a alteração
destes alinhamentos. Depois de algumas alterações, chegou-se a uma solução que seria viável fazer o
projeto de licenciamento. Ora, esta é uma adversidade com que os projetistas lutam constantemente com
a arquitetura de modo a chegar sempre à melhor solução que agrada a ambos.
Outro dos desafios encontrados é uma particularidade deste projeto. Dentro do mesmo piso existem
desníveis que vão aumentando à medida que se chega ao último piso. A Figura 64 é elucidativa deste
problema. Note-se que, do lado esquerdo da caixa de elevador, o pé direito é diferente do lado direito
da mesma, contribuindo para o aumento do desnível dos dois lados.

59
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 63 - Corte do edifício

Esta particularidade traz problemas na modelação no Revit, uma vez que no modelo existe apenas uma
planta para um determinado piso, porém o mesmo piso tem cotas diferentes dependendo do local que se
quer modelar. Uma das soluções podia ser a criação de duas vistas independentes do mesmo piso com
cotas diferentes. Porém, a solução escolhida foi o uso de uma ferramenta do Revit denominada “plan
region” que permite ter view ranges diferentes no mesmo piso. O view range funciona como um corte
em planta que está a uma determinada altura do piso respetivo e permite mostrar o que se pretende tornar
visível ou não na vista.
Um outro desafio encontrado, porém, já é algo com que os projetistas estão acostumados no mundo
profissional atualmente, é o facto de se ter tubos de queda interiores, obrigando a haver roços nas
paredes. Isto acontece mais frequentemente em projetos de reabilitação.
Por último, um dos desafios que também foram encontrados foi a existência de casas de banho no piso
0 com cota abaixo do arruamento, obrigando à existência de bombagem dos resíduos para cota acima
do arruamento, com o objetivo de ser feita a drenagem por gravidade dos mesmos.

4.6. SOLUÇÕES UTILIZADAS


4.6.1. REDE DE COLETORES SUSPENSOS
Como já foi abordado anteriormente, na rede residual doméstica, a primeira abordagem não conseguiu
obter resultados pelo que foi necessário corrigir o processo de modelação.
Os projetistas estão numa constante curva de aprendizagem onde cada projeto elaborado representa um
desafio novo e diferente do anterior. Porém, existem processos que são repetidos vezes sem conta e o
projetista ganha experiência e conhecimento que são utilizados nos projetos futuros. Por exemplo, um

60
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

projetista com anos de experiência, ao realizar um projeto, já sabe minimamente os diâmetros das
tubagens que são necessárias para cada situação, sendo apenas necessário fazer verificações finais. Uma
das muitas situações que os projetistas anteveem as soluções são nas redes de coletores suspensos. Por
experiência, chegou-se à conclusão que é muito mais fácil usar um mesmo diâmetro numa rede de
coletores suspensos em vez usar o diâmetro dimensionado para cada tubagem. Isto traz vantagens, tanto
a nível económico como a nível de instalação durante a construção, uma vez que o uso dos acessórios é
muito menor. Sempre que ocorre uma mudança de diâmetro é necessário utilizar um acessório de
redução. A Figura 65 ilustra um exemplo de um acessório de redução, neste caso redução excêntrica.
Também ainda neste subcapítulo chama-se a atenção para o uso das bocas de limpeza, sempre que
necessário. A Figura 66 também ilustra um exemplo deste tipo de acessório. Note-se que estes acessórios
são do mesmo tipo (Silent-PP) que os material das tubagens dos coletores suspensos.

Figura 64 - Acessório de redução excêntrica Geberit


Silent-PP, curta (Geberit Tecnologia Sanitária, 2020) Figura 65 - Acessório de boca de limpeza 90º
Silent-PP (Geberit Tecnologia Sanitária, 2020)

4.6.2. USO DE UMA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA COMPACTA


Como já foi dito anteriormente, o piso 0 apresenta muitos níveis com cotas diferentes e contém também
3 casas de banho, cuja cota é inferior à do arruamento. Ora, a solução mais tradicional seria drenar as 3
casas de banho para uma caixa de visita com bombagem. Porém, neste projeto, devido ao facto de as 3
casas de banho terem poucos dispositivos de drenagem residual doméstica, utilizou-se uma solução de
estações de elevação compacta. Consultou-se um catálogo da GRUNDFOS e chegou-se à solução
SOLOLIFT2 WC-3, que preenche os requisitos das 3 casas de banho. O caudal máximo para esse
modelo é de 2,4 l/s. A Tabela 9 mostra os caudais de drenagem das 3 casas de banho e podemos ver que
as 3 têm um caudal menor do que 2,4, demonstrando a eficácia dessa solução. A altura manométrica
máxima desta solução é 8,5 m. Uma vez que o desnível entre o piso 0 e o piso 1, nestas zonas, é menor
do que os 8,5 m pode-se dizer que a solução escolhida é viável. Note-se que as tubagens representadas
no modelo Revit deste a estação compacta até à introdução do caudal na rede de coletores suspensos não
estão incluídas no dimensionamento do Excel. Uma vez que se tratam de tubagens com diâmetro
tabelado, não é necessário realizar o seu dimensionamento sendo que estão tabelados os diâmetros para
a drenagem de cada dispositivo.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Tabela 9 - Caudais de drenagem das 3 casas de banho do piso 0

Dispositivos Caudal
Casa de
banho Bacia de
Lavatório Chuveiro (l/s)
retrete

A 1 2 0 1,8

B 1 1 0 1,6

C 1 3 1 2,15

4.6.3. PESCOÇO DE CAVALO


Quando se usa a solução de uma estação elevatória compacta, como está descrito no ponto anterior, ao
introduzir o caudal de drenagem na rede de coletores suspensos é necessário usar uma solução chamada
“pescoço de cavalo”. Uma vez que o caudal é bombeado pela estação elevatória, é necessário dissipar a
energia transportada pelo escoamento antes de fazer a ligação à rede de coletores suspensos. A Figura
67 ilustra a solução adotada no modelo Revit.

Figura 66 - Representação da solução "pescoço de cavalo" realizada no modelo Revit

4.7. PREPARAÇÃO DOS OUTPUTS


Neste subcapítulo irão ser apresentados e explicado como foi feito o processo de preparação de todo o
trabalho desenvolvido no modelo, de modo a incluí-lo nos apresentáveis finais, como foi abordado em
3.2.4.
No final da modelação das duas redes, passa-se para o preenchimento das sheets do modelo. Como já
esta tudo configurado pela empresa, apenas é necessário colocar os TAGs e definir a crop view.

62
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

No project view, ou seja, a barra do lado esquerdo que permite escolher a vista do modelo, existe uma
secção chamada “Emissão”, que se divide em “EmissãoDAP” e “EmissãoDAR”, como se pode ver na
Figura 68.

Figura 67 - Organização da secção "Emissão"

Estas vistas, pertencentes à secção “Emissão”, serão usadas na criação das sheets, como se irá ver mais
a frente. Ora nestas vistas é necessário preencher com TAGs de forma a identificar no modelo as
dimensões das tubagens. A Figura 69 ilustra os vários TAGs utlizados no modelo que permitem
representar a dimensão e inclinação das tubagens utilizadas e também, por exemplo, a designação das
caleiras existentes. Neste caso refere-se à “EmissãoDAP”.

Figura 68 - Exemplos de TAGs utilizados no modelo

Por último, passa-se ao preenchimento das sheets que, de certa forma, irão ser os outputs do modelo
Revit. Todo o trabalho desenvolvido no modelo está lá representado e necessita de estar bem explicado
todo o processo de funcionamento.

63
Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Como já foi dito, nas sheets são colocadas as vistas de “Emissão” consoante a sua designação e também
contêm uma legenda. A Figura 70 ilustra a organização da seção “Sheets”, dividindo-se em DAR e DAP
e cada uma contém as plantas da cobertura, piso 5 e piso 4 e piso 3 (Tipo), piso 1 e piso 0. Como se
também pode observar, dentro de cada uma das vistas da secção “Sheets” estão inseridas as vistas
respetivas da secção “Emissão”.

Figura 69 - Organização da secção "Sheets"

4.8. PREPARAÇÃO DO PROCESSO DE EMISSÃO


Idealmente, o objetivo final seria uma emissão rápida e o mais automatizada possível. Porém, a realidade
é diferente. De todos os documentos constituintes do processo de emissão, apenas os desenhos, ou seja,
os outputs do Revit com toda a informação gráfica da rede, constituem realmente um processo
automatizado. Tudo o resto, desde a redação da MD até à preparação e organização de todos os
documentos necessários, é trabalho do projetista e é da sua responsabilidade a sua preparação.
Uma vez que o edifício se localiza em Lisboa, existem duas entidades responsáveis. Por um lado, a
EPAL é a responsável pela rede de abastecimento de água. Por outro lado, é a CML (Câmara Municipal
de Lisboa) que gere a drenagem residual e pluvial.
Relativamente à entrega do processo de licenciamento, é necessário enviar os ficheiros separados para
o cliente e para a CML, sendo que a organização das respetivas pastas é diferente.
A pasta a submeter na CML tem a seguinte constituição, como se pode ver na Figura 71.

Figura 70 - Organização da pasta a submeter na CML

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Como se pode observar, pela ordem apresentada na imagem acima, a pasta é constituída por:
• Termo de responsabilidade do técnico autor do projeto;
• Conjunto de documentos e declarações:
o Cartão de Cidadão;
o Declaração da OE (Ordem dos Engenheiros);
o Seguro de Responsabilidade Civil Profissional da empresa;
o Seguro de Responsabilidade Civil Profissional da OE.
• MD;
• Esquema 3D de ambas as redes e tabelas de dimensionamento (casos hajam);
• PD.

Por sua vez, a pasta a enviar ao cliente divide-se em PE e PD. A pasta de PE tem a seguinte constituição,
como se pode observar na Figura 72:

Figura 71 - Organização da pasta (PE) a enviar ao cliente

Como se pode observar, a pasta (PE), pela ordem apresentada na imagem acima, tem os seguintes
documentos:
• Termo de responsabilidade do técnico autor do projeto;
• Seguro de Responsabilidade Civil Profissional da empresa;
• Cartão de Cidadão do projetista;
• Declaração da OE a atestar a qualificação do projetista;
• LPD;
• LPE;
• MD;
• Uma folha de rosto, que indica as principais informações do projeto;
• Seguro de Responsabilidade Civil Profissional da OE.
Estes documentos apresentados acima fazem parte da pasta de PE. Existe também a pasta de PD que é
constituída por todos os desenhos exportados do modelo Revit.
Como se viu, e como já foi abordado anteriormente, é difícil tornar este processo mais automatizado do
que já é.
O processo a enviar é constituído por uma série de documentos que servem para comprovar a qualidade
profissional do projeto, onde estão os termos de responsabilidade, os seguros de responsabilidade civil
profissional, entre outros. Normalmente, todos estes documentos têm de ser impressos e assinados pelo
responsável pelo projeto, sendo necessárias duas cópias – uma para a entidade gestora e outra para o
cliente.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

5
RESULTADOS

5.1. REDE PREDIAL FINAL


Neste subcapítulo pretende-se mostrar, em detalhe, ambas as redes que fazem parte do projeto. Para isso
irão ser apresentados os desenhos a incluir na pasta de PD, que irá ser submetida no projeto de
licenciamento.
Um dos pontos que assume maior importância, e que é essencial nesta fase de licenciamento, é um
pormenor a mostrar a ligação de ambas as redes à rede pública. Para isso foi necessário consultar
informação relativa à caraterização da rede pública existente.
Na Tabela 10 apresenta-se a informação relativa aos diâmetros dos coletores e as suas respetivas cotas,
informação essa que é fornecida, neste caso concreto, pela CML.
Já a Figura 73 mostra a planta de localização dos coletores públicos doméstico e pluvial.

Tabela 10 - Caraterísticas dos coletores públicos

COTA
Diâmetro Distância ao
Caraterísticas Entre pavimento e
(mm) plano marginal
soleira (m)
(m)
COLETOR

Doméstico Φ 250 1.31 1.90

Pluvial Φ 400 0.92 4.75

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 72 - Planta de localização dos coletores públicos

Os pormenores de ligação da rede predial à rede pública têm de estar sempre incluídos no projeto de
licenciamento, uma vez que são necessários para obter o licenciamento do projeto. A Figura 74 e Figura
75 esquematizam a ligação da rede predial à rede pública da rede pluvial e doméstica, respetivamente.

Figura 73 - Pormenor de ligação da rede predial à rede pública (DAP)

Figura 74 - Pormenor de ligação da rede predial à rede pública (DAR)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

As Figura 76 e Figura 77 mostram um esquema 3D das duas redes prediais. Pode-se tirar conclusões
relativamente à extensão e dimensão da rede. A complexidade não é muita uma vez que o sistema é
quase 100% gravítico e não usa soluções tecnológicas fora das que se costumam usar comummente.

Figura 75 - Esquema 3D de ambas as redes prediais (a)

Figura 76 - Esquema 3D de ambas as redes prediais (b)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De seguida apresentam-se as imagens relativas a ambas as redes prediais de cada um dos pisos
constituintes do projeto. Já foi explicado o processo de modelação todo, a forma de colocar os TAGs a
identificar as tubagens e as suas respetivas dimensões e também todos os desafios que foram encontrados
e as respetivas soluções adotadas.
A Figura 78, Figura 79, Figura 80, Figura 81, Figura 82, Figura 83, Figura 84, Figura 85, Figura 86 e
Figura 87 representam então a rede predial pluvial e doméstica completa de todos os pisos constituintes
do edifício.

Figura 77 - Rede predial DAP (Piso 0)

Figura 78 - Rede predial DAP (Piso 1)

Figura 79 - Rede predial DAP (Piso 3 Tipo)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 80 - Rede predial DAP (Piso 4)

Figura 81 - Rede predial DAP (Piso 5)

Figura 82 - Rede predial DAR (Piso 0)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 83 - Rede predial DAR (Piso 1)

Figura 84 - Rede predial DAR (Piso 3 Tipo)

Figura 85 - Rede predial DAR (Piso 4)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 86 - Rede predial DAR (Piso 5)

5.2. SCRIPTS DYNAMO


Nesta seção apresentam-se, em pormenor, os scripts Dynamo criados de forma a criar as rotinas que
foram apresentadas anteriormente.
Na tabela seguinte apresenta-se uma designação de cada script Dynamo criado, de forma a ser mais fácil
a sua distinção.

Tabela 11 - Apresentação da designação dos diferentes scripts Dynamo criados

Designação Descrição do funcionamento do script


Script A Script interveniente na modelação das caleiras
Script interveniente na modelação da rede residual pluvial + rede residual
Script B
doméstica enterrada
Script C Script interveniente na modelação do resto da rede residual doméstica

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

5.2.1. SCRIPT A - INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DAS CALEIRAS


O script A, como se pode observar na Figura 88, é o responsável por atribuir as dimensões das caleiras,
dimensionadas no Excel, e atribuí-las às caleiras com a respetiva designação no modelo Revit, de forma
automática, como foi explicado anteriormente.

Figura 87 - Apresentação geral do script A

O bloco a verde, com o nome ‘Excel’, é responsável por ir buscar a informação presente na folha Excel
respetiva (Figura 89). De seguida, os 3 blocos com os nomes ‘Id_Caleiras’, ‘Base_Caleiras’ e
‘Altura_Caleiras’ fazem a filtragem dos dados presentes na folha Excel, de forma a que o último nó seja
uma lista com a informação pretendida (Figura 90). Por sua vez, a Figura 91, apresenta os nós
responsáveis por filtrar, de todos os elementos do modelo Revit, aqueles que têm a designação pretendida
no shared paramether criado com o nome “Id_Caleiras”.

Figura 88 - Pormenor do script A (a)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 89 - Pormenor do script A (b)

Figura 90 - Pormenor do script A (c)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Por último, os nós apresentados na Figura 92 traduzem a ligação Revit – Excel. Os dois últimos nós são
responsáveis por reescrever os valores da base e da altura dos objetos das caleiras do modelo pelos
valores dimensionados no Excel. Isto permite tornar o processo mais rápido e eficiente. Houve o trabalho
de escrever o script pela primeira vez, mas futuramente, sempre que seja preciso escrever valores em
objetos de caleiras, ou similares, apenas é necessário recorrer a este script e seguir os passos que foram
explicados quanto ao seu modo de utilização.

Figura 91 - Pormenor do script A (d)

5.2.2. SCRIPT B – INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DA REDE RESIDUAL PLUVIAL + REDE RESIDUAL


DOMÉSTICA ENTERRADA

Por sua vez, o script B foi criado no sentido de atribuir o diâmetro dimensionado no Excel aos tubos
modelados no modelo, de forma automática. Como foi dito anteriormente, para ser possível esse
processo, foi necessário criar um shared paramether com a designação “Id_Tubos”, na mesma medida
que no script anterior foi criado o shared paramether “Id_Caleiras”.
A Figura 93 apresenta, de uma forma geral, a constituição do script B, com todos os nós necessários
para o seu pleno funcionamento.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 92 - Apresentação geral do script B

De seguida, apresentam-se, com mais pormenor, os nós constituintes do script B. Primeiramente é feita
a recolha dos dados do Excel relativamente ao dimensionamento dos tubos de queda e coletores
(enterrados e não enterrados) da rede residual pluvial e também dos coletores enterrados da rede residual
doméstica (Figura 94, Figura 95 e Figura 96).

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 93 - Pormenor do script B (a)

Figura 94 - Pormenor do script B (b)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 95 - Pormenor do script B (c)

Paralelamente, é necessário recolher também a informação relativa aos elementos do modelo Revit que
interessam neste script, a designação no shared paramether “Id_Tubo” de ambas as redes de drenagem,
‘DAR’ e’ DAP’ (Figura 97).

Figura 96 - Pormenor do script B (d)

De seguida, os nós apresentados na Figura 98 traduzem a ligação Revit – Excel. É preciso ir buscar a
posição dos tubos do Excel relativamente à designação presente nos elementos do modelo Revit. Depois,
para cada uma dessas posições (ou índices) é recolhido o valor do diâmetro da tubagem referente. Por
último, é feita a atribuição automática desses valores ao diâmetro da tubagem

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 97 - Pormenor do script B (e)

5.2.3. SCRIPT C – INTERVENIENTE NA MODELAÇÃO DO RESTO DA REDE RESIDUAL DOMÉSTICA


Por último, e no que diz respeito aos scripts criados no Dynamo, o script C foi utilizado na modelação
da rede drenagem residual doméstica apenas. Como foi referido anteriormente, foi necessária uma
reformulação da abordagem adotada, uma vez que o software Revit é sensível a alterações bruscas de
diâmetro de tubagens devido ao facto de os acessórios não acompanharem a variação de diâmetro dos
tubos no modelo.
Foi adotada uma abordagem de, em primeiro lugar, o projetista modela a rede, sem saber em concreto
os diâmetros dos tubos que está a modelar. Este passo torna-se mais simples e automático à medida que
o projetista ganha experiência de modelação e sabe, com relativa facilidade, o diâmetro que as tubagens
necessitam para os dispositivos utilizados. De seguida, recorre-se a uma schedule, criada previamente,
que apresenta o diâmetro mínimo necessário que foi dimensionado na folha Excel respetiva, e compara
com o diâmetro real da tubagem. Caso este último seja inferior ao mínimo necessário, é apresentada a
designação de ‘KO’ ao utilizador para que este altere manualmente o diâmetro da tubagem respetiva.
Para este processo resultar foi necessária a criação de um shared paramether com a designação
“D_Tubo”, para além do já criado com a designação “Id_Tubo”.
A Figura 99 apresenta uma vista geral do script C, que finaliza com a atribuição dos valores dos
diâmetros dos tubos dimensionados no Excel ao valor do shared paramether “D_Tubo”.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 98 - Apresentação geral do script C

De seguida, apresentam-se, com mais pormenor, a constituição dos nós responsáveis pelo script C. O
bloco a verde, com o nome ‘Excel_Residuais’, vai buscar a informação presente nas folhas de
dimensionamento dos tubos de queda, coletores e tubos de ventilação (Figura 100, Figura 101 e Figura
102, respetivamente). É feito um tratamento da informação de forma a obter duas listas com a designação
pretendida e o diâmetro das tubagens respetivas.

Figura 99 - Pormenor do script C (a)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 100 - Pormenor do script C (b)

Figura 101 - Pormenor do script C (c)

Por sua vez, é necessário ir buscar a informação ao modelo Revit. A Figura 103 mostra os nós
responsáveis por ir buscar os elementos pretendidos que correspondem às tubagens que contém a
designação ‘DAR’ e ‘VENT’ no shared paramether “Id_Tubo”.

Figura 102 - Pormenor do script C (d)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

De seguida, os nós apresentados na Figura 104 traduzem a ligação Revit – Excel. É preciso ir buscar a
posição dos tubos do Excel relativamente à designação presente nos elementos do modelo Revit. Depois,
para cada uma dessas posições (ou índices) é recolhido o valor do diâmetro da tubagem referente. Por
último, é feita a atribuição desses valores ao shared paramether “D_Tubo”, para, depois, ser incluído na
schedule criada, que foi explicado anteriormente.

Figura 103 - Pormenor do script C (e)

5.3. QR CODE
Foi ainda abordada uma possibilidade de utilizar um gerador de código QR no sentido de qualquer
pessoa ler o QR code e ser direcionada para um ficheiro de visualização 3D da rede predial final. Para
tal ser possível seria necessário ter uma conta no BIM 360, algo que não foi explorado na totalidade.
Porém, é importante referir que este seria um processo com um potencial imenso, e que começa a ganhar
atenção uma vez que diminui consideravelmente uma lista extensa de peças desenhadas que podem ser
simplificadas numa lista de QR codes.
Porém, foi utilizado um gerador de códigos QR de forma a cada código conter uma ligação para um
PDF que resulta da extração das sheets do Revit. Contém o traçado das redes, a legenda e o rosto, que é
importante para identificar cada sheet individualmente.
A Figura 105, Figura 106, Figura 107 e Figura 108 representam os Qr code gerados.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

Figura 104 - QR Code DAP (Piso 0, Piso 1 e Piso 3 Tipo)

Figura 105 - QR Code DAP (Piso 4, Piso 5 e Cobertura)

Figura 106 - QR Code DAR (Piso 0, Piso 1 e Piso 3 Tipo)

Figura 107 - QR Code DAR (Piso 4, Piso 5 e Cobertura)

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

6
CONCLUSÃO

6.1. CONCLUSÕES
Terminado este trabalho, conclui-se que foram atingidos todos os objetivos propostos inicialmente. Para
além de realizar um trabalho sobre um tema tão importante e atual, que é o BIM, o facto de o fazer numa
empresa com uma forte presença nacional e internacional permitiu um forte crescimento pessoal e
profissional. O contacto próximo com pessoas que trabalham nesta área há muitos anos permitiu
observar realidades diferentes, adquirir novos conhecimentos e fortalecer aqueles que já haviam sido
adquiridos.
Na revisão de literatura no capítulo 2 foi possível perceber a realidade do BIM e a sua presenta a nível
nacional e internacional. É um processo cada vez mais utilizado e, com as vantagens que traz, é quase
obrigatória a sua implementação em todos os setores. Em todas as etapas do processo construtivo assume
um papel de auxílio aos profissionais envolvidos.
De entre os objetivos propostos inicialmente, a modelação e dimensionamento de ambas as redes
permitiu consolidar os conhecimentos em Revit. Não é um processo que apresente muitas dificuldades,
e é algo com que os engenheiros projetistas têm de trabalhar diariamente. A criação dos script no
Dynamo foi muito importante no sentido de tornar o processo mais otimizado e tentar diminuir o número
de inputs do projetista, diminuindo assim a probabilidade de cometer erros. Os 3 scripts criados, que
transportam os tamanhos dos elementos dimensionados no Excel para os respetivos elementos no Revit,
constituem um passo muito importante e decisivo no objetivo de tornar este processo de modelação mais
eficaz e com o menor erro possível.
A nível de criação dos scripts, como se viu, não é um processo difícil nem é obrigatório o conhecimentos
de linguagens de programação avançados de forma a criar ferramentas úteis para os projetistas. Porém,
de forma a criar ferramentas mais avançadas, é recomendado o conhecimento de Python, que ajuda a
complementar o trabalho no Dynamo e eleva-o para outro patamar conseguindo superar desafios cada
vez mais ambiciosos.
Como também se viu é essencial para o projeto de licenciamento a inclusão dos pormenores de ligação
da rede predial à rede de coletores pública.
Quanto aos desafios com que o autor se deparou, pode-se concluir que foram ultrapassados com sucesso.
Destacam-se a falta de alinhamentos que dificulta em muito o trabalho dos projetistas. Também o facto
de as bases de arquitetura estarem constantemente em mudança não permite que o trabalho dos
projetistas seja contínuo, obrigando-os a estarem constantemente a rever trabalho já realizado. Cada
projeto apresenta os seus próprios desafios, porém é o projetista, que com a sua equipa de trabalho, tem
de arranjar formas de ultrapassar os problemas de forma eficaz. É importante também referir que à

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

medida que o projetista adquire experiência profissional em cada projeto que trabalhe, é possível utilizar
alternativas e adaptar soluções que foram usadas anteriormente.
Relativamente ao processo de licenciamento, viu-se que, primeiramente, depende do local onde se situa
o projeto. Cada localidade tem as suas próprias entidades que licenciam o projeto, e cada uma delas
pode ter a sua própria maneira de receber os processos, obrigando os projetistas a adaptarem-se à sua
maneira de trabalhar. Neste caso específico que foi analisado nesta dissertação, a localização do projeto
é em Lisboa, o que obriga a separar o processo em abastecimento (EPAL), que não foi abordado neste
trabalho, e em drenagem (CML). É necessário ainda fazer a preparação da pasta a enviar ao cliente, que
é diferente da plasta a enviar para a CML.

6.2. CONSIDERAÇÕES FUTURAS


No que diz respeito às considerações futuras desta dissertação, destaca-se o uso dos scripts Dynamo
criados. O objetivo é trabalhá-los e, se possível, melhorá-los no sentido de tornar o processo de
modelação cada vez mais otimizado, diminuindo a ocorrência de erros do projetista.
Relativamente ao BIM, no futuro, atingido o objetivo de implementação global desta tecnologia, é
possível tornar este processo ainda mais otimizado entre os intervenientes do processo construtivo.
Também as entidades licenciadoras necessitam de começar a aceitar os projetos em BIM, de modo a
facilitar a preparação e submissão de todos os projetos, o que levaria a uma aceitação cada vez mais do
processo BIM ao nível da indústria AEC.

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Modelação BIM de redes prediais de drenagem adaptada ao processo de licenciamento de edifícios

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