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CGU Relatório 1304683 - Prova de Vida - Final

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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Instituto Nacional do Seguro Social


Exercícios 2022 e 2023

18 de setembro de 2023
Controladoria-Geral da União
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério da Previdência Social
Unidade Auditada: Instituto Nacional do Seguro Social
Município/UF: Brasília/DF
Relatório Preliminar de Avaliação: 1304683
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado em razão da relevância
REALIZADO social, considerando a mudança de paradigma
proposta, de que a comprovação em questão
PELA CGU? esteja sob a responsabilidade do INSS e não
requeira o deslocamento do segurado para o
Trata-se de auditoria
cumprimento de procedimentos de prova de vida;
realizada no Instituto
da materialidade dos pagamentos de benefícios
Nacional do Seguro Social
previdenciários efetuados pelo INSS, com um
(INSS) com o objetivo de
orçamento, em 2022, de mais de R$ 780 bilhões,
avaliar o novo processo de
alcançando cerca de 32 milhões de beneficiários;
comprovação de vida dos
beneficiários da Autarquia, assim como em razão da criticidade relacionada,
haja vista a suspensão do processo de prova de
instituído por meio da
vida e dos bloqueios dos pagamentos de
Portaria MTP nº 220 e da
Portaria PRES/INSS nº 1.408, benefícios, em decorrência de não comprovação
de vida, por um período total de três anos.
ambas de 02.02.2022, e
disciplinado por meio da QUAIS AS CONCLUSÕES
Portaria DIRBEN/INSS nº
1.103, de 25.06.2023. ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS AS
Buscou-se avaliar, no âmbito
RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO
do novo processo de prova de SER ADOTADAS?
vida, a adequação dos Verificou-se que há dissonância entre as normas
normativos e dos sistemas que disciplinam o novo fluxo de comprovação de
utilizados pelo INSS; a vida e a Lei nº 8.212/1991 e que a atuação do INSS
suficiência das providências foi ineficaz em relação ao planejamento e ao início
adotadas para recebimento da execução do novo processo de prova de vida,
de bases de dados a serem caracterizada, especialmente, pela morosidade no
utilizadas no processo; a desenvolvimento dos sistemas de suporte e no
adequação dos mecanismos acesso a bases de dados externas ao INSS,
existentes para realização de aspectos estruturantes para sua realização, cuja
eventuais notificações a implementação estava prevista para ocorrer até
beneficiários e de Pesquisa 31.12.2022. Ainda, verificou-se que não há
Externa (quando houver adequada normatização das regras para cálculo
necessidade de realizar a das pontuações necessárias para a comprovação
prova de vida de maneira de vida do beneficiário, tampouco a definição de
presencial); a adequação dos metas, de indicadores ou de estudos de custos
procedimentos de bloqueio para o novo processo de prova de vida.
de benefícios por ausência de
comprovação de vida; e a Quanto às etapas de notificação, de Pesquisa
existência de metas e Externa e de bloqueio de benefícios, verificou-se
indicadores para que também carecem de normatização e de
monitoramento do processo. procedimentos detalhados, tais como prazos,
fluxos e responsáveis, e que há riscos associados à
eficácia dessas etapas, em decorrência da
ausência de rotina de atualização dos dados
cadastrais dos beneficiários.
Assim, recomendou-se ao INSS aprimorar o
planejamento e a operacionalização do novo
processo de prova de vida, especialmente em
relação aos sistemas de suporte, às tratativas para
obtenção de bases de dados externas e à
normatização de etapas e procedimentos
relevantes. Recomendou-se, ainda, a elaboração
de estudo que contemple os custos vinculados à
nova sistemática de prova de vida.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACT – Acordo de Cooperação Técnica
API – Application Programming Interface
CGU – Controladoria-Geral da União
CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais
CPF – Cadastro de Pessoa Física
Dataprev – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
Denatran – Departamento Nacional de Trânsito
DIGOV – Diretoria de Governança do INSS
DIRBEN – Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS
eSocial – Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas
FUNAI – Fundação Nacional dos Povos Indígenas
GERID – Sistema de Gerenciamento de Identidade e Acesso
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
LAI – Lei de Acesso à Informação
LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados
MP – Medida Provisória
MPS – Ministério da Previdência Social
MTP – Ministério do Trabalho e Previdência
PSIP – Política de Segurança da Informação e Privacidade
RIPD – Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais
SAT – Sistema de Atendimento do INSS
SGPI – Sistema de Gestão da Privacidade
SIBE – Sistema Integrado de Benefícios
SIBE-PU – Sistema Integrado de Benefícios – Módulo Administrativo
SIRC – Sistema Nacional de Informações de Registro Civil
SIRIS – Sistema de Registro de Interações Sociais
TSE – Tribunal Superior Eleitoral
UF – Unidade da Federação
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8

RESULTADOS DOS EXAMES 13

1. Dissonância entre as normas infralegais que disciplinam a comprovação de vida dos


beneficiários do INSS e o disposto no § 8º do art. 69 da Lei nº 8.212/1991. 13

2. Suspensão do processo de prova de vida e dos bloqueios dos pagamentos por um


período total de três anos, com vedação à possibilidade de convocar o beneficiário para
realizá-la de maneira presencial. 16

3. Oportunidade de melhoria em relação à definição do ciclo de comprovação de vida.


Ausência de estudos que demonstrem os custos da nova forma de prova de vida. 17

4. Insuficiência de bases de dados para operacionalização do novo processo de prova de


vida. 19

5. Atuação ineficaz do INSS para o efetivo início do novo processo de prova de vida, com
morosidade no planejamento e no desenvolvimento dos sistemas de suporte. 21

6. Fragilidades em relação à definição das regras para cálculo das pontuações para
comprovação de vida do beneficiário e ausência de monitoramento da qualidade dos
dados utilizados para definição do score. 25

7. Inexistência de estudos ou de documentos que embasem a definição das informações


mínimas necessárias que devem constar nas bases de dados a serem utilizadas para
realização da comprovação de vida. 29

8. Oportunidade de melhorias em relação à segurança e à proteção de dados pessoais


referente aos sistemas de suporte ao novo modelo de prova de vida. 31

9. Os mecanismos de notificação dos beneficiários e de realização de Pesquisa Externa


estão previstos em normativos sem o devido detalhamento operacional. 34

10. Riscos associados à eficácia das etapas de notificação e de Pesquisa Externa no âmbito
do novo processo de prova de vida em decorrência de eventual desatualização dos dados
cadastrais dos beneficiários no CNIS. 36

11. Ausência de definição de procedimentos, fluxos, responsabilidades e controles para


permitir o correto e tempestivo bloqueio, suspensão ou cessação de benefícios por
ausência de comprovação de vida. 38

12. Inexistência de metas e de indicadores para acompanhamento e aferição do processo


de prova de vida. 39

RECOMENDAÇÕES 41
CONCLUSÃO 44

ANEXOS 46

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 46

7
INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta o resultado da avaliação acerca do novo processo de prova de vida
realizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), instituído a partir da publicação da
Portaria MTP nº 220, de 02.02.2022, e da Portaria PRES/INSS nº 1.408, de 02.02.2022.
A Lei nº 8.212, de 24.07.1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social,
estabelece no art. 69 que o INSS manterá programa permanente de revisão da concessão e
da manutenção dos benefícios por ele administrados, a fim de apurar irregularidades ou erros
materiais, sendo que o § 8º estabelece que o beneficiário realizará anualmente a
comprovação de vida, preferencialmente por meio de atendimento eletrônico com uso de
biometria, ou outro meio definido que assegure a identificação inequívoca do beneficiário,
implementado pelas instituições financeiras pagadoras dos benefícios (Redação dada pela Lei
nº 14.199, de 02.09.2021).
Dessa forma, a comprovação de vida pode ser entendida como um processo realizado pelo
INSS com o intuito de dar conformidade aos pagamentos efetuados pela Autarquia, de modo
a evitar erros e fraudes na manutenção de benefícios vinculados a pessoas falecidas e,
consequentemente, pagamentos indevidos.
O processo, antes da alteração normativa, era realizado por meio do comparecimento
presencial do beneficiário a uma instituição financeira pagadora de benefícios do INSS ou a
uma Agência da Previdência Social. Contudo, a partir de fevereiro/2022, foram definidas
mudanças, disciplinando que a comprovação de vida será realizada pelo INSS por meio de
consultas a atos registrados em bases de dados governamentais, sendo vedada à Autarquia a
exigência de comprovação presencial de vida quando essa implicar no deslocamento dos
beneficiários de suas residências a unidades do INSS ou a instituição financeira pagadora do
benefício.
Assim, para a realização do novo processo de prova de vida, foram identificados, pela equipe
de auditoria, a partir dos normativos relacionados e das reuniões realizadas com os gestores,
cinco objetivos principais desse novo processo, a saber:
1) Efetuar a prova de vida por meio de interações registradas em bases de dados,
evitando o deslocamento dos beneficiários para unidades de atendimento da Autarquia ou
para instituições financeiras pagadoras dos benefícios;
2) Notificar o beneficiário para realizar a comprovação de vida, preferencialmente por
meio eletrônico e utilizando biometria, quando não for possível efetuar a prova de vida por
meio de interações registradas em bases de dados;
3) Realizar a comprovação de vida por meio do deslocamento de servidores do INSS ou
de parceiros até a residência do beneficiário (Pesquisa Externa), quando não for possível
efetuar a prova de vida por meio de interações registradas em bases de dados ou, após
notificação, por meio eletrônico;
4) Realizar o bloqueio, a suspensão e a cessação de benefícios quando não for
comprovada a vida do beneficiário; e
5) Realizar gestão do processo de prova de vida no âmbito do INSS.

8
Ressalta-se que, em decorrência da definição dessas novas regras, o processo de comprovação
de vida foi suspenso durante o ano de 2022, por meio da Portaria MTP nº 220/2022. Ao
considerar a suspensão ocorrida entre março/2020 e dezembro/2021, devido à pandemia de
Covid-19, o procedimento de prova de vida e o correspondente bloqueio dos pagamentos
permaneceram suspensos por um período total de cerca de três anos.
Nesse contexto, a definição do escopo da auditoria foi baseada na análise de riscos em relação
aos objetivos supracitados, na possibilidade de contribuição para a implementação do novo
processo de prova de vida e nas informações disponíveis para análise, tendo em vista que o
referido processo ainda está sendo normatizado e implementado, em que pese o fato de que
o prazo de implementação previsto, 31.12.2022, tenha expirado.
Inicialmente, é apresentado um panorama das mudanças ocorridas no processo de prova de
vida. Na sequência, buscou-se avaliar a adequação das normas e dos sistemas utilizados pelo
INSS para o novo processo de comprovação de vida; a suficiência das providências adotadas
para recebimento de bases de dados a serem utilizadas nesse processo e dos mecanismos
existentes para realização de eventuais notificações a beneficiários e de Pesquisa Externa,
quando houver necessidade de realizar a prova de vida de maneira presencial; a adequação
dos procedimentos, dos fluxos, dos prazos, das responsabilidades e dos controles para
permitir o correto e tempestivo bloqueio, suspensão ou cessação de benefícios por ausência
de comprovação de vida; e a adequação das metas e dos indicadores definidos para
monitoramento da eficácia e da eficiência do novo processo de prova de vida.
Considerando, em especial, que o novo processo de comprovação de vida ainda está em
implantação, não foram avaliados o armazenamento, a migração, a carga dos dados e os
controles de acesso aos sistemas, a comprovação de vida realizada por meio de procuração
ou representação legal, a possibilidade de fraudes nas validações eletrônicas, a eficácia das
notificações e da Pesquisa Externa e a possibilidade de reativação de benefícios sem a devida
comprovação de vida. Ainda, em função do estágio de implantação do novo fluxo de prova de
vida, não foi possível a realização de testes analíticos para verificar o adequado
funcionamento dos sistemas.
As análises que subsidiaram a auditoria foram realizadas no período de 07.09.2022 a
31.05.2023, tendo como Unidade Auditada o INSS e abrangendo o período analisado de
janeiro/2022 a março/2023. No decorrer dos trabalhos, foram emitidas Solicitações de
Auditoria à referida Autarquia, com requerimento de documentos e de informações
relacionados ao escopo do trabalho.
Contextualização da Prova de Vida
O processo de prova de vida sofreu importantes mudanças a partir do ano de 2022, por meio
da publicação da Portaria MTP nº 220/2022 e da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022 (alterada
pela Portaria PRES/INSS nº 1.552, de 24.01.2023), as quais definiram que o referido processo
fosse realizado de maneira proativa pelo INSS, de forma diversa do procedimento definido na
Lei nº 8.212/1991, art. 69, § 8º. Por conseguinte, por meio da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103,
de 25.01.2023, a Autarquia disciplinou os atos complementares para operacionalização das
rotinas para comprovação de vida.
Ainda, com a Publicação da Portaria MTP nº 220/2022, restou vedada ao INSS a exigência de
comprovação de vida pelo beneficiário de forma presencial, quando esta implicar em seu
deslocamento a unidades do INSS ou a instituições financeiras pagadoras de benefícios.
9
Dessa forma, o novo processo de comprovação de vida, que se iniciou em janeiro/2023,
considerando que esteve suspenso entre março/2020 e dezembro/2021 (em decorrência da
pandemia de Covid-19) e no ano de 2022 (em decorrência da Portaria MTP nº 220/2022), deve
ser realizado da seguinte maneira:
i) Por meio de consultas a atos registrados em bases de dados próprias da Autarquia ou de
outros órgãos, mantidas ou administradas por órgãos públicos federais, estaduais, municipais
ou privados, nos dez meses posteriores ao aniversário do beneficiário. O art. 2º da Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022, alterado pela Portaria PRES/INSS nº 1.552/2023, define que
poderão ser considerados válidos como prova de vida realizada, dentre outros, os seguintes
atos, meios, informações ou bases de dados:
I - acesso ao aplicativo Meu INSS com o selo ouro ou outros aplicativos e sistemas
dos órgãos e entidades públicas que possuam certificação e controle de acesso, no
Brasil ou no exterior;
II - realização de empréstimo consignado, efetuado por reconhecimento biométrico;
III - atendimento:
a) presencial nas Agências do INSS ou por reconhecimento biométrico nas
entidades ou instituições parceiras;
b) de perícia médica, por telemedicina ou presencial; e
c) no sistema público de saúde ou na rede conveniada;
IV - vacinação;
V - cadastro ou recadastramento nos órgãos de trânsito ou segurança pública;
VI - atualizações no CadÚnico, somente quando for efetuada pelo responsável pelo
Grupo;
VII - votação nas eleições;
VIII - emissão/renovação de:
a) Passaporte;
b) Carteira de Motorista;
c) Carteira de Trabalho;
d) Alistamento Militar;
e) Carteira de Identidade; ou
f) outros documentos oficiais que necessitem da presença física do usuário
ou reconhecimento biométrico;
IX - recebimento do pagamento de benefício com reconhecimento biométrico; e
X - declaração de Imposto de Renda, como titular ou dependente.

ii) Nos casos em que não se mostrar possível a realização da comprovação de vida na forma
prevista anteriormente, o INSS notificará o beneficiário, comunicando que deverá realizar
interação, no prazo de sessenta dias, preferencialmente por atendimento eletrônico e
utilizando biometria ou outro meio dentre os citados nos incisos do art. 2º da Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022; e
iii) Excepcionalmente, quando houver a necessidade de realizar a prova de vida de maneira
presencial, caso a supracitada notificação seja ineficaz, o INSS deverá prover os meios para
que seja realizada sem a necessidade de deslocamento do beneficiário de sua própria
10
residência, utilizando, para tanto, seus servidores ou entidades conveniadas e parceiras, bem
como as instituições financeiras pagadoras de benefícios, procedimento esse denominado de
Pesquisa Externa1.
Para validar as interações como comprovação de vida, o INSS está estruturando uma
sistemática de banco de pontuação (cálculo de score). Para tanto, deverão ser atribuídas
valorações (crédito) às interações realizadas pelos beneficiários nas bases de dados
supracitadas, de acordo com a definição de integridade do dado obtido, a ser estabelecida
pela Autarquia, as quais serão somadas e constituirão uma pontuação que, se atingir o valor
mínimo definido pelo INSS, será considerada apta para validar que o beneficiário está vivo e
para que o pagamento do benefício não seja suspenso, conforme estabelecido pelo art. 5º da
Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023.
O ciclo para realização da comprovação de vida por meio de consultas a interações registradas
em bases de dados é de dez meses, contados a partir do aniversário do beneficiário. Soma-se
a esse período, caso haja necessidade, o tempo para notificação do beneficiário (prazo não
normatizado pelo INSS e que irá ocorrer de forma automática ao final dos dez meses
supracitados); mais sessenta dias, a partir da notificação, para que o beneficiário realize
interações que possam comprovar vida; além dos prazos de demanda e de realização de
Pesquisa Externa, os quais também não foram disciplinados pela Autarquia. Somente após a
conclusão da etapa da Pesquisa Externa (quando essa for realizada e não tenha sido possível
comprovar vida ou quando não for possível realizá-la) poderá haver o bloqueio de benefícios,
cujo prazo para sua realização também não foi disciplinado pelo INSS. Ainda, após trinta dias
do bloqueio do crédito, o sistema de suporte ao processo de prova de vida deverá suspender
o benefício automaticamente pelo motivo “Impossibilidade de realização do recenseamento”
e, após seis meses da suspensão, deverá cessá-lo. Logo, o ciclo completo da prova de vida,
desde a data de aniversário do beneficiário até o eventual bloqueio de benefícios, caso não
seja comprovada vida em nenhuma das etapas estabelecidas pelo INSS, pode se estender por
mais de doze meses.
Cabe consignar que a nova forma de comprovação de vida não impede a sua realização
voluntária pelo beneficiário na rede pagadora de benefícios, nem configura possibilidade de
recusa de realização do procedimento pela instituição financeira.
Considerando a contextualização acerca do novo processo de prova de vida, serão
apresentados, na sequência, os resultados das análises realizadas, destacando que, em
outubro/2022, foi encaminhada a Nota de Auditoria2 nº 1304683/01, de 31.10.2022, ao então

1
A Pesquisa Externa é uma atividade do INSS, atualmente prevista na Portaria DIRBEN/INSS nº 993, de
28.03.2022, não específica do processo de comprovação de vida, realizada junto a beneficiários, empresas,
órgãos públicos, entidades representativas de classe, cartórios e demais entidades e profissionais credenciados,
necessária para a atualização do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o reconhecimento, a
manutenção e a revisão de direitos, bem como para o desempenho das atividades de serviço social, perícias
médicas, habilitação e reabilitação profissional, e, ainda, acompanhamento da execução dos contratos com as
instituições financeiras pagadoras de benefícios.
2
Nota de Auditoria consiste em instrumento de auditoria que, dentre outras possibilidades, permite a emissão
de recomendações, no decorrer dos exames, para situações que demandem a adoção de providências
tempestivas.

11
Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) 3 e ao INSS, responsáveis pela mudança da
sistemática do referido processo, tratando dos itens 2, 3 e 4 deste Relatório, que, em virtude
de sua relevância, requeriam medidas de saneamento tempestivas.

3
Sucedido pelo Ministério da Previdência Social (MPS), a partir da edição da Medida Provisória nº 1.154, de
01.01.2023, que estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios.

12
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Dissonância entre as normas infralegais que disciplinam a
comprovação de vida dos beneficiários do INSS e o disposto no § 8º
do art. 69 da Lei nº 8.212/1991.
No âmbito do programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos
benefícios, instituído pela Lei nº 8.212/1991, foi estabelecido o procedimento de
comprovação de vida com o objetivo de evitar fraudes e pagamentos indevidos.
Considerando a necessidade de facilitar o atendimento aos beneficiários da Previdência Social,
bem como de aprimorar o controle dos pagamentos pelas instituições financeiras, o INSS
regulamentou, por meio da Resolução INSS nº 141, de 02.03.2011, a comprovação de vida do
segurado junto a essas instituições.
Assim, a partir de 2011, os beneficiários do INSS passaram a realizar, anualmente, a prova de
vida nas instituições financeiras mediante validação realizada por funcionário ou por sistema
biométrico em equipamento de autoatendimento, a fim de comprovar sua identidade,
conforme disposto na referida Resolução.
Em 2019, tendo em vista a materialidade dos gastos previdenciários e a necessidade de
adoção de medidas para redução e racionalização das despesas públicas, promulgou-se a
Medida Provisória (MP) nº 871, de 18.01.2019, convertida na Lei nº 13.846, de 18.06.2019,
que promoveu alterações na legislação da Previdência Social, entre elas na Lei nº 8.212/1991,
com vistas ao combate a fraudes e irregularidades na concessão e na manutenção de
benefícios; à cessação de benefícios irregulares; à recuperação dos valores indevidamente
pagos; entre outras ações para aprimoramento da gestão dos benefícios previdenciários e,
consequente, melhoria da qualidade do gasto público.
Naquilo que diz respeito à comprovação de vida, de acordo com a exposição de motivos da
MP nº 871/2019, pretendeu-se aperfeiçoar o processo de restituição de valores creditados a
beneficiários após a sua morte, buscando o retorno de recursos depositados em conta
bancária, visto que o INSS enfrentava dificuldades para reaver os valores pagos
indevidamente, pois as instituições financeiras responsáveis pela realização do procedimento
de comprovação de vida respaldavam-se em resoluções do Conselho Monetário Nacional para
recusar a restituição.
[...] as instituições financeiras atualmente vêm se respaldando nas Resoluções nº
3.402, de 6 de setembro de 2006, e nº 3.695, de 26 de março de 2009, do Conselho
Monetário Nacional, para recusar a restituição, visto que esses dispositivos
estabelecem que apenas o próprio correntista pode movimentar sua conta ou
autorizar um débito. Assim, para garantir segurança jurídica ao procedimento, faz-
se necessária uma norma legal que estabeleça a prerrogativa do ente público de
obter a restituição, bem como, a sistemática de sua realização. (grifo nosso)

Assim, para “garantir segurança jurídica ao procedimento” acrescentou-se o § 8º no art. 69 da


Lei nº 8.212/1991, nos seguintes termos:
Art. 69. O INSS manterá programa permanente de revisão da concessão e da
manutenção dos benefícios por ele administrados, a fim de apurar irregularidades
ou erros materiais. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)[...]

13
§ 8º Aqueles que receberem benefícios realizarão anualmente a comprovação de
vida nas instituições financeiras, por meio de atendimento eletrônico com uso de
biometria ou por qualquer meio definido pelo INSS que assegure a identificação do
beneficiário, observadas as seguintes disposições: [...] (Incluído pela Lei nº 13.846,
de 2019) (grifo nosso)

Dessa forma, a prova de vida nas instituições financeiras passou a ser um requisito legalmente
instituído, assim como a definição de outros meios de realizá-la em casos de beneficiários com
idade igual ou superior a oitenta anos ou com dificuldade de locomoção, prescindindo do
comparecimento à instituição bancária pagadora do benefício. Acrescenta-se que a Resolução
INSS nº 677, de 21.03.2019, alterou a Resolução INSS nº 141/2011, de forma a repercutir as
mudanças decorrentes da MP nº 871/2019, convertida na Lei nº 13.846/2019.
Posteriormente, a Resolução INSS nº 699, de 30.08.2019, revogou a Resolução INSS nº
141/2011.
Em 2020, tendo em vista a pandemia do Covid-19, o INSS iniciou projeto piloto da “prova de
vida digital”, para comprovação de vida por meio de reconhecimento facial, com uso do
aplicativo do Governo Digital “Gov.br”, disponível para os beneficiários do INSS que possuem
biometria facial cadastrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou no Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran). No ano seguinte, a Lei nº 14.199/2021, suspendeu, até 31.12.2021, a
comprovação de vida para os beneficiários do INSS, exigida nos termos do § 8º do art. 69 da
Lei nº 8.212/1991, e promoveu alterações no referido parágrafo:
§ 8º Aquele que receber benefício realizará anualmente, no mês de aniversário do
titular do benefício, a comprovação de vida, preferencialmente por meio de
atendimento eletrônico com uso de biometria, ou outro meio definido pelo INSS que
assegure a identificação inequívoca do beneficiário, implementado pelas instituições
financeiras pagadoras dos benefícios, observadas as seguintes disposições: [...]
(Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)(grifo nosso)

A principal mudança decorrente da Lei nº 14.199/2021 foi a possibilidade de o beneficiário


realizar anualmente, no mês de aniversário, a comprovação de vida por outro meio, a ser
definido pelo INSS, sem que seja necessário o seu deslocamento a instituições financeiras.
Entretanto, ao disciplinar o procedimento de prova de vida, por meio da Portaria PRES/INSS
nº 1.366, de 14.10.2021, o INSS não o definiu, mantendo, portanto, conforme dispositivos
dessa Portaria, a comprovação de vida pelas instituições financeiras e, também, por meio de
reconhecimento facial no aplicativo “Gov.br”, em casos específicos.
Art. 2º O segurado ou beneficiário que receber benefício nas modalidades de
pagamento de cartão magnético, conta-corrente ou conta poupança realizará
anualmente, no mês de aniversário do titular do benefício, a comprovação de vida,
preferencialmente por meio de atendimento eletrônico com uso de biometria, ou
outro meio definido pelo INSS que assegure a identificação inequívoca do
beneficiário, implementado pelas instituições financeiras pagadoras dos benefícios,
observando-se que:
I - a prova de vida:
a) bem como a renovação de senha, serão efetuadas pelo beneficiário,
preferencialmente no mesmo ato, mediante identificação por funcionário da
instituição financeira responsável pelo pagamento, quando não realizadas por
atendimento eletrônico com uso de biometria;
b) poderá ser realizada por representante legal ou por procurador do beneficiário,
desde que esteja legalmente cadastrado no INSS; e

14
c) deverá ser realizada em qualquer órgão pagador da instituição financeira
responsável pelo pagamento do benefício; (Redação da alínea dada pela Portaria
INSS nº 1400, de 27.12.2021).
[...]
Art. 8º Comprovada a realização na instituição financeira de prova de vida pelo titular
após o seu óbito, esta deverá devolver integralmente os valores pagos ou creditados
após o falecimento, independente do período a que se referem, atualizados
monetariamente conforme disposto no art. 175 do Regulamento da Previdência
Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. (grifo nosso)

Após quatro meses de vigência, a referida Portaria foi revogada pela Portaria INSS nº
1.408/2022, tendo em vista a publicação da Portaria MTP nº 220/2022, que definiu um novo
fluxo para a prova de vida e impediu o INSS de exigir a comprovação presencial de vida,
disposta no § 8º, do art. 69, da Lei nº 8.212/1991, quando esta implicar no deslocamento dos
beneficiários a unidades do INSS ou à instituição financeira pagadora do benefício. Dessa
maneira, a comprovação de vida nessas instituições tornou-se procedimento alternativo e de
realização voluntária por parte dos beneficiários do INSS.
Entretanto, a inversão do ônus da prova para o INSS e, consequentemente, a redução da
comprovação de vida por meio das instituições financeiras não se coadunam com a intenção
de se aperfeiçoar a restituição de valores creditados a beneficiários do INSS após a sua morte,
ação concretizada pela alteração da Lei nº 8.212/1991, por meio da MP nº 871/2019,
convertida na Lei nº 13.846/2019, e complementada, em consonância com o art. 36 dessa Lei,
pela Instrução Normativa PRES/INSS nº 147, de 15.05.2023, que estabelece o procedimento
administrativo para responsabilização das instituições financeiras pelo pagamento indevido
de benefícios após o falecimento do beneficiário por descumprimento de obrigação de
natureza legal ou contratual. Ainda, em que pese o novo fluxo de prova de vida, em seu
modelo conceitual, apresentar vantagens para o beneficiário, evitando deslocamento
adicional às instituições financeiras, o INSS assume, com esse novo método, parte do ônus
financeiro da prova de vida que era das instituições bancárias.
Adicionalmente, observaram-se divergências normativas quanto à periodicidade e à origem
das bases de dados a serem utilizadas no novo fluxo de comprovação de vida. Enquanto a Lei
nº 8.212/1991 estabelece que o beneficiário realizará, anualmente, no mês do aniversário, a
comprovação de vida, a Portaria MTP nº 220/2022 define que a comprovação de vida pelo
INSS será realizada por meio de consulta a atos registrados em base de dados próprias da
Autarquia ou mantidas e administradas pelos órgãos públicos federais nos dez meses
posteriores ao último aniversário do beneficiário. Por sua vez, a Portaria PRES/INSS nº
1.408/2022 amplia as possíveis fontes de informações de consulta a atos registrados em bases
de dados mantidas ou administradas pelos órgãos públicos federais, estaduais, municipais e
privados, em desacordo ao disposto na Portaria MTP nº 220/2022, que define a utilização de
atos registrados apenas em base de dados do INSS ou mantidas e administradas por órgãos
públicos federais.
Diante do exposto, apesar dos benefícios decorrentes da desburocratização do novo processo
de comprovação de vida, quando da implantação completa do novo fluxo, as divergências
normativas geram efeitos em outros processos relacionados, especialmente pela dissonância
identificada entre a Portaria MTP nº 220/2022 e a Lei nº 8.212/1991, consideradas as
justificativas para a inclusão do § 8º no art. 69 da Lei nº 8.212/1991 e o disposto no art. 36 da
Lei nº 13.846/2019, e impactam diretamente na recuperação dos valores porventura pagos
15
indevidamente, uma vez que a prova de vida na rede pagadora de benefícios tornou-se
procedimento opcional, ocasionando a mitigação do ônus das instituições financeiras e,
consequentemente, a assunção desse risco por parte do INSS.

2. Suspensão do processo de prova de vida e dos bloqueios dos


pagamentos por um período total de três anos, com vedação à
possibilidade de convocar o beneficiário para realizá-la de maneira
presencial.
A comprovação de vida no INSS foi suspensa, no período de março/2020 a dezembro/2021,
em razão da pandemia de Covid-19, por meio de sucessivos normativos editados durante o
período. Em fevereiro/2022, foi publicada a Portaria MTP nº 220/2022, por meio da qual
foram definidas, dentre outras questões: i) a alteração dos procedimentos de prova de vida,
com a inversão do ônus da prova para o INSS; ii) a suspensão do bloqueio dos pagamentos de
benefícios por ausência da comprovação de vida até 31.12.2022 (prazo até o qual o INSS
deveria regulamentar e implementar os novos procedimentos referentes à comprovação de
vida de seus beneficiários); e iii) a vedação ao INSS da possibilidade de convocar o beneficiário
para realizar a prova de vida de maneira presencial nas suas unidades ou na instituição
financeira pagadora do benefício.
Dessa forma, as sucessivas suspensões do procedimento de prova de vida pelo INSS
implicaram na possibilidade de pagamentos de benefícios indevidos pela Autarquia desde
março/2020 até o início da operacionalização do novo procedimento, em janeiro/2023.
Adicionalmente, a vedação da possibilidade de convocar o beneficiário para realizar a prova
de vida de maneira presencial, ainda que de maneira residual e subsidiária a outros
procedimentos, gera o impedimento de se estabelecer um procedimento de salvaguarda às
novas formas que serão adotadas para realização da prova de vida, em caso de falhas na sua
operacionalização ou mesmo devido à sua não implementação de forma completa dentro do
prazo previsto, o que veio a ocorrer.
Verifica-se, portanto, que não foi realizada, de março/2020 até dezembro/2021, em razão da
pandemia de Covid-19, suspensão de benefícios por falta de comprovação de vida.
Adicionalmente, a referida suspensão de benefícios também não foi realizada no ano de 2022
em virtude da necessidade de regulamentação e de implementação de novos procedimentos
de prova de vida pelo INSS, conforme previsão contida na Portaria MTP nº 220/2022,
totalizando, portanto, cerca de três anos sem que a suspensão de benefícios por falta de
comprovação de vida seja efetivada. Acrescenta-se a tal fato que, até março/2023, não havia
ocorrido celebração de Acordo de Cooperação para o recebimento, pelo INSS, de bases de
dados externas à Autarquia, tampouco a incorporação de outras bases de dados para
comprovação de vida, além do Sistema de Atendimento do INSS (SAT), conforme registrado
no item 4 deste Relatório. Dessa forma, em termos práticos, a nova sistemática de prova de
vida teve início a partir de 01.01.2023 sem que tenha sido adequadamente estruturada e
implementada, demonstrando descompasso no planejamento dessa implementação e lacuna
de atuação do INSS em decorrência da suspensão do modelo anterior de prova de vida sem
que o novo processo de trabalho estivesse plenamente instituído e operacionalizado.

16
3. Oportunidade de melhoria em relação à definição do ciclo de
comprovação de vida. Ausência de estudos que demonstrem os
custos da nova forma de prova de vida.
A comprovação de vida deve ocorrer dentro de um ciclo anual, contado a partir da data de
aniversário do beneficiário, de acordo com o que define o parágrafo 8º do art. 69 da Lei nº
8.212/1991.
De acordo com a nova sistemática, podem ser considerados válidos como comprovação de
vida os atos, meios, informações ou bases de dados elencados no art. 2º da Portaria PRES/INSS
nº 1.408/2022, desde que realizados ou atualizados no prazo de até dez meses posteriores ao
último aniversário do beneficiário.
Quando a prova de vida não for realizada de maneira proativa pelos beneficiários, via rede
bancária ou pelo “Meu INSS”, ou quando as informações obtidas pelo INSS por meio de atos
registrados em bases de dados não se mostrarem suficientes para comprovação de vida, o
beneficiário será automaticamente notificado pela Autarquia, via canais remotos (“Meu INSS”
e Central 135) e/ou pelas instituições bancárias, para realizar algum ato que seja identificado
nas bases de dados disponíveis. Após a notificação, o beneficiário terá sessenta dias para
realizar uma das ações elencadas no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, perfazendo,
até essa etapa, no mínimo, um prazo total de doze meses, a depender da data da efetiva
notificação.
Na sequência, transcorrido o prazo de sessenta dias referenciado, e não identificada interação
nas bases de dados integradas com os sistemas do INSS, ou quando essas interações não
forem suficientes para atingir a pontuação mínima para comprovação de vida, poderá ser
emitida Pesquisa Externa para localização do beneficiário, a ser realizada por servidor da
Autarquia ou por parceiro constituído, a qual deverá seguir as diretrizes e os procedimentos
a serem definidos em ato próprio. Destaca-se que o §1º do art. 9º da Portaria DIRBEN/INSS nº
1.103/2023 estabelece que poderá ser emitida Pesquisa Externa para localização do
beneficiário, mas não que ela será necessariamente realizada em todos os casos, fato que
também carece da adequada normatização.
Quando não for possível realizar a Pesquisa Externa ou, quando realizada, não for possível
comprovar a vida do beneficiário, haverá o bloqueio do benefício, sendo o beneficiário
notificado, mais uma vez, pelas mesmas vias, para realizar, no prazo de trinta dias, uma das
ações elencadas no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022. Acrescenta-se que, nesse
caso, também não existe, nas bases normativas vinculadas ao tema, clara definição de prazo
ou de data limite para realização da nova notificação, tampouco para realização do bloqueio
do benefício, quando couber.
Destaca-se que há definição normativa para que a comprovação de vida seja realizada em um
ciclo anual; entretanto, esse prazo pode ser ampliado, em virtude da necessidade de
notificações e de realização de Pesquisa Externa. Dessa forma, eventual bloqueio de benefício
pela não comprovação de vida, após perpassadas todas as etapas do novo processo, pode
estender-se por período superior a um ano, não podendo, no entanto, ser efetivamente
mensurado devido à ausência de definição dos prazos para encaminhamento de notificações,
realização de Pesquisa Externa e bloqueio do benefício, conforme registrado nos itens 9 e 11
deste Relatório, caracterizando lacuna normativa, mesmo tendo transcorrido mais de um ano

17
da instituição da nova sistemática de comprovação de vida, definida em fevereiro/2022 e com
efeitos iniciados em janeiro/2023.
Ademais, o ciclo anual de comprovação de vida, contado da data de aniversário do
beneficiário, da forma como o processo está normatizado, poderá representar risco de
pagamentos indevidos por até doze meses (ou mais), caso o evento de óbito ocorra durante
esse período e a referida informação não seja identificada pelo INSS.
A depender da data de nascimento do beneficiário (caso de beneficiários nascidos no mês de
dezembro, cujo ciclo de comprovação de vida, na sistemática em análise, passará a ser aferido
a partir de dezembro/2023), o cálculo da respectiva pontuação que subsidiará a comprovação
de vida (score) deverá ocorrer até outubro/2024 (considerando as interações realizadas nos
dez meses após a data do aniversário do beneficiário) e, portanto, eventual bloqueio de
benefícios somente virá a ser realizado, pelo menos, a partir de dezembro/2024
(considerando que, após notificação, será concedido o prazo de sessenta dias ao beneficiário
para realizar alguma interação), podendo, conforme relatado anteriormente, o ciclo total ser
ainda maior, fato que também representa risco de pagamentos indevidos de benefícios nesse
período.
Considerando que o cálculo da pontuação de comprovação de vida será realizado uma vez ao
ano para cada beneficiário (de acordo com o correspondente mês de nascimento), a
sistemática vigente possibilita, mas não prevê, novas apurações pelo INSS nos próximos doze
meses, o que poderia, no entanto, ser avaliado quanto à sua pertinência, viabilidade e
relevância, considerando que o novo processo utiliza, em grande medida, informações de
processamentos eletrônicos e automatizados de cruzamento de informações entre bases de
dados disponíveis à Autarquia.
Adicionalmente, com o objetivo de avaliar os custos operacionais envolvidos em possível
realização da comprovação de vida em ciclos menores que um ano, foi requerido à Autarquia
que encaminhasse estudos realizados acerca dos custos do novo processo de prova de vida,
incluindo aqueles de desenvolvimento e de manutenção dos sistemas, de cruzamento dos
dados, de recebimento e administração das bases de dados que suportam o processo, de
possíveis notificações e Pesquisas Externas, além de outros custos relevantes.
Contudo, o INSS não apresentou informações relacionadas ao custo do processo de prova de
vida, nos termos da nova sistemática desenvolvida, tendo informado que os custos com a
Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) serão aqueles de
desenvolvimento e de sustentação do produto e que, quanto a este último, a proposta
comercial ainda está em fase de elaboração pela Empresa. Informou ainda que não é possível
estimar o percentual do público que demandará esforço de notificação e de Pesquisa Externa,
tendo em vista que a comprovação de vida por meio da verificação de atos registrados em
bases de dados, próprias ou de terceiros, é um procedimento novo. No que se refere às
notificações dos beneficiários, o INSS afirmou que, em princípio, não são vislumbrados custos
recorrentes envolvidos, pois se trata de procedimento eletrônico.
Diante dos fatos apresentados, verificou-se que, mesmo após mais de um ano da definição do
novo processo de prova de vida, além de não existir proposta comercial entre a Dataprev e o
INSS, conforme informado pela Autarquia, a qual poderia subsidiar a avalição de custos do
novo modelo, mesmo que de forma parcial, não foram realizados levantamentos ou

18
estimativas dos custos envolvidos, o que poderia contribuir com a avaliação da viabilidade de
eventual redefinição do ciclo anual para comprovação de vida dos beneficiários.

4. Insuficiência de bases de dados para operacionalização do novo


processo de prova de vida.
O novo modelo de prova de vida busca, inicialmente, identificar a existência de interações
realizadas pelos beneficiários, por meio de consultas a atos registrados em bases de dados do
próprio INSS ou mantidas e administradas por órgãos públicos de todas as esferas e de
entidades privadas, na forma prevista em Acordos de Cooperação Técnica (ACT), quando for
o caso, de acordo com os artigos 1º e 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022.
Considerando a importância da utilização do instrumento ACT para que o INSS firme parcerias
a fim de obter acesso a bases de dados de outros órgãos públicos ou mesmo de entidades
privadas para subsidiar o novo processo de prova de vida, buscou-se verificar se foram
firmados tais instrumentos e se esses contemplam adequadamente definições de prazos, de
procedimentos e de responsabilidades.
A partir das informações disponibilizadas pelo INSS, não se identificou a existência de ACT
firmado pela Autarquia para recebimento de bases de dados externas, tampouco de
cronograma com previsão de tratativas relacionadas, apesar do lapso temporal de mais de um
ano para o planejamento e a implementação do novo modelo de prova de vida. Tal fato
impacta diretamente na efetividade do novo processo, com o consequente risco de
manutenção de pagamentos indevidos de benefícios, tendo em vista que o novo modelo
possui como premissa a consulta a bases de dados diversas, conforme prevê o art. 2º da
Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, que, se externas à Autarquia, são compartilhadas a partir
de celebração de Acordos de Cooperação entre as partes.
Acrescenta-se que, não obstante a informação apresentada pelo INSS de que se encontra em
negociação a disponibilização das bases de dados do ConecteSUS 4, da Fundação Nacional dos
Povos Indígenas (FUNAI) e do TSE, não foi indicado em que fase se encontram tais
negociações. Ressalta-se, ainda, que embora as tratativas para assinatura de Acordos de
Cooperação, conforme informado pelo INSS, dependam do interesse mútuo entre os atores
envolvidos e de outros fatores externos, a implementação da nova sistemática de prova de
vida contou com cerca de um ano para planejamento e início de execução, sem que tenham
sido implementadas ações efetivas para a utilização de bases de dados que não aquelas
internas ao INSS. Assim, o tempo existente para o estabelecimento de negociações visando o
recebimento de bases de dados, e de um cronograma com previsão de disponibilização dessas
bases, teria permitido a melhor estruturação da sistemática do processo de prova de vida,
assim como a implementação de funcionalidades necessárias nos sistemas de suporte para a
incorporação das novas bases de dados.
Diante dos fatos apresentados, não foi possível verificar, conforme planejado, se os Acordos
de Cooperação para o recebimento das bases de dados pelo INSS contemplam, de forma

4
Plataforma de saúde para o cidadão, profissionais e gestores de saúde, que prevê a informatização e a
integração dos dados de saúde dos cidadãos entre estabelecimentos de saúde e os órgãos de gestão em saúde
dos entes federativos.

19
adequada, as definições de prazos, periodicidade, procedimentos e responsabilidades, tendo
em vista a inexistência de celebração desses instrumentos.
Adicionalmente, buscou-se verificar se as bases de dados que se encontram à disposição do
INSS são suficientes para operacionalização do novo processo de comprovação de vida. Dessa
maneira, foi solicitado ao INSS o envio da relação das bases de dados utilizadas pelo Instituto,
além do cronograma previsto para o recebimento e incorporação de outras bases de dados
ao processo de comprovação de vida, especificando as respectivas periodicidades de
disponibilização e as datas de referência dos dados.
Em resposta, a Autarquia informou que estão sendo utilizados, para a nova metodologia de
prova de vida, dados originados do sistema SAT, da rede bancária e da validação biométrica
realizada por meio do “Meu INSS”, sendo esses processos independentes entre si. Verifica-se,
portanto, que o novo fluxo de comprovação de vida, realizado por meio de identificação de
atos registrados em base de dados governamentais ou instituições privadas, acrescentou, até
março/2023, apenas a base de dados do SAT, mantida e administrada pela própria Autarquia.
Dessa forma, o uso exclusivo da base de dados do SAT para validar a prova de vida dos
beneficiários representa fragilidade do novo modelo implementado, uma vez que o cálculo da
pontuação (score) para comprovação de vida fica restrito aos atendimentos efetuados
presencialmente pelo INSS.
Destaca-se, ainda, que, não obstante a comprovação de vida via rede bancária ou via “Meu
INSS” continuar válida, não havia, até março/2023, integração entre as diferentes instâncias
utilizadas para comprovação de vida, o que representa fragilidade no planejamento e na
implementação do novo modelo de prova de vida, representando risco de falhas no processo.
Considerando o impacto e a importância do acesso a bases de dados, inclusive de outros
órgãos públicos e de entidades privadas, para a realização do novo processo de prova de vida,
bem como o lapso temporal de mais de um ano desde a concepção da nova metodologia,
conclui-se que houve morosidade no planejamento e na implementação do modelo proposto,
principalmente no que se refere à obtenção de acesso a bases de dados externas ao INSS,
conforme definido no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022. Essa ocorrência afeta
diretamente a eficácia do processo de comprovação de vida, podendo gerar, como
consequência, pagamentos indevidos, além de custos operacionais ao INSS na eventual
realização de notificações e de Pesquisas Externas, que poderiam ser evitadas se estivessem
disponíveis outras bases de dados que permitissem a comprovação de vida dos beneficiários
(a partir do somatório da pontuação atribuída a interações realizadas em outras bases de
dados), ficando esta etapa dependente apenas dos eventos presenciais registrados no SAT.
Adicionalmente, a utilização, até março/2023, apenas da base de eventos do SAT fragiliza
sobremaneira o novo processo de comprovação de vida, considerando que a quantidade de
beneficiários que comparecem presencialmente ao INSS, frente ao total de beneficiários que
devem realizar a prova de vida, pode não ser representativa, gerando risco de baixa eficácia,
até o momento, da nova sistemática definida. Ainda, o cálculo do score acaba por requerer,
de toda maneira, a presença física do beneficiário em uma Agência de atendimento do INSS
(tendo em vista que somente são considerados no cálculo do score os eventos presenciais da
base de dados do SAT), o que se buscava evitar com esse novo formato de viabilizar a
comprovação de vida do segurado.

20
5. Atuação ineficaz do INSS para o efetivo início do novo processo de
prova de vida, com morosidade no planejamento e no
desenvolvimento dos sistemas de suporte.
A fim de subsidiar o novo processo de prova de vida, estão em desenvolvimento, pela
Dataprev, dois sistemas: i) o Sistema de Registro de Interações Sociais (SIRIS), responsável por
administrar e processar as bases de dados a serem recebidas e efetuar os cálculos das
pontuações (score); e ii) o Sistema Integrado de Benefícios – Módulo Administrativo (SIBE-PU),
desenvolvido como evolução de uma ferramenta já existente no Sistema Integrado de
Benefícios (SIBE), no qual será possível validar a comprovação de vida a partir dos dados
recebidos do SIRIS, bem como armazenar a memória de cálculo das pontuações de cada
beneficiário.
Considerando a relevância dos referidos sistemas, buscou-se verificar se eles se encontram
adequadamente parametrizados pelo INSS, e modelados pela Dataprev, para receberem os
dados e executarem os procedimentos de comprovação de vida. Todavia, não foi possível
executar os testes inicialmente previstos, pois, conforme informado pelo INSS, os sistemas de
gestão utilizados para o novo processo de prova de vida estão em desenvolvimento e a
interface para usuários não está disponível.
Verifica-se, portanto, que, após transcorrido mais de um ano da publicação das Portarias que
estabelecem o novo processo de prova de vida pelo INSS (fevereiro/2022), publicadas após
dois anos de suspensão do referido processo em decorrência da pandemia de Covid-19, os
correspondentes sistemas de suporte ainda se encontram em desenvolvimento, sem a criação
de interface com os usuários, demonstrando, dessa maneira, morosidade no planejamento e
no desenvolvimento dessas ferramentas de suporte.
Ainda, o INSS informou que, enquanto as soluções para gestão dos sistemas não estiverem
disponíveis, a Dataprev fornecerá as informações necessárias para o monitoramento do novo
processo de comprovação de vida, via extração de dados. Essa situação demonstra fragilidade
na autonomia do INSS para realização de consultas a dados sob sua responsabilidade e que
estão armazenados na Dataprev, sendo necessária a realização de extrações pela empresa
contratada para acesso a informações gerenciais.
Considerando a inexistência de interface com os usuários que permita acessar os sistemas
SIRIS e SIBE-PU, foi solicitada ao INSS a descrição das funcionalidades (de execução, de
consulta, e de monitoramento, dentre outras) que suportam o processo de prova de vida,
assim como a descrição das questões relacionadas à interoperabilidade entre os sistemas e as
bases de dados, além da disponibilização dos manuais operacionais.
O INSS informou que a comprovação de vida é um processo que já existia, sendo o sistema
SIRIS uma nova origem de dados para esse processo, desenvolvido com o objetivo de atender
a previsão contida na Portaria MTP nº 220/2022, e que o conjunto do fluxo de comprovação
de vida e do SIRIS, sem excluir a comprovação de vida realizada por meio da rede bancária e
do aplicativo “Meu INSS”, formam a nova prova de vida. Na sequência, foram apresentadas
as seguintes funcionalidades:
1 - Criação de Base de Interações Sociais - Implantado em dezembro/2022.
2 - Criação de mecanismo para registro de atividades na Base de Interações Sociais:
Integração via arquivo - Implantado em dezembro/2022; e
21
Integração via Application Programming Interface (API)5 – Planejado com
previsão de implantação até agosto/2023.
3. Integração do SAT à base de eventos - Implantado em dezembro/2022.
4. Geração de pontuação (score) de vivacidade - Implantado em dezembro/2022,
utilizando apenas origem SAT.
5. Criação de mecanismo para consulta do score de vivacidade:
Interface de gestão de parâmetros pelo INSS (inclusão, exclusão, alteração e
consulta de eventos de interação) - Em especificação com previsão de
implantação até junho/2023; e
Relatórios de gestão para consulta de relação dos beneficiários que já
atingiram a pontuação mínima para comprovação de vida - Em especificação
com previsão de implantação até agosto/2023
6. Atualização da “prova de vida” dos benefícios (atualizar, no SIBE, a data de “prova
de vida” dos benefícios que possuam score suficiente de vivacidade) - Implantado
em janeiro/2023, utilizando apenas origem SAT.
7. Identificação de benefícios que não alcançaram score suficiente de vivacidade em
dez meses na competência contados a partir do aniversário do titular (início do ciclo),
para envio de notificações – Planejada com previsão de implantação até
outubro/2023.

A partir da informação disponibilizada pelo INSS, conclui-se que existem funcionalidades,


vinculadas ainda à primeira etapa do processo de comprovação de vida (consulta a atos
registrados em bases de dados), que se encontram em planejamento e em especificação, o
que demonstra morosidade na implementação dessas ferramentas, em descumprimento ao
que determina o art. 2º da Portaria MTP nº 220/20226, comprometendo a plena execução da
nova metodologia de prova de vida, prevista desde fevereiro/2022 para ser iniciada em
janeiro/2023.
Destaca-se que algumas dessas funcionalidades, tais como criação de relatórios para consulta
da relação dos beneficiários que atingiram a pontuação mínima para comprovação de vida e
identificação de beneficiários que não alcançaram score suficiente para comprovar vida,
possuem previsão de implementação em agosto/2023 e em outubro/2023, respectivamente,
sendo que esse prazo limite é bem próximo ou semelhante à data final da primeira etapa do
processo de prova de vida (consulta a atos registrados em bases de dados em dez meses
contados a partir do aniversário do titular) para beneficiários que fazem aniversário em
janeiro, cujo ciclo se encerraria em novembro/2023. Dessa forma, o cronograma apresentado
pelo INSS pode comprometer a execução tanto da primeira fase do processo de prova de vida
quanto das demais etapas.

5
Conjunto de serviços/funções implementados em um programa e que são disponibilizados para que outros
programas/aplicativos possam utilizá-los diretamente de forma simplificada; sem envolver-se em detalhes da
implementação do programa principal.
6
Art.2º O INSS terá até o dia 31 de dezembro de 2022 para:
I (...)
II - implementar a comprovação de vida nos termos do art. 1º, inclusive realizando os cruzamentos de dados,
disponibilizando sistema eletrônico de realização de prova de vida biométrica, bem como agendamento de visita
domiciliar.
22
Acrescenta-se que as funcionalidades supracitadas estão relacionadas somente à primeira
etapa do processo de prova de vida (consulta a atos registrados em bases de dados), não
tendo sido referenciadas funcionalidades previstas ou executadas para as demais etapas do
processo, tais como, notificação do beneficiário para realização de interações e/ou realização
de Pesquisa Externa, tampouco funcionalidades específicas para acompanhamento e
monitoramento de todo processo de prova de vida, o que demonstra, novamente, que os
sistemas não estão plenamente implementados, mesmo após mais de um ano do
estabelecimento da nova sistemática de comprovação de vida, restando ainda o
desenvolvimento de funcionalidades específicas para etapas relevantes do processo.
Quanto à interoperabilidade entre os sistemas que suportam o novo processo de prova de
vida (SIRIS e SIBE-PU), assim como em relação a outros sistemas e bases de dados, o INSS se
limitou a informar que existem interfaces entre os sistemas SIRIS, SIBE e SAT, sem, no entanto,
apresentar detalhamentos dessa integração.
Ademais, não existem manuais operacionais e dicionário de dados, dentre outras
documentações dos sistemas de suporte ao novo processo de prova de vida (SIRIS e SIBE-PU),
mesmo após transcorrido mais de um ano da instituição do referido processo; segundo o INSS,
a documentação pertinente ainda se encontra em desenvolvimento, sem que tenha sido
indicada, pela Autarquia, a data de início ou a data prevista de conclusão da elaboração dessa
documentação.
Também foi solicitado ao INSS informar sobre a existência de eventuais estudos, documentos
ou normativos nos quais tenham sido definidas as parametrizações mínimas necessárias para
o desenvolvimento dos sistemas de suporte ao novo processo de prova de vida, bem como as
etapas e o cronograma das implementações previstas e executadas. O INSS informou que as
disposições contidas na Portaria MTP nº 220/2022 e na Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022 são
as direcionadoras da estruturação dos sistemas utilizados na realização da prova de vida e que
as etapas e o cronograma das implementações previstas e executadas pela Dataprev podem
ser assim descritos, de acordo com informações apresentadas em janeiro/2023:
V 1: Desenvolvimento do banco de dados que irá recepcionar as interações sociais,
manutenção das tabelas de pontuação de eventos e cálculo do score: implantada em
dezembro/2022;
V 2: Notificação e tarefa comprovação de vida: em planejamento
V 3: Interfaces de gestão (SIRIS e prova de vida): em planejamento a inclusão de
novas bases:
.SAT: implantado em dezembro/2022 - primeira carga em processamento
(competência 01/2023);
.Gov.br/Meu INSS: em especificação - previsão de entrega em 30.03.2023
(produção); e
.Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) - Remunerações eSocial: em
planejamento.

Não obstante, para cada uma das implementações previstas ou executadas pela Dataprev,
conforme informado anteriormente, cabe acrescentar:
a) “V 1: Desenvolvimento do banco de dados que irá recepcionar as interações sociais,
manutenção das tabelas de pontuação de eventos e cálculo do score: implantada em
dezembro/2022” - Não foi possível verificar a adequabilidade e a tempestividade da

23
implementação em tela, em virtude da inexistência de interface de acesso aos sistemas
de suporte ao novo processo de prova de vida;
b) “V 2: Notificação e tarefa comprovação de vida: em planejamento” – Não foi informado
o prazo previsto para formalização da demanda pelo INSS e para implementação pela
Dataprev dessa funcionalidade. Ademais, o fato de a etapa de notificação ao
beneficiário encontrar-se ainda em planejamento demostra atraso em relação ao
desenvolvimento dos sistemas de suporte ao novo processo de prova de vida, previsto
desde fevereiro/2022. Acrescenta-se que não houve referência à etapa de Pesquisa
Externa, o que corrobora com o atraso no desenvolvimento dos sistemas em relação a
etapas relevantes do novo processo de prova de vida; e
c) “V 3: Interfaces de gestão (SIRIS e prova de vida): em planejamento a inclusão de novas
bases” - Verifica-se que mesmo após mais de um ano da definição do novo processo
de prova de vida, somente existe interface de gestão dos sistemas SIRIS e SIBE-PU com
o SAT, encontrando-se ainda em especificação a funcionalidade que permitirá a
utilização das bases de dados do “Gov.br” e do “Meu INSS” e, na sequência, a utilização
da base de dados do CNIS, estando essa última ainda em planejamento, sem a
indicação de cronograma de implementação. Verificam-se, portanto, fragilidades em
relação às etapas de planejamento e de desenvolvimento dos sistemas de suporte ao
novo processo de prova de vida no que tange ao recebimento e à utilização de bases
de dados diversas, conforme previsto no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022.
Ainda, não foram identificados documentos ou normativos que apresentem formalmente as
especificações e parametrizações previstas pelo INSS e executadas/a serem executadas pela
Dataprev para o desenvolvimento e o funcionamento dos sistemas de suporte ao novo
processo de comprovação de vida, com a identificação, por exemplo, das etapas, dos
cronogramas, das regras de negócio, dos responsáveis pelo desenvolvimento e pela
homologação das funcionalidades. Ressalta-se que, conforme estabelece o item 4.5.2. do
Anexo I da Portaria SGD/ME nº 5.651, de 28.06.20227, o processo de desenvolvimento de
software deve prever uma fase inicial para o planejamento do projeto, que envolve a captura
da visão do usuário, das necessidades e regras negociais, da definição do escopo do projeto e
das principais funcionalidades do produto a ser desenvolvido (backlog do produto),
documentos esses não identificados em relação aos desenvolvimentos relacionados à prova
de vida, o que fragiliza o desenvolvimento dos sistemas, assim como o acompanhamento e o
monitoramento de sua usabilidade e dos correspondentes pagamentos a serem realizados
pelos serviços contratados.
Conclui-se, portanto, que os sistemas de suporte para a realização de comprovação de vida
por meio da nova metodologia desenvolvida não se encontram em adequado e pleno
funcionamento, o que fragiliza a efetividade do processo. Dessa maneira, a decisão de
suspender, durante o exercício de 2022, o bloqueio de pagamento de benefícios por falta de
comprovação de vida, bem como de vedar ao INSS, a partir de 03.02.2022, a exigência de
comprovação de vida presencial (quando esta implicar no deslocamento dos beneficiários de
suas residências), não teria sido sopesada com as necessidades de desenvolvimento
normativo, de processos, de procedimentos e de sistemas, em especial, em relação a este

7
Estabelece modelo para a contratação de serviços de desenvolvimento, manutenção e sustentação de software,
no âmbito dos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da
Informação do Poder Executivo Federal.

24
último quesito, naquilo que diz respeito à sua adequada e completa operacionalização,
tampouco teriam sido considerados os impactos decorrentes das necessárias negociações
envolvendo o efetivo recebimento de bases de dados pelo INSS, conforme previsto no art. 2º
da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022 (assunto tratado no item 4 do Relatório), demonstrando
falhas no processo de planejamento e de gestão dos riscos decorrentes das alterações
promovidas pela Portaria MTP nº 220/2022.

6. Fragilidades em relação à definição das regras para cálculo das


pontuações para comprovação de vida do beneficiário e ausência de
monitoramento da qualidade dos dados utilizados para definição do
score.
A Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, que disciplina os atos complementares para
operacionalização das rotinas para comprovação de vida dos beneficiários do INSS,
estabelece:
Art. 5º Os dados das interações sociais coletadas formarão um banco de pontuação,
de acordo com definição de integridade do dado obtido, a ser definido pelo Instituto.
§1º O banco de pontuação se dará para eventos posteriores à data de aniversário do
beneficiário, até que ocorra algum evento comprobatório ou até o fim do prazo de
10 (dez) meses.
§2º Após o atingimento da pontuação mínima necessária para atualização do
benefício, o mesmo será processado automaticamente pelo SIBE-PU ou por
ferramenta que o substitua.
§3º Uma vez identificado que o beneficiário realizou alguma das ações elencadas no
artigo 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408, de 2022, o benefício receberá a informação
da prova de vida realizada e a data do processamento, na competência em que
ocorreu a atualização.
Art. 6º Para fins de avaliação e monitoramento, as informações migradas dos bancos
de dados integradas com o sistema do INSS serão classificadas conforme seu nível
de integridade (alto, médio e baixo).
§1º Os benefícios cuja classificação do nível de integridade for definida como baixo,
poderão ser encaminhados para análise administrativa conforme as regras
estabelecidas nesta Portaria.
§2º A classificação dos níveis de integridade será definida em ato próprio quando da
consolidação das bases integradas. (grifo nosso)

Dessa forma, com o objetivo de verificar se as regras para o cálculo da pontuação referenciada
foram adequada e tempestivamente definidas pelo INSS e implementadas pela Dataprev,
como empresa responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de suporte ao novo processo
de prova de vida (SIRIS e SIBE-PU), solicitou-se à Autarquia encaminhar estudos, documentos
ou normativos contendo a definição dos responsáveis, dos prazos e das regras de cálculo da
pontuação (score) utilizados para validação da prova de vida, bem como estudos técnicos
elaborados pelo INSS para cada uma das bases de dados recebidas ou a serem recebidas pela
Autarquia e que irão subsidiar o cálculo do score, contendo, inclusive, a classificação dos níveis
de integridade, conforme referenciado nos art. 5º e 6º supracitados.

25
Em resposta, o INSS informou que foi constituído um Grupo de Trabalho 8 no âmbito da
Autarquia, composto por servidores com experiências institucionais diversas, sendo que, na
primeira avaliação realizada pelo Grupo, com relação à disponibilidade de bases de dados que
pudessem ser utilizadas para comprovação de vida, priorizou-se a utilização de base própria
do INSS relativa ao SAT, que contempla os registros dos atendimentos realizados nas Agências
da Previdência Social. Informou, ainda, que os serviços catalogados no SAT foram valorados
de acordo com as diretrizes de atendimento da Autarquia, corroboradas com a experiência
dos servidores integrantes do Grupo de Trabalho, levando em consideração somente os tipos
de atendimento cuja presença do titular é impositiva (atendimento presencial), sendo cem a
pontuação de maior valor e dez a de menor valor. Tal valoração norteou a construção da
primeira regra de score. Adicionalmente, informou que a comprovação de vida se trata de um
processo dinâmico e que os aspectos utilizados como referência para a valoração estão sendo
amparados por uma avaliação qualitativa de riscos, realizada em conjunto com a Diretoria de
Governança (DIGOV) do INSS. De acordo com o INSS, a regra de pontuação não é única, sendo
uma construção dinâmica a partir de cada base de dados e de interações, levando em
consideração as seguintes etapas para cada base de dados tratada: i) Análise da Área de
Negócio, com o objetivo de compreender a origem dos dados e sua confiabilidade; ii) Estudo
Qualitativo dos Riscos; e iii) Monitoramento da Qualidade.
Quanto à definição da regra de score aplicada à base de eventos do SAT, o INSS informou que
a confiabilidade dos dados obtidos, integrantes do grupo de eventos a serem pontuados, bem
como das regras de ‘depreciação’, podem variar, dependendo de diversos fatores, sendo o
mais importante a fonte originária da informação. Por estar inicialmente trabalhando apenas
com dados de atendimento do próprio INSS, foi avaliada a confiabilidade e a precisão na
identificação do beneficiário para cada atendimento de serviços no SAT. Dessa forma,
considerou-se que os serviços que pontuam no teto de cem pontos possuem alta
confiabilidade na identificação do beneficiário e tal constatação se deu por serem atendidos
os critérios e procedimentos de coleta da informação. Então, foi definido que cada evento tem
uma pontuação inicial que representa um valor na composição dos dados que levarão à
comprovação de vida. A partir dessa pontuação, as taxas de depreciação 9 são aplicadas ao
longo do tempo, garantindo que a pontuação reflita a validade do evento no tempo (com o
passar do tempo a pontuação inicial vai sendo depreciada, podendo chegar a zero). Sendo
assim, os eventos precisam ocorrer a cada ano para que possam ser utilizados para comprovar
vida do beneficiário.
A Figura a seguir demonstra as premissas utilizadas para a valoração dos eventos, que
consideram os tipos de atendimentos presenciais cadastrados no SAT (classificando o nível do
serviço como de baixa ou alta complexidade), o tipo de atendente no âmbito do INSS e as
etapas de atendimento.

8
Portaria DIRBEN/INSS nº 15, de 17.02.2022.
9
Foi considerada a pontuação máxima como o valor total do ativo e a duração de um ano como sua vida útil. Ao
longo do tempo a pontuação vai diminuindo, até atingir zero ao final do período dado para sua validade/vigência.
O cálculo da depreciação seria então da seguinte forma: Depreciação = (Valor total do ativo/Vida útil do ativo) x
Tempo decorrido desde o início do período

26
Figura 1 – Premissas utilizadas pelo INSS para a valoração dos eventos do SAT

Fonte: Ofício SEI nº 86/2023/DIGOV/INSS, de 04.04.2023.

Considerando as informações apresentadas pelo INSS, verifica-se que os registros migrados


do SAT (única base de dados utilizada para o processo de prova de vida até março/2023) para
o SIRIS não foram formalmente classificados, em ato próprio, de acordo com o seu nível de
integridade, conforme estabelece o § 2º do art. 6º da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023,
fato que fragiliza o processo.
No que se refere às etapas definidas para análise pelo INSS de cada uma das bases de dados
a serem utilizadas no processo de comprovação de vida, considerando especificamente a base
de dados do SAT, verificou-se, em relação à primeira etapa, que trata da Análise da Área de
Negócio, que os serviços presenciais do SAT foram valorados de acordo com as diretrizes de
atendimento da Autarquia e com a experiência dos servidores integrantes do Grupo de
Trabalho, conforme informado pelo INSS. Entretanto, tais diretrizes de atendimento não se
encontram explicitadas, tampouco foram formalizadas, em ato próprio, as regras ou a
metodologia utilizada pela Autarquia na atribuição da pontuação e da vigência para cada um
dos eventos do SAT. Ainda, não restou evidenciada documentação que deixasse explícita a
razão pela qual cada evento presencial do SAT recebeu a respectiva pontuação de score (que
varia entre dez, cinquenta ou cem pontos) e de vigência (que varia entre três, seis ou doze
meses). Como produto dessa etapa, existe apenas uma planilha que apresenta o resultado das
pontuações de score e de vigência para cada serviço válido do SAT.
Tal ocorrência fragiliza a definição e a transparência da pontuação, considerando que os
critérios utilizados não se encontram formalmente definidos, e prejudica a definição futura de
pontuações a serem atribuídas quando da utilização de outras bases de dados, caso venham
a ser seguidos os mesmos critérios e metodologia utilizados na primeira regra de cálculo de
score.
Considerando a inexistência de critérios formalmente instituídos para a atribuição de
pontuação de score e de vigência para cada um dos eventos presenciais do SAT, não foi
possível verificar se as referidas pontuações são adequadas. Em relação especificamente à
vigência dos eventos presenciais do SAT, não restou caracterizada a razão pela qual, por
exemplo, o evento de perícia médica inicial tem vigência de doze meses, enquanto o evento
27
de atendimento por decisão judicial tem vigência de três meses, apesar de ambos os
atendimentos terem sido presenciais.
Em relação à segunda etapa, que trata de Estudo Qualitativo dos Riscos, verificou-se, com
base nas manifestações encaminhadas pelo INSS, que a avaliação de riscos não foi
formalmente instituída em relação à base de dados do SAT, tampouco restou explicitado como
os riscos informalmente definidos influenciaram na definição das pontuações de score e de
vigência para cada evento válido do SAT. Ressalta-se que a realização e a formalização de
estudos qualitativos de riscos são essenciais para a transparência dos resultados obtidos,
assim como para a definição das futuras pontuações a serem atribuídas quando da utilização
de outras bases de dados.
Quanto à terceira etapa, referente ao Monitoramento da Qualidade dos dados, é
procedimento essencial a ser realizado para a utilização de qualquer base de dados que
subsidie a prova de vida, considerando que a não realização pode prejudicar os resultados
obtidos, inclusive incorrendo em custos adicionais à Autarquia, para realização de eventual
notificação e Pesquisa Externa, ou gerando risco de pagamentos ou suspensões indevidos de
benefícios. Ainda, conforme tratado também no item 5 deste Relatório, verifica-se que,
mesmo após transcorrido mais de um ano do planejamento da nova sistemática de prova de
vida (fevereiro/2022), não existem, nos sistemas de suporte, funcionalidades próprias de
monitoramento, as quais ainda se encontram pendentes de especificação e atendimento,
demonstrando a inexistência de estrutura para o adequado monitoramento desse processo.
Ademais, conforme já relatado, não foi possível avaliar a pontuação de score e de vigência
atribuída a cada um dos eventos do SAT, tendo em vista a ausência de critérios claramente
definidos e formalizados, apesar de terem sido demonstradas, conforme Figura 1, as
premissas utilizadas para a valoração dos eventos de atendimento, que levaram em
consideração: i) os tipos de atendimentos presenciais cadastrados no SAT, divididos em
atendimento específico (score alto), atendimento perícia médica (score alto), atendimento
não específico (score baixo); ii) o tipo de atendente no âmbito do INSS, divididos em servidor
(score alto) e contratados e estagiários (score baixo); e iii) as etapas de atendimento, divididos
em documento de identificação consistente (se sim - score alto, se não - score zerado) e da
existência de alerta de dados a confirmar no Cadastro de Pessoa Física (CPF) do beneficiário
(se houve a confirmação dos dados - score alto, se não – score zerado). Entretanto, apesar da
existência dessas premissas, não restam claras algumas definições utilizadas, tais como quais
são os atendimentos classificados como específicos e os não específicos e quais são as
pontuações (que podem ser dez, cinquenta e cem) atribuídas para o score baixo e score alto.
Por fim, não foi possível verificar se as regras de cálculo do score foram adequada e
tempestivamente implementadas pela Dataprev nos sistemas que suportam a realização do
processo de prova de vida, devido ao fato de os sistemas não estarem operacionais, conforme
tratado no item 5 deste Relatório, somado à inexistência de critérios e de metodologia
formalmente definidos para o cálculo do score e da vigência dos eventos.
Conclui-se, portanto, que as regras para cálculo do score, utilizado para comprovação de vida
dos beneficiários do INSS, não foram formalmente definidas, seguindo critérios e estudos
técnicos, considerando as seguintes situações: as informações migradas do SAT para o SIRIS
não foram formalmente classificadas em ato próprio, de acordo com o seu nível de
integridade, conforme estabelece a Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023; em relação à análise
da área de negócio, as diretrizes de atendimento não se encontram explicitadas, tampouco
28
foram formalizadas as regras ou a metodologia utilizadas pela Autarquia na atribuição da
pontuação e da vigência para cada um dos eventos do SAT, além da memória de cálculo que
deixasse explícita a razão pela qual cada evento presencial do SAT recebeu a respectiva
pontuação de score e de vigência; a avaliação qualitativa dos riscos não foi formalmente
instituída em relação à base de dados do SAT e não restou explicitado como os riscos
informalmente definidos influenciaram na definição das pontuações de score e de vigência
para cada evento válido do SAT; e a inexistência de monitoramento da qualidade dos dados
do SAT e a ocorrência de fragilidades no planejamento do referido monitoramento, inclusive
em relação às próximas bases de dados a serem incorporadas ao processo de prova de vida.
Essas ocorrências, além de impactarem no planejamento, na execução e no monitoramento
do novo processo de comprovação de vida, impossibilitaram avaliação, pela equipe de
auditoria, sobre a adequação da pontuação de score e de vigência/depreciação atribuída a
cada um dos eventos do SAT.

7. Inexistência de estudos ou de documentos que embasem a


definição das informações mínimas necessárias que devem constar
nas bases de dados a serem utilizadas para realização da
comprovação de vida.
A Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, no seu art. 3º, estabeleceu as informações que
deverão ser migradas dos bancos de dados integrados aos sistemas SIRIS e SIBE-PU, de modo
a subsidiar a execução do novo processo de prova de vida, a saber: i) base de dados originária;
ii) data e hora da ocorrência; iii) CPF; iv) nome completo; e v) Unidade da Federação (UF) da
ocorrência.
Nesse sentido, considerando a relevância na determinação das informações que devem ser
migradas de diversas bases de dados para que o processo de prova de vida possa ser realizado
com maior eficácia e menor risco possível, procurou-se analisar se o INSS utilizou estudos ou
documentos técnicos para embasar a decisão de quais informações mínimas devem estar
presentes nas bases de dados que serão utilizadas para realização da comprovação de vida.
Nesse contexto, foi solicitado ao INSS que enviasse os estudos ou documentos que definissem
formalmente as informações mínimas necessárias (campos) que devem estar presentes em
todas as bases de dados utilizadas ou a serem utilizadas pelo INSS para a realização da prova
de vida. Também foi solicitada disponibilização de acesso às bases de dados dos sistemas SIRIS
e SIBE-PU, acompanhadas dos respectivos dicionários de dados, com o objetivo de verificar se
tais informações mínimas, previamente definidas pelo INSS, efetivamente estão presentes nas
bases em utilização pela Autarquia.
O INSS informou que a estruturação dos dados mínimos, conforme apresentado no Quadro 1,
se baseou nas Portarias MTP nº 220/2022 e PRES/INSS nº 1.408/2022, seguindo a diretriz
disposta no artigo 6º, inciso III, da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), além de informar
que foram realizadas reuniões técnicas entre o Instituto e a Dataprev a fim de determinar tais
informações, sem, contudo, ter sido elaborado um estudo formalmente constituído, sob o
argumento que tais reuniões ocorreram de maneira remota, não foi elaborado um documento
compilando as principais deliberações.

29
Quadro 1 – Informações mínimas necessárias, estabelecidas pelo INSS, que devem constar
nas bases de dados utilizadas para comprovação de vida
Campo Formato Descrição
Identificador Ente Numérico Indica o ente originador do dado
Identificador Base
Numérico Indica a base que armazena a interação
Ente
Nome Cidadão Texto Nome do cidadão
CPF Cidadão Numérico CPF do cidadão
Data Nascimento
Numérico Data de nascimento do cidadão
Cidadão
Identificador
Numérico Indica a interação com o ente
Interação
Interação Presencial Booleano(a) Indica se a interação com o ente foi presencial
Indica a UF quando a interação com o ente tiver sido
UF Interação Texto
presencial
Data Interação Texto Data que ocorreu a interação com o ente
Hora Interação Texto Hora que ocorreu a interação com o ente
Fonte: Ofício SEI nº 21/2023/DIGOV-INSS, de 31.01.2023, em resposta à SA nº 1304683/03.
(a)
Booleano (ou lógico) é um tipo de dado que possui dois valores, que podem ser considerados como verdadeiro
ou falso (sim ou não).

Destaca-se que, apesar da inexistência de estudos técnicos ou de formalização das reuniões


realizadas para a definição dos dados mínimos necessários que devem constar nas bases de
dados utilizadas para comprovação de vida, verifica-se que as informações mínimas definidas
são relevantes para o processo de prova de vida, para a identificação do beneficiário, bem
como para possíveis validações de consistência dos dados utilizados.
Em relação à solicitação de disponibilização de acesso às bases de dados do SIRIS e do SIBE-
PU, o INSS restringiu-se, mesmo após reiteração, a encaminhar a descrição das tabelas
presentes em ambos os sistemas, com diversos campos cujos códigos remetem a outras
tabelas, as quais não constavam da resposta. Até o encerramento das análises, o acesso às
bases de dados não foi disponibilizado, apesar de terem sido encaminhados os
esclarecimentos e as orientações para tanto pela equipe de auditoria, conforme solicitado
pelo INSS.
Verifica-se, assim, que houve a definição das informações mínimas necessárias que devem
constar das bases de dados a serem integradas ao sistema SIRIS, bem como dos campos que
serão migrados das bases de dados para o referido Sistema, sendo que, na resposta
encaminhada pelo INSS, há acréscimo de campos quando comparados com as informações
constantes do artigo 3º da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023. Não obstante tal diferença,
a Portaria referenciada não veda a possibilidade de ampliar as informações a serem migradas,
apenas definindo os dados mínimos que precisam constar da integração, não sendo verificada,
dessa forma, a existência de impropriedade. De outro modo, não houve qualquer estudo ou
documento formal que embasasse tais definições, fato que demonstra fragilidade no
planejamento, na estruturação e nas definições da nova sistemática da prova de vida,
representando risco ao processo.

30
Ademais, não foi possível avaliar se as informações mínimas definidas pelo INSS constam
efetivamente das bases de dados do SIRIS e do SIBE-PU, já que não foi disponibilizado acesso
às bases dos referidos sistemas, conforme requerido, tendo sido disponibilizada apenas cópia
da estrutura de campos das tabelas presentes nos sistemas, o que permite constatar, tão
somente, que a estrutura comporta a inserção das informações mínimas definidas pela
Autarquia.

8. Oportunidade de melhorias em relação à segurança e à proteção


de dados pessoais referente aos sistemas de suporte ao novo modelo
de prova de vida.
A nova sistemática de prova de vida ocorre, inicialmente, a partir de consulta a atos
registrados em bases de dados internas ao INSS ou mantidas e administradas por outros
órgãos públicos, por meio dos sistemas SIRIS e SIBE-PU, os quais estão em desenvolvimento
pela Dataprev, como empresa contratada.
Considerando que, a partir dessa nova sistemática, o INSS deverá ter acesso a dados pessoais
advindos de outros órgãos públicos e considerando a necessidade de proteção dos dados
pessoais, conforme determinam a Lei nº 13.709, de 14.08.2018, Lei Geral de Proteção de
Dados, e a Lei nº 12.527, de 18.11.2011, Lei de Acesso à Informação (LAI), buscou-se verificar
se os sistemas SIRIS e SIBE-PU contemplam mecanismos de proteção aos dados pessoais
compatíveis com a legislação citada.
A fim de realizar tais análises, e considerando que não foi possível ter acesso aos sistemas
SIRIS e SIBE-PU, conforme tratado no item 5 deste Relatório, foi requerido ao INSS que
informasse como esses sistemas atendem ao disposto nas legislações retromencionadas no
que se refere à proteção de dados pessoais, bem como que enviasse os normativos
disciplinadores dos mecanismos de segurança da informação com relação aos novos sistemas
utilizados para a prova de vida, além de estudos, documentos ou normativos que definam a
hierarquia e os procedimentos de concessão e de revogação dos perfis de acesso a tais
sistemas, considerando as bases legais supracitadas ou as normas internas do INSS sobre
segurança de acesso a sistemas.
O Instituto informou que a Dataprev estabeleceu, desde julho/2018, uma Comissão de
Privacidade e Proteção e Dados, responsável por propor Plano de Implantação da empresa
para adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, sendo alegado que “o roadmap
de implantação consistiu em 7 “Ondas”, contemplando entre outros um Programa de
Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, uma Política de Privacidade e Proteção de Dados,
a execução do Sistema de Gestão da Privacidade (SGPI) e a criação da Coordenação de
Privacidade e Proteção de Dados vinculada à Coordenação Geral de Governança de Segurança
e Privacidade subordinada diretamente a Presidência da Dataprev”. Adicionalmente,
informou que todas as soluções tecnológicas disponibilizadas são aderentes a atos normativos
emanados pelo governo federal e demais normas exaradas no sentido de proteção de dados,
citando medidas que corroboram o comprometimento da prestadora de serviços (Dataprev)
em disponibilizar serviços seguros, a saber: “a)Política de Segurança da Informação e
Privacidade (PSIP); b) Normas Internas de Segurança e Privacidade; c) Framework de
Segurança Cibernética (CIS Controles); d) Framework de Privacidade; e) Termos de Sigilo e de

31
Responsabilidade; f) Sistemas de Gestão de Segurança e Privacidade; e g) Elaboração de
Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais (RIPD)”.
Além das medidas de proteção a dados pessoais no âmbito da Dataprev, acrescentou que
existe um fluxo de construção do RIPD entre a empresa e o INSS, tratando-se de um
documento a ser atualizado a cada nova base de dados incorporada ao SIRIS. Na sequência,
em resposta ao Relatório Preliminar, o INSS encaminhou o referido RIPD, de 25.05.2023,
sendo verificado que o documento segue os parâmetros definidos no Guia de Boas Práticas
para implementação da LGPD.
Informou, ainda, que os normativos relacionados à segurança dos dados no âmbito do INSS
são aqueles aplicados aos outros sistemas, e que, por ora, não há tráfego de dados externos
ao ambiente da Dataprev para alimentar o SIRIS.
Assim, tendo em vista a informação de que os normativos relacionados à segurança de dados
pessoais no âmbito dos sistemas que suportam a nova prova de vida são os mesmos aplicados
aos outros sistemas utilizados pelo INSS, foi solicitada a disponibilização desses documentos.
Em resposta, o Instituto informou que o tema de proteção de dados pessoais foi objeto de
adequação em processo interno, porém sem o envio da documentação de suporte. Afirmou,
ainda, que os sistemas em desenvolvimento pela Dataprev, por cláusula contratual de
adequação à norma ABNT NBR ISO/IEC 27701:2019 10, adotam a abordagem chamada de
privacy by design (privacidade desde a concepção) 11.
Quanto à hierarquia e aos procedimentos de concessão e de revogação dos perfis de acesso
aos sistemas de suporte à nova forma de prova de vida, informou que se encontram em
desenvolvimento e, portanto, tais procedimentos ainda estão sendo estabelecidos, os quais
devem seguir as regras já existentes para acesso a outros sistemas corporativos, baseados no
Sistema de Gerenciamento de Identidade e Acesso (GERID) da Dataprev12.
Diante das manifestações apresentadas, verifica-se que não há normativos que definam
especificamente as regras e os mecanismos de proteção de dados pessoais no âmbito dos
sistemas SIRIS e SIBE-PU, os quais irão tratar e armazenar informações pessoais sensíveis,
advindas de bases de dados de outros órgãos públicos e entidades privadas. Destaca-se que
as manifestações do INSS apresentam informações de caráter geral, mencionando normas e
frameworks sobre proteção de dados, especialmente no âmbito de atuação da Dataprev,
porém sem encaminhar as correspondentes documentações de suporte para avaliação da sua
suficiência.
Acrescenta-se que representam boas práticas em segurança da informação, conforme
orientado no Guia de Boas Práticas para Implementação na Administração Pública Federal da
LGPD13, a afirmação do INSS de que os sistemas desenvolvidos pela Dataprev adotam, por

10
Especifica os requisitos e fornece as diretrizes para o estabelecimento, implementação, manutenção e
melhoria contínua de um Sistema de Gestão de Privacidade da Informação na forma de uma extensão das ABNT
NBR ISO/IEC 27001 e ABNT NBR ISO/IEC 27002.
11
O conceito de privacidade desde a concepção significa que a privacidade e a proteção de dados devem ser
consideradas desde a concepção e durante todo o ciclo de vida do projeto, sistema, serviço, produto ou processo.
12
Sistema de autenticação e gestão de usuários dos sistemas desenvolvidos pela Dataprev.
13
Disponível em https://www.gov.br/governodigital/pt-br/seguranca-e-protecao-de-
dados/guias/guia_lgpd.pdf; acesso em 20.04.2023.

32
cláusula contratual, a abordagem de privacidade desde a concepção, assim como a existência
de um RIPD, que trata da proteção de dados pessoais no âmbito do sistema SIRIS, apesar de
o referido RIPD ter sido elaborado em 25.05.2023, ou seja, após o início da execução do novo
processo de prova de vida (01.01.2023), quando o supracitado Guia de Boas Práticas orienta
que deve ser elaborado antes de as unidades iniciarem o tratamento de dados pessoais, de
preferência, na fase inicial do programa ou projeto.
Ademais, ao não ser encaminhada à equipe de auditoria a correspondente documentação de
suporte que disciplina os procedimentos de segurança de dados pessoais no âmbito do INSS,
não foi possível verificar se a Autarquia possui uma abordagem de proteção de dados apoiada
em padrões e frameworks reconhecidos, os quais, inclusive, necessitam ser periodicamente
revistos e são passíveis de auditorias externas, conforme mencionado no citado Guia.
Esses fatos demonstram que, não obstante a informação de adoção da boa prática da
privacidade desde a concepção (privacy by design), da existência do RIPD aplicado ao sistema
SIRIS e de que por ora não há tráfego de dados externos ao ambiente da Dataprev para
alimentar este sistema, a ausência do envio de normativo que reflita a adoção das práticas de
segurança de dados baseadas nos frameworks citados em informações apresentadas pelo
INSS, bem como a ausência de normativo específico disciplinando a proteção de dados
pessoais no âmbito da nova prova de vida, demonstram dissonância com pelo menos três dos
sete princípios fundamentais citados pelo Guia de Boas Práticas da LGPD: Privacidade
incorporada ao projeto (design)14; Funcionalidade total15; Segurança e proteção de ponta a
ponta durante o ciclo de vida de tratamento dos dados 16. Adicionalmente, tais fatos
evidenciam morosidade no planejamento e implementação do novo modelo de prova de vida,
representando risco de falha na segurança dos sistemas SIRIS e SIBE-PU no que se refere à
proteção de dados pessoais, tendo em vista que essa nova sistemática possui como premissa
o acesso a bases de dados externas ao INSS.
Soma-se, ainda, a ausência de definição da hierarquia e dos procedimentos de concessão e de
revogação dos perfis de acesso aos sistemas da prova de vida, em que pese os sistemas de
gestão desse novo modelo ainda estarem em desenvolvimento, não obstante o tempo para
seu planejamento e implementação, o qual perfaz mais de um ano, fato que corrobora a
morosidade do planejamento e da implementação da nova sistemática, consubstanciado em
risco de falha na segurança dos sistemas em desenvolvimento e dos correspondentes dados.
Dessa forma, considerando aspectos atinentes à segurança e à proteção de dados pessoais,
no que concerne aos sistemas aplicáveis ao novo modelo da prova de vida, constata-se a
necessidade de disciplinamento do tema de proteção de dados pessoais, de modo a reduzir o
risco de falhas no tratamento desses dados.

14
A privacidade deve estar incorporada ao projeto e arquitetura dos sistemas de Tecnologia da Informação e
práticas de negócios.
15
A privacidade desde a concepção não envolve simplesmente a formalização de declarações e compromissos
de privacidade.
16
Por ser incorporado ao sistema antes de o primeiro elemento de informação ser coletado, a privacidade desde
a concepção estende-se por todo o ciclo de tratamento dos dados envolvidos no projeto, sistema ou serviço.

33
9. Os mecanismos de notificação dos beneficiários e de realização de
Pesquisa Externa estão previstos em normativos sem o devido
detalhamento operacional.
A etapa de notificação ocorrerá quando o beneficiário não realizar prova de vida via rede
bancária ou pelo “Meu INSS” e quando, no âmbito da nova sistemática instituída por meio da
Portaria MTP nº 220/2022 e da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, não for possível realizar a
comprovação de vida por meio de consultas a atos registrados em bases de dados disponíveis
ao INSS nos dez meses posteriores ao aniversário do beneficiário. Após a referida notificação,
o beneficiário terá o prazo de sessenta dias para realizar algum ato, por exemplo, acesso ao
aplicativo “Meu INSS” ou outros aplicativos e sistemas dos órgãos e entidades públicas que
possuam certificação e controle de acesso; atendimento nas Agências do INSS ou no sistema
público de saúde; emissão de documentos oficiais que necessitem da presença física do
usuário ou reconhecimento biométrico, entre outros elencados no art. 2º da Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022, alterada por meio da Portaria PRES/INSS nº 1.552/2023.
Na sequência, transcorrido o prazo referenciado e não identificada interação nas bases de
dados integradas com os sistemas do INSS ou quando, apesar de realizada interação, não for
atingida a pontuação mínima necessária para comprovação de vida, poderá ser emitida
Pesquisa Externa para localização do beneficiário, a ser realizada por servidor da Autarquia ou
por parceiro constituído.
Nesse sentindo, considerando a relevância das etapas de notificação e de Pesquisa Externa
para o novo processo de comprovação de vida, de modo a mitigar a manutenção de
pagamentos indevidos após o óbito do beneficiário, buscou-se avaliar se os mecanismos
operacionais para realização da notificação e da Pesquisa Externa estão previstos em
normativos e se são adequados e suficientes. Ressalta-se que o escopo da presente avaliação
não teve como objetivo verificar se as notificações e as Pesquisas Externas estão ocorrendo
adequadamente, uma vez que a previsão para que as primeiras notificações sejam realizadas
é a partir de novembro/2023.
Dessa forma, foi requerido ao INSS que disponibilizasse os normativos que definem os
mecanismos, os procedimentos, os responsáveis e os prazos das etapas de notificação do
beneficiário e de eventual realização de Pesquisa Externa, assim como o cronograma, para o
exercício 2023, de realização das mencionadas etapas, além da descrição dos controles
implementados para a execução desses procedimentos e de seus resultados.
O INSS informou que a Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023 regulamenta os atos
complementares do processo de prova de vida, e que as etapas referidas também estão
dispostas nos artigos 614 e 618 da Instrução Normativa PRES/INSS nº 128, de 28.03.2022, que
disciplina as regras, procedimentos e rotinas necessários à efetiva aplicação de normas de
direito previdenciário. Quanto à Pesquisa Externa, afirmou que conta com normativos
específicos que a disciplinam no âmbito da Autarquia, porém, sem indicá-los. Acrescentou que
tanto a notificação dos beneficiários quanto a realização de atualizações de benefícios seguem
o Regimento Interno do Instituto, sob a responsabilidade da Divisão de Manutenção de
Benefícios.
Com base no informado, verifica-se que o art. 7º da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023,
restringe-se a definir os mecanismos que serão utilizados para notificação do beneficiário

34
(“Meu INSS”, “Central 135” e/ou notificação bancária) e a afirmar que a notificação ocorrerá
de maneira automática. Adicionalmente, a Instrução Normativa PRES/INSS nº 128/2022
apresenta aspectos gerais das referidas ações de notificação e de Pesquisa Externa no âmbito
do Instituto, mas não as disciplinam especificamente em relação ao novo modelo de prova de
vida.
Dessa forma, apesar da existência das normatizações supracitadas, não restou claramente
especificado o detalhamento dos procedimentos, dos fluxos, da interoperabilidade entre
sistemas e dos prazos (o beneficiário será automaticamente notificado, mas sem deixar claro
o momento exato em que ocorrerá) das notificações a serem encaminhadas pelo INSS,
tampouco quando, como e os custos associados para eventual realização de notificação aos
beneficiários pelas instituições bancárias.
Especificamente em relação à realização de Pesquisa Externa, que poderá ser feita por
servidor do INSS ou por parceiro constituído, não foram definidos os casos em que essa será
efetivamente realizada, tendo em vista que o §1º do art. 9º da Portaria DIRBEN/INSS nº
1.103/2023 prevê que a Pesquisa Externa poderá ocorrer quando a notificação não for
suficiente para comprovação de vida do beneficiário (e não que ocorrerá em todos os casos).
Também não se verificou normatização específica em relação ao responsável pela realização
de Pesquisa Externa, considerando que essa poderá ser feita por servidor do INSS, porém sem
definição de quais servidores, sua lotação e as competências necessárias para realizá-la,
tampouco dos impactos dessa nova atribuição diante da capacidade operacional do INSS; ou
por parceiro constituído, porém sem definição dos casos em que a Pesquisa Externa será
realizada pela Autarquia ou por parceiros, ou quem seriam os referidos parceiros, como
seriam constituídos e os custos envolvidos.
Acrescenta-se, ainda, que não existe normatização em relação aos prazos para realização da
Pesquisa Externa, à maneira de localização do beneficiário, à quantidade mínima e máxima de
tentativas para sua localização, assim como levantamento dos custos envolvidos, dentre
outras definições essenciais para a efetividade da comprovação de vida.
Com relação ao cronograma das etapas de notificação dos beneficiários e de realização de
Pesquisa Externa para o exercício 2023, bem como quanto à descrição dos controles
implementados para a execução desses procedimentos e de seus resultados, foram
informados pelo INSS apenas os prazos legalmente estabelecidos por meio da Portaria
DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, ou seja, sessenta dias a partir da notificação para que o
beneficiário realize uma das interações previstas para comprovação de vida e, não sendo esta
realizada ou efetiva, poderá ser efetuada a Pesquisa Externa, a qual não possui prazo
disciplinado para sua realização.
Quanto aos controles implementados, informou que estão em desenvolvimento e que “(...) o
Batimento de Óbitos é o processo que objetiva mitigar o risco de pagamentos indevidos a
benefícios previdenciários com suspeita ou confirmação de óbito do titular e ocorre através do
batimento dos dados de benefícios do INSS com a base das certidões de óbito enviadas pelos
cartórios à Dataprev via sistema SIRC”. Adicionalmente, a Autarquia apresentou relação da
previsão de relatórios/consultas para cada etapa, com base nos sistemas já existentes,
conforme segue: “a) Beneficiários que não possuem prova de vida realizada; b) Notificações
Encaminhadas; c) Beneficiários que não possuem prova de vida realizada após notificação; d)
Beneficiários que não possuem prova de vida realizada após conclusão da Pesquisa Externa;

35
e) Benefícios com bloqueio de crédito por não comprovação de vida; f) Benefícios suspensos
pelo motivo “Impossibilidade de realização do recenseamento”; e g) Benefícios cessados pelo
motivo “Impossibilidade de realização do recenseamento”.
Cabe esclarecer que, ao solicitar o cronograma de realização de notificação e de Pesquisa
Externa para o ano de 2023, pretendia-se obter informações acerca do planejamento dessas
etapas, que devem ser iniciadas a partir de novembro/2023 (dez meses após o aniversário do
beneficiário, para aqueles nascidos no mês de janeiro). Contudo, não se identificou que o
referido planejamento tenha sido realizado. Dessa forma, embora o INSS informe que a
notificação e a Pesquisa Externa façam parte de um ciclo contínuo, não há definição quanto à
sistemática, ao fluxo e ao prazo em que tais procedimentos devem ocorrer, e a ausência de
um cronograma específico para essas etapas corrobora a constatação de um planejamento
incompleto, não obstante o lapso temporal de mais de um ano para implementação do novo
processo de prova de vida. Soma-se a isso o fato de que os controles das etapas mencionadas
ainda se encontram em desenvolvimento, sem a indicação de cronograma de execução e de
conclusão.
Com relação à informação de que o batimento de óbitos é o processo que busca mitigar o
risco de pagamentos indevidos após óbito, há de se destacar que tal mecanismo não se
confunde com a informação solicitada, relacionada aos mecanismos de controle instituídos
especificamente em relação às etapas de notificação e de Pesquisa Externa, no âmbito do
novo processo de prova de vida.
Identifica-se, assim, que os mecanismos de notificação e de possíveis Pesquisas Externas estão
previstos em normativos de caráter amplo e na Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, que trata
do novo modelo de prova de vida, porém sem detalhamento operacional, de modo a
demonstrar os sistemas envolvidos, a necessidade de interoperabilidade entre eles, os prazos,
os responsáveis, os fluxos, os mecanismos de controle e os custos envolvidos, o que pode
acarretar em não realização dos procedimentos de notificação e de Pesquisa Externa, no
tempo previsto, com o consequente risco de manutenção de pagamentos indevidos após o
óbito de beneficiários. Verifica-se, portanto, que o novo processo de prova de vida foi iniciado
sem definições mínimas necessárias no que se refere às etapas de notificação ao beneficiário
e de realização de Pesquisa Externa, apesar de ter sido instituído há mais de um ano (em
fevereiro/2022), e que segue sem especificações mínimas em relação a essas etapas do
processo.

10. Riscos associados à eficácia das etapas de notificação e de


Pesquisa Externa no âmbito do novo processo de prova de vida em
decorrência de eventual desatualização dos dados cadastrais dos
beneficiários no CNIS.
Para a efetividade do envio de notificação e da realização de Pesquisa Externa, etapas a serem
realizadas quando não for possível a comprovação de vida por meio de consultas a atos
registrados em bases de dados próprias do INSS ou mantidas pelos órgãos públicos federais,
há necessidade que os dados cadastrais dos beneficiários estejam atualizados no âmbito do
INSS, tendo em vista que a ausência de atualização e de adequação dessas informações
impacta diretamente nas mencionadas etapas do processo de comprovação de vida. Nesse
36
sentido, buscou-se verificar se o INSS possui os dados cadastrais dos beneficiários atualizados
para efetuar as etapas de notificação e de realização de Pesquisa Externa.
Quanto aos critérios e à periodicidade de atualização dos dados cadastrais pelos beneficiários,
o processo está institucionalizado e disciplinado nas Portarias DIRBEN/INSS nº 990 e nº 992,
ambas de 28.03.2022, as quais aprovam as normas procedimentais em matéria de benefício,
e disciplinam que o referido processo ocorre de maneira contínua e independente do processo
de prova de vida; o sistema SIRIS armazena as interações dos beneficiários e não impacta as
atualizações de dados cadastrais, as quais são objeto do Cadastro Nacional de Informações
Sociais (CNIS), de modo que possuem mecanismos de controle independentes. De acordo com
o art. 25 da Portaria DIRBEN/INSS nº 990/2022 e do art. 13 da Portaria DIRBEN/INSS nº
992/2022, as atualizações cadastrais ocorrem no âmbito do CNIS, de maneira voluntária pelo
beneficiário, não sendo estabelecidos prazos para sua realização.
A lógica definida para a atualização de dados cadastrais pode impactar na eficácia das etapas
de notificação e de Pesquisa Externa, no âmbito do novo processo de prova de vida, haja vista
que a adequada atualização cadastral do beneficiário consiste em fator relevante, já que
dependem da localização física do beneficiário. Dessa forma, eventual desatualização no CNIS
pode gerar, como consequência, bloqueios indevidos de benefícios (por não comprovação de
vida), causando prejuízos financeiros aos beneficiários, além de custos operacionais ao INSS,
que poderiam ser evitados, como consequência de realização de Pesquisas Externas em
endereços incompletos ou desatualizados.
A despeito da atualização dos dados cadastrais dos beneficiários ser objeto de tratamento no
âmbito do CNIS, e não dos sistemas de suporte ao processo de prova de vida, a primeira etapa
do processo de prova de vida refere-se a consultas realizadas pelo INSS a atos registrados
pelos beneficiários em diversas bases de dados. Sendo assim, verifica-se a oportunidade de a
Autarquia confirmar, nas bases de dados recebidas, as informações básicas dos beneficiários
(tais como CPF, nome, endereço, dentre outras consideradas relevantes), utilizando-as, além
daquelas cadastradas no CNIS, para subsidiar a realização de notificações e de Pesquisas
Externas, considerando, principalmente, a informação que apresenta a data de atualização
mais recente. Dessa maneira, mitigar-se-ia o risco de tornarem-se inócuas as referidas etapas
do processo de comprovação de vida, bem como criar-se-ia a oportunidade de atualização e
de melhoria das informações constantes do CNIS.
Considerando que não existe periodicidade definida para atualização dos dados cadastrais
pelos beneficiários junto ao INSS e que os sistemas de suporte ao processo de prova de vida
não possuem mecanismo de controle em relação ao histórico desses dados, bem como que a
referida atualização ocorre no âmbito do CNIS, de forma independente do processo de
comprovação de vida, existem riscos associados à eficácia das etapas de notificação e de
Pesquisa Externa, em decorrência de eventual desatualização dos dados cadastrais dos
beneficiários no âmbito do CNIS, com a consequente possibilidade de bloqueio indevido de
benefícios por não comprovação de vida, além de ocorrência de custos operacionais, pelo
INSS, com a realização de notificações e Pesquisas Externas que poderiam ser evitados, além
de outros custos operacionais vinculados, como, por exemplo, aqueles com
reativação/revisão de benefício, com judicialização de demandas ou com processamento de
recurso junto ao Conselho de Recursos da Previdência Social, em caso de bloqueio indevido
de benefícios por não comprovação de vida.

37
11. Ausência de definição de procedimentos, fluxos,
responsabilidades e controles para permitir o correto e tempestivo
bloqueio, suspensão ou cessação de benefícios por ausência de
comprovação de vida.
Conforme apresentado, o novo modelo de comprovação de vida ocorre em até três etapas:
consulta em bases de dados, por meio do Sistema SIRIS, para identificar interações realizadas
pelos beneficiários; notificação ao beneficiário para realizar, em sessenta dias, uma das
interações previstas no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, no caso de não validação
da prova de vida por meio da etapa anterior; e realização de Pesquisa Externa para localização
do beneficiário, que poderá ser realizada por servidores da Autarquia ou por parceiro
constituído, caso a notificação supracitada seja ineficaz ou o beneficiário não a realize dentro
do prazo.
Nesse contexto, o art. 10 da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023 define que quando a
Pesquisa Externa não for considerada efetiva para comprovação de vida ou o endereço
cadastrado nas bases de dados do INSS for insuficiente para localizar o beneficiário, o
pagamento do benefício será bloqueado e o beneficiário novamente notificado para, no prazo
de trinta dias, realizar uma das ações previstas no art. 2º da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022.
Caso não a realize, a norma determina a suspensão do benefício e, transcorridos seis meses
da referida suspensão sem a manifestação do beneficiário, o benefício será cessado.
Considerando a relevância dessas etapas no âmbito da nova sistemática de prova de vida, para
evitar a ocorrência de pagamentos indevidos após o óbito do beneficiário, buscou-se verificar,
por meio de análise documental e de verificação aos correspondentes sistemas de suporte, se
os fluxos, os prazos, as responsabilidades e os controles para a realização dos procedimentos
de bloqueio, de suspensão e de cessação de benefícios encontram-se definidos, de modo a
atender os prazos estipulados pelo normativo referenciado.
Cabe consignar que não constou do escopo desta auditoria análise da adequação do efetivo
bloqueio, suspensão ou cessação de benefícios pelo INSS no caso de não comprovação de
vida, uma vez que a nova sistemática teve início em janeiro/2023 e que, mesmo para os
beneficiários com data de aniversário em janeiro, o eventual bloqueio de benefício só será
realizado a partir de janeiro/2024 (considerando, no mínimo, os dez meses posteriores à data
de aniversário do beneficiário para consulta a bases de dados e os sessenta dias, após o envio
de notificação, para que o beneficiário realize uma das interações previstas, sem considerar a
possível etapa de Pesquisa Externa, cujo prazo e os procedimentos de realização não se
encontram definidos, conforme tratado no item 9 deste Relatório). Sendo assim, as análises
se restringiram à verificação da adequada governança desses procedimentos.
Quanto à definição de procedimentos, fluxos, prazos, responsabilidades e controles relativos
ao bloqueio, suspensão e cessação de benefícios, em caso de ausência da comprovação de
vida, o INSS informou que a Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023 é o normativo que disciplina
os atos complementares para operacionalização da comprovação de vida dos beneficiários e
que os procedimentos de bloqueio, de suspensão e de cessação de benefícios fazem parte de
um ciclo contínuo, reiniciado a cada aniversário do beneficiário, e ocorrerão de maneira
automática pelo sistema, quando transcorridos os respectivos prazos estabelecidos em

38
norma; adicionalmente, acrescentou que não há outro normativo que defina prazos ou
procedimentos para realização da prova de vida.
Portanto, mesmo transcorrido mais de um ano da definição do novo processo de prova de
vida, em que pese o INSS ter afirmado que os procedimentos de bloqueio, de suspensão e de
cessação de benefícios ocorrerão de maneira contínua e automática por meio dos sistemas,
não se verificou, com base nas informações apresentadas pela Autarquia, a implementação
ou a previsão de desenvolvimento de funcionalidades específicas para tais procedimentos nos
sistemas de suporte ao processo de comprovação de vida, demonstrando, dessa forma,
morosidade no planejamento da etapa e do novo processo de prova de vida de forma integral.
Destaca-se que a análise realizada se restringiu à manifestação encaminhada pelo INSS, em
virtude da impossibilidade de acesso aos sistemas de suporte ao processo de prova de vida.
Verificou-se, ainda, que não há normativos específicos que disciplinem os procedimentos de
bloqueio, de suspensão e de cessação de benefícios no âmbito do novo processo da prova de
vida, pois, mesmo que esses ocorram de maneira automática, há de se definir os sistemas
envolvidos e suas interoperabilidades, seus fluxos e responsáveis, bem como os pontos de
controle necessários para mitigar eventuais pagamentos indevidos de benefícios.
Considerando que a nova sistemática para realização da prova de vida foi instituída a partir da
publicação da Portaria MTP nº 220/2022 e da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, ambas de
fevereiro/2022, para início do novo fluxo a partir de janeiro/2023, e com repercussão efetiva
nos benefícios não antes de dezembro/2023, o INSS teria tido tempo hábil para o adequado
planejamento e normatização das etapas de bloqueio, de suspensão e de cessação de
benefícios, no âmbito da nova metodologia proposta, com a definição de procedimentos,
fluxos, responsáveis, sistemas e controles, de modo a prevenir pagamentos indevidos de
benefícios para pessoas falecidas ou que não realizaram a comprovação de vida, com
repercussão nos desenvolvimentos de sistema pertinentes, o que não se identificou que tenha
sido integral e suficientemente realizado até a conclusão das análises realizadas no âmbito
desta auditoria, finalizadas em março/2023.

12. Inexistência de metas e de indicadores para acompanhamento e


aferição do processo de prova de vida.
No setor público, a governança, normatizada por meio do Decreto nº 9.203, de 22.11.2017,
pode ser definida como um conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle
postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de
políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade. Ainda, o Decreto em
comento estabelece que os mecanismos, as instâncias e as práticas de governança incluirão,
no mínimo, formas de acompanhamento de resultados, soluções para melhoria do
desempenho das organizações e instrumentos de promoção do processo decisório
fundamentado em evidências. Dessa forma, é importante que o acompanhamento dos
resultados da gestão seja precedido da definição de metas e objetivos a serem alcançados,
assim como de indicadores para monitorar os seus atingimentos.
De acordo com o INSS, os controles para o acompanhamento e a aferição da nova sistemática
de prova de vida estão em desenvolvimento, inexistindo metas ou indicadores definidos, haja

39
vista que o processo em questão ainda está em implementação; destaca-se, entretanto, que
não foi apresentado cronograma vinculado aos desenvolvimentos que estão em andamento.
A sistemática de prova de vida foi estabelecida com a publicação da Lei nº 8.212/1991, com
as alterações promovidas pela Lei nº 14.199/2021, sendo que, em fevereiro/2022, passou por
mudanças significativas, a partir da publicação da Portaria MTP nº 220/2022 e da Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022, as quais definiram que o procedimento passaria a ser realizado de
maneira proativa pelo INSS e sem a obrigatoriedade de deslocamento pelos beneficiários. No
entanto, visando à adequada governança da nova forma de comprovação de vida, o
estabelecimento de objetivos e metas, bem como a aferição do processo por meio de
indicadores, poderia ter sido desenvolvido em conjunto com a concepção original.
Adicionalmente, as Portarias que determinam a nova sistemática de prova de vida datam de
fevereiro/2022, para sua aplicação a partir de janeiro/2023, entretanto o referido processo
ainda se encontra em construção, sem o estabelecimento de objetivos e metas específicos,
tampouco de indicadores para aferição dos resultados a serem alcançados, demonstrando
fragilidade no seu planejamento.

40
RECOMENDAÇÕES
Conforme mencionado anteriormente, os resultados dos exames apresentados nos itens 2, 3
e 4 deste Relatório foram encaminhados ao MTP e ao INSS, por meio da Nota de Auditoria nº
1304683/01, em novembro/2022, para adoção de medidas de saneamento tempestivas.
Assim, as recomendações nº 2, 3, 4 e 5, relacionadas a esses itens e apresentadas a seguir, já
estão em processo de monitoramento, o qual permanecerá sendo realizado juntamente com
as demais recomendações expedidas no âmbito deste Relatório.

I – Ao MPS e ao INSS:
1. Realizar a revisão da normatização contida na Portaria MTP nº 220/2022, na Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022 e na Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, considerando as
divergências identificadas e, especialmente, a repercussão da mitigação da
responsabilidade das instituições bancárias, a partir do momento que o INSS assume um
ônus operacional e financeiro que pertencia a essas instituições.
Achado 1.

II – Ao INSS:
2. Avaliar a pertinência de incluir, nos procedimentos a serem normatizados, a possibilidade
de realização da prova de vida por meio da convocação do beneficiário para atendimento
presencial nas suas unidades ou na instituição financeira pagadora do benefício, ainda que
como um mecanismo subsidiário e residual, caso nenhum dos outros meios estabelecidos
permita êxito na identificação de elementos que sinalizem que o beneficiário está vivo.
Achado 2.

3. Avaliar a oportunidade de realização do procedimento de prova de vida por meio da


comprovação de interações de maneira contínua, ou em outro ciclo temporal a ser
definido, menor que um ano, não vinculando, dessa forma, o cálculo do score à data de
aniversário do beneficiário ou, alternativamente, a partir do estabelecimento de um valor
de score mínimo, que funcione como indicador da necessidade de realizar novamente o
procedimento, levando em conta a incidência do índice de depreciação do score.
Achado 3.

4. Elaborar estudo que contemple o levantamento dos custos financeiros e operacionais


vinculados à nova sistemática de prova de vida, em relação a todas as etapas pertinentes
ao processo, considerando, inclusive, o impacto de realização de notificação e de Pesquisa
Externa diante da capacidade operacional do INSS, a fim de subsidiar processos de
melhoria, de prevenir eventuais falhas de implementação e de execução, além de subsidiar
eventual tomada de decisão em relação à redução do ciclo anual de comprovação de vida.
Achado 3.

41
5. Estabelecer Plano de Ação contendo a relação dos órgãos públicos com os quais o INSS
pretende realizar tratativas para a celebração de Acordo de Cooperação visando a
obtenção de bases de dados, indicando a data prevista para início das negociações ou a
situação em que se encontram as tratativas já iniciadas, bem como os procedimentos que
devem ser adotados e os responsáveis, a fim de obter acesso a bases de dados para
incorporação à nova sistemática da prova de vida, conforme define o art. 2º da Portaria
PRES /INSS nº 1.408/2022.
Achado 4.

6. Apresentar Plano de Ação, contendo a descrição das etapas, dos prazos e dos responsáveis
pelo desenvolvimento e pela homologação das seguintes ferramentas no âmbito dos
sistemas de suporte ao novo processo de comprovação de vida (SIRIS e SIBE-PU):
a) Ferramentas de gestão relativas a interfaces para usuários, que permitam o
acompanhamento, pelo INSS, do funcionamento e da interoperabilidade dos sistemas,
assim como a realização de consultas gerenciais, visando o adequado monitoramento
do processo, além da promoção de maior autonomia à Autarquia em relação à gestão
desses dados, evitando a eventual necessidade de extração de informações gerenciais
pela Dataprev;
b) Interfaces de gestão com outros sistemas além do SAT;
c) Funcionalidade que realize e/ou monitore os procedimentos e os prazos de notificação
e de Pesquisa Externa, visando a adequada operacionalização de todo processo de
comprovação de vida; e
d) Funcionalidade que realize e/ou monitore os procedimentos e os prazos de bloqueio,
de suspensão e de cessação de benefícios pela ausência de comprovação de vida.
Achados 5, 9 e 11.

7. Definir, em ato próprio e formal, as regras e a metodologia para cálculo das pontuações
de score e de vigência, utilizadas para comprovação de vida dos beneficiários do INSS,
considerando, inclusive, o nível de integridade de cada base de dados, conforme
estabelece o § 2º do art. 6º da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.103/2023, assim como
especificando formalmente as diretrizes, as definições, a forma de tratamento, os riscos
associados e sua respectiva aplicabilidade e a memória dos resultados obtidos em cada
uma das etapas definidas (Análise da Área de Negócio, Estudo Qualitativo dos Riscos; e
Monitoramento da Qualidade dos dados).
Achado 6.

8. Instituir mecanismos de monitoramento da qualidade dos dados utilizados para cálculo do


score que subsidia a decisão da comprovação de vida, inclusive para as bases de dados
mantidas e administradas pelo INSS.
Achados 6 e 7.

9. Elaborar documento que estabeleça a hierarquia e os procedimentos de concessão e de


revogação dos perfis de acesso aos sistemas que suportam o processo de prova de vida.

42
Achado 8.

10. Elaborar normativo que discipline, de forma detalhada, os mecanismos, os procedimentos,


os sistemas e sua interoperabilidade, os fluxos, os prazos, os atores (envolvendo o INSS,
os parceiros constituídos, as instituições bancárias, dente outros) e os controles relativos
às etapas:
a) De notificação e de Pesquisa Externa para localização dos beneficiários, em caso de
ausência da comprovação de vida por meio de interações, a fim de direcionar a
execução, subsidiar processos de melhoria e prevenir eventuais falhas de
implementação e de execução de tais etapas; e
b) De bloqueio, de suspensão e de cessação de benefícios, em caso de ausência da
comprovação de vida, no intuito de mitigar pagamentos indevidos de benefícios para
pessoas que não realizaram a comprovação de vida.
Achados 9 e 11.

11. Avaliar a oportunidade de utilização das informações disponíveis nas bases de dados
recebidas pelo INSS para realização do processo de prova de vida (previstas no art. 2º da
Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022), além das disponíveis no CNIS, para qualificação dos
dados cadastrais dos beneficiários, considerando aquelas que apresentam data de
atualização mais recente, ponderando a qualidade desses dados.
Achado 10.

12. Estabelecer objetivos e metas específicos para o processo de prova de vida, considerando,
inclusive, as alterações introduzidas por meio da Portaria MTP nº 220/2022 e da Portaria
PRES/INSS nº 1.408/2022, bem como outras normas que as sucedam, assim como
indicadores para aferição dos resultados alcançados.
Achado 12.

43
CONCLUSÃO
A presente auditoria buscou avaliar o novo processo de prova de vida definido pelo INSS,
considerando as mudanças trazidas a partir da publicação, em fevereiro de 2022, da Portaria
MTP nº 220/2022 e da Portaria PRES/INSS nº 1.408/2022, que inverteram o ônus pela
comprovação de vida do segurado para a Autarquia, assim como considerando a relevância
desse processo como um mecanismo de controle para mitigar o risco de pagamentos
indevidos de benefícios.
Nesse contexto, a partir das análises realizadas, verificaram-se dissonância entre as normas
que disciplinam o novo fluxo de comprovação de vida e aquelas que anteriormente
disciplinavam esse processo, com a mitigação da responsabilidade das instituições bancárias,
a partir do momento que o INSS assume o ônus financeiro que pertencia a essas instituições;
atuação ineficaz do INSS para a efetiva definição de procedimentos e a adoção de medidas
necessárias para a efetivação do novo processo de prova de vida, com destaque para a
morosidade no planejamento e no desenvolvimento dos sistemas de suporte, para o acesso a
bases de dados externas e para a normatização de etapas relevantes do processo; e
oportunidades de melhorias quanto à segurança e à proteção de dados pessoais em relação
aos referidos sistemas.
Observou-se, ainda, que as regras para o cálculo das pontuações que comprovam a vida do
beneficiário não foram adequadamente normatizadas, assim como não foram
adequadamente definidas as informações mínimas necessárias que devem constar nas bases
de dados a serem integradas aos sistemas da prova de vida, com ambas carecendo de estudos
ou documentos formalizados que justifiquem e deixem transparente a metodologia utilizada
para embasar tais definições.
Ademais, as etapas de notificação, de Pesquisa Externa e de bloqueio de benefícios por falta
de comprovação de vida não possuem procedimentos e fluxos detalhados, prazos
formalmente estabelecidos, definição dos atores e dos sistemas envolvidos e controles
instituídos. Ainda, verificou-se a existência de riscos associados à eficácia dessas etapas devido
à eventual falta de atualização dos dados cadastrais dos beneficiários no âmbito do CNIS.
Adicionalmente, verificou-se que não foram estabelecidas metas ou indicadores, tampouco
avaliações de custo, para o novo processo de prova de vida, que poderiam embasar, inclusive,
a sua eventual realização em ciclos menores.
Deste modo, diante das análises realizadas, constata-se fragilidade no planejamento das ações
necessárias para a implementação da nova sistemática de prova de vida, incluindo o
desenvolvimento de novos sistemas, o acesso a bases de dados externas ao INSS, a
normatização das etapas do processo e a instituição de indicadores de monitoramento do
novo modelo. Tais fragilidades representam uma lacuna de atuação do INSS, cuja repercussão
é potencializada em decorrência da suspensão do modelo anterior de prova de vida sem que
o novo processo de trabalho estivesse suficientemente instituído e operacionalizado.
Diante do exposto, foram expedidas recomendações estruturantes ao INSS, visando mitigar
as fragilidades verificadas e aprimorar o planejamento e a operacionalização do novo processo
de prova de vida, especialmente em relação aos sistemas de suporte e à normatização de
procedimentos relevantes, buscando a melhor eficácia do novo modelo, instituído com o

44
intuito de evitar o deslocamento de beneficiários em prol de procedimento voltado a mitigar
o risco de pagamento indevido de benefícios.

45
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
A versão preliminar do presente Relatório de Avaliação foi disponibilizada ao INSS em
14.08.2023 para conhecimento, avaliação e manifestação acerca dos fatos e das
recomendações apresentados pela equipe de auditoria.
A Autarquia, por meio do Ofício SEI nº 281/2023/DIGOV-INSS, de em 13.09.2023, apresentou
manifestação e documento pertinente ao Achado 8, no que se refere à elaboração do
Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais, conforme descrito a seguir.
No que diz respeito aos demais achados de auditoria, foi solicitado o estabelecimento do
prazo global de 120 dias para o desenvolvimento das recomendações propostas.
Manifestação da unidade examinada:
A Coordenação de Proteção de Dados Pessoais da Autarquia, apresentou a seguinte
manifestação:
“[...]

2. A CODC encaminhou o presente para atendimento da recomendação CGU contida


no item 9 do relatório (achado 8) que estabelece ao INSS: " 9. Elaborar Relatório de
Impacto à Proteção de Dados Pessoais, bem como documento que estabeleça a
hierarquia e os procedimentos de concessão e de revogação dos perfis de acesso aos
sistemas que suportam o processo de prova de vida."

3. Desta forma, informamos que o Relatório de Impacto a Proteção de Dados - RIPD


já foi elaborado pela equipe de Privacidade e Proteção de Dados do INSS e da
DATAPREV e consta no PROCESSO SEI 35014.178542/2023-17, o qual denominamos
SIRIS - PROVA DE VIDA.

4. A respeito dos procedimentos de concessão e de revogação dos perfis de acesso


aos sistemas, extrapola smj as competências da COPDP e recomendamos o envio a
DIRBEN para análise desta recomendação.”

Análise da equipe de auditoria:


Em manifestação ao Relatório Preliminar, o Instituto informou que o Relatório de Impacto à
Proteção de Dados Pessoais foi elaborado pela equipe de Privacidade e Proteção de Dados do
INSS e da Dataprev, encaminhado em anexo.
Após análise, verificou-se que o referido documento seguiu as diretrizes estabelecidas pelo
Guia de Boas Práticas para implementação da LGPD e que trata da proteção de dados pessoais
no Sistema SIRIS, no contexto da nova sistemática de prova de vida. No entanto, é importante
observar que o referido Relatório começou a ser elaborado em 19.01.2023, tendo sua data de
revisão e ajuste finais em 25.05.2023, ou seja, após o início da nova abordagem da prova de
vida, iniciada em janeiro/2023.

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Assim, as informações apresentadas, em manifestação ao Relatório Preliminar, demonstram
a existência e a adequação do RIPD, embora sua elaboração tenha sido concluída após o início
da execução do novo processo de prova de vida.
Dessa forma, foram realizadas alterações no Achado 8 e na Recomendação 9, enfatizando que
o RIPD foi elaborado, porém mantendo as demais informações, inclusive no que se refere à
necessidade de definição da hierarquia e dos procedimentos de concessão e de revogação dos
perfis de acesso aos sistemas que suportam o processo de prova de vida.
Posto isso, as providências decorrentes das demais ações a serem adotadas pelos gestores
para a implementação das recomendações serão acompanhadas durante o processo de
monitoramento, com base nas informações a serem apresentadas pelo INSS.

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