Trajetória Economico-Social Do Rio de Janeiro
Trajetória Economico-Social Do Rio de Janeiro
Trajetória Economico-Social Do Rio de Janeiro
2, julho/ 2013
Mauro Osorio2
Maria Helena Versiani3
RESUMO
A trajetória econômica, política, social e institucional da cidade e do Estado do Rio de
Janeiro é o objeto privilegiado de análise deste artigo, que pretende também apontar os
desafios existentes para a superação, no século XXI, do processo de decadência econômica
vivenciado na região no período pós-1960.
Palavras-chave: Rio de Janeiro; economia regional; desenvolvimento socioeconômico.
ABSTRACT
The trajectory of economical, political, social and institutional development of the city and
state of Rio de Janeiro is the subject matter of analysis in this article, which aims to point
out the existing challenges to overcome, in the XXI century, the process of economic
decadence experienced in the region post-1960.
Keywords: Rio de Janeiro; regional economy; socioeconomic development.
1
Registramos aqui nossos sinceros agradecimentos ao economista Pedro Américo de Almeida Ferreira, pelo
cuidadoso trabalho de revisão deste artigo.
2
Professor Adjunto do Departamento de Direito Social e Econômico da Faculdade Nacional de Direito da
UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutor em
Planejamento Urbano e Regional, pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. E-
mail: mauroosorio@uol.com.br .
3
Historiadora, vinculada ao Museu da República e integrante do grupo de pesquisa Observatório de Estudos
sobre o Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em História, Política e Bens Culturais, pelo CPDOC/FGV. E-mail:
m.versiani@globo.com
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Introdução
Além disso, também o antigo Estado do Rio de Janeiro – considerado por Lysia
Bernardes (1964) uma região polarizada, do ponto de vista econômico, pela cidade do Rio
– era cenário de importantes investimentos federais, como a instalação da Companhia
Siderúrgica Nacional; a Fábrica Nacional de Motores; a Companhia Nacional de Álcalis; e
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Denominação costumeiramente dada ao antigo Estado do Rio.
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No mesmo sentido, podemos utilizar o marco teórico construído por Paul Krugman
(Krugman, Fujita e Venables, 2002), quando o autor busca analisar a existência de
diferenças marcantes nos níveis de desenvolvimento das regiões.
Krugman utiliza o conceito de linkages, proposto por Albert Hirschman, para
afirmar que uma determinada atividade econômica pode gerar efeitos de encadeamento em
um determinado território e, por conseguinte, rendimentos crescentes de escala. Além
disso, incorpora o conceito de “causação circular cumulativa”, de Gunnar Myrdall, para
construir a ideia de que uma determinada região, a partir de dada diferenciação inicial –
que pode ser, por exemplo, a existência de um porto ou a ocorrência de algum fato
histórico, mesmo que fortuito – poderia vir a desenvolver novas diferenciações, em relação
a outras regiões.
Tal processo envolveria uma tensão entre forças centrípetas (que gerariam
dinamismo para a região em foco) e forças centrífugas (que poderiam estimular a migração
de investimentos para outras regiões). As forças centrípetas seriam, fundamentalmente, os
efeitos de encadeamento que o investimento em uma determinada atividade geraria em
outras; a formação de um mercado de trabalho com tal porte que permitisse que
empregadores tivessem facilidade para encontrar trabalhadores – sobretudo trabalhadores
com habilidades especializadas – e vice-versa; e também o que o autor denomina de
“meras economias externas”, ou seja, qualquer tipo de facilidade extra-firma gerada pela
concentração territorial.
As forças centrífugas estariam relacionadas a questões como o esgotamento de
fatores produtivos, como, por exemplo, o esgotamento de terras; o aumento do custo dos
aluguéis; a carência de infraestrutura; e quaisquer formas de deseconomias externas, como
a poluição, a violência etc.
Dessa forma, uma dada região poderia apresentar um dinamismo econômico
próximo ou superior ao de outras regiões, no cenário da economia de um determinado país
ou da economia mundial e, a partir de certo momento, por efeito da preponderância de
forças centrífugas vis-à-vis às forças centrípetas, poderia sofrer uma “bifurcação” ou
reversão desse dinamismo econômico-social.
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que os territórios carioca e fluminense, por
derivarem o seu dinamismo econômico centralmente da história de capitalidade da cidade
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do Rio de Janeiro,5 sofreram, a partir dos anos 1960, um processo de erosão da sua
importância e do seu dinamismo econômico-social. O entendimento dessa questão, no
entanto, não é realizado de forma imediata, pelos próprios cariocas e fluminenses, só
ocorrendo nos anos 1980, com a inversão do processo de crescimento da economia
brasileira e a crise fiscal que então se instaura, atingindo particularmente o Estado do Rio
de Janeiro, pelo peso que o gasto federal ainda tinha na região. Dessa forma, até o final da
década de 1970, viveu-se a doce ilusão de que a cidade do Rio de Janeiro teria assinado,
nos dizeres de Carlos Lessa (2000:238), “um pacto eterno com a prosperidade.”
A demora nessa percepção pode ser compreendida com base em um conjunto de
fatores, a começar pela força da cultura de capitalidade no território carioca, construída a
partir da histórica centralidade política, econômica e social do Rio de Janeiro no cenário
nacional. Como sugere Douglass North (1993), uma determinada conformação
institucional cria hábitos e rotinas arraigados, nos quais as questões de escolha se
apresentam como algo regular, repetitivo e claramente evidente, de modo que cerca de
90% de nossas ações em vida são realizadas de forma basicamente automática. É nessa
perspectiva que se pode aferir que a cultura de capitalidade do Rio de Janeiro acaba por
contribuir para que nessa região não ocorra, de forma imediata, a percepção da quebra da
dinâmica institucional, ocorrida a partir de um fator “exógeno” (a mudança da capital
federal para Brasília, em 1960).
No mesmo sentido, Geoffrey M. Hodgson (1997), partindo de pressupostos teóricos
distintos e utilizando autores como Marx, Keynes e os institucionalistas americanos do
final do século XIX e início do XX – Veblen, Commons e Mitchell6 –, realiza conclusões,
do ponto de vista do conceito de dinâmica institucional, bastante próximas às construídas
por North,7 conforme se pode deduzir da seguinte passagem:
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Para uma análise da demora na percepção das consequências, para o Rio de Janeiro,
da transferência da capital federal em 1960, deve-se levar em conta também o modelo
8
Tradução de Alexandre Borges.
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9
Sobre o assunto, ver Freire (2000) e Motta (2001).
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10
Sobre o assunto, ver Osorio (2005). Para uma discussão sobre o conceito de clientela, ver Diniz (1982).
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11
A série referida também se encontra disponível no anexo da tese de doutorado de Mauro Osorio (2004).
12
Sobre o peso da participação de Amaral Peixoto nas negociações sobre a nova institucionalidade carioca,
quando da transferência da capital, ver, por exemplo, Motta (2000:32).
13
Em Minas Gerais, visando fomentar o desenvolvimento regional e realizar pesquisas, criou-se um conjunto
de instituições, incluindo: a Fundação João Pinheiro, voltada para a realização de pesquisas sobre a realidade
mineira; um programa de Mestrado, e mais recentemente de Doutorado, denominado CEDEPLAR e
vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais; a Fundação INDI, órgão para a promoção econômica de
Minas Gerais; e o Banco de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – BDMG.
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a própria cidade do Rio de Janeiro. Contribuiu também para que a transferência da capital
representasse, no antigo Estado do Rio de Janeiro, da mesma forma que no território
carioca, um marco de reversão de dinamismo.14
No que se refere à Belacap,15 sua trajetória de cidade-capital e a forma como foi
historicamente organizada do ponto de vista político-institucional, levou a que na cidade,
conforme pontuado por Arnaldo Niskier (Guanabara, 1970:15), a vivência dos problemas
nacionais reduzisse “a pálidos reflexos os problemas locais. [Assim,] depois da mudança
da capital para o Planalto, o povo carioca descobriu que só conhecia de si mesmo e de sua
cidade a visão do turista apressado.”
Esta questão também é apontada em depoimento de Villas-Boas Corrêa ao CPDOC
(Ferreira, 1998:55), nos seguintes termos:
Assim, nos anos 1960, tendo em vista uma conjunção de fatores, que inclui a
história institucional dessa região; o lento processo de transferência da capital; a
radicalização vigente na política nacional; e, ainda, a efervescência cultural existente no
período – com a emergência da bossa-nova, do cinema novo, CPC da UNE etc. –, fez-se
hegemônica a percepção de que o Rio continuaria a ser a Belacap e a capital de fato, o que
levou, inclusive, os dois primeiros governos da Guanabara a realizar uma política de
modernização urbana, com base no entendimento de que tal política, per se, garantiria a
centralidade do desenvolvimento carioca.
Do ponto de vista da formulação de uma política explícita de desenvolvimento
econômico – e expressando a falta de massa crítica sobre a realidade local –, desenvolveu-
se, na Guanabara, nos governos Carlos Lacerda e Negrão de Lima, e com continuidade no
governo Chagas Freitas, uma política de fomento focada na indústria, particularmente na
organização de distritos industriais, conforme era defendido pela representação patronal da
14
Acreditamos que a Velha Província tenha sofrido com a transferência da capital de forma mais pesada do
que a cidade do Rio de Janeiro, não só pela dependência econômica já apontada, mas também pela
instabilidade político-institucional vivenciada naquela região, entre 1960 e 1964, após a morte do governador
Roberto da Silveira; pela posterior cassação do governador Badger da Silveira; e pelo fato dos governadores
nomeados pelo governo militar terem permanecido no cargo, em média, por apenas dois anos.
15
Como era então chamada a Guanabara, nos anos 1960, em oposição à Novacap (Brasília).
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16
Sobre o assunto, ver Silva (2005). Vale pontuar que a carência de reflexão e organização de dados no
âmbito regional e a tradição do Rio de Janeiro de privilegiar o debate de temas nacionais e internacionais
fazem com que, em diversos momentos, ao ser observada a existência de uma determinada tendência nas
principais regiões do planeta, e ao primeiro dado que aponte que aparentemente o mesmo estaria ocorrendo
em nossa região, passemos a trabalhar com a mesma hipótese. Isso aconteceu quando da implantação da
política de distritos industriais na Guanabara e, mais recentemente, com alguns autores apontando uma
significativa interiorização da economia fluminense. No segundo caso, não se levou devidamente em conta
que o crescimento do PIB no interior fluminense derivava centralmente da extração de petróleo em alto mar,
não tendo gerado uma significativa estrutura produtiva em terra, no interior do estado.
17
Matérias publicadas no jornal O Globo, logo após a mudança da capital para Brasília, mostram o carioca
comemorando o acontecimento. A comemoração baseava-se no fato de que, após longos anos, finalmente o
Rio poderia eleger o seu governador e que, pela hipótese da não consolidação de Brasília, a cidade manter-se-
ia como a “capital de fato”.
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José Augusto Assumpção Brito apresenta longa trajetória de atuação como técnico e dirigente em
instituições vinculadas à economia da Guanabara e do antigo Estado do Rio de Janeiro. Nos anos 1960,
trabalhou como técnico na COPEG. Na primeira metade dos anos 1970, atuou vinculado à Companhia de
Desenvolvimento Industrial do antigo Estado do Rio de Janeiro. A partir de 1974, com a fusão, dirigiu a
CODIN, companhia de desenvolvimento do novo Estado do Rio de Janeiro, por um período de dez anos.
Posteriormente, participou dos governos Saturnino Braga, Moreira Franco e Marcelo Alencar, tendo sido
ainda, no início dos anos 1990, presidente do Sebrae nacional.
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Dessa forma, nenhum dos três governos da Guanabara conseguiu articular uma
reversão do processo de “bifurcação” – utilizando a conceituação de Paul Krugman (2002)
– que ocorreu em 1960, no território carioca.
Por sua vez, após a fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, em 1974, os
governos persistiram em, por um lado, apresentar uma visão equivocada sobre quais
deveriam ser as estratégias de desenvolvimento econômico para a região – no governo
Faria Lima, por exemplo, a preocupação centrou-se no setor agrícola, apesar da diminuta
participação desse setor no PIB carioca. Por outro lado, adotaram um foco pontual, sem
estudos setoriais e uma adequada estratégia e coordenação de políticas. Ou, ainda,
simplesmente dispensaram a formulação de quaisquer políticas de desenvolvimento
econômico.
Para uma análise sobre a inexistência de uma adequada estratégia de
desenvolvimento econômico para a cidade do Rio de Janeiro, e posteriormente para o
Estado do Rio de Janeiro, acreditamos ser interessante citar a seguinte consideração de
Raphael de Almeida Magalhães, vice-governador do primeiro governo da Guanabara e
coordenador do Programa de Ações Federais no Rio de Janeiro, no correr dos dois
governos de Fernando Henrique Cardoso:
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política, a partir do golpe de 64 e das cassações, que atingiram com particular gravidade a
cidade do Rio.
De fato, pela centralidade política do Rio de Janeiro, no cenário brasileiro, a sua
representação federal foi fortemente atingida no processo de cassações. A polarização
existente no debate político nacional e o papel central do Rio nesse debate, principalmente
nos anos 1950 e na primeira metade dos anos 1960, redundaram em que a representação
federal da cidade apresentasse a marca da radicalização e que se circunscrevesse a poucos
partidos, basicamente o PTB e a UDN.
Assim, logo após o golpe de 64, por um lado, o PTB e a esquerda como um todo
sofreram pesadamente o processo de cassações, sendo que, no caso da cidade do Rio, entre
os dez deputados federais eleitos pelo PTB, em 1962, oito foram cassados. Por outro lado,
pelo fato de Carlos Lacerda romper com o regime militar no correr da década de 1960, a
UDN carioca, também, foi fortemente atingida, provocando-se, no conjunto, uma
desarticulação da lógica nacional nessa região e abrindo-se espaço para que Chagas
Freitas, a lógica local e a política de clientela conquistassem uma particular hegemonia,
primeiro na cidade, e posteriormente no Estado do Rio.19 Essa lógica “fez história” ao
longo dos anos, conforme podemos verificar pela declaração da governadora Rosinha
Garotinho, publicada no jornal O Globo, de 10 de outubro de 2003, em que ela analisa que,
na região fluminense, após o chaguismo e o brizolismo, “por que não o garotismo?”.
Ou seja, na cidade do Rio de Janeiro e, posteriormente, no novo Estado do Rio viria
a ocorrer, através dos processos históricos de permanências e mudanças, a coexistência de
uma lógica nacional cada vez mais inorgânica com uma lógica clientelista e fragmentária
crescentemente hegemônica no plano estadual. Tal realidade gera um marco institucional
que desestrutura com particularidade o poder público na região e dificulta a organização
consistente de estratégias e políticas regionais.20
Assim, a transferência da capital para Brasília, em 1960, e sua consolidação a partir
da década de 1970; a carência de reflexão e de adequadas estratégias regionais de fomento
ao desenvolvimento; ao lado da particular degradação política que a cidade e o Estado do
Rio sofreram em consequência do golpe de 64 são fatores absolutamente centrais no
19
Sobre o assunto ver Silva (2005).
20
Sobre o assunto, ver a dissertação de mestrado de Maria Helena Versiani (2007). Nessa dissertação, é feita
uma análise dos posicionamentos da bancada federal de representação da cidade do Rio de Janeiro, nos anos
de 1962 e de 1970. Os discursos da bancada eleita em 1962 eram hegemonicamente referenciados no debate
brasileiro. Já os discursos da bancada federal eleita em 1970, tendo em vista as cassações ocorridas,
apresentavam uma linha de defesa de questões pontuais e clientelistas.
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Em 1974, como sabemos, ocorreu a fusão entre a Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro. Dessa
forma, nos dados de PIB aqui apresentados, referentes ao ano de 1970, estão somados o PIB do antigo Estado
do Rio de Janeiro com o PIB da Guanabara, permitindo a comparação com o PIB do Estado do Rio pós-
fusão.
22
Neste caso, analisamos apenas o período entre 1985 e 2011, por se tratar da série mais longa da
RAIS/MTE com a mesma metodologia. Nesse período, o crescimento do emprego formal, público e privado,
no total de atividades, no Estado do Rio de Janeiro, foi de apenas 62,7%, contra um crescimento no Brasil de
126,0%.
23
Este dado foi calculado a partir de indicadores sistematizados pelo Conselho Nacional de Política
Fazendária do Ministério da Fazenda (CONFAZ), nas pesquisas realizadas pelo Observatório de Estudos
sobre o Rio de Janeiro, grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ e vinculado ao Programa de Pós-Graduação
em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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No ano de 1995, o governo Fernando Henrique Cardoso, em face da decadência econômico-social do
Estado do Rio de Janeiro e da importância social e simbólica dessa região, criou um Conselho de Ações
Federais no estado, presidido pelo presidente da República e tendo como secretário executivo o advogado
Raphael de Almeida Magalhães. Esse Conselho definiu, entre suas prioridades: a criação de um polo
petroquímico com base no gás natural, em Duque de Caxias; o desenvolvimento de um porto de contêiner,
em Itaguaí, cujo projeto era ser o maior porto da América Latina; e a criação de um grupo de trabalho para
atuar em prol da conquista, pelo Rio de Janeiro, da função de sede das Olimpíadas de 2004. Essa iniciativa
contribuiu para a política de atração de megaeventos, que redundou no Rio de Janeiro ser a sede dos Jogos
Panamericanos, em 2007; dos Jogos Mundiais Militares, em 2011; da Rio+20, em 2012; da Jornada Mundial
da Juventude, em 2013; uma das principais sedes da Copa do Mundo, de 2014; e também sediar as
Olimpíadas de 2016.
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apenas na 15ª posição, entre todas as unidades federativas brasileiras (embora já tenha
apresentado uma melhoria significativa, pois em 2009 estava na 26ª posição). Na mesma
direção, o Índice de Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (IDSUS), para o ano de
2011, divulgado pelo Ministério da Saúde com base nos dados do DATASUS, mostra
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais nas quatro primeiras posições,
no cenário federativo; o Estado de São Paulo na sétima; e o Estado do Rio de Janeiro
apenas na vigésima-quinta posição.
Especificamente em relação à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o conjunto
de indicadores aponta, para o período pós-1960, uma particular degradação de sua
periferia, no cenário das metrópoles existentes na Região Sudeste. Organizando-se, por
exemplo, um ranking dos resultados do IDEB/MEC para a educação básica pública, no ano
de 2011, verifica-se que entre os 57 municípios das periferias das Regiões Metropolitanas
do Rio de Janeiro (RMRJ), São Paulo (RMSP) e Belo Horizonte (RMBH), dos 18 piores
resultados, 16 são ocupados pelos municípios da periferia da RMRJ.
Outra evidência são os dados do Censo do IBGE de 2010 relativos ao transporte
público, que mostram uma situação na periferia da RMRJ pior do que a verificada na
periferia da RMSP.25 De acordo com esses dados, enquanto, na periferia da RMRJ, 32,41%
dos moradores levam mais de uma hora por locomoção efetuada, na periferia da RMSP,
esse percentual é de 25,50%.
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro como um todo – e, vale enfatizar, como
consequência de sua trajetória pós-1960 –, os indicadores sociais e de infraestrutura
também apontam uma particular degradação da região no cenário federativo. Dados do
Censo do IBGE de 2010 mostram, por exemplo, uma situação particularmente grave do
ponto de vista habitacional. Assim, organizando-se um ranking, por estado brasileiro, do
percentual de pessoas moradoras de favelas, em relação ao total de habitantes, verifica-se
que o Estado do Rio de Janeiro apresentou, em 2010, um percentual de 12,7%, o terceiro
maior entre todas as unidades federativas, melhor apenas do que o Pará e o Amapá que
apresentavam, respectivamente, o primeiro e segundo maior percentual. Este era de 6,62%
no Estado de São Paulo e de apenas 3,07% em Minas Gerais.
A trajetória do Estado do Rio de Janeiro no pós-1960 também conduziu a uma
situação particularmente grave no que tange à questão da segurança pública, com a
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Considera-se aqui como periferia das três regiões metropolitanas apontadas todos os municípios nelas
localizados, excetuando-se as suas respectivas capitais estaduais.
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