DM GonçaloMoreiras 2020 MEGI
DM GonçaloMoreiras 2020 MEGI
DM GonçaloMoreiras 2020 MEGI
2020
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
OTIMIZAÇÃO DA GESTÃO DA CADEIA DE
ABASTECIMENTO DAS DISTRIBUIDORAS
2020
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
AGRADECIMENTOS
Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que de uma forma ou de outra,
contribuíram para a realização deste projeto.
Gostaria de agradecer à empresa Amorim Cork, na qualidade do Eng.º Luís Esteves, por ter
possibilitado a realização do meu estágio.
A toda a equipa do departamento de logística, com destaque para o Eng.º Rui Castanheira, pela
ajuda e ensinamentos prestados. Um agradecimento especial ao Eng.º Ricardo Gama, o meu
supervisor, pelo exemplo, pela motivação, pelo apoio incondicional, pelos ensinamentos, conselhos
e amizade, que me permitiram crescer como pessoa e preparar para a vida profissional.
À minha orientadora do ISEP, a Eng.ª Maria Teresa Pereira, por todo o apoio, pela orientação e pela
resolução das questões pertinentes ao longo da realização deste projeto.
Aos meus amigos, Lanhelas group, pelos momentos que passamos ao longo destes anos e pelos
momentos que ainda iremos passar no futuro.
Aos meus pais, Elisabete e Paulo, por todo o carinho e acompanhamento ao longo destes anos de
estudo.
A todos fico muito grato!
página propositadamente em branco
RESUMO I
RESUMO
Este projeto de dissertação insere-se no contexto do estágio curricular realizado entre fevereiro e
setembro de 2020 na unidade de negócios rolhas da empresa Amorim Cork, situada em Santa Maria
de Lamas, tendo sido desenvolvido no departamento de logística, onde se otimizou o modelo de
gestão da cadeia de abastecimento às distribuidoras (Sales Companies), o Rolling Plan.
O principal objetivo do projeto passou pelo desenvolvimento e implementação de uma ferramenta
de controlo à distância das distribuidoras com o intuito de reduzir o tempo de execução do modelo
atual e aumentar a visibilidade da cadeia de abastecimento global da empresa, criando condições
para a eliminação de ruturas e diminuição do capital investido em stock.
Inicialmente, começou-se por fazer um levantamento da situação atual da empresa, identificando
as ineficiências e os problemas no processo atual, tanto na perspetiva da logística global como na
sua especificidade, no que diz respeito aos produtos e à sua respetiva forma de distribuição nas
Sales Companies de maior dimensão.
Em seguida, foi delineado todo o processo e requisitos para a elaboração da nova plataforma de
gestão Rolling Plans desenvolvida pela equipa parceira (Noesis) e foi feita a análise ABC que
permitiu identificar nas Sales de maior dimensão os artigos mais importantes a inserir na nova
plataforma de gestão.
As várias fases de desenvolvimento da ferramenta (Sprints) pela Noesis foram sendo monitorizadas
e avaliadas pela Amorim Cork para efeitos da sua conformidade, reportando-se os bugs detetados
para a sua correção.
Por fim, com dados reias de produção, foram realizados testes conclusivos da aplicabilidade global
da ferramenta para validação final da sua implementação na empresa.
PALAVRAS-CHAVE
Otimização, Cadeia de abastecimento, E-Supply, Rolling Plan, Sales Companies.
ABSTRACT
This dissertation project is part of the curricular internship that took place in the cork unit of the
company Amorim Cork, located in Santa Maria de Lamas. It spanned the period between February
and September 2020 and was carried out in the logistics department to optimize the supply chain
management to Sales companies, hereby referred to as the Rolling Plan.
The main objective was to develop and implement a remote-control tool for the company’s
distributors to minimize the execution time of the previous model and to increase the visibility of the
company's global supply chain. Furthermore, the project aimed to avoid the risk of stock ruptures
and decrease the financial investment that was hitherto being made in unnecessary stocks.
In an initial phase of the project, a survey was carried out to assess the current situation of the
company. This allowed one to identify the unnecessary waste and challenges in the current process,
both from a macro and micro global logistics perspective, in terms of the company’s various
products and the manner in which they were being distributed to the company’s Largest Sales
Companies.
During the following phase of the internship, the entire process, and necessary requirements for the
elaboration of the new management platform Rolling Plans were duly outlined and developed by
the partner team (Noesis). In addition, an ABC analysis was carried out, which permitted the sales
companies in question to identify their most significant products, and subsequently insert them in
the new management platform being developed.
The various developmental phases of the tool referred to as Sprints, developed by Noesis, were then
monitored, and evaluated by Amorim Cork to guarantee that the tool in question complied with all
the necessary requirements. In addition, bugs were reported so that they could then be eliminated.
Once the process had been finalized, up-to-date production data was used to validate the global
applicability of this tool so that then it could be successfully implemented in the company.
Keywords
Optimization, Supply Chain, E-Supply, Rolling Plan, Sales Companies.
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................... IX
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 17
1.1. Enquadramento e pertinência ............................................................................................ 17
1.2. Questão e objetivos de investigação................................................................................... 18
1.3. Opções metodológicas ........................................................................................................ 18
1.4. Apresentação da empresa................................................................................................... 20
1.5. Estrutura do trabalho .......................................................................................................... 21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................................... 22
2.1. Conceito de logística e de cadeia de abastecimento .......................................................... 22
2.1.1. Visão tradicional da cadeia de abastecimento ......................................................... 23
2.1.2. Visão negocial da cadeia de abastecimento ............................................................. 24
2.1.3. Visão processual da cadeia de abastecimento ......................................................... 24
2.1.4. Visão atual da cadeia de abastecimento .................................................................. 26
2.2. Integração da cadeia de abastecimento ............................................................................. 27
2.3. Desenvolvimento e melhoria da cadeia de abastecimento ................................................ 29
2.4. Gestão de stocks e a sua importância ................................................................................. 32
2.5. Classificação do produto ..................................................................................................... 33
2.5.1. Análise ABC ............................................................................................................... 33
2.5.2. Particularidades e aplicabilidade .............................................................................. 34
2.6. Lean thinking ....................................................................................................................... 35
2.7. Kaizen way of thinking ........................................................................................................ 36
4. AS IS VS TO BE ............................................................................................................................. 45
4.1. Rolling Plan – Excel .............................................................................................................. 45
4.2. E-Supply ............................................................................................................................... 47
4.3. Rolling Plan – E-Supply ........................................................................................................ 48
4.3.1. Configurar Classificação ............................................................................................ 49
4.3.2. Configurar Agendamento.......................................................................................... 51
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 61
5.1. Limitações e investigação futura ......................................................................................... 62
APÊNDICE A ...................................................................................................................................... 65
APÊNDICE B ...................................................................................................................................... 66
APÊNDICE C ...................................................................................................................................... 67
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição das Sales Companies .................................................................................... 18
Figura 2 - Ciclo da metodologia investigação-ação, adaptação (Müller, M. M., & Hagner, 2002) .. 19
Figura 3 - Organigrama da Corticeira Amorim, S.G.P.S., S.A. ........................................................... 20
Figura 4 - Visão tradicional da Cadeia de abastecimento (Kopczak, L. e Johnson, 2003) ................ 23
Figura 5 - Cadeia de Abastecimento e a sua Interface Ambiental (Wu, H., Dunn, 1994) ................ 24
Figura 6 - Visão processual da cadeia de abastecimento (Kopczak, L. e Johnson, 2003) ................ 24
Figura 7 - Visão atual da Cadeia de Abastecimentos (Kopczak e Johnson, 2003)............................ 26
Figura 8 - Matriz de comparação de interação e colaboração (Kahn, K. e Mentzer, 1996)............. 28
Figura 9 - Cadeia de Abastecimento Integrada (Beamon, 1999) ..................................................... 29
Figura 10 - Relação da produtividade adaptação (Heizer, J. & Render, 2011)................................. 32
Figura 11 - Curva ABC (Hoppe, 2006) ............................................................................................... 34
Figura 12 - Funções do Departamento de Logística da AC .............................................................. 38
Figura 13 - Fluxograma simplificado da Cadeia de Abastecimento da Amorim Cork ...................... 39
Figura 14 - Principais rotas de exportação distantes ....................................................................... 39
Figura 15 - Transit-time médio das Sales Companies em dias ......................................................... 40
Figura 16 - Ciclo de risco das cadeias de abastecimento ................................................................. 40
Figura 17 - Matriz de Responsabilidades (RACI) .............................................................................. 42
Figura 18 - Classificação final ABC relativa aos artigos da IC ........................................................... 43
Figura 19 - Diagrama de Pareto relativo aos artigos da IC ............................................................... 43
Figura 20 - Rolling Plan atual ............................................................................................................ 45
Figura 21 - Rolling Forecast .............................................................................................................. 46
Figura 22 - Carteira de Encomendas ................................................................................................ 47
Figura 23 - Visão geral do E-Supply .................................................................................................. 48
Figura 24 - E-Supply – Print 1 ........................................................................................................... 49
Figura 25 - E-Supply – Print 2 ........................................................................................................... 50
Figura 26 - E-Supply – Print 3 ........................................................................................................... 50
Figura 27 - E-Supply – Print 4 ........................................................................................................... 51
Figura 28 - E-Supply – Print 5 ........................................................................................................... 51
Figura 29 - E-Supply – Print 6 ........................................................................................................... 52
Figura 30 - E-Supply – Print 7 ........................................................................................................... 52
Figura 31 - E-Supply – Print 8 ........................................................................................................... 53
Figura 32 - E-Supply – Print 9 ........................................................................................................... 53
Figura 33 - E-Supply – Print 10 ......................................................................................................... 54
Figura 34 - E-Supply – Print 11 ......................................................................................................... 54
Figura 35 - E-Supply – Print 12 ......................................................................................................... 55
Figura 36 - E-Supply – Print 13 ......................................................................................................... 55
Figura 37 - E-Supply – Print 14 ......................................................................................................... 56
Figura 38 - E-Supply – Print 15 ......................................................................................................... 56
Figura 39 - E-Supply – Print 16 ......................................................................................................... 57
Figura 40 - E-Supply – Print 17 ......................................................................................................... 58
Figura 41 - E-Supply – Print 18 ......................................................................................................... 58
Figura 42 - Forecast accuracy na Sale Company da Austrália .......................................................... 60
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Melhores práticas – Cadeia de abastecimento, adaptação (Charatan, 1998) ................ 30
Tabela 2 - Requisitos chave do Processo ......................................................................................... 41
Tabela 3 - Análise SWOT .................................................................................................................. 42
Tabela 4 - Organização Rolling Plan - Excel ...................................................................................... 46
Tabela 5 - Síntese de conclusões ...................................................................................................... 61
Lista de Símbolos
1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo, será apresentado o enquadramento do projeto desenvolvido, a questão e os
objetivos delineados, a metodologia adotada, uma breve apresentação da empresa e a estrutura
do projeto.
de aperfeiçoar o método através de uma reflecção crítica dos resultados da experiência do ciclo
anterior (Dick, 1999). A figura 2, representa o ciclo da metodologia aplicada.
Figura 2 - Ciclo da metodologia investigação-ação, adaptação (Müller, M. M., & Hagner, 2002)
onde era validado o que se encontrava conforme e detetado e reportado os bugs para serem
reformulados.
Na última fase, foram realizados testes piloto para os Rolling Plans semanais e mensais das diversas
Sales. Por fim, procedeu-se então à implementação da plataforma na Amorim Cork, na Amorim Top
Series e nas Sales Companies principais.
A Corticeira Amorim, S.G.P.S., S.A. engloba a Amorim Cork que por sua vez abrange as suas
distribuidoras no estrangeiro - Sales Companies (SC).
O negócio da AC tem como base estruturante e principal condicionante a matéria-prima - a cortiça.
Esta é fornecida pela Amorim Florestal, S.A. É importante então caracterizar brevemente a cortiça,
já que a compreensão das especificidades do negócio começa exatamente aí. A cortiça é a casca do
sobreiro - Quercus Suber L, uma árvore singular cujo habitat natural é a bacia Ocidental do
Mediterrâneo.
Das características específicas da cortiça é de realçar o facto de esta ser leve, resistente ao desgaste,
impermeável, elástica, mas de dimensão estável, detentora de qualidades de isolamento térmico,
acústico e vibratório, além de constituir um extraordinário produto natural e ecológico,
apresentando uma vantagem adicional na medida em que não é necessário cortar árvores para a
obtenção da matéria-prima.
Entre as inúmeras aplicações desta matéria-prima destaca-se a rolha de cortiça, revelando uma
incomparável capacidade de segurança, facilidade de utilização e manutenção das qualidades
naturais dos vinhos, o suficiente para se ter generalizado este vedante, considerado atualmente
um sinal de qualidade inultrapassável. (Intranet: Amorim Cork, n.d.).
Em termos económicos, a AC é uma empresa presente em dezenas de países nos 5 continentes,
através das suas Sales Companies, com uma faturação anual na ordem dos 700 milhões de euros,
representando aproximadamente 5,5 mil milhões de rolhas de cortiça produzidas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente capítulo contém a literatura que serviu de fundamento teórico para o desenvolvimento
da solução do problema identificado, com o objetivo de o contextualizar nas decisões tomadas e
na conceção da solução do caso em estudo.
No que se refere aos objetivos da logística estes também têm evoluído ao longo dos anos,
Para (Mcginnis, M. A.; Kohn, J. W.; Spillan, 2010), a logística tem como objetivo contribuir para o
desenvolvimento da estratégia organizacional não apenas pelo ganho da eficiência, através da
minimização de custos, mas também pela coordenação dos canais de distribuição, pela gestão das
complexidades ambientais, bem como pela adequação da distribuição frente à flexibilidade
imposta pelo mercado.
(Daugherty, 2011), refere que a logística possibilita a realização de uma combinação sinérgica de
recursos, impulsionando o desenvolvimento de abordagens inovadoras.
(Arbache, 2015) afirma que uma gestão logística eficiente tem como objetivo auxiliar o
posicionamento da organização no mercado, bem como promover a minimização de custos
operacionais, o que a configura como um recurso competitivo.
No que diz respeito a cadeia de abastecimento (Ballou, 1998) descreve-a como um conjunto de
atividades funcionais que ao serem repetidas diversas vezes, permitem a transformação de
matérias-primas em produtos finais, acrescentando valor para os clientes. (Beamon, 1999) partilha
de uma opinião semelhante, descrevendo a cadeia de abastecimento como um conjunto de
processos unidirecionais produtivos em que existe uma transformação de matérias-primas em
produtos finais, sendo distribuída para os clientes finais.
Na opinião de outros autores, (Kopczak, L. e Johnson, 2003), a gestão da cadeia de abastecimentos
é bem mais complexa do que a simples satisfação de necessidades – engloba todos os processos
desde a conceção do produto até ao final do ciclo de vida, incluindo a reciclagem e deposição. Neste
estudo é apresentado uma evolução da visão da cadeia de abastecimento.
Figura 5 - Cadeia de Abastecimento e a sua Interface Ambiental (Wu, H., Dunn, 1994)
- Design do produto, processo e cadeia logística – o conceito de “pipeline” logístico (tal como o de
gestão da cadeia logística) tem subjacente a perspetiva de integração dos vários subsistemas que
asseguram a circulação de produtos e informação ao longo da cadeia, com interfaces, mas sem
estrangulamentos, “alimentando” eficazmente os clientes (intermédios e finais). Associado ao
conceito de pipeline, existe a integração dos diferentes elos, desde o aprovisionamento até à
distribuição física, a efetiva capacidade de controlo do sistema nas diferentes fases e a
sincronização das operações, evitando deste modo duplicações e desperdícios (Moura, 2006).
- Introdução de novos produtos – o estudo de desenvolvimento de produtos, a nível estratégico,
pode ser visto como uma permanente tentativa de articular as necessidades do mercado, as
possibilidades da tecnologia e as competências da empresa, num horizonte que permita que o
negócio da empresa tenha continuidade. Deverá existir um alinhamento estratégico dos projetos
com o negócio, podendo ser desdobrado em pelo menos duas partes: alinhamento das estratégias
funcionais com a estratégia do negócio, principalmente referente ao mercado e à tecnologia;
alinhamento da estratégia de desenvolvimento com a estratégia de negócio, levando em
consideração o primeiro. O tratamento do alinhamento pode ser feito por intermédio do método
qualitativo (mapeamento estratégico) complementado pelo método quantitativo (modelo de
atribuição de valor) (Cheng, 1995).
- Promoção, preço e publicidade do produto – a estratégia do preço é determinada pela estratégia
da empresa, da qual está dependem as tácitas e promoção de vendas. Todas as decisões sobre os
preços partem de um conjunto complexo de fatores, que podem ser agrupados em três temas: os
custos, a procura e a concorrência. (Rodrigues, 1996) refere que estes, por sua vez, englobam um
conjunto de fatores tais como:
· Custos – derivados de fatores externos (fornecedores, distribuidores e fiscalidade) e
fatores internos (condições de produção da empresa);
· Procura – resultante de fatores tais como sensibilidade dos consumidores ao preço
(segundo os produtos e o momento de compra) e da importância do mercado (cálculo do mercado
potencial para um certo nível de preço);
· Concorrência – depende da estratégia dos concorrentes (agressividade em matéria de
preço).
A promoção distingue-se das políticas de preço essencialmente pelo carácter temporário das
vantagens que oferece ao consumidor (promoção-consumidores) ou distribuidores (promoção-
distribuidor), como é o exemplo da aplicação de rapel sistemático sobre as quantidades. A
promoção consiste numa operação que associa um produto a uma vantagem temporária destinada
a facilitar ou a estimular a sua utilização, a sua compra e/ou a sua distribuição. A publicidade tem
o intuito de emitir mensagens com o objetivo de exercer uma influência sobre o espírito das pessoas
a quem são dirigidas e sobre os seus comportamentos efetivos.
- Satisfação de necessidades – consiste na obtenção de produtos e materiais de fornecedores
externos, destinados à produção (empresas industriais), ao consumo (empresas de serviços) ou
para revenda (empresas comerciais). Os produtos podem ser classificados em matérias-primas,
materiais suplementares, produtos semiacabados, componentes, produtos acabados, bens de
investimento ou equipamento capital (computadores, edifícios), materiais para
reparação/manutenção e serviços. Para além das aquisições de produtos para satisfazer o cliente
(Lummus, 2001) afirma que uma cadeia de valor de grande dimensão (muito longa) resulta em
perdas para a empresa derivadas do excesso de inventário e da falha de produtos adequados, na
quantidade adequada, no local certo, à hora certa – Just-in-Time. O resultado deste estudo foi o
desenvolvimento do conceito de Quick Response (QR) – parceria entre as empresas (retalhistas,
distribuidores) e os seus fornecedores num trabalho conjunto com o objetivo de responder de uma
forma rápida às necessidades do consumidor, através da partilha de informação. Foi igualmente
implementado o Point of Sales (POS) que permitiam transferir a informação rapidamente dos
distribuidores para os fabricantes. A filosofia QR, que incorpora informação sobre marketing,
promoções, descontos e previsões no planeamento de produção e distribuição, permite maximizar
a rentabilidade do inventário.
Contextualizando, na última década do século XX, e de acordo com o descrito anteriormente,
surgiram dois paradigmas na gestão – lean e agile – que tiveram profundas incidências na logística.
Este conceito surgiu associado à preocupação de reduzir excessos e desperdícios, definidos em oito
características (Cox, 1999):
- Procurar a otimização na entrega de valor ao cliente final;
- Produzir em Just-in-Time, concentrando em atividades de criação de valor;
- Focar na eliminação de desperdício em todos os processos operacionais, interna e externamente,
provenientes do excesso de produção, desperdício, transporte, processos inadequados, defeitos e
excesso de inventário;
- Reconhecer que todos os participantes da cadeia logística são acionistas e que devem acrescentar
valor para todos os intervenientes do negócio;
- Desenvolver um relacionamento de confiança, recíproco e colaboração com os fornecedores
(relação “win-win”, em que ambas as partes ficam a ganhar);
- Trabalhar com os fornecedores para criar procedimentos lean, isto é, sem desperdícios;
- Reduzir o número de fornecedores e trabalhar em conjunto com os fornecedores restantes numa
relação a longo prazo;
- Criar uma rede de fornecedores de forma a adquirir conhecimento e compreensão sobre
desperdícios e eficiência operacional na entrega de produtos e prestação de serviços;
Apesar da complexidade inerente às decisões logísticas, os benefícios podem ser elevados. Na
cadeia de valor, é necessário encontrar sinergias entre os diversos parceiros, criando ligações entre
clientes e fornecedores (Spekman, 1998).
- Baixa Interação/ Colaboração Elevada - exemplo de empresas cujo mercado está em constante
mutação, como por exemplo o frequente lançamento de novos produtos, que obriga a um trabalho
de equipa entre os departamentos de marketing, distribuição e produção; caso de empresas
sujeitas a elevadas pressões ou cujo trabalho é essencialmente virtual;
Fomentar a integração da função logística pode trazer resultados, especialmente quando
associados a sistemas de avaliação como remunerações e incentivos para os envolvidos. Para (Liao,
J. e Stonebraker, 2006), o desenvolvimento da cadeia de valor é a principal contribuição para a
entrega de produtos e serviços na passada década. Este autor subdivide a integração em integração
interna e integração externa. A integração interna refere-se à coordenação e colaboração da função
logística com outras áreas funcionais (exemplo Produção ou Marketing); a integração externa
refere-se à interligação com outros agentes como clientes e fornecedores. (Beamon, 1999) sugere
uma integração total com objetivos de gestão ambiental, considerando o efeito total e imediato de
todos os produtos e processos no ambiente (reconhecido como gestão do produto e gestão do
processo. O “conceito de gestão integrada” (termo semelhante a “stewardship concept”) é baseada
no reconhecimento dos efeitos ambientais resultantes do funcionamento de uma organização,
assim como os impactos ambientais dos bens e produtos desde a extração das matérias-primas,
utilização dos bens produzidos até à deposição. O autor demonstra que as empresas em fase de
evolução separam a performance ambiental da performance operacional. Numa fase posterior,
integram os objetivos ambientais e operacionais, obtendo resultados tais como: redução dos custos
relacionados com o ciclo de vida do produto; contenção de custos relacionados com multas por
utilização de materiais perigosos nos produtos, desperdícios de armazenamento, gestão e
deposição; problemas sociais com comunidades ou grupos ambientalistas.
A cadeia de abastecimento integrada contém, segundo (Beamon, 1999) todos os elementos da
cadeia tradicional, embora inclua operações como reciclagem de produtos/embalagem,
reutilização e operações de reparação/reutilização. No esquema seguinte, o autor indica pontos de
desperdício da cadeia de abastecimento integrada com um W (Waste).
A procura é usualmente comunicada por duas vias: através da previsão de vendas e das
encomendas dos clientes (Charatan, 1998). Neste sentido, é considerada uma das melhores
práticas a implementação de um sistema de Continuous Replenishment (CR) – um novo protocolo
para controlar o fluxo de informação e produto entre os fornecedores e os retalhistas. Este sistema,
muitas vezes sob a denominação de Vendor Managed Inventory (VMI), permite obter o nível de
serviço desejado, o nível de procura por SKUs e a volatilidade relacionada com a capacidade de
transporte (Fisher, M.; Cachon, 1997).
De acordo com um estudo realizado por (Wassan, 2006), a falha na partilha de informação é a
principal responsável pelas ineficiências e atrasos verificados no planeamento da produção e
entrega. As novas técnicas apresentadas anteriormente permitem incrementar esta partilha sem o
peso administrativo inerente ao processamento de encomendas. Neste contexto surge o conceito
de Collaborative Planning Forecasting and Replenishment (CPFR) (Reposição e Previsão
Colaborativa Contínua). O autor define CPFR como uma atualização do conceito de VMI, sendo a
colaboração existente entre as empresas referente a: informação de negócio relevante; decisões
referentes a previsões/planeamento que englobam toda a cadeia logística; modulação do mercado
e rapidez de resposta. Outra das formas para desenvolver a cadeia de valor é a harmonização e
customização dos produtos, reduzindo as possibilidades ao cliente final (Charatan, 1998). A
customização do produto é uma variação dos produtos (configurações) standard desenvolvido em
resposta a ordens específicas dos clientes. Permite a fidelização e torna exclusivo o produto de
fazer face às variações de procura. Então, entra em jogo o conceito de nível de serviço - a
probabilidade de o produto ser entregue dentro do lead-time estabelecido.
Contudo, (Yang, Kelei & Niu, 2009) defendem que os artigos do tipo A correspondem ao grupo de
maior valor, onde 20% dos artigos correspondem a 80% dos custos. São classificados como artigos
B aqueles que correspondem ao grupo intermédio, onde 30% dos artigos correspondem a 15% dos
custos. Por sua vez, a classificação C é relativa ao grupo menos valorizado, em que 50% dos artigos
correspondem a 5% dos custos.
Outros autores, como é o caso de (Devnani, 2010), consideram que a classificação A, é geralmente
definida por 10 a 15% dos artigos com 70% do critério. A classificação B, define-se com 20 a 25%
dos artigos e 20% do critério. E por fim, a classificação C é definida pelos restantes 65 a 70% dos
artigos e 10% do critério.
Outro princípio essencial do Lean Thinking é o Mura, trata-se de uma atividade irregular ou
inconsistente, a saber: na quantidade; na qualidade; na carga de trabalho; outros. É de referir que
normalmente Mura gere Muda. Caso a procura não seja o mais constante e regular possível, os
processos, as pessoas e os equipamentos serão solicitados de forma irregular originando o
desperdício.
Outra situação de desperdício é o Muri. Este é refletido pela intensidade do trabalho acima do
razoável, a saber: a sobrecarga de máquinas; a sobrecarga de pessoas; e a sobrecarga de recursos.
Outras razões que geram Muri são: colaboradores não treinados ou com formação deficiente;
postos de trabalho mal concebidos ou desordenados; instruções de trabalho inexistentes ou
deficientes; equipamento pouco fiável ou com manutenção desadequada; e por fim processos e
informações ineficientes.
3. CASO DE ESTUDO
Neste capítulo, começa-se por expor os problemas existentes na cadeia de abastecimento da AC,
descrevendo-se depois toda a cadeia logística da AC e o fluxo de informação entre a AC e as Sales
Companies.
Apresenta-se todo o processo e requisitos para a elaboração da nova plataforma de gestão Rolling
Plans desenvolvida pela equipa parceira (Noesis). Em seguida, apresenta-se a análise SWOT onde é
possível identificar os pontos fortes e fracos da nova plataforma, bem como as oportunidades e as
ameaças a que a ferramenta possa estar exposta. Por fim, é exposta a análise ABC que permitiu
identificar nas Sales de maior dimensão os artigos mais importantes a inserir na nova plataforma
de gestão.
A partir destas unidades industriais é feito o transporte do produto semi-acabado para as empresas
distribuidoras – as Sales Companies. Estas estabelecem a interface entre a produção e os clientes,
executando funções comerciais e fazendo a customização dos produtos (marcação e tratamento de
superfície) de acordo com os pedidos dos clientes locais.
Os transportes são negociados através de um 4PL (4th party logistics provider) comum a toda a
Corticeira Amorim, S.G.P.S., S.A. – o Departamento de Transportes, sendo o restante gerido pelo
Departamento de Logística da Amorim Cork.
Um ponto importante a ter em conta diz respeito às elevadas distâncias de algumas das principais
distribuidoras à casa-mãe (figura 14).
Dado o elevado custo do transporte aéreo, os envios regulares para as distribuidoras não europeias
são, por questões de viabilidade do negócio, invariavelmente feitos por via marítima. Isto faz com
que os tempos de trânsito (transit-times) sejam bastante elevados (figura 15).
gestão. Ou seja, atualmente não existe um sistema de informação integrado que permita o
acompanhamento da atividade das Sales Companies em tempo real.
Assim sendo, os principais problemas detetados relativos ao fluxo de informação são os seguintes:
- Informação dispersa;
- Várias ferramentas utilizadas;
- Falta de informação do stock existente em algumas unidades de negócio;
- Atrasos no envio das necessidades previstas por parte das Sales Companies;
- Excesso de stock e desadequação do mesmo, o que leva a ruturas e à existência de slow movers.
Neste contexto, o novo sistema de gestão a ser implementado permitirá uma melhor comunicação
e informação fornecida às e pelas Sales, proporcionada por uma plataforma de gestão online, mais
centralizada, e com uma visualização mais completa e abrangente da cadeia de abastecimento.
Como mencionado na revisão bibliográfica, alguns autores não concordam com os critérios
apresentados pela lei de Pareto, isto porque segundo eles, os critérios podem e devem ser
ajustados conforme a realidade da empresa. Assim, observando a figura apresentada, a
classificação atribuída para os artigos da IC é a seguinte:
· Os artigos da classificação A representam 80,04% dos custos e 15,38% dos artigos.
· Os artigos da classificação B representam 15,10% dos custos e 23,08% dos artigos.
· Os artigos da classificação C representam 4,86% dos custos e 61,54% dos artigos.
Pareto
3000000 120%
2500000 100%
2000000 80%
1500000 60%
1000000 40%
500000 20%
0 0%
RE CH_AGL…
RS CP_NAT…
RT NEUT…
RT NDT 49X24…
RT NDT 49X25…
RT NDT 49X24…
RT ADV 44X23…
RT NDT 45X24…
RT NDT 49X24…
RE CH_1D…
RT NAT 45X24…
RT NAT 49X24…
RT NAT 45X24…
RT NAT 45X25…
RT NAT 45X24…
RT NAT 49X24…
RT NAT 49X24…
RT NAT 49X24…
RT NAT_CKS…
RT NAT 45X25…
Após a análise do diagrama de Pareto (figura 19), podemos concluir que, uma pequena quantidade
de artigos na IC representa a maior parte dos custos.
4. AS IS VS TO BE
Neste capítulo será apresentada a ferramenta de gestão da cadeia de abastecimento das Sales
atualmente utilizada na AC (Rolling Plan - Excel), seguido de uma breve apresentação do E-Supply
e da nova plataforma de gestão Rolling Plan inserida no E-Supply.
Para compreender melhor as diferentes funcionalidades da ferramenta atual (As is) da ferramenta
a implementar (To be) será apresentada a arquitetura e o design das mesmas.
Por fim, aborda-se qualitativamente o impacto da ferramenta, tanto na Amorim Cork como nos
seus clientes internos, as Sales Companies. Serão ainda apresentados e discutidos os indicadores
(KPIs) relevantes para a análise dos resultados do projeto.
A organização da folha abrange nas primeiras 5 colunas os atributos relativos a todos os produtos
da Sale (família, calibre, descrição, classe e classificação) estando as restantes colunas afetas ao
cálculo da gestão de stocks mensal por produto. Estas colunas englobam os seguintes campos:
Tabela 4 - Organização Rolling Plan - Excel
Assim, no início de cada mês (n), o RF Manager envia ao RP Manager o Rolling Forecast com o stock
final do mês anterior (n-1) e as forecasts para cada artigo (figura 21), retângulos vermelho e verde,
respetivamente.
Após a receção do RF de cada Sale, o RP Manager atualiza no RP (figura 20) os valores do stock final
do mês anterior e as respetivas necessidades para os meses seguintes.
De seguida, o RP Manager importa do sistema as encomendas de cada Sale e atualiza-as na
respetiva folha de excel da carteira de encomendas (figura 22). O output dessa atualização dá a
informação sobre as encomendas pendentes e expedidas no momento.
4.2. E-Supply
O E-Supply é uma ferramenta integrada no ERP – SAP, desenvolvida internamente pela Amorim
Cork, com o objetivo de fazer uma melhor gestão de encomendas, servindo como interface entre o
SAC (Serviço de Apoio a Clientes) e os clientes (os internos, as Sales Companies, e alguns externos
de grande dimensão). Esta ferramenta permite:
∙ A introdução e acompanhamento de encomendas e reclamações por parte do cliente e a gestão
das mesmas pelo SAC, assim como a consulta de toda a documentação associada por ambas as
partes (faturas, guias de remessa, relatórios de qualidade, etc.);
∙ A visualização de mapas de expedição, histórico de encomendas e relatórios de vendas mensais
por cliente, informação do produto e quantidade enviada, números de ordens de encomenda (PO),
data de envio e data estimada de chegada (ETA), data efetiva de chegada, transportador utilizado,
número de contentor (permitindo o tracking do mesmo através de ferramentas disponibilizadas
pelos transportadores), entre outros.
Assim, o E-Supply atua efetivamente como um sistema de CRM operacional (Customer Relationship
Management), no front-office da empresa, conseguindo automatizar tarefas e facilitar a relação
com os clientes.
∙ Configurar Classificação;
∙ Configurar Agendamento;
∙ Editar e publicar a lista de Rolling Plan;
∙ Submeter sugestões de novas PO’s.
Inicialmente, o RP Manager terá de abrir o cliente interno pretendido e configurar todos os artigos
da respetiva Sale. A esta parametrização inicial, que é feita uma única vez, seguir-se-á o
agendamento mensal. Este, é realizado todos os meses e indica o intervalo definido pelo RP
Manager em que a Sale deve enviar o Rolling Forecast.
Após a abertura de todos os clientes e respetiva configuração na plataforma, o RP Manager só
precisará todos os meses de definir o intervalo do envio do RF pela Sale.
Seguem-se então os passos necessários que o RP Manager terá de executar desde a configuração
da classificação (abertura do cliente e artigos correspondentes) até à configuração do
agendamento.
Optando por pesquisar um cliente já disponível, o RP Manager terá a opção de editar toda a
informação previamente classificada bastando para tal selecionar o campo:
Optando pela criação de uma Nova Classificação, o RP Manager deve preencher os campos:
∙ Empresa → Cliente → Tipo de Classificação → Cobertura de Segurança;
Para finalizar a criação de uma Nova Classificação, será sempre necessário associar pelo menos um
artigo preenchendo os campos:
∙ Artigo → Lote (ML);
Por fim, deve-se guardar a Nova Classificação:
∙ Guardar
Optando por pesquisar um agendamento já criado, o RP Manager terá a opção de editar a data de
início do intervalo de envio do RF definido previamente, bastando para tal selecionar o campo
Optando pela criação de um Novo Agendamento, o RP Manager deve preencher os campos:
Após o preenchimento, o RP Manager pode aceder ao campo detalhes, onde deve editar para cada
mês a data de início do intervalo definido previamente.
Definida a data inicial do intervalo, o RP Manager deve aguardar o envio do RF até ao limite da data
final do intervalo.
∙ Aceder ao E-Supply;
∙ Gestão Rolling Plans → Cliente → Ano → Editar.
Se optar por editar na tabela, o RF Manager irá editar manualmente na tabela os campos de cada
artigo, gravando sempre um a um
Sempre que tiver necessidade poderá adicionar/remover artigos:
∙ Adicionar/Remover Contratos
Aqui, poderá verificar se existe algum contrato disponível para adicionar ou algum contrato
adicionado que pretenda remover da tabela (artigos previamente classificados pelo RP Manager).
No final, deve sempre guardar as alterações efetuadas:
∙ Guardar
Por fim, com os dados já atualizados, o RF Manager deve publicar o RF para que o RP Manager
possa analisar e editar o Rolling Plan.
∙ Publicar
Depois de publicado, deixa de ser possível editar o RF (passa de estado Draft para Publicado).
Cabe então ao RP Manager editar o Rolling Plan gerado automaticamente após a publicação do RF.
Acionada a opção editar, o RP terá o aspeto da figura seguinte. A análise do RP deverá ser feita de
artigo a artigo, selecionando a família e o artigo pretendido.
∙ Família → Artigo.
Selecionado o artigo, aparecerá no canto superior direito o stock final do mesmo no mês anterior.
Quando o desvio for negativo (Stock Estimado menor que o Stock de Segurança), surge um triângulo
de alerta que leva o sistema a sugerir novas ordens de venda, que podem ou não ser aceites pelo
RP Manager.
Para cada artigo selecionado, há também a possibilidade de acionar a opção “importar sugestões”,
sob a forma de um relatório onde constam todas as ordens de venda sugeridas pelo sistema.
As sugestões finais do RP Manager terão de ter a concordância do RF Manager, após a publicação
do RP.
Com vista à melhor compreensão da nova ferramenta (Rolling Plan – E-Supply), foi elaborado um
manual de instruções (Apêndice C) de apoio aos futuros utilizadores. O manual de instruções
engloba três campos fundamentais: as parametrizações iniciais necessárias; as funções do RP
Manager; e as funções do RF Manager.
· Indicador de tempo:
Tendo em conta que a média de execução do RP antigo era de aproximadamente 4h por Sale (3
horas para a introdução manual de inputs e 1 hora para análise do RP atualizado), a execução do
RP no E-Supply será cerca de 30 min (análise do RP gerado), o que reflete uma redução de 87,5%
do tempo anteriormente despendido. O significado desta redução é ainda muito mais relevante no
contexto de análise de todas as Sales.
· Indicador de informação:
A ferramenta permite uma melhor comunicação e apresentação da informação, proporcionada por
uma plataforma de gestão online, mais centralizada, abrangente, e partilhada num único ecrã
interativo.
Uma vez que se verificam tempos distintos no envio do RF por cada Sale, torna-se difícil quantificar
a melhoria da ferramenta ao nível da informação partilhada entre as Sales e a Amorim Cork
(exemplo: tempos distintos entre as Sales e dentro da própria Sale).
No entanto, a ferramenta permite ao RP Manager definir o intervalo de tempo em que cada Sale
deve enviar o RF, de modo a acabar com os atrasos verificados no modelo anterior.
Na figura 42, para cada família de artigos temos um forecast calculado pelo histórico de vendas
(SO99 Fcast), um forecast de vendas enviado pela Sale (CO Fcast) e as vendas reais consumadas
(Sales).
As colunas “ForecastError” e “ABS(Error)” estão associadas ao erro verificado entre os valores das
colunas “Sales” e “CO Fcast”, em valor real e absoluto. A coluna “FAccuracy” apresenta a taxa de
acerto das vendas.
Com a implementação do Rolling Plan no E-Supply prevê-se uma diminuição do erro absoluto e
consequentemente um aumento da forecast accuracy não só para este exemplo em concreto, mas
para todo o universo das Sales.
5. CONCLUSÃO
O trabalho realizado ao longo do estágio, sobre o qual assentou a presente dissertação, incidiu num
projeto na área da gestão da cadeia de abastecimento, uma área muito interessante e em constante
desenvolvimento, na medida em que existem constantes desafios técnicos, debates de ideias e
diferentes formas de agir.
Por ser uma atividade que faz a ponte entre as exigências comerciais e operacionais, com um tempo
limitado para decidir, a logística envolve uma transversalidade a vários níveis e áreas da empresa,
pelo que considero especialmente enriquecedora toda a experiência e conhecimento adquiridos
em matérias tão abrangentes.
Nos dias de hoje, a estratégia das empresas deve-se basear na redução de stocks, na criação de
valor em toda a Supply Chain e, consequentemente, no aumento do nível de competitividade e
posicionamento favorável no mercado.
Devido à grande variedade de materiais utilizados nos vários setores da produção de rolhas, é
necessário um aprovisionamento que satisfaça as necessidades sem originar ruturas, bem como
um equilíbrio no que respeita aos recursos/gastos financeiros ao nível da armazenagem.
A otimização do modelo de gestão de abastecimento às Sales deu resposta às questões levantadas
no inicio do projeto, tendo-se concluído que o mesmo foi benéfico para a empresa.
Desde logo porque se conseguiu minimizar as ruturas de stocks através de uma melhor visibilidade
da cadeia de abastecimento às Sales, o que torna a capacidade de decisão do RP Manager mais
apoiada.
Por outro lado, conseguiu-se melhorar as rotinas do RP Manager, ao diminuir em 87,5 % o tempo
necessário para a execução das tarefas no Rolling Plan, e ao minimizar o erro do RP Manager na
introdução manual de dados, ao passar do RP – Excel para o RP – E-Supply, mais automatizado. Ao
nível da melhoria das rotinas do RF Manager, conseguiu-se impor um intervalo de tempo definido
para o envio do RF por parte das Sales.
Por fim, concluiu-se que a implementação da ferramenta se revelou competente para os produtos
relevantes selecionados nas Sales de maior dimensão, pelo que será estendida a sua
implementação aos restantes produtos e Sales do Grupo, promovendo-se ao mesmo tempo a
melhoria contínua da ferramenta, que atualmente se encontra numa fase inicial de implementação
e avaliação.
Com a realização deste projeto foram ainda alcançados os objetivos inicialmente propostos,
apresentando-se na tabela 5 uma síntese de conclusões em relação à sua concretização.
Tabela 5 - Síntese de conclusões
Objetivo Concretização
Acompanhamento em tempo real da gestão da cadeia
Aumentar a visibilidade na cadeia de
de abastecimento na plataforma de gestão
abastecimento global da empresa
desenvolvida no E-Supply
Melhorar o processo de comunicação e Melhoria do fluxo de informação através de uma
apresentação da informação com os clientes plataforma de gestão online, mais centralizada,
internos (Sales Companies) abrangente, e partilhada num único ecrã interativo.
Este projeto teve como foco a criação de uma plataforma de gestão Rolling Plans no E-Supply,
interligando todas as plataformas de fluxo de informação entre a Amorim Cork e as Sales
Companies, centralizando essa informação num único sistema de gestão online.
Esta plataforma permite uma visibilidade e um acompanhamento em tempo real da cadeia de
abastecimento às Sales.
Outra otimização do processo de gestão da cadeia de abastecimento das Sales foi conseguida com
a redução de 87,5% no tempo de execução anteriormente despendido no Rolling Plan.
Conseguiu-se por outro lado que a maior automatização de procedimentos no RP – E-Supply,
levasse à eliminação dos erros anteriormente gerados pela transferência manual de dados por
parte do RP Manager no RP – Excel.
Concluindo-se que a ferramenta tem condições para potenciar maior eficiência na tomada de
decisão, torna-se necessário implementar uma cultura de mudança e, no futuro, continuar com a
monitorização do trabalho efetuado, para haver uma melhoria contínua, criar mais valor, e oferecer
um melhor nível de serviço.
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APÊNDICE A
APÊNDICE B
APÊNDICE C