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TCC-telemedicina 2023.1 (Completo)

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TELEMEDICINA E A GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE:O uso da


teleconsulta como instrumento complementar de difusão ao acesso à saúde

Cristiane Maria da Silva1

RESUMO

Este estudo dispõe sobre o ato de identificar as portarias e normas sobre telemedicina que
estão em vigor no Brasil até o mês de março de 2023. O objetivo geral da pesquisa é verificar
a aplicabilidade das leis do ordenamento jurídico brasileira na manutenção do direito
fundamental ao acesso à saúde, e entender a evolução normativa demonstrando a importância
da telemedicina em particular a teleconsulta, que se revela como recurso fundamental de
difusão à saúde. Deste modo, a normatização indica segurança jurídica aos seus beneficiários.
Este artigo circunscreve os benefícios e riscos da telemedicina, tratamento de dados e à
responsabilidade civil do médico diante dessa nova modalidade de prestação de serviço. Tal
estudo encontrou fulcro na Constituição Federal de 1988, nos artigos 1º, 6º e Artigos 196-200,
na Resolução CFM nº 1.643 de 2002, Lei nº 12.842/2013, Lei nº 13.989/2020 e na Resolução
n°2.314/2022. A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica e o método dedutivo. Tem-se
como resultado que após um amplo debate, foi publicada no Diário Oficial da união em 05 de
maio de 2022 a Resolução n°2.314/0222 que definiu e regulamentou a telemedicina no Brasil,
como forma de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação.

Palavras-chave: Assistência médica. E-Saúde. Regulamentação Governamental. Serviços de


Saúde.

ABSTRACT

This study deals with the act of identifying the ordinances and norms on telemedicine that are
in force in Brazil until the month of March 2023. The general objective of the research is to
verify the applicability of the laws of the Brazilian legal system in the maintenance of the
fundamental right to access to health, and understand the normative evolution demonstrating
the importance of telemedicine, in particular teleconsultation, which is revealed as a
fundamental resource for the dissemination of health. In this way, standardization indicates
legal certainty to its beneficiaries. This article circumscribes the benefits and risks of
telemedicine, data processing and the physician's civil liability in the face of this new type of
service provision. This study was based on the 1988 Federal Constitution, Articles 1, 6 and
Articles 196-200, CFM Resolution No. 1,643 of 2002, Law No. 12,842/2013, Law No.
13,989/2020 and Resolution No. 2,314/2022. The methodology used was bibliographic
research and the deductive method. As a result, after a broad debate, Resolution No.
2.314/0222 was published in the Official Gazette of the Union on May 5, 2022, which defined
and regulated telemedicine in Brazil, as a form of medical services mediated by
communication Technologies.

Keywords: Health care. E-Saúde. Government Regulation. Health services.

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Graduando em Direito pelo Centro Universitário dos Guararapes (UniFG/PE).
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INTRODUÇÃO

O Direito Médico, também conhecido como Direito hospitalar é um ramo


relativamente recente do Direito, dedicado ao estudo e regulamentação de leis que irão
positivar tanto as atividades dos profissionais da área de saúde, quanto às instituições
dedicadas a este fim. Neste âmbito, um dos assuntos mais atuais e pertinentes é a
telemedicina, tema central deste artigo.
Mediante sua importância e relevância para o atual momento da história, em que o
Brasil foi profundamente acometido pela pandemia do vírus SARS CoV(Covid-19), o
objetivo deste artigo é apresentar as portarias e normas da Telemedicina em vigor no Brasil.
Tendo como objetivos específicos, realizar uma breve contextualização histórica sobre a
evolução normativa da telemedicina e suas modalidades, destacando a área da teleconsulta;
verificar temas recentes na legislação brasileira, a natureza jurídica da responsabilidade civil
do médico, diante da nova modalidade de prestação de serviço, à luz do ordenamento jurídico
brasileiro; e discutir, através dos estudos realizados, sobre o futuro dessa sistemática no
Brasil.
A telemedicina é um tema atual e significativo. A discussão sobre sua normatização se
mostra necessária, para servir de embasamento e segurança jurídica a todos profissionais
envolvidos, como advogados, médicos, gestores institucionais, planos de saúde e aos usuários
e clientes.
Para elaboração do presente artigo científico, será utilizada pesquisa bibliográfica
visando analisar a problemática e gerar uma discussão acerca do tema.
Em particular, a pesquisa bibliográfica será de grande importância para o desenvolvimento
teórico, uma vez que é indispensável a presença do ordenamento jurídico como amparo ao
estudo, através da Constituição Federal art.1º, 6º,196-200, Resolução CFM nº 1.643 de 2002,
Lei nº 12.842/2013, Lei nº 13.989/2020 e na Resolução n°2.314, entre outros dispositivos,
com a finalidade de aprofundar conhecimentos e discussões.
O estudo se estrutura em três partes. Inicia-se com a fundamentação teórica e o
desenvolvimento histórico da telemedicina no Brasil. No segundo capítulo, abordaremos a as
vantagens, desvantagens e desafios da telemedicina, apontando questões impactantes na
relação médico e paciente abordando a superação da distância como um limitador a
democratização do acesso à saúde, a problemática ética da despersonificarão, risco à
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privacidade e a confidencialidade no tratamento de dados à luz da LGPD. Por fim, o estudo


aborda a responsabilidade civil dentro da área médica realizada à distância.
Da mesma maneira, o método dedutivo ajudará na compreensão do amparo legal
relacionado à telemedicina no Brasil, a fim de se entender particularmente quais são seus
benefícios e desafios, e a atual situação quanto à sua normatização no território nacional.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA TELEMEDICINA NO BRASIL

O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 traz em si a preocupação com a


assistência à saúde humanizada e democrática, ao dizer que se espera a construção de um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança e o bem-estar. Os direitos sociais possuem como base a saúde, e o
bem-estar, que somente se fazem possíveis com o acesso irrestrito às necessidades mais
básicas do indivíduo, com destaque à saúde (BRASIL,1988).
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 1º, ao tratar da Dignidade da Pessoa
Humana, retrata a preocupação do Estado com a saúde. Como promover a dignidade se não
for por meio da promoção do mínimo necessário ao cidadão para a sua sobrevivência? No art.
6º, a Carta Magna é ainda mais explícita quanto ao tema, abordando que são direitos do povo,
ou seja, é um direito social do cidadão brasileiro o acesso à saúde, ou seja, os pacientes
possuem legitimidade para exigirem em Juízo esta prestação, se não ocorrer a contento, por
ação ou omissão do poder público (BRASIL,1988).
Na Seção II da Constituição Federal de 1988 encontra-se o amparo legal, nos artigos
196 a 200, especialmente nos artigos 196 e 197.No artigo 196 da CF/88 o constituinte
reafirma que a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deve ser oferecida por
intermédio de políticas públicas, para garantia do acesso universal e gratuita (BRASIL,1988).
O art. 197 CF/88, determina que seja de competência do Poder Público dispor sobre a
regulamentação as ações e serviços de saúde, portanto, abrange o caso em questão, da
telemedicina e da teleconsulta, pois são de interesse público. Diz ainda que a apresentação de
tal serviço possa ocorrer de forma direta ou através de terceiros (BRASIL,1988). Nas palavras
de Paulo Bonavides (2009, p. 532):
De nada valeriam os direitos ou as declarações de direitos se não houvesse, pois, as
garantias constitucionais para fazer reais e efetivos esses direitos. A mais alta das
garantias de um ordenamento jurídico, em razão da superioridade hierárquica das
regras da Constituição, perante as quais se curvam, tanto o legislador comum, como
os titulares de qualquer dos Poderes, obrigados ao respeito e acabamento de direitos
que a norma suprema protege.
5

Um dos princípios que regem o Sistema Único de Saúde (SUS) é a universalidade, ou


seja, todos os brasileiros têm direito aos serviços de saúde, de forma gratuita. Contudo, os
valores investidos pela saúde complementar são em média três vezes mais altos daqueles
despendidos pelo SUS. A saúde no Brasil se divide em pública e suplementar. A saúde
pública está estruturada dentro do SUS, já a saúde suplementar, de natureza privada,
compreende os planos de saúde. Atualmente, um grande percentual dos brasileiros depende
exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada.
A ampliação de mecanismos de acesso a saúde, devidamente normatizados, é de
interesse público e social. Aí se enquadra a telemedicina e em específico a teleconsulta, que
poderiam compor a oferta da saúde suplementar e funcionar como inspiração para novas
políticas públicas de saúde pública via SUS, inclusive com a regulamentação do tema em
definitivo no país.
A telemedicina pode abranger várias espécies, como a intermedicina
(compartilhamento de dados, documentos, pareceres, exames e informações entre os
médicos), teleconsulta, telediagnóstico teleperícia e até mesmo a telecirurgia. Especificamente
no período pandêmico, a teleconsulta e o telediagnóstico se mostraram eficientes. Segundo
Troncoso (2020, p.1), a telemedicina consiste na possibilidade de realizar uma consulta
médica de maneira remota, através de tecnologias modernas e seguras de cominicações.
Por sua vez, a teleconsulta pode ser entendida, como a realização de uma consulta
médica à distância, por meio de tecnologias seguras de comunicação online. Segundo Jorge
(2020, p.1) pode ser realizado das seguintes formas: entre médicos, quando buscam uma
segunda opinião para o diagnóstico e tratamento; entre médico e paciente de forma direta,
imediata síncrona através de vídeo; e assíncrona que acontece em horários diferentes e não
exige a interação direta entre o paciente e o médico.
Em resumo, o telediagnóstico, que diz respeito à produção de laudos ou avaliação de
exames mediante imagens, dados e gráficos transmitidos eletronicamente através da internet.
Conforme explica Troncoso (2020, p.2), esta prática consiste na utilização de tecnologias de
vanguarda (online) para fornecer informação e diagnóstico médico aos pacientes e demais
especialistas da área médica e de saúde, situados em locais distantes.
Mediante as explanações do Código de Ética Médica (2019), a questão da
telemedicina e teleconsulta abrange também importância e pertinência aos profissionais
médicos. A promulgação em 2019 do Código de Ética Médica (CEM) trouxe questões atuais,
como as inovações tecnológicas e as relações em sociedade, mantendo os princípios
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deontológicos. Abordou também o desenvolvimento da tecnologia da informação, que facilita


profundamente a comunicação, de médicos, pacientes e organizações da saúde.
O CEM (2019), ainda afirma que as principais alterações são reflexos das mudanças
tecnológicas no mundo e em destaque, tem-se o capítulo dos Direitos Médicos, que prevê a
isonomia de tratamento aos profissionais com deficiência, versando que o médico também
possui o direito de recusar a exercer a medicina em instituição pública ou privada que não
possua condições dignas para tal, e, que ofereçam risco à saúde dos pacientes, devendo nestes
casos, comunicar ao diretor técnico da instituição e aos devidos Conselhos de Ética da região.
A telemedicina e, mais especificamente, a teleconsulta, também seria uma solução a
essa situação, uma vez que promoveria maior integração e isonomia com os profissionais
médicos com deficiência e como forma de prevenção aos profissionais de estarem fisicamente
em lugares insalubres e perigosos. Estaria assim, a teleconsulta promovendo melhor qualidade
para a prestação do serviço médico.
Muito se diz sobre a importância da telemedicina e teleconsulta para os assistidos, mas
há, notória relevância e praticidade também os profissionais médicos, que também precisam
de proteção, sobretudo em períodos pandêmicos. Essa é uma discussão que se apresenta
relevante.
O texto do CEM (2019), sempre foi aberto ao diálogo e à indispensável legalização
desta forma de prestação, que não reflete uma situação de futuro, mas uma necessidade do
presente. De acordo com o Portal Telemedicina (2017), este modelo compreende um processo
inovador para o atendimento e acompanhamento de pacientes, comunicação médica integrada,
educação e laudos de variados tipos de exames.
Incialmente realizada em Israel, em 1950, refere-se à uma prática frequente em vários
países, de maneira regularizada, apresentando notória segurança jurídica, em combinação com
as leis, normas e ética médica (PORTAL TELEMEDICINA, 2017, p.1).
Em um contexto mundial a telemedicina é muito mais abrangente. Muito se fala nesta
segunda década do século XXI em e-Health ou “saúde digital”. Sigla utilizada para designar a
oferta de serviços de saúde através dos meios digitais e o presente e o futuro da medicina
mundial. Para tanto, o Brasil como um país interessado precisava de efetiva normatização da
prática que se demonstrou uma fonte salutar e essencial de assistência – de qualidade – à
saúde (PORTAL TELEMEDICINA, 2017, p.1).
Quando instaurada a Declaração de Tel Aviv no ano de 1999, realizada pela
Associação Médica Mundial (AMM), que reconheceu como espécies do gênero telemedicina
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além da teleconsulta, a teleassistência, a televigilância, e a tele interconsulta. Fico claro que a


telemedicina e principalmente a teleconsulta é uma demanda social, e já é uma prática
frequente em vários países do mundo, compreendendo em alguns lugares uma capacitação
específica para os médicos lidarem com este tipo de assistência.
Desta forma, surgiu o questionamento natural sobre a situação da normatização no
Brasil. A telemedicina brasileira está de fato regularizada? Os profissionais médicos podem
realizar consultas à distância por meio de dispositivos digitais?

1.1 Desenvolvimento e Consolidação Normativa no Brasil

A regulamentação da telemedicina no Brasil segue os preceitos da Associação


Americana de Telemedicina (American Telemedicine Association) e é reconhecida no Brasil
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelos dispositivos normativos pátrios.
De acordo com o Portal Telemedicina (2019), a oferta deste serviço, seguia um
movimento mundial na década de 1990, e se encontrava principalmente vinculado ao envio de
resultados de exames e pareceres à distância.
Em seu início, o mercado nacional incorporou normas éticas e formas de atendimento,
bem como tecnologias, descritas por organismos internacionais. No entanto, a partir do ano de
2002, mediante o crescimento e a consolidação destes serviços no Brasil, foram instituídas
normas e regulamentações próprias para esta modalidade.
Em território nacional, empresas ligadas a área da saúde, instituições médicas e órgãos
reguladores, em conjunto, se dedicaram à incentivar e impulsionar a assistência remota à
saúde, segundo o Portal Telemedicina (2017, p.1).
No Brasil, Calado (2020) afirmou que no momento havia possibilidade de
regulamentar em definitivo a questão. O Conselho Federal de Medicina (CFM) chegou a
regular a teleconsulta no ano de 2018, mas retrocedeu em 2019. Em 2020, com o advento da
Pandemia da Covd-19, o Ministério da Saúde avançou sobre a matéria, tendo o Congresso
Nacional a agilidade de regulamentar a telemedicina de modo excepcional e temporariamente,
inclusive em relação à consulta à distância.
A Resolução 1.643 de 2002 do CFM era o instrumento que regulamentava a
telemedicina como modalidade médica no país. Esta resolução afirmava que os atendimentos
prestados através da telemedicina deveriam possuir os recursos tecnológicos adequados e
cumprir com as normas técnicas do CFM, em relação à guarda, manuseio, transmissão de
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dados, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo profissional (RESOLUÇÃO CFM


1643, 2002). Além disso, seu art. 7º é enfático ao eleger o Conselho Federal de Medicina
como órgão fiscalizador dessa modalidade no país.
A Resolução CFM nº2.227, foi lançada no dia 07 de fevereiro de 2018, durante o II
Fórum de Telemedicina, ocorrido em Brasília-DF, na qual, entre outros pontos, ocasionou a
garantia de confidencialidade nas informações entre médicos e pacientes de forma reforçada.
Entretanto, outra Resolução, de nº 2.228/2019, revogou a nº2. 227/2018, publicada no
D.O.U. de 6 de fevereiro de 2019, Seção I, p.58 e restabeleceu expressamente a vigência da
antiga Resolução CFM nº1.643/2002, publicada no D.O.U. de 26 de agosto de 2002, Seção I,
p.205.
Como preconiza Jorge (2020), porém, no dia 19 de março de 2020, o Conselho
Federal de Medicina (CFM), enviou o Ofício CFM Nº 1756/2020 – COJUR ao Ministério da
Saúde, que permite e recomenda que médicos realizem três modalidades de teleconsulta
durante a pandemia de Covid-19.
Essas recomendações foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) no dia 23
de março através da portaria nº 467, que também estabeleceu, em seu art. 2º e parágrafo
único, in verbis:
As ações de Telemedicina de interação à distância pode contemplar o atendimento
pré-clínico, de suporte assistencial, de consulta, monitoramento e diagnóstico, por
meio de tecnologia da informação e comunicação, no âmbito do SUS, bem como na
saúde suplementar e privada.

O Projeto de Lei 696/2020, que dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise
causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), foi aprovado pelo Senado Federal que fora então
sancionado pelo Presidente da República em 15 de abril de 2020. Inicialmente o parágrafo
único do art. 2º, bem como o art. 6º foi vetado. Contudo, o Senado Federal derrubou tais
vetos, promulgando no Diário Oficial da União no dia 20 de agosto de 2020. Porém, a
aprovação da lei ocorreu em caráter temporário e emergencial, enquanto durar a pandemia da
Covid-19 e sua utilização causou aplicações práticas na sociedade.
Publicada no Diário Oficial da união em 05 de maio de 2022, o Conselho Federal de
Medicina (CFM) divulgou a Resolução nº 2.314/2022 que definiu e regulamentou a
telemedicina no Brasil, como forma de serviços médicos mediados por tecnologias e de
comunicação. A norma é fruto de um amplo debate reaberto em 2018 com entidades médicas
e especialistas, e passa a regular a prática em substituição à Resolução CFM nº 1.643/2002. A
teleconsulta é citada e classificada no art.6º da lei, como uma das modalidades possíveis da
telemedicina.
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Desta forma, a telemedicina foi seguramente aprovada no Brasil pelo Ministério da


Saúde, Conselho Federal de Medicina (CFM) e Agência Nacional de Saúde (ANS), que
entenderam como um relevante recurso para a promoção e o controle de saúde,
principalmente no período da pandemia da Covid-19 no território nacional. O Ministério da
Saúde admitiu a utilização deste recurso pela iniciativa privada e pública, neste caso, através
do SUS.
Configura, portanto, a mais adequada e completa normativa até então já desenvolvida
para a prática da telemedicina no Brasil, caminhando bem na garantia do acesso à saúde dos
cidadãos, bem como na proteção de seus direitos fundamentais. Para tanto, se aprofundou em
questões ainda não trazidas nas normativas e legislações antecedentes, o que a torna um
marco na saúde do país.
A telemedicina é ramo do Direito Médico, como afirma o Professor Genival Veloso de
França (2014, p. 2014):
(...) pode-se conceituar Telemedicina como todo esforço organizado e eficiente do
exercício médico a distância que tenha como objetivos a informação, o diagnóstico e
o tratamento de indivíduos isoladamente ou em grupo, desde que baseado em dados,
documentos ou outro qualquer tipo de informação confiável, sempre transmitida
através dos recursos da telecomunicação. Tal conceito e prática foram recomendados
ultimamente pela Declaração de Tel Aviv, adotada pela 51.ª Assembleia Geral da
Associação Médica Mundial, em outubro de 1999, a qual trata das “Normas Éticas
na Utilização da Telemedicina”. [...] Não acreditamos que a velha fórmula da
medicina tradicional venha ser superada, mas com certeza a teleassistência será uma
ferramenta a mais com que contará o médico no futuro para vencer as distâncias e
estabelecer propostas mais objetivas de acesso a procedimentos de alta
complexidade em favor de comunidades hoje ainda tão desassistidas.

Portanto, no que se refere ao Direito Médico, está a telemedicina e teleconsulta,


devidamente regularizada no Brasil, como em outros países. A telemedicina, mediante o
conceito de E-Health, é uma tendência e uma necessidade mundial, que se consolidou e
regulamentou, de forma positivada e permanente. É uma realidade na medicina que poderá vir
a desafogar o Sistema Nacional de Saúde – SUS, ampliar a rede suplementar e gerar
qualidade de vida, bem-estar e garantir o direito ao acesso a saúde à toda população, de forma
confiável, de acordo com os severos ditames técnicos do Conselho Federal de Medicina e
Agência Nacional de Saúde Suplementar.

2. VANTAGENS, DESVANTAGENS E DESAFIOS DA TELEMEDICINA NO BRASIL

A prática da medicina à distância através da teleconsulta, assim como o exercício da


medicina convencional, está sujeita a benefícios e riscos que são inerentes à atividade médica,
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tendo em vista que o objeto de sua atuação profissional é o corpo humano segundo KFOURI
NETO (2018), que consiste em uma estrutura complexa altamente organizada com funções
especificas para a manutenção da vida.
A adoção da medicina à distância aparece como alternativa para a superação de
diversas limitações ocasionadas pelo atendimento presencial, sendo a principal delas a
democratização do acesso à saúde, esse que figura como um direito fundamental de todos os
cidadãos e dever do Estado (BRASIL,1988).
Incorporado no contexto do acesso universal à saúde, uma das vantagens do uso da
telemedicina é a expansão do atendimento médico, uma vez que promove a diminuição de
barreiras geográficas e econômicas, permitindo atendimento a pacientes que possuem
dificuldades de locomoção físicas, que residem em locais isolados ou de difícil acesso, assim
como possibilita o atendimento especializado em regiões que não possuem corpo clínico
adequado, segundo o Portal Telemedicina (2017, p.2). Esta vantagem destaca a amplitude de
serviços médicos para pacientes em áreas geográficas de difícil acesso ou com problemas de
mobilidade, bem como a precisão dos diagnósticos.
Outra vantagem é a permissão de consulta imediata e troca de informações, tanto entre
médicos e pacientes, quanto entre profissionais da saúde, acerca de diagnósticos, laudos e
resultados de exames, tendo em vista o armazenamento digital de todas as informações
referentes à saúde dos pacientes, permitindo ao médico responsável acessar rapidamente o
histórico do paciente, de forma segura e respeitando a privacidade do paciente e seus dados
Portal Telemedicina (2018).
Embora existam muitas vantagens na prática da telemedicina, o emprego de tal
atividade também apresenta alguns aspectos negativos que não podem ser desconsiderados.
De maneira geral, os riscos estão relacionados à segurança dos dados, sigilo e aos próprios
meios de comunicação utilizados, que estão diretamente vinculados aqueles que se fazem
presentes no atendimento médico, com reflexos no campo da responsabilidade civil por
danos, além do problema ético da despersonificação da relação médico-paciente e a
massificação da prática médica.
Preliminarmente, as noções referentes à privacidade e à confidencialidade são
inerentes à atividade médica e estão alicerçados no dever de sigilo, que é característico do
exercício da medicina e está previsto pelo Código de Ética Médica Brasileira, Lei Orgânica de
Saúde (Lei n° 8.080/90), a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n° 13.709/2018), entre outros
diplomas legais como a Emenda Constitucional nº 107 de 02/07/2020. Tal questão exige um
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diálogo participativo entre o médico e o paciente, a partir da coleta de dados, tanto pessoais
quanto clínicos, envoltos em sigilo, com o intuito de prestar adequadamente o serviço à saúde.
Tais noções, ainda que bastante consideradas em geral na prática médica, se tornam
ainda mais relevantes quando inseridas em um contexto de saúde digital. Enquanto o
armazenamento dos prontuários físicos com informações dos pacientes detinha um acesso
mais restrito de pessoas, uma vez que se encontravam em consultórios médicos ou hospitais
(locais onde somente pessoas autorizadas podem manusear tais informações), a transferência
desses registros a um ambiente virtual, em rede, aumenta consideravelmente a exposição dos
dados, de forma que exige que precauções e adequações em relação aos protocolos de
segurança no tratamento de dados sensíveis e segurança do sistema sejam tomadas como
afirma PEREIRA(2016).
A proteção dos dados pessoais, assim como a privacidade, são direitos resguardados
pela Constituição Federal Brasileira como fundamentais, BRASIL (1988). De forma
semelhante disciplina o artigo n°17 da Lei Geral de Proteção de Dados, ao assegurar a todas
as pessoas a titularidade de seus dados pessoais e a garantia do direito de liberdade,
intimidade e privacidade. Tal cuidado se mostra necessário em razão de o emprego da
telemedicina estar diretamente vinculado a coleta, tratamento e armazenamento de dados de
pacientes identificados ou identificáveis, Portal Telemedicina (2022).
Fica evidenciado, portanto, que a prática adequada da telemedicina está diretamente
relacionada às proteções acerca do tratamento e armazenamento dos dados sensíveis
relacionados a saúde.
A segunda desvantagem é o grande desafio imposto à difusão da telemedicina é a
vulnerabilidade socioeconômica do país que demonstra a existência de um abismo digital,
visto que 33,9 milhões de pessoas estão desconectadas da internet e outras 86,6 milhões não
conseguem se conectar todos os dias, segundo estudo do Instituto Locomotiva e da
consultoria PwC (2022).
A realidade é que, o grupo social mais impactado negativamente é a população mais
vulnerável economicamente, isto porque as regiões mais periféricas recebem atendimento
mais tardio, e, para sanar essa problemática, seriam necessários recursos monetários dos
cofres públicos, ampliando, assim, os gastos em saúde (Bodenheimer, 2008; Schoen et al.,
2011).
12

3. RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

A Medicina e a arte de cuidar emergiram da mesma raiz que a dor e a piedade humana.
Hipócrates e o seu juramento contam com mais de 2.500 anos e serviram como base para o
desenvolvimento dessa ciência (FRANÇA, 2021). O exercício da medicina tem como foco
principal o cuidar da saúde e bem-estar das pessoas, sendo essa relação pautada na ética
médica, valores, princípios e balizada por direitos e deveres por ambas as partes.
A relação de consumo médico-paciente, seja contratual ou extracontratual, escrita ou
verbal, implícita ou explícita é permeada por direitos, deveres e obrigações adquiridas, as
quais em caso de descumprimento, podem vir a ser de responsabilidade civil, ou seja, a
obrigação de reparar prejuízo (VILAS BOAS, 2022). Dentre os deveres de conduta dos
médicos podemos listar os de: informação, atualização, abstenção de abuso, vigilância e
cuidados (FRANÇA, 2021).
A responsabilidade civil médica pode ser ocasionada por conduta contrária ao dever de
profissional legalmente habilitado a exercer a medicina, seja por negligência, imprudência ou
imperícia, sem que haja dolo ou ato ilícito (FRANÇA, 2021). Por indução, a prestação da
telemedicina se equipara ao ato médico convencional no quesito da relação consumerista,
após informação e termo de consentimento livre e esclarecido quanto às limitações e
peculiaridades da modalidade a ser exercida (VILAS BOAS, 2022). Assim como os papéis
deste ecossistema da relação médico-paciente contratual, os fundamentos éticos médicos
visando melhor ao paciente, seguem inalterados (KAPLAN,2020).
As discussões ao longo da história sobre a responsabilidade, riscos, política, ética,
privacidade, qualidade no atendimento, acesso, consentimento e legalização da telemedicina
mundial vêm de longa data, inicialmente nos países desenvolvidos da União Europeia e
Estados Unidos da América. (KAPLAN, 2020; PARIMBELLI, 2018). Apesar do antigo
paradigma de que as responsabilidades advindas da telemedicina seriam exatamente as
mesmas da relação médico-paciente presencial, novas responsabilidades e riscos clínicos
surgiram com a utilização da telemedicina na prática médica cotidiana, ocasionando a
necessidade de múltiplas adequações, entre elas, novas técnicas de ensino médico e liderança
para afrontar as novas possibilidades decorrentes da coesão medicina e tecnologia
(PARIMBELLI, 2018).
Novas responsabilidades civis emergiram decorrentes da prática da telemedicina,
exemplificando, ao prestar informações e orientações médicas, contidas em websites e os
13

riscos da generalização destas para o leitor, assim como respostas em dispositivos e


aplicativos, os quais podem não contar com a segurança devida para tais atos, à pessoas
desconhecidas, pacientes ou possíveis pacientes (CHAET, 2017). Além de novas
responsabilidades, algumas já conhecidas foram alteradas ou até expandidas, diante da
necessidade dos cuidados acumulados com a privacidade, transparência, segurança,
tratamento de dados, privacidade, confidencialidade, consentimento livre e esclarecido,
esforços para tentar assegurar a qualidade, segurança, continuidade dos cuidados à saúde, na
tentativa de manter a relação paciente e médico protegida (CHAET, 2017).
Segundo o CFM (2022), as apurações de infrações éticas no uso da telemedicina serão
feitas no Conselho Regional de Medicina (CRM) de jurisdição do paciente e julgamento no
CRM do médico. Os CRM’s devem fiscalizar, vigiar e avaliar as atividades de telemedicina
em seus territórios (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2022).
O paciente ou seu representante devem ser informados e autorizarem, através de
autorização e termo de concordância consentido, livre e esclarecido, quanto à telemedicina,
transmissão de imagens e dados, excetuando os casos de situação médica de emergência
(CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2022). Nesse tocante relacionado à
responsabilidade civil do médico, sob a perspectiva do direito brasileiro, Massareli Jr. (2019)
expõe, quanto à proteção e tratamento de dados, que atualmente existem lacunas legislativas
quanto ao tratamento e proteção dos dados pessoais dos pacientes atendidos por telemedicina,
além de equiparar os médicos aos agentes de tratamento de dados, corresponsabilizando-os
solidária e objetivamente, às empresas fornecedoras dos sistemas de telecomunicações. Além
disso reitera que o assunto tem grande potencial de prejudicar os médicos atuantes na
telemedicina, via legislativa, desgastando-os emocionalmente e financeiramente, além de
elevar a já ascendente judicialização da saúde (MASSARELLI JR, 2019).
Conforme o WORLD MEDICAL ASSOCIATION (2018), é consenso mundial que a
relação médico-paciente, qualidade do cuidado médico, confidencialidade, privacidade e
integridade devem ser protegidas, assim como são necessárias práticas ética de telemedicina,
segundo a legislação local.
Diante da precariedade brasileira nos quesitos legislação, normatização, regramento e
delimitação de responsabilidades quanto ao tratamento e proteção de dados, relacionados ao
uso das tecnologias e plataformas na medicina. Dessa forma assegurando contratos mais
claros e justos, além de delimitar as responsabilidades de cada parte do sistema, trazendo
14

maior tranquilidade e segurança às empresas, responsáveis pelas plataformas de telemedicina,


aos médicos e pacientes (MASSARELLI JR, 2019; FIALHO, 2019).
Sendo de responsabilidade do médico a privacidade dos dados do paciente, um estudo
para uma plataforma chamada Swiss Health Data Framework abordou a criação de uma
sistema de prontuário médico digital, onde a propriedade dos dados ficaria a cargo e
responsabilidade do paciente, eximindo o médico das responsabilidades pois o controle do
consentimento e revogação do acesso é do paciente, impedindo que planos de saúde possam
utilizar de forma discriminatória a um determinado paciente por conhecimento do seu
histórico de saúde, além de viabilizar aos pacientes terem o histórico médico completo,
quando necessário, possibilitando consultas com novos profissionais de forma ágil, integral e
consequente melhores cuidados. O prontuário suíço não é somente voltado à telemedicina,
mas também aos atendimentos presenciais, a partir dos dados consolidados, como forma de
proteger a privacidade, possibilitando a implementação de pesquisas para desenvolvimento de
políticas públicas voltadas à saúde. Apesar das enormes vantagens para o sistema de saúde
atual e futuro, ainda carece de infraestrutura, políticas e leis que o tornem realidade
(MARTANI, 2021).
Outro problema antigo e recorrente na prática da telemedicina são os interesses
econômicos das grandes empresas, devido à comercialização, explorações generalizadas,
influências políticas entre outros fatores externos (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA,
2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou a óptica do ordenamento jurídico brasileiro e sua evolução


normativa, no exercício da Telemedicina destacando a teleconsulta. Perante as pesquisas,
discussões e reflexões, sob a perspectiva do direito acerca do tema discutido nesse trabalho é
evidente que a atual situação da telemedicina nacional requer a união e trabalho conjunto das
diversas entidades envolvidas, para adequação, atualização de legislações, criação de
protocolos, consensos e diretrizes, visando o melhor interesse e benefício de todos os
envolvidos no processo.
No âmbito da saúde principalmente com o advento da pandemia de Sars-CoV 19, o
desenvolvimento tecnológico possibilitou a utilização da telemedicina para uma grande parte
da população, que consiste em toda a prática médica à distância relacionada ao tratamento e
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diagnóstico individualizado de pacientes, a partir da coleta, armazenamento, processamento,


recuperação e comunicação de informações.
O primeiro documento que reconheceu como espécie do gênero telemedicina e da
teleconsulta e tratou sobre questões de responsabilidade e normas éticas para o exercício da
telemedicina foi a Declaração de Tel’Aviv, de 1999, elaborada pela Associação Médica
Mundial. No âmbito brasileiro, a instituição da prática médica à distância foi a Resolução n°
1.643/2002, formulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O tema foi objeto de
outras resoluções que detalhava, aos poucos, a prática da telemedicina, mas foi apenas durante
a pandemia, em 2020, que foi elaborada a Lei n° 13.989/2020, que autorizou o uso da
telemedicina, em caráter emergencial, permitindo a realização da teleconsulta e o uso de
receitas médicas em ambiente digital. A disposição mais recente sobre a medicina à distância
consiste na Resolução n° 2.311/2022, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina, que
define e regulamenta a prática da telemedicina, dispondo sobre princípios e regras para seu
exercício.
A legitimação da medicina à distância aparece como alternativa para a democratização
do acesso a saúde e superação de diversas limitações ocasionadas pelo atendimento
presencial, permitindo a expanção do acesso da população à saúde, diminuindo barreiras
geográficas e econômicas a fim de permitir atendimento a pacientes que possuam dificuldades
de locomoção física, que residam em locais isolados ou de difícil acesso, assim como
possibilita o atendimento especializado em regiões que não possuam corpo clínico adequado.
Entretanto, apresenta também alguns aspectos negativos a serem considerados pelos
pacientes, como a despersonificação da relação entre médico e paciente, a possibilidade de
danos por descumprimento do dever de privacidade e confidencialidade, do dever de sigilo e
informação e eventuais falhas nos equipamentos utilizados nos atendimentos. Todas as
hipóteses que tratam dos riscos da telemedicina podem ensejar a responsabilização civil do
médico, ainda que dependa da comprovação de sua culpa, cujas previsões estão contidas no
ordenamento jurídico brasileiro.
Acerca da natureza da responsabilidade civil, é importante ressaltar que, em relação à
responsabilização dos profissionais da medicina, o critério adotado é sempre o da
responsabilidade subjetiva, uma vez que há a exigência da prova de culpa. No entanto, quando
se considera a figura da unidade hospitalar com o qual o profissional possui vínculo de
subordinação, a responsabilidade do hospital é objetiva, fundada no risco inerente à atividade.
Para que a instituição hospitalar seja responsabilizada por erro de médico empregado ou
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preposto faz-se necessário que o dano advenha de ação ou omissão do profissional vinculado
ou que estejam relacionados à sua atividade. Em relação à telemedicina, a adoção dessa
prática não altera a forma da responsabilização médica, permanecendo subjetiva a
responsabilidade do médico e objetiva da instituição de saúde.
Cabe aos profissionais da medicina, portanto, atentarem-se a tudo que regulamenta a
telemedicina, a fim de que sua prática seja segura e benéfica, tanto para o médico quanto para
o paciente, pois, como visto, é possível que os riscos decorrentes da prática da medicina à
distância sejam minimizados. Deve-se atentar, todavia, que existem riscos inerentes à prática
da medicina, o que vale também para essa modalidade.
O estudo realizado no presente trabalho não teve o propósito de exaurir o tema, mas
sim, de abordar alguns pontos importantes acerca da telemedicina, seus benefícios e riscos e
sobre a responsabilidade que envolve o profissional da medicina quando se utiliza dessa
modalidade, condensando os tópicos mais relevantes para facilitar o entendimento acerca da
temática, restando a necessidade de realização de mais estudos quanto ao tema.
A teleconsulta não deve ser um substitutivo da consulta médica tradicional, mas sim,
um mecanismo, de acesso efetivo de prestação segura de assistência especializada, que
permita o cumprimento dos preceitos constitucionais, de promoção de saúde, à todos!

REFERÊNCIAS

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setembro de 1990, para autorizar e disciplinar a prática da telessaúde em todo o território
nacional, e a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015; e revoga a Lei nº 13.989, de 15 de abril de
2020.
17

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