A Origem Do Pecado e A Dinamica Da Tentacao
A Origem Do Pecado e A Dinamica Da Tentacao
A Origem Do Pecado e A Dinamica Da Tentacao
1-6
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito,
disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-
lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está
no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em
que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do
mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore
desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele
comeu”.
Deus havia criado o universo; havia criado um planeta e neste planeta fez um jardim, o famoso
jardim do Éden. Éden significa prazer.
Este jardim Deus fez como casa para o ser humano que Deus havia criado. Deus criou o
homem à sua imagem e semelhança, ou seja, o homem é a representação de Deus. Como uma
estátua em uma praça central de um reino arremete ao rei daquele local, assim o homem
indicava a quem ele representava. Ainda, Deus deu autoridade ao homem sobre o restante da
criação para governá-la e moldá-la para que isso glorifique ao próprio Deus.
Deus plantou árvores no jardim para que dessem frutos para o homem comer. Deus permitiu
ainda que o homem participasse da criação quando o homem deu nome aos animais. E por fim
Deus deu uma esposa ao homem para que a representação da imagem de Deus no homem
fosse completa: Deus é um e mais de um ao mesmo tempo, assim como o casal que no início
se chamava Adão (Gn 5.2).
Tudo isso por Sua bondade, por sua benevolência, por sua Graça. Simplesmente porque Deus é
amor e este amor decidiu se doar. Houve uma disposição em Deus totalmente fora de nós,
fora da criação, mas que, porém O fez se mover a criar. A essa disposição chamamos graça.
O homem tinha tudo necessário: tinha alimentos, era como um vice-rei de toda a criação e
tinha relacionamento com o Criador. E Deus colocou um teste para o homem. Não para induzir
o homem ao pecado, mas para que a relação com Ele fosse verdadeira. Senão seriam robôs.
Primeiro há uma criatura mais sagaz que todos os animais. Em Apocalipse diz que esta
serpente aqui é o próprio satanás. Ele é o tentador que depois vira o acusador. E ele usa de seu
ardil sutilmente. Ele não mente inicialmente. Mas ele distorce a palavra de Deus de forma
muito astuta. A serpente faz uma jogada com esta ordem de modo a trazer uma visão
negativa. Enquanto Deus disse: vocês podem comer de todos os frutos, menos o da árvore do
conhecimento do bem e do mal; a serpente diz em uma tradução mais literal do original: então
vocês não tem todos frutos do jardim, né?
Ele mente sem mentir. Deus disse: te dou 99, menos aquele. A serpente disse: Deus não te deu
100, né? A sagacidade está aqui: em um ambiente da graça de Deus, a única motivação que
deve existir em nosso coração é a gratidão. Porém a serpente cria no coração da mulher
exatamente o oposto: ela faz a mulher olhar a Deus não pela dádiva, não por todas as bênçãos
que aquele jardim tinha, não por todas as bênçãos que Deus a tinha dado, mas apenas pela
restrição.
E é assim conosco: temos uma casa, mas não somos gratos porque não temos aquele carro.
Temos emprego, mas não somos gratos porque não temos um salário melhor. Temos
oportunidade de estudo, mas não somos gratos, pois achamos que nossos pais pegam no pé.
A mulher então cai no laço e ao tentar se defender, acrescenta algo à palavra de Deus. É igual
quando você pergunta para alguém casado: você se masturba? E o cara responde: que isso, eu
sou casado! Os analistas de comportamento vão concluir que provavelmente a pessoa se
masturba exatamente porque ele foi evasivo na resposta.
O exagero legalista da mulher demonstra que internamente satanás já havia alcançado seu
objetivo que era colocar dúvida no coração da mulher a respeito da bondade de Deus. Será
que Deus é bom mesmo? Poxa, se Deus é bom, porque ele não me deu todas?
Então ele dá o bote direto agora negando veementemente a Palavra de Deus: é certo que não
morrerão. E acrescenta: o que está acontecendo é que Deus está privando vocês de serem
como Ele. Deus tem o conhecimento do bem e do mal e vocês não. Um Deus que priva o ser
humano de algo assim não pode ser bom!
Agora observe como satanás criou o problema: em Hb 5.14 diz que precisamos amadurecer
para discernir tanto o bem quanto o mal. E o próprio Deus também conhece o bem e o mal.
Então o problema não é conhecer bem e mal. O problema também não é comer. Mas mais
uma vez satanás é ardiloso ao juntar duas coisas que não são pecaminosas em si, mas em um
momento em que o significado delas é alterado.
E ele faz a mesma coisa com Jesus. Jesus teve fome. Qual o problema em matar sua fome?
Porém, a tentação era que Jesus usasse de seus atributos em total independência do Pai.
Então satanás mascara o que está por trás de coisas boas como o sexo, o lazer, o trabalho, ou
mesmo necessidades básicas como a fome e a sede para nos tentar.
Mas não pensemos que a culpa e toda do diabo. Agora vem a parte que se repete em todo o
pecado que cometemos. A mulher, ao dar ouvidos à serpente, automaticamente nega, ignora,
descrê a Palavra de Deus. Ou seja, se instala uma incredulidade. De alguma forma, toda vez
que pecamos, deixamos de crer na Palavra de Deus, ou mesmo que Deus esteja nos vendo. É
como se tivéssemos um curto mental. É totalmente ilógico crer em Deus e pecar contra Ele! A
primeira raiz que há no pecado é a incredulidade que é a corrupção da mente, do intelecto.
A segunda coisa que acontece é o que Tiago fala que cada um é tentado por sua própria
cobiça. A imagem que Tiago passa é que a cobiça é uma sedutora. Me lembro muito do
desenho do pica-pau, quando ele está com fome e alguém faz uma torta. O cheiro da torta vai
até o nariz do pica-pau e faz até um carinho nele; e ele vem flutuando até a torta. É assim que
a cobiça nos seduz. Aquele aroma, aquele perfume, uma confusão nos sentimentos, nas
emoções, a gente fica hipnotizado, a razão sendo suprimida pela emoção...
A mulher vê o fruto, vê que é agradável, desejável... dá até saliva na boa. A segunda raiz do
pecado é a cobiça, a corrupção das emoções.
A terceira é o ato em si. A mulher pega o fruto, come, dá ao marido e ele come. Mas o que
este ato representa? Representa aquilo que a serpente propôs o verso 5: ser como Deus. É
autonomia. É estabelecer-se diante de Deus sem, no entanto ter uma relação com Deus. É
declaração de independência. E esse é o núcleo, o pai de todos os pecados: o orgulho. A
vontade de ser igual a Deus, uma vontade corrompida. O orgulho é a terceira raiz, a corrupção
da vontade.
A tentação vem atingindo 3 principais áreas de nossa constituição: mente, emoções e vontade.
Mas não pense que é perceptível. Isso tudo acontece em frações de segundo.
E não foi diferente com Jesus. Se tu és filho de Deus, transforme a pedra em pão. Logo antes,
Jesus tinha sido batizado e o Pai tinha falado: tu és meu filho amado. Então repare que usando
a necessidade de Jesus por comida, satanás de novo tenta criar um ambiente de ingratidão,
pois afinal o filho de Deus não podia passar necessidade. Ao mesmo tempo, tenta colocar a
incredulidade na afirmação que Deus tinha feito. Nisso também tentado confundir as emoções
por desejar saciar a fome, cobiçando um pão que poderia ser criado independente do Pai, o
que culminaria em orgulho.