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TCC (1) - 3

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UNIVERSIDADE PAULISTA

LIDIANE BRITO SILVA RA: 2009735

IVONE SANTOS DE OLIVEIRA MACHADO RA: 2077484

MARIA LÚCIA LESSA PINHEIRO RA: 1977861

VANILDA NAZARÉ CARDOSO DE MORAES RA: 0537634

INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL EM CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA


MULHER

(Identificando famílias em situações de vulnerabilidade e combatendo o


feminicídio)

ANANINDEUA

2023
LIDIANE BRITO SILVA RA: 2009735

IVONE SANTOS DE OLIVEIRA MACHADO RA: 2077484

MARIA LÚCIA LESSA PINHEIRO RA: 1977861

VANILDA NAZARÉ CARDOSO DE MORAES RA: 0537634

INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL EM CASOS DE VIOLÊNCIA


CONTRA MULHER

(Identificando famílias em situações de vulnerabilidade e combatendo o


feminicídio)

Trabalho de conclusão de curso


para obtenção do título de
graduação em Serviço Social
apresentado a

Universidade Paulista – UNIP.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Henrique Cavalcante


de Oliveira.

ANANINDEUA

2023
3
Resumo

O objetivo desta pesquisa é abordar a questão da violência contra as


mulheres, suas causas e medidas de prevenção. Destaca-se a importância do
conhecimento em serviço social para prestar assistência de qualidade e
identificar mulheres em situação de vulnerabilidade. O trabalho também abordou
o feminicídio, políticas públicas, tipos de violência e estratégias para combater
os abusos contra as mulheres.

Palavras-chaves: mulher, violência e feminicídio

Abstract

The objective of this research is to address the issue of violence against


women, its causes and prevention measures. The importance of knowledge in
social work is highlighted to provide quality assistance and identify women in
vulnerable situations. The work also addressed feminicide, public policies, types
of violence and strategies to combat abuse against women.

Keywords: woman, violence and femicide.


Sumário

Introdução ___________________________________________________7

Capítulo 1: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES_________8

1.1 Tipos de violência__________________________________________13

1.1.2 violência Física __________________________________________14

1.1.3 violência psicológica _____________________________________14

1.1.4 violência sexual _________________________________________14

1.1.5 violência patrimonial ______________________________________15

1.1.6 violência moral ___________________________________________15

1.1.7 cárcere Privado ___________________________________________15

1.1.8 tráfico de pessoas ________________________________________16

CAPÍTULO 2: ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ____________________25


2.1 Serviço Social frente a violência contra mulheres ______________27

CAPITULO 3: POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA Á MULHERES


VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA _____________________________34
3.1 Delegacias especializadas de atendimento á mulher (DEAAMs)
3.2 Centro de referência de atendimento á mulher __________________35
3.3 Casa abrigo________________________________________________35
3.4 Centro de referência de assistência social ( CRAS)_______________35
3.5 juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher _________35
3.6 Órgãos de defensoria pública _________________________________35
3.7 Serviço de saúde especializado para atendimento dos casos de
violência contra a mulher _______________________________________35
3.8 Ligue 180__________________________________________________35
Conclusão ____________________________________________________37
Bibliografia___________________________________________________39
Introdução
Este estudo tem como objetivo mostrar os diversos tipos de violência existentes
e também intervir de forma social, contribuindo para o bem-estar físico e
psicológico das famílias. Entender os diferentes tipos de violência é fundamental
para a identificação precoce e para a implementação de estratégias eficazes de
prevenção e intervenção.

Além disso, o foco no bem-estar físico e psicológico das famílias é essencial


para abordar todas as consequências negativas que a violência doméstica pode
trazer para as vítimas e seus entes queridos. Isso inclui o oferecimento de apoio
emocional, acesso a serviços de proteção e justiça, e o fortalecimento de redes
de apoio para que as famílias possam se recuperar e reconstruir suas vidas.

O Serviço Social desempenha um papel fundamental nessa intervenção, ao


oferecer suporte e assistência às vítimas de violência e suas famílias. Os
profissionais dessa área estão preparados para identificar os sinais de violência,
fornecer apoio emocional, orientação jurídica, encaminhamento para serviços
especializados e desenvolver estratégias de segurança e proteção para as
mulheres e suas famílias.

No entanto, é importante ressaltar que combater e prevenir o feminicídio requer


uma abordagem multidisciplinar e uma atuação conjunta de diversos setores da
sociedade, incluindo o governo, a justiça, a educação e a sociedade como um
todo. É necessário promover um ambiente de igualdade, respeito e apoio, além
de implementar políticas públicas eficazes que busquem prevenir a violência de
gênero e garantir a proteção das mulheres em todas as esferas da sociedade.

7
CAPÍTULO 1: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES

De acordo com a Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006 - Lei Maria da Penha, a


violência contra a mulher se configura como qualquer ação ou conduta, baseada
no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à
mulher, tanto no âmbito público como no privado. Incluem-se a agressão física,
sexual, psicológica e econômica. Segundo Santos e silva:
Esta construção social do que é ser mulher e do que é ser homem se
relaciona com o sistema patriarcal, aqui entendido como um sistema de
dominação masculina, com constituição e fundamentação históricas, em que o
homem organiza e dirige, majoritariamente, a vida social. Com o aumento da
desigualdade social e a intensificação da exploração da classe trabalhadora,
aprofunda-se a situação de dominação-exploração sobre a mulher (SANTOS e
OLIVEIRA,2010, p.14).
Estudos mostram que, pelo menos uma em cada três mulheres já foi
espancada, coagida ao sexo ou sofreu alguma outra forma de abuso durante a
vida, onde o companheiro apresenta-se como o agressor mais frequente.

O fato das mulheres, muitas vezes, negarem a existência do problema é


atribuído à repressão ou negação produzida pela experiência traumática do
próprio terrorismo sexista, além da socialização de gênero, em que a ideologia
de gênero (ideologia considerada.

Como vemos, a violência doméstica é um tema presente no cotidiano do


assistente social, cabe a esse profissional identificar e conhecer as formas de
violência que se desenvolve dentro do ambiente familiar. Os casos de violência
doméstica, que tem na mulher sua vítima mais comum, não se limitam apenas
a agressão corporal, vai além, sendo composta por outras formas de violência
que agravam ainda mais a situação de vulnerabilidade, a violência doméstica é
um tema presente no cotidiano do assistente social.

É fundamental para esses profissionais identificar e compreender as


diversas formas de violência que podem ocorrer dentro do ambiente familiar.
Nos casos de violência doméstica, em que as mulheres são as vítimas mais
comuns, é importante reconhecer que a violência não se limita apenas à
agressão física. Ela também abrange outras formas de violência que podem
agravar ainda mais a situação de vulnerabilidade da mulher.

8
Além da agressão física, a violência doméstica pode incluir a violência
psicológica, verbal, sexual, patrimonial e moral. A violência psicológica envolve
a humilhação, o constrangimento, a ameaça, o isolamento e o controle
emocional por parte do agressor. Já a violência verbal abrange insultos,
xingamentos e palavras que buscam diminuir a autoestima da vítima.

Saffioti afirma que:

Com efeito, o domicílio constitui um lugar extremamente violento para


mulheres e crianças de ambos os sexos, especialmente as meninas. Desta sorte,
as quatro paredes de uma casa guardam os segredos de sevícias, humilhações
e atos libidinosos/estupros, graças à posição subalterna da mulher, da criança
face ao homem e de ampla legitimação social da supremacia masculina
(SAFFIOTI, 1995, p.33).

A autora aponta um fato assustador, pois na medida em que o lar das


mulheres deveria ser um local de segurança, ele pode se transformar em um
espaço onde ocorrem sofrimentos e crimes contra mulheres e meninas.

A violência sexual é caracterizada por qualquer ato sexual não


consentido. A violência patrimonial envolve o controle ou a destruição dos bens
e recursos financeiros da mulher. E, por fim, a violência moral envolve
difamação, calúnia e qualquer forma de violação da reputação da vítima.

É fundamental que os assistentes sociais estejam atentos a esses


diferentes tipos de violência, pois cada um deles pode ter consequências graves
para a saúde física, emocional e social da mulher. Ao identificar essas formas
de violência, o assistente social pode orientar a mulher sobre seus direitos,
proporcionar apoio emocional, auxiliar no acesso a serviços especializados,
como abrigos e atendimento jurídico, e ajudar na construção de um plano de
segurança para ela e sua família.

Além disso, é importante destacar que o assistente social desempenha


um papel fundamental na promoção da prevenção da violência doméstica. Isso
inclui ações como a identificação precoce de situações de risco, o
desenvolvimento de programas educacionais e preventivos, a mobilização da
comunidade e a articulação com outros profissionais e serviços para garantir
uma resposta eficaz.

9
Portanto, conhecer e compreender as diferentes formas de violência
doméstica é essencial para que o assistente social possa oferecer um suporte
adequado às mulheres em situação de vulnerabilidade. Ao trabalhar em
conjunto com outros profissionais e instituições, é possível promover a
conscientização, a prevenção e a intervenção necessárias para combater a
violência doméstica e garantir o bem-estar das vítimas.

Na atualidade, a questão social se expressa com as contradições


do sistema capitalista, ela é composta de variadas expressões que surgem
no desenvolvimento das relações sociais na contradição Capital versus
Trabalho. Dentro desse contexto marcado por expressões diversas,
segundo Iamamoto e Carvalho (2014).

A questão social não é senão as expressões do processo de formação e


desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da

10
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros
tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”.

Não contraditória à esta concepção, temos a de TELES, (1996, p. 85):

O Brasil está diante de um aumento de violência contra a mulher.


Pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública por meio
do Instituto Datafolha revelou que todas as formas de violência desse tipo
cresceram no período recente. "Foram mais de 18 milhões de mulheres
vítimas de violência no último ano.

São mais de 50 mil vítimas por dia, um estádio de futebol lotado",


afirma Samira Bueno, diretora executiva do Fórum. Ao mesmo tempo, o
estudo revela que uma a cada três mulheres brasileiras (33,4%) com mais
de 16 anos já sofreu violência física e/ou sexual de parceiros ou ex-
parceiros.

Pouco menos da metade dessas mulheres vítimas de violência


estão situadas nas capitais e regiões metropolitanas, e 52% residem no
interior. A gente sabe que equipamentos especializados estão muito
concentrados nas capitais.

Mulheres que vivem no interior não têm uma rede de acolhimento


como aquelas que vivem em grandes cidades. Menos de 10% dos
municípios brasileiros têm delegacias da mulher, são pouco mais de 600
unidades (em São Paulo, são 140). É um número muito elevado de casos
todos os dias, e, mais do que isso, a gente tem uma distribuição dos
serviços necessários ao acolhimento dessas mulheres que é muito
desigual.

11
A Lei do Feminicídio, foi incluído no Código Penal entre os tipos de homicídio
qualificado, definido como o assassinato de mulheres por razões da condição de
sexo feminino, quando o crime envolve violência doméstica e familiar, ou
menosprezo e discriminação contra a condição de mulher. O crime foi, assim
adicionado ao rol dos crimes hediondos, tal qual, estupro, genocídio e latrocínio.
A pena prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos

O conceito de feminicídio foi utilizado pela primeira vez por Diana Russel
em 1976, diante do Tribunal Internacional Sobre Crimes Contra as Mulheres,
que aconteceu em Bruxelas, para caracterizar o assassinato de mulheres pelo
fato de serem mulheres, definindo-o como uma forma de terrorismo sexual ou
genocídio.

O feminicídio refere-se a assassinatos de mulheres motivados por


questões de gênero, sendo uma expressão máxima da violência de gênero. O
termo busca destacar que esses crimes são cometidos devido ao ódio,
discriminação e desigualdade de gênero existentes na sociedade.

O reconhecimento do feminicídio como uma categoria específica de


crime permite uma análise mais aprofundada das dinâmicas de violência contra
as mulheres, possibilitando intervenções mais adequadas para prevenir esses
casos e promover a justiça. Logo, o conceito a ser especificado: Feminicídio é
o assassinato de mulheres em razão da condição de ser mulher, ou seja, de
gênero decorrente da violência contra a mulher e principalmente das mazelas
do patriarcado enraizado na sociedade

desde o período colonial até a contemporaneidade, só diferencia a conjuntura


de períodos, mas o poder patriarcal ainda permanece em diversos lares.

Desde o período colonial até a contemporaneidade, houve mudanças nas


conjunturas históricas. No entanto, é importante ressaltar que o poder patriarcal
ainda persiste em muitos lares e instituições.

O patriarcado é um sistema social que confere poder e privilégios aos homens,


subordinando as mulheres e reforçando desigualdades de gênero. Esse sistema

12
está enraizado em normas sociais, valores culturais e estruturas sociais que
continuam a perpetuar a desigualdade e a violência baseada no gênero.

Apesar dos avanços nas lutas feministas ao longo dos anos, como o direito ao
voto, acesso à educação e ao mercado de trabalho, a igualdade de gênero ainda
não foi alcançada em sua plenitude. No âmbito doméstico, o poder patriarcal
pode se manifestar no controle sobre as decisões, na divisão desigual do
trabalho doméstico e no uso da violência como forma de controle e subjugação
das mulheres.

É necessário continuar lutando contra o patriarcado e promover mudanças


sociais que desafiem as estruturas de poder desigual. Isso requer educação,
conscientização, políticas públicas efetivas e o fortalecimento dos direitos das
mulheres.

Os movimentos feministas têm desempenhado um papel fundamental na


denúncia das desigualdades de gênero e na busca por uma sociedade mais
igualitária. É importante reconhecer que a transformação cultural leva tempo,
mas é fundamental para romper com o poder patriarcal e criar relações mais
igualitárias entre os gêneros.

1.1 Tipos de violência

O conceito de violência contra as mulheres é bastante amplo e


compreende diversos tipos de violência: a violência doméstica (que pode ser
psicológica, sexual, física, moral e patrimonial), a violência sexual, o abuso e a
exploração sexual mulheres adolescentes/jovens, o assédio sexual no trabalho,
o assédio moral, o tráfico de mulheres, a violência institucional.

A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres


reconhece os diversos tipos de violência, entretanto centra suas ações nas
seguintes expressões de violência: Violência Doméstica – entendida como
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito
da unidade doméstica.

13
No âmbito da família ou em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação (Lei 11.340/2006). A violência doméstica contra a mulher
compreende ainda:

1.1.2 violência física

É aquela entendida como qualquer conduta que ofenda integridade ou


saúde corporal da mulher. É praticada com uso de força física do agressor, que
machuca a vítima de várias maneiras ou ainda com o uso de armas, exemplos:
Bater, chutar, queimar. cortar e mutilar

1.1.3 A violência psicológica

É entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e


diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e
à autodeterminação;

1.1.4 A violência sexual

entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a


manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação,
ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

14
1.1.5 A violência patrimonial

entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,


destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

1.1.6 A violência moral

entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou


injúria. Tráfico de Mulheres: O Tráfico de Mulheres tem por base o conceito de
tráfico de pessoas, que deve ser entendido como o recrutamento, o transporte,
a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à
ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega
ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma
pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.

A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem


ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados,
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de
órgãos (Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos.

1.1.7Cárcere Privado

homem que mantiver a companheira ou a mulher em cárcere privado


pode ser acusado de tortura. Essa é uma das mudanças na Lei Maria da Penha,
que já foi aprovada pelo Senado e está para ser votada na Câmara. São
mudanças que podem acabar com a impunidade e com histórias tristes de
violência.

Desde que a Lei Maria da Penha entrou em vigor, há sete anos, 350 mil
medidas protetivas foram emitidas. Uma média de 50 mil por ano. Mesmo assim,
nesse período, a cada uma hora e meia uma mulher foi assassinada pelo marido
ou pelo companheiro.

15
Por causa dos números levantados por uma comissão parlamentar de
inquérito, dois projetos de lei já foram aprovados pelo Senado, mas ainda faltam
ser discutidos na Câmara. Eles pedem a qualificação como tortura em casos de
cárcere privado da mulher e a exigência da prisão preventiva quando o agressor
não cumprir a medida protetiva.

Outro grande problema que nós encontramos na maioria dos estados são
os institutos médicos legais que funcionam precariamente. Uma mulher que
precisa fazer corpo de delito e não encontra no IML condições para colher as
provas, isso compromete os processos e compromete a apuração e condenação
do agressor, diz a senadora do PT-ES Ana Rita Esgario.

1.1.8 Tráfico de pessoas

De maneira geral, o tráfico de pessoas consiste no ato de


comercializar, escravizar, explorar e privar vidas, caracterizando-se como
uma forma de violação dos direitos humanos por ter impacto diretamente
na vida dos indivíduos. Se houver transporte, exploração ou cassação de
direitos, o crime pode ser classificado como tráfico de pessoas, não importa
se há supostamente um consentimento por parte da vítima.

Os países mais vulneráveis ao tráfico de seres humanos e à


exploração sexual são os marcados pela pobreza, instabilidades políticas,
desigualdades econômicas, países que não oferecem possibilidade de
trabal.ho, educação e perspectivas de futuro para os jovens.

16
Gráfico 1: Nº de Vítimas Mulheres pela Lei Maria da Penha – jan a
dez/2020 e 2021

17
Em novembro de 2020 o Interior registrou o número máximo de
ocorrências (983 casos). Na capital, este ápice de casos foi observado em
janeiro do mesmo ano (752 casos), enquanto que na RMF, este ápice
também ocorreu em janeiro (312 casos).

Não obstante, nas três regiões, observou-se uma tendência


crescente durante o período de abril de 2020 a novembro do mesmo ano
(este crescimento foi mais acentuado na região do interior do estado). Ao
mesmo que, ao final de 2021, foi possível ver uma tendência de melhora
neste indicador com uma queda do número de registros em dezembro: o
interior registrou 780 casos, Fortaleza 648 e RMF 267 casos.

Gráfico 2: Nº de Vítimas Mulheres pela Lei Maria da Penha – jan a


dez/2020 e 2021 – Fortaleza, RMF e Interior

2423 casos registrados de violência contra as mulheres em 2022.

18
495 deles feminicídios. Um caso de feminicídio foi monitorado a cada 24h.

BA apresentou aumento de 58% de casos e lidera os feminicídios no NE

SP registra um caso de violência contra a mulher a cada dez horas

RJ tem alta de 45% de casos e quase dobra números de estupros

MA é o segundo do NE em agressões e tentativas de feminicídio

PE só fica atrás da Bahia quando se trata de violência contra a mulher no NE

CE deixa de liderar transfeminicídios, mas tem alta de casos de violência sexual

PI registra 48 casos de feminicídios

A maior parte dos crimes é cometida por companheiros e ex-companheiros,


mas o estado também precisa ser responsabilizado.

19
Em 2020 o país teve 3.913 homicídios de mulheres, dos quais 1.350 foram
registrados como feminicídios, média de 34,5% do total de assassinatos.

A taxa de homicídios de mulheres caiu 2,1%, passando de 3,7 mulheres


mortas por grupo de 100 mil mulheres em 2019 para 3,6 mortes por 100
mil em 2020. Os feminicídios, por sua vez, apresentaram variação de 0,7%
na taxa, que se manteve estável em 1,2 mortes por grupo de 100 mil
pessoas. Em números absolutos, 1.350 mulheres foram assassinadas por
sua condição de gênero, ou seja, morreram por ser mulheres. No total,
foram 3.913 mulheres assassinadas no país no ano passado, inclusos os
números do feminicídio.

Esta relação indica que 34,5% do total de assassinatos de mulheres foi


considerado como feminicídio pelas Polícias Civis estaduais. O gráfico
abaixo apresenta a taxa de cada crime por UF.

20
Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Observatório de Análise

Criminal / NAT / MPAC; Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais – COINE/RN;

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Reforça-se aqui que nos homicídios femininos estão incluídos os


feminicídios, mas é justamente esse olhar para o todo que nos permite
compreender quais estados de fato tem as maiores taxas de feminicídio, e
quais potencialmente possuem elevadas taxas, mas não classificam estes
crimes de forma adequada.

No Ceará, por exemplo, apenas 8,2% de todos os assassinatos de mulheres


foram classificados como feminicídios, percentual muito inferior à média
nacional de 34,5%. Isso indica que é provável que muitos casos de
feminicídios tenham sido classificados erroneamente apenas como
homicídios.

21
Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Observatório de Análise Criminal /

NAT /

MPAC; Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais – COINE/RN; Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE); Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Apesar da definição legal, e dos limites impostos pela base de dados, o fato
é que 14,7% dos homicídios femininos tiveram como autor o parceiro ou ex-
parceiro íntimo da vítima, o que deveria torná-los automaticamente um
feminicídio. Isto significa dizer que cerca de 377 homicídios de mulheres
praticados no ano passado são, na realidade, crimes de feminicídio.

Já os dados de feminicídio indicam que 81,5% das vítimas foram mortas


pelo parceiro ou ex-parceiro íntimo, mas se considerarmos também demais
vínculos de parentesco temos que 9 em cada 10 mulheres vítimas de
feminicídio morreram pela ação do companheiro ou de algum parente.

Fonte: Análise produzida a partir dos microdados dos registros policiais e das Secretarias estaduais de

Segurança

22
Pública e/ou Defesa Social. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020

O local do crime é outra variável útil para compreendermos o contexto da morte


violenta. Nos casos de feminicídio mais da metade das vítimas morreram dentro de
casa, ao passo que dentre os demais homicídios femininos 1/3 ocorreram em via
pública.

23
Fonte: Análise produzida a partir dos microdados dos registros policiais e das Secretarias estaduais de

Segurança Pública e/ou Defesa Social. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020

Jovens, negras e separadas são maior parte das vítimas


Violência por idade:
• 16 a 24 anos (35,2%)

• 25 a 34 anos (28,6%)

• 35 a 44 anos (24,4%)

• 45 a 59 anos (18,8%)

• 60 anos ou mais
(14,1%) Violência por cor:
• Preta (28,3%)

• Parda (24,6%)

• Branca (23,5%)

Violência por estado civil:

• Separada/Divorciada
(35%)

• Solteira (30,7%)

• Viúva (17,1%)

• Casada (16,8%)

24
CAPÍTULO 2: ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O profissional de Serviço Social está inserido na divisão sócio-técnica do


trabalho, o que significa que desempenha um papel importante na análise das
relações entre sociedade, pessoas e instituições.
O profissional de Serviço Social faz parte da divisão sócio-técnica do trabalho, o
que implica que ele desempenha um papel fundamental na análise das relações
entre a sociedade, as pessoas e as instituições.
profissão de Assistente Social emergiu das relações sociais entre o Estado e a

25
Sociedade Civil em um contexto contraditório das demandas do capital, devido
as tensões
Sociais, políticas e econômicas e com a consolidação do capitalismo
monopolista. Esse
Contexto fica claro na fala de Iamamoto (2013, p.204):
Institucionaliza como profissão na sociedade brasileira, como um dos recursos
mobilizados pelo Estado, pelo capital, com o apoio decisivo da igreja,
informado pela sua doutrina social, para atuar perante a questão social.
O Serviço Social é uma profissão que visa promover o bem-estar social e a
justiça social. Os assistentes sociais trabalham em diversos campos, como
saúde, educação, assistência social, entre outros, e atuam diretamente com
pessoas em situação de vulnerabilidade.

Eles são responsáveis por identificar as demandas sociais, realizar avaliações


sociais, elaborar projetos e oferecer suporte às pessoas e comunidades. Além
disso, o assistente social também desempenha um papel de articulação entre os
sujeitos envolvidos e as instituições, buscando garantir o acesso a direitos e
recursos sociais.

Dessa forma, o profissional de Serviço Social contribui para a compreensão e


transformação das condições de vida das pessoas, a partir de uma perspectiva
crítica e reflexiva.
A profissão de Serviço Social é regulamentada pela Lei 8662/93, que estabelece
as atribuições do assistente social e define as diretrizes do exercício profissional.
Além disso, o Código de Ética de 1993 também orienta a conduta ética dos
profissionais de Serviço Social.

As diretrizes curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em


Serviço Social (ABEPSS), desenvolvidas em conjunto com o Conselho Federal
de Serviço Social (CFESS) e os Conselhos Regionais de Serviço Social
(CRESS), norteiam a formação teórico-metodológica, ética-política e prática dos
assistentes sociais.

Essa formação abrange conhecimentos teóricos e práticos sobre a realidade


social, políticas públicas, trabalho em equipe, pesquisa, intervenção social, entre

26
outros aspectos importantes para o exercício profissional. Esses conhecimentos
são fundamentais para que o profissional de Serviço Social possa atuar de forma
qualificada e ética em seu trabalho com indivíduos, famílias, grupos e
comunidades.

alinhado com o código de ética da profissão, conforme seus princípios


fundamentais, traz reflexões críticas e posicionamento articulado aos interesses
da classe trabalhadora em defesa de políticas públicas e acesso a garantia de
direitos, na construção da categoria profissional, na perspectiva de uma
sociedade menos desigual e excludente, para além do capital (SIKORSKI e
BERNARDO, 2018).
Segundo Iamamoto (2008), a concretização dos princípios fundamentado
Código de Ética pressupõe a luta por democracia e direitos com força política de
modo organizado, com conquistas materiais e sociais para toda população em
busca de uma nova sociabilidade, os princípios presentes no exercício
profissional provocam impacto nas relações de trabalho e nas manifestações
coletivas dos profissionais. Conforme Iamamoto (2008, p. 208)
Um perfil profissional culto, crítico e capaz de formular, recriar e avaliar
propostas que apontem para a progressiva democratização das
relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso ético-político com
os valores democráticos e competência teórico-metodológica na teoria
crítica em sua lógica de explicação da vida social. Esses elementos,
aliados à pesquisa da realidade, possibilitam decifrar situações
particulares com que se defronta o assistente social no seu trabalho,
de modo a conectá-las aos processos sociais macroscópicos que as
geram e as modificam. Mas, requisita, também, profissional versado
no instrumental técnico-operativo, capaz de potencializar as ações nos
níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta,
estimuladora da participação dos sujeitos sociais nas decisões que lhes
dizem respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos meios de
exercê-los. (2008, p. 208)

2.1 O SERVIÇO SOCIAL FRENTE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica contra as mulheres é de fato um problema sério que afeta


não apenas o Brasil, mas também todo o mundo. O Serviço Social desempenha
um papel fundamental no combate a esse fenômeno social.

27
Para analisar a atuação do Serviço Social frente a esse problema, é importante
compreender como a violência doméstica ocorre e como a cultura patriarcal
intensifica esse fenômeno. A violência doméstica pode assumir diferentes
formas, incluindo violência física, psicológica, sexual, econômica e patrimonial.
Essas formas de violência são frequentemente interligadas e ocorrem dentro dos
relacionamentos íntimos, como o casamento ou namoro.

No combate à violência doméstica, é fundamental envolver uma abordagem


multidisciplinar, focada em garantir a segurança e o bem-estar das mulheres
afetadas. O Serviço Social desempenha um papel importante nesse processo,
oferecendo apoio emocional, orientação jurídica, encaminhamentos para
serviços especializados, como abrigos e redes de apoio, além de auxiliar na
elaboração de planos de segurança.

Além disso, o Serviço Social também pode estar envolvido no trabalho de


prevenção da violência doméstica. Isso pode ser feito por meio de campanhas
de conscientização, educação sobre igualdade de gênero, promoção de políticas
públicas para enfrentar a violência contra as mulheres em prol de uma
sociedade mais justa e igualitária.

É importante destacar que combater a violência doméstica requer uma


abordagem colaborativa envolvendo diversos setores da sociedade, incluindo o
governo, organizações não governamentais, profissionais de saúde, educação
e outros. Somente através de esforços conjuntos é possível enfrentar de forma
efetiva esse problema que afeta a vida das mulheres em todos os tempos.

Portanto, o Serviço Social desempenha um papel crucial no enfrentamento da


violência doméstica contra as mulheres, tanto no apoio direto às vítimas, quanto
na prevenção e conscientização da sociedade. A construção de uma cultura
igualitária e o fortalecimento dos direitos das mulheres são fundamentais para
combater esse fenômeno social e promover uma sociedade mais justa e segura
para todos. O Instituto Patrícia Galvão em pesquisa realizada em 2004 aponta
que:

28
A Violência Doméstica contra mulheres ocorre em todo o mundo e
perpassa as classes sociais, as diferentes etnias e independe do grau
de escolaridade. Ela recebe o nome de doméstica porque sucede,
geralmente dentro de casa e o autor da violência mantém ou já
manteve relação íntima com a mulher agredida. São maridos,
companheiros, namorados, incluindo ex. (p.25

As respostas sociais à violência contra a mulher no Brasil surgiram


principalmente nos anos 80, como resultado das reivindicações e atuação do
movimento feminista. O movimento feminista conseguiu chamar a atenção das
autoridades para esse problema, levando ao surgimento das primeiras políticas
públicas de combate à violência contra a mulher.

Até a década de 80, as políticas públicas nessa área eram praticamente


inexistentes no Brasil. No entanto, com a mobilização do movimento feminista e
o reconhecimento da gravidade da violência doméstica contra as mulheres,
começaram a ser estabelecidas medidas específicas que visavam a proteção, o
atendimento e a justiça para as vítimas.

As primeiras conquistas nesse sentido foram instituídas, principalmente, nas


áreas ligadas à segurança e à justiça. Essas políticas incluíram a criação de
delegacias especializadas no atendimento à mulher, o estabelecimento de
medidas protetivas e a ampliação do acesso das mulheres à justiça.

No entanto, vale ressaltar que o combate à violência contra a mulher vai além
das respostas do sistema de segurança e justiça. É necessário adotar uma
abordagem abrangente que aborde as causas subjacentes da violência, como a
desigualdade de gênero e a cultura patriarcal.

O combate à violência contra as mulheres não pode ser reduzido apenas às


respostas do sistema de segurança e justiça. É fundamental adotar uma
abordagem abrangente que enfrente as causas subjacentes da violência, como
a desigualdade de gênero e a cultura patriarcal.

A desigualdade de gênero e a perpetuação da cultura patriarcal são fatores


fundamentais que contribuem para a violência contra as mulheres. A

29
desigualdade de poder entre homens e mulheres, a subvalorização do trabalho
feminino, a objetificação e a discriminação baseada no gênero são exemplos de
questões estruturais que perpetuam essa violência.

Uma abordagem eficaz deve incluir medidas educativas para combater a


desigualdade de gênero, promover a equidade e desconstruir estereótipos
prejudiciais. É fundamental investir na educação em todos os níveis, desde a
infância, para ensinar e cultivar valores de respeito, igualdade e não violência.

Além disso, é necessário implementar políticas públicas que apoiem a


autonomia econômica das mulheres, garantindo igualdade salarial, acesso
igualitário a oportunidades de trabalho e apoio à maternidade. A implementação
de leis efetivas de proteção às mulheres, como a Lei Maria da Penha, é um
passo importante, mas é essencial garantir a sua aplicação adequada e o acesso
das vítimas a serviços de apoio.

O fortalecimento do movimento feminista e o engajamento da sociedade civil


também são fundamentais para criar uma consciência coletiva sobre a
importância de combater a violência de gênero e promover a igualdade. É
necessário desafiar as normas culturais e questionar os comportamentos
machistas que perpetuam a violência contra as mulheres.

Portanto, a luta contra a violência de gênero requer uma abordagem integrada,


que enfrente as causas estruturais dessa violência. Somente através do trabalho
conjunto de instituições governamentais, organizações da sociedade civil,
profissionais de diversas áreas e a conscientização social é que poderemos
transformar nossa sociedade em um espaço mais seguro e igualitário para todas
as mulheres.

Assim, além das medidas específicas na área de segurança e justiça, é


importante promover a conscientização sobre os direitos das mulheres, investir
em educação e prevenção, fortalecer as redes de apoio às vítimas e desenvolver
políticas públicas integradas que tenham como objetivo transformar as relações
de gênero e promover a igualdade entre homens e mulheres.

30
O Serviço Social desempenha um papel fundamental nesse contexto, atuando
no atendimento e acolhimento das vítimas, no encaminhamento para serviços
especializados, no apoio emocional, na orientação jurídica e no trabalho de
conscientização e prevenção. Segundo Campos:
A ausência da perspectiva de gênero no direito é responsável pelo
encobrimento da violência doméstica contra mulheres (violência
como uma violação dos direitos humanos, com a consequente neg
parte dos operadores do direito, dos respectivos tratados internaci
(CAMPOS, 2007, p.137
A afirmação esclarece que a área do direito demorou a entender a violência
doméstica
como uma violência contra o gênero feminino, e como fruto da construção de
uma sociedade machista. A primeira providência do poder público, relacionada
ao combate da violência doméstica foi a criação de delegacias especializadas.
As Delegacias de Polícia Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM)
foram instituídas como fruto das conquistas da luta feminista
em defesa das mulheres. A primeira Delegacia de Polícia Especializada de
Atendimento à Mulher foi criada em São Paulo, em agosto de 1995, sob pressão
do movimento de mulheres e do Conselho Estadual da Condição Feminina.
Conforme Saffioti (1995)

violência doméstica atinge mulheres em todo o mundo e também no Brasil, para


analisarmos a profissão do Serviço Social atuando frente a esse problema social,
faz-se necessário uma exposição desse fenômeno como ele ocorre, e como a
construção de uma cultura patriarcal acirra ainda mais esse fenômeno, quais são
as formas de violência sofridas pelas mulheres e quais as formas de combate a
esse problema que acomete a vida da mulher em todos os tempos.

A violência Doméstica praticada contra a mulher é um dos problemas que mais


preocupam as brasileiras. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Patrícia
Galvão em 2004, esta preocupação ,está à frente inclusive de problemas como
o câncer de mama e a AIDS. Trata-se de um fenômeno democrático que atinge
mulheres em todo o mundo e em todas as esferas sociais e, apesar de ser um
fenômeno muito antigo, atualmente vem sendo problematizado e amplamente

31
discutido por todas as profissões que atuam com essa questão, levantando
acirrados debates nas sociedades modernas

A lei Maria da Penha, Lei nº11. 340, de 7 de agosto de 2006, foi aprovada após
muitas lutas do movimento feminista, podemos pontuar que ao movimento
feminista deve ser creditado o mérito de insistentemente lutar por vitória na
busca por responsabilizar agressores de mulheres, e alardear que a violência
contra a mulher nunca ganhou expressividade e foi realmente considerada pelos
poderes públicos brasileiros.

Essa lei leva o nome de uma mulher vítima de três tentativas de morte por parte
do marido, sendo que uma das tentativas a deixou paralítica pelo resto da vida.
A Lei Nº 11. 340, de 07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras providências.

A lei está criada e promulgada, mas o grande desafio enfrentado pelos


assistentes sociais e os profissionais que atuam no combate à violência
doméstica contra a mulher, é a efetivação de uma rede de serviços
interdisciplinar e que agregue todos os programas e projetos das diversas áreas
que compõem a política pública de atendimento e combate à violência.

São muitos os desafios que o profissional de Serviço Social enfrenta no combate


à violência doméstica. Os serviços disponíveis onde se inserem estes
profissionais, tanto nas áreas da saúde, da segurança pública e da assistência
social não conseguem atender às mulheres de forma integral e articulada.

O Serviço Social atua no combate à violência doméstica inserido nas instituições


que prestam atendimento à mulher vítima de violência, após a reconceituação
da profissão e a defesa de um projeto ético-político em favor da construção de
uma sociedade mais justa, a profissão tem sido reconhecida, valorizada e
requisitada, configurando um espaço na divisão sócio técnica do trabalho,
merecendo a confiança das outras profissões e entidades diversas,
conquistando espaço e demarcando a identidade da assistência social.

32
O profissional de Serviço Social está inserido na divisão sócio-técnica do
trabalho, o que significa que desempenha um papel importante na análise das
relações entre sociedade, pessoas e instituições.

CAPITULO 3: POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA Á MULHERES


VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Buscando a identificação e o encaminhamento adequado das mulheres em


situação de violência e a integralidade e humanização da assistência, a Rede de
Atendimento é composta por serviços especializados como os Centros de
Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e os Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS), e não-especializados, como os
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Social (CRAS) e hospitais.
Essa rede busca garantir um atendimento abrangente e integrado, visando o
acolhimento, a proteção, o apoio psicossocial, o acesso à justiça e outros
serviços necessários para as mulheres em situação de violência.

Os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) são serviços


especializados que oferecem acolhimento, atendimento psicológico, jurídico,
social e encaminhamento para outras instâncias de proteção. Eles
desempenham um importante papel na orientação e no apoio às mulheres em
situação de violência, garantindo o acesso aos seus direitos e promovendo a
autonomia e a superação da violência.

Os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS)


também são parte fundamental da rede de atendimento, oferecendo serviço de
proteção social especializada às mulheres em situação de violência. Eles
promovem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, além de
oferecer apoio e encaminhamento para outros serviços e programas.

Além desses serviços especializados, os Centros de Referência de Assistência


Social (CRAS) e os hospitais também desempenham um papel importante na
rede de atendimento às mulheres em situação de violência. Os CRAS são

33
responsáveis por fornecer o atendimento socioassistencial básico, oferecendo
orientação e encaminhamento para a rede especializada, quando necessário.

Já os hospitais são essenciais para o atendimento às vítimas de violência,


oferecendo cuidados médicos, atendimento psicológico e apoio necessário em
casos de agressão física.

A integração desses serviços especializados e não especializados é


fundamental para garantir um atendimento completo e efetivo às mulheres em
situação de violência, considerando as diferentes dimensões desse problema. A
articulação entre os diferentes atores da rede, como assistentes sociais,
psicólogos, enfermeiros, advogados e outros profissionais, é essencial para
oferecer um suporte integral e humanizado às mulheres.

É importante destacar que, apesar dos avanços na estruturação da rede de


atendimento, ainda existem desafios a serem enfrentados, como a falta de
recursos, a falta de capacitação dos profissionais e a necessidade de maior
articulação entre os serviços. A garantia de uma rede efetiva de atendimento é
essencial para combater a violência contra as mulheres e promover a igualdade
de gênero em nossa sociedade.

Em suma, a Rede de Atendimento a mulheres em situação de violência busca


identificar e encaminhar adequadamente as mulheres, além de garantir a
integralidade e humanização da assistência. Com a participação de serviços
especializados e não especializados, como CRAM, CREAS, CRAS e hospitais,
essa rede visa a proteção, o acolhimento, o apoio emocional, o acesso à justiça
e outros serviços necessários para promover a segurança e autonomia das
mulheres. Entre as instituições e serviços cadastrados estão:

3.1 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) -


Compõem a estrutura da Polícia Civil e são encarregadas de realizar ações de
prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal. Nessas unidades é
possível registrar o Boletim de Ocorrência (B.O.) e solicitar medidas protetivas
de urgência nos casos de violência doméstica contra a mulher. Segundo dados

34
do Ministério da Justiça, até agosto de 2012 havia 475 Delegacias ou Postos
Especializados de Atendimento à Mulher em funcionamento no país.

3.2 Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAMs) – São espaços


de acolhimento e acompanhamento psicológico e social à mulher em situação
de violência. Também fornecem orientação jurídica e encaminhamento para
serviços médicos ou casas abrigo.

3.3 Casas Abrigo – Oferecem asilo protegido e atendimento integral


(psicossocial e jurídico) para mulheres em situação de violência doméstica
(acompanhadas ou não dos filhos) sob risco de morte. O período de
permanência nesses locais varia de 90 a 180 dias, neste período as usuárias
deverão reunir as condições necessárias para retomar a vida fora dessas casas
de acolhimento provisório.

3.4 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) – Unidades públicas


que desenvolvem trabalho social com as famílias voltado em promover um bom
relacionamento familiar, o acesso aos direitos e a melhoria da qualidade de vida.

3.5 Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Órgãos da


Justiça Ordinária com competência cível e criminal, são responsáveis por
processar, julgar e executar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher.

3.6 Órgãos da Defensoria Pública – Prestam assistência jurídica integral e


gratuita à população desprovida de recursos para custear honorários a
advogados e os custos de uma solicitação ou defesa em processo
judicial/extrajudicial ou de um aconselhamento jurídico.

3.7 Serviços de Saúde Especializados para o Atendimento dos Casos de


Violência Contra a Mulher – Contam com equipe multidisciplinar
(psicólogas/os, assistentes sociais, enfermeiras/os e médicas/os) capacitada
para atender os casos de violência doméstica contra a mulher e de violência
sexual.

35
Nos casos de violência sexual, as mulheres são encaminhadas para exames e
são orientadas sobre a prevenção de DSTs – incluindo HIV – e da gravidez
indesejada. Além disso, oferecem abrigo, orientação e encaminhamento para
casos de abortamento legal.

A Rede de Atendimento inclui também: Varas Adaptadas de Violência Doméstica


e Familiar; Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério
Público; Serviços de Abrigamento e outros.

3.8 Ligue 180 -‘A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180’ presta uma
escuta e acolhida qualificada ao público feminino em situação de violência. O
serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos
competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o
funcionamento dos serviços de atendimento.

Fornece ainda informações sobre os direitos da mulher como os locais de


atendimento mais próximos e apropriados para cada caso. A ligação é gratuita e
o serviço funciona 24 horas por dia. São atendidas todas as pessoas que ligam
relatando eventos de violência. O Ligue 180 atende todo o território nacional e
também pode ser acessado em outros países

36
Considerações finais
A violência contra as mulheres é, de fato, um problema de grandes proporções
e está intrinsecamente ligada à sociedade patriarcal em que vivemos. Para que
possíveis mudanças ocorram, será necessário um esforço coletivo contínuo. No
nosso dia a dia, somos constantemente confrontados com a violação dos
direitos das mulheres, seja pela desigualdade salarial, seja pelas agressões
físicas ou até mesmo pela morte delas.

Nos últimos anos, o enfrentamento dessa problemática tem ganhado mais força
com leis importantes, como a Lei Maria da Penha e a lei 13.104/15. No entanto,
na prática, essas medidas ainda não são suficientes para mudar o panorama
da violência contra as mulheres.

Nesse mesmo período, vimos o crescimento do culto à cultura machista, não


apenas nas redes sociais, mas também no cotidiano das pessoas. Situações
que antes eram vistas apenas na ficção agora se tornaram corriqueiras, e a
mídia tem um papel importante nesse processo, ao disseminar informações
rapidamente. Não podemos negar que a violência contra as mulheres tem
aumentado nos últimos anos.

Como futuros profissionais, é necessário desenvolver várias habilidades no


enfrentamento da violência contra as mulheres. Isso inclui desde a sensibilidade
para identificar a violência até a inteligência emocional para articular a
assistência adequada a essas mulheres.

O Serviço Social desempenha um papel fundamental no fornecimento de


suporte às vítimas de violência. Os profissionais dessa área têm a capacidade
de avaliar todo o contexto em que essas mulheres estão inseridas, graças à
sua formação e vivência ao longo dos anos. Eles possuem uma visão mais
apurada das múltiplas dimensões da violência, o que lhes permite oferecer um
suporte abrangente e direcionado às necessidades específicas de cada mulher.

Como seres humanos e profissionais, devemos continuar lutando pela


igualdade de gênero e pelo fim da violência contra as mulheres. A violência não

37
pode ser tolerada em nenhuma de suas formas, e é nosso dever como
sociedade combater essa problemática.

38
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como uma violação dos direitos humanos: do positivado ao noticiado. Gênero &
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39
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