105 Intercorrências Na Harmonização
105 Intercorrências Na Harmonização
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Prof.ª Titular do Curso de Odontologia - Centro Universitário UniFBV Wyden, Me. em Ciências da Saúde, Me. em Odontologia.
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Acadêmico do curso de Odontologia - UNIFBV.
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CD, Me. e Esp. em Ortodontia, Prof. de especialização em Harmonização Orofacial.
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RESUMO
O uso da toxina botulínica teve um aumento expressivo nos últimos anos, devido aos seus
benefícios, eficácia comprovada e segurança. Na Odontologia, é utilizada no tratamento de
bruxismo, sialorreia, distonia orofacial, hipertrofia do músculo masseter, disfunção tempo-
romandibular, dentre outros. Além disso, passou a ser utilizada na harmonização orofacial
em assimetrias faciais, tratamento de linhas de expressão, entre outros. A neurotoxina
age na célula nervosa, inibindo a liberação de acetilcolina, neurotransmissor responsável
pela contração muscular. Os efeitos adversos são raros, sendo a ptose palpebral uma das
mais relatadas. A ptose palpebral tem como característica clínica o declínio da pálpebra
de 1 a 2 mm e ocorre após o uso de toxina botulínica nos músculos do terço superior da
face. A resolução da ptose ocorre em até duas semanas, mas em alguns casos pode che-
gar a meses. O protocolo de reversão consiste em um conjunto de tratamentos instruídos
presentes neste artigo.
Descritores: Toxina botulínica, ptose palpebral, blefaroptose.
ABSTRACT
The use of botulinum toxin has increased significantly in recent years, due to its bene-
fits, proven efficacy, and safety. In Dentistry it is used to treat bruxism, sialorrhea, orofacial
dystonia, masseter muscle hypertrophy, temporomandibular disorder, among others. In
addition, it started to be used in orofacial harmonization in facial asymmetries, treatment
of expression lines, among others. The neurotoxin acts on the nerve cell by inhibiting the
release of acetylconline, a neurotransmitter responsible for muscle contraction. Adverse
effects are rare, eyelid ptosis being one of the most reported. Palpebral ptosis has the clin-
ical characteristic of 1 to 2mm eyelid decline and it occurs after the use of botulinum toxin
Correa AKFCC, de Araújo EA, Tavares LN, Celória AA.
in the muscles of the upper third of the face. Ptosis resolution occurs in up to two weeks,
but in some cases, it can reach months. The reversal protocol consists of a set of instructed
treatments presented in this article.
Descriptors: Botulinum toxin, eyelid ptosis, blepharoptosis.
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INTRODUÇÃO
protocolo
Ao longo dos anos, a procura por procedimentos estéticos tem crescido em larga
escala. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética
(International Society of A esthetic Plastic Surgery - ISAPS), feita em 2018, divulgou o au-
mento dos procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos. Para os tratamentos não invasivos, o
aumento foi de 10,4% no mundo. Entre esses, o tratamento com toxina botulínica cresceu
17,4% desde 2017. O Brasil é líder mundial em cirurgias estéticas invasivas e tem a segunda
posição no ranking mundial de cirurgias não invasivas, ficando atrás apenas dos EUA1.
Na Odontologia, a toxina botulínica é indicada para uso terapêutico em casos de bru-
xismo, sialorreia, distonia orofacial, hipertrofia do músculo masseter, disfunção temporo-
mandibular, dentre outros. Além disso, passou a fazer parte dos procedimentos estéticos
feitos no consultório odontológico, pelos seus benefícios, eficácia comprovada e segurança.
A toxina botulínica age inibindo a liberação de acetilcolina, impedindo temporariamente a
contração muscular, paralisando o músculo e trazendo um aspecto estético2.
Entre os procedimentos estéticos realizados na face, a correção de assimetrias faciais
e linhas de expressão podem ser corrigidas com a toxina botulínica de maneira não inva-
siva. O resultado é satisfatório para o paciente e os efeitos adversos são raros. Entretanto,
a literatura apresenta algumas intercorrências relacionadas ao uso da neurotoxina5.
A ptose palpebral é caracterizada clinicamente pela queda da pálpebra decorrente da
aplicação de toxina botulínica no terço superior da face. Assim, o objetivo deste trabalho
é de fornecer um protocolo de reversão de ptose palpebral após o uso de toxina botulínica
no campo da estética odontológica5.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um trabalho bibliográfico, com viés transversal. Foram utilizados 20 artigos
de 2016 a 2020, nos idiomas português, espanhol e inglês. Os trabalhos que não se enqua-
draram nesses requisitos foram para o critério de exclusão do estudo. Foram pesquisados
artigos que contivessem as palavras “Toxina Botulínica”, “Ptose Palpebral” e “Blefaroptose”.
No total somaram 308 artigos em 4 plataformas de pesquisa cientifica: na PUBMED foram
encontrados 31 artigos; na LILAC foram encontrados 5 artigos; na SCIELO foi encontrado
1 artigo; e no Google acadêmico 271 artigos. Desses foram selecionados 15 que contem-
plassem os 3 descritivos da revisão e resoluções do próprio CFO.
DISCUSSÃO
A toxina botulínica foi relatada pela primeira vez em 1817, pelo médico alemão Justinus
Kerner, que associou as mortes por intoxicação alimentar após a ingestão de salsichas con-
taminadas. O principal sinal relatado pelo médico era a paralisia progressiva muscular. Mais
tarde, o microbiologista Emile Van Ermengem, em 1895, isolou a bactéria que teria relação
com produção da toxina causadora do botulismo, denominada clostridium botulinum. Carl
Lamanna, em 1946, isolou a toxina na forma cristalina. O primeiro relato terapêutico foi do
médico Alan Scott, que publicou em 1973 um caso de experimento com macacos, relatando
o uso da toxina botulínica tipo A para o tratamento de estrabismo com efeitos positivos,
sendo em 1981 relatado em humanos. A partir daí, o uso da toxina foi autorizado pela
Food and Drug Administration (FDA) como tratamento para estrabismo, espasmos faciais e
profunda da mastigação13,14.
Os músculos responsáveis pelas linhas de expressão na região glabelar são: músculo
prócero, músculo corrugador do supercílio e músculo orbicular do olho10. O músculoprócero
tem origem no osso nasal e cartilagem nasal, sendo inserido na pele entre os supercílios, e
sua ação é de abaixar a pele do supercílio. O músculo corrugador do supercílio é o músculo
profundo, que se origina na parte do osso frontal. A inserção é na pele do supercílio e sua
ação é de abaixar a pele da fronte e dos supercílios. O músculo orbicular do olho contorna
toda órbita e é dividido em três porções, sendo elas: palpebral, que está restrita a parte
das pálpebras; orbital, que circunda a parte palpebral; e lacrimal, que tem fibras ao redor
do ducto lacrimal. O músculo orbicular protege o olho, a parte palpebral use as pálpebras
e a parte orbital faz o fechamento forçado das pálpebras15.
A ptose palpebral ocorre após o uso da toxina botulínica, sendo esta uma das compli-
cações presentes em procedimentos terapêuticos e estéticos no terço superior da face. A
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característica clínica da ptose palpebral é o declínio da pálpebra de 1 a 2 mm. Essa compli-
protocolo
cação está ligada a anatomia de aplicação da toxina botulínica em região de glabela e fronte,
onde é indicado que os pontos de injeção para o procedimento devem ser espaçados com
distância de 20 a 30 mm, uma vez que a difusão da toxina botulínica do local da aplicação
é de 10 a 15 mm, aproximadamente. Pode ocorrer em aplicação muito próxima em regiões
delicadas, como borda orbital, sendo aconselhado manter distância de 10 a 15 mm da borda
óssea da órbita para minimizar a incidência de ptose palpebral e a paralisia dos músculos
oculares. Alta diluição da toxina, massagens ou intensa manipulação no local da aplicação
após o procedimento também são fatores que podem contribuir para ptose palpebral16,17.
Dificuldade de movimento da pálpebra e a sensação de peso quando os olhos estão abertos
também são relatados pelos pacientes. Os sintomas são leves e podem aparecer de 7 a 10
dias, com uma permanência de no máximo quatro semanas18.
Em alguns casos mais raros de ptose palpebral após uso de toxina botulínica, o tempo
de permanência desta complicação persistiu por mais de quatro semanas. O tempo de
duração relatado foi de seis meses a um ano após a aplicação da toxina19. Assim, o uso de
um tratamento seguro e eficaz é indispensável para a reversão da ptose palpebral.
CONCLUSÃO
O protocolo desenvolvido para reversão de ptose palpebral após o uso da toxina botu-
línica teve resultado satisfatório e rápido de acordo com a literatura pois, clinicamente, os
efeitos da toxina botulínica duram em média 4 meses, mas a junção de uma terapêutica
apropriada ao paciente tornou possível o processo ser revertido em 15 dias. A aderência do
paciente foi crucial para esse resultado; esse protocolo torna o usuário da toxina protago-
nista de seu tratamento por ter etapas que o mesmo pode desenvolver, assim se tornando
aliado do cirurgião-dentista que, com sua experiência clínica, proporcionou uma melhora
da intercorrência de forma rápida, segura e fundamentada na literatura moderna nos usos
da toxina botulínica na harmonização orofacial.
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protocolo
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