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5.5 - Sergei (Parte 2)

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Sergei II

Roxie Rivera - Her Russian Protector 5.5 - SERGEI 2

SINOPSE

A designer de vestidos de noiva e proprietária de boutique Bianca Bradshaw sempre joga pelas
regras, até Sergei. O gigante russo derrubou os muros que guardavam seu coração, facilmente,
quando ele chutou a porta da frente. Depois que um selvagem caso de amor apaixonado, que
é o assunto no submundo de Houston, os deixa diante de uma gravidez não planejada, mas
muito desejada, Bianca não pode imaginar um único dia sem Sergei em sua vida e em sua
cama.

Livre das garras da máfia russa por seu amor tenaz, o ex-executor e lutador premiado Sergei
Sakharov pretende dar a Bianca exatamente o que ela quer. Ele vai fazer essa deliciosa, bela e
curvilínea mulher sua esposa e passar o resto de sua vida fazendo-a feliz.

Ou, pelo menos, esse é o plano.

Mas Sergei aprende rapidamente que ninguém nunca realmente fica fora daquela vida.
Quando um negócio inacabado ameaça a família que ele está tentando construir com a mulher
que sempre manteve o seu coração, ele vai ter que fazer uma escolha difícil. Para proteger sua
esposa grávida, não existe uma linha que Sergei não cruzará.

Tradução: Selene
Revisão Inicial:Selene
Revisão Final: Perséfone
Formatação: Afrodite
Disponibilização: Afrodite
Grupo Rhealeza Traduções
Capítulo Um

Esticando meus braços acima da cabeça, inalei uma respiração


profunda, lenta e gradualmente despertei com o som de um chuveiro
ligado. Piscando, rolei e deslizei a mão sobre o espaço vazio ao meu lado.
Os lençóis ainda estavam quentes sob minha palma. Incapaz de me
segurar, abaixei o meu rosto para o sedoso algodão e apertei meu nariz
contra o tecido para inalar o familiar e reconfortante aroma de eucalipto
daquele que fazia com que minhas manhãs fossem perfeitas.

Sergei.

Meu Sergei.

Sorrindo como o gato de Cheshire, arrastei seu travesseiro para


mais perto e puxei o lençol, que estava enroscado em volta do me largo
quadril, para cima em torno dos meus seios nus. Abraçando seu
travesseiro, deixei as memórias de mais uma noite tórrida me aquecerem.
Desde que descobri que estava grávida, Sergei tinha sido insaciável e
ainda tão suave comigo. Para um gigante tão poderoso, ele poderia ser
incrivelmente suave quando o momento pedisse. Ele me surpreendeu nas
vezes em que essas mãos grandes, que tinham tão brutalmente agredido
seus adversários, deslizaram sobre minhas curvas como o mais leve toque
de uma pena.

Mas, apesar de seu toque ser suave e seu ritmo lânguido, Sergei
ainda conseguia me fazer ver estrelas, pelo menos, duas vezes por noite.
Quatro na última noite, pensei com uma risadinha impertinente e me
enterrei contra o seu travesseiro. Eu não me lembrava de muito mais após
o terceiro clímax que ele tinha tirado de mim com sua boca
perversamente hábil, mas o que me lembro foi que deixou meu corpo
vibrando com um calor sensual.

—Você está acordada.

Minhas pálpebras se separaram quando sua voz áspera e


retumbante fez minha barriga vibrar. Eu o encontrei encostado na porta
do banheiro. Com uma toalha enrolada na cintura, me olhando dessa sua
forma predatória. Eu deixei meu olhar viajar e apreciar aqueles ombros
largos e seu insanamente esculpido peito. As contusões do torneio
finalmente agora estavam em um amarelo pálido e as bordas das manchas
escuras de roxo estavam até mesmo verdes. Meu olhar se moveu sobre
seu abdômen até a trilha escura que se estendia desde o umbigo até o
topo da toalha. Saber o que ele tinha escondido sob a toalha fez tudo de
feminino em mim, cantar com alegria.

Meu. Meu. Meu. Ele é todo meu.

—Eu vou ser mais silencioso amanhã. — Ele saiu de perto da


moldura da porta. —Eu queria deixá-la dormir esta manhã.

—Você não me acordou.

Sergei pegou um pedaço de gengibre doce da caixa na mesa de


cabeceira e desembrulhou. Ele se sentou na cama ao meu lado e levou-os
até os meus lábios. Eu aceitei o pequeno mimo que parecia estar
mantendo meu enjoo matinal sob controle. Na noite do churrasco em que
tínhamos recebido nossos amigos, eu havia sido atingida com a primeira
horrível onda de enjoo. Depois que nossos convidados tinham ido embora
e eu tinha me enrolado na cama, ele tinha ido até a rua e voltado com
quase tudo de Gengibre que a drogaria 24 horas tinha nas prateleiras.

Enquanto eu deixava o pequeno doce dissolver na minha língua, ele


passou a mão ao longo da minha coxa. O calor da palma da sua mão abriu
caminho através do lençol. Sua mão deslizou mais para cima e finalmente
descansou na minha barriga.

—Você precisa de mais descanso. — Ele esfregou um círculo lento


lá. —Você está fazendo um trabalho duro carregando meu bebê.

A forma reverente com que ele falou fez meu coração inchar com
amor. Ficar grávida tão inesperadamente não tinha sido parte do plano,
mas eu não me arrependia da noite que tínhamos feito amor sem
proteção, nem por um único momento. Me tornar mãe era uma
perspectiva assustadora, mas eu poderia enfrentar qualquer coisa com
Sergei ao meu lado.

Ele traçou um coração no meu estômago, eu sorri para o gesto


doce.

—O quê que você acha que é, Bianca?

—Eu não sei. — Mordi o lábio. —Você tem algum pressentimento?

—Não.
—Você tem alguma preferência?

Ele continuou a desenhar formas.

—Um bebê saudável é tudo que eu quero. —Sua boca se contraiu


com a sugestão de um sorriso. —Se for uma menina, vou ficar grisalho
antes mesmo que ela esteja na faculdade. Ela provavelmente vai ter uma
coisa por bad boys como sua mãe.

Eu ri e cobri sua mão com a minha.

—Eu não tenho uma coisa por bad boys. Eu tenho uma coisa por um
bad boy muito em particular.

Ele se inclinou para frente e segurou a parte de trás do meu


pescoço. Encostando seus lábios contra os meus, ele capturou a minha
boca em um beijo persistente. Seu polegar roçou minha bochecha e ele se
afastou para olhar nos meus olhos.

—Você é tão bonita pela manhã. Esta é a minha hora favorita de vê-
la.

Eu levantei uma sobrancelha, cética.

—Ah, verdade? Com o meu cabelo uma bagunça e meu rosto


manchado e..

—Você parece que foi completamente fodida na noite passada. —


Disse ele de uma forma contundente. —Você parece uma mulher que
gozou com tanta força que desmaiou com um sorriso no rosto. —Seu
sorriso sexy fez meu coração disparar. —Vê-la desta forma me deixa
orgulhoso por ter feito meu trabalho. Você está sempre tão perfeitamente
arrumada. Gosto de saber que sou o único que pode fazer você ficar
assim.

—Bem - eu disse baixinho. —Quando você coloca isso dessa forma...

—Bianca? — Ele inclinou meu queixo com os dedos até os nossos


olhares se conectarem. —Eu amo você.

Meu coração disparou. —Eu também te amo.

Eu não acho que me cansarei de ouvi-lo dizer essas três palavras. Eu


nunca tinha esperado ganhar o coração de um homem como Sergei.
Às vezes eu ainda não conseguia acreditar que ele tinha me
escolhido. Com sua boa aparência e seu corpo assassino, ele poderia ter
teve qualquer mulher e havia feito exatamente isso. Mas, por alguma
razão, foi por mim que ele havia se apaixonado depois de um único
encontro. Foi a mim que ele havia perseguido por cinco meses. Ele tinha
colocado minha porta abaixo por mim e muito mais.

Ele havia deixado a máfia por mim, por nós, e eu nunca, nunca me
esqueceria disso. Nós tínhamos ido contra as probabilidades para
estarmos juntos e eu lutaria até o meu último suspiro para proteger a vida
que estávamos construindo. O calor abrasador do amor refletido em seus
olhos me dizia que ele iria fazer a mesma coisa. Sem sombra de dúvida ou
hesitação, ele lutaria por nós.

—Eu vou comprar uma nova mala enquanto estou fora hoje. Você
precisa de alguma coisa?

Eu balancei minha cabeça.

—Eu sou boa em fazer as malas.

—Tem certeza de que ainda quer ir para Londres? —Seu olhar caiu
para o meu estômago. —Se você estiver cansada demais ou não se
sentindo bem, tenho certeza de que Vivian não se importaria.

—Eu sei que ela não se importaria, mas eu sim. Eu me sinto bem. De
verdade. —Acrescentei, certa de que ele estava se preocupando muito. —
Mulheres grávidas viajam o tempo todo. Além disso, esta é a primeira
mostra de arte internacional da Vivi. Eu quero estar lá.

—Eu também, mas me sentiria melhor sobre sua ida, se você for
capaz de ver o seu médico antes.

—Eles não podem me encaixar até voltarmos de Londres. Falei com


a enfermeira do meu médico por 20 minutos no telefone. Ela disse que,
desde que eu não tivesse cólicas ou sangramentos, não há nada para me
preocupar e que eles preferem ver os pacientes por volta de oito
semanas. Eu não estou nem mesmo de seis semanas, Sergei. Muitas das
minhas amigas não foram para suas primeiras consultas de pré-natal até
dez ou onze semanas.

—Eu não gosto disso. —Ele resmungou.


—Você se preocupa demais. — Sentei-me um pouco mais ereta
contra os travesseiros e nem sequer me preocupei em puxar o lençol para
cobrir meus seios. Tal como esperado, a mão de Sergei imediatamente
cobriu meu seio nu. Ele pareceu se lembrar de quão sensível eu estava
pois ele segurou minha carne com muito cuidado.

—Eu amo você e você está grávida do meu bebê. Eu deveria me


preocupar.

Seu polegar desenhou um círculo em volta do meu preguiçoso


mamilo. Com uma nota de temor em sua voz, ele murmurou:

— Você está começando a mudar. Vê?

Eu notei como minha pele estava mais escura e os picos franzidos


tinham um tom de cacau profundo, muito diferente da pele mais clara e
bronzeada dele.

—Pelo que ouvi dizer, esta é a primeira de muitas mudanças.

Ele arrastou seu dedo ao longo da ondulação do meu seio até a


minha clavícula.

—Vai fazer alguma coisa hoje à noite?

—Eu tenho uma reunião com a Mama.

Os lábios de Sergei se apertaram.

—Oh. Isso.

—Sim. Isso. — Uma vez por mês, eu participava de um grupo de


apoio à famílias que haviam perdido um ente querido por assassinato.
Minha mãe tinha sido a presidente local até que o acidente vascular
cerebral e as consequentes complicações que ocorreram em sua perna a
deixaram hospitalizada por meses. Mesmo em recuperação, ela nunca
parou de funcionar como uma defensora da família vitimada. Agora ela
estava voltando para o controle das coisas, e eu estava feliz em
compartilhar a carga com ela. —Você poderia vir com a gente. Pode ser
bom para você falar sobre...

—Não. —Ele me cortou rapidamente, mas eu não desisti facilmente.


—Você poderia falar sobre o seu irmão e sua esposa e seus
sobrinhos. —Eu terminei meu pensamento.

—E dizer o quê? — Ele olhou para mim com uma expressão de


incredulidade. —Meu nome é Sergei, meu irmão e sua família foram
mortos por uma gangue de mafiosos em Moscou, porque ele tinha feito
lavagem de dinheiro para terroristas?

Ele tinha um ponto.

—Pode dizer que eles foram mortos por criminosos...

—E então o que? Eu digo a eles que tive a minha justiça, me


vendendo para uma máfia diferente da que matou as pessoas da minha
família? - ele balançou a cabeça. — Esse é um capítulo da minha vida que
já acabou, Bianca. Está feito. Está terminado. Não há nada a ganhar ao
falar sobre meu irmão ou sua família.

—E a paz, Sergei?

—Paz? - ele riu asperamente. —Bianca, não há paz para se ter nesse
quesito. Eu aceitei que eles se foram. Toda a conversa no mundo não vai
trazê-los de volta.

—Não se trata de trazê-los de volta. —Eu calorosamente retorqui.


—É sobre honrar suas memórias. Trata-se de encontrar uma maneira de
perdoar as pessoas que te machucaram. De encontrar uma maneira de
viver cada dia com essa ferida em carne viva que é perder alguém por
assassinato, deixar para trás.

—Perdoar? - ele praticamente cuspiu a palavra. —O perdão é uma


fraqueza.

Com todos os hormônios em fúria em meu corpo, minhas emoções


estavam afloradas. Meus olhos arderam e eu senti as primeiras lágrimas
escorrerem em minhas bochechas. Irritada comigo mesma por ficar tão
agitada, eu bati em Sergei.

—Por que você tem que menosprezar isso?

Ele parecia completamente esmagado e envergonhado. Cobrindo


meu rosto, ele sussurrou meu nome e limpou as lágrimas.
—Bianca, milaya moya, eu não quis incomodá-la. Sinto muito. Foi
estúpido da minha parte. Eu não tive a intenção de menosprezar seu
trabalho. Eu sei o que este grupo significa para você - ele beijou a minha
testa. —Me desculpe. Você é uma mulher melhor do que eu por conseguir
perdoar o assassino do seu irmão. Eu não posso. Eu só... Eu não posso.

Conhecendo a vida da qual ele tinha escapado, onde a fraqueza


poderia matar, eu aceitei que para ele o perdão estava além das
possibilidades. Me sentindo ainda pior por entrar em desacordo com ele
desse jeito, eu respirei fundo.

—Eu sinto muito. Eu não tinha o direito de surtar assim.

—Está tudo bem. — Ele esfregou minhas costas e pressionou seus


lábios nos meus. —Você está grávida. Eu acho que isso é normal. —Ele
aninhou nossos narizes juntos antes de capturar a minha boca em um
beijo carinhoso. —Eu entendo que isso lhe traz paz, falar sobre o seu
irmão e lutar por outras vítimas. Admiro isso em você e em sua mãe. Eu
realmente admiro, mas não é para mim.

Segurei sua mão.

—Entendo.

—Nós estamos bem?

Eu balancei a cabeça.

—Nós estamos bem.

—Bom. —Ele levantou a mão e beijou meus dedos. —Você gostaria


de trazer sua mãe para o jantar? Eu posso cozinhar.

—É este o seu jeito de me lembrar de que nós não dissemos a ela


sobre o bebê ainda?

—Esta é a minha maneira de dizer que temos que fazer isso mais
cedo ou mais tarde - ele respondeu honestamente. —Ela precisa saber
antes de dizermos a minha família, quando eles nos encontrarem em
Londres na próxima semana.

—Eu sei.

Sergei bateu na ponta do meu nariz.


—Por que você está com tanto medo de dizer a ela? Ela é sua mãe,
e ela te ama.

—Eu sei disso, mas...

—Mas?

—Mas ela é antiquada quando se trata disso - murmurei.

Até Sergei, eu tinha sido um tipo de garota antiquada. O


pensamento de ter um bebê antes do casamento tinha sempre
secretamente me escandalizado. Quantas noivas tinham vindo pela porta
da frente da boutique de casamento da minha família com barriguinhas de
grávida? Eu tinha artisticamente ocultado essas barrigas redondas com
plissados, tules e cinturas altas, enquanto silenciosamente julgava essas
mulheres por serem descuidadas. Agora, quem era a descuidada?

—Ela vai amar este bebê tanto quanto ama você - ele me
tranquilizou. — Ela pode não ficar feliz com as circunstâncias, mas ela vai
superar, Bianca.

—Não é apenas isso - eu admiti finalmente. —Eu me sinto culpada


por tirar a ideia de um casamento de branco que ela provavelmente
sempre sonhou para mim. Nós estamos no negócio de bonitos finais
felizes e casamento de conto de fadas. Tenho certeza de que ela sonhou
que seria dessa forma comigo, sua única filha, e agora ela vai ter que se
contentar com um casamento forçado.

Assim que as palavras saíram da minha boca, eu quis morrer. Nós


nem sequer havíamos discutido sobre casamento ainda, mas isso não me
impediu de deixar escapar as palavras como uma tola. Eu nervosamente
olhei para Sergei que parecia totalmente não perturbado pela declaração
pendurada no ar.

Inclinando para frente, ele me beijou tão docemente. Com um


sorriso que fez meu coração dar pulos selvagens no meu peito, ele
afirmou:

— Não vai ser um casamento forçado. Eu vou fazer um casamento


maravilhoso para você. Perfeito - acrescentou e me beijou novamente. —
Será tudo o que você merece.
Com sua promessa feita, Sergei deslizou para fora da cama e pegou
algumas roupas da cômoda agora compartilhada. Sua calma resposta me
deixou tão curiosa. Quando ele vestiu a roupa de treino, eu não consegui
importuná-lo com um milhão de perguntas que passavam pela minha
cabeça. Eu confiei que quando ele estivesse pronto, ele iria me pedir em
casamento.

—Eu vou estar na academia com Ivan até às dez e então vou para o
escritório da Construtora. —Ele pegou seu tênis e sentou na beira da cama
para amarrar. —Quer que eu faça o seu café da manhã antes que eu saia?

Eu balancei minha cabeça.

—Eu poderia ter mais alguns minutos de sono antes de ir para o


trabalho.

Ele esfregou minha orelha entre os seus dedos.

—Acalme-se hoje. Não fique muito em pé e beba muita água. Vai


ser um dia quente, então vista algo leve.

Sorrindo da forma como ele era tão superprotetor, eu


simplesmente assenti.

—Eu irei.

Sergei furtivamente me deu um beijo.

—Eu te amo. Chame se precisar de alguma coisa.

—Eu também te amo. — Observei ele atravessar o quarto e


silenciosamente contei os seus passos. Assim como ele sempre fazia, ele
parou na porta e olhou para mim por um momento. Era como se ele
quisesse memorizar exatamente como eu parecia. Eu senti que era a
maneira como ele se tranquilizava de que isso era real. Ele havia ganhado
a mim e o meu amor. Estávamos agora para sempre entrelaçados.

Nossa vida tinha mudado drasticamente na última semana. Eu não


estava surpresa por ele precisar se lembrar de que isso realmente estava
acontecendo. Ele não era mais um executor e um lutador premiado do
chefe da máfia Nikolai Kalasnikov, Sergei era dono de si agora. Ele ia ser
pai... E marido.
Meu marido, eu pensei excitada de emoção. Nosso relacionamento
tinha quebrado todas as minhas regras, não era o perfeito livro de
histórias de romance, mas eu não me importava.

Ele era nosso. E isso era tudo o que importava.

De braços cruzados, Sergei estava do lado de fora de um dos ringues


do Centro de treinamento mundialmente reconhecido de Ivan Markovic e
observava um par de lutadores golpeando entre si. Desde que deixou o
serviço com Nikolai, ele havia sido encarregado de encontrar um bom
lutador substituto para o chefe. Observando a contragosto esses dois
garotos trocando socos, ele suspirou profundamente. Não, estes garotos
não dariam em nada. Eles estavam com medo de serem atingidos e
temiam a dor. O medo não tinha lugar no ringue. Esta era a maneira mais
fácil para um homem se machucar.

Rosnando como um maldito urso, Ivan gritou uma instrução para o


lutador de cabelo escuro e, em seguida, pulou as cordas com a facilidade e
graça de um homem pequeno. A camisa sem mangas que usava exibia
seus grossos braços tatuados. Aqui no conforto da sua academia, Ivan não
se incomodava em cobrir as marcas que contavam ao mundo a vida
pecaminosa e violenta que ele tinha vivido uma vez. Ele viu os dois garotos
no ringue olhando abertamente as tatuagens. Ele tinha ficado da mesma
forma uma vez, cheio de admiração e medo quando olhou para Ivan pela
primeira vez.

Sergei sorriu quando seu mentor falou para os jovens soldados de


rua que tinham sido adotados por Nikolai ao tentar a sorte no combate
sem luvas. Pelos olhares em seus rostos, eles queriam voltar a fazer
coletas. Ele não os culpava. Ivan era o único homem no mundo que Sergei
não podia ganhar em uma luta e isso queria dizer muito.

Xingando em todas as línguas que ele sabia, Ivan escorregou entre


as cordas e juntou-se a Sergei quando os dois garotos começaram a lutar
novamente.
—Dá para acreditar nessa merda? Como o inferno esses meninos
vão sobreviver lá fora?

Sergei deu de ombros e manteve um olho sobre os dois homens


mais jovens que estavam tentando seguir as instruções de Ivan enquanto
eles continuavam a treinar. —É um jogo diferente quando você estava nas
ruas. Inferno, é um jogo diferente do que quando eu comecei.

—Fracos. —Ivan rosnou. —Eles são fracos.

Ouvindo a maneira como Ivan praticamente cuspiu a palavra fraco,


Sergei se lembrou do jeito que ele tinha chateado Bianca esta manhã. Ele
esfregou as costas de seu pescoço quando a vergonha o consumiu. Ele não
tinha a intenção de ser tão duro. Ele odiava a maneira como ele se tornava
tão defensivo, quando essa confusão de Moscou era mencionada
novamente. Agora que Bianca havia libertado ele dessa vida, ele queria
colocar a maior distância possível entre ele e aquelas velhas e feias
memórias. Ir a uma reunião de grupo de apoio, se sentar e abrir mais a
ferida? Isso não ia acontecer.

—Você está bem? — Ivan lançou lhe um olhar estranho.

Ele acenou com a mão.

—Eu disse algo estúpido esta manhã. Fiz Bianca chorar.

Ivan fez uma careta e foi para frente para agarrar a corda esticada
na frente dele.

—Parece que aconteceu um monte de estupidez nesta semana.

Ele olhou para o seu mentor e amigo.

—Você e Erin?

Ivan assentiu rigidamente.

—A lua de mel acabou. Era apenas uma questão de tempo até que
tivéssemos a nossa primeira e verdadeira discussão.

Ele queria perguntar o que os recém casados haviam discutido, mas


não o fez. Isso não era da conta dele e ele não podia ajudar, mas ele se
perguntou sobre o seu relacionamento com Bianca. Ivan e Erin tinham
estado juntos por um ano e eles adoravam um ao outro. O seu amor era
inabalável e forte. Ele não sabia se deveria achar que a revelação de que
eles brigaram era um conforto ou uma preocupação, considerando o
período relativamente curto de seu relacionamento com Bianca.

—Ten sairá da prisão amanhã. Ofereci a ele um dos quartos em


nossa casa até que ele consiga se sustentar. Erin não aceitou essa notícia
muito bem.

Sergei nunca havia encontrado o implacável executor que todos


chamavam de Ten, mas se as histórias arrepiantes contadas pelas equipes
eram, até mesmo, meias verdades, ele não queria Anton Vasiliev em
qualquer lugar perto de Bianca.

Surpreso com a admissão de Ivan, ele disse:

—Não, eu não posso imaginar que ela tenha.

—Não se trata de seu histórico ou mesmo o que ele fez para a


família que a deixou louca - explicou Ivan. — É sobre a irmã dela. Eu não
vou deixar Ruby viver conosco se ela sair da prisão.

—Por quê?

—Porque ela é uma porra de uma drogada que quase matou Erin -
Ivan disse o assunto com naturalidade. —Ruby sabe como prender Erin
em torno de seu dedo e manipulá-la. Eu não vou deixar Ruby machucar
Erin novamente. Essa é uma dor que corta muito profundo - ele soltou
uma respiração áspera. — Erin acredita que eu não conheço Ten bem o
suficiente para julgar seu caráter. É seguro tê-lo em minha casa. Ele fez
coisas extremamente violentas, mas ele não é um homem violento.

Sergei gargalhou.

—Tem alguma diferença?

Ivan o prendeu no lugar com um olhar gelado.

—Você me diz. Devo listar todas as coisas que você fez por Nikolai?

Devidamente castigado, Sergei apertou os dentes e assentiu.

—Sim. Ok.

—Ten fez o seu trabalho e fez isso bem. Quando aquele roubo foi
fodido, ele deu um passo para frente e levou a culpa para proteger a
família. Ele pegou seis anos. Seis. Anos - enfatizou Ivan com um golpe em
sua carne com cicatrizes. —Devemos a ele um novo começo.

—Em sua casa? - Sergei sacudiu a cabeça. —Coloque ele em um


apartamento ou o envie para viver com outra pessoa.

—Ele é meu amigo. — Ivan assistia aos lutadores no ringue, mas


Sergei podia dizer que ele não estava prestando atenção a eles. Ele estava
pensando em Ten e na história que compartilhavam. —Ele precisa de
pessoas em quem ele confie em torno dele agora.

—E Erin? O que ela precisa?

Ivan lançou um olhar de advertência.

—Minha esposa é problema meu. Quando você tiver uma esposa,


vai entender isso.

—Me dê algumas semanas e eu vou entender. —Ele resmungou as


palavras em voz baixa, mas a audição aguçada de Ivan as captou, mesmo
sobre o barulho da música estridente que tocava nos alto-falantes e o
barulho do ginásio.

Seu mentor estreitou os olhos para ele e, em seguida, chamou os


lutadores do ringue.

—Vocês dois já terminaram. Se esfriem. Tomem uma chuveirada. E


caiam fora do meu ginásio.

O mais jovem dos dois lutadores tirou seu protetor de boca,


enquanto o outro vazou tão rapidamente quanto possível e praticamente
correu para o vestiário.

Ofegante e molhado de suor, o loiro perguntou:

—A que horas eu volto amanhã?

Ivan riu asperamente.

—Você quer mais desse castigo?

O garoto deu de ombros.

—É a única maneira de aprender.


Sergei não demonstrou como ficou impressionado com a fome do
garoto para provar a si mesmo. Ele era magro e desconexo, mas havia
espaço para melhorias já que ele tinha coração.

—Qual é o seu nome?

—Boy.

—Boy?

—Boychenko. — O garoto respondeu. O único acento em sua voz


era uma ligeira sugestão de que o sotaque do Texas coloria seus sons de
vogais da mesma forma como Bianca. —Boychenko Roman.

—Você está com Arty? — Sergei sinalizou três dedos para


diferenciar o Artyom que se referia ao outro que estava no círculo deles.

Boy assentiu e Sergei olhou para Ivan. Se o garoto era confiável para
executar coletas para Arty, essa era uma recomendação boa o suficiente
para Sergei. A confirmação de cabeça de Ivan confirmou seus
pensamentos.

—Esteja aqui às seis amanhã de manhã. Vá devagar com o seu café


da manhã, ou então vai vomitar em tudo.

—Sim, senhor.

Sergei observou o garoto sair do ringue e iniciar um circuito de


relaxamento.

Virando-se para Ivan, ele fez uma careta.

—Senhor?

Ivan bateu-lhe nas costas.

—Você está ficando velho.

—Velho? Eu nem tenho trinta e cinco anos!

—Quando tinha dezenove anos, como achava que seria ter trinta?

Sergei grunhiu e Ivan riu. Apontando com um polegar em direção ao


seu escritório, ele disse:

— Vamos conversar.
Quando eles estavam em segurança dentro do escritório de Ivan,
ele encostou na porta e esperou. Com seus enormes braços tatuados
cruzados na frente do peito, Ivan parecia em cada centímetro o campeão
invicto que ele tinha sido, antes de se aposentar do serviço de Nikolai e
Sergei tomar seu lugar. Agora ele treinava combatentes de elite que
lutavam pelas enormes bolsas em torneios e na TV a cabo. Ele era um dos
mais procurados treinadores nas artes marciais mistas do mundo, um
enorme sucesso e Sergei queria ser como ele.

—Você já pensou sobre a minha oferta?

— Eu pensei.

—E?

Sergei suspirou.

—Eu quero aceitar sua oferta de trabalho, mas se eu estiver em


tempo integral com você, eu terei que desistir da empresa de construção
que o patrão me deu. Eu não posso fazer as duas coisas.

—Você não tem que fazer as duas coisas. Você pode trabalhar para
mim e levar a sua parte na construção. —Ele disse isso que tão facilmente.
—O chefe não espera que você de marteladas 80 horas por semana. Ele
deu a empresa a você como uma recompensa por tudo o que fez para ele
e para a família.

—Não é certo receber o dinheiro sem fazer o trabalho.

—Você tem alguma ideia de quanto dinheiro ele ganha com seus
punhos?

Considerando seus próprios pequenos ganhos, Sergei tinha uma boa


ideia do valor dos prêmios que Nikolai recebia de suas lutas. —Eu preciso
acertar isso com ele primeiro. Eu preciso manter esse rendimento da
construção. Trazer a minha família não será barato e depois há Bianca.

Ivan o estudou por um enervante momento. —Ela está fazendo


você pagar o valor que pagou ao comprar você do chefe?

Ele balançou a cabeça. —Não, ela me disse que foi um presente. Um


presente. —Ele repetiu com um riso áspero. —Você pode acreditar nisso?
—Sim, eu acredito nisso. Ela te ama. Ela lutou por você. Não há
mulher mais doce no mundo do que aquela que luta por você.

Certo de que ele podia confiar em Ivan e desesperado para contar a


alguém, ele confessou: — Bianca está grávida.

Os braços de Ivan caíram para os lados em choque. —Grávida?

Sergei assentiu. —Foi apenas uma noite, uma vez, mas...

—Isso é tudo o que precisa. — Ivan chegou para trás e agarrou a


mesa atrás dele. —Ela está chateada?

—Não, ela ficou surpresa. Nós dois ficamos, mas agora ela está feliz.
Nós dois estamos animados.

—Isso é bom. É mais fácil dessa maneira. —Ivan hesitou. —Você vai
se casar com ela?

—Claro! — Ele não podia acreditar que Ivan ainda tinha que
perguntar.

—Porque você a ama ou...

—Porque eu a amo. —Sergei o interrompeu. —Porque eu quero


uma família com ela.

Um largo sorriso iluminou o rosto duro de Ivan.

—Estou feliz por vocês. É bom ter uma mulher como Bianca em sua
vida. Ela é forte. Ela vai fazer de você um homem melhor.

Sergei sabia que Ivan estava pensando na maneira como Erin havia
mudado e amolecido a ele.

—Eu sou mais sortudo do que mereço.

Ivan acenou com a mão, como se concordasse isso.

—Quando é que você vai perguntar a ela?

—Em breve. —Disse ele. —Eu já fiz alguns planos.

—Você tem um anel? — Quando ele Balançou a cabeça, Ivan abriu


uma gaveta, pegou sua carteira e tirou um cartão de visitas do seu
interior. —Aqui. Vá ver Kazimir. Ele é o melhor da cidade. Todos nós já o
usamos. Ele fez um belo trabalho para Erin. Você já viu os anéis de Vivian?

—Sim. — Eles ficaram perfeitos nela. O patrão escolheu bem.

—Kazimir é quem cria, ele só precisa saber que pedras quer que ele
use. Você vai encontrar algo para Bianca lá.

Sergei aceitou o cartão.

—Obrigado.

—Quando você chegar lá, ele vai dar uma olhada em você e o
reconhecera como executor de Nikolai, mas apenas no caso dele não o
reconhecer, diga que eu lhe enviei. Ele vai cuidar de você.

E lá estava ela. A forma como seu mundo funcionava. Sem dúvida,


este joalheiro dava descontos aos amigos de Nikolai em troca de algum
tipo de proteção, uma fonte mais barata de materiais ou promoções que o
ajudava a desbancar os seus concorrentes. Nada vinha de graça neste
mundo. Nada.

—Ouça... —Ivan disse cuidadosamente e seu tom era tenso. —Você


já falou com a sua família sobre Bianca?

—Eles sabem que vão se encontrar com Bianca em Londres. Eles


sabem que ela me salvou.

Ivan bateu os dedos grossos em sua escrivaninha.

—Você já disse a eles tudo sobre ela?

Um longo e desconfortável silêncio se estendeu entre eles.


Finalmente, Sergei disse:

— Eles sabem que ela não é como nós.

Não é como nós. Não é russa ou branca. Ele não tinha que dizer as
palavras que Ivan estava, sem dúvida, pensando. Esses eram os
pensamentos que estavam o incomodando desde que descobriu que
Bianca estava grávida. Ele se recusava a sobrecarrega-la com os “e se”
enquanto ela estava nesse estado delicado, mas era possível que Lidia
pudesse estar certa sobre sua mãe. Ela não se desagradaria de Bianca
simplesmente por causa da cor de sua pele, mas aquelas velhas ideias
arraigadas sobre o que era certo e o que não era, não seriam fáceis de
mudar. Ele esperava que a ideia de ter um neto fosse suavizar sua mãe,
mas se não...

—Essas coisas... - a voz de Ivan sumiu quando ele parecia estar


procurando pelas palavras certas. — Olha, nós vivemos aqui agora. Aqui é
diferente. Sua família vai aceitar Bianca e ver como ela é doce. Eles vão
entender o quão longe ela foi para salvá-lo. Eles vão esquecer todas as
outras coisas.

E se não o fizerem? Era a pergunta que não parava de atormentá-lo.


Ivan se aproximou e apertou seu ombro.

—Isso tudo vai dar certo no final. Ok?

Com um sorriso que não alcançou seus olhos, Sergei assentiu e saiu
do escritório, depois de uma rápida discussão sobre o treinamento do
garoto. Depois de tomar banho e colocar um jeans e uma camisa polo, ele
se dirigiu a saída. Ele olhou para o escritório de Ivan e ficou surpreso ao
ver Erin andando até o marido. Como de costume, ela usava um vestido
pouco sedutor que a fazia parecer despreocupada e inocente.

Retardando seus passos, ele assistiu ao casal interagir. O olhar de


arrependimento de Ivan e sua expressão contraída eram muito claros. Ele
estendeu uma mão grande, com seus nós dos dedos nodosos e tatuados e
Erin sorriu docemente para ele. Ela entrelaçou os dedos e o puxou para o
seu escritório. Como um filhote de cachorro sendo arrastado por seu
mestre, Ivan a seguiu para o escritório e prontamente fechou a porta. Um
momento depois, Ivan apareceu na frente da janela e começou a fechar as
persianas.

Sorrindo e rindo baixinho para si mesmo, Sergei percebeu que Ruby


não era a única pessoa que poderia envolver alguém em torno de seu
dedo. Erin tinha conseguido fazer o que nenhuma outra pessoa tinha: ela
tinha domado a fera e ele comia direto na palma de sua mão, pequena e
bonita. Ele não tinha dúvidas de que o casal resolveria a sua discordância.

Sergei estava sentado em seu SUV até que o ar condicionador


refrescou o interior. Ele bateu o cartão que Ivan lhe dera contra o volante
e decidiu ir ver o joalheiro primeiro. Uma vez que ele tivesse escolhido o
anel, ele iria fazer mais uma parada antes de ir ao escritório da
construtora. Depois de ouvir Bianca expressar seus temores sobre a
reação de sua mãe às notícias, ele queria poupá-la de qualquer chateação.
Se alguém teria que suportar o ímpeto de raiva da Sra. Bradshaw, esse
alguém deveria ser ele. Ele era o único que tinha seduzido Bianca naquela
noite e a convencido a deixá-lo fazer amor com ela sem todas as barreiras
entre seus corpos. Se sua mãe quisesse distribuir ofensas, ele iria receber
seus ataques e poupar Bianca do pior. Ele havia jurado proteger Bianca e
ele pretendia fazer isso.

Quando ele saiu do estacionamento, Sergei sentiu um tremor


estranho de pânico que atingiu seu intestino. Ele tinha uma furtiva
suspeita de que a mãe de Bianca ia fazê-lo suar por sua benção e
permissão para se casar com sua filha. Com uma risada, ele decidiu que o
mesmo truque que encantou Bianca não era provável que funcionasse em
sua mãe. Derrubar a porta da frente para salvá-la de uma cortina de
chuveiro? Sem chance no inferno de que isso fosse conquistar a Sra.
Bradshaw.

Ele iria pensar em algo. Ele sempre pensava. Uma vez que ele
tivesse resolvido com a mãe de Bianca, ele iria se concentrar em um
problema ainda maior: sua própria mãe.

Capítulo Dois

Quando Sergei entrou na joalheria, imediatamente percebeu Nikolai


Kalasnikov de pé no balcão de vidro no lado mais à esquerda. Seu olhar se
moveu ao redor da sala, contando mais quatro outros clientes, e pousou
em Kostya que estava ao lado direito da porta, sempre vigilante e pronto
para proteger o chefe. Apenas alguns dias atrás, esse tinha sido o trabalho
de Sergei. Ele se sentiu subitamente estranho ao estar no mesmo espaço
que seu antigo patrão, mas totalmente fora desse mundo.

Olhando para trás em direção ao som de abertura e fechamento da


porta, Nikolai deu duas olhadas. Um verdadeiro sorriso curvou em sua
boca.

—Sergei.
—Chefe. — Ele podia não estar mais na folha de pagamento de
Nikolai, mas o homem era o chefe de Houston.

—Compras para Bianca? - Nikolai inclinou-se em um cotovelo na


caixa de vidro e olhou para ele com diversão. —Certamente você não está
precisando de um presente para um pedido de desculpas tão cedo?

—Não. — Sergei riu e se juntou ao chefe no balcão. Ele ficou


surpreso quando o outro homem estendeu a mão. Agarrando-a com
firmeza, ele falou: — Estou aqui para dar uma olhada naqueles.

Nikolai seguiu seu dedo apontando para os anéis de noivado. Seus


olhos se arregalaram um pouco.

—Entendo.

Não querendo discutir o motivo por trás de seu noivado apressado,


Sergei disse:

—Ivan me enviou aqui. Ele disse que este era o melhor lugar.

O chefe pareceu entender que ele não ia compartilhar mais do que


já tinha revelado, então ele não insistiu.

—É. Cada peça que já dei a Vee veio daqui. Kaz tem bom gosto. —
Ele mostrou a joia colocada em cima do pano branco. —Está vendo?

Um colar em ouro com diamantes brilhava sob as luzes. O projeto


fez Sergei sorrir. Nikolai havia encomendado uma bela joia para Vivian.
Brincos e uma pulseira delicada completavam o conjunto. A reflexão por
trás do presente mostrava o quanto o chefe adorava e amava sua jovem
esposa. Ele a chamava de seu sol, porque ela era a luz brilhante que
iluminava a sua escuridão.

—Eu queria dar-lhe algo especial na mostra de arte na próxima


semana. —Nikolai roçou os dedos sobre os diamantes. —Ela merece isso.

—Sim. — Ele tinha sido seu guarda-costas tempo suficiente para


saber que ela trabalhava demais. Quantas noites ele tinha simplesmente
se sentado num canto e olhado para as peças que revestiam as paredes de
seu estúdio enquanto ela espirrava tintas em uma tela e rodava seus
pincéis em torno de uma paleta? Como Bianca, ele esperava que a
próxima mostra de Vivian abrisse mais portas para sua carreira. Suas
pinturas eram tão belas e assustadoras. Ele queria que muito mais pessoas
vissem o seu talento.

Guardando as joias, Nikolai voltou sua atenção para a caixa de anéis


de noivado.

—O que você acha que Bianca vai gostar?

Sergei seguiu Nikolai até a caixa e estudou as amostras.

—Deve ser delicado. Não muito grande ou chamativo - ele


adicionou. —Ela trabalha com as mãos todos os dias. Eu quero que ela
seja capaz de usar o anel sem que ele se prenda aos vestidos em sua loja.

Nikolai fez um som de zumbido em acordo.

—Quadrado? Oval? Redondo?

Sergei piscou. Ele não tinha ideia do que diabos o chefe quis dizer.

—Uh... Quadrado?

Nikolai riu e bateu no vidro.

—Você quer um corte tipo princesa.

Certo de que ele estaria fazendo muitos passeios a esta loja no


futuro, Sergei fez uma nota mental para fazer algumas investigações sobre
joias. Enquanto examinava os anéis na caixa, o seu olhar cintilou mais em
um em particular, ele o girou para observar. Havia duas fileiras de
diamantes em forma de quadrado arredondados com um slot aberto
destinado a uma pedra maior central. Os contornos e a montagem haviam
sido detalhados com entalhes de platina e mais diamantes.

—Isso é muito bom - Nikolai murmurou a sua aprovação. —Eu acho


que o ideal para o slot seria uma pedra redonda.

—Redonda, quadrada. —Disse Sergei com um encolher de ombros.


—É bonito. Como ela.

Acabando de ajudar o seu cliente, o proprietário da loja chegou e


estendeu a mão. Nikolai fez as apresentações. Depois de apertar as mãos,
o homem mais velho pegou uma chave para abrir a caixa.

—Você já encontrou algo que goste?


Sergei indicou o anel.

—Posso ver este?

—Claro. — Kazimir removeu a bandeja com o anel que Sergei tinha


admirado. Segurando para a inspeção de Sergei, ele disse: —Um lindo anel
para uma mulher bonita.

Sorrindo, Sergei pegou o anel e o inspecionou com cuidado. O


artesanato era excelente. Ele imaginou os diamantes e a platina
adornando o dedo de Bianca. Não havia necessidade de olhar para outros
anéis. Era esse.

—Se você gostou desse, a minha filha tem o esboço para uma
harmonização com o anel de casamento. —Kazimir fez um gesto em
direção à parte de trás da loja. —Você gostaria de olhar algumas pedras
para o centro?

—Sim. — Sergei entregou o anel de volta para o proprietário.

—Esse ajuste é para um diamante redondo. De um quilate


aproximadamente. —Ele adicionou. —Deixe-me ir à parte de trás e trazer
uma seleção para você.

Enquanto esperava o joalheiro voltar com os diamantes, Nikolai


conversou um pouco.

—Você viu Vanya essa manhã?

Sergei assentiu.

—Nós trabalhamos com um dos garotos que você enviou.

—Qual deles você manteve?

—Boychenko.

Nikolai pareceu surpreso com isso.

—Ele é baixo.

—Todo mundo é menor do que eu. —Ele disse facilmente. —Ele não
é tão grande como alguns dos outros lutadores do circuito, mas ele é
rápido. Ele pode aprender.
—Ele nunca vai ser você - Nikolai disse. —Nunca haverá outro como
você. Após Vanya sair, eu tive a sorte de tê-lo caindo em minhas mãos.
Agora? - ele abanou a cabeça. —Eu não prevejo muitos ganhos no nosso
futuro.

Sergei observou a forma como o chefe disse nosso. Mesmo que ele
estivesse fora da família, ele ainda era considerado parte dela. Ele se
perguntou se iria realmente estar fora dessa vida. Mesmo Ivan e Alexei
Sarnov não podiam cortar completamente os laços. Ivan continuava a
treinar lutadores para o chefe e Alexei disponibilizava caminhões de sua
frota sempre que o chefe precisava deles.

—Olha, chefe, quando tiver tempo, gostaria de falar sobre a


empresa de construção. —Os olhos de Nikolai se estreitaram. Era um
tique que Sergei sabia que tinha a ver como um aviso, então ele decidiu ir
com muito cuidado. —Ivan me ofereceu um emprego em sua academia.

As linhas se aliviaram em torno da boca do chefe.

—O ginásio é um ajuste melhor para você agora, mas há um futuro


melhor na construção. Para você e sua família - ele gesticulou para os
anéis de noivado com uma elevação de seu queixo. —David quer se
aposentar nos próximos dois ou três anos, de forma que você vai ficar com
a empresa e assumir quando ele sair. Você vai aprender com ele e então
terá algo legítimo que será seu.

—Meu? — Sergei não conseguiu esconder seu choque. Ele nunca


tinha sido nada mais do que um soldado da organização. Ser dado a ele
algo tão grande? Não era a maneira usual das coisas.

—Seu - Nikolai girou sua aliança de casamento no dedo. —Eu confio


em você. É muito simples para mim. É preciso muito para um homem
ganhar a minha confiança.

Sergei segurou o olhar de aço do seu chefe. A mensagem foi


transmitida alta e clara.

Portanto, não foda isso ou eu vou fodê-lo.

Esperando que Nikolai entendesse o quanto isso significava para


ele, ele disse:

— Obrigado, chefe.
—Você merece. Eu exigi muito de você quando você era meu.
Arriscou sua vida naquele ringue, noite após noite e nunca se queixou. A
boa vida para sua família é o mínimo que posso fazer.

Sergei engoliu em seco. Antes que ele pudesse encontrar uma


maneira de mostrar a sua gratidão, Nikolai perguntou:

— Você já ouviu falar de Ten?

—Sim. — Ele não mencionou a parte sobre Ten morar com Ivan e
Erin.

—Eu decidi que ele vai tomar o seu lugar. Ele vai ser o novo guarda
costas de Vee.

Considerando a forma brutal com que Ten esteve presente no lado


sombrio dos negócios da família, Sergei tinha certeza de que Vee não
poderia estar em mãos mais capazes. Pensando nos muitos meses em que
ele passara como guarda costas e nos anos que ele a conhecia antes disso,
Sergei respeitosamente advertiu:

—Ela não vai gostar dele.

—Eu não estou pagando a ele para ser seu amigo. Eu estou pagando
a ele para mantê-la segura.

Em seguida, com a cabeça inclinada, Nikolai perguntou:

— Será que você falaria com ele? Você a entende. Sabe do que ela
gosta e do que ela precisa de seus guardas. Será mais fácil para ela se Ten
entender suas... Peculiaridades.

Sergei riu suavemente.

—Peculiaridades? Claro, chefe, vou dizer a ele tudo sobre suas


peculiaridades.

Com uma pitada de diversão em seu rosto, Nikolai disse:

— Talvez não todas elas. Eu não quero Ten procurando trabalho


como lavador de pratos ou garçom no Samovar em vez disso.

Pensando em como Vivian era difícil às vezes, Sergei só pôde rir.


—Eles não têm que ser melhores amigos como vocês dois eram,
mas eu quero que ele a trate com a mesma bondade que você sempre lhe
mostrou. Especialmente agora - Nikolai acrescentou suavemente.

Tanto quanto Sergei sabia, o casal ainda não tinha dado uma
palavra sobre a gravidez de Vivian. Os rumores na rua sobre os problemas
com a distribuição de cerveja entre o pai dela e o cartel a quem ele servia,
tinha deixado todos no limite. Corriam rumores de que Maksim
Prokhorov, o grande chefe de Moscou, tinha feito um acordo com Romero
Valero para negociar armas e mais no território do cartel Guzman. Não
surpreendentemente, o movimento estava deixando todo mundo
nervoso. Se o cartel quisesse retaliação, eles iriam começar com Vivian, e
depois haveria mesmo muita conta para ajustar.

Kazimir voltou com uma loira de reboque. Sergei notou a


semelhança entre o par e percebeu que esta era a filha dele. Enquanto
seu pai usava um adaptado terno de três peças completo com relógio de
bolso, ela tinha escolhido uma saia lápis preta e um top verde esmeralda
que fez seu cabelo loiro pálido parecer branco como a neve. Ela tinha os
olhos intensamente azuis, a cor tão profunda como as safiras à venda na
loja de seu pai. Ele olhou para o crachá preso em sua camisa. Zoya.

Embora ela falasse com Nikolai em russo perfeito, não havia dúvidas
do sotaque. Como Boy, ela era norte-americana. A julgar pelo orgulho na
forma com que seu pai sorria para ela, ela era o centro de seu mundo.

Quando ela estudou o anel que Sergei tinha escolhido, ela sorriu em
aprovação.

—Oh, Bianca vai definitivamente amar isso.

Atordoado ao ouvir Zoya falar com tal autoridade sobre Bianca, ele
perguntou:

— Você conhece Bianca?

—Ela tem uma boutique de casamento, e estou no negócio de


diamantes. Estamos na maioria das exposições de casamento e
frequentamos encontros para profissionais em casamentos - ela colocou o
anel no seu dedo indicador. —Eu tinha ouvido falar através de amigos que
vocês dois estavam namorando. Parabéns.
Ela parecia realmente feliz por eles, então ele aceitou com um
sorriso.

—Obrigado.

Nikolai bateu nas suas costas.

—Eu tenho uma reunião senão eu ficaria para ajudar você a


escolher a pedra perfeita - ele olhou para Kazimir e Zoya. —Eles cuidarão
de você.

—Sim, claro - disse o joalheiro assegurando apressadamente. —


Tudo vai ficar perfeito.

—Bom. —Nikolai deu instruções para os presentes que ele tinha


encomendado para sua esposa e se despediu de todos.

Sergei virou-se para acenar para Kostya antes de dar sua atenção
para a linha de diamantes esperando por ele em uma bandeja preta de
veludo.

Um por um, Zoya e seu pai passaram por um punhado de pedras


que haviam selecionado. Eles explicaram como os diamantes eram
classificados por cor e corte e o deixaram inspecionar até que encontrasse
um que ele tivesse gostado.

—Eu preciso de um anel antes de partir para Londres na próxima


semana.

—Não será um problema - Kazimir prometeu. —Fizemos joias muito


mais rápidas do que isso.

—Vamos precisar de seu tamanho de anel - Zoya disse enquanto


colocava o diamante em um pequeno envelope que tinha rotulado com
todos os seus detalhes.

Preparado para isso, Sergei puxou sua carteira de seus jeans e tirou
um laço de fio dental que ele tinha envolvido no dedo de Bianca,
enquanto ela dormia naquela manhã.

—Será que isto vai funcionar?

Zoya riu quando ela aceitou o fio dele.


—Sim. Está, na verdade, perfeito - colocando o fio dental de medida
dentro do envelope, ela perguntou: — Você quer que eu comece um
esboço para o anel de casamento? Eu tenho um que corresponde a esse,
mas acho que Bianca gostaria de algo um pouco mais fino. Talvez com
uma incrustação?

—Eu gostaria de ver alguns desenhos quando voltarmos de Londres.

—Ter alguns prontos para você - ela fez algumas anotações em um


formulário de acordo com as especificações. A ponta de sua caneta
moveu-se para o bloco de pedidos da loja e, em seguida, ela colocou o
preço final estimado para o anel. A caneta dela deslizou um pouco mais
para o desconto que eles estavam dando a ele. Parecia quase muito
generoso, mas ele não estava disposto a discutir.

—Será que isso funciona para você?

—Sim. — Ele pegou a caneta e rabiscou seu nome no lugar certo.

Zoya apertou sua mão, felicitou-o novamente e, em seguida,


desejou-lhe uma viagem segura para Londres. Quando saiu da loja de
joias, ele começou a pensar sobre o que ele diria quando chegasse o
momento de propor. Ele tinha uma vaga ideia das palavras que usaria. Ele
precisava ser sincero, mas talvez bem humorado também. Ela gostaria
disso.

De volta ao seu SUV, Sergei deixou seus pensamentos rolarem para


empresa de construção e na oferta de Ivan. Nikolai tinha feito bons pontos
sobre o seu futuro. No ginásio, ele seria sempre um empregado. Na
empresa de construção, poderia ser o chefe. Tinham amarras a esta
oferta, no entanto. Será que ele poderia lidar com elas?

A súbita visão de um telefonema às três horas da manhã de Kostya


ou Ten solicitando reforço o atingiram. Será que ele realmente sairia da
cama que compartilhava com Bianca, sua esposa e mãe de seu filho, para
responder a esse chamado? Para ajudá-los a destruir qualquer evidência
que precisava ser destruída e escondida para sempre? Será que ele
poderia voltar para casa, tomaria banho e deslizaria de volta para a cama
como se nada tivesse acontecido?

Deixando de lado esse pensamento, ele dirigiu para a comunidade


assistida, onde a mãe de Bianca atualmente morava. Ela estaria se
mudando em breve. No seu churrasco na noite de sábado, a mãe de
Bianca os havia surpreendido ao anunciar que havia comprado uma casa
que iria compartilhar com suas duas irmãs viúvas. Ela ficava em uma
comunidade planejada para pessoas seniores independentes. Situada em
um campo de golfe, tinha lojas nas proximidades e hospitais também. Ele
esperava que ela fosse ser feliz lá.

Quando chegou à porta da frente de seu apartamento, ele bateu e


deu um passo para trás para que ela pudesse vê-lo através do olho
mágico. Ele esperou pacientemente, totalmente consciente de que ela se
movia lentamente com a perna protética que ainda estava se
acostumando a usar, e ouviu atentamente no caso dela pedir ajuda. Pouco
tempo depois, ele foi recebido por Mama Bradshaw com o rosto
sorridente.

Mesmo ela estando à vontade em sua casa, a mãe de Bianca estava


perfeitamente arrumada com calças brancas e um top vermelho
esvoaçante. Ela usava pulseiras de ouro que tilintavam enquanto ela
acenava para ele entrar.

—Sergei! Entre, querido.

O jeito que ela sempre falava assim gentilmente o fazia se sentir


bem vindo. Mesmo que ela soubesse o que ele era, na primeira vez em
que ele tinha aparecido em sua porta com Bianca, ela nunca o tinha
julgado duramente. Ela o tinha aceitado como ele era e pela bondade que
ela viu nele. Ele rezou silenciosamente para que ela não o chutasse em sua
bunda uma vez que ele confessasse o que tinha feito.

—Como você está?

—Bem, muito bem. Você?

—Muito bem. —Disse ele fechando a porta atrás dele.

—Gostaria de algo para beber? Eu estava prestes a tomar um copo


de limonada - ela fez um gesto para que ele a seguisse. —Venha para a
cozinha comigo.

Ele a seguiu até a cozinha e sentou-se à mesa de jantar pequena


perto de uma janela. Sempre nervoso sobre o equilíbrio dela, ele sentou-
se na borda da cadeira e ficou tenso. Ele estava pronto para dar o bote no
primeiro sinal dela vacilando, mas lhe mostrou como estava fazendo bem
sua reabilitação, quando facilmente pegou dois copos de vidro do armário
e o jarro de limonada gelada da geladeira.

—Obrigado - ele aceitou o copo dela e esperou que ela se sentasse


para tomar um gole de sua bebida. Ele adorou a acidez doce e
nervosamente lambeu seu lábio superior. —Bianca mencionou convidá-la
para o jantar esta noite depois de sua reunião.

—Isso parece bom. Eu gostaria de ir.

—Bom.

—Você vai conosco para a reunião? — Ela olhou para ele de uma
forma que o convenceu de que esta foi uma discussão que ela tivera com
Bianca.

Lembrando do jeito em que ele tinha completamente estragado as


coisas esta manhã, ele gentilmente recusou o convite.

—Não, senhora.

—Tudo bem. Quando você estiver pronto...

—Sim, senhora.

Mona olhava com expectativa sobre seu copo. Ele se lembrou do


quanto Bianca se parecia com sua mãe. Ambas as mulheres aperfeiçoaram
um forte olhar que fazia ele querer se contorcer como uma criança de
cinco anos de idade que tinha sido apanhada roubando um doce.

—Querido… - disse ela com uma risada. —... Parece que você está
prestes a dizer-me que você quebrou meu para-brisa com uma bola de
baseball - ela falou com cuidado, enfatizando as sílabas e deslizando ao
longo dos sons consonantais em consequência de seu acidente vascular
cerebral. —Seja o que for, apenas coloque para fora.

Ele limpou a garganta e se sentou ereto.

—Eu amo Bianca.

Ela sorriu com ternura.

—Eu sei que sim.


—Eu provavelmente não sou o tipo de homem que você imaginou
para sua filha.

—Não - ela concordou. —Mas é você que ela quer. Você a ama.
Você a faz feliz. Isso é tudo que eu quero para ela - ela inclinou-se para
frente. —O que você quer para Bianca?

Ele pensou em todas as coisas que ele queria para ela.

—Eu quero fazê-la sorrir todos os dias. Eu quero que ela saiba que é
amada e apoiada. Eu quero fazer o que for preciso para ajudá-la a alcançar
seus sonhos na carreira. Eu quero que ela se sinta protegida e provida em
todo seu caminho.

—Só a ela? — Mona fez a pergunta com uma cadência de


conhecimento em sua voz, e ele engoliu em seco, nervoso. Rolando seus
olhos escuros, ela bufou com um riso. —Sergei, eu não sou cega. Minha
filha pode ter pensado que escondeu bem quando ela se desculpou no
churrasco, mas eu sei o que é um enjoo matinal quando vejo.

—A culpa é minha - ele disse apressadamente, desesperado para


desviar qualquer culpa de Bianca.

—Querido, eu sou uma viúva há muito tempo, mas eu ainda me


lembro como os bebês são feitos. Há culpa suficiente para compartilhar de
forma igual.

—Queremos o bebê. Não é assim que deveria ter acontecido...

—Raramente é - ela sabiamente respondeu.

—Eu vou pedir para ela se casar comigo. Eu gostaria de ter a sua
bênção. Eu acho... Eu sei que Bianca gostaria de tê-la.

—É claro que ela tem! - Mona pareceu surpresa por haver qualquer
dúvida. —Eu não estou entusiasmada com esta situação. Eu criei Bianca
para ser mais responsável. Mas... - ela enfatizou a palavra. —Eu sei que
ela vai ser uma mãe maravilhosa. Acho que você vai ser um bom marido e
pai também. Se...

—Se? —Uma faixa invisível espremeu seu peito enquanto ele


esperava sua condição.
—Se você acabou com toda aquela confusão em que estava quando
nos conhecemos... —Ela indicou.

—Eu acabei - ele não lhe deu os detalhes. —Está feito. Esse capítulo
da minha vida está terminado - com um sorriso, ele acrescentou: — O
único chefe a quem pretendo servir é Bianca.

Ela riu.

—Soa como um bom plano, mas eu vou avisá-lo. Ela é um chefe


difícil de agradar.

—Sim, eu sei.

Com um suspiro de prazer, Mona gesticulou para sua limonada.

—Termine isso e então você pode me levar para almoçar. Eu tenho


alguns recados que preciso responder, também. Também vou precisar de
você para encontrar alguns meninos fortes como você para me ajudarem
quando for hora de me mudar.

Piscando com surpresa, Sergei pôde apenas acenar. Ele não se


atreveu a dizer a ela que ele realmente tinha planos para o resto do seu
dia. A mulher tinha acabado de dar-lhe permissão para se casar com sua
filha e tinha reagido positivamente à notícia de que ela ia ser avó.

—Sim, senhora.

Com uma piscadela brincalhona, ela inclinou-se para frente e bateu


na sua mão.

—Bem-vindo à família, Sergei.


De todas as coisas que eu esperava encontrar quando cheguei ao
apartamento da minha mãe naquela noite, Sergei tirando sacos de
compras da parte de trás do seu SUV e colocando na porta da frente da
minha mãe não era uma delas. Eu estacionei meu carro e deslizei para
fora do banco da frente bem a tempo de ouvir Mama comentando sobre
seus músculos e todas as maneiras em que ela poderia usá-los. Sério?

Sergei me notou vindo pela calçada e parou para esperar por mim.
Aquele sorriso sexy fez minha barriga fazer saltos selvagens. Ele se
inclinou para me beijar. Não querendo que ele se esgueirasse ainda, eu
puxei a parte inferior de sua camisa para mantê-lo lá alguns segundos
mais. Quando finalmente o soltei, ele fez questão de passar seus lábios
contra minha testa.

—Como você está se sentindo?

—Bem. — Notei que Mama já tinha ido para casa. —Apenas


algumas náuseas, mas consegui mantê-las sob controle.

—Fico feliz em ouvir isso. — Seu olhar faminto se moveu sobre a


minha roupa. O escaldante calor fez meus seios doerem. Eu apertei
minhas coxas juntas para facilitar o pulsar latejante lá. —Eu acho que você
veste essas saias justas para me provocar.

—Bem, é melhor apreciá-las enquanto pode - eu esfreguei seu peito


duro e senti a definição muscular sob meus dedos. —Meus dias de saias
justas estão chegando ao fim.

Um ruído alto de reprovação saiu de sua garganta. Ele inclinou a


cabeça para o lado e estudou meus saltos altos.

—O que aconteceu com vestir sapatos confortáveis?

—Estes são confortáveis - este era meu par mais folgado de


sandálias com salto alto. —Na maior parte do tempo - eu adicionei como
uma reflexão tardia. Antes que ele pudesse comentar minha escolha de
calçado, virei minha atenção para os sacos que ele segurava. Havia um
único lugar que tinha todas essas lojas sob o mesmo teto. —Será que ela o
arrastou para a Galleria?

—Ela precisava executar algumas tarefas.

Dando um passo para o lado dele, eu insisti.


—Compras não são uma dessas incumbências importantes
suficientes para afastá-lo longe do trabalho.

—Foi bom passar o dia com ela. —Apesar dos sacos pesados que
ocupavam seus braços, ele ainda segurava a porta da frente aberta para
eu passar em primeiro lugar.

Dentro do apartamento, eu encontrei minha mãe na cozinha.

—Mamãe, se você precisava ir às compras, você deveria ter me


chamado.

—Eu ia te chamar - ela beijou meu rosto em uma saudação. —Mas


Sergei veio para o almoço, então eu o chamei.

—Almoço? - olhei para trás e para frente entre os dois. — Vocês


dois tiveram um almoço?

—Fomos para o Luby´s - ele colocou as sacolas em cima da mesa. —


Eu nunca tinha estado lá. Estava gostoso.

Tentei imaginar Sergei e minha mãe almoçando filé de frango frito


no Luby´s. Era um retrato cômico, para dizer o mínimo.

—Você já viveu no Texas por mais de cinco anos, e nunca tinha


comido no Luby´s?

Ele deu de ombros.

—Agora eu fui - ele olhou para o relógio. —Eu deveria ir. — Ele deu
um passo em minha direção e me deu um rápido beijo. —Jantar?

Eu balancei a cabeça.

—Estaremos em casa em torno das oito horas.

Mama estendeu os braços para Sergei, para um abraço.

—Obrigada por divertir uma senhora de idade.

—Não foi nada demais. Você tem o meu número agora. Chame-me
se precisar de qualquer coisa.

Eu esperei até que ouvi a porta da frente se fechar para interrogar


minha mãe.
—Ok, o que foi aquilo?

Ela não deu ouvidos para a minha curiosidade e começou a mexer


em suas sacolas.

—Nós almoçamos. Nós compramos. Não foi grande coisa.

—Não foi grande coisa? Mamãe, você nunca foi almoçar ou fazer
compras com qualquer um dos meus namorados.

—É diferente com Sergei.

Eu tinha que ouvir isso.

—Por quê?

—Porque ele é o pai do meu neto - disse ela com naturalidade. Seus
olhos castanhos quase me desafiaram a negá-lo.

Minhas emoções guerreavam dentro de mim. Choque, medo e a


menor pontada de traição passaram por mim.

—Ele disse a você.

—Não fique muito zangada com ele. Ele estava tentando protegê-la.

Sentindo como uma menina na beira das lágrimas com o


pensamento de desapontar minha mãe, eu sussurrei:

—Sinto muito, mamãe.

O rosto dela se endureceu, e ela abriu os braços.

—Querida, venha aqui.

Segura nos braços de minha mãe, eu me aconcheguei em seu


pescoço e deixei alguns dos medos que eu estava sentindo, desde que
soube que estava grávida, saírem.

—Mamãe, eu não sei nada sobre ter um bebê.

—Você vai aprender - ela me assegurou enquanto suavemente


esfregava minhas costas. —Você tem tanto amor em você. Eu vou estar lá
com você - ela me abraçou mais forte. —Eu estou sempre aqui para você.
—Eu nunca quis constrangê-la ou desapontá-la, Mama. Você me
ensinou a ser inteligente e responsável, mas...

—Baby, você nunca poderia me decepcionar! Depois de tudo que


nós sobrevivemos e tudo que você fez? Não! Você é a mais incrível jovem
mulher que eu já conheci e estou tão orgulhosa de ser sua mãe.

Suas palavras gentis me fizeram chorar ainda mais. Eu me afastei e


enxuguei as lágrimas que derramaram em minhas bochechas.

—Você não está com raiva?

—De um novo bebê na família? Nunca! - ela empurrou o meu


cabelo para trás do meu ombro. —Você é uma mulher adulta. Eu teria
preferido que você tivesse feito as coisas da maneira certa, mas... - ela
sorriu para mim. —Um bebê... - ela sussurrou animadamente. —Está na
hora de começarmos a adicionar novos membros a esta família, em vez de
perdê-los.

Pensar em meu pai e meu irmão me entristeceu. Eles não estariam


lá para saudar esta pequena vida que crescia dentro de mim. Um
motorista bêbado e um branco racista irritado tinham levado isso de mim.
Pensando na dor que nossa família tinha conhecido, Mama estava certa.
Era bom ter uma nova vida para comemorar.

—Vai refrescar o seu rosto - ela gentilmente sugeriu. —Nós não


queremos chegar atrasadas para o nosso encontro.

—Sim, senhora.

Ela me tocou no rosto.

—Vai ficar tudo bem, querida. Você vai ver.

Porque a minha mãe disse, eu sabia que isso tinha que ser verdade.
Capítulo Três

—Não, você está colocando a ênfase na sílaba errada. —Vivian se


inclinou para frente e desenhou linhas sob a palavra que ela havia escrito
foneticamente para mim. — Zuh-dras-voo-tye. Zadrastvutje. Tente
novamente.

Sentada na biblioteca da grande casa histórica que ela dividia com o


marido, tentei me concentrar na lição em russo, mas o homem imponente
e intimidador que pairava perto da porta interrompeu a minha
concentração. O homem que Vivi já havia me apresentado como Ten,
estava encostado no batente da porta agora e nos assistia da forma mais
enervante. Ele não falava ou sorria. Ele simplesmente olhava.

Por alguma razão que eu não conseguia entender, Nikolai tinha


escolhido essa fera apavorante para substituir Sergei como guarda costas
de sua esposa. Louro com o mais fraco tom de vermelho em seu cabelo,
Ten era menor que Sergei, mas ainda muito alto. Seus ombros também
não eram tão amplos, mas ele era cheio de músculos nos braços e tinha as
pernas grossas. As mãos enroladas em punhos soltos, provavelmente
tinham feito alguns danos sérios ao longo dos anos.

Ele tinha mais tatuagens do que eu já vi na minha vida. Nem mesmo


Ivan tinha tantas como este homem. A maioria delas em seu pescoço e
braços pareciam tinta de prisão com suas irregulares arestas borradas e
coloração irregular, mas havia uma tatuagem de tigre destacada e
brilhantemente colorida que se estendia desde a parte inferior de seu
pulso esquerdo até acima da curva de seu cotovelo, que parecia ter sido
feita profissionalmente. Eu nem sequer queria pensar sobre o que os
punhais com pontas sangrentas ou a assustadora aranha visível no interior
do colarinho aberto de sua camisa significava.

Vivi pareceu notar meu desconforto.

—Ten, você não tem que tomar conta de mim aqui. Quando
estamos aqui na casa, você deve tentar ficar confortável.

—O chefe disse que eu deveria manter os dois olhos em você.


Ela apertou os lábios e eu senti que havia algum desconforto entre
marido e mulher sobre esta questão. Suavemente e com mais paciência
do que eu jamais poderia ter reunido, ela explicou:

— Em breve, você saberá que eu sou o chefe nesta casa. Agora,


quero estar sozinha com a minha amiga. Você pode gostar da sala de
cinema!

Ten ainda não se mexeu. Em uma voz rouca, ele calmamente


respondeu:

— Eu não recebo minhas ordens de mulheres.

Meus lábios se separaram em choque com a maneira ultrajante com


que ele falou com ela. Será que ele era louco? Eu tremi ao pensar no que
Nikolai faria quando ele descobrisse que esse homem tinha falado com
sua esposa nesse tom.

Friamente e com calma, Vivian saiu de sua cadeira e cruzou a


biblioteca. A mandíbula de Ten se contraiu enquanto ela se aproximava.
Seus olhos eram tão escuros que pareciam quase pretos e insondáveis. Ela
não mostrou um pingo de medo quando agarrou uma das presilhas da
calça jeans dele e puxou-o para a porta. Ele lutou com ela no começo, mas
ela puxou mais forte e ele finalmente cedeu. Quando ele estava no hall,
ela girou nos calcanhares, pisou de volta para dentro da biblioteca e
fechou a porta em seu rosto. Como que para provar seu ponto, ela
trancou a porta.

Ela se sentou e pegou sua caneta. Apontando para a lição de russo,


ela disse:

— Vamos tentar de novo. Você só tem alguns dias até que conhecer
a mãe de Sergei.

—Vivi! Esqueça a lição - eu direcionei meu polegar à porta. —Esse


cara é um idiota!

Ela pegou sua xícara de chá morno com sabor de pêssego e tomou
um gole.

—Isso não é fácil para ele. Eu nunca o conheci antes dele sair da
prisão, mas eu tenho ouvido as histórias. Ele fazia parte do círculo interno
e era respeitado enormemente. Ele era o tipo de soldado de rua que todos
os outros soldados queriam ser. Ele sacrificou-se para salvar a família e
agora ele foi recompensado com um trabalho de baby sitter. - ela rodou a
colher na xícara. —Tenho certeza de que ele se sente menosprezado pela
queda em seu status.

—Como proteger a única coisa no mundo que Nikolai considera


mais preciosa pode ser considerada uma queda?

—Tenho certeza que Ten não vê dessa forma - ela olhou para a
porta. — Ele só esteve fora da prisão por dois dias. Ele precisa de algum
tempo para se adaptar a viver do lado de fora novamente - ela suspirou
melancolicamente. —Ele não é Sergei ou Danny, mas vai continuar a me
proteger. Eu gostava de ter alguém para falar, mas eu não preciso desse
tipo de amizade do meu guarda-costas.

Eu duvidava muito disso. Na verdade, eu suspeitava que ela


precisava muito da amizade que Sergei e Danny tinham fornecido.

—Por que Danny não está com você?

—Ele foi promovido - ela não quis dar mais detalhes, eu não forcei.
Eu tinha tido um vislumbre do mundo sombrio que seu marido habitava e
já era o bastante para mim. —Então, Ten, hein? Que tipo de apelido é
esse?

—É realmente um diminutivo - ela pegou a caneta e nitidamente


escreveu quatro letras em cirílico ТеНЬ. —É pronunciado Tyen. Soa como
Ten, há um boato de que ele uma vez derrotou dez 1 homens com as
próprias mãos e um pedaço de cano. Se isso é verdade ou não...? - ela
encolheu seus delicados ombros. — Virou uma lenda, eu acho.

De alguma forma eu não tinha dúvidas de que o homem parecia ter


feito muito mais, do que os boatos que foram espalhados. Toquei na
palavra que ela havia escrito.

—O que quer dizer?

—Sombra.

—Oh.

1
TEN – em inglês DEZ
—Sim - ela sentou-se e sorriu. —É engraçado porque eu costumava
brincar com Sergei que ele era a minha sombra. Agora eu tenho o Sombra
me seguindo em todos os lugares.

Ela disse isso como uma piada, mas eu podia ouvir a frustração
subjacente em sua voz.

—Eu sinto muito, Vivi.

Ela traçou as letras ordenadamente impressas na página do


notebook entre nós.

—Eu sabia onde estava me metendo quando me apaixonei por


Kolya. Eu definitivamente sabia o que esperar quando me casei. Lena me
avisou que eu tinha que aceitá-lo como ele era e eu aceito.

—Mas?

—Mas às vezes é difícil - ela admitiu em voz baixa. —Não a parte de


amar... - ela esclareceu. — ...mas o resto? Essa parte não é fácil.

Certa de que ela não tinha acabado de desabafar, eu segurei minha


língua e esperei que ela falasse novamente.

—Lena tem funcionado como minha RP (Relações Públicas) para a


próxima mostra e chega a se arriscar algumas vezes. Jornalistas que
cobrem o cenário artístico querem saber tudo a respeito de nossas vidas,
eu posso dizer que isso está deixando Kolya desconfortável. Ele já está no
limite com toda essa bagunça... - ela parou subitamente. —Ele está no
limite por causa do trabalho, e agora ele tem que se preocupar com os
jornalistas que estão ficando perto demais. Ele não vai dizer isso, é claro.
Ele age como estivesse totalmente feliz por mim, mas posso dizer que ele
está tendo segundos pensamentos.

Meus olhos se arregalaram.

—Sobre?

Ela não respondeu imediatamente. Ela clareou sua garganta, e


piscou rapidamente.

—Tudo isso. A mostra de arte. Os negócios... Compromissos que ele


tem que fazer. Eu.
—Besteira. —Recusei a acreditar na última parte. —Isso não é
possível. Aquele homem te adora. Ele te ama, Vivian. Ele é frio com todo
mundo, mas não com você. Além do óbvio, ele não me parece o tipo de
homem que toma grandes decisões na vida sem pensar com muito
cuidado. Ele queria que você fosse sua esposa. Ele escolheu você sabendo
muito bem o que isso implicava.

Ela esfregou o rosto entre as mãos elegantes.

—Eu sinto como se estivéssemos à deriva, eu não sei como fechar


essa lacuna.

De repente, todas as boas notícias que eu tinha pensado em


compartilhar com ela azedaram em minha barriga. Meu coração doeu por
Vivi e eu não me atrevi a aumentar sua miséria, anunciando que estava
grávida, quando ela mesma não podia revelar a notícia do seu próprio
pacote iminente de alegria. Isso me lembrou de quanta sorte eu tinha por
Sergei estar fora da máfia. Isso nos custou muito dinheiro e perigo, mas
valeu a pena.

Segurando sua mão, eu dei um aperto.

—Faça desta ida a Londres um período de férias para vocês dois.


Após a sua mostra, talvez vocês dois possam desaparecer por alguns dias.
Mesmo que seja em alguma suíte de hotel, seria uma boa maneira de
vocês se reconectarem. Vocês podem fingir que nada disso... - eu
gesticulei em torno de nós. —...Existe. Serão apenas vocês dois.

Ela assentiu com a cabeça lentamente.

—Eu tenho pensado a mesma coisa. Nós nunca tivemos uma lua de
mel. Quando nos casamos, era muito perigoso ir a qualquer lugar e
agora… - ela suspirou. — Bem...

Eu queria mais do que qualquer coisa ter a coragem de perguntar o


que estava acontecendo no submundo que estava deixando todos tão
nervosos e no limite, mas estava com muito medo. Eu não queria saber
coisas que eu não deveria. Eu realmente não queria me colocar ou ao
bebê crescendo dentro de mim em risco.

—De qualquer maneira... - disse ela com um longo exalar. —Vamos


voltar a isso - ela começou a anotar as novas palavras no bloco de notas.
—O irmão de Sergei fala inglês, assim, você será capaz de falar com ele
facilmente. Sua mãe provavelmente conhece um pouco, mas se você
quiser dar uma boa impressão, deve, pelo menos, memorizá-las.

Durante a hora seguinte, ela me ensinou várias frases que poderiam


ser úteis. Ela tinha tanta paciência comigo, mas eu estava indo
absolutamente mau. Para uma menina fluente em francês e espanhol, eu
não podia aprender nem um pouco sobre a linguagem de Sergei. As
dúvidas começaram a rastejarem em mim, então tentei uma e outra vez
acertar. Eu tinha flashbacks da horrível ex-namorada de Sergei no
banheiro do Samovar. Todas as coisas desagradáveis que ela tinha falado
me atingiram. Embora Lidia e eu tivéssemos em paz, essas sementes de
dúvida começaram a brotar.

Vozes no corredor interromperam nossa lição. Um momento


depois, alguém tentou abrir a porta da biblioteca. Dedos bateram
ruidosamente contra a madeira.

—Vee!

A irritação na voz de Nikolai me surpreendeu. Revirando os olhos,


Vivi exalou uma respiração ruidosa e desdobrou suas pernas da posição
em que estava em sua cadeira. Ela atravessou a biblioteca, destrancou e
abriu a porta. Eu mantive o meu olhar fixo no bloco de notas na minha
frente enquanto o casal discutia atrás de mim. Os sussurros que sibilavam
em russo eram estranhos para os meus ouvidos, mas eu não precisava
falar a sua linguagem para entender que não estava tudo bem dentro das
paredes desta casa.

Pensando nos muitos anos em que o casal tinha sido amigos e algo
mais antes de seu casamento, me perguntei sobre o relacionamento que
tinha com Sergei. Nosso alicerce era menor e mais fino. Nós estávamos
prestes a começar a brigar assim? Será que nós tínhamos o que
precisávamos para fazer isso dar certo? Jogar um bebê em uma relação
tão nova não ia ajudar.

Girando a caneta entre os meus dedos, eu silenciosamente prometi


trabalhar duro pelo nosso relacionamento. Não ia ser fácil. Haveria
provavelmente dias em que eu iria querer bater nele com uma vassoura
ou fazê-lo dormir no andar de baixo, mas eu não era exatamente fácil de
lidar. Compromisso. Nós íamos ter que aprender a nos comprometer.

—Bianca, é bom vê-la.


Girando no meu lugar, eu sorri para Nikolai. Ele usava uma
expressão suave, mas eu podia ver o estresse apertando suas belas
feições. Vivian tinha uma mão pousada suavemente em seu peito e ele a
cobria com a sua. Seus olhares se encontraram brevemente, o seu
apologético e quente, com o seu amor por ela, eu senti que a tempestade
entre eles logo passaria.

—É bom ver você, também. — Certa de que o casal precisava de


algum tempo, juntei o bloco de notas e minha bolsa. Eu fiz uma
demonstração de olhar para o relógio. —Preciso ir. Sergei vai estar em
casa em breve. Eu prometi lidar com o jantar hoje à noite.

—Que horas vocês dois vão para o aeroporto no domingo?

—Eu acho que Sergei disse que era às oito? - eu guardei o bloco de
notas na minha bolsa junto com a caneta. —E você dois?

—Oito - respondeu Nikolai. —Vocês estão hospedados no mesmo


hotel que Erin e Ivan?

—Sim.

—E a mãe e o irmão de Sergei vão se juntar a nós na terça-feira à


noite?

Eu balancei a cabeça.

—Eles vão ficar com a gente até domingo de manhã, quando voarão
de volta para a Rússia.

—Eu não tive a chance de conversar com Sergei sobre a situação da


imigração. Está indo bem?

—Ele teve uma reunião com o seu novo advogado no início desta
semana. Parece promissor até agora. —Embora Sergei tivesse status de
residente permanente, sua mãe e irmão haviam tentado, sem sucesso, se
juntarem a ele em Houston. Depois que um advogado sem escrúpulos,
que tinha enganado dezenas de candidatos à imigração levando seu
dinheiro suado, ele tinha sido forçado a iniciar o processo mais uma vez
para a sua família. Agora nós estávamos trabalhando com um advogado
recomendado por Nikolai e Yuri Novakovsky, o magnata bilionário que
parecia ter uma agenda recheada com contatos úteis.
—Fico feliz em ouvir isso. Será bom para toda a família estarem aqui
juntos.

—Sim, é verdade. — Sergei e eu estávamos felizes, mas eu sabia o


quanto ele sentia falta de sua mãe e irmão. Eles eram tudo o que ele tinha
de sua família, eles precisavam estar aqui com ele. Conosco.

—Ten? - Nikolai deslizou o braço sobre os ombros de Vivian e a


guiou para um lado da porta. O intimidante ex-presidiário apareceu, mas
não disse nada. Ele simplesmente esperou sua ordem. —Acompanhe
Bianca até o carro dela.

—Da.

—Oh, eu não preciso de uma escolta - eu disse com uma leve risada.
O pensamento de estar a sós com o sombrio Ten fez meus joelhos
tremerem. —Eu sou uma menina grande.

—Não é nenhum problema - o olhar de Nikolai era gentil, mas eu


entendi que isso não era para eu discutir. —Eu insisto.

Pensando na última vez em que eu tinha deixado sua casa depois do


anoitecer e corrido até o Detetive Eric Santos, eu me perguntava se não
havia qualquer razão verdadeiramente séria nisso ou ele não me queria
perambulando lá fora sozinha. Minha preocupação com Vivian aumentou.
O que diabos estava acontecendo lá fora? Mais do que tudo, eu estava tão
feliz por Sergei estar fora desta vida. Nós não temos que olhar sobre os
nossos ombros mais. Éramos livres.

Vivian me acompanhou até a porta da frente e trocamos abraços


rápidos enquanto Ten esperava na varanda da frente. Caminhando ao
lado dele na escuridão, eu fui pega de surpresa pela forma como ele
silenciosamente se movia. Comecei a formar uma imagem melhor do por
que eles o chamavam de Shadow. Enquanto Sergei colocava os outros à
vontade com aquele sorriso de menino dele, Ten parecia ter uma carranca
permanente torcendo sua boca. Onde Sergei odiava que os outros o
temessem simplesmente por causa de seu tamanho, Ten apreciava isso.
Ele queria que eu tivesse medo dele. Ele queria que eu corresse dele como
uma menina aterrorizada, mas me recusei a ser intimidada.

—Então, como a vida do lado de fora está te tratando?


Ten realmente bufou. Não foi um som de escárnio embora. Era de
diversão.

—Yeah... - ele disse finalmente. —Muito bem. As dançarinas do


Besian têm sido divertidas.

Olhei para ele e peguei o fim de um sorriso em seu rosto. Ele


provavelmente esperava me escandalizar falando sobre strippers, mas eu
não mordi a isca.

—Sim, eu ouvi que o Sugar e o Wet são alguns dos melhores


estabelecimentos da cidade, se essa é a sua preferência em
entretenimento.

—Minha preferência é algo em uma classe diferente, mas eu gosto


disso.

Não havia dúvidas sobre seu olhar direcionado em meus seios e


depois em meus quadris. O vestido de verão que eu tinha escolhido esta
manhã tinha um alargamento vintage nele com um decote e uma saia
vermelha glamorosa com pequenas bolinhas brancas. Ele era um dos
favoritos de Sergei e ele tinha passado uns bons minutos apreciando meu
decote antes de correr para fora da porta. A julgar pelo olhar persistente
de Ten, ele estava tendo a mesma ideia. Estalando os dedos, eu apontei
para meu rosto.

—Meus olhos estão aqui em cima. Isto… - eu gesticulei para os


meus seios. — ...Pertencem a outra pessoa. É melhor você se lembrar
disso na próxima vez que você me ver.

—Eu estive preso por seis anos. Você não pode culpar um homem
por olhar quando a visão é boa.

—Bem, obrigada pelo elogio, mas...

—Sim - ele me cortou. —Você é dele. —À medida em que me


aproximava do meu carro, ele acrescentou. —Você escolheu bem. Sergei
vai cuidar de você. Ele vai mantê-la a salvo daqueles idiotas racistas.

As palavras de Ten enviaram um tremor de pânico através de mim.

—Isso está acabado. Tudo com Adam Blake está acabado. —O


nome do assassino do meu irmão já não me afetava da maneira de antes.
—Nunca está acabado, menina. Darren Blake se foi. Adam Blake
está definhando em uma enfermaria da prisão, mas isso não está acabado.
Há outros. Sempre haverá outros. —Ele olhou para mim como se eu fosse
a mulher mais estúpida que ele já tinha conhecido. —Não me diga que
você pensou que vocês dois iam sair para ver a porra do pôr do sol como
um casal de amantes de algum conto de fadas.

—Não - eu insisti com raiva, mas obviamente, eu tinha pensado


nisso. —Claro que eu não acho isso.

—Bom - ele rebateu. —Porque não funciona assim. Sergei sangrou


por esta família. Ele fez outros sangrarem por esta família. Isso não se
lava, entendeu?

Não, não realmente. Mas eu menti, no entanto.

—Sim.

Balançando a cabeça, ele estendeu a mão para minha porta, mas


não a abriu. Colocando a mão enorme no teto do meu carro, Ten me
prendeu no lugar com um olhar que tinha partes iguais de pena e
frustração.

—O patrão e sua esposa? Eles gostam de você demais para


incomodá-la, mas eu não tenho esse problema. Então, vou ser direto com
você. Tudo o que está estudando para impressionar a sua svekrov? Não
vai funcionar.

Eu reconheci a palavra como uma das usadas para sogra. Engolindo


nervosamente, eu perguntei:

—Por quê?

—Por quê? - ele repetiu com uma dura gargalhada. Eu me afastei


quando ele chegou para o meu lado, mas ele me segurou firme e segurou
minha mão perto da luz dos postes de iluminação. —É por isso.

No começo eu não entendi, mas em seguida, seu polegar calejado


esfregou um círculo na minha pele. Era um pensamento doloroso e feio e
eu me recusei a aceitar.

—Você nem conhece Sergei ou sua família.


—Eu não tenho que conhecê-los para saber o que vai acontecer
quando você os conhecer. —Seu polegar se moveu de um lado a outro em
cima da palma da minha mão. —Você é linda. Você é inteligente. Você
tem uma carreira e um negócio bem sucedido. Você acha que seu estoque
é bastante elevado, certo? Mas você está errada. Você não é o tipo de
mulher que a mãe dele quer para sua nevestka.

—Você é um idiota - puxei minha mão e fui abrir a porta do meu


carro.

Ten colocou a mão contra a porta e me impediu de abrir. Esse tigre


aterrorizante esticou seu braço e rosnou para mim.

—Sim, eu sou, mas eu sou honesto. Eu não mentiria para você, e


não sobre algo parecido com isso.

Estudei seu rosto. Assustador como ele era, eu podia ver que ele
estava sério.

—Por quê?

Seu olhar me perturbou.

—Eu conheço uma boa pessoa quando a vejo. Eu não me deparo


com elas, muitas vezes, mas posso dizer que você é uma delas. Você ama
seu homem e ele te ama o suficiente para deixar tudo isso... - ele girou o
dedo no ar. —... Para trás. Há apenas uma mulher no mundo que pode
tirar isso de você.

Meu estômago caiu.

—Sua mãe.

Ten assentiu.

—Esse é um vínculo que você nunca vai quebrar. Então é melhor


você fazer o seu plano de guerra agora, menina. Você se coloca nessa
armadura e deixe-a saber que você enfrentou Nikolai Kalasnikov para
salvar seu filho. Você fez isso. Você deu a ela o filho que ela tinha perdido.
Faça-a se lembrar a quem ela deve sua felicidade, então, você ganha.

—Não vai ser tão fácil.


—Não, não vai - ele ergueu a mão e a estendeu para abrir a
maçaneta da porta do carro. —Mas algo me diz que você não desiste
facilmente. —Ele segurou a porta aberta para mim. —Boa sorte, Bianca.

—Obrigada - recuperando-me da nossa conversa bizarra, eu


escorreguei no assento do motorista e joguei minha bolsa no assento ao
lado.

Ten ficou na calçada até que desapareci de sua vista. Eu tentei


entender o homem misterioso e intimidante. Ele não tinha nada a ganhar
com isso me ajudando e ainda tinha feito isso de qualquer maneira.
Encarei isso como um bom sinal, tanto quanto para a segurança de Vivian.
Ten estava longe de ser agradável, mas a honestidade, a lealdade e a
honra eram mais importantes do que isso.

Quando cheguei a casa, estacionei no espaço atrás da minha


propriedade e ao lado do SUV de Sergei. Com a minha bolsa em um lado,
fechei a porta do carro e esperei que as luzes do alarme piscassem antes
de me dirigir até a calçada para a entrada dos fundos através da varanda.
A porta que dava para a casa se abriu com um guincho e Sergei apareceu,
com sua enorme silhueta iluminada pela luz da sala de estar.

—Hey - eu sorri para ele enquanto me aproximava e deixei o meu


olhar carente vagar sobre seu peito nu e na bermuda cargo cáqui que caía
perigosamente em seus quadris.

Sergei desceu e me beijou quando eu estava perto o suficiente.


Assim como eu esperava, seus lábios percorreram meu pescoço para o
espaço aberto exibido pelo decote do meu vestido. Ele acariciou meus
seios e deu beijos ruidosos na minha carne latejante.

—Senti sua falta.

—A mim ou às minhas meninas - eu perguntei, brincando.

—Ambas - ele murmurou antes de pressionar os lábios na minha


bochecha. —Peguei comida chinesa para o jantar. Espero que esteja tudo
bem.

—Era a minha vez de cozinhar - eu o lembrei enquanto o levava


para dentro da casa.

—Era?
Eu sabia que ele não tinha esquecido. Não tinha dúvidas de que ele
havia se convencido de que eu iria estar muito cansada para fazer o jantar.
Ele parecia pensar que estar grávida significava que eu deveria estar
sentada com os pés para cima muitas horas por dia.

—Como está Vivi?

Hesitei em responder por um momento muito longo.

—Bianca? O que há de errado com Vivian?

Larguei minha bolsa em cima da mesa e falei:

—Eu acho que Vivian e Nikolai estão tendo problemas.

—Problemas?

—Problemas conjugais - esclareci. —Eles discutiram enquanto eu


estava lá.

—Vários casais discutem.

—É verdade, mas ela disse que se sente como se eles estivessem se


afastando. Eu poderia dizer que ela queria falar, mas não queria
compartilhar muito comigo por causa de... Bem... Você sabe.

—Sim - ele disse com tristeza. —E agora ela tem esse maldito
guarda costas aterrorizante chamado Ten - eu continuei. —Ele não gosta
de você. Ele foi realmente rude com ela e então ele me acompanhou até o
meu carro...

—Espere - Sergei ergueu uma de suas mãos enormes. —Você ficou


sozinha com Ten?

—Sim.

A mandíbula de Sergei ficou cerrada. Ele fechou a distância entre


nós e começou a me olhar como se esperasse encontrar hematomas no
meu corpo.

—Ele machucou você?

—Me machucou? - eu recuei com surpresa. —Ele é um idiota, mas


ele não fez nada. Ele me tratou com respeito. —Eu decidi deixar de fora a
parte sobre Ten me admirar. Com um gole nervoso, acrescentei: — Ele me
deu alguns conselhos sobre como lidar com a sua mãe.

—Ele o quê? - as narinas de Sergei queimaram. Ele amaldiçoou em


russo e sacudiu sua cabeça. —O que ele te disse? Esqueça. Esse homem
não sabe nada sobre a minha família ou sobre nós. Ele não é o tipo de
homem com quem você deva passar um tempo sozinha.

—Por quê? - eu não queria ter dúvidas sobre a reação de Sergei


quanto a Ten. — Nikolai confia nele para guardar Vivian.

—Porque o chefe sabe que Ten é um animal que vai matar sem um
momento de hesitação - Sergei falou. Dando uma respiração ruidosa, ele
colocou as mãos sobre meus ombros e as deslizou em direção ao meu
pescoço. Cobrindo meu rosto, ele segurou o meu olhar e me suplicou para
ouvir com cuidado. —Você sabe o que eu sou, Bianca. Você sabe o que eu
fiz para a família, mas eu nunca, nunca, tive prazer nisso.

—Eu sei disso - eu sussurrei. —Eu sei que você não é assim.

Seus polegares deslizavam ao longo das minhas bochechas.

—Ten é um homem leal. Ele tem honra, mas também tem um gosto
por sangue. Ele fez coisas... - Sergei não podia nem mesmo falar sobre
elas. —Eu não quero que você passe um tempo a sós com ele.

—Tudo bem - mordi o lábio inferior. —Mas e quando estiver com


Vivi?

—Quando estiver com ela, tudo bem. Ele vai manter as duas longe
de problemas, mas eu não quero você andando por aí a sós com ele. Seis
anos é muito tempo para um homem ficar sem a sua coisa favorita - Sergei
me olhou de cima abaixo. —E você é precisamente o que ele gosta.

Meus olhos se arregalaram com isso.

—O quê? Garotas grandes? Garotas negras?

—Ambas - disse ele. —Você é exatamente o tipo de garota que ele


costumava perseguir.

—Oh. — De repente percebi que a maneira como Ten tinha


segurado minha mão e traçado seu polegar sobre minha pele não tinha
sido nada inocente. Talvez ele houvesse sido motivado a me alertar sobre
a possibilidade da mãe de Sergei me detestar por outras razões. Ele estava
interessado em mim? Isso era tudo que eu precisava! Um ex-presidiário
com tesão por mim!

Olhando de relance para Sergei, avistei um breve brilho de


vulnerabilidade em seu rosto.

—Você está preocupado seriamente que eu iria escolher alguém


assim?

—Não.

—Mas?

—Mas ele tem uma reputação de levar coisas que não pertencem a
ele.

Bufando, eu bati no seu peito.

—Eu não sou uma posse.

—Você é minha! - ele me lembrou com essa forma alpha que de


alguma forma me cativava. —Você pertence a mim, assim como eu
pertenço a você.

O aviso de Ten sobre a mãe de Sergei ecoou na minha cabeça.

—E se outras pessoas pensarem que não pertencemos um ao


outro?

—Fodam-se as outras pessoas - ele declarou apaixonadamente. —


Ninguém vai me afastar de você.

—Nem mesmo sua mãe? - perguntei em voz baixa.

Seus olhos se estreitaram.

—É isso que Ten lhe disse? Que a minha mãe não vai querer que nós
fiquemos juntos?

—Ele me disse que ela pode não gostar de mim.

A bochecha de Sergei se contraiu e seus lábios se estabeleceram em


uma linha sombria.
—Mesmo que isso fosse verdade, eu não iria parar de te amar. Eu
não iria me afastar de você ou do bebê. Eu sou um homem crescido, eu
escolhi você. Eu gostaria de ter o apoio de minha família, mas eu não
preciso disso. —Uma de suas mãos se fechou em concha na parte de trás
do meu pescoço enquanto a outra se estabeleceu na minha barriga. —Eu
tenho tudo o que preciso aqui.

Suas garantias acalmaram meus nervos. O que quer que aconteça


em Londres, eu não iria deixar que nos separasse. Nós tínhamos feito
tanto em tão curto espaço de tempo. Poderíamos conseguir até mesmo
com a desaprovação de sua mãe, se isso acontecesse.

Sorrindo para mim, ele perguntou:

—Como é que foi a sua lição?

Eu fiz beicinho.

—Eu sou terrível, Sergei. Eu pensei que depois de todos esses anos
de francês e espanhol, eu seria capaz de pegar um novo idioma com
facilidade, mas não está acontecendo.

—É um tipo diferente de linguagem. Você provavelmente poderia


aprender português ou italiano, sem muita dificuldade, mas russo? É mais
complicado.

—São os sons. Minha língua se recusa a fazer a coisa certa.

—É isso? - sua boca se curvou de forma sexy. —Acontece que eu sei


de alguns exercícios muito bons com a língua que você poderia tentar.

Agora eu era a única a sorrir.

—Oh, verdade?

—Mmmhmm... - ele rugiu e correu o dedo ao longo da parte


superior do meu seio. —Verdade, eu poderia te mostrar agora.

—Ou… - eu deixei minhas mãos caírem no cós de sua bermuda


cargo. —Eu poderia mostrar.

—Bianca - ele murmurou o meu nome quando me abaixei para o


chão. Ajoelhada a seus pés, eu fiz um trabalho rápido em desabotoar e
retirar sua bermuda. Eu puxei para baixo e libertei seu pênis. Meio duro
mas, mais impressionante do que a maioria dos homens, o seu eixo me
encantava. Lambi meus lábios e acariciei suavemente. Meus dedos
acariciavam o comprimento dele, meu toque era suave, mas firme.

Quando coloquei a minha língua contra a parte inferior da ponta,


ele deu um passo para trás para se segurar no balcão. Sorrindo para a
maneira que eu poderia tão facilmente levar este gigante poderoso, eu
rodei minha língua em torno da cabeça de seu pênis e, em seguida,
lentamente a chupei entre meus lábios. Ela era tão espessa que estendeu
a minha boca, eu adorei. Ele era muito longo para eu colocar tudo. Talvez
um dia eu fosse trabalhar nisso, mas até então eu não tinha as
habilidades. Não que ele se importasse.

Sergei ficou perfeitamente imóvel enquanto eu balançava em seu


eixo, levando mais profundo e girando minha língua ao redor da coroa
dele. Os gemidos que eclodiram em seu peito fizeram meu clitóris pulsar.
Chupei mais forte e mais rápido, dando a ele exatamente o que ele
precisava. Eu podia sentir a leve doçura de seu pré-semem derramando na
minha língua agora. Ele estava chegando perto.

—Bianca! —Ele rosnou como um urso.

Eu coloquei minhas mãos em suas coxas e senti os músculos tensos


sob as palmas das mãos. Inclinei e relaxei minha mandíbula, tomando
grande parte de sua extensão tanto quanto pude. Ele agarrou meu cabelo
em suas mãos, o jogou para ambos os lados do meu rosto, e gentilmente
empurrou contra a minha língua.

—Olhe para mim - insistiu ele com sua voz rouca. —Olhe para mim
enquanto você chupa meu pau.

Nossos olhares se chocaram. Ele ofegava agora, com o peito arfando


e seu estômago desabando a cada respiração. Eu gemia em torno do seu
pênis dentro e fora da minha boca e ele gozou com um rugido. Congelado
como uma estátua, ele deixou chupar de novo, me deixou sugar e de
súbito, eu engoli após a explosão de seu esperma até que ele finalmente
caiu de volta contra o balcão sacudindo as pernas.

Como um leão atacando na rapina, ele me surpreendeu com um


movimento rápido. Antes que eu percebesse o que estava acontecendo,
ele me tinha de costas no chão. Não se preocupando com o short
pendurado em suas coxas, ele abriu minhas pernas, puxou minha saia para
cima em torno de meus quadris e tirou minha calcinha. O tecido foi
rasgado quando ele a puxou e a jogou sobre os ombros.

Mostrando como suave ele poderia ser mesmo quando estava


frenético por mim, Sergei acariciou meu rosto e sussurrou docemente
para mim em russo. Ele capturou minha boca em um beijo apaixonado e
possessivo. Sua língua duelou contra a minha, passando pelos meus
dentes e pelo céu da minha boca. A dura e quente mão de Sergei segurou
a curva da minha cintura para deslizar para baixo da minha perna até a
minha parte inferior. Ele apertou minha carne dolorida e mordiscou minha
garganta antes de espalmar minha boceta latejante com sua grande mão.

—Sergei...

Rindo contra a minha pele, ele sussurrou:

—Eu quero ouvi-la cantar.

Um tremor de antecipação bombeou em minha barriga com as


palavras que ele usava para descrever a maneira como eu gritava quando
eu me aproximava de um orgasmo. Seus dedos hábeis e grossos
entreabriram a parte mais delicada de mim e deslizaram no meu calor. Ele
gemeu quando sentiu como eu estava molhada por ele. Seu polegar
circulou meu clitóris algumas vezes, e eu engasguei com a sensação.

Desacelerando, ele mergulhou dois dedos em minha fenda,


trabalhando em mim e curvando no ângulo certo. Ele bombeou dentro de
mim, tocando um ponto dentro da minha buceta que fez o meu corpo
inteiro delirar de prazer. Seu polegar voltou para o meu clitóris. Ele
dedilhou a pérola até que eu estava arranhando seus ombros e
implorando para gozar.

—Por favor. Por favor.

—Vamos lá - insistiu ele rispidamente. —Vem, Bianca. Vem.

As vibrações de sua voz perversamente profunda me ligaram como


um rojão no 4 de julho. Segurando seu braço, levantei meus quadris,
pressionando minha buceta em sua mão pecaminosa, soltei um grito
selvagem de prazer. Mais e mais alta, a minha voz ecoou até o teto.

—Da - disse ele com um sorriso em sua voz. —Mais. Cante, Bianca.
Sua mão se moveu mais rápido agora, os seus dedos batendo em
minha buceta molhada com uma velocidade tal que não me segurei. Eu
me rendi às sensações incríveis. Quando ele entrava em modo de amante
alfa assim, não havia nada a fazer a não ser se submeter e confiar. Fechei
os olhos e agradeci onda após onda arrebatadora.

—Eu preciso de você. —Ele rosnou e enfiou entre as minhas coxas.


Ele estava duro novamente. Eu não sabia como isso era possível, mas de
alguma forma, de alguma forma, ele sempre estava. Para mim. Ele agarrou
a base de seu grande eixo e arrastou a cabeça corada pelos meus lábios
inferiores, reunindo minha umidade em sua pele antes de se alinhar e
empurrar para dentro de mim. —Sim.

Usando sua força bruta, ele apertou minha cintura e inclinou meus
quadris para um ângulo melhor. Ele me levou bem profundo, com
estocadas duras que me deixaram balbuciando. Ofegante, tremendo e
batendo no piso de cerâmica, me contorci sob seu enorme corpo. Olhei
para cima para Sergei, meu Sergei e sorri. Não havia outro homem no
mundo que poderia foder no chão da cozinha e fazer parecer tão especial.
Porque ele está comigo. E essa era a verdade. Quando estávamos juntos,
tudo era especial. Tudo era perfeito. Com o jantar esquecido no balcão e
os sons do nosso amor enchendo a casa, eu não poderia imaginar uma
maneira melhor de terminar o nosso dia.

Capítulo Quatro

—Será que você embalou todo seu armário?

Sergei brincou com Bianca quando ele ergueu uma de suas malas
para tirar da parte de trás do seu SUV. Ele não estava inteiramente
brincando, no entanto. A coisa provavelmente pesava vinte ou trinta
quilos.
—Eu não ouvi você reclamar quando estava transportando as bolsas
de compras da Mama por aí - ela respondeu enquanto colocava os óculos
escuros. —É melhor não deixar Ivan ouvi-lo choramingando. Ele
provavelmente vai colocar você para fazer flexões durante toda a viagem
pelo Atlântico.

Rindo, Sergei agarrou a mala menor e a pôs entre as duas maiores.


Ele estendeu a alça e a deixou levá-la com alguma relutância. No fundo de
sua mente, ele sabia que estava exagerando quando se tratava de Bianca
carregando coisas ou puxando a mala de rodinhas menor e muito mais
leve, mas ele não se conteve. O teste de gravidez positivo tinha acendido
cada instinto protetor masculino dentro dele.

Fazendo a varredura do estacionamento, ele descobriu um veículo


familiarizado estacionado fechando o terminal. Era um dos SUVs da frota
de Nikolai. Havia um homem sentado no banco do motorista. Boychenko,
ele percebeu, quando o homem mais jovem acenou uma vez. Erguendo a
mão, Sergei suspeitou de que o outro guarda costas, Ten, estava sentado
no interior com Vivian.

—Isso vai ser divertido - ela sorriu animadamente enquanto


atravessavam o estacionamento para o terminal do aeroporto executivo.
—Temos que ver como esse um por cento vive.

Ele riu com seu entusiasmo. Com qualquer outra mulher, ele
poderia secretamente ter medo de que ela se impressionasse com o luxo
que um homem como Yuri Novakovsky poderia dar e, querer mais do que
isso, mas ele conhecia o suficiente sobre os gastos e hábitos de Bianca e,
as perspectivas de vida, para ter a certeza de que não era o seu caso. Do
que ele tinha testemunhado entre Yuri e sua namorada, Lena não se
importava muito sobre dinheiro também. Era provavelmente a razão para
Yuri a amar tanto. Ela nunca pedia ou esperava algo, só seu amor e apoio
emocional.

Um carregador se encontrou com eles na calçada e pegou suas


malas. Bianca verificou sua bolsa pela centésima vez para ter certeza de
que seus passaportes estavam lá antes que ela deixasse o homem levar
sua bagagem. Quando eles entraram no interior do terminal claro e
arejado, Sergei tirou seus óculos de aviador e enfiou no bolso. Seu olhar
imediatamente pousou em Ten que estava perto da entrada.
De braços cruzados, ele usava um blazer que cobria a tatuagem da
prisão e das gangues que Sergei conhecia na sua pele. Sem dúvidas de que
tinha sido por insistência de Vivian. Ele e Ten compartilharam um longo
olhar, que era cuidadoso, mas respeitoso. Quando o olhar interessado de
Ten caiu sobre Bianca, ele engoliu o rosnado que ameaçava irromper de
sua garganta e a necessidade alpha de mostrar possessividade em relação
a ela. Ela não iria gostar, e ele estava determinado a não aborrecê-la tão
cedo em suas férias.

Ignorando Ten, ele levou Bianca mais para dentro do terminal. Ele
viu Vivian, Erin e Lena sentadas nas cadeiras de couro à esquerda. Duas
delas estavam conversando e rindo, mas Vivian olhava para o relógio e
para a entrada. Quando ela percebeu meu olhar nela, ela sorriu
levemente.

—Eu vou ficar com as meninas - Bianca deu ao meu braço um


aperto e começou a se afastar, mas ele pegou a mão dela e a arrastou de
volta para um beijo rápido. Ele gostava do jeito que ela corava e gostava
do ponto de vista de seus quadris curvilíneos balançando enquanto ela se
juntava a seus amigos. Ele não achava que um par de Capri branco tinha
parecido tão bem em outra mulher.

Mas ela não é qualquer mulher. Ela é minha mulher. O pensamento


encheu-o de calor. Logo, ele se certificaria de que ela realmente fosse
dele. Ela iria partilhar seu nome e usar sua aliança de casamento e todos
saberiam que ele era a porra do homem mais sortudo do mundo.

Uma rápida olhada ao redor do terminal e ele encontrou Ivan e Yuri


falando nas proximidades. Quando ele se aproximou, ele notou que os
homens pareciam preocupados. Ele não conhecia Yuri bem, mas o
empresário bilionário sempre o tinha tratado como um amigo. Mesmo
assim, ele fez questão de se aproximar lentamente, apenas no caso do par
precisar encerrar a sua discussão sem que ele ouvisse qualquer coisa. Yuri
foi o primeiro a recebê-lo com um aperto de mão e um sorriso caloroso.

—Você está parecendo muito melhor do que da última vez em que


te vi.

Considerando que o oligarca tinha visto ele após duas noites de


combates em um ringue, Sergei acreditou.

—É bom ver você de novo.


Ivan bateu-lhe nas costas.

—Você está animado para ver a sua família?

Ele não conseguia parar o sorriso que puxava os cantos de sua boca.

—Sim.

—Quanto tempo faz? - Yuri perguntou.

—Cinco anos e meio - Sergei disse. Na verdade, ele poderia dizer a


Yuri que estava contando os minutos até que o avião pousasse no meio do
frio da noite de Moscou, mas ele não o fez. —Parece mais tempo.

Ivan apertou seu ombro e trocou um olhar com Yuri. Pisando mais
perto e baixando a voz, ele disse:

— Escute, há um problema.

Sergei franziu a testa.

—Com?

—Vivian.

Ele lutou contra o impulso de olhar para trás, para ela.

—Que tipo de problema?

—Nikolai me chamou há poucos minutos - explicou Yuri. — Ele não


pôde sair da... Reunião... Portanto, ele vai perder nosso voo. Eu me ofereci
para segurar o jato, mas ele nos disse para ir.

O peito de Sergei se apertou. Se o patrão estava faltando a uma


coisa enorme como esta, isso tinha que ser sério. Estar fora do circuito de
repente não parecia tão libertador. Não saber o que estava acontecendo
nas ruas sombrias do submundo de Houston o deixava nervoso.

—Você já disse a ela?

—Estávamos prestes a lhe dizer. Ele não queria que Ten fizesse isso

Yuri franziu a testa para o ex-condenado guarda costas de Vivian.

—Eu posso ver o porquê.


—Eu vou. —Ivan ofereceu.

Sergei sacudiu a cabeça.

—Eu vou dizer a ela. Ela está acostumada a ouvir este tipo de
notícias de mim.

Ele não perdeu o triste olhar que os dois amigos trocaram quando
ele se afastou. Nos meses em que passara constantemente ao lado dela
como seu guarda-costas, eles tinham estabelecido uma relação que se
assemelhava a de irmãos. Ele tinha aprendido que ela se decepcionava
facilmente. Não a faça chorar. Ele repetiu as palavras para si mesmo
enquanto se sentava ao lado dela. Os olhos azuis brilhantes de Vivian se
fixaram nos dele. Longos segundos se estenderam entre eles enquanto se
entreolhavam.

Finalmente, falando em russo mansamente, ela sussurrou:

—Ele não vai vir.

O coração de Sergei se quebrou em seu peito. A memória da manhã


em que Vivian tinha acordado em uma casa vazia depois de passar a noite
de núpcias sozinha lhe veio à mente. Em vez do belo e romântico café da
manhã que ela tinha imaginado, tinha só seu guarda-costas esperando por
ela. Ela tinha chorado naquela manhã, e ele tinha estado tão zangado com
o chefe por colocar a família antes dela. Era uma coisa irracional de sentir.
Nikolai não tinha a posto em segundo lugar porque não a amava. Ele
colocou suas necessidades atrás das da família, porque ele a amava e ele
estava tentando mantê-la segura.

—Se ele pudesse estar aqui... - disse Sergei suavemente, mas ela
não o deixou terminar.

—Eu sei - tristeza escureceu sua voz. Seus olhos se voltaram tão
frios que ele sentiu a frieza no fundo de sua alma. Colocando um sorriso
falso no lugar, ela pegou a mala de couro que ela tanto amava. —Diga a
Yuri que estamos prontos para ir. Ligo para ele de Londres.

Seu estômago revirou quando percebeu que ela estava mudando, e


não para melhor. A ideia de que poderia não haver um final feliz para o
casal cujas vidas pareciam fadadas a se cruzarem o deixou com um
sentimento de vazio. Ele nunca quis abraçar e beijar Bianca tanto como
agora. Nunca, ele jurou em silêncio enquanto voltava para Yuri e Ivan. Eu
nunca vou fazer Bianca se sentir assim. Eu nunca vou deixá-la duvidar de
sua importância para mim.

Ele notou a curiosidade no olhar que as mulheres trocaram quando


perceberam que Nikolai não ia com eles nesta etapa da viagem. Yuri
murmurou enquanto eles iam para o jato que esperava por eles na pista.
Sergei não conseguiu ouvir tudo, mas o que ele tinha capturado lhe
assegurava que Nikolai ia receber uma bronca de seu amigo uma vez que
ele finalmente chegasse a Londres.

Ten permaneceu na pista até que ele viu Vivian desaparecer no


avião. Sergei tinha que dar crédito onde era devido. Ele podia ser um
pouco grosseiro, mas Ten cuidava bem de Vivian. Se ele não tivesse
restrições sobre viagens que faziam parte da sua liberdade condicional,
Ten provavelmente teria ido com eles.

Quando eles se estabeleceram em seus assentos macios a bordo de


um dos jatos particulares de Yuri, Sergei pegou a mão de Bianca e
entrelaçou seus dedos. Ele não podia ver Vivian de sua posição e ele se
perguntou se deveria deixar Bianca ir sentar-se com ela.

Como se estivesse lendo sua mente, Bianca apertou sua mão e


balançou a cabeça.

—Ela quer ficar sozinha.

—Não durante o voo inteiro - ele murmurou.

—Não - ela concordou. —Nós vamos cuidar dela. Não se preocupe.

—Eu não posso ajudá-la. Esse era meu trabalho, me preocupar com
ela. Eu não posso simplesmente desligar isso.

Ela levantou as mãos unidas e beijou as costas da sua.

—Isso é porque você é um bom homem.

Segurando seu olhar, ele disse:

— Bianca, se eu alguma vez fazer com que você se sinta...

—Você vai saber - ela prometeu com um brilho malicioso nos olhos.

Feliz de que eles estavam na mesma página, ele deu uma risadinha
e se recostou contra o assento surpreendentemente espaçoso. A última
vez em que ele havia voado por todo o Atlântico, tinha sido enfiado na
segunda classe. Felizmente ele tinha sido capaz de pegar um lugar na
fileira da saída de emergência, mas mesmo com um pouco mais de espaço
para as pernas, mal tinha feito o voo tolerável. Hoje à noite seria
diferente.

O sarcasmo de Bianca sobre a vida de um por cento da população se


provou verdadeiro. Após a descolagem, uma incrível refeição foi servida.
Comissárias de bordo serviam a necessidade de cada um. Os banheiros
eram três ou quatro vezes o tamanho daqueles encontrados em voos
comerciais. Uma vez que o jantar terminou, ele resolveu ficar em uma
seção do avião modelada para ser uma sala de mídia para assistir a um
jogo de beisebol com Yuri e Ivan.

Seu olhar pulava em direção à frente da aeronave a cada momento


para verificar Bianca e Vivian. As mulheres estavam sentadas juntas
jogando poker. Pelo tamanho das pilhas de fichas na frente dela, Lena
estava ganhando a cada rodada. Vivian parecia estar em segundo lugar e
Bianca não estava muito atrás em terceiro. A pobre Erin tinha uma
pequena pilha de fichas restante.

Em seu caminho para pegar uma garrafa de água, Ivan pareceu


notar o triste estado do jogo de Erin. Com pena dela, agachou ao seu lado
e deslizou um braço ao redor de sua cintura, puxando mais perto para que
ele pudesse estudar suas cartas. Ele acariciou seu pescoço e sussurrou
uma estratégia em sua orelha.

Ou talvez não fosse estratégia, Sergei pensou com algum


divertimento quando as orelhas e o pescoço de Erin coraram em um tom
escarlate. Mais tarde naquela noite, quando reclinado em seu assento sob
um cobertor quente e tendo um pouco de sono muito necessário, ele
fingiu não perceber quando Erin primeiro deixou seu assento para usar o
banheiro e, em seguida, Ivan poucos minutos depois. Ele não iria culpar
Ivan por procurar uma alternativa para se satisfazer. Quando o casal
voltou muito tempo depois, ele sorriu conscientemente e se aconchegou
mais sob o cobertor.

Eles desembarcaram no início da manhã seguinte em um


surpreendentemente e ensolarado dia em Londres. Yuri tinha tomado
cuidado de fazer todos os arranjos para o transporte. Depois de passar
pela alfândega, eles foram levados do aeroporto até a escandalosamente
opulenta cobertura do oligarca em Knights Bridge que atravessava o
último andar de uma mansão histórica. Quando eles estavam planejando
sua viagem, Bianca tinha mencionado que a casa de Yuri em Londres era
de quase dez mil metros quadrados. Ele não podia sequer começar a
compreender quão cara ela deve ter sido. Dezenas de milhões de libras,
ele tinha certeza.

Mas era linda. The Victorian era uma mansão que tinha sido
restaurada detalhadamente do lado de fora, mas o interior era uma
história diferente. A cobertura foi refeita com linhas limpas e modernas e
espaços abertos e luminosos. Havia um mármore de 500.000 dólares em
preto e branco entre os seis quartos e sete banheiros. Ele teve um cuidado
especial ao escolher o design de interiores e podia apreciar a forma como
o espaço fluía de uma sala para a outra.

Enquanto eles tomavam café da manhã no terraço da cobertura, ele


pensou na casa de Bianca em Queen Anne e nas melhorias que eles
estavam fazendo durante o lento processo de restauração. Ela queria
permanecer fiel às origens da casa e ele concordava com isso. O banheiro
principal eles tinham terminado recentemente e era fiel ao período com
ajustes modernos.

De repente, ele pensou no berçário que em breve teriam para


decorar. Ele assumiu que iria transformar o quarto de hóspedes ao lado da
suíte máster no quarto do bebê. Pensando na parede que existia entre os
quartos, ele se perguntou se uma porta poderia ser possível lá. Isso
tornaria mais fácil para chegar ao bebê no meio da noite. Pelo fato dele
ser tão superprotetor com Bianca, ele provavelmente seria uma pilha de
nervos, uma vez que tivessem o bebê em casa. Ter uma porta aberta entre
sua cama e o berço poderia ser a melhor coisa para seus nervos.

Quando ele pegou Bianca bocejando depois do almoço, ele


agradeceu Yuri e Lena pela hospitalidade e se desculpou por não
participarem das atividades que os outros casais e Vivian tinham
planejado para seu primeiro dia em Londres. Viajar com fusos horários
diferentes era duro o suficiente sem estar grávida.

Seguramente sentados no banco de trás de um táxi, ele deslizou o


braço em volta dos ombros de Bianca e beijou sua testa.

—Por que não passamos o resto do dia na cama?

Ela lançou um sorriso maroto.


—Conhecendo você, eu duvido que eu vá ter muito sono.

Ele desenhou um X sobre o coração.

—Eu prometo que vou ser um bom menino e manter as minhas


mãos só para mim.

Ela passou a mão ao longo da bermuda que cobria sua coxa e veio
perigosamente perto de tocar seu pênis.

—Não seja um menino muito bom, eu espero.

Com um rosnado baixo, ele a avisou para não testá-lo no banco de


trás do táxi. Ela sorriu e manteve a mão direita ali, a poucos centímetros
do calor latejante preso atrás da bermuda. No momento em que
chegaram ao hotel, ele estava sofrendo com dor por ela. De alguma forma
ele conseguiu forçar para baixo sua ereção para que ele pudesse
realmente sair do táxi e supervisionar a transferência de sua bagagem do
táxi para o carrinho do mensageiro. Uma vez dentro do hall de entrada,
Bianca fez o check-in.

Ele estava atrás dela, silenciosamente observando a cena


movimentada ao redor deles. Enquanto ela pedia quartos extras para sua
mãe e irmão, que iriam se juntar a eles no dia seguinte, Sergei ouviu os
guinchos felizes de duas filhas pequenas. Elas pareciam fora do lugar no
átrio do hotel de quatro estrelas, ele se concentrou nos rostos das duas
meninas com idade pré-escolar indo e vindo pela multidão. Elas eram
crianças bonitas.

Meu bebê será parecido com isso. O pensamento o atingiu no


estômago, tirando o ar de seus pulmões. As pequenas meninas tinham as
peles pardas como mel e cabelo encaracolado escuro puxado em tranças
que saltavam quando elas corriam em círculos em torno de uma coluna. A
mãe aflita, de trinta e poucos anos e loira, finalmente as segurou, mas era
o sorriso do pai, um homem que poderia ter facilmente sido parte da
família de Bianca, que as segurou em seus braços e divertidamente
mordiscou seus pescoços.

—Você está bem? - Bianca esfregou seu braço e puxou para fora de
seus pensamentos.

Seu olhar pousou sobre a família que lhes dava um vislumbre de seu
futuro. Sorrindo, ela disse:
— Bonitas.

—Muito - ele concordou e deslizou o braço em torno de seus


ombros.

Lado a lado, eles caminharam até o elevador com o carregador de


malas não muito atrás. Se estivessem sozinhos no elevador, ele teria
empurrado ela contra a parede de ouro reluzente e apertado o joelho
entre suas coxas enquanto arrebatava sua boca. Ver a família que se
assemelhava a deles tinha feito algo primitivo nele. Se ela já não estivesse
grávida, ele bem que teria gostado de mudar isso. No limite e alimentado
com a luxúria, ele mal conseguiu manter sua paciência enquanto o
carregador descarregava suas malas.

Ele enfiou um punhado de notas estrangeiras na mão do homem e


agradeceu antes de acompanhá-lo para fora da porta e trancar atrás dele.
No momento em que ele encontrou Bianca no quarto, ela já estava
tirando o sutiã e a calcinha.

—Você sabe… - disse ela, lentamente, com movimentos atraentes.


—Me ocorreu quando vi a família no lobby percebi que esta será,
provavelmente, as únicas férias que vamos ter sem crianças.

Maravilhado com a deliciosa visão diante dele, Sergei ficou


perfeitamente imóvel assistindo ela terminar de tirar seu sutiã. Quando
seus seios deliciosos estavam nus para ele, ele passou os dentes contra
seu lábio inferior. Depois rapidamente tirando seus sapatos, ele cruzou a
distância entre eles em cinco passos rápidos e a pegou em seus braços. Ele
depositou-a no meio da cama do hotel de luxo e rastejou sobre ela.

Entre beijos que a deixaram ofegante e rindo, ele disse:

—Então, seria melhor fazer mais disso...


Capítulo Cinco

Meu estômago deu voltas selvagens enquanto eu tentava manter


minha atenção no filme. Eu não poderia dizer se era enjoo matinal ou
nervosismo. Era provavelmente ambos. O jet lag havia piorado minha
fadiga e me deixou mais enjoada do que habitual. Até agora, eu tinha
conseguido manter o nosso segredo, mas eu tinha a sensação de que a
verdade ia aparecer antes do final desta viagem. Um aroma de perfume
fedorento ou colônia na hora errada e todos os nossos amigos juntariam
as pistas quando eu saísse correndo para o banheiro.

Abraçando uma almofada, Vivian se sentou ao meu lado no sofá da


suíte do hotel enquanto esperávamos Sergei retornar do aeroporto com
seu irmão e sua mãe. Ela havia dito que queria estar aqui para dar apoio
moral e ajudar com quaisquer problemas de tradução que pudesse surgir
se Sergei e Vladimir quisessem falar sozinhos e me deixar com sua mãe,
mas eu sentia que ela realmente não queria segurar vela na casa de Yuri e
Lena. Não que eles a fizessem sentir dessa maneira, mas isso podia não
ser fácil para ela.

Nikolai ainda não tinha chegado a Londres. Mesmo Sergei não sabia
dos detalhes sobre o que o mantinha em Houston. Fosse o que fosse, deve
ter sido grave, perigoso ou perigosamente sério. Eu não tinha tido
coragem para perguntar a Vivian se o marido estaria aqui a tempo para
sua mostra na sexta à noite. Eu esperava por isso. Para o bem dela e dele.

—Você quer almoçar comigo amanhã? Eu estava pensando em


visitar algumas lojas e ver alguns dos pontos de moda enquanto Sergei faz
alguma coisa com sua família.

Ela balançou a cabeça e segurou a franja da almofada.

—Eu adoraria ir, mas já prometi a Niels que eu ia deixar ele me levar
para uma galeria de arte e para um almoço depois.

—Oh - eu me perguntei se isso era uma boa ideia. Vivian estava,


obviamente, se sentindo vulnerável e ferida agora, e Niels? Bem, o
obscenamente rico dinamarquês tinha aberto as portas para ela do
cenário de arte internacional e tinha deixado bem claro para que qualquer
pessoa pudesse ver que ele não estava apenas interessado em suas
pinturas. Ela fingiu que não era nada, mas tenho certeza que para ela era.
Ela amava Nikolai e provavelmente não poderia nunca contemplar o
carinho de outro homem, mas Niels? Ele tinha uma certa reputação e isso
me deixava nervosa por achar que a minha amiga emocionalmente ferida
estaria a sós com ele por um bom tempo.

—Por que não fazemos algo na quinta-feira? - ela sugeriu. — Talvez


nós pudéssemos ver se Lena e Erin querem vir?

—Claro. Isso soa agradável.

—Eu vou chamá-las amanhã e fazer os arranjos.

Nós estávamos falando sobre algumas lojas que queríamos visitar


quando a porta da suíte apitou duas vezes e começou a se abrir. Eu
praticamente saltei para ficar em pé. Ansiedade correu através de mim, e
fez minha barriga e meu peito se apertarem. Se levantando mais
lentamente, Vivian ficou ao meu lado e gentilmente apertou minha mão.
Ela segurou meus dedos com os dela e piscou para mim, me
tranquilizando. Eu relaxei sabendo que ela iria me guiar através deste
primeiro encontro com a mãe de Sergei.

Um homem que poderia ter sido gêmeo de Sergei passou pela porta
segurando pequenos presentes embrulhados. Ele compartilhava o mesmo
cabelo escuro, olhos escuros e o tamanho gigante de seu irmão mais
velho. Seu sorriso amigável imediatamente me colocou à vontade. Havia
uma elevação no seu nariz que me dizia que tinha sido quebrado,
provavelmente mais do que uma vez. Aparentemente, a luta estava no
sangue da família Sakharov.

A mulher que seguiu Vladimir era menor do que eu tinha esperado.


Eu já tinha visto fotos de Galina Sakharovna, é claro, mas Vladimir e Sergei
tinham estado sempre sentados em ambos os lados dela. Ela
compartilhava seu cabelo escuro e os olhos, mas tinha uma constituição
muito menor. Finalmente, percebi que ela era mais jovem do que minha
mãe, o que me surpreendeu considerando que seus filhos eram todos
mais velhos do que eu. Como Mama, ela tinha um dom para estilo e
parecia perfeitamente penteada e vestida apesar do voo de quatro horas.

Um leve sorriso curvou na boca vermelha brilhante de Galina. Vivian


tinha me avisado que os costumes eram diferentes entre as nossas duas
culturas. Ao contrário de Mama, a mãe de Sergei não ia me chamar de
querida e me receber com um abraço e um chá doce. O sorriso que ela
dava para mim não era muito, mas eu percebi que era um começo, porém
instável.

Irradiando felicidade, Sergei entrou na sala e me puxou para seus


braços musculosos. Em um turbilhão de apresentações, eu estava
envolvida em um abraço de urso por Vladimir. Ele beijou tanto minhas
bochechas e disse algo rápido em russo que eu não conseguia entender.

Como se tivesse sentido a minha confusão, ele disse:

— Você é ainda mais bonita do que Sergei descreveu.

—Oh - corei. —Obrigada.

Ele me entregou um dos presentes.

—Eu acho que você vai gostar disso.

—Eu tenho certeza que vou. — A caixa não era muito pesada, e era
do tamanho certo para chocolates ou doces.

Ele afastou para cumprimentar Vivian com mais reserva. Ela beijou
suas bochechas e falou baixinho para ele. Ele a presenteou com a outra
caixa, e ela agradeceu.

A mãe de Sergei avançou e timidamente me abraçou. Galina olhou


para o meu rosto e sorriu mais calorosamente.

—Sim. Muito bonita.

—Spasibo.

Sua expressão se suavizou, mas ela voltou sua atenção para Vivian
agora. Eu não perdi a forma como sua mãe praticamente se iluminou
quando Vivian conversou com ela. Eu invejei esse caminho mais fácil, mas
eu esperava que com o tempo ela pudesse me ver da mesma maneira.
Depois de tudo sobre o que Lidia e Ten tinham me avisado, encontrar sua
mãe não tinha sido tão estranho ou perturbador como eu esperava.

O serviço de quarto que eu tinha pedido não chegou muito tempo


depois de Sergei e sua família. Todos nós nos sentamos na sala de jantar
da suíte e tivemos um jantar agradável. Vivian e eu nos sentamos em
ambos os lado de Galina e Vivi estava pronta para traduzir sempre que
necessário.

—A sua loja de roupas é conhecida? — Galina empurrou a colher


através do cremoso creme salpicado com pedacinhos de açafrão.

Considerando que ambas trabalhavam no mesmo campo, eu como


uma designer e ela como costureira, não fiquei surpresa pela pergunta
sobre algo que ambas pudessem entender. Com sorte, talvez até
pudéssemos nos aproximar por causa disso.

—Sim, senhora. Temos um mínimo de quatro consultores de noiva


todos os dias. Eles têm de seis a oito agendamentos cada. Nós vendemos
pouco mais de seis mil vestidos no ano passado.

—Seis mil! - a mãe de Sergei parecia atordoada. —Tantos?

—A loja de Bianca é uma das melhores do Texas - Vivian a


interrompeu. — Sua mãe construiu o negócio e Bianca assumiu quando
ela teve um derrame.

—Sua mãe está melhor agora?

Eu balancei a cabeça.

—Sim. Ela está bem agora.

—Isso é bom.

—Você sabe... - acrescentou Vivian habilmente. —Bianca projetou o


meu vestido de noiva. Ela também desenhou o de Erin. Você vai conhecê-
la amanhã. Ela é a esposa de Ivan - Vivian tirou o celular do bolso e
começou a deslizar através de fotos. —Está vendo? Esse é o casamento de
Erin e Ivan. Ela estava uma noiva bonita, não estava?

—Muito - Galina concordou.

Vivian sorriu.

—O vestido era perfeito, todo em rendas, oscilante e feminino.

Galina virou-se para mim.

—Você foi à escola para isso?


—Fui. Em Nova Iorque.

—Eu gosto dessa... - Galina parecia estar pensando em uma palavra


que ela não conseguia encontrar.

Ela falou uma frase para Vivian que prontamente respondeu:

—Silhueta.

—Sim, eu gosto dessa silhueta - ela pegou o telefone de Vivian e


segurou mais perto para eu inspecionar. —Você projeta muitos como
este?

—Talvez um terço dos meus projetos seja assim. Eles ficam bem em
todo mundo e eles são mais leves e mais confortáveis para aqueles
casamentos quentes no verão do Texas. Eu estou fazendo mais tipo
sereias este ano. —Eu fiz a forma da saia com as minhas mãos. —Elas são
muito populares, especialmente com bordados e rendas.

Galina fez um som concordando.

—Sim, mas é difícil para as meninas com quadris. —Ela desenhou


uma ampulheta no ar. Eu não perdi a forma como seu olhar se desviou
para minha própria cintura grossa e minha barriga. —Plissados e dobras,
isso ajuda.

—Oh, eu tenho um pouco de experiência em esconder curvas com


pregas - eu disse com uma risada. — Eu dominei esse truque na escola.

Ela sorriu para mim antes de olhar de volta para o telefone. Vivian
tinha colocado fotos de seu próprio casamento. Galina as estudou. Ela
murmurou docemente para Vivian, sem dúvida elogiando sua beleza. De
repente, ela virou-se para mim com uma expressão genuína e elogiou o
meu trabalho.

—Você é muito talentosa, Bianca.

Do outro lado da mesa, Sergei piscou para mim. Nós


compartilhamos um sorriso privado. Ele me encheu de esperança. Ela
ainda poderia aprender a gostar de mim.

O jantar terminou com uma nota feliz, e eu desci as escadas até o


lobby para ver Vivian entrar no carro particular que Yuri tinha enviado
para ela. A viagem de volta para a nossa suíte levou mais tempo do que eu
esperava. Os elevadores estavam cheios, mas eu estava com pressa.
Depois de comer uma refeição pesada, meu estômago não estava muito
bom, e eu temia que o calor e os aromas de outras pessoas perturbassem
minha barriga. Era mais seguro para todo mundo se eu me segurasse até
chegar lá em cima.

Quando consegui entrar no elevador, apertei o botão para o meu


andar. O passeio foi rápido. Quando cheguei à porta de nossa suíte, ouvi
vozes alteradas. Com meu cartão pronto para abrir a fechadura, eu
segurei minha respiração e ouvi atentamente. Eu não podia entender uma
palavra do que era dito, mas eu facilmente distingui a voz de Sergei e de
sua mãe. Eles estavam discutindo sobre alguma coisa.

Sobre mim. Tinha que ser sobre mim. Não havia outra razão para
isso. Me afastando da porta, eu dei três passos, vire e bati no peito de
Ivan. Cubos de gelo do seu copo caíram sobre o tapete debaixo dos nossos
pés.

—Hey! — Ele disse suavemente e me equilibrou com sua grande


mão. —Está tudo bem?

—Eu estou bem.

—Você tem certeza? — Ele chutou para o lado os cubos de gelo


para que eu não tropeçasse neles. —Você bateu em mim bastante forte.
— Seu olhar caiu para o meu estômago.

Será que ele sabe sobre o bebê? —Eu realmente estou bem.

Atrás de mim, as vozes irritadas ficaram mais altas. A expressão de


Ivan ficou sombria. Ele colocou a mão na parte inferior das minhas costas
e pediu para eu ir em frente.

—Vem. Eu tenho certeza de que Erin gostaria de alguma companhia


enquanto ela observa a realidade da moda que ela tanto ama.

Nem um pouco surpresa com sua bondade ou o seu desejo de me


proteger, eu o deixei me levar para longe da cena na suíte que eu
simplesmente não tinha estômago para ouvir.

E, no entanto... Eu tinha que saber.

—Ivan?
Ele olhou para mim.

—Não pergunte, querida.

—Eu estou pedindo. Eu quero saber.

Ele não respondeu, até que tínhamos passados mais duas portas.

—Não é você, Bianca. São as velhas ideias. Ela gosta de você.

—Mas?

—Mas ela não quer que ele se case com você - ele hesitou
novamente, e eu podia ouvir seus dentes rangendo. —Seria embaraçoso
para ela explicar aos seus amigos.

O ar fugiu de meus pulmões. A dor agarrou meu coração. A mão de


Ivan saiu das minhas costas e foi para o meu quadril. Ele deu um gentil e
amigável aperto.

—Não deixe isso incomodá-la. Não agora. Não quando... - ele olhou
para o meu estômago novamente. —Não importa para Sergei. Você
entende? Ele te ama. Isso é tudo o que importa agora.

—Eu sei que ele me ama, mas eu também sei que a família significa
muito para ele. Como pedir para ele escolher entre nós?

—Você não vai - Ivan me pressionou me encaminhando em direção


à suíte que ele dividia com Erin. —Ele pode ter os dois. Não vai ser fácil
para ele, mas coisas que valem a pena raramente são.

Chegamos a sua suíte, ele pegou a chave do bolso de sua calça. Ele
abriu a porta e me levou para dentro.

—Erin, olha o que eu trouxe para você.

Ela sorriu para mim do sofá onde estava enrolada em seus pijamas.

—Bianca! Vem sentar - ela deu um tapinha no espaço ao lado dela.


—Você pode me ajudar a zombar destas saias horríveis que eles
projetaram.

Tirei meus sapatos e me juntei a ela. Ivan trouxe a Erin uma taça de
champanhe rosa, o favorito dela como eu bem sabia, mas ele trouxe-me
uma xícara de chá quente. Ele se sentou no canto próximo a Erin e tomou
um gole do champanhe preferido de sua esposa. Como um coelho, ele
mexeu o nariz quando o espumante borbulhou em sua boca. Eu quase ri
da visão do grande e assustador Ivan bebendo champanhe rosa.

O show estava quase no fim quando houve uma batida forte na


porta. A essa altura, Erin já havia tomado duas taças, mas Ivan a muito
havia deixado de lado a sua primeira. Ele atendeu a porta, eu endureci
com o som da voz de Sergei.

Ele arrastou Ivan pela suíte e me lançou um olhar de absoluta


consternação.

—Você não voltou. Eu estava preocupado.

—Desculpa. Eu encontrei Ivan, e ele me convidou para visitar Erin.

—Gostaria de uma bebida? - Erin apontou para o bar. —Eu prometi


a Ivan um filme de ação depois do show. Você é bem-vindo para se juntar
a nós.

—Não, obrigado. Minha família está me esperando.

—Oh! Certo. —Erin olhou para mim com confusão. Tudo o que ela
viu no meu rosto, fez uma carranca aparecer ligeiramente no seu. Amanhã
ela, sem dúvida, tiraria a verdade de mim.

Deixando de lado a minha xícara de chá, me levantei do sofá e


coloquei de volta meus sapatos.

—Vivian mandou uma mensagem para você?

—Sobre quinta-feira? - ela assentiu com a cabeça. —Parece


divertido. Será a que o irmão e a mãe de Sergei se juntarão a nós?

—Não - eu disse suavemente, certa de que o inferno iria congelar


antes que ela concordasse em ser vista comigo em público.

—Ah, bem...

Eu balancei um pouco a minha cabeça.

—Eu vou sair amanhã. Dê uma ligada se você quiser ir.

—Claro.
Eu dei um tapinha no braço de Ivan enquanto passava por ele.

—Boa noite.

—Boa noite, Bianca.

Sergei agarrou minha mão, seus dedos estavam quentes e suaves ao


redor da minha. Quando estávamos no corredor, sozinhos, ele
gentilmente me pressionou contra a parede. Ele me prendeu com seu
corpo enorme, plantando as mãos em cada lado da minha cabeça, e olhou
fixamente nos meus olhos. Por um longo momento, nós não dissemos
nada.

Quando ele falou, foi com paixão.

—Eu te amo, Bianca.

Eu coloquei minhas mãos em seu peito e fiquei na ponta dos pés


para pressionar meus lábios nos dele.

—Eu também te amo.

Ele acariciou meu rosto.

—Seja lá o que você ouviu, não significa nada. Ela virá por livre e
espontânea vontade.

Engoli em seco, nervosa.

—Você contou a ela sobre o bebê?

Sua mandíbula estava visivelmente cerrada.

—Eu contei.

—E? — Eu mal pude dizer a palavra.

—Ela nos os parabéns.

Eu achei difícil de acreditar.

—Mas?

—Mas nada, Bianca. Ela está feliz por nós. Ela está feliz com o bebê.
Ele estava mentindo para mim, mas eu não podia estar zangada
com ele. Eu sabia por que ele estava fazendo isso. De certa forma, eu o
amava mais por tentar poupar meus sentimentos.

—Vamos para a cama. Foi um longo dia. Tenho certeza de que você
está cansada.

—Eu estou.

Ele me puxou para ele e me levou de volta para o nosso quarto.


Meu batimento cardíaco acelerou quando nós entramos em nossa suíte,
mas abrandou quando percebi que a sala principal estava vazia. Não
querendo ser uma estranha, depois da discussão entre mãe e filho, eu me
apressei para sair da sala de estar. Uma vez dentro do nosso quarto, eu
trabalhei rápido ao remover minha maquiagem, escovar os dentes e
colocar uma camisola. Sergei se juntou a mim não muito tempo depois e
deitou na cama atrás de mim.

Não surpreendentemente, ele se enrolou contra as minhas costas e


pressionou amorosos beijos ao longo do meu pescoço e bochecha. Ele me
abraçou com seus braços fortes e passou as mãos ao longo das minhas
curvas. Embora eu gostasse do calor de seu toque e sentisse os primeiros
sinais de profunda necessidade dentro do meu coração, eu sabia que não
seria capaz de relaxar com a família toda na suíte do hotel. Pensar na
discussão que ele teve com sua mãe ajudou a esfriar meu ardor.

Virando-me para dar um tapinha em seu quadril, eu sussurrei:

—Não esta noite.

—Não esta noite.

Sergei congelou com o choque. Foi a primeira vez em que Bianca


tinha lhe negado. Ele não estava com raiva ou chateado, mas atordoado.
Ele tentou convencer a si mesmo que era fadiga de sua gravidez, mas ele
sabia o que era. Ele suspeitava que Ivan tivesse ouvido sua briga com sua
mãe e dito a Bianca um pouco do que ouviu. Ivan não teria dito as piores
partes. Ele era muito gentil com as mulheres para fazê-la chorar ou
perturbá-la, mas ele teria sido sincero com Bianca.

—Sinto muito.

Sua voz era fraca e baixa na escuridão do seu quarto. Segurando-a


mais perto, ele esfregou o nariz em seu pescoço e mordeu suavemente
sobre esse ponto o que fez ela gemer. Seus dentes deram mordidinhas na
área sensível antes de sugar duramente. Ela estremeceu em seus braços e
fez um som suspirando de prazer. Ele passou a língua sobre o local que ele
tinha brincado e beijou o lóbulo de sua orelha.

—Nunca peça desculpas por dizer não. Eu não deveria ser tão
exigente com você, especialmente agora.

—Eu gosto quando você está exigindo - ela admitiu. —Eu gosto de
saber que você me quer.

—Eu quero você. O tempo todo - ele acrescentou com uma risada
silenciosa. —Só de pensar em sua boca macia ou nesta sua bunda
perfeita... - ele apertou a bunda gorda. —Me deixa duro - ele salpicou
beijos ruidosos em sua bochecha. —Mas eu não sou um homem das
cavernas. Eu posso esperar.

Ela rolou em seus braços e enterrou o rosto entre seu pescoço e


ombro. Segurando forte como se temesse que ele pudesse desaparecer,
Bianca correu os dedos pelo seu cabelo. Por dentro, ele estava todo
torcido com a frustração e decepção. Não com Bianca. Nunca com Bianca.
Nesta confusão, ela era totalmente inocente.

Acariciando suas costas e cabelo, ele a segurou enquanto ela


adormecia. Dar a notícia para sua mãe que ele planejava se casar com
Bianca e muito em breve, tinha ido tão bem quanto ele tinha esperado.
Ela gostou de Bianca e a respeitava como uma empresária e uma designer.
Ele suspeitava que a sua mãe fosse mais grata do que palavras poderiam
descrever pela maneira como Bianca tinha o salvado e o libertado.

Mas o tabu de cruzar essa linha de se casar com ela não era o que
uma mãe poderia aceitar tão facilmente. Com o tempo, ela viria a amar
Bianca tanto quanto ele amava. Disso Sergei estava certo. Até então? Ele
tinha que manter a paz entre as duas mulheres de sua vida que
significavam tudo para ele.

Por conta disso ele tinha sido muito claro com a sua mãe. Ele não
permitiria que ela desrespeitasse Bianca ou mostrasse sua indelicadeza.
Depois de tudo o que ela tinha feito por ele e pelo amor que ela lhe havia
presenteado, Bianca merecia ser tratada como uma rainha.

Sua mão se moveu de seu quadril para sua barriga. Logo seria
redonda e pesada com seu bebê. Ninguém seria permitido perturbá-la.
Ninguém.

De olhos fechados, Sergei respirou fundo e abraçou Bianca mais


forte. Não querendo pensar sobre a discussão, ele pensou sobre as
garotinhas lindas que ele tinha visto correndo ao redor do lobby do hotel.
Em sua mente, ele desejou uma criança que fosse tudo o que amava em
Bianca e o que gostava em si mesmo. A imagem que ele criou acalmou a
sua irritação que agarrava sua garganta. Aquele rosto sorridente valia a
pena por todos estes problemas.

Capítulo Seis

—Você está maravilhosa! —Sergei disse com admiração quando eu


saí do nosso quarto na sexta-feira à noite.

Eu tinha escolhido um vestido de cocktail da mais profunda sombra


de safira azul. O projeto tinha um ligeiro efeito envolvente com uma prega
dobrada que ficava à esquerda do meu quadril. Isso acentuava a curva da
minha cintura enquanto suavizava meus quadris largos. Não era possível
colocar minhas roupas coladas com meu corpo agora, mas a estrutura do
vestido e o tecido não-aderente deslizavam sobre a minha lingerie.

Sergei odiava aqueles modeladores de corpo em lycra de qualquer


maneira. Ele sempre rosnava, quando descobria que os usava sob minha
roupa. Para ele, eram pura blasfêmia. Se tivesse oportunidade, ele
provavelmente jogaria todos eles no lixo. Ele simplesmente não entendia
que, por vezes, uma menina precisava de algum tecido de suporte.

—Obrigada - eu segurava o colar que queria usar. —Você pode me


ajudar?

Ele pegou o colar e deu um passo para trás de mim. Eu tinha


colocado meu cabelo para cima hoje à noite então ele tinha muito espaço
para trabalhar. Seus dedos eram surpreendentemente ágeis apesar de seu
tamanho, ele fixou o fecho facilmente. Nunca deixando passar a
oportunidade de me provocar, Sergei deu beijos na linha exposta de meus
ombros e garganta. Ele inalou lentamente e soltou um gemido.

—Você tem um cheiro bom pra caralho hoje à noite.

Antes que eu pudesse responder, notei um movimento com o canto


do meu olho. Galina tinha entrado na sala de estar a tempo de ver seu
filho se aninhando contra mim. Prendi a respiração e esperei por um olhar
de censura, mas ele nunca veio. Ela sorriu para nós, e parecia sincera.
Apesar da discussão em sua primeira noite em Londres, ela tinha sido
gentil comigo. Ela estava tentando me aceitar então eu ofereci-lhe a
mesma cortesia. Mais cedo naquele dia, tínhamos almoçado com Yuri e
Lena. Tinha ido tudo bem. Nós não éramos melhores amigas, mas com o
tempo, tudo era possível.

Sergei pressionou um beijo na minha testa antes de cruzar o espaço


para falar com sua mãe. Juntei os itens que eu queria colocar na minha
bolsa e os coloquei dentro dela. Vladimir me encontrou pegando uma
garrafa de água no minibar. Ele pegou a garrafa de mim e abriu a tampa
antes de me entregá-la de volta.

—Obrigada, Vladimir. — Bebi o líquido frio e esperei que ele


acalmasse o meu estômago.

—Vova.2 - ele me corrigiu. —Somos amigos, não é?

—Sim. — Eu sorri para o irmão mais novo de Sergei. Com seu senso
de humor e sua profunda gargalhada, ele me lembrava do meu irmão
Perry. Eles não teriam levado muito tempo para se tornarem amigos.

—Aqui - ele me entregou um pequeno pacote de chicletes. —Achei


isso quando fui comprar meias pretas. Vai ajudar.
2
Vova – apelido usado para o nome Vladimir em russo.
Eu olhei para a goma de gengibre e me senti absolutamente tocada
por ele ter pensado em mim.

—Spasibo, Vova.

Ele riu e bateu de brincadeira na minha bochecha.

—Nós teremos você falando em russo num instante.

—Eu não sei nada sobre isso. Eu sou muito ruim.

—Você vai aprender. Você tem uma vida inteira pela frente.

Naquele momento, senti-me verdadeiramente acolhida e aceita por


ele. Toda a vida com Sergei? Eu não posso imaginar nada melhor. Nós
pegamos dois táxis para chegar à galeria de arte. No momento em que
chegamos, a mostra estava começando e em pleno andamento. Nós
entramos e fomos andando pela multidão, tomando o nosso tempo para
nos movermos em torno do perímetro do elegante e iluminado espaço
para apreciar as pinturas de Vivian. Era fácil ver que Vladimir e Sergei
particularmente não compreendiam a mensagem em sua arte, mas eles
estavam gostando mesmo assim.

Galina, por outro lado, parecia profundamente comovida com


algumas das peças. As que estavam mais sóbrias e inquietantes
prenderam sua atenção por mais tempo. Nós acabamos em frente a uma
pintura particular de materiais mistos. Uma mulher hesitava em um
cruzamento de ruas. Um efeito 3-D fez parecer que uma rua principal
terminava em um abismo sombrio, enquanto a outra continuava em
frente. Os edifícios da rua estavam refletidos de cabeça para baixo rumo
ao subterrâneo – O submundo. A mensagem não foi perdida por mim ou
por Galina. A mãe de Sergei exalou lentamente.

—Ela tem muito a dizer.

—Sim, ela tem. — Olhando ao redor, encontrei Nikolai e Vivian


conversando com Niels e um casal que eu não reconheci.

Emocionada e aliviada que seu marido tinha finalmente chegado a


Londres, eu estudei marido e mulher. O braço de Nikolai estava curvado
de forma protetora em volta da cintura dela. Pela primeira vez em
semanas, Vivian sorria de felicidade genuína. Suas lindas joias brilhavam
sob as luzes brilhantes da galeria. O que estava acontecendo por trás de
suas vidas, o casal parecia ter deixado de lado.

—Quem é esse homem? — A voz rouca de Sergei soou no meu


ouvido.

Ao se abaixar para sussurrar, ele compartilhou seu calor do corpo


comigo e discretamente fez um gesto em direção ao canto da galeria. Meu
olhar viajou para o local que ele tinha indicado. Meus olhos se
arregalaram com surpresa quando descobri Erin conversando com um
rosto familiar, mas completamente inesperado.

—É Teague.

—Teague?

—Jackson Teague. Ele é um grande advogado de negócios


internacional do momento. Ele trabalha em uma dessas empresas de alta
classe no centro de Houston. Ele foi para a escola com o meu irmão. Eles
jogaram beisebol juntos. Na verdade, tenho certeza de que Teague
namorou Erin por cerca de um ano, quando eles trabalharam juntos no
Rice.

Sergei endureceu, eu sabia o que ele estava pensando. Nós dois


ficamos tensos quando Ivan teceu o seu caminho através da multidão para
se encontrar com sua esposa e o belo advogado. Erin não estava nem um
pouco interessada em Teague, mas eu podia ler as intenções advocatícias
claramente, mesmo a esta distância. O olhar de desprezo quando Ivan
chegou ao lado de Erin não poderia ser desperdiçado. Quando Teague não
aceitou a mão que Ivan ofereceu, eu comecei a me preocupar.

Quando o advogado se atreveu a beijar Erin na bochecha e


entregar-lhe o seu cartão, eu esperava o pior. Oh céus. Quando Sergei fez
um movimento para intervir, toquei seu braço.

—Não. Ivan não vai fazer uma cena. Veja? Erin está lidando com
isso.

Uma vez que Teague estava fora de vista, Erin rasgou o cartão em
quatro pedaços e enfiou-o dentro de sua taça de champanhe vazia. Sua
mão acariciou delicadamente a parte de trás do pescoço de Ivan. Ele
visivelmente relaxou. Suas testas se tocaram e ela sussurrou
carinhosamente para ele. Apesar de toda a sua confiança e habilidade
como um lutador, estava claro que Ivan ainda alimentava dúvidas sobre
sua capacidade em fazê-la feliz. Ele a amava muito e ela absolutamente
vivia por ele. Uma infância preenchida com negligência e dor não tinham
facilitado para o grande lutador confiar ou acreditar em si mesmo.

Certa de que tudo estava bem lá, eu segurei a mão de Sergei e o


puxei para a pintura seguinte. Deparamos com Yuri ao longo do caminho e
falamos brevemente com ele. Lena estava em modo total de relações
públicas esta noite. Em um prático vestido preto e joias de ouro, ela
manteve o controle sobre o evento, habilmente guiando os jornalistas e
interceptando os que ela considerava problemáticos. Eu não sei como ela
conseguia se mover tão rapidamente e graciosamente nesses seus saltos
altos.

O olhar de Lena se estreitou quando uma mulher loira se aproximou


de Vivian. Algo sobre a mulher pareceu alertar o radar interno de Lena. Ela
entrou na frente da mulher antes que ela pudesse alcançar Vivian e
Nikolai que estavam de costas, enquanto conversavam com a mãe e o
irmão de Sergei. Eu assisti com diversão e com um toque de temor
quando Lena arqueou uma sobrancelha e balançou a cabeça. Ela entrou
no espaço pessoal da mulher. Tudo o que ela disse atingiu a sua marca.
Com o rosto vermelho e os lábios franzidos, a mulher girou nos
calcanhares e deixou a galeria.

Quando olhei para Sergei para perguntar se ele a reconhecia, eu vi o


brilho de pânico em seus olhos.

—Quem é ela?

Sergei pôs a mão entre as minhas omoplatas e me guiou para a


pintura seguinte.

—Ela não é importante.

—Sergei - eu parei de andar e olhei para ele. —Quem. É. Ela?

Ele passou a língua contra o interior de seu lábio inferior.


Relutantemente, ele me respondeu.

—Ela é a mulher que Nikolai estava prometido para se casar.

Meu estômago caiu.

—O quê?
—Ele nunca... Isso foi muito antes de Vivian começar a trabalhar no
Samovar e as coisas começarem a ficar interessantes entre eles. Nikolai
nunca amou aquela mulher e ela não podia suportá-lo. Era tudo arranjado
entre seu pai e o chefão de Moscou. Ela veio para Houston para a escola
de pós-graduação. Eles deveriam se aproximar...

—Mas?

Sergei passou os braços em volta dos meus ombros e me ajudou a


desviar de outro casal.

—Mas ela se apaixonou por alguém e Nikolai a ajudou a escapar.

—Escapar? De quem?

—De Houston e de seu pai - disse ele. —Eu não sei para onde. Eu
nem sabia que ela estava de volta.

—Você acha que Lena sabe? Porque ela a botou para fora.

—Tenho certeza de que ela sabe.

—Yuri?

—Provavelmente - balançando a cabeça, Sergei respirou


profundamente. —Mas não mais do que isso. Eu quero falar sobre nós.

—Nós?

—Sim. — Ele enfiou a mão no bolso de dentro do seu paletó e


pegou uma chave que ele usou para abrir uma porta oculta atrás de uma
coluna e vasos de plantas.

Surpresa, eu, no entanto, o segui para dentro do quarto dos fundos


da galeria. Ele levou-me por outra porta que se abria para uma pequena
escada que nos levava para o terraço.

—O que está acontecendo aqui?

—Estava quente lá dentro. Eu pensei que você gostaria de um


pouco de ar e a vista é linda.

Era uma explicação completamente inocente, mas eu me perguntei


se era isso mesmo. Ele segurou o meu cotovelo e gentilmente me guiou
através do terraço. A galeria devia ter lugares para hospedagem aqui em
cima, porque o espaço estava completamente enfeitado com mobiliário
para exteriores e luzes cintilantes amarradas para iluminar as áreas de
estar.

Ele estava certo. A vista da cidade era linda aqui de cima. Não era
minha primeira viagem a Londres. Eu tinha vindo quando era adolescente
com Mama e Perry. Naquela época, nós tínhamos feito todas as coisas
turísticas que os americanos esperam fazer. Desta vez, eu tinha tentado
encontrar lugares novos e interessantes para visitar com Sergei. Este
terraço definitivamente se encaixava nessa descrição.

Sergei colocou a mão na minha parte superior das costas e esfregou


um círculo lento. Em pé atrás de mim, ele compartilhou todo calor de seu
corpo comigo. O cheiro de sua loção pós-barba e sua colônia enchiam o ar.
Meu corpo vibrava com prazer porque eu sabia que iria acordar amanhã
de manhã com esse cheiro agarrado a minha pele.

—Eu nunca estive mais feliz do que estou com você.

Eu sorri e cheguei a dar um tapinha na mão que ele tinha colocado


no meu ombro.

—Eu me sinto da mesma maneira.

—Eu vou fazer de tudo para fazê-la feliz, Bianca. Qualquer coisa que
você quiser, eu vou encontrar uma maneira de torná-la sua.

Virando-me aos poucos, eu envolvi meus braços ao redor de sua


cintura e olhei para ele, esperando que ele pudesse ver a profundidade de
meu amor refletido em meus olhos.

—Eu não preciso de mais nada, só você.

Ele ergueu a mão esquerda.

—Nem mesmo isso?

Eu pisquei duas vezes. Isso é...? Eu olhei para ele e vi a esperança


irradiada em sua expressão. O meu olhar se voltou para o anel de noivado
lindo em seu dedo mindinho. O diamante redondo brilhava em um
cenário rodeado por dezenas de diamantes menores igualmente perfeitos.
A platina brilhava sob as luzes cintilantes.

—Sergei!
—Isso está meio de trás pra frente, eu sei - ele parecia apologético.
—Eu deveria pedir-lhe para se casar comigo antes de fazermos um bebê,
mas eu preciso que você saiba que eu teria perguntado mesmo se não
estivéssemos prestes a nos tornar pais. É você quem eu quero, Bianca. Era
você, desde a primeira vez em que a vi com Vivian - ele segurou meu rosto
com as mãos. —Você me deu de volta a minha vida, Bianca. Você me fez
um homem livre. Compartilhe minha vida comigo? Ande ao meu lado
daqui até o fim?

Um soluço escapou da minha garganta. Sua eloquente e sincera


proposta era exatamente o que eu esperaria dele. Ele sabia como romper
minhas paredes e chegar a mim de uma forma que ninguém mais jamais
poderia. Em apenas algumas frases, ele tinha me garantido que não estava
me pedindo para ser sua esposa por obrigação. Ele estava me propondo
por que ele me amava e queria construir uma vida comigo.

—Sim - eu coloquei minhas mãos sobre a dele. —Eu quero


compartilhar minha vida com você.

Sorrindo, Sergei gentilmente segurou minha mão esquerda e


deslizou o anel de noivado no lugar. Quando ele deslizou o anel sem
esforço no meu dedo, eu dei um olhar mais atento e instantaneamente
reconheci o artesanato e os elementos de design como de Zoya. A
designer de joias e gemóloga tinha um certo padrão quando se tratava de
seu trabalho, que era inconfundível.

Sergei levantou minha mão e beijou o meu anel de noivado. Com


um sorriso provocativo no rosto bonito, ele disse:

—Eu prometo que nunca vou parar de chutar portas por você.

—Não são muitas mulheres que podem dizer que se apaixonaram


por seu futuro marido quando ele chutou a porta para salvá-la de uma
cortina de chuveiro - eu respondi com um sorriso.

—Eu faria isso de novo - ele se abaixou e finalmente me beijou. —E


mais uma vez - ele beijou minha bochecha esquerda. — E mais uma vez. -
seus lábios tocaram o lado direito do meu rosto. —Não há nada que eu
não faça para te salvar, Bianca.

Ele quis dizer cada palavra que ele disse. A cortina de chuveiro, os
loucos racistas, não havia nada que ele não faria para me manter segura.
—Eu te amo, Sergei.

Ele me abraçou com seus braços poderosos.

—Eu amo você, Bianca. Sempre. —Ele beijou o topo da minha


cabeça. —Para sempre.

Nossas bocas se encontraram em uma apaixonada explosão. Sergei


andou para trás para o sofá mais próximo e se afundou nele. Ele me
arrastou para o seu colo, agarrou minha bunda e me forçou a me
escarranchar nele. Minha saia era muito apertada, mas ele empurrou-a
em torno de meus quadris e arreganhou minhas calcinhas rendadas para o
ar da noite.

Eu engasguei contra sua boca.

—Nós não podemos Sergei!

—Por que não? - ele já estava puxando minha calcinha para baixo
dos meus quadris. —Estamos aqui fora. Está escuro. A porta está
trancada. Ninguém vai nos encontrar.

—Mas... Oh! - eu gemi quando seu dedo mergulhou na minha


fenda. —E se alguém do outro prédio nos vir?

—Então eles nos verão - respondeu ele com calma.

—Sergei...

Ele silenciou meu protesto com um beijo que me deixou tonta e me


agarrando a ele. Calor reuniu entre as minhas coxas, e meus peitos doíam
para serem acariciados. Eu aceitei que estava prestes a adicionar uma
nova experiência na minha lista que nunca tinha esperado colocar.

—Cuidado com o meu cabelo - eu implorei entre beijos. —Todo


mundo vai saber o que fizemos no terraço, se eu descer com o meu cabelo
bagunçado.

—Vou tentar.

Limitado por causa do nosso restrito vestuário, Sergei se deslocou


sob mim e me arrastou até a espreguiçadeira no canto do terraço. Ele me
puxou para cima de seus joelhos e passou a mão sobre a minha bunda
gorda. Seus dedos se moveram para a minha buceta, ele me sondou
delicadamente. Já estava pingando por ele.

Gemendo, eu empurrei de volta contra seus dedos.

—Sergei. Agora.

Meu pedido saiu como um gemido sem fôlego. Ele rapidamente


baixou o zíper e libertou sua ereção. Ele traçou minhas dobras com a
ponta do seu pênis e gentilmente acariciou minhas costas.

—Eu juro que vou te amar mais doce do que isso quando voltarmos
para o hotel. Eu vou fazer amor com você até o nascer do sol, se é isso que
você quer.

E então ele estava dentro de mim. Embainhando-me com um


impulso áspero, ele me empalou da sua maneira extraordinária. Grosso e
longo, ele me encheu e lembrou do que um homem como ele era capaz.
Mesmo nesta posição, Sergei encontrou uma maneira de fazer o nosso
acoplamento. Ele se inclinou sobre mim e deu beijos amorosos no meu
pescoço e bochecha. Segurando seus braços, balancei encontrando seus
impulsos e encorajando-o com os meus suspiros e gemidos. Sergei
agarrou meu pulso e moveu minha mão entre minhas pernas. Quando me
toquei, eu sabia que não demoraria muito tempo. Eu estava mesmo à
beira do clímax.

Espremendo minhas paredes internas, eu ganhei um grunhido de


apreciação de Sergei.

—Eu não posso... —Ele ofegava com um senso de urgência. —Deus!


Deus!

Pela primeira vez, ele gozou em primeiro lugar, a sua semente


quente me inundou enquanto ele estremecia. Sabendo que eu tinha feito
isso me fez sorrir. Fechando os olhos, eu esfreguei meu clitóris um pouco
mais rápido e me concentrei na sensação do eixo de Sergei enterrado
dentro de mim.

—Oh! Oh! Ohhh!

Ele agarrou meus quadris e bateu contra mim, enquanto eu gozava.


Tremendo e moles, caímos de frente para as almofadas da
espreguiçadeira. Nós não poderíamos ficar assim para sempre. Havia uma
festa no térreo, que em breve iria terminar. Mas quando Sergei entrelaçou
nossos dedos, eu pisquei as lágrimas enquanto olhava para o belo anel
que ele tinha me dado. De repente, eu não conseguia pensar em uma
única razão pela qual precisávamos correr de volta para o mundo real.

Capítulo Sete

Sentada na cama, na noite de sábado, esbocei algumas ideias para


um vestido de casamento no bloquinho que eu carregava em todos os
lugares. Meu lápis deslizou sobre o papel. Canhota, eu parava para
admirar o anel de noivado brilhando no meu dedo. As memórias da noite
passada me deixaram tonta. Eu levantei a mão para admirar o brilho dos
diamantes.

Sorrindo como uma tola, voltei para os esboços. Eu tinha um


corpete em mente para meu vestido, mas era a saia que me preocupava.
Eu não sabia quando seria o casamento. Se fosse no meu segundo
trimestre, as minhas opções seriam severamente limitadas. Nenhuma
quantidade de plissados, pregas, dobras ou organzas conseguiriam
esconder a barriga grande que eu teria até então.

—Bianca? — Galina colocou a cabeça na porta aberta. —Será que


você gostaria de jantar?

Sergei e Vladimir tinham saído para uma noite em um Pub. Eu não


tinha ficado muito feliz com a ideia de passar uma noite a sós com a minha
futura sogra. O sentimento parecia mútuo. Ela tinha desaparecido em seu
quarto no momento em que seus filhos tinham saído. Não querendo me
forçar para cima dela, eu tinha procurado refúgio aqui para esboçar e
pensar. Agora, ela estava fazendo um esforço, e eu entendia como era
difícil para ela.

Eu sorri.
—Eu gostaria muito. O restaurante no andar de baixo parece ser
muito bom. Você gostaria de tentar?

—Sim. Isso soa bem - ela entrou no quarto e fez um gesto em


direção ao meu bloco de notas. —Posso?

—Claro - eu o entreguei a ela.

—Deixe-me ir ao banheiro e trocar essas calças de ioga por algo um


pouco melhor.

Ela acenou com a mão.

—Por favor. Eu estou feliz em esperar.

Levantei devagar, mas uma onda de náuseas e tonturas ainda me


atingiu. Irritada com essa doença matinal, eu cuidadosamente fui para o
banheiro e fechei a porta. Eu vinha sentindo algumas pontadas ao longo
da minha lateral e costas toda a tarde e à noite. Depois de colocar para
fora o meu almoço, chás e biscoitos que tentei comer algumas horas mais
tarde, eu achei que as dores pudessem ser por excesso de força que fiz
com os músculos. Nem mesmo a goma de gengibre e os doces estavam
mantendo o enjoo controlado agora.

Quando escolhi um vestido, percebi que tinha que fazer xixi


novamente. Eu não podia acreditar em quanto tempo eu estava passando
no banheiro das senhoras nos dias de hoje. Se eu não estivesse doente, eu
teria uma bexiga latejante. Estremeci ao pensar no que seria quando
estivesse de nove meses e este bebê estivesse pulando para cima e para
baixo aqui dentro. Eu teria que mover o meu escritório para uma dessas
cabines de banheiro se quisesse conseguir fazer alguma coisa!

Quando me sentei, olhei para a minha calcinha e engasguei. Sangue


vermelho vivo ensopava o algodão azul pálido. Atordoada e horrorizada,
peguei papel higiénico e apressadamente verifiquei para ver se eu ainda
estava sangrando.

A evidência fez meu coração acelerar.

—Não! Não! Não!

Apressadamente limpei, peguei uma calcinha limpa e encontrei um


absorvente nas minhas coisas de higiene pessoal. Minhas mãos estavam
tremendo e meu estômago embrulhou dolorosamente enquanto eu não
tentava imaginar o pior. Mas esse sangue! Todo esse sangue.

—Bianca? - Galina bateu na porta. —Você está bem?

Eu queria Sergei. Eu precisava de Sergei, mas ele não estava aqui.


Sua mãe, a mulher que havia implorado para ele não se casar comigo, era
a única disponível para me ajudar. A ironia não me escapou nem mesmo
no meu estado de pânico.

—Bianca? - ela bateu mais forte. —O que está errado?

Tremendo e à beira de lágrimas, eu abri a porta. A testa de Galina


estava franzida com preocupação. Ela tocou meu braço, e eu chorei
lamentavelmente.

—Eu estou sangrando.

Choque estampou em seu rosto. Um segundo depois, ela acalmou


suas feições e segurou minha mão.

—Está tudo bem. Muitas mulheres sangram. Vamos para o hospital.


Tudo vai ficar bem. Sim?

Eu fracamente balancei minha cabeça, mas não acreditei nela.


Muito sangue só podia significar uma coisa. Minha mão foi para minha
barriga e lágrimas frescas escorreram pelo meu rosto.

—Shhh... - Galina me abraçou e esfregou minhas costas. —O bebê


está bem. Você vai ver.

Como se eu fosse uma criança, ela pegou a minha mão e me guiou


pelo quarto do hotel, recolhendo minha bolsa e, em seguida, a dela.
Saímos do quarto e fomos para os elevadores.

Uma vez lá dentro, ela apertou minha mão.

—Quando eu estava grávida de Vovachka, eu sangrei todos os dias


durante três semanas. Ele foi bebê saudável. Um grande bebê - ela
acrescentou com um sorriso tranquilizador. —Exatamente como Sergei.

Eu me agarrei à mão dela e às suas palavras. Por favor, por favor,


deixe o meu bebê ficar bem.
Tudo se tornou um borrão depois disso. Como uma mãe urso,
Galina assumiu o controle. Ela chamou um táxi e deu-lhe direções para
nos levar para a sala de emergência mais próxima. Ela ainda fez questão
de me lembrar de apertar o cinto de segurança. No meu estado
atordoado, nem tinha notado que tinha esquecido.

Logo, nós estávamos na sala de espera do hospital. Minha mão


tremia enquanto eu preenchia os formulários. Eu queria gritar à medida
que os minutos passavam no relógio montado na parede em frente a nós.
Por que não me chamam? Por que está demorando tanto? Meu bebê!
Deus, meu bebê...

Finalmente, uma enfermeira chamou meu nome. Eu segurei a mão


de Galina.

—Vem comigo?

Ela tocou meu rosto.

—Deixe-os tentar me impedir.

—Então o que você vai fazer sobre a empresa de construção civil e a


oferta para trabalhar na academia? —Vladimir tomou o restante de sua
cerveja e arrastou a língua pelos lábios para reunir a espuma agarrada à
sua pele.

Girando em seu banco, Sergei respondeu ao irmão honestamente.

—Eu gosto de trabalhar com Ivan, mas o chefe estava certo. Tenho
que pensar a longo prazo, especialmente agora com o bebê. Eu conversei
com Ivan sobre isso e ele compreendeu as minhas preocupações. Eu estou
no ginásio para treinar todas as manhãs, de qualquer maneira, então eu
faço parcerias com os lutadores no circuito subterrâneo para colocá-los
em forma. Ele também me pediu para entrar em um treino rotativo com
alguns de seus lutadores. Eu posso não ter qualquer cinto oficial de
campeonato, mas sei de coisas que você não pode aprender em uma luta
autorizada.

—Então, tempo parcial no ginásio e tempo integral na construção? -


Vladimir fez uma careta. —Isso é um monte de horas, Sergei.

—Eu tenho que trabalhar mais. A empresa de construção civil é um


monte de trabalho de escritório. É desgastante, mas estou aprendendo
com isso. É uma merda de uma brisa em comparação a balançar um
martelo - ele tomou um gole de cerveja. —Bianca não quer receber de
volta o dinheiro que ela gastou para comprar o meu contrato, mas essa é
uma dívida que eu preciso pagar. Desdobrando-me entre o ginásio e a
construção é a maneira mais rápida de fazer isso.

Vladimir bateu os dedos na mesa.

—Eu só a conheço há alguns dias, mas não acho que ela vai aceitar o
dinheiro de você.

—Ela não vai. É por isso que eu vou colocá-lo em fundos mútuos
para os nossos filhos.

—Os fundos de investimento? Quando é que você tornou-se um


investidor?

—Eu escutei e vi. O patrão aprendeu com Yuri e eu aprendi com o


chefe. Vinte mil investidos agora e crescendo lentamente é melhor do que
alguns métodos para ficar rico rápido. Eu tenho que pensar no futuro dos
meus filhos. Eles vão querer ir para a faculdade, se casar e comprar casas.

Seu irmão sorriu.

—Crianças? Você já está planejando ter mais?

—Nós tivemos um presente, mesmo sem tentar - ele riu quando


uma onda de orgulho masculino o balançou. —Eu tenho a sensação de
que a casa de cinco quartos de Bianca pode precisar de uma adição antes
do que imaginamos.

Vladimir riu e balançou a cabeça.


—Eu não posso acreditar que você vai ser pai. Eu vou ser tio de
novo.

Ambos se lembraram dos sobrinhos pequenos que haviam perdido.


A estupidez de seu irmão mais velho tinha levado muito da família. Era
bom ter algo para comemorar.

—Então, e o casamento?

A boca de Sergei se contraiu com tristeza.

—Eu gostaria que você pudesse estar lá.

—Talvez nós consigamos -respondeu Vladimir esperançoso. —


Vamos tentar obter vistos de viagem. Pode não ser possível, porque
estamos no meio de um processo de imigração, mas não pode ferir
perguntar para eles.

Sergei começou a questionar Vladimir sobre suas perspectivas de


emprego com a empresa de segurança privada de Dimitri Stepanov,
quando seu irmão franziu a testa e se levantou de seu assento para pegar
seu telefone celular em sua calça.

Ele olhou para a tela antes de responder.

—Ma?

A expressão tensa no rosto do irmão dizia que não era nada bom. Se
inclinando para frente, Sergei desceu do banco e esperou Vladimir dizer
alguma coisa. Ele deslizou seu telefone no bolso e tirou sua carteira. Um
punhado de notas pousou sobre a mesa.

—Nós temos que ir.

—Por quê? - peito de Sergei se apertou. —O que está errado?

A cara séria de Vladimir o assustou.

—Bianca está no hospital. — Ele fez uma pausa. —É o bebê.

Não. Ele silenciosamente repetiu a palavra uma e outra vez


enquanto eles corriam para fora do pub para encontrar um táxi. Seu irmão
fez com que o motorista de táxi soubesse qual hospital eles precisavam ir
antes de subirem no banco de trás. Com as mãos úmidas e um nó no
estômago, Sergei nunca se sentiu tão nervoso ou doente em sua vida. Ele
não tinha estado em pânico, mesmo antes de sua primeira luta na gaiola,
quando ele ainda temia dor e sangue. Agora, tantos anos e adversários
mais tarde, ele nem sequer piscava um olho. A explosão de dor e o flash
acobreado de sangue em sua língua não eram nada para ele.

Com o coração trovejando em sua garganta, Sergei saltou para fora


do táxi antes que ele estivesse totalmente parado. Vladimir ficou para trás
para pagar o taxista, mas foi em seu encalço logo depois. Sua noite de
farra e uma boa cerveja pareciam uma memória distante. Tudo o que ele
podia pensar agora era em Bianca e no bebê.

Seu estômago revirou dolorosamente. Eu deveria ter estado lá. Por


que não era eu com ela? Se o pior acontecesse hoje à noite, Bianca iria
perdoá-lo por não estar lá com ela? Seria ele capaz de perdoar a si
mesmo? Quando ela mais tinha precisado dele, ele estava tomando
cerveja e jogando dardos com o irmão. Ela podia ter-lhe pedido para que
saísse e desfrutasse de sua noite com Vova, mas ela não podia saber que
isso ia acontecer.

A espera na recepção quase o matou. Apenas a mão firme de


Vladimir em seu ombro manteve Sergei de explodir e exigir que alguém
falasse com ele. Finalmente, uma enfermeira apressada e muito ocupada
foi capaz de ajudá-lo. Ele tentou se lembrar de que ela estava tentando
fazer o seu trabalho em uma unidade de emergência no sábado à noite.

Quando ele puxou a cortina que separava Bianca do resto dos


outros cubículos da sala de emergência, ele parou subitamente. Ao chegar
ao lado dela, ela chorou baixinho, enquanto sua mãe segurava uma de
suas mãos e lhe acariciava o cabelo com a outra. A visão de sua mãe e
Bianca dando apoio uma a outra em outra ocasião o agradaria, mas hoje à
noite o assustava.

Era algo muito ruim, se sua mãe tinha deixado de lado todos os seus
preconceitos para confortar Bianca? Sem dizer uma palavra, sua mãe deu
um beijo na testa de Bianca antes de sair de seu lado. Ela se juntou a ele
na cortina e bateu no seu peito. Ela saiu deixando-os sozinhos. Recusando-
se a mostrar a fraqueza que ameaçava paralisá-lo, Sergei caminhou para a
cabeceira de Bianca e assumiu a cadeira que sua mãe tinha desocupado.

Bianca precisava que ele fosse forte por ela e pelo bebê, então ele
engoliu o nó de emoção que entupia sua garganta. Ele entrelaçou seus
dedos e capturou sua boca em um longo beijo. Sua outra mão viajou para
baixo e se estabeleceu em sua barriga. Ele estendeu os dedos pelo seu
estômago.

Apavorado com a resposta, mas desesperado para saber, ele


perguntou em voz baixa:

— E nosso bebê?

—Eu não sei - ela engoliu em voz alta e piscou. Mais lágrimas
derramaram sobre seu belo rosto. Ele as enxugou com o polegar. —Eles
estão esperando por um obstetra para vir me ver - ela agarrou seus dedos
com tanta força que ele pensava que ela poderia quebrá-los. —Estou com
medo.

—Eu estou aqui - ele a beijou novamente, com seus lábios macios,
carnudos. —Aconteça o que acontecer, eu estou aqui.

Um médico e uma enfermeira chegaram logo depois com uma


máquina de ultrassom portátil. Ele segurou a mão de Bianca enquanto ela
falava com o Dr. Jones que a ajudava a abaixar a cabeceira da cama para
fazer o exame. O olhar de Bianca foi para o teto enquanto um lençol era
colocado em suas pernas. Este era um território novo para ele.

Ele não tinha certeza do que deveria fazer. Tudo o que sabia com
certeza era que ele não ia sair do seu lado. Quando o médico segurou a
varinha de ultrassom, Sergei experimentou um momento de surpresa. Ele
tinha assumido que sempre era feito na barriga, mas aparentemente isso
não era verdade. Ele manteve seu olhar fixo no rosto preocupado de
Bianca enquanto o médico fazia o que precisava fazer. Ela ainda segurava
sua mão com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

—Bem, bem, bem... - disse o Dr. Jones com sua voz divertida. —
Tenho a sensação de que você dois não estão esperando por isso.

A atenção de Sergei saltou para o monitor de ultrassom. Ele não


podia entender a imagem preta e branca granulada. A imagem mudou um
pouco quando o médico fez um ajuste e de repente Bianca engasgou. Não
foi dor ou medo que a fez inalar tão drasticamente. Foi choque.

—Aquele é...? Aqueles são...? — Chocada, ela ficou boquiaberta


com o médico e a enfermeira. —Gêmeos?
Sergei quase caiu da cadeira. Isso não era possível. Gêmeos? Não.
Eles iam ter um bebê. Um gordinho e saudável bebê.

Só que agora que ele olhou para o monitor, realmente olhou para o
monitor, ele viu facilmente os dois sacos pretos no centro de um círculo
cinza e branco distorcido. Dentro desses sacos escuros estavam duas
formas de bebês brancas distintas.

Meus bebês.

Seu coração ameaçava explodir quando sentimentos diferentes do


que ele já tinha conhecido explodiram dentro dele. Quando Bianca tinha
mostrado a ele o teste positivo, ele tinha ficado atordoado e
desconcertado, mas também animado. Até agora, quando ele não tinha
visto seus bebês com os seus próprios olhos, não tinha sido
verdadeiramente real. Observar as duas formas minúsculas se moverem
ao redor da tela o deixou quase sem fôlego.

—Os bebês parecem bem - Dr. Jones comentou. —Temos boas e


fortes pulsações em ambos. —A enfermeira usou o mouse em forma de
bola anexado à máquina para ajudar o médico a medir os bebês. —O bebê
A está medindo sete semanas e um dia e o bebê B seis semanas e seis
dias. Isso de acordo com seu último período menstrual. Agora vamos ver...

Bianca estremeceu quando o médico tentou encontrar a fonte da


hemorragia. Sergei acariciou as costas de sua mão e esperou que o médico
se apressasse e parasse de machucá-la.

—Aqui - disse o Dr. Jones e apontou para uma mancha escura na


tela. —Parece que você tem um pequeno hematoma subcoriônico. É
basicamente um coágulo de sangue entre o útero e a placenta.

—É perigoso? - medo estava em sua voz.

—Em geral, não - o médico assegurou a ela. —Este não é muito


grande. Vai provavelmente sumir por conta própria. Quando você chegar
a casa, o seu médico continuará a acompanhá-la até que se dissolva
completamente. Algumas administrações de diluentes de sangue podem
acelerar o processo, mas eu não vejo a necessidade no seu caso.

Sergei finalmente relaxou. A bola de dor e preocupação que tinha


estado latejante em seu intestino aliviou um pouco. Ele acariciou lhe o
cabelo e rosto, enquanto o médico dava as instruções. Era para ela
descansar, ficar bem hidratada e evitar qualquer subida longa ou
exercícios até que ela visse seu obstetra. Dr. Jones olhou para ele quando
entregou a última instrução.

—Ela precisa de descanso pélvico completo, então nada de sexo.

—Isso não é um problema - assegurou Sergei ao médico. Ele abriria


mão de sexo pelo resto de sua vida se isso significasse que seus bebês
estariam bem. De fato, enquanto ele ajudava Bianca a se vestir, ele não
conseguia se livrar da sensação de que isso era sua culpa. O hematoma
era uma contusão. E se ele tivesse feito isso com ela?

Vergonha o atingiu enquanto ele pensava em todas as noites e


manhãs que ele tinha feito amor com ela. Quantas vezes ele tinha sido
muito violento? Muito fundo? Ele tentava ser gentil com ela, mas quando
ela começava a gozar em torno de seu pênis e ele sentia aquelas paredes
de seda de sua buceta agarrando-o, ele lutava para segurar essas
necessidades primitivas. Mais rápido, mais forte, mais fundo. Se ele
tivesse mostrado mais controle e cuidado, isso não teria acontecido. Ele
amaldiçoou o seu pau e ele mesmo por ser tão fraco.

Não mais. Eu não vou machucá-la novamente.

Totalmente vestida e segurando as imagens impressas, Bianca


traçou o dedo nas impressões do ultrassom que a enfermeira tinha dado a
ela. Observando-a olhar com tanto carinho e saudade seus bebês fez o seu
coração inchar.

Ela levantou o rosto com os olhos marejados e felizes.

—Gêmeos, Sergei. Dá para acreditar?

—Não - confessou. Ele esfregou seu lóbulo da orelha entre os dedos


e sorriu para ela. —Estamos muito felizes.

—Muito - ela concordou. Com a respiração instável, ela disse: —Eu


pensei que a preparação para um era assustador, mas dois? Eu nem
sequer sei por onde começar.

—Nós vamos descobrir isso, Bianca. Nós não somos o primeiro casal
a tropeçar nisso. Nós temos as nossas famílias para nos ajudar e nossos
amigos.
—Eu vou ter que começar a importunar Benny por conselho. Você
vai ter que perguntar a Dimitri sobre os melhores assentos de carro e
berços e...

Ele limpou suas lágrimas e a silenciou com um beijo carinhoso.


Conhecendo sua necessidade de planejar tudo até ao mais ínfimo
pormenor, ele murmurou:

— Mais tarde, Bianca. Há tempo de sobra para isso. Hoje à noite, o


que você precisa é descansar.

A enfermeira trouxe a papelada necessária e Bianca assinou no


lugar indicado. Com um braço em suas costas e sua mão em seu quadril,
ele caminhou com ela para fora da sala de emergência e até a área de
espera. Sua mãe e Vladimir estavam acompanhados por Vivian e Nikolai.
Todos os quatro estavam tensos e claramente manifestavam sua
preocupação em seus rostos.

A visão de Bianca caminhando em direção a eles pareceu colocá-los


todos à vontade. Vivian estava em pé em primeiro lugar e abraçou Bianca.

—Eu liguei para o seu telefone e a mãe de Sergei respondeu. Ela me


disse o que tinha acontecido. Viemos o mais rápido possível.

Mesmo que Vivian tivesse ficado ferida por Bianca não ter contado
seu segredo, ela não mostrou. Suspeitava que Vivian tivesse se sentido
culpada por manter seu segredo dela também.

Se afastando, ela manteve as mãos sobre os ombros de Bianca.

—Você está bem?

Balançando a cabeça, Bianca fez questão de falar alto o suficiente


para os outros ouvirem.

—É um coágulo de sangue. Provavelmente não é perigoso para os


bebês, mas eu tenho que ser cuidadosa.

—Os bebês? - Vladimir ficou preso na palavra.

Sergei não conseguia parar de sorrir.

—Nós estamos esperando gêmeos.


Agora que o medo de um aborto tinha passado, todos pareciam
muito felizes por eles. Abraços e parabéns foram trocados. Para abrir
espaço para os outros pacientes e suas famílias, seu pequeno grupo se
moveu para o lado de fora. Com a certeza de que Bianca e os bebês
estavam bem, Vivian e Nikolai se despediram.

Antes de ele entrar no táxi, o chefe segurou a mão de Sergei.

—Se você precisar qualquer coisa, você me liga.

—Eu vou. Obrigado.

Sorrindo, Nikolai lhe deu um tapa nas costas.

—Parabéns, Sergei. Você é vai ser um pai fantástico.

Certo de que era o maior elogio que ele jamais poderia esperar
ganhar do chefe, ele deu um passo para trás e viu o seu táxi desaparecer
pela rua movimentada.

Sentado ao lado de Bianca na viagem de volta para seu hotel, ele


encontrou-se imaginando as coisas mais loucas. A visão de suas duas
crianças brincando com a filha de Dimitri e com o filho de Nikolai o fez
sorrir. Ele não sabia por que ele imaginou ter um filho e uma filha com
Bianca ou por que ele assumiu que o primogênito de Nikolai seria um
filho. Parecia a coisa certa.

De volta a sua suíte, ele ficou do lado de fora do chuveiro, enquanto


Bianca passava pela sua rotina noturna e se enfiava na cama. Ele
prometeu que não iria demorar, mas ela pediu-lhe para tomar o seu
tempo e desfrutar de sua família, enquanto podia. Na sala, ele encontrou
sua mãe e Vladimir sentados à mesa de jantar com um lanche tarde da
noite. Ele se juntou a eles.

Sua mãe tinha a imagem do ultrassom na frente dela. Ela piscou as


lágrimas quando ela olhou para as imagens granuladas de seus netos.
Quaisquer que fossem suas reservas sobre Bianca ser aceita na família, ela
parecia ter deixado isso de lado agora. Sorrindo para seus filhos, ela
agarrou os dois pelas suas mãos. Sergei recusou-se a pensar sobre daqui a
algumas horas quando ele deixaria sua mãe e irmão. Agora eles estavam
juntos. Isso era tudo o que importava.
Logo, ele prometeu a si mesmo. Em breve ele teria toda a sua
família, Bianca, seus filhos, sua mãe e Vladimir, na mesma cidade. Não
importa o preço, ele iria fazer isso acontecer.

Capítulo Oito

De volta a Houston, as semanas passaram rápido. Antes que eu


percebesse, a última semana de agosto chegou e com ela o fim do meu
primeiro trimestre. O sangramento que tinha nos assustado tanto quando
estávamos em Londres continuou até a 11ª semana. Fazia quase 14 dias
desde o meu último dia de sangramento, e eu estava finalmente
começando a acreditar que esse episódio assustador tinha acabado.

Meu médico tinha mantido um olhar atento sobre mim, e com


certeza, o coágulo que estava me dando tanta dor diminuiu e encolheu
até que tinha desaparecido completamente. Os bebés continuavam a
crescer. Felizmente o meu enjoo matinal havia diminuído um pouco
depois de atingir seu pico em torno de 10 semanas. O pobre do Sergei
passava quase todas as manhãs, segurando meu cabelo para trás e
esfregando o meu pescoço com uma toalhinha molhada. Às vezes eu me
perguntava se ele não estava sofrendo mais do que eu. Ele sentia tanta
culpa pela minha situação que não quis me ouvir quando eu o lembrava
de que nós compartilhávamos esse fardo igualmente.

—Bianca, você precisa de ajuda?

Vivian bateu na porta do vestiário que eu ocupava na parte de trás


da minha loja de noivas.

—Sua mãe está ficando terrivelmente inquieta aqui fora.

Connie, uma das nossas consultoras de noivas, sorriu por cima do


meu ombro, enquanto ela terminava de apertar o corpete atrás do
vestido. Ela já trabalhava na loja há nove anos e sabia muito bem quão
difícil Mama poderia ser quando ela queria ver uma noiva em um de seus
vestidos. Renee, a costureira que tinha feito as alterações finais no meu
vestido, ajudou a enfeitar a saia e cortou quaisquer minúsculos fios que
haviam sido deixados.

Olhando fixamente para o meu reflexo no espelho, tentei envolver


minha cabeça em torno da imagem que eu apresentava. Organza e cetim,
pérolas e strass, eu parecia uma princesa. Uma princesa grávida, eu corrigi
com um sorriso irônico, mas uma princesa, no entanto.

Entre Mama e Galina e uma dúzia de esboços que tinham ido e


voltado entre um e outro e-mail, finalmente conseguimos encontrar o
design perfeito. O vestido sem alças contava com um decote e um corpete
que permitia um ajuste mais fácil para não apertar minha barriga. Pregas
com plissados delicados e algumas pedrarias lindas camuflavam a curva
mais acentuada da minha barriga. A cauda do vestido poderia ser
facilmente arrastada para a recepção, e o bolero rendado que cobriria
meus ombros para a cerimônia era a combinação perfeita.

Quando saí do vestiário, Mama engasgou e Vivian feliz bateu


palmas. Erin saltou para cima e para baixo em seu assento enquanto ela
abraçava a agenda onde ela costumava organizar todos os detalhes do
casamento. Pelo fato da loja estar prestes a fechar, a maioria do pessoal
estava livre para ficar nas proximidades e assistir. Alguns deles
aplaudiram. Outros sorriram e fizeram sinal de positivo. Mesmo Ten que
pairava no fundo, mantendo um olho em Vivian, mostrou a sua aprovação
com uma ínfima elevação do canto de sua boca.

Enxugando os olhos, minha mãe sorriu para mim.

— Oh, querida, olhe para você.

De pé em frente ao espelho, eu não podia acreditar na


transformação. Mesmo depois de trabalhar no campo por anos e anos, fui
pega de surpresa pela visão de mim mesma em um vestido de casamento.
Ele não estava acontecendo do jeito que eu sempre imaginei. Todas essas
treze semanas de gravidez com essa coisa de gêmeos não estavam muito
conforme o planejado, mas não me atrevi a pensar no “se”. Eu confiei que
isto era a maneira que sempre foi suposto ser para mim. Muitas vidas
diferentes tinham se cruzado e mudado para melhor para eu pensar de
outra forma.
Eu ainda não tinha resolvido o véu que estaria usando, então, Junie
do nosso departamento de acessórios, trouxe os dois que eu mais gostava.
Ela colocou o primeiro, um véu de pontas duplas de duas camadas, no
lugar e deu um passo atrás para que todos pudessem dar uma boa olhada.
Ela substituiu o véu de pontas duplas por um véu mais longo que
sobrepunha a cauda do vestido.

—O primeiro - Mama proclamou do melhor assento da loja.

—Definitivamente - Vivian concordou.

—Sim - Erin fez coro com um aceno de cabeça.

Olhando ao redor da sala, eu notei um punhado de opiniões


contrárias. Eu tinha Junie anexando o outro véu de pontas duplas de novo
e admirava a forma como ele caía em meus ombros e complementava o
vestido. Realmente era o ajuste perfeito.

Com o meu véu e cauda escolhidos, Mama pediu para Renee fazer
alguns ajustes finais no vestido. Ela queria que ele fosse levantado um
pouco na frente e balançou a cabeça quando anágua não estava no lugar
certo. Sabendo que Mama era exigente com todas as noivas que ela
ajudava a vestir para os seus grandes dias, fiquei silenciosa e a deixei fazer
o que ela fazia de melhor.

Renee fez anotações rápidas e tirando os alfinetes do avental, ela os


colocou nos pontos necessários. Minha segunda e última prova terminou,
e eu, relutantemente, deslizei para fora do meu vestido. Eu não podia
acreditar que estaria vestindo isso e andando pelo corredor da igreja em
uma semana. Depois de alguns dias ocupados e movimentados, tudo
estaria acabado.

De volta em minhas roupas normais, encontrei Vivian, Erin e Mama


discutindo os preparativos do casamento. Tinha sido ideia da minha mãe
agendar o nosso casamento para o mesmo fim de semana da nossa
tradicional reunião de família. Todos da família da Mama já estariam na
cidade então era mais lógico marcar o casamento para aquele período.
Entre todos nossos amigos e meus contatos na indústria, organizar um
casamento em sete semanas não tinha sido tão difícil como eu esperava.
Era mais caro, mas Mama não havia poupado qualquer despesa.

—Então, Benny tem tudo organizado para o fornecimento do bolo e


sobremesas - disse Erin quando me juntei a elas.
—Yuri vai nos emprestar seu DJ de reserva para a noite. Oh, e o
serviço de Buffet de Nikolai disse que ele não tinha certeza de que tinha
encomendado álcool suficiente para a noite, então ele vai enviar extras,
apenas no caso. Se não for consumido tudo, devolvemos no dia seguinte.

Curiosamente, eu nem sequer me importava que Erin e Mama


tivessem tomado o controle do dia do meu casamento. Pela primeira vez
na minha vida, eu realmente gostei de deixar outra pessoa assumir a
responsabilidade. Eu estava lendo muito sobre gravidez e tinha decidido
que meu estilo de vida em constante vai e vem, onde eu estava sempre
correndo para cumprir um prazo ou passando 14 horas na loja, tinha que
parar. Recusei-me a colocar os gêmeos em risco.

No dia dos Namorados, eu estaria em licença de maternidade. Eu já


tinha começado a conversar com alguns dos meus funcionários mais
experientes sobre as mudanças que ocorreriam uma vez que os gêmeos
estivessem aqui. Mama e eu tínhamos tido várias discussões sobre a
melhor maneira de avançar com o negócio. Eu já tinha empregados em
posição de apoio que estavam mais do que qualificados e confiáveis para
assumir algumas das funções que eu tinha insistido em acumular. A
administração de um pequeno, mas próspero negócio, sempre seria um
trabalho duro, mas eu tinha que parar de fazer isso ainda mais difícil para
mim.

Na nova casa que Mama compartilhava com a tia Penny e a tia Sara,
conversei com ela sobre a próxima reunião. Havia algum grande drama
sobre a lista de atribuições para o churrasco de sábado que tinha deixado
todos em um estado de confusão. Algumas das mulheres mais velhas em
nossa família eram tão territoriais quando se tratava de cada um trazer
pratos individuais. Eu realmente não entendia o que era tão insultuoso
sobre a nova esposa do tio Terry trazer a salada de batatas.

Mama estalou os dentes e murmurou baixinho. Soava como se ela


tivesse dito:

— Vadia suja. — Mas eu mesma tive que me convencer de que


entendi mal. Presunçosa3. Sim, era isso. Ela tinha chamado a minha nova
tia Molly de presunçosa. Porque eu simplesmente não podia imaginar
minha mãe chamando alguém de vadia. Eu simplesmente não podia.

3
Upstart: presunçosa. No texto ela confundiu Dirt tart (Vadia suja) com Upstart. Nomes
parecidos.
—Eu recebi um telefonema da assistente social de Adam Blake. —
Mama anunciou quando entrei na garagem de sua casa. Era uma coisa boa
que eu estava prestes a estacionar o carro porque eu quase pisei no freio
com a surpresa de ouvir seu nome.

—O quê? - me retorci no meu lugar para encará-la. —O que esse


monstro quer?

—Ele queria ver se estaríamos dispostas a nos encontrarmos com


ele. É parte de um programa cara-a-cara que permite que os presos e
vítimas conversem abertamente.

A ideia de ficar sentada em frente ao homem que havia me batido e


assassinado meu irmão me enojava.

—Por quê? O que ele poderia ter a dizer para nós?

—Ele quer se desculpar.

Eu zombei.

—Ele pode escrever uma carta.

—Não é a mesma coisa, Bianca - Mamãe brincou com a alça de sua


bolsa. —Eu disse sim.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo.

—O quê? Sem sequer me perguntar?

—Eu estou perguntando a você agora - os cantos de sua boca se


apertaram. —Você quer vir comigo?

—Não, eu não quero, mas você sabe que eu vou.

Irritada por ela ter me colocado nessa posição, eu balancei a cabeça.

—Quando você planeja essa palhaçada?

Ela me lançou um olhar que me avisava para ter cuidado com o


atrevimento.

—A assistente social queria no início de outubro.

Tentei imaginar minha agenda e não vi quaisquer conflitos. A


possibilidade de Adam trazer seu irmão Derek na conversa me
incomodou. O que minha mãe não sabia era que o irmão mais velho de
Adam tinha atacado e tentado me matar no depósito da loja no início do
verão. Sergei, Nikolai e Kostya tinham chegado a tempo de me salvar, mas
os três homens que tinham vindo lá com a intenção de me fazer mal
naquela noite, nunca tinham sido vistos novamente. Eu me preocupava
que Adam pudesse ter intenções mais sinistras do que seu suposto desejo
de perdão.

—Você gostaria de entrar para jantar?

—Não, senhora. — Sentindo-me de repente cansada, eu cedi contra


o assento.

—Vá para casa e vai para a cama, querida. Gerar um bebê é


bastante difícil, mas dois? - ela balançou a cabeça. — Você precisa manter
os pés para cima à noite e certificar-se de ir para a cama mais cedo.

—Eu vou, mamãe.

—Bom. Oh! Isso me lembrou de uma coisa - ela enfiou a mão na


bolsa e pegou um envelope, puxou o cartão e entregou para mim. —Eu
recebi isso de sua sogra ontem! Vivian ajudou a traduzir a parte de baixo
para mim.

Surpresa com o contato que Galina tinha feito com a minha mãe, li a
nota curta que Vivian tinha traduzido. Era realmente doce e sincera. Eu
não tinha dito a minha mãe sobre o atrito no início com a mãe de Sergei.
Não havia nada para se ganhar com isso. Honestidade realmente não era a
melhor política em todas as situações.

—Isso foi muito legal da parte dela.

Galina estava tentando, eu a respeitava por isso. Eu entendia que


isso não era fácil para ela, me senti aproximando mais e mais em sua
direção enquanto ela provava o quanto amava Sergei querendo que ele
fosse feliz, mesmo tendo descoberto a felicidade comigo.

—Eu vou enviar um cartão para ela. Vivian se ofereceu para ajudar.

Isso não me surpreendeu. Depois de colocar o cartão de volta na


bolsa, Mama inclinou-se para beijar a minha bochecha. Quando ela
chegou à porta e a segurou, eu perguntei:

— Você quer que eu a ajude?


Ela balançou a cabeça.

—Eu consigo.

E ela conseguiu. Eu não podia acreditar em quão bem ela estava


nestes dias. Ela facilmente deslizou para fora do banco do passageiro e
içou-se para uma posição ereta. Seu equilíbrio estava muito melhor, e ela
caminhou com confiança em sua prótese. Eu acenei para ela quando ela
chegou a frente de sua porta e esperei até que ela estivesse dentro em
segurança para sair da garagem.

Quando cheguei a casa, ela estava escura. Liguei o sistema de


segurança, peguei um copo de iogurte com algumas framboesas e mirtilos
misturadas para um jantar rápido e marchei até o andar de cima para
tomar banho. Esta noite Sergei chegaria tarde da noite do ginásio onde ele
estava lutando com um dos lutadores que Ivan estava treinando para que
competisse no grande torneio de artes marciais mistas em Las Vegas.

Enquanto eu passava uma esponja pelos meus braços, de repente


me lembrei de que Sergei estaria fora de cidade na primeira semana de
outubro. Ele ia como treinador reserva de Ivan para o torneio. Eu já temia
contar a ele sobre o encontro que Mama queria ter com Adam Blake.
Tinha um mau pressentimento de que ele ia ficar louco quando eu lhe
dissesse que ele não podia ir como meu guarda-costas. Não querendo ir
por esse caminho, deixei meus pensamentos tomarem um rumo
diferente.

Sob a água quente, deslizei minhas mãos sobre meu corpo


diferente. Mais pesados e mais cheios, os meus seios encheram minhas
mãos de uma maneira que eu não esperava. Meus mamilos estavam tão
sensíveis ultimamente. Eu tinha até mesmo trocado os meus sutiãs
habituais, optando pelos sem costuras e sem armação.

Curiosa, deslizei minhas mãos pelas minhas costelas e barriga.


Enquanto eu sempre tive uma curva na minha barriga, esta nova
circularidade era mais firme. Eu coloquei as duas mãos na minha barriga e
delineei o inchaço lá. Com os gêmeos crescendo dentro de mim, eu estava
mostrando muito mais cedo do que a maioria das mulheres, mesmo com
o meu corpo plus-size. Vivian tinha conseguido manter a gravidez em
segredo até o final de julho, quando ela e Nikolai tinham anunciado a
notícia para todos os seus amigos em um jantar aconchegante, mas agora
na metade, ela não podia mais esconder a verdade com tops soltos ou
grandes bolsas. Em sua pequena estrutura, cada kilo aparecia facilmente.

Passando minhas mãos com sabão sobre a minha barriga, me


perguntava quando ia começar a sentir os movimentos. Todos os livros
diziam que ia começar em breve. Com dois bebês dançando lá dentro, eu
iria sentir mais cedo. Eu ainda estava maravilhada com a ideia de duas
vidas minúsculas crescendo dentro de mim. Alguns dias parecia tão surreal
que eu poderia dificilmente acreditar.

Após enxugar e fazer minha rotina normal de hidratação, deslizei


entre os lençóis sem colocar nenhuma peça de roupa. Nua em nossa
cama, estava incrivelmente consciente do cheiro de Sergei persistente em
seu travesseiro e nos lençóis. Pelo fato de ser sido aconselhada a ser
cuidadosa, não tínhamos tido intimidade desde a noite em que ele tinha
proposto para mim, e isso estava realmente começando a me enervar. Eu
tinha sido liberada para o sexo há duas semanas, mas Sergei ainda se
recusava a me tocar. Ele parecia convencido de que o que aconteceu foi
culpa dele. Eu tentei explicar-lhe que o hematoma aconteceu durante a
concepção, mas ele não aceitou isso. Mesmo sem razão, ele parecia
determinado a punir a si mesmo e a mim.

Sozinha em casa e começando a experimentar essas agitações no


meu centro feminino, deixei minha mão descer no meu corpo. Eu não
precisei me levar ao orgasmo desde aquela noite em que Sergei tinha
chutado minha porta da frente. Ele tinha sempre sido muito feliz em
ajudar-me a encontrar a liberação, mas já que ele não ia me dar uma
mão? Bem... Eu teria apenas que fazer com minha própria fantasia.

De olhos fechados, tentei fazer com as minhas mãos o que ele fazia
com as dele, mas não foi possível. Minhas mãos eram muito menores e
mais suaves. Quando Sergei me tocava, aqueles seus dedos longos e
grossos queimavam minha pele. Ele tinha dedos ásperos que acordavam
todas as terminações nervosas e deixavam faixas formigando em todo
meu corpo. Suas mãos grandes apertavam e me acariciavam como
nenhum outro que eu já tive ou teria. Ele me possuía com seus beijos e
seus toques de maneira delicada, ele sussurrava meu nome enquanto me
fodia como uma fera selvagem, sempre mais e mais rápido e mais áspero
do que eu jamais tinha imaginado desfrutar.

Levemente beliscando meus mamilos, lembrei-me da vez em que


ele tinha montado na minha cintura depois de me fazer gozar. Ele tinha
deslizou seu pau entre meus seios. Seu eixo ainda estava liso e brilhante
com a umidade da minha excitação. Ele tinha pressionado meus seios
juntos, criando um sulco apertado onde ele empurrou seu pênis uma e
outra vez. O punhado de amantes que tive antes dele nunca ousara algo
tão descarado. Sergei não deixava que uma coisa boba como modéstia ou
decência nos impedisse de nos divertir. Nada era tabu para ele.

Ele me incentivou a me soltar e tentar coisas novas. Até agora, eu


não tinha sido desapontada. Quando tinha aberto a boca e o deixado
bater aquela coroa contundente contra os meus lábios, ele tinha
enlouquecido. Empurrando mais rápido e mais duro, ele apertou os meus
seios juntos ainda mais. Eu tinha raspado as minhas unhas em suas coxas
até que ele estremeceu e ofegou. Ele havia caído para frente em seguida,
pressionando seu pau entre meus lábios a empurrado contra a minha
língua. Depois de duas encaixadas de seus quadris, ele me presenteou
com uma explosão de seu esperma.

Eu ainda estava engolindo sua essência e limpando os vestígios dele


dos meus lábios quando ele se virou para os meus pés e plantou seus
joelhos ao lado dos meus ombros. Empurrando minhas coxas abertas, ele
tinha atacado minha buceta de um ângulo que eu não esperava. Eu tinha
gozado tão forte que eu quase desmaiei.

Lembrando-me da forma como sua língua havia se movido entre as


minhas pregas, eu deslizei meus dedos pela minha umidade e os rodei em
torno do meu clitóris. A pequena protuberância doía e latejava. Passando
os dedos para baixo na minha fenda, eu brinquei com a minha abertura,
mas não me penetrei. Meus dedos voltaram ao ponto que me dava tanto
prazer. Imaginando que meus dedos pertenciam ao meu futuro marido,
eu gemi seu nome.

—Sergei.

Um grunhido áspero ecoou na quietude da casa. Ofegante, fiquei


ereta e quase morri de vergonha. Com seus ombros largos enchendo a
porta do nosso quarto, Sergei me olhava com as pálpebras pesadas. Ele
passou a mão na sua óbvia ereção tensa contra seus jeans.

—Não pare por minha causa.

Dividida entre a mortificação de ser pega me masturbando e a


necessidade desesperada de terminar, eu caí de volta contra o meu
travesseiro e esfreguei meu clitóris. Se ele queria um show, eu ia lhe dar
um.

Capítulo Nove

Sergei não achava que tinha visto qualquer coisa mais erótica do
que Bianca brincando com sua buceta. Seus dedos delicados viajavam
através das dobras lisas de sua buceta, deslizando na umidade brilhante
que cobria sua carne macia. O cheiro de sua excitação enchia no ar e fez
seu pau pulsar. Com as bolas doendo, ele observava ela apertar o clitóris.

Ocorreu-lhe que ele tinha sido egoísta ultimamente, negando-lhe o


que ela tão obviamente precisava. Mesmo depois de seu médico ter dado
permissão para retomarem suas atividades normais no quarto, ele tinha
evitado. Um medo irracional de que ele iria prejudicar seus bebês o deixou
incomodado. Observando-a agora, ele não conseguia se lembrar do por
que diabos ele se permitiu ser tão facilmente convencido de que fazer
amor com ela era perigoso.

Ela precisava dele. Ela o queria. Ele havia jurado fazê-la feliz, não
havia? Ele estava cumprindo muito bem essa promessa!

Tirando seus tênis, ele os chutou de lado e caminhou em direção à


cama. Ele tirou sua camisa, abriu o jeans e empurrou-os para baixo de
seus quadris. Sua boxer seguiu junto com suas meias. Bianca brincava com
seu clitóris enquanto o observava se despir. Duro e latejante, seu pênis
chamou sua atenção. Ele iria receber a sua satisfação em breve, mas isso
era tudo sobre ela.

Deslizando para baixo em seu estômago, ele apertou suas coxas e se


aninhou entre elas. O cheiro familiar de sua mulher fez seu corpo se
encher de desejo. Querendo um gosto de tudo o que era rosado, ele não
perdeu tempo brincando com ela esta noite. Com a ponta afiada de sua
língua, ele invadiu a abertura de sua fenda até o topo e depois de volta
para baixo novamente. Ela uivou e balançou os quadris por mais.

Feliz em estar ali, ele explorou a buceta de Bianca com a língua,


deixando ela louca no processo. Seu gosto tinha mudado para algo mais
doce e mais fino. Ele não conseguia o suficiente. Provocando, ele vibrou a
língua de modo que a fez gritar e empurrar a buceta contra sua boca.
Quando ele amamentou seu clitóris, ela quase pulou da cama. Ela gozou
chorando seu nome de novo e de novo, mas ele não tinha terminado com
ela, nem de perto.

Ele lambia seu clitóris, cantarolando contra sua pequena pérola e


girando sua língua em torno dela. Sua respiração se aprofundou, sua voz
começou a subir uma oitava o que lhe dizia que ela estava perto
novamente. Ele deixou uma de suas mãos subir pela curva de sua barriga
até seu seio. Segurando a carne macia, ele encontrou seu mamilo e
beliscou o pico escuro até que ela gritou seu nome. Ele sorriu triunfante e
lambeu e lambeu até que ela enfiou os dedos pelo seu cabelo, pegou um
punhado e puxou-o para longe de sua buceta.

—Chega! —Ela implorou. — Deus, não aguento mais.

Ele limpou a boca no interior de sua coxa e beliscou a pele macia.


Ela engasgou, mas não se afastou dele. Ele adorava quando ela ficava
assim. Por uma mão, ela foi esmagada de tanto prazer e não aguentava
mais. Por outro lado, ela ainda estava quente e dolorida. Sorte dela que
ele sabia exatamente o que ela precisava. Sergei beijou seu corpo,
pontilhando beijos contra suas coxas, seu baixo ventre até a curva de seu
estômago. Ele não conseguia acreditar que ela já tinha passado por um
terço da gravidez. Sua mão se curvou protetoramente sobre o pequeno
monte.

Segurando seu olhar, ele prometeu:

— Eu não vou prejudicá-la.

Sua expressão se suavizou.

—Eu sei disso.

—Eu vou ser gentil.


Parecendo entender que ele estava dizendo essas coisas mais para
lembrar a si mesmo do que a ela, Bianca docemente acariciou seu rosto.

—Faça amor comigo, Sergei. Eu preciso de você.

Ele ficou em cima dela e colocou uma mão firme ao lado de seu
braço. Trocaram beijos cada vez mais apaixonados. Suas línguas se
lançaram dentro e fora da boca um do outro, sacudindo e tocando e
alimentando um fogo que ameaçava queimá-los. Ele mordeu seu lábio
inferior e ela chupou o dele.

Empurrando seus quadris para frente, ele esfregou o comprimento


rígido de seu pênis contra sua buceta quente. Ela gemeu e enrolou as
pernas em volta de sua cintura. Pressionando os calcanhares em sua parte
traseira, ela o arrastou para mais perto.

—Por favor, Sergei.

Amando o jeito que ela implorava por seu pau, ele tomou o seu eixo
na mão e guiou-o até sua entrada ensopada. Pelo fato de ele ter ficado
algum tempo sem, ele tentou não enterrar tão profundamente de uma
vez. Ele levou o seu tempo com ela, deslizando alguns centímetros e
recuando e, em seguida, deslizando de volta para dentro ainda mais
fundo. Ela agarrava suas costelas, com suas unhas lindamente feitas, mas
ele não se importava. Ele adorou a picada.

Capturando sua boca, ele balançou dentro dela. Sentindo a curva de


sua barriga entre eles, ele reconheceu que foram poucas vezes em que
fizeram sexo nesta posição. Ele puxou sua língua entre os lábios e deixou
suas mãos percorrem pelo seu corpo. Ele não podia ter o suficiente de
suas exuberantes curvas. Olhando em seus olhos escuros, ele se perdeu
por um momento. Erótica e de tirar o fôlego por causa de sua beleza, ela o
encantava como alguma criatura mística. Nela, ele havia encontrado sua
razão de viver. Ela era tudo para ele, sua amante, sua amiga, a mãe de
seus filhos.

Casa. Ele sentiu o sentimento construindo em baixo do seu


estômago. Ela faz eu me sentir em casa.

Depois de deixar sua família e seu país, em uma tentativa de


sobrevivência, ele sempre tinha se sentido como um pária. Ele fazia parte
da família de Nikolai, mas isso não era real. Não era amor. Era sangue, dor
e violência. O que ele tinha com Bianca era o completo oposto. Ela era o
antídoto para o veneno que os mafiosos dos infernos tinham o forçado a
engolir por muito tempo.

—Estou gozando! -ela sussurrou em um suspiro chocado. —Sergei!

Enterrando seu rosto contra sua garganta, ele mergulhou dentro e


fora dela enquanto sua buceta escorregadia segurava seu pênis. Ele deu
boas vindas ao estremecimento apressado no fundo do seu âmago. Com
os dedos curvados, ele culminou com um som perto de um soluço. Bianca
esfregou as costas de seu pescoço e arranhou seu couro cabeludo,
enquanto ele caía contra ela, não querendo afastar-se de sua suavidade
feminina.

Eventualmente, ele caiu ao seu lado e fechou os braços em volta


dela. Ela se aconchegou, buscando o calor que ele alegremente
compartilhou. Muito cansado para alcançar o lençol caído, ele colocou
uma perna sobre as dela e a puxou ainda mais perto. Ela desenhou formas
em seu peito e beijou-lhe a pele de vez em quando.

—Sergei?

—Sim?

—O que aconteceu com os Night Wolves?

Ele endureceu com a menção da gangue de racistas que havia


tentado matar Bianca no início do verão. Eles haviam cometido o erro de
ameaçar Vivian quando eles estavam sondando. O patrão tinha
respondido às suas ameaças com violência, ao contrário de qualquer
forma que já tinham visto. Ele tinha varrido eles para fora da cidade,
deixando apenas três pessoas da quadrilha original ainda de pé. Mutilados
e quebrados, eles tinham escapado dos federais que haviam enquadrado
seus amigos e agora viviam como um aviso a qualquer outra pessoa que
tentasse cruzar a família de Nikolai e as que ele protegia. Apesar de já não
fazer parte do círculo interno, Sergei tinha ouvido falar que uma
organização maior, não propensa a tais atos estúpidos de racismo sem
sentido e violentos, estava fazendo incursões. Se era verdade ou se eles
tinham o patrão os “abençoando” para fazer negócios em Houston, Sergei
não sabia.

Erguendo a cabeça, Sergei franziu a testa para ela.

—Por que você está me perguntando sobre eles?


Bianca nervosamente bateu o dedo contra seu peito. Ela evitou seu
olhar.

—Bem...

Preocupado, ele pressionou-a para baixo de costas e pairou sobre


ela.

—Por que você está me perguntando sobre esses babacas?

—Adam Blake contatou Mama. Ele quer se reunir com a gente.

Seu queixo caiu.

—Para quê?

—Ele quer se desculpar.

—Pedir desculpas? — Sergei riu asperamente. —Ele matou seu


irmão e bateu em você, Bianca. Não há pedido de desculpas no mundo
que reverta isso.

Ela sentou-se e franziu o cenho.

—Talvez ele tenha mudado. Talvez ele realmente queira o perdão.

Sergei fez um barulho de asfixia.

—Perdão? — Ele zombou da palavra. No caso de ela ter se


esquecido de alguma forma, ele repetiu: —Ele matou seu irmão. Ele te
deixou sangrando e quebrada no almoxarifado de uma loja de
conveniência. Ele...

—Eu estava lá, Sergei - ela retrucou com raiva. —Lembro-me


vividamente do que aconteceu. Você não precisa relembrar os detalhes
para mim.

Seu peito se apertou com a dor gravada em seu rosto. Tocando seu
braço, ele balançou a cabeça.

—Você não pode, na verdade, acreditar que ele quer o perdão,


Bianca.

—E se ele quiser? - ela engoliu em seco nervosamente. —Quando


Derek tinha me amarrado na parte de trás da loja, ele me disse que o seu
irmão tinha mudado. Ele me disse que era por isso que ele queria me
machucar. Odiava que seu irmão estava sendo um fraco.

Culpa e vergonha rasgaram Sergei. A lembrança do quão perto ele


tinha chegado de perder Bianca queimava seu corpo como ácido. Foi um
fracasso que ele havia jurado nunca se repetir.

—Mama já concordou em ir. Ela me perguntou se eu poderia ir com


ela para encontrá-lo, e eu disse que sim.

Chocado que ela seria tão imprudente, ele rosnou:

— Não.

Ela fez uma careta para ele.

—Sim.

—Não - ele cortou a mão pelo o ar. —Isso não está em debate.
Você. Não. Vai.

—Minha mãe vai e eu vou com ela. Esta não é sua decisão.

—O inferno que não é! — Ele gritou com ela. —Diga-me que você
não é cega, Bianca. Você não entende como isso é perigoso? Você vai
andar em uma porra de prisão cheia de assassinos e racistas...

—Que estão todos atrás das grades.

—Ela calorosamente retorquiu.

—E isso significa que você estará segura? É isso? E sobre o


estacionamento? E sobre a estrada até a prisão? Que tal os guardas? Você
tem alguma ideia de como porra é fácil comprar alguém?

—Como é diferente do que eu passar o tempo com seus velhos


amigos ou com Vivian? Hein? Ten? Ex-presidiário. Ivan? Ex-presidiário.
Nikolai? Ex-pres...

—Isso é diferente!

—Por quê?

—Porque eles não querem matar você! Eles não querem te


machucar. Se você entrar nessa prisão, você estará totalmente exposta.
—Por que você sempre tem que se concentrar na pior
possibilidade?

—Você se esqueceu do que aconteceu com o meu irmão e sua


família? Você se esqueceu do que eu costumava ser? —Ele ergueu as
mãos que tinham muitos machucados. —Estas mãos que apenas a
tocaram com amor, são as mesmas que bateram em outros homens. Elas
causaram dor e destruição. Eu sei, Bianca. É por isso que eu me concentro
na pior possibilidade.

Olhando fixamente para suas mãos, ela disse:

— Ten me avisou que o que você tinha feito não se lavava.

Sergei prometeu depois chutar a bunda tatuada desse bastardo de


um canto de Houston até o outro.

—O que mais que ele disse?

—Que nós não iríamos sair para ver a porra do pôr do sol como um
par de amantes de algum conto de fadas - ela confessou. —E que você
nunca realmente estará fora.

Irritado com o lembrete feio da realidade de sua situação, ele


rapidamente respondeu:

— Você deveria estar feliz por eu nunca estar livre então. Já que
você está tão interessada em se encontrar para almoçar com os presos,
você precisa de todos os favores que eu posso conseguir.

Bianca se surpreendeu agarrando seu travesseiro e o acertando com


ele.

—Pare de ser tão desagradável sobre isso.

Tomando o travesseiro dela, ele o jogou para o lado.

—Você precisa parar de ser tão ingênua. É exatamente por isso que
eu não gosto deste grupo de apoio. Ele deixa vocês todos distorcidos. Ele
já a convenceu de que você deve perdoar esses monstros que acabaram
com sua família.

—Pare! — Bianca rosnou a palavra. —Você não pode se sentar e


falar mal do grupo de apoio. Você é o único que está com tudo distorcido
de tanta raiva e raiva de pessoas mortas. Você odeia os criminosos que
mataram seu irmão e sua esposa e suas filhas, mas você sabe quem mais
você odeia? Você odeia seu irmão por ter sido estúpido e por ter colocado
a sua família nessa posição. Você o odiou por fazer você ficar preso na
máfia - ela apontou um dedo com raiva para ele. —Você é o único que
precisa aprender sobre perdão.

Sergei cerrou os dentes juntos tão forte que ele esperava que
fossem se quebrar. Arrasado por suas palavras, ele odiou a si mesmo por
expor a sua fraqueza para a única pessoa em todo o mundo que poderia
machucá-lo. Ele não dava a mínima para o que alguém dissesse a ele ou
sobre ele, mas Bianca? Sua decepção e raiva cortou de cima a baixo sua
alma.

Saindo da cama, ele pegou sua cueca descartada e a colocou.

—Você não vai para esta reunião. Fim da porra da história.

—Errado - Bianca desceu da cama. —Você não pode dizer o que eu


devo ou não fazer. Eu não sou Vivian. Você não vai me manter trancada
em uma gaiola dourada como Nikolai faz.

—É isso que você acha? - ele bufou zombeteiramente. —Você tem


alguma ideia de que tipo de problema o pai dela tem causado no México?
Você sabe o que essas pessoas vão fazer se colocarem as mãos nela? O
que eles vão fazer para o bebê? Eles quase mataram Besian Beciraj há
algumas semanas. Eles colocaram uma bala em seu peito e ele é um chefe.
Ele é um dos mais homens mais duros e mais perigosos que eu já conheci
e eles quase o mataram. —Balançando a cabeça, ele acrescentou: — Eu
pensava que o gosto que Derek Blake lhe deu teria sido suficiente para
ajudá-la a compreender o que está em jogo.

Ela tentou esconder o medo, mas ele podia vê-lo claramente.

—Isto não é sobre Vivian e Nikolai. É sobre nós. Estou falando sério,
Sergei. Você não vai tomar as decisões por mim.

—O inferno que não! — Por que ela não entendia? Ela estava sendo
deliberadamente obtusa? —Eu sou o pai dessas crianças. —Ele apontou
para a barriga nua. —Quando for seu marido, vai ser o meu trabalho
mantê-la segura. Às vezes isso significa dizer-lhe coisas que você não vai
querer ouvir.
—É? Bem. Você não é meu marido ainda. Talvez isso seja uma coisa
boa.

Seu coração acelerou no peito. O lampejo de dor esfaqueou seu


intestino. Silêncio caiu sobre eles. O peso de sua ameaça tácita caiu em
seu estômago como uma bigorna. Ele viu o arrependimento piscando em
seus olhos, mas ele não sabia o que pensar.

Inclinando-se, ele agarrou sua calça jeans e puxou-a pelas pernas.


Frio por dentro e emocionalmente desfiado, ele pegou a camisa e deixou o
quarto. No corredor de uma casa onde ele estava realmente apenas como
um convidado, bateu-lhe de repente o quão estúpido ele tinha sido. Desde
o seu primeiro beijo, ele tinha se comprometido com Bianca total e
completamente e sem dúvidas. Ela era a mulher que ele queria por toda a
sua vida, ele tinha desistido de tudo por ela.

Entorpecido e atordoado, ele agarrou suas chaves e saiu. Ele


percebeu que estava descalço quando a grama orvalhada molhou suas
solas dos pés, mas ele não ia voltar para pegar seus sapatos. Foda-se. Ele
não se importava. Uma vez atrás do volante do seu SUV, ele não tinha
ideia de para onde ir. Ele simplesmente saiu de sua garagem, passou pelo
beco e começou a dirigir sem rumo pelas ruas de Houston.

Não muito tempo atrás, ele sabia de cada ação obscura em todos os
cantos sujos da cidade. Ele teria sabido sobre os assaltos, as entregas, os
sucessos e as vinganças no calendário do submundo. Agora ele nem sabia
se a nova gangue racista supremacista que havia assumido a ação dos
Night Wolves tinha finalizado os negócios com Bianca.

Havia uma maneira fácil de descobrir. Tudo o que ele tinha a fazer
era pegar o seu telefone e chamar o chefe, mas uma vez que a porta fosse
reaberta? Ele nunca seria capaz de fechá-la novamente. Ele tinha sido
autorizado a seguir em frente. E se ele viesse e pedisse uma informação
como esta? Ele estaria novamente em dívida com Nikolai. Amigo ou não, o
chefe iria esperar para cobrar algum dia.

Ele já estava amarrado em um pequeno nó com a empresa de


construção civil, mas pedir algum tipo de passagem segura para Bianca
dentro de uma prisão? Jesus. Ele estaria realmente enrolado então. Mas o
que mais ele iria fazer? Ela estava tão teimosa. Ela tinha percebido o blefe
dele em seu quarto. Ele podia falar tudo o que queria, mas agora ela sabia
que não havia dentes por trás de seu rosnado. Ele não era aquele homem.
Ele se recusava a ser esse homem. Ele podia fazer um monte de ruído,
mas ambos sabiam que ele não faria nada para esmagar o seu espírito e
proibi-la de nada.

Porque eu sou fraco quando se trata dela.

Era uma coisa dolorosa de aceitar. Não havia nada neste planeta
que ele poderia negar a ela. Seu estômago embrulhou quando ele
reconheceu a verdade. Na manhã, ele voltaria rastejando para ela e para
pedir desculpas. Ele tinha sido arrogante e rude. Em seu desespero para
tentar protegê-la, ele tinha ultrapassado a linha.

Eram quase três da manhã quando ele finalmente voltou para sua
casa. O portão se abriu silenciosamente, ele estacionou em seu lugar de
sempre. Quando desligou o motor e seus olhos se adaptaram à escuridão,
viu Bianca sentada sobre os degraus da parte de trás da casa. Seu coração
acelerou quando a preocupação tomou conta dele. Ela tinha estado
sentada ali a porra da noite toda?

Saindo do SUV, ele correu por todo o quintal. Ela levantou-se


lentamente, e ele passou instantaneamente seus braços em torno de seu
corpo.

—Você está bem? - ele podia sentir a umidade em sua roupa. —


Milaya moya. — Ele balançou a cabeça. —O que você estava pensando?

—Você me deixou. —Afirmou lamentavelmente. A voz dela estava


rouca e crua como se ela tivesse chorado durante horas. Ele se sentia
como se tivesse sido cortado ao meio com um navalha.

—Eu voltei - ele a abraçou firmemente. —Eu sempre vou voltar.

—Eu sinto muito, Sergei - ela soluçou contra seu peito e agarrou sua
camisa em suas mãos. —Eu sinto muito. Eu não quis dizer isso. Eu te amo.
Por favor, não vá embora.

—Eu não vou a lugar nenhum - ele beijou sua testa. —Eu estava
com raiva, e precisava de algum espaço para pensar. Talvez nós
precisássemos. —Pensando nos bebês, ele pediu para ela entrar. —Você
precisa se trocar e ir para a cama. Isto não é saudável.

Ela agarrou-se ao seu braço enquanto ele a levava para dentro da


casa e para o quarto. Ele tirou sua camisola úmida, pegou na gaveta dela
uma camisola de seda que ela gostava e colocou-a nela. Ele abraçou o
contorno de sua barriga de grávida de maneira sedutora. Mesmo assim
drenado após a sua briga, ele ainda não podia deixar de responder ao seu
corpo. Tirando suas roupas, ele arrastou-a para a cama com ele e se
enrolou em torno dela.

Ela beijou-lhe o braço e sussurrou na escuridão.

—Eu sei que você só queria me proteger.

—Eu não deveria ter sido tão babaca sobre isso.

—Eu não deveria ter ameaçado desistir do casamento. Isso foi baixo
e sujo - ela apertou-se contra ele como se estivesse com medo que ele
pudesse desaparecer. —Eu não falei sério, Sergei. Eu te amo, e quero que
você seja meu marido.

—Mesmo que isso signifique que vamos brigar assim?

—Talvez nós brigássemos assim porque o nosso amor é forte - ela


disse. —Se você não me amasse muito, não teria feito tal alarido.

Certo de que ia irritá-la, ele, no entanto, disse:

— Eu ainda não quero que você vá.

—Eu não quero ir também - ela admitiu. —Mas eu prometi a Mama


que iria com ela - sua voz tornou-se mais suave e mais baixa. —Tenho
medo de que Adam diga algo sobre Derek. Ele deve saber o que aconteceu
naquela noite. E se ele tem a intenção de nos machucar?

Eu vou matá-lo. Não havia dúvida em sua mente. Se Adam Blake


sequer pensar em ferir Bianca ou seus bebês, ele ia se esgueirar para
dentro da prisão e fazer o próprio trabalho. Aquele horrível bastardo já
tinha tomado o suficiente dela. Ele não ia ter a chance de machucar seus
filhos também.

—Ele não pode nos prejudicar - disse Sergei em vez disso. —Ele está
na prisão, e está aleijado. Ele está isolado no seu interior. Sua gangue ou
está morta ou presa. Não tem nenhum poder.

Embora ele tivesse certeza de que um dia iria se arrepender, ele


ofereceu a única coisa que podia.
—Se você pretende ir, vou falar com Nikolai. Ele vai se certificar de
que seja seguro para você e sua mãe ir para a prisão.

Ela virou-se em seus braços. Ele podia sentir os olhos tristes para
ele, mas ele não podia vê-los na escuridão.

—O que ele vai querer em troca?

—Nada - ele mentiu, recusando-se a perturbá-la. —Ele deve-me


favores. Vou chamá-lo para me certificar de que você esteja segura.

Ela não disse nada. Ela estava duvidando dele? Se ela estivesse, não
se atreveu a mencionar.

—Sergei?

Ele acariciou seus cabelos.

—Sim?

—Eu sinto muito sobre o que disse sobre seu irmão. Isso foi tão
errado. Eu não deveria ter tocado nesse assunto.

Ele engoliu em seco, mas manteve acariciando a parte de trás de


sua cabeça. —Era verdade. Você não deve pedir desculpas pela verdade.

—Isso te machucou.

—Às vezes a verdade dói.

—Eu te amo. Eu não deveria ser aquela que te machuca.

Você é a única que pode.

—Está tudo bem - ele a beijou com ternura. —Está feito, Bianca. Eu
vou relevar. Então, você releve também.

Ela procurou sua boca e docemente arrastou a ponta dos dedos por
sua bochecha. Seu beijo aliviou a dor remanescente. Ele não estava
zangado com ela. Ele realmente tinha relevado. No calor do momento, os
dois tinham dito coisas estúpidas, mas seu amor e essa relação eram
muito fortes para manter rancores.

Ele esperou até que sentiu Bianca relaxar em seus braços para
deixar o sono levá-lo. Ele não demorou muito para que seus sonhos felizes
tomassem um rumo feio. A última coisa que ele lembrava antes de
acordar rosnando, era da boca de um lobo branco afundando seus dentes
cruéis na barriga grávida de Bianca.

Passando a mão pelo seu suado rosto, ele rolou para o lado e
enterrou o rosto em seu cabelo perfumado. Jurando mantê-la segura, ele
fez planos para ver Nikolai o mais rapidamente possível. Não havia
nenhum acordo que não fosse fazer para protegê-la.

Capítulo Dez

—Você está pronta? — Vivian sorriu enquanto dava um passo em


frente de mim para enfeitar meu véu.

—Sim. — Essa briga que tivemos quase uma semana antes tinha
sido terrível, mas tinha mostrado o quanto eu amava Sergei e queria ele
na minha vida. Sempre teríamos discussões, mas tinha a certeza de que
nós poderíamos passar por elas.

Eu sempre vou voltar. Lembrei-me da sua voz rouca falando. Mesmo


depois que eu o tinha machucado tanto, ele ainda voltou. Porque ele me
ama.

—Como você está se sentindo? — Vivian olhou para a minha barriga


com preocupação antes de pressionar uma garrafa de água na minha mão.
—Não beba muito, porque você não vai querer ter que pedir uma pausa
para fazer xixi antes de seus votos.

—Estou me sentindo bem. — Cansada, eu adicionei


silenciosamente. Fazer o casamento durante o nosso fim de semana da
reunião de família foi inteligente tanto quanto previsto, mas foi duro em
meu corpo de grávida. O churrasco de ontem tinha sido muito divertido,
mas tinha ido até tarde da noite. Ficar em pé no calor de setembro tinha
realmente drenado muito de mim.

—Sua família parece realmente amar Sergei. —Vivian pegou a


garrafa de água de mim. Ela pegou um lenço de papel e enxugou meus
lábios antes de pegar meu batom escolhido para retocar. —Eu ouvi os
seus primos tirando sarro de Sergei no jogo de ferraduras.

Eu ri enquanto ela pintava a minha boca.

—Ele era terrível. Quero dizer, você pensaria que tão atlético como
ele é que não haveria nada que ele não pudesse fazer. Aparentemente há
sim.

—Talvez seja uma coisa boa. — Ela deu um passo para trás para
admirar seu trabalho. —Ele é um cara tão intimidante. Vê-lo lutando em
algo o torna humano. Além disso, ele parecer realmente engraçado
quando está realmente determinado a fazer alguma coisa. —Vivian imitou
sua expressão e me fez rir. —Está vendo? Mesmo você não está imune.

Ela virou-se para colocar o batom sobre o balcão do camarim.

—Oh, não! Nós nos esquecemos disso. —Como uma bêbada


solteirona, ela girou minha cinta liga rendada acima de sua cabeça. —
Levante a saia, Bianca. Vou entrar aí.

—Você está louca, você sabe disso? — Eu reuni minha saia na frente
com cuidado para evitar rugas e levantei o tecido. Balançando a cabeça, vi
minha melhor amiga grávida debaixo da minha saia. O colar que ela tinha
recebido de Nikolai para comemorar sua primeira mostra internacional
caía em seu decote. —Deus nos ajude que ninguém entre aqui.

Ela riu e bateu na minha perna direita.

—Levante.

Eu me equilibrei precariamente em um salto alto, enquanto ela


escorregava a liga no lugar. Seu toque me fez cócegas, e ela bateu na
minha perna de brincadeira.

—Fique quieta!

—Pare de me fazer cócegas!


—Eu não estou.

—Sim, você está. Eu juro que você é pior do que Sergei.

Ela bufou de uma forma muito inapropriada para uma dama.

—Como se sente? Muito embaixo?

—Não, acho que está...

A porta de repente se abriu e eu me encontrei diante de ninguém


menos do que a mãe de Sergei. Meu queixo caiu.

—Galina? Como você...?

Mas seu olhar estava fixo nas pernas aparecendo por debaixo da
minha saia. Logo atrás dela, mamãe entrou no vestiário e engasgou com
surpresa.

—Bem! Meu Deus, Bianca!

Rindo e com os cabelos despenteados pela minha saia, Vivian saiu


debaixo lentamente. Ela colocou a mão sobre a curva de suas costas e a
outra sobre o volume de sua barriga.

—Ela esqueceu-se de colocar sua liga.

Minha mãe e Galina pareciam aliviadas por nada verdadeiramente


escandaloso ter acontecido. Enquanto Vivian reorganizava minha saia
amarrotada, virei-me para a mãe de Sergei. Haviam sido negadas as
autorizações necessárias no início de agosto, por isso não esperava vê-los
novamente até depois que os bebês nascessem e que pudéssemos viajar
para a Europa.

—Como você conseguiu chegar aqui? Eu pensei que você não pôde
conseguir os vistos para a viagem? —O olhar grato de Galina caiu sobre
Vivian. Minha amiga deu de ombros e continuou a alisar minha saia.

—Nikolai queria dar um bom presente de casamento a Sergei.

Mesmo que eu tivesse certeza de que coisas legais aconteciam para


fazer isso possível, eu escolhi não olhar um cavalo dado de presente.

Chegando mais perto, abracei-a com força.


—Obrigada, Vivi.

Ela esfregou minhas costas e ajeitou meu véu.

—A família é tudo. Nós queríamos ter certeza de que todos de sua


família estivessem aqui com vocês dois.

Segurei a mão dela e dei-lhe um aperto. Havia tantas coisas que eu


queria dizer, mas não conseguia encontrar as palavras para explicar a ela o
quanto sua amizade significava para mim. Talvez ela não precisasse ouvi-
las. Ela sorriu para mim de uma forma que me dizia que ela já sabia.

—Bianca - Mama delicadamente interrompeu. —Está na hora.

Um pouco nervosa, mas principalmente animada para o que me


esperava, eu abracei a mãe de Sergei.

—Você está tão bonita, Bianca. Estou feliz que Sergei a encontrou.

—Obrigada - eu esperava que ela pudesse ver o quanto isso


significava para mim. —Eu estou feliz que ele me encontrou, também.

—Aqui - ela abriu a mão e me surpreendeu com uma pulseira. —Eu


dei isso a Sergei quando ele veio para a América. Agora eu vou dar a você.

Eu pisquei rapidamente quando percebi que ela tinha tomado o


medalhão de St. Sergius que tinha dado a Sergei para proteção e o tinha
transformado em uma bela pulseira para mim. Eu tinha notado que o seu
colar tinha desaparecido depois do nosso regresso de Londres. Ele tinha
desconversado e me dito que provavelmente tinha deixado para trás.
Agora eu sabia a verdade. Sorrateira, sorrateira!

Ela prendeu a trança delicada de ouro em volta do meu pulso.

—Aqui está.

Eu me inclinei para frente e beijei levemente seu rosto, cuidando


para não deixar uma grande marca de batom.

—Obrigada.

Com seu presente dado, Galina me abraçou uma última vez e deixou
a sala com Vivian. Mama demorou mais tempo. Ela ajustou o meu véu e
amaciou minha saia duas vezes antes de enfiar o braço no meu e me levar
para fora. Sem meu pai ou meu irmão para me levar pelo corredor, ela ia
fazer as honras para mim. Eu não poderia imaginar ninguém melhor para
fazê-lo. Ela era a mulher que tinha me guiado e moldado a minha vida.

Até agora, todos os nossos amigos e família sabiam que eu estava


grávida. Eu experimentei o menor tremor de embaraço à medida que me
aproximava das portas da igreja, mas eu empurrei de lado a vergonha. Nós
tínhamos quebrado uma regra, mas eu nunca ia me sentir mal sobre os
gêmeos. Eles foram feitos com amor, eu pretendia me certificar de que
eles sempre soubessem que eram muito queridos e desejados.

As portas se abriram, a música começou. A menina que levava o


anel entrou na igreja em primeiro lugar e, em seguida, Vivian seguiu não
muito atrás. Em vez de uma grande festa de casamento, tinha optado por
apenas uma dama de honra. Até a chegada surpresa da mãe e irmão de
Sergei, Ivan tinha sido aproveitado para ficar como o padrinho, mas eu
não tinha dúvidas de que Vladimir estaria próximo de Sergei agora.

Com a minha mãe ao meu lado, eu lentamente fiz meu caminho até
o altar de uma igreja lotada. Minha família e amigos tinham transbordado
os bancos traseiros do lado de Sergei, mas ele tinha uma surpreendente
quantidade de convidados também. Eu quase pisquei duas vezes quando
vi Ten em um terno e gravata no final de um dos bancos da frente. Ele
parecia chocantemente bonito, mas ainda tão perigoso. Nikolai estava na
primeira fila com a mãe de Sergei, Ivan e Erin. Yuri, Lena, Dimitri, Benny e
Sofia estavam atrás deles.

E lá, esperando por mim no final do corredor, estava Sergei. Em pé


orgulhoso e alto, ele parecia devastadoramente bonito em seu smoking.
Vladimir ficou ao lado dele, com um sorriso amigável que parecia tão
despreocupado e feliz. Ele, na verdade, estendeu a mão e bateu no ombro
de Sergei. Eu não consegui ouvir o que ele disse, mas o que quer que
tenha sido, Sergei assentiu e sorriu. Quando Sergei pegou minha mão,
coloquei meus dedos em cima dos dele. Meus olhos se arregalaram
quando senti a inconfundível vibração de um movimento na minha
barriga. Pela primeira vez, pude sentir um ou ambos os bebês em
movimento! Se isso não era um sinal de boa sorte, eu não sabia o que era.

Quando o pastor se dirigiu à congregação, Sergei declamou três


palavras: Eu te amo e meu coração vibrou.
Sergei sempre tinha pensado que os russos faziam as melhores
festas, mas depois de ver a família de Bianca em ação, ele estava pronto
para mudar de opinião. Ele tinha estado apreensivo sobre a mistura das
famílias, amigos e grandes quantidades de álcool, mas tudo parecia estar
funcionando muito bem. Sem acreditar em seus olhos, ele sentou-se com
Bianca em seu colo e viu quando um Ivan embriagado, um
surpreendentemente ágil Arty Três Dedos e um Boychenko tentavam
acompanhar os passos complexos de uma dança.

—Tudo bem - disse Erin com uma risada. —Eu tenho que salvar o
meu homem de si mesmo.

Bianca riu quando Erin tentou puxar Ivan para fora da pista de
dança. Quando ele não quis se mover, ela sussurrou algo em seu ouvido. O
que quer que fosse, funcionou. No instante seguinte, Ivan varreu Erin em
seus braços e jogou-a sobre seu ombro como um prêmio. Os aplausos que
irromperam por causa desse movimento encheram o salão da recepção e
abafaram a música. Ivan levou-a até a sua mesa, agarrou sua pequena
bolsinha e se abaixou até Bianca para dar-lhe um beijo barulhento na
bochecha. Ele bateu nas costas de Sergei e disse algumas palavras
irreverentes de encorajamento antes de deixar o salão com a sua mulher a
tiracolo como uma espécie de viking.

—Se você um dia fizer isso comigo... —Bianca divertidamente o


advertiu com um dedo apontado para o seu rosto.

Sergei mordiscou a ponta do seu dedo e o chupou suavemente.

—Vou me certificar de que não estejamos em público. —Ele


colocou as mãos nos seus quadris. —Na verdade, eu poderia levá-la até
nossa suíte do hotel assim.

Seus olhos brilharam com a luxúria.

—Bem, talvez apenas uma vez.


Ele riu e beijou-a com força. Quando se separaram, ele examinou o
grande salão para garantir que todos estivessem se divertindo. Dimitri e
Benny já tinham levado Sofia para casa, mas Sergei chegou a ter a chance
de abraçá-la. Ela era a coisa mais doce com seus cabelos escuros e olhos
azuis. Ele tinha conseguido embalá-la para dormir enquanto seus pais
comiam a refeição sem pressa. Sergei tinha considerado praticar para as
muitas noites sem dormir que tinha certeza de que o aguardavam.

Yuri e Lena ainda estavam na pista de dança. Ele nunca tinha visto
um casal que gostava de dançar. Lembrando-se da recepção de
casamento de Nikolai e Vivian, ele esperava que o bilionário ficasse
totalmente chateado e dançasse nas mesas novamente. Ele só esperava
que ainda estivesse aqui quando isso acontecesse. Aparentemente, isso
tinha sido uma coisa absolutamente espantosa.

Em um canto da recepção, ele avistou Ten se aconchegando com


uma das primas de segundo ou terceiro grau de Bianca. Ela era uma
mulher mais velha que claramente sabia o que esperar, então ele não se
preocupou muito. Conhecendo a reputação de Ten, ela não seria a única
mulher que ele levaria hoje à noite para casa.

Ele estava preocupado de que não teriam muitas pessoas do seu


lado da lista de convidados, mas sua preocupação tinha sido infundada.
Ele suspeitava que a maioria dos que compareceram era por causa de
Nikolai e Vivian. Onde quer que o rei e a rainha fossem, eles fariam a
corte. Hoje à noite, eles tinham uma mesa nas proximidades. Nikolai tinha
o braço em torno da cintura fina da sua esposa. Sua mão repousava no
topo de sua barriga, acariciando seus braços cruzados e calmamente a
criança que ela carregava.

Sua mãe tinha agido naturalmente. Ela conversou com algumas das
esposas mais velhas dos soldados e capitães do patrão. De vez em
quando, ela olhava para ele e sorria. Quaisquer que fossem suas reservas
anteriores sobre Bianca ser aceita na família, ela tinha hoje a acolhido com
os braços abertos e um coração amoroso.

—É interessante - Bianca fez um gesto com a cabeça na direção da


pista de dança. —Olha com quem Vova está dançando, Sergei.

Ele sorriu para o jeito com que ela chamou seu irmão pelo apelido.
Quando ele encontrou o seu irmão dançando lentamente com Zoya, ele
não estava tão surpreso. Vladimir sempre tinha sido apaixonado por
loiras, especialmente as pequenas, como a designer de joias. Quando a
música terminou, Boychenko aproximou-se da mesa e perguntou se
Bianca queria dançar. Ele bateu em seu quadril e encorajou-a a se divertir.
Ela mal tinha deixado sua visão antes do chefe se acomodar na cadeira
vazia ao lado dele. Nikolai tinha tido o cuidado de tomar a mesma cerveja
à noite toda. Enquanto todo mundo ficava bêbado, o chefe estava sendo
cuidadoso, especialmente com sua esposa nas proximidades e contando
com ele para mantê-la segura.

—Foi um casamento bonito, Sergei - Nikolai recostou-se na cadeira


e esticou as pernas. —Perfeito.

—Sim - ele observou Bianca sorrindo e rindo com Boy. —O garoto


sabe dançar. —Nikolai riu. — Ele é um bom garoto. Há potencial lá.

Uma vez, o mesmo havia sido dito sobre ele. Será que o patrão se
arrependia de tê-lo deixado ir?

—Este não é o lugar ou a hora certa, Sergei, mas Kostya mencionou


que você tinha perguntado a ele sobre os nochniye Volki. Existe algo que
eu deveria saber?

Ele olhou para Nikolai. O homem mais velho estava perguntando


casualmente, mas seus olhos eram sérios.

— Este não é o momento - Sergei concordou. —Mas... — Mudando


de posição, ele enfrentou o chefe e explicou o assunto em questão. —
Bianca e sua mãe vão se encontrar com Adam Blake na prisão.

Nikolai piscou.

—Por quê?

—Ele quer se desculpar.

O patrão estreitou os olhos.

—Que monte de merda é isso.

—Eu concordo.

—Então, diga que ela não vai.

—Não é assim tão fácil.


—É - Nikolai respondeu com firmeza. —Ela é sua esposa. Você diz a
ela que não é seguro e ela não vai.

Ele quis perguntar ao chefe como ele trabalhava com Vivian, mas
mordeu a língua em seu lugar.

—Nós discutimos isso. Ela vai.

Nikolai desviou o olhar e resmungou com desaprovação. Após


alguns tensos segundos, ele se virou e disse:

— Eu vou fazer o que posso. Na prisão eu não tenho qualquer um


dos nossos homens. Eu teria que pedir favores.

Sergei entendia o aviso implícito lá. Se o patrão tivesse que pedir


favores, ele iria se voltar a Sergei em algum momento para pedir-lhe para
pagar por esses favores.

—Entendo.

Nikolai assentiu. Ele acenou em direção à pista de dança. —Eu acho


que a sua noiva está ficando cansada. —Ele se levantou de seu assento e
deu um tapinha nas costas de Sergei. —Eu vou me certificar de ter tudo
pronto.

Meia hora mais tarde, depois de jogar o buquê, Sergei e Bianca


saíram apressados da recepção para o carro que os esperava. Pétalas de
flores e arroz foram atirados neles enquanto eles faziam a retirada de sua
festa. Como um par de adolescentes, eles entraram no banco de trás e
sussurraram ardentemente um para o outro. Ele não podia esperar para
levá-la até sua suíte e tirá-la daquele lindo vestido.

Ele pretendia passar a noite lembrando a ela do por que ela o havia
escolhido como seu marido. Como prometido, ele levou-a para sua suíte,
mas ele não a jogou sobre seu ombro. Ele temia que não fosse seguro em
seu estado de gravidez, mas ele a embalou em seus braços e gentilmente
colocou-a na cama. Tomando seu tempo, ele arrancou seu vestido e suas
roupas de baixo. Ele o fez com reverência, como se desembrulhasse um
presente especial.

Depois de toda a cerveja e vodka que ele tinha tomado, Sergei teve
que se esquivar para o banheiro antes que as coisas ficassem muito
interessantes. Ele tirou seu smoking e escovou os dentes enquanto estava
lá dentro. Com o estômago sensível, a última coisa que queria era Bianca
recebendo seu bafo de cerveja em seu rosto.

Duro como uma rocha e ansioso por ela, ele saiu do banheiro para
encontrar Bianca descoberta e enrolada em seu lado dormindo. Embora
decepcionado por não haver sexo selvagem na sua noite de núpcias, ele
não se importou muito. Seu pobre corpo estava trabalhando horas extras
para manter esses bebês saudáveis e tinha sido um dia muito longo para
ela.

Balançando a cabeça, mas sorrindo, ele conferiu se a porta estava


trancada e apagou todas as luzes, exceto a do banheiro. Ela poderia se
levantar no meio da noite e ele queria que ela fosse capaz de ver onde
estava indo. Ele se arrastou para a cama com ela e moldou seu corpo ao
dela. Ela fez um som suave, como de contentamento e mexeu de volta
contra ele.

Beijando seu rosto, ele colocou seu braço sobre a cintura dela e
acariciou lhe o seio.

—Boa noite, Bianca Sakharovna.

Capítulo Onze

Inundada com a ansiedade, eu nervosamente esfreguei minha


barriga de grávida e olhei para o meu relógio.

—Será que ele já pousou? — Mama não interrompeu os


movimentos repetidos pelas suas agulhas de tricô. O clic-clac das varas de
bambu se batendo enquanto ela trabalhava no lindo chapéu colorido para
o bebê encheu a sala de espera da prisão.
—Ele deveria pousar em torno de cinco horas. Ele provavelmente
está prestes a decolar.

Ela sorriu conscientemente.

—Cinco dias de separação está deixando você louca, não é?

Durante a maior parte da semana, Sergei tinha estado em Las Vegas


com Ivan em um Torneio de Artes Marciais Mistas. Dois dos três lutadores
de Ivan haviam vencido suas divisões. O outro tinha ficado em segundo, o
que ainda era muito bom. Eu não tinha sido capaz de observar a luta na TV
a cabo. Elas me lembravam de como eram violentas e brutais como nas
lutas em que tinha visto Sergei ganhar. Aquelas eram lembranças que não
queria reviver.

—Eu não posso aguentar, mamãe. Eu não gosto de estar sozinha em


casa sem ele. —Eu mudei de posição no assento frio e duro e estremeci
quando um dos bebês chutou minha caixa torácica.

Nas seis semanas desde que tinha sentido o primeiro movimento


durante o nosso casamento, estes dois bebês tinham ficado muito
selvagens na minha barriga. Sergei gostava de se enroscar ao meu lado na
cama e perseguir os seus movimentos em cima do meu estômago com sua
mão grande. No início, eu tinha sentido como uma espécie de
experimento científico, mas era a única maneira dele se sentir perto deles
enquanto estavam crescendo dentro de mim. Além disso, o olhar de
admiração absoluto em seu rosto quando os bebês chutavam de volta
contra os seus dedos fazia o meu coração inchar de tanto amor. Eu não
podia esperar pelo dia em que ele poderia segurá-los nos braços e amá-
los. Eu sabia que era tudo o que ele queria.

—Você não tem um sistema de segurança?

Na verdade, eu tinha um sistema de segurança 24 horas, cortesia de


Nikolai. Ele tinha dois de seus homens vigiando minha casa à noite e fora
da loja durante o dia. Aparentemente Erin tinha tido o mesmo
tratamento, enquanto Ivan estava fora da cidade. Ela não era muito
amante dos homens atribuídos a ela, mas eu gostava do Boy e de Danny.
Boy tinha até mesmo cortado a grama para mim uma tarde!

—Não foi isso que eu quis dizer, Mama.

Ela sorriu para mim novamente.


—Eu sei. —Ela olhou para o padrão saindo de seu tricô. —Eu pensei
que vocês dois estivessem fazendo essa coisa de mensagem de vídeo nos
seus telefones.

—Nós estávamos. — Eu mantive o meu olhar fixo em minha barriga


e rezei para que ela não visse o rubor no meu rosto enquanto eu me
lembrava de algumas das maneiras que tínhamos usado a tecnologia para
o nosso benefício.

Antes de Sergei, eu nunca poderia ter imaginado me despindo e


segurando a câmera do meu telefone enquanto eu me levava ao clímax
uma e outra vez, mas meu marido perverso poderia ser terrivelmente
persuasivo. Ele usou os olhos de cão sem dono e começou a me falar como
ele ia me fazer gozar. A próxima coisa que eu sabia era que estava nua na
nossa cama com os meus dedos...

—Sra. Bradshaw? Sra. Sakharov? —Jane Crenshaw, a assistente


social que tinha facilitado o nosso encontro com Adam Blake, chamou
nossos nomes por trás de uma janela de vidro fortificada. —Estamos
prontos para vocês agora.

Como se visitasse prisões todo dia, Mama calmamente arrumou o


tricô e levantou-se da cadeira. Eu andei ao lado dela até as portas
trancadas que rangeram quando se abriram para nós. Um guarda do sexo
masculino pegou nossos telefones e bolsas, enquanto um guarda feminino
nos revistava. Ela usava um daqueles bastões de segurança para detectar
armas escondidas. Eu pensei que pedir a Mama para se sentar e remover
a prótese fosse um exagero, então mordi a língua. Quem sabia que tipo de
coisas as pessoas tentavam contrabandear para dentro da prisão.

Lado a lado, Jane nos levou a uma pequena sala onde ela explicou-
nos o procedimento e as expectativas da visita novamente. Nós tínhamos
discutido isso muitas vezes durante as semanas que precederam via
conversas telefônicas e em uma reunião antes em um dos nossos
encontros do grupo de apoio.

Embora eu não estivesse tão feliz sobre esta reunião como Mama
estava, eu esperava obter algo de útil dela. Eu não tinha visto Adam Blake
desde a fase de condenação de seu julgamento. Nós dois estávamos mais
velhos agora. Eu poderia listar todas as maneiras que eu tinha mudado
desde então, mas eu queria saber sobre ele. Ele ainda estava tão irritado?
Ele ainda era tão cruel? Ele era um homem diferente agora?
Fomos levadas para um local seguro onde eu iria obter as minhas
respostas. Meu estômago tremia de nervosismo quando sentamos em
nossas cadeiras e esperamos ele aparecer. Apesar de todas as garantias de
Sergei, eu ainda temia que Adam tivesse segundas intenções. Mais do que
tudo, eu estava com medo de que ele falasse sobre seu irmão
desaparecido. O que diabos eu deveria dizer sobre isso? Nós tínhamos sido
alertadas que a sessão de hoje seria gravada. E se ele tentasse me
incriminar de alguma forma?

Esta foi uma má ideia. Você deveria ter escutado Sergei. Ele estava
certo. Isso é loucura.

Mas já era tarde demais para me arrepender. A pesada porta do


outro lado da sala rangeu quando foi aberta por um corpulento guarda
prisional. A enfermeira empurrou uma cadeira de rodas para dentro.
Meus olhos se arregalaram com o choque de ver o prisioneiro frágil
sentado na cadeira. Não havia nada mais neste triste jovem do violento
que tinha me batido com os punhos e tentado me estrangular no
almoxarifado da loja de conveniência.

Magro e pálido, parecia que ele poderia realmente estar à beira da


morte. Ele tinha sido atacado no início do ano em uma luta no pátio da
prisão. Um canivete cravado em suas costas o tinha deixado
permanentemente paralisado da cintura para baixo e dependente de uma
bolsa de colostomia. Havia feias cicatrizes rosadas em seu rosto e pescoço
das facadas recentemente curadas. De alguma forma, ver a sua dor na
carne diminuiu a alegria fugaz de vingança que eu tinha experimentado
quando tinha ouvido falar do atentado contra sua vida.

Será que ele sabia que foi o seu próprio irmão que tinha
encomendado? Será que ele sabia que não era nada mais do que um pião
estúpido na mão de seu irmão mais velho?

Dobrando os braços sobre a mesa, aguardei enquanto Adam era


colocado no lado oposto. Ele descansou as mãos sobre a mesa e olhou de
volta para mim.

Finalmente, ele falou.

—Bianca. —Seu olhar moveu-se para o rosto de minha mãe. —Sra.


Bradshaw.
Nenhuma de nós disse uma palavra. Nós esperamos para ver o que
viria de sua boca antes de nós darmos qualquer promessa de perdão ou
abençoar sua vida.

Com um suspiro, ele começou fracamente um discurso, obviamente


praticado.

—Eu queria que vocês soubessem que não há um dia em que não
me arrependa do que fiz. Não há um dia em que acordo sem ter sonhado
com o seu filho, Sra. Bradshaw. —Ele engoliu duro, seu pomo de Adão
subiu e desceu em sua garganta. —Eu acordei por vezes no meio da noite,
me lembrando do jeito em que você gritou quando bati em você, Bianca.
Lembro-me da maneira como você lutou para viver. —Ele piscou
rapidamente. —Lembro-me da forma como o seu irmão pulou na sua
frente para salvá-la da bala.

Meu coração disparou enquanto ouvia o assassino do meu irmão


recontar as terríveis coisas que ele tinha feito. Eu não sabia o que dizer
então pressionei meus lábios juntos e esperei.

—Eu não sei por que estava tão irritado. Eu não sei por que pensei
que pessoas como você mereciam ser feridas e intimidadas e mortas. —
Ele trouxe suas mãos algemadas ao rosto e enxugou as lágrimas de seu
rosto. —Foi estúpido. Toda aquela raiva e dor? Era tudo tão sem sentido.

Adam entrelaçou os dedos e colocou as mãos sobre a mesa


novamente.

—Eu sei que não muda nada. Isso não trará Perry de volta. Não vai
apagar as memórias do jeito que eu gostaria, mas eu sinto muito.
Genuinamente - ele adicionou sobriamente. —Eu sinto muito pelo que fiz.

Enquanto olhava para homem quebrado na minha frente, eu senti a


raiva e o ódio que eu tinha guardado em relação a ele começar a
desaparecer. Não ia acontecer instantaneamente, mas com o tempo, eu
não sentiria nada por este homem. Ele não valia o esforço. Pareceu-me,
de repente, que toda a sua existência como ser humano tinha sido
desperdiçada. Os chutes dos gêmeos dentro de mim eram um lembrete
de tudo de maravilhoso que tinha acontecido na minha vida, mas Adam
Blake? Ele não tinha nada. Ele morreria sozinho e vazio dentro de uma
prisão. Ninguém se lembraria dele. Toda a sua história morreria com ele.
Eu não esperava sentir tristeza, mas lá estava ela. O aperto no meu
peito me surpreendeu, mas eu aceitei isso. Ele era um ser humano, o
mesmo que eu, e estava desesperadamente triste com o que a sua vida
tinha se tornado. Silenciosamente, Mama alcançou o outro lado da mesa e
colocou sua suave mão sobre a dele. Adam não se recolheu ao toque.
Não, ele se inclinou para frente e começou a chorar pateticamente. Seu
frágil corpo tremia e tremia enquanto ele soluçava copiosamente.

Mama deixou sua mão sobre a dele.

—Está tudo bem. —Ela sussurrou. — Está tudo nas mãos de Deus
agora.

Maravilhada com a força e bondade que minha mãe exibia e orando


para que eu fosse um dia forte como ela era, sentei-me em silêncio
enquanto Adam chorava seu remorso. O resto da visita se passou quase
em silêncio. Além de seu fungado e um murmuro choroso dizendo
“obrigado”, não houve nenhuma outra palavra dita entre nós três.

Mamãe e eu assistimos a enfermeira levá-lo para fora da sala. O


guarda que tinha vindo com ele trancou a porta e deixou-nos com a
assistente social.

—Como é que vocês duas estão se sentindo? — Jane perguntou


gentilmente.

—Leve. —Eu disse honestamente. E aliviada por ele não ter


mencionado seu irmão...

Mama esfregou o dedo de um lado para o outro da mesa.

—Acabou.

Jane começou a falar sobre encerramento e as emoções que


poderíamos esperar do processo ao longo dos próximos dias, mas um
súbito alarme alto a interrompeu. Mama e eu pulamos em nossos lugares.

Pressionando a mão no meu peito, olhei ao redor assustada.

—O que é isso?

—Não é nada bom. — Jane disse honestamente. —Devemos levar


vocês duas para fora daqui.
De repente, a voz de Sergei estava em minha cabeça. Ele tentou me
dizer que prisões eram lugares perigosos. Ele tinha tentado me fazer ver
que eu estava vulnerável dentro destas paredes. Eu tinha escutado? Não.

Com uma mão na minha barriga, me apressei ao lado de Mama


enquanto éramos levadas de volta pelo corredor até a sala da guarda. Nós
podíamos ouvir fragmentos das conversas feitas pelos rádios e ver
guardas correndo nas imagens dos monitores montados na parede
distante. Pelo visto, uma pequena rebelião irrompeu em uma parte da
prisão. Nossos pertences foram lançados em nossas mãos, e nós
apressadamente andamos para dentro do saguão.

O guarda que tinha sido encarregado de nos escoltar tentou nos


colocar à vontade.

—Vocês estão perfeitamente seguras aqui fora. Todo o problema


está contido dentro dos principais muros da prisão.

Então por que você está caminhando conosco até nosso carro?

Fora no estacionamento, notei que o SUV que haviam nos escoltado


para dentro da prisão não estava lá. Mama não tinha ficado feliz com o
par que nos seguiu, mas Sergei tinha explicado durante o jantar de
domingo que ele tinha uma, e apenas uma condição para a minha ida com
ela. Ele queria que eu fosse escoltada, apenas no caso. Ela tinha cedido
eventualmente.

Olhei ao redor e franzi a testa. Onde Boy e Danny estavam? Eles


tinham prometido esperar por nós.

Como se estivesse lendo minha mente, o guarda perguntou:

— Vocês tinham amigos à espera de vocês?

—Sim.

—Nós limpamos os estacionamentos como parte do procedimento


padrão de motim. Tenho certeza de que alguns dos meus colegas de
trabalho pediram a eles para esperarem do lado de fora dos portões. — O
guarda verificou o banco de trás do meu carro e me pediu para abrir a
porta malas antes de deslizar para baixo para olhar debaixo do veículo. Eu
não acho que ninguém era louco o suficiente para tentar pegar uma
carona debaixo de um carro, mas...
—Ok. As senhoras podem ir.

—Querido, você tenha cuidado ao voltar para lá.

—Mama pediu. — Obrigado por nos acompanhar de volta para o


nosso carro.

O guarda sorriu e moveu-se mais para perto de mim.

—Oh, eu não vou voltar para lá.

—Você está saindo de seu turno? — Perguntou Mama.

—Não. — O sorriso do guarda se desvaneceu, e seus olhos


brilharam com perigo. Esse foi todo o aviso que tive antes do guarda dar
um passo para trás de mim em um movimento rápido.

Engoli em seco quando senti a ponta de uma arma contra a minha


barriga. Ereta, fiquei perfeitamente imóvel enquanto ele enfiava a mão na
minha bolsa e pegava as chaves. Ele destrancou a minha porta e a abriu.

—O que você está fazendo?

—Entre no banco do motorista. Agora! —Ele enfiou a arma no meu


lado com força suficiente para que eu gritasse de dor. Eu senti um dos
bebês chutar com a intrusão. Lágrimas queimaram meus olhos. Oh, Deus.
Não. Não. Não.

—Nem pensar! — O guarda avisou a minha mãe com um grunhido


quando ela abriu a boca para gritar. —Você entre no banco do passageiro
traseiro. Uma única fodida palavra sua e eu vou acabar com esta gravidez
cerca de 20 semanas mais cedo.

Mama e eu trocamos olhares horrorizados, mas ela fez exatamente


como instruído. O guarda deslizou para o assento do passageiro da frente
e apontou a arma para mim, enquanto ele apertava o cinto de segurança.

Ele se inclinou e empurrou as chaves na ignição.

—Você não tente nada estúpido, ou vou abrir um buraco na sua


barriga. Entendeu?

—Sim. — Com as mãos trêmulas, eu estendi a mão para o câmbio e


vi o olhar de medo da minha mãe no espelho retrovisor. —Para onde
vamos?
—Você vai sair deste estacionamento e passar pela guarita. Você vai
parar, mas nem sequer tente pedir socorro. Eles todos receberam o
mesmo valor que eu. —Ele apertou a arma contra o meu estômago
novamente. —Vá.

Não me atrevi a demorar. Eu coloquei o carro em marcha e o movi


pelo estacionamento como se nada fora do comum estivesse
acontecendo. Com certeza, o guarda na guarita nem sequer piscou um
olho. Ele apertou o botão vermelho e deixou o carro passar para fora do
estabelecimento prisional.

—E agora?

—Esquerda. —Disse ele. —Mantenha-se na rodovia.

Segurando o volante firmemente, eu fiz a volta e ganhei velocidade.


Não mais que um quilômetro longe da prisão, avistei o SUV preto que Boy
e Danny estavam dirigindo. Ele estava fora da estrada e capotado de
cabeça para baixo. Eu não vi nenhum deles, mas havia manchas de sangue
no para-brisa. Eles poderiam ter sobrevivido a um ataque assim?

—Não se preocupe. Eles estão vivos. Você vai vê-los em breve.

Confusa e assustada, eu exigi:

—Por que você está fazendo isso?

—Dinheiro. —O guarda disse claramente. —Por que mais?

—Para quem você trabalha? — Se eu fosse morrer, eu queria saber


quem ia realmente puxar o gatilho.

—Quem você acha?

—Os Night Wolves?

O guarda riu.

—Você não pode ser tão estúpida. Eles se foram. Acabou. Seu
marido e seus amigos fizeram isso, depois que Derek tentou estuprá-la e
matá-la em sua loja.

A ingestão aguda da respiração de Mama surpreendeu o guarda. Ele


se virou em seu assento e riu dela.
—O quê? Ela não lhe disse que Derek Blake e seus capangas
invadiram sua loja e planejaram derramar sangue em cima de todos os
vestidos brancos bonitos?

—Você é nojento. —Eu cuspi nele. —Deixe minha mãe em paz!

—Ou o quê? — A arma estava de volta contra a minha barriga. —


Huh? Você não está exatamente em posição privilegiada para negociar
aqui, querida.

Eu cerrei os dentes e continuei dirigindo. Ele esticou as pernas e


balançou a arma enquanto falava.

—Você se casou com o homem errado, querida. Você devia ter


encontrado um homem belo e rico do cartel em vez daquele gigante russo
filho da puta que você escolheu.

Do cartel? O que no mundo o cartel iria querer comigo? Eu não era


nada. Eu não era ninguém. Sergei nem sequer estava nessa vida mais. Não
havia influência a ser adquirida com o meu sequestro ou de Mama. Minha
mente correu enquanto tentava lembrar-me de cada trecho de notícia que
tinha lido ao longo dos últimos meses. Teve o tiro que quase matou o
dono do clube, Besian Beciraj. Sergei tinha explicado que Besian era
realmente o chefe da organização albanesa local e também um agiota
muito rico. Ele não tinha entrado nos detalhes por trás do tiro além de
dizer que tinha sido de um cartel assassino e desonesto.

Não tinha havido uma ligação com Hadley Rivera? Eu tinha


conhecido o absurdamente rico romancista gráfico uma ou duas vezes nas
mostras de arte de Vivian. Eles frequentavam círculos semelhantes nos
arredores de Houston. Hadley tinha estado no lugar errado no momento
errado em que o mesmo assassino tinha tirado fotos dela e de Finn
Connolly.

Algumas semanas atrás, tinha havido uma terrível bagunça devido à


notícia sobre todos esses cartéis associados aos gangsters que foram
mortos na mesma noite. Foram quase vinte mortes em toda Houston e
dezenas mais ao sul da fronteira. Os jornais tinham chamado de um golpe
interno. Quando tinha perguntado a Sergei sobre isso, ele simplesmente
tinha balançado a cabeça e admitido que não sabia de nada.

Ele queria que ela ficasse desse jeito também. Agora a gentil oferta
de Nikolai em ter alguém de olho nas esposas de seus amigos não parecia
tão simples. E se ele soubesse que havia uma ameaça contra mim? O
pensamento doentio torceu minha barriga. Erin estaria bem? E se
tivessem tentado agarrá-la também? E sobre Vivian e o bebê que ela
carregava?

—Você já foi a Cabo? Estou pensando que é aonde vou depois que
fizer essa entrega. Eu vou pegar o meu dinheiro e sumir, sabe?

Eu olhei para o guarda.

—Você é louco? Você está realmente tentando ter essa pequena


conversa comigo enquanto tem uma arma apontada para os meus filhos?

Ele apontou a arma em direção ao painel.

—Aqui, ok? Está feliz?

Antes que eu pudesse responder, Mama me chocou ao enfiar a


ponta da agulha grossa de tricô na garganta do guarda. Ela gritou como
uma mulher possuída enquanto enfiava a arma improvisada em seu
pescoço. A arma disparou, o som foi tão ensurdecedor no espaço fechado
que eu temia nunca ser capaz de ouvir novamente. Enquanto o guarda
engasgava e dava um tapa em seu pescoço, ele balançava sua arma.
Agarrei seu pulso ao pisar no freio e empurrei a arma em direção à sua
janela. Ela disparou novamente, explodindo o vidro.

Com os ouvidos surdos e a cabeça latejante, tentei manter o carro


sob controle enquanto prestava atenção à arma, mas estava muito difícil.
Nós perdemos o controle e saímos da estrada. Batemos em uma árvore
tão forte que Mama ficou inconsciente quando sua cabeça bateu na
janela. Meu cinto de segurança e o airbag aberto salvaram os bebês e a
mim. O impacto jogou a arma voando para fora da mão do guarda e para
fora da janela.

Ofegante e tossindo por causa da poeira agora tão pesada no ar, eu


desapertei o cinto de segurança com tremor nas mãos. Eu não podia ouvir
uma coisa maldita por causa dos tiros, e meu estômago estava muito
enjoado. Consegui abrir minha porta e caí para fora do carro e sobre a
grama. Segurando a porta, me arrastei para uma posição sentada. Meus
sapatos tinham ficado presos debaixo dos pedais, mas eu não me
importava mesmo. Eu andei até a porta da Mama, usando o carro como
apoio, mas eu não consegui abri-la. A adrenalina me deixou tremendo e
doente. De alguma forma, trabalhei a coragem para alcançar, através da
janela quebrada, o pescoço do guarda. Procurei pelo pulso, mas não havia
nenhum. Ele estava morto, e morto por uma agulha de tricô.

Desesperada por ajuda, eu caminhei de volta para o lado do


motorista e tentei alcançar o meu telefone. Ele havia caído entre os pés
do guarda. Tonta e mal do estômago, estiquei fracamente meu braço.
Minha barriga continuava a ficar no caminho, e eu coloquei a mão em
minha barriga quando percebi que não havia sentido os bebês se
moverem desde o acidente.

—Oh, Deus. Por favor. — Corri minhas mãos sobre a minha barriga e
pressionei um pouco para ver se eu poderia obter uma resposta.

Finalmente, eu senti um chute e depois outro. Ambos os bebês


começaram a se mexer, e eu dei um suspiro de alívio. Mas a minha alegria
durou pouco. Dois SUVs e uma grande Van de entrega de flores vieram em
minha direção. Meu coração afundou quando percebi que este não era
um resgate amigável. Não, este era o meu pesadelo se tornando
realidade.

Eu tropecei para longe do carro e pensei em correr, mas até onde


iria? Mesmo se eu não estivesse grávida, dificilmente poderia fazê-lo com
tanto cansaço. Com os gêmeos dentro de mim e com os pés descalços? Eu
não ia chegar até a primeira árvore antes que esses tontos me
alcançassem.

Colocando as duas mãos na minha barriga em um gesto de


proteção, engoli em seco e esperei. Se eu pudesse ficar viva, Sergei iria me
encontrar. Ele iria mover céus e terra para trazer a mim e os bebês para
casa.

Homens saíram dos veículos. Eu pensei na minha mãe. Ela ainda


estava viva, mas esses homens não sabiam disso. Um deles se aproximou
de mim cautelosamente. Ele tinha a arma apontada em direção ao chão e
não parecia representar nenhum risco imediato para mim.

Decidindo que eu tinha pelo menos que tentar salvar a minha mãe,
eu solucei.

—Os dois estão mortos.

Ele olhou para o carro destruído e para a confusão sangrenta no


banco da frente e não investigou mais.
—Venha aqui.

Forcei meus pés se moverem. Quando estava perto o suficiente, ele


agarrou meu braço e me arrastou para a van de entrega. As portas se
abriram e fui arrastada e entregue a um par de homens fortemente
armados que guardavam uma pequena coleção de prisioneiros. Os
homens sangrando e amarrados inconscientes no chão pareciam
familiares o suficiente, mesmo com os capuzes cobrindo seus rostos. Boy e
Danny não se mexiam, e eu rezei para que todos eles estivessem bem.

O meu olhar moveu-se para o banco no lado esquerdo do espaço de


trás. Com pulsos presos por cordas, Erin olhou para mim com tanto medo
em seu bonito, mas machucado rosto. Quem tinha dado a ela aquele olho
preto e o lábio inchado, era um homem morto. Quando Ivan a
encontrasse e eu sabia que os nossos homens iriam nos encontrar, ele ia
liberar a besta que tinha sido aprisionada quando ele deixou a máfia.

Empurrando-me para o lado de Erin, eu não protestei quando


amarraram minhas mãos e colocaram no meu tornozelo um par de
algemas. Eles não iam ver-me derramando mais lágrimas. Eu estava viva.
Meus bebês estavam seguros. E Sergei ia nos encontrar. Erin pegou minha
mão. Foi meio desajeitado com os nossos pulsos amarrados, mas nós
agarramos os dedos uma da outra. Nós compartilhamos um olhar que
comunicava o que estávamos pensando.

Estes homens iam pagar.

Capítulo Doze

—Nós deixamos alguma sacola no armário do ginásio? —Ivan


procurou por todas as malas que tinham descarregado.

Pausando para verificar, Sergei olhou ao redor das pilhas de sacos e


malas dos equipamentos no vestiário do armazém. Ele os contou e
assentiu. —Nós deixamos uma.
—Eu vou ter que entrar em contato com os organizadores e ver se
eles podem enviá-la para nós. —Ivan pegou seu telefone do bolso e o
verificou pela centésima vez.

Sergei sorriu porque ele tinha feito a mesma coisa.

—Ela ainda não retornou a sua chamada?

—Não - Ivan digitou novamente e segurou seu telefone em sua


orelha. —Alguma coisa está errada com ela.

Os pensamentos de Sergei se viraram para Bianca e sua mãe. Ele


não queria importuná-la demais, especialmente depois de seu encontro
com Adam Blake. Ele ainda não gostava disso, mas ele havia prometido
dar seu apoio. Ele havia chamado uma vez para deixá-la saber que ele
estava de volta em Houston. Quando ela estivesse livre, ele confiava que
ela iria ligar.

Passos pesados e correndo ecoaram no ginásio vazio. Depois


daquela hora, não deveria haver qualquer outra pessoa no edifício. Ele
olhou para Ivan que franzia a testa. Os dois homens se viraram para a
porta a tempo de ver Ten irromper no vestiário. O telefone de Ivan bateu
no chão com um baque quando a visão do corpo ensanguentado e
machucado de Ten foi registrado.

Sergei não podia acreditar que o homem ainda estava andando. Ele
tinha a porra de uma ferida de um tiro de espingarda no ombro e o que
parecia ser uma laceração em arco feita por uma faca sobre o peito. O
spray de sangue em sua calça jeans não era seu.

—O que diabos aconteceu com você? - Ivan pegou uma toalha e


correu para Ten. — Você precisa de um hospital.

—Mais tarde - Ten rosnou. —Eles nos emboscaram no estúdio de


Vivian.

O estômago de Sergei se apertou.

—Ela está bem? O bebê?

—Tudo bem. Os dois estão bem. Eu a deixei com o chefe. Ela está
em um lugar seguro - Ten balançou a cabeça e colocou a mão
ensanguentada no ombro de Ivan. —Arty está no hospital. Dois de seus
homens estão mortos - Ten olhou para ele, e um punho invisível atacou o
estômago de Sergei. —Boy e Danny estão desaparecidos. Seu SUV foi
encontrado na estrada perto da prisão. O carro em que Bianca estava
bateu em uma árvore. Havia um guarda de prisão morto no banco da
frente. Sua sogra estava viva.

O coração de Sergei bateu em seu peito.

—E a minha esposa?

Ten balançou a cabeça.

—Ela se foi. Eles a levaram - ele olhou para Ivan. —Erin também.

Assim que as palavras foram faladas, Ivan entrou em um acesso de


raiva ao contrário de qualquer coisa que Sergei já tinha visto. Ele ergueu
um banco inteiro e o jogou em uma fileira de armários. Sergei vacilou
quando Ivan o pegou de novo e atirou contra os armários uma segunda
vez.

O metal rangia alto e o banco saltava quando batia no piso de


concreto. Ele agarrou uma das portas dos armários e arrancou as
dobradiças. Temendo por seu amigo, Sergei agarrou Ivan pelos ombros e
empurrou-o de lado.

—Pare! Chega!

Ivan recuou e Sergei esperou por um soco que nunca veio. Seu
amigo recuperou o controle de si mesmo antes de cruzar a linha.
Respirando com dificuldade, Ivan cerrou os punhos.

—Eu jurei que iria protegê-la. Eu prometi a ela que ninguém nunca
iria machucá-la novamente.

—Assim como eu. — Sergei aceitou a culpa que ameaçava colocá-lo


de joelhos. Mesmo depois de ter tentado fazer tudo certo, ele ainda tinha
falhado com Bianca. Como Ivan, ele tinha se afastado daquela vida e se
reformado, mas não era o suficiente. Isso nunca ia ser o suficiente.

Ivan rosnou para Ten.

— Onde diabos está Kolya?

—Ele está esperando por nós - os olhos pretos de Ten brilhavam


com intenção assassina. —Tudo termina hoje à noite.
Uma bola gelada atingiu o fundo do estômago de Sergei. Esta não
era uma guerra que o chefe tinha começado, mas era uma que ele ia
terminar. Esta era uma confusão que Maksim Prokhorov e Romero Valero
tinham começado com seus jogos de poder e intrigas. Sergei tinha
propositadamente ignorado os rumores que ele ouvia em todo o ginásio e
nos canteiros de obras. Ele não queria saber o que aqueles dois velhos
fodidos estavam fazendo, mas agora? Agora, ele estava furioso. As
consequências de seus jogos tinham chegado às ruas de Houston.

Hoje à noite aquelas ruas seriam regadas de vermelho de sangue.


Inocente ou culpado, isso não teria importância. Quando Sergei deslizou
para trás do SUV de Ten, ele sentiu o sangue do executor em seus jeans.
Não era a primeira vez em que ele tinha o sangue de outro homem em sua
pele. Não seria a última. Para salvar Bianca e seus bebês, não havia linha
que ele não cruzaria hoje à noite.

Tremendo de frio, ignorei o pulsar em minhas mãos e minha boca


seca. Minha bexiga gritava para ser esvaziada. Cada movimento dos bebês
era feito de agonia pura, neste ponto, mas eu estava feliz em sentir os
chutes tranquilizadores. Olhei ao redor da sala refrigerada onde eles
estavam nos mantendo. Os dentes de Erin batiam juntos, e ela se
contorcia incessantemente para tentar manter-se aquecida.

Tínhamos sido empurradas para esta sala fria depois de chegarmos


ao edifício abandonado. O cheiro de azedo de leite velho contaminava o
ar. Eu não tinha certeza do que estava sendo escondido naqueles tonéis,
mas sabendo que era do cartel? Ou drogas ou armas eu adivinhei. Talvez
ambas.

No lado oposto do espaço, Boy e Danny estavam presos. Eles


haviam sido amarrados pelos pulsos e pendurados em ganchos de carne.
Rezei para que amordaçar e vendar os olhos deles fosse o pior que eles
fariam para os homens. Eu não acho que poderia aguentar, se os caras do
cartel começassem a bater neles ou torturá-los.

—O que quer dizer com ele não vem?

Erin e eu nos entreolhamos quando o vozeirão de um homem ecoou


através da porta aberta da sala refrigerada. Ouvimos com muita atenção
quando os homens que nos prenderam discutiam.

—Isso é besteira. Ele fugiu? Fugiu para onde?

—Eu não sei, cara. O que ouvi enquanto vinha para cá é que El Jefe
desapareceu esta manhã. Ele deixou o submundo. Ele se foi.

—E ninguém pensou na porra de nos dizer antes de interceptarmos


os russos?

O homem que parecia estar no comando parecia em pânico.

—E se ele não tiver fugido? O que eles vão fazer com ele? Eu nunca
confiei em Salas ou Contreras. Lalo e Hector foram os únicos que
sobreviveram a esses ataques no mês passado. Eu ainda acho que eles
atiraram uns nos outros para fazer isso parecer como se tivessem sido
atacados também.

—Quem se importa? De qualquer maneira, cara, estamos fodidos.


Os caras que enviamos para pegar a mulher do chefe nunca conseguirão
voltar. Nós perdemos o guarda o que significa que o resto dos caras que
valiam a pena na prisão vão falar. E nossos homens do lado de fora?
Quanto tempo você acha que vão ficar por aqui uma vez eles descobrirem
que Lorenzo não enviou reforços?

—O que vamos fazer? Soltá-las? —Erin e eu trocamos um olhar


esperançoso.

—Foda-se! Elas viram nossos rostos. Nós cortaremos suas gargantas


e vamos embora.
Oh, não. Por Favor. Por favor, não isso. Minhas mãos atadas
repousavam sobre a curva de meu estômago. Assustada, procurei em
volta do espaço por algo, qualquer coisa, para nos ajudar a sair disso.

—Cara, eu não tenho nenhum problema em matar os dois soldados,


mas as meninas? Uma delas está grávida. Eu não vou matar os bebês.

—Você sabe quem é Ivan Markovic? Você sabe o que ele vai fazer
para você se descobrir que você deu um soco em sua esposa? Ele vai
arrancar suas bolas e empurrá-las para baixo de sua garganta. E a outra?
Eu vi o marido dela lutar uma vez. Ele partiu o esterno de um homem com
um soco. Um. Soco. —O homem riu alto. —Não, eu não vou ficar para ver
esse show. Matamos eles, e nós vamos embora.

Erin e eu ficamos tensas quando os dois homens entraram na sala.


O loiro de pele clara já tinha a faca na mão. O outro, o homem que havia
se aproximado de mim na estrada, parecia inquieto ao redor da sala. Seu
desgosto em nos matar era bastante claro.

—Olha, Chris, talvez devêssemos pensar sobre isso - ele implorou.


— Eles valem mais vivos do que mortos - ele olhou para Boy e Danny que
ainda estavam quietos quando os homens haviam entrado no quarto. —
As meninas, pelo menos.

—O quê? Você quer pedir resgate, Juan? - apesar do escárnio em


sua voz, Chris baixou a faca. —Você acha que eles vão nos pagar?

—Ivan Markovic é rico, certo? E o outro? Sergei? Ele está preso com
Kalasnikov. Isso é um monte de dinheiro que podemos roubar.

Chris parecia considerar.

—E se eles não pagarem?

—Então nós as venderemos - respondeu Juan com um encolher de


ombros. —Aquela magra é realmente bonita. Aposto que Tran pagaria um
bom dinheiro por uma buceta jovem assim. Ela tem... O quê? Vinte e três?
Vinte e quatro? Não tão bom quanto as adolescentes que ele gosta de
pegar, mas ela é fresca e limpa.

—E essa? - Chris apontou a faca para mim. —Eu duvido que o


mercado de prostitutas grávidas seja muito alto.
—Não - Juan concordou. —Mas eu aposto que nós poderíamos
ganhar um bom dinheiro com os bebês. Eu ouvi que as pessoas pagam
dezenas de milhares de dólares por recém-nascidos. Ela tem dois dentro
dela. Você poderia ter um e eu poderia tomar o outro.

Ouvi-los falar sobre os meus bebês como se fossem filhotes para


serem vendidos pelo maior lance me deixou doente. Próxima a mim, Erin
estremeceu com nojo. Como no mundo havia homens tão cruéis? Como
eles se tornaram tão desprovidos de sentimento a ponto de discutirem o
tráfico de uma de nós e a venda dos bebês no mercado negro tão
facilmente como se estivessem falando de um jogo de futebol?

—Mantê-la viva é a parte fácil - disse Chris quando ele se ajoelhou


na minha frente. A faca veio perigosamente perto da minha barriga e eu
gemi. Ele parecia gostar do meu medo e pressionou a borda afiada contra
a minha camisa. —O que acontece quando os bebês estiverem prontos
para nascer?

—Nós poderíamos tirá-los. E pode não ser tão difícil encontrar um


médico para fazê-lo para nós. Quando estiver feito, nós a deixamos
sangrar até a morte.

Chris olhou de volta para seu comparsa.

—Parece ser um desperdício. Ela pode ser capaz de nos dar mais
dinheiro.

Levantando-se, Chris agarrou meus braços e me puxou para me


levantar. —Leve a magra. Vamos.

Juan pegou Erin e arrastou-a em uma posição ereta. Ele gesticulou


para Danny e Boy. —E quanto àqueles dois?

—Nós vamos enviar outros aqui para vê-los. Nós diremos aos caras
que vamos levar essas duas para um novo local. Deixe-os serem os únicos
a saudarem os russos. —Chris me empurrou para frente. —Porque você e
eu sabemos que aquele limpador que eles mantêm em sua folha de
pagamento vai encontrar este lugar, mais cedo ou mais tarde.

Kostya. Eu não conhecia o homem muito bem, mas Vivian parecia


pensar que ele era o soldado mais perigoso entre os homens de Nikolai.
Ele poderia nos encontrar tão rapidamente?
—Vamos! - Chris chutou meu traseiro, e eu tropecei para frente. —
Eu não vou carregar a sua bunda gorda.

Olhando de volta para ele, eu silenciosamente chamei-o de cada


palavrão que poderia pensar naquele momento. Tremendo e com frio, eu
fiz meus pés se moverem em direção à porta. Eu passei pelas grossas tiras
de plástico penduradas ali e fui prontamente agarrada por dois braços
musculosos e muito familiares.

Sergei!

Antes que eu pudesse processar o que tinha acontecido, eu estava


passando por diferentes braços e sendo empurrada contra uma parede de
concreto. O corredor fora da sala refrigerada era pouco iluminado. Eu
pisquei rapidamente e, finalmente, percebi que Nikolai que estava agora
protegendo meu corpo com o seu próprio. Olhei para a porta que tinha
acabado de sair e vi quando Chris saiu, completamente inconsciente do
ataque que o aguardava.

Sergei agarrou-o pela frente da camisa e levantou o homem


corpulento como se fosse um saco de batatas. Ele bateu Chris contra a
parede do outro lado antes de atingi-lo nas costelas. O homem gritava em
agonia enquanto seus ossos eram quebrados e rangiam como uma lata de
refrigerante vazia. Ainda assim, Sergei não parou. Ele esmurrou o homem
que tinha ameaçado roubar e vender nossos bebês no mercado negro.

Quando Chris caiu contra a parede, Sergei atirou-o para no chão e


pulou em cima dele como um gato selvagem rasgando a presa. Ele bateu
na cara do homem. Um rugido furioso que eu nunca tinha ouvido saiu da
garganta de Sergei. Chris tossia e cuspia sangue, mas Sergei ainda não
mostrava misericórdia. Ele ia matá-lo. Ele ia bater neste homem até a
morte bem na minha frente.

Afastando as mãos de Nikolai, me empurrei para fora de seu abraço


protetor e, lentamente, cheguei até o lado do meu marido. Ele atirou o
punho para trás, e eu passei meus braços em torno de seu braço grosso.

Ele puxou com força e quase me derrubou no chão. No último


momento, ele percebeu que era eu. Joguei o meu braço em volta do seu
pescoço e o arrastei em uma posição ajoelhada. Apertando minha
bochecha na sua, eu o abracei por trás.

—Chega, Sergei. Acabou. Ele teve o suficiente.


Tomado pela emoção, Sergei se virou e me abraçou. Ele me dirigiu
de volta contra a parede, com as mãos embalando minhas costas e
amortecendo o impacto súbito. Ele esfregou o rosto contra a minha
barriga, se aninhando contra mim como um cão faria com seu mestre.
Quando ele olhou para mim, finalmente, havia lágrimas em seus olhos
escuros. Medo, alívio, culpa, amor, pude ver suas emoções em conflito em
seu belo rosto.

Mesmo que todo o inferno estivesse caindo em torno de nós, nós só


tínhamos olhos um para o outro. Ele colocou suas maltratadas e
ensanguentadas mãos na minha barriga e ternamente a beijou. Corri meus
dedos pelo seu cabelo e deixei que as lágrimas caíssem. Eu não sabia o
que ia acontecer agora, mas eu confiava que, com Sergei ao meu lado,
tudo estaria bem no final.

Capítulo Treze

Quatro meses depois

—Quantas toalhas com capuz nós precisamos? - Sergei perguntou


enquanto arrumava outra pilha de presentes do chá de fraldas. Tínhamos
levado meia hora para trazer todas as caixas da festa que tínhamos
participado naquela tarde no Samovar. Agora Bianca estava sentada no
sofá na sala de estar com os pés inchados apoiados em um pufe e o
ajudando a resolver tudo.

—Nós estamos esperando gêmeos, Sergei. Nós precisamos do


dobro de tudo.

—Mas onde é que vamos colocar tudo isso? —Ele fez uma pilha de
toalhas azuis e rosas sobre a mesa de café. —Entre a sua mãe e a minha, o
berçário estará transbordando. Se isso continuar, vou ter de converter um
dos quartos de hóspedes em um closet para nossos bebês.
—Eu ouvi ideias piores. Você poderia fazer prateleiras embutidas
em três paredes, mas você teria que mudar a pavimentação. Oh, e talvez
adicionar uma nova janela?

Olhando para ela, ele estava feliz por ver que ela tinha um sorriso
maroto em seu rosto. Com toda a preparação que ela tinha feito
ultimamente, ele quase não podia opinar. Nas últimas semanas, ela lhe
pediu para mover cada peça de mobiliário da casa, do andar de cima para
o de baixo, para que ela pudesse aspirar e varrer tudo atrás e sob eles. Ele
havia tentado dizer-lhe que seus bebês nem notariam a poeira, mas ela
tinha ligado o sistema hidráulico das lágrimas e fim de papo.

Bianca bocejou alto.

—Estou acabada.

Sergei estudou a bagunça em sua sala e tomou uma decisão.

—Isso vai estar aqui manhã. Vamos lá para cima.

Ela se animou com isso.

—Você poderia massagear minhas costas?

Massagear minhas costas tinha se tornado sua palavra código para


o sexo. Não importa o quão inocente começava, cada massagem nas
costas parecia conduzir a sua vida amorosa. Não que ele estivesse
reclamando. Ele tinha ouvido que algumas mulheres preferiam encerrar as
atividades no quarto conforme a gravidez progredia, mas Bianca era o
completo oposto. Havia noites em que ele estava implorando de tão
exausto. Ela tornara-se absolutamente insaciável.

—Venha. — Ele agarrou suas mãos e arrastou-a para uma posição


ereta. A curva pesada de sua enorme barriga parecia mais baixa do que
ontem, mas ele não podia ter certeza. Podia ter sido o corte em seu
supercílio que estava enganando seu olho.

Com a mão contra suas costas, ele levou-a para cima e para dentro
do banheiro da suíte. Ela felizmente ficou parada enquanto ele a despia e
arrumava o chuveiro. Ele ajudou-a a entrar e em seguida, tirou suas
roupas para se juntar a ela. Nunca desperdiçando a chance de colocar suas
mãos sobre ela, Sergei ensaboou suas palmas das mãos e fez com que
cada centímetro de seu delicioso corpo fosse completamente limpo. Ele
demorou um pouco mais em suas partes favoritas.

Depois do pesadelo daquela noite onde ele pensou que poderia


perdê-la e os bebês, Sergei nunca mais desperdiçaria esses momentos.
Flashes de memórias que ele preferiria esquecer o atormentavam. Como
ele, Ivan teve de ser arrancado do homem que haviam maltratado e
espancado Erin. Kostya tinha feito o seu melhor e limpado a cena, mas
Bianca e Erin tinham sido forçadas a sentar-se e esperar em uma local
diferente para o resgate da polícia que foi orquestrado pelo limpador.

Sergei tinha se juntado a Ivan em um dos bares de Besian para


estabelecer álibis que incluíam entrar em uma briga para explicar suas
mãos machucadas. As mulheres passaram a noite em um hospital em
observação. Ele tinha ficado acordado o tempo todo e simplesmente
assistido Bianca dormir enquanto escutava as batidas tranquilizadoras dos
corações dos bebês nos monitores ligados a ela.

Quando ele tinha ido visitar sua sogra em um andar diferente, ela
teve a certeza de deixá-lo saber que ela estava muito decepcionada por
ele ter arrastado Bianca para algo tão terrível. Ele tinha ouvido tudo como
um homem. Nenhuma quantidade de culpa que ela jogou em seus ombros
jamais superaria a sua própria. Lentamente, mas seguramente, ele ia
ganhar de volta a confiança de Mona.

Quando ele e Ivan haviam discutido sobre aquela noite, alguns dias
depois, os dois homens tinham chegado à conclusão de que não existia
realmente fuga das ações escuras de seus passados. O pecado estava
manchado profundamente sobre suas almas. Eles poderiam deixar
Houston para morar em lugares em que eles não conheciam ninguém,
mas mesmo isso não era infalível.

A cidade tinha acalmado depois naquela noite, mas Sergei


continuava olhando por cima do ombro. Mais cedo ou mais tarde, seu
passado voltaria para assombrá-lo novamente, mas ele se recusava a se
concentrar no “e se”. Ele estava vivendo o momento.

E agora, ele tinha uma mulher bela, nua e muito sexy ofegante em
sua cama.

Sorrindo maliciosamente, ele deslizou entre as coxas de Bianca para


prová-la. Ela fez alguns gemidos e ruídos choramingando enquanto ele
chupava seu clitóris e sondava sua buceta com a língua. Ela respondia de
forma rápida nos dias de hoje. Sempre preparada para seu toque, ele
poderia fazê-la gozar com apenas poucos minutos de tormento sensual.
Isso havia se tornado uma espécie de jogo para ele para ver o quão rápido
ele poderia fazê-la gritar.

—Sergei - suas coxas ficaram tensas sob suas mãos. —Sergei. Oh,
baby. Bem aí. Bem... Oh.

Perfeito. Ele rodou a língua na sua boceta enquanto ela gritava de


êxtase. Tremendo e respirando com dificuldade, ela deixou-o virá-la sem
protestar. Ele pegou dois travesseiros e os empurrou sob sua barriga e
quadris para dar-lhe algum apoio. Ela mexeu sua grande bunda, e ele
bateu nas bandas rechonchudas, fazendo-a ganir e sorrir. Abrindo suas
coxas, ele cutucou seu pênis entre elas e acariciou contra suas dobras
lisas. Ela tinha ficado tão sensível que ele tinha parado de tomá-la muito
profundamente ou muito forte. Ele entrou cuidadosamente no seu calor
liso e gemeu com a sensação maravilhosa.

Confortável em sua boceta, ele tomou o seu tempo esta noite. Sem
pressa, ele estabeleceu um ritmo fácil e lânguido que os deixou desfrutar
de uma construção lenta em direção ao clímax. Quando Bianca começou a
agarrar os lençóis e a torcê-los em seus punhos, ele enfiou a mão entre as
coxas para ajudá-la a encontrar a liberação que ela desejava. Seus dedos
dançaram ao redor do clitóris num ritmo que fez suas paredes interiores
se apertarem. Mordendo o lábio inferior, ele empurrou um pouco mais
rápido e mudou o ângulo. Ela gritou e empurrou para trás contra ele,
pedindo para ficar exatamente lá.

Ela gritou seu nome quando gozou, ele afrouxou o domínio sobre
seu próprio orgasmo. Ele perseguiu em seu clímax, vindo com ela e
batendo nela até que ambos estavam caindo com as pernas parecendo
gelatina. Ele segurou seu corpo exuberante em seus braços e gostou do
seu calor suave, feminino.

Quando ela se mexeu em um curto espaço de tempo depois, ele


colocou a mão contra suas costas e começou a massagear o local que dava
tantos problemas. A gravidez tinha sido relativamente fácil considerando
todas as coisas. Ela tinha conseguido evitar diabetes gestacional e pressão
arterial alta. Os bebês estavam crescendo bem, mas dada a sua estatura e
a de seu irmão ao nascer, ele não estava surpreso. Grandes bebês
estavam simplesmente em seus genes.
O alívio que ela recebeu com sua massagem nas costas a fez dormir.
Ele se afastou dela apenas o tempo suficiente para verificar a casa uma
última vez e desligar as luzes. Quando ele voltou para a cama, ele
empurrou um travesseiro entre seus joelhos e aproximou-se de costas. Ele
atirou o braço sobre sua cintura e deixou sua mão sobre sua barriga.

Algum tempo depois, ele ouviu Bianca chamando seu nome. Com os
olhos turvos, ele estendeu a mão para ela, mas pegou o cobertor em vez
dela. Sentando-se, ele percebeu que ela não estava na cama. Seu olhar foi
para o banheiro, onde a luz podia ser vista por baixo da porta.

—Bianca?

—Sergei, você pode trazer-me algumas roupas limpas?

Roupas limpas? Ele olhou para o relógio. Era uma da manhã. Por
que ela precisava de roupas a esta hora da noite? Saindo da cama, ele
atravessou seu quarto e abriu a porta do banheiro. Encontrou-a em pé
em uma poça de água e esfregando uma toalha molhada na parte interna
das coxas. Por um momento, ele não sabia muito bem o que pensar.

Por fim, algo o atingiu.

—Isso é...?

—Minha bolsa estourou - disse ela, chocantemente calma. —Eu


acho que toda aquela dor nas costas era, na verdade, o trabalho de parto.

—O quê? — Ele correu para o lado dela, agarrando uma toalha e


soltando-a na poça. —Tem certeza disso?

—Eu acordei há 40 minutos, com cãibras. Elas estão ficando mais


fortes. Eu estou feliz que tive que usar o banheiro. Eu vim aqui, senti uma
fisgada e, em seguida, derramou esse líquido em todos os lugares. —Ela
torceu o nariz. —Isso teria arruinado o chão.

—Quem se importa com os pisos? Mas não é muito cedo?

—Trinta e seis semanas é um pouco cedo, mas nós vamos ter


gêmeos. Isso não é tão incomum.

Ele tentou se lembrar de tudo que leu nos livros e nas aulas, mas a
sua mente estava em branco. Com um sorriso doce, ela tocou seu rosto.
—Dê-me algumas roupas limpas, por favor. Precisamos tomar
banho e arrumar as malas. Vou ligar para o hospital para deixá-los cientes
de que estamos entrando em contato como a médica disse, ok?

—Ok. — Ele acenou com a cabeça atordoada e dirigiu-se para o


quarto para pegar as roupas que ela queria.

—Sergei?

Ele parou na porta e olhou para ela.

—Sim?

—Não entre em pânico. Podemos fazer isso.

—Eu não estou em pânico. — Ele se moveu para o quarto e


começou a cavar no armário por algo confortável para ela vestir. Pegou a
lista que ela tinha feito para fazer a mala do hospital. Pensou na bagunça
no andar de baixo. Não havia muito que fazer e não havia tempo para
fazê-lo.

Merda. Eu estou em pânico.

Não entre em pânico.

—Nós podemos fazer isso. —Ele repetiu suavemente. Se Bianca


disse isso, então tinha que ser verdade.

Sonolenta e dolorida, deixei meus olhos se ajustarem à luz solar do


amanhecer que agora entrava pela janela da nossa suíte pós-parto. Os
analgésicos estavam começando a passar, e logo eu iria sentir as
verdadeiras dores da recuperação de uma cesariana. Embora eu quisesse
um parto normal, os bebês tinham tido outra ideia.

Não muito tempo depois de ter sido admitida no hospital, minha


obstetra tinha entrado para me verificar. Felizmente, ela estava de
plantão, então eu tinha um rosto familiar para cuidar de mim. Apalpando
minha barriga, ela deve ter sido capaz de dizer que os bebês não estavam
em posições muito boas. Um ultrassom tinha confirmado seu diagnóstico.

Nosso filho tinha ambos os pés para cima perto de sua cabeça e
suas costas estavam perto do meu colo, e nossa filha estava realmente
inclinada na diagonal com os pés debaixo da minha caixa torácica. Pela
segurança dos bebês e a minha, um cesariana tinha sido recomendada. A
ideia da cirurgia me assustou, mas eu tinha optado pela cautela.

Tudo depois disso foi uma espécie de borrão. Sergei tinha sido
arrastado para mudar de roupa enquanto eu era levada para uma sala de
operação e preparada. Inserir a peridural na minha espinha tinha sido
menos do que uma diversão, mas não tinha sido muito ruim. Enquanto
eles me preparavam para a cirurgia, me concentrei no resultado.

Uma vez que Sergei tinha se juntado a mim, a coisa toda tinha
acontecido com bastante rapidez. Nossa filha tinha nascido primeiro e
depois o nosso filho. Ambos estavam com quase três quilos. Seus gritos
inspiraram o meu. Quando Sergei havia me deixado para ir com eles para
o berçário, eu tinha ficado triste, mas me lembrei de que tinha uma vida
para apreciá-los.

Agora, lá estava eu, reclinada na cama e, finalmente, começando a


sentir minhas pernas novamente. Sentado na cadeira ao lado da minha
cama, Sergei embalava nossos bebês em seus braços maciços. Eles
pareciam tão incrivelmente pequenos contra os músculos vigorosos.
Ambos os bebês tinham cabelos encaracolados escuros e pele que parecia
ser um tom mais perto do meu do que do dele. Nosso filho tinha a sua
estrutura óssea, e eu jurei que nossa filha se assemelhava a sua mãe.

Logo nossos amigos e família entrariam em nosso quarto de


hospital, mas nesse momento, éramos apenas nós quatro. Minha família.
O pensamento me fez sorrir e encheu-me de tal contentamento.

Sergei finalmente parou de olhar para os nossos bebês e olhou para


mim. Seus olhos estavam brilhando com lágrimas. Ele não era um homem
muito emotivo, vê-lo a ponto de chorar me surpreendeu.
—O que há de errado, baby?

—Nada - disse ele com a voz rouca. —Absolutamente nada.

Com muito cuidado, ele se levantou e trouxe os bebês para mim. Ele
beijou o nosso filho, antes de me entregá-lo. Eu ainda não podia acreditar
que essa coisinha bonita e perfeita tinha crescido no meu interior.
Embalando a nossa filha, Sergei se dobrou e capturou a minha boca num
persistente e carinhoso beijo. Nós compartilhamos um sorriso secreto e
um olhar que não precisava de palavras.

Eu entendi as lágrimas nos olhos de Sergei, porque agora eu as tinha


também. Isso era felicidade. A nossa jornada nos levou a alguns lugares
realmente maravilhosos, mas isso? Isso era o melhor de tudo. Eu não
podia esperar para ver o que a vida tinha para nós daqui para frente.

FIM

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