BPM Business Process Management. Gerenciamento de Processos de Negócios Livro Interno Não Divulgar
BPM Business Process Management. Gerenciamento de Processos de Negócios Livro Interno Não Divulgar
BPM Business Process Management. Gerenciamento de Processos de Negócios Livro Interno Não Divulgar
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 31. Mapa do campo regulatório da ANS (Fonte: Site da ANS) ....................... 130
Figura 32. Distribuição de operadoras e beneficiários no Brasil – Dezembro/2005 ... 131
Figura 33. Requisitos para processo de aprovação de medicamentos, FDA (2006a) .. 134
Figura 34. Requisitos para processo de aprovação de medicamentos, FDA (2006a) .. 134
Figura 35. Comparação de baixa e alta maturidade e os cinco estágios de maturidade.
Fonte: ROSEMANN & BRUIN (2005) ..................................................................... 138
Figura 36. Modelo de Maturidade de BPM. Fonte: ROSEMANN & BRUIN (2005). 142
Figura 37. Modelo de Estrutura de Trabalho para Classificação de Processos.
APQC(2006)............................................................................................................... 165
ÍNDICE DE TABELAS
Dedicatórias
Roquemar Baldam
A Elaine, em quem encontro na sua felicidade a minha própria.
A Cláudio Batista, grande companheiro e Solange, pela gracinha de pessoa.
A Ronaldo, querido amigo e padrinho, e Jussara, cúmplice em grandes vinhos.
A Renato Fundão, de pescarias maravilhosas e Tuca, de risadas mil.
A Lúcio, Simone e Júlia, pelos incontáveis momentos inesquecíveis.
Rogerio Valle
A Carmen, pelos ensinamentos na arte de sorrir para a vida.
Humberto Pereira
Ao meu pai (Seu Tião) e à minha irmã (Ana Margarida), pelo incentivo e dedicação
incansáveis e incondicionais, amenizando as dificuldades de cada nova caminhada.
Sérgio Hilst
A minha mãe Margarida, mestra, amiga e companheira de seonhos, sempre presente (in
memorian).
Maurício Abreu
Aos meus queridos filhos Renan e Stephannie e minha amada esposa Susana pelo incentivo
e carinho que sempre me deram e aos meus amados pais Joel e Ilce pela base da minha
formação.
Valmir Sobral
Aos meus pais José Freire Sobral e Maria José Santos Sobral e a minha avó Maria Petronila
Cruz (in memorian).
Sobre os Autores
Roquemar Baldam
Membro do SAGE/COPPE/UFRJ. Professor do MBKM/COPPE/UFRJ. Coordenou e
gerenciou vários projetos de Gerenciamento de Processos e Informações para empresas de
porte como CVRD, Petrobras, Oi, Banco Volvo, CNEN, Furnas, SESC, entre outras. Autor
e co-autor de oito livros sobre ferramentas tecnológicas, informação não estruturada e
processos. Palestrante em vários eventos correlatos. Autor de diversos artigos correlatos.
Coordena a base de Conhecimento do SAGE-COPPE sobre BPM. Palestrante em diversos
congressos e seminários no Brasil e no exterior.
Rogerio Valle
Professor do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, onde coordena o
SAGE - Laboratorio de Sistemas Avançados de Gestão da Produção. É engenheiro
mecânico (IME), mestre em Engenharia de Produção (COPPE/UFRJ) e doutor pela
Universidade de Paris V.
Humberto Pereira
Membro do SAGE/COPPE/UFRJ, possui experiência com desenvolvimento de software
com atividades relacionadas à formalização de requisitos e processo de desenvolvimento.
Atua na Petrobras como consultor em projetos de gerenciamento de processos de negócio,
tendo participado em projetos de modelagem, de elaboração de modelos
organizacionais e de prospecção tecnológica sobre BPM.
Sérgio Hilst
Membro do SAGE/COPPE/UFRJ, onde executa estudos sobre processos e projetos,
graduado em Engenharia Eletrônica. Empresário e consultor, atualmente é coordenador de
projetos, e presta serviços de consultoria nas áreas de gerenciamento de projetos e
processos, para diversas organizações da esfera pública e privada. Professor em cursos de
graduação e pós-graduação da FGV e Faculdades Integradas de Curitiba. Co-autor de:
“Responsabilidade Social Empresarial: teoria e prática”, “Tecnologia da Informação
transformando as organizações” e autor do livro “Gestão de Projetos: teoria e práxis” (no
prelo).
Maurício Abreu
Doutorando e Mestre em KM pela COPPE/UFRJ. Ministra aulas nas seguintes instituições:
COPPE/UFRJ; CASI/UFF; FGV; FUNCEFET; UNESA; UNIRIO entre outras.
Autor do livro: Projeto de Banco de Dados - Uma visão prática (Ed. Érica) e co-autor no
livro "Que Ferramenta Devo Usar? – Gestão do Conhecimento" (Ed. Qualitymark).
Palestrante em diversos congressos e seminários no Brasil e no exterior. Consultor com
mais de 17 anos de experiência nas áreas de Qualidade da Informação, Processos de
Negócio, KM e Data Warehouse, atuando em grandes organizações do setor público e
privado: PETROBRAS, TELEMAR, TJERJ, GLOBOSAT, PRODERJ, TRT/RJ,
ITAIPU Binacional, Petróleo Ipiranga, Marinha do Brasil entre outras.
Valmir Santos Sobral
Membro do grupo de pesquisas em Processos de Negócios e Business Rules do
SAGE/COPPE/UFRJ. Experiência em projetos de modelagem de processos, modelos
organizacionais, prospecção tecnológica sobre BPM. Coordenador de Gestão da Informação
do RH/AMS da Petrobras.
Agradecimentos
Aos professores e colaboradores do SAGE, pela oportunidade e confiança no
desenvolvimento deste livro.
Aos nossos alunos de pós-graduação e de cursos de extensão, pela troca de experiências
diversas.
Ao grupo de estudos de processos, em especial a Marília Magarao e Eduardo Miguez.
Aos professores Henrique Rozenfeld e Marcos Cavalcanti, cujas excelentes críticas na fase
preliminar deste trabalho, permitiram dar maior solidez ao texto.
Às empresas que gentilmente cederam exemplos para ilustrar o livro.
Sinopse
Resenha
Catálogo
O objetivo geral do livro é nutrir o mercado com informações relevantes sobre a
disciplina que hoje mais interesse desperta no ambiente empresarial: o Gerenciamento de
Processos. Todas as iniciativas modernas de administração ( BSC, ISO 9000, Custeio ABC,
Six Sigma, SOX, ISO 14000, indicadores, etc) necessitam da visão de processos.
Adicionalmente, os processos constituem a base de discussão para a melhoria de
desempenho das organizações e apoio à implantação de sistemas de informação.
Marcas registradas
ARIS Tool Set e Aris são marcas registradas da IDS Scheer.
Prefácio
A idéia do presente livro surgiu de uma constatação surpreendente: não há, nas
livrarias brasileiras, um livro específico e abrangente sobre Gerenciamento de Processos de
Negócios (BPM). Em meio às inúmeras publicações sobre Teoria Administrativa lançadas
na última década, nenhuma aborda exclusivamente este tema, que é central para as
transformações contemporâneas na gestão das organizações. Afinal, da qualidade total aos
sistemas corporativos de gestão, da gestão ambiental à adequação às exigências de
Governança, todas as recentes inovações em gestão passam diretamente pelo BPM.
Os autores desejavam preencher este vazio, mas não de um modo apressado, ou
superficial. Envolvidos com a pesquisa acadêmica e com trabalhos em empresas de
diversos segmentos das esferas pública e privada, sabem que as empresas precisam de
conhecimentos palpáveis, provados pela experiência. Sabem também que, cada vez mais,
elas reconhecem esta necessidade, evitando repetir os numerosos casos de adesão irrefletida
(e cara) a modas gerenciais passageiras.
Para atender a estas exigências, optaram por basear a presente obra na melhor e mais
atualizada literatura internacional disponível. Quando as páginas que se seguem apresentam
a fundamentação teórica do BPM, não exibem mera erudição sem conseqüências;
demonstram, isto sim, o quanto a clareza conceitual obtida pelos experts é vital para se
obter patamares superiores de resultados. Quando elas descrevem aplicações práticas do
BPM nas organizações, não vendem imagens ilusórias; ao contrário, disponibilizam o
aprendizado de sucessos e fracassos resultante de casos reais e comprovados, no mundo
inteiro.
Estamos certos de que, com a leitura deste livro, o administrador de processos
poderá partilhar os conhecimentos sobre BPM de que hoje dispõem seus colegas da
América do Norte, Europa e Ásia. Mais do que isto, julgamos que ele poderá abrir
perspectivas próprias e gerar novas idéias. Não há melhor maneira de acreditar na
capacidade do conhecimento qualificado, quando se trata de melhorar o desempenho das
organizações.
Rogerio Valle
Coordenador SAGE (COPPE/UFRJ)
1. CONTEXTUALIZANDO O BPM
1
Apesar de existir este mesmo acrônimo como: Business Performance Management, Business Process
Modeling ou mesmo conforme indicaria alguns autores normalmente ingleses, que apontam o BPM como
uma ferramenta e não uma técnica gerencial, neste livro é sempre adotado o conceito tal qual a BPMI /
BPMN.
• Não redundância;
As definições do BPMN são compatíveis com as da ISO 9000. Esta define processo
como “um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas, que transformam
entradas em saídas”. Aliás, quase todas as definições mencionam um fluxo de entradas e de
saídas.4 Esta conceituação destaca que o propósito de qualquer processo é transformar os
recursos que entram (que podem ser materiais, formas de energia, informações ou os
próprios clientes) em recursos com valor adicionado, a serem disponibilizados para clientes
internos ou externos (aço, energia aproveitável, dados relevantes, pacientes curados, etc.),
bem como em recursos com valor público adicionado (empregos, impostos, benefícios à
vizinhança, etc.). Há ainda, inevitavelmente, dois outros tipos de saída: recursos sem valor
imediato (resíduos sólidos, emissões de gases e efluentes líquidos, a serem reaproveitados,
tratados ou dispostos) e informações que realimentarão o sistema organizacional,
propiciando melhorias e indicações quanto ao seu desempenho. Para transformar os
recursos entrantes em saídas (e assim produzir bens e serviços), os processos valem-se de
2
Apesar de “atômica” ser a tradução direta, pode ser entendido como “elementar”, menor porção.
3
www.bpmi.org
4
Por exemplo, Harrington (1993) define processo como: “uma série de atividades que recebe um insumo,
agrega-lhe valor e produz um produto ou uma saída (aplicação de habilidades adicionando valor a um
insumo)”.
5
Uma conceituação similar é dada por N. SLACK et al., Operations Management. Londres, Pitman
Publishing, 1995, pág. 385-388, que, contudo, omite as informações de feedback, as saídas indesejadas e as
contribuições para o Bem Comum.
6
Estes são os mesmos itens relacionados quando trabalhando com IDEF 0, que será discutido posteriormente.
O mesmo é constituído, entre outros itens, com componentes de caixas ICOM (input, control, output and
mechanisms) onde cada caixa representa uma atividade.
pode variar de um país para outro, logo, as saídas indesejadas (poluição) e a forma de
produzir poderão diferentes, mesmo que o produto desejado nos processos seja o mesmo.
Muitas são as imagens que as pessoas usam para pensar as organizações. Morgan
(1986), por exemplo, aponta oito maneiras habituais de visualizar as organizações:
• Como máquinas;
• Como organismos;
• Como cérebros;
• Como culturas;
A visão por processo procura entender “o que precisa ser feito e como fazê-lo”.
Nela, as tarefas não são definidas exclusivamente em função dos departamentos da
organização. Ao se decidir o que precisa ser feito, primeiramente tem-se em mente as
atividades que agregarão valor para a organização sem se preocupar inicialmente em saber
qual o departamento que as executará. Neste caso, como mostra a Figura 3, um processo
pode cruzar departamentos e solicitar serviços de cada um deles dependendo da atividade a
ser executada.
7
O que pode indicar uma visão de “Processo de Montagem”.
Mas o que ocorrem com os departamentos e organogramas com uma visão por
processos? Nas palavras de Gonçalves (2000b):
Poderia haver uma empresa com uma gestão exclusivamente por processos em todas
suas atividades? Esta situação não passa de um modelo idealizado. Na prática, há empresas
que apenas “tendem a ser centradas em processos”, caminhando para uma maior maturidade
em processos, mas com departamentos e com uma certa visão funcional, coexistindo com a
visão de processos. Para se ter uma idéia mais clara sobre a visão de processos na
organização, Jeston & Nelis (2006) indicam as características da Tabela 1. Claro que os
dois “modelos ideais” representam mais um conjunto de sintomas e poderá haver uma
mistura destas duas visões na organização.
Incorpora o BPM como parte da prática gerencial. Gerenciamento de processos não é foco primário.
Envolve o BPM na estratégia. Apóia várias iniciativas isoladas de BPM.
Os executivos seniores possuem foco em processos, Entende que processo é importante pelos problemas
especialmente o presidente, pois os demais tendem a que causa (qualidade, lista de reclamações, etc.).
seguir o líder.
Possui clara visão de seus processos e como se Pode possuir Cadeia de Valor bem definida, lista de
relacionam. processos e subprocessos. Talvez até possua alguns
processos modelados.
A estrutura da organização reflete seus processos. A estrutura da organização reflete seus
departamentos.
Entende que podem surgir tensões entre os processos Pode tornar uma tensão em frustração e criar
e departamentos e possui meios de sanar tais mentalidade de punição.
situações.
Possui um executivo sênior destacado para área de Funcionalidades baseadas em responsabilidade que
processos e integração dos mesmos dentro da não cruzam departamentos.
organização.
Recompensas e prêmios baseados em metas de Recompensas e prêmios baseados em metas de
processos. departamentos.
É muito comum a mistura destes dois. É verdade que suas fronteiras são, por vezes,
muito sutis, mas há algumas diferenças cruciais entre as duas abordagens, conforme mostra
a Tabela 2.
gestão de riscos, cronogramas físicos e possuem sentido prático. Exemplo: não há porque
financeiros, relatórios, etc. criar um plano de comunicação, cronograma ou
mapear riscos para cada cheque que fosse
compensado num processo de compensação de
cheques.
Exemplos típicos: Exemplos típicos:
• Desenvolver um novo produto ou serviço. • Preparar estudo de mercado detalhado.
• Implementar uma mudança organizacional. • Programar produção.
• Planejar novo veículo de transporte. • Gerenciar pedidos/perguntas do cliente.
• Desenvolver ou adquirir um sistema de • Determinar custos de RH.
informação. • Definir necessidades de acesso à
• Construir um prédio ou instalações. informação.
• Levar a cabo uma campanha política. • Preparar orçamentos e planos periódicos.
• Implementar um novo processo ou • Pagar faturas.
procedimento organizacional. • Vide anexo II para um conjunto mais
detalhado.
General Motors. Harvey (2003)8, com razão, assinala que “as inovações tecnológicas e
organizacionais de Ford foram meras extensões de tendências [já] bem estabelecidas”. Ele
lembra que a tendência à constituição de grandes corporações teve início em 1840, com as
estradas de ferro; pelo final do século, já havia vários trustes e cartéis. Para Harvey, Ford
não fez mais do que levar ao extremo a idéia da divisão do trabalho de Adam Smith, o que
lhe propiciou, é verdade, significativos ganhos de produtividade. Tauile (2001) vai na
mesma direção, ao resumir que “o fordismo é igual ao taylorismo, mais a esteira rolante”.
Contudo, o próprio Harvey aponta a grande originalidade de Ford: ter percebido a
associação entre produção em massa e consumo em massa”. A generalização de salários
relativamente elevados e de limites na jornada de trabalho — reivindicada, havia muito,
pelo movimento sindical, mas só deslanchada empresarialmente por Ford — deu aos
trabalhadores renda e tempo suficientes para consumir os produtos fabricados, em
quantidades cada vez maiores, pelas corporações. Piore e Sabel (1984), contudo, ressaltam
que o fordismo representa mais o triunfo de uma idéia, do que o de uma necessidade
econômica em si.
8
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo, 1992, p. 122.
negativos do meio social e da história pessoal, numa época marcada pela depressão
econômica, pelo sindicalismo combativo, pelo banditismo, pela imigração etc.. Tudo isto,
em prol de respostas adequadas ao aumento da produtividade. Mais tarde, a Teoria
Comportamental de Simon, Argyris, McGregor e Likert daria continuidade a esta segunda
geração da Racionalização do Trabalho, aperfeiçoando seu enfoque com técnicas da
Sociologia das Organizações.
9
Para maiores detalhes sobre esta e outras passagens desta análise, remetemos o leitor a Valle (2007), cap.1.
eficiência nas funções cedeu lugar à já mencionada busca de flexibilidade por meio da
gestão dos processos (alterando-os a cada novo produto ou serviço). Ora, as linhas de
produção tradicionais não suportavam estas contínuas mudanças nos processos. Montella
(2006) observa:
10
“Autonomação” é um “neologismo forjado a partir da contração de duas palavras: autonomia e automação.”
CORIAT, Benjamin. Pensar pelo avesso: o método japonês de trabalho e organização. Rio de janeiro:
Editora da UFRJ/Revan, 1994. p. 52.
11
Para detalhes sobre Cadeia de Valor veja: PORTER, Michael. Vantagem Competitiva: Criando e
Sustentando um Desempenho Superior. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1985.
12
Vale lembrar que, na época, as escolas de engenharia ensinavam a tratar defeitos de produção em “número
de defeitos por itens produzidos”; de um momento para outro, passou-se a pensar em “defeitos por milhão
de itens produzidos”. A mudança no paradigma de qualidade foi, portanto, brutal.
• Oitenta por cento dos problemas somente podem ser resolvidos por decisões
gerenciais;
13
Cf. Harrington, Esseling & Nimwegen (1997). Os autores eram sócios da Ernest & Young quando do
lançamento do livro.
14
Cf. Harrington, Esseling & Nimwegen (1997) e Valle (2006).
CHAMPY, 1994), uma composição de fatores fez dela uma solução salvadora: a
necessidade de reestruturar rapidamente os processos frente ao aumento da competição
internacional; ocorreu o desenvolvimento estrondoso das ferramentas de TI, permitindo
criar modelos de negócios antes impensáveis; havia a clara percepção de que as técnicas
gerenciais fordistas já não bastavam para satisfazer os clientes. Os managers americanos
não acreditavam que a melhoria contínua propalada pelo modelo japonês bastaria para
aumentar suficientemente os índices de qualidade, prazo ou custo e ansiavam por saltos no
desempenho (cf. Figura 5).
15
FAST – Fast Analysis Solution Technique é uma ferramenta de melhoria de processos lançada pela IBM em
meados dos anos 80 e posteriormente aperfeiçoada por outras corporações e empresas de consultoria.
16
Harrington, Esseling e Nimwegen (1997) estimam, baseados em estudos da Ernest & Young, que a
reengenharia pode reduzir custos e ciclos de processos em 60 a 90% e taxas de erros em 40 a 70%. Porém,
pode ser aplicada apenas em 5 a 20% dos processos nas organizações. Se mais de 20% dos processos da
organização precisam ser reengenheirados, deve-se repensar toda a organização, pois é indicativo de que
maiores problemas gerenciais ou tecnológicos podem estar invisíveis.
Por mais que a interligação dos processos seja desejável, seu preço, no caso dos
ERP’s, é uma rigidez na alteração do software que controla os processos. Este
engessamento é mais evidente em atividades nas quais há constante alteração nos
processos: call centers, instalação e reparação de telefones fixos, pesquisa e
desenvolvimento, serviços bancários, seguros, engenharia, etc. Sem dúvida, bancos,
seguradoras e empresas de telecomunicação estão entre os grandes usuários de ERP’s, mas
usualmente para processos com menor variação ao longo do tempo e maior padronização
(pessoal, contábeis, de compras, etc.).
Assim, a partir sobretudo da virada do século, surgiu uma terceira grande onda de
difusão da visão de processos: o Gerenciamento de Processos de Negócios (BPM). A
habilidade para mudar o processo passa a ser mais relevante do que a habilidade para
criá-lo, pois ela gera as condições para que toda a cadeia de valor possa ser monitorada,
continuamente melhorada e otimizada (SMITH & FINGAR, 2003). A flexibilidade passa a
ser buscada por meio de intensa participação do trabalhador ou equipe envolvida nas
mudanças. Com o BPM, a transformação das organizações deixa de ser uma arte imprecisa
e de resultados imprevisíveis, tornando-se uma disciplina administrativa e de engenharia,
com indicadores predefinidos, mas alteráveis. Ela exige: 17
17
Adaptado de Cf. Smith & Fingar (2001, p.9 a 27), Cf. Harrington, Esseling & Nimwegen (1997) e Cf.
Davenport (1994).
Várias pesquisas de mercado têm apontado o BPM com sendo de interesse das
empresas em geral como forma de resolver ou contribuir de maneira acentuada na solução
de uma série de problemas organizacionais. Pesquisas realizadas pelo Gartner (AREVOLO,
2006) e Forrester (2006), por exemplo, reforçam intensamente este discurso.
Quais são os motivos deste elevado interesse? Como em tantas outras situações,
uma resposta única parece insuficiente, uma vez que toda tendência gerencial reflete um
conjunto de mudanças sociais. De fato, a literatura identifica várias causas para o elevado
interesse atual pelo BPM. Burlton (2001), p. ex., menciona a “hipercompetitividade global”,
o crescimento da complexidade organizacional, a maior exigência dos atores envolvidos
(acionistas, imprensa, etc.) quanto à transparência nos negócios e o maior uso das
tecnologias informáticas que permitem transações entre empresas (e-Business). Sem
pretender exaurir a questão, apontaremos a seguir alguns dos fatores da difusão do BPM
mais freqüentemente mencionados.
Muitos países viram o sucateamento de seu parque têxtil, p. ex., devido à concorrência
chinesa. Davenport julga, com razão, que este contexto levou os clientes a serem muito
sensíveis a preço e qualidade, lançando assim as empresas numa interminável luta por
análise e melhoria de cada item de seu modo de produção; neste contexto, o sucesso dos
métodos japoneses deve ser atribuído ao seu estudo minucioso dos processos produtivos.
Nem tudo, porém, é “hipercompetição”. O BPM (como, aliás, também o ERP) vem
sendo aplicado mesmo em setores oligopolizados (ou seja, nos quais há fraca concorrência).
A pressão por resultados, neste caso, vem do patamar de lucratividade imposto pelo
mercado financeiro.
18
SIQUEIRA, Luiz Gustavo Primo. Modelo de Governo de Processos da Área Internacional da Petrobras. In:
2º Seminário Brasileiro de Gestão de Processos, Rio de Janeiro, Anais. Rio de Janeiro: SAGE-COPPE-
UFRJ. Volume único, p. 1-41. 01 ago. 2006. CD-ROM.
única? Como tratar as especificidades culturais de cada empresa original?19 Estas questões
abrangem um número significativo de empresas, que se vêem às voltas com confusões,
posicionamentos diferenciados e discussões sobre papéis, responsabilidades, aplicação de
recursos, deslocamento de talentos-chave, escolha de prioridades, etc. (BURLTON, 2001).
19
LEAL, Márcia Andréa de Matos. A Organização e Arquitetura de Processos na Telemar. In: 2º Seminário
Brasileiro de Gestão de Processos, Rio de Janeiro, Anais. Rio de Janeiro: SAGE-COPPE-UFRJ. Volume
único, p. 1-62. 01 ago. 2006. CD-ROM.
• Passa-se a usar tecnologias adaptáveis, nas quais regras e fluxos possam ser
alterados sem grande envolvimento de programadores;
Ora, como bem perceberam Kumar & Strehlow (2004), toda esta maior rapidez no
desenvolvimento de novos produtos e serviços causa muitas confusões de responsabilidades
e atividades, que desorganizam a estrutura funcional estabelecida; só resta aos gerentes
buscar reconstruir o processo de produção de cada item.
20
Para maiores detalhes veja Harrington, Esseling & Nimwegen (1997, p. 8).
Como já vimos, a evolução descomunal da informática nos últimos anos foi um dos
motivos da uma grande onda de estudo e compreensão de processos, em meados dos anos
90. Naquele momento, Davenport (1994) constatava que:
21
O Sarbanes-Oxley Act de 2002 (Public Company Accounting Reform and Investor Protection Act,
comumente abreviado SOX ou Sarbox) é uma lei norte-americana, criada em resposta aos escândalos
financeiros de corporações como Enron, Tyco International e WorldCom. Ela exige práticas mais
transparentes e confiáveis na geração de relatórios financeiros. A lei atinge todas as empresas que têm ações
em bolsas americanas, mesmo as estrangeiras, afetando assim, direta ou indiretamente, todas as grandes
corporações.
22
Basel I e Basel II foram editados pelo Basel Committee on Banking Supervision (BCBS), referindo-se ao
Acordo de Supervisão Bancária (recomendações de leis e regulamentos bancários) da Basiléia.
23
COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission) é uma iniciativa de 1985 do
setor privado nos Estados Unidos. O maior objetivo é identificar fatores que causam relatórios financeiros
fraudulentos e fazer recomendações para reduzi-los. Ela estabeleceu uma definição comum de controles
internos, padrões e critérios para que as organizações possam ter controle de seus sistemas.
Estas questões solicitam uma nova visão sobre os sistemas de informação: a visão
da integração com a atividade-fim, ou seja, a integração com os processos de negócio. Para
cumprir este papel, as ferramentas de TI que apóiam o BPM devem (Smith e Fingar, 2003;
Davenport, 2005; Davenport, 1994; Khan(2004); Jeston & Nelis (2006)):
24
Vários autores comentam que muitos dos sistemas de TI (incluindo alguns ERP’s) possuem a flexibilidade
(melhor seria fluidez) de “concreto líquido” antes da implantação, quando tudo é possível, qualquer forma é
factível de se adaptar; porém, após a implantação, transformam-se em “concreto endurecido”, dificílimo de
ser alterado: qualquer pequena alteração é custosa e demorada e transformações contínuas podem implicar
em ter de alterar toda a estrutura inicial.
Uma análise interessante foi feita por Smith & Fingar(2003), com influência de
Davenport (1994), conforme mostra Tabela 4.
• Uma estrutura de orientação ao BPM que seja clara e objetiva, que inclui o
Manual de Processos;
25
Davenport (1994); Harrington, Esseling e Nimwegen (1997); Smith e Fingar (2003); Harmon (2003); Jeston
& Nelis (2006), entre outros.
Todos estes modelos supõem que a empresa já possua uma estrutura preparada para
fazer o BPM, formal ou não (isto é, incluída ou não em seu organograma).
& Ho (2005) e implementadas as alterações que em nosso ver se fazem necessárias à visão
integrada do BPM.
Será apresentada, a seguir, uma descrição sucinta de cada uma das etapas que
compõem o ciclo. Este pode ser aplicado a um processo em particular, tanto quanto a uma
gestão integrada de todo o feixe de processos da organização, existentes ou futuros.
26
BSC: Balanced Scorecard é uma metodologia desenvolvida, em 1992, pelos professores da Harvard
Business School, Robert Kaplan e David Norton, hoje amplamente disponível e aceita. Seus passos incluem
definição da estratégia empresarial, gerência do negócio, gerência de serviços e gestão da qualidade. Cada
um destes passos é implementado através de indicadores de desempenho. Os requisitos para definição
desses indicadores partem de um modelo baseado em quatro perspectivas geradas pela visão e pela
estratégia empresarial: financeira, clientes, aprendizado e processos internos.
27
SWOT: Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).
A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer Análise de Cenário (ou Análise de Ambiente),
sendo usado como base para gestão e planejamento estratégico de uma corporação ou empresa. A técnica é
creditada a Albert Humphrey, que liderou um projeto de pesquisa na Universidade de Stanford nos anos 60
e 70, usando dados da revista Fortune sobre as 500 maiores corporações. Devido a sua simplicidade, a
Análise SWOT pode ser utilizada para qualquer tipo de Análise de Cenário, desde a criação de um blog até o
gerenciamento de uma grande empresa.
28
O gráfico de Pareto, também conhecido como Curva ABC, ou 80-20, é baseado no teorema do sociólogo
italiano Vilfredo Pareto que, num estudo do século XIX sobre renda e riqueza, observou que 20% da
população concentrava 80% da riqueza nacional. Na teoria administrativa, a curva ABC proporciona
parâmetros de classificação induzindo, p. ex., que uma eliminação de apenas 20% das causas de problemas
redunda na resolução de 80% destes.
29
Custeio ABC (Activit-Based Costing) é um método de custeio baseado nas atividades que a empresa efetua
no processo de fabricação de seus produtos. Foi desenvolvido pelos professores americanos Robert Kaplan
e Robin Cooper (Harvard), em meados da década de 80.
Porém, quem assumiria o cargo de CPO e onde ficaria locado o BPM? Piemonte
(2007) afirma que mudanças culturais em termos de gestão na organização podem ocorrer
devido à implantação do BPM, dadas as circunstâncias pelos quais o mesmo for
implantado. Indica que várias dúvidas surgirão ao implantar o BPM e relacioná-lo com TI.
Por exemplo:
• Sendo colocado o BPM como assessoria da presidência, teria voz ativa para
demandar cumprimento de sua continuidade? Não geraria um “super-cargo”
dentro da organização?
• Sendo o BPM colocado com uma diretoria com poderes executivos, não
causaria confrontos diretos com demais diretores e gerentes?
Assim sendo, relacionar de alguma forma o cargo de CIO com o de CPO pode ser
uma iniciativa interessante. Porém, fique alerta: o CPO precisa ter um nível de fluência e
Porém, esta formação pode, por vezes, estar com vícios que atrapalham projetos de
modelagem de BPM. Intensivamente vistas são as situações em que o usuário se nega a usar
um sistema ou reclama do mesmo porque ele não reflete o que foi solicitado ao pessoal de
TI. Ficamos com as reclamações típicas:
• O pessoal de TI (ou equipe que fez o levantamento) afirma que o usuário não
sabe explicitar o que quer.
• O usuário diz que a TI (ou equipe que fez o levantamento) não entende o que
ele deseja criando sistemas do jeito que querem e não da forma necessária e
solicitada.
Sabe-se, da prática de modelagem, que descrever como algo funciona com todas
suas nuances é algo muito complexo de ser feito. Não podemos cair na inocência de achar
que o usuário conseguirá de uma única vez descrever totalmente o problema. Sempre
ouvimos dizer que a riqueza de leitura de um livro é que “o leitor complementa a história
com seu próprio imaginário e sua base de conhecimento, trazendo assim a partir do livro
sensações e experiências diferentes para cada leitor”. Por que esperar que em modelagem
de processos isso não ocorresse? A compreensão do processo é a ponte entre o negócio e a
TI. E esta ponte só funcionará se as partes a construírem juntos, compreendendo
plenamente seu funcionamento, sem dúvidas, inferências ou deduções que podem não ser a
realidade dos fatos. Para evitar estas distorções, todo processo modelado, sempre que
possível e existir dados disponíveis, deve ser validado com casos reais e registros para
minimizar estas ocorrências.
• Dois quadros com pincéis coloridos (um para esquemas e outro para
resultados da reunião), ou um quadro suficientemente largo (quatro metros
ou mais).
• Computadores.
• Ferramenta de modelagem;
• Simulador;
• Editor de textos;
• Planilha eletrônica;
Antes de iniciar o trabalho, deve-se pensar em como executá-lo, para que não se
perca o foco e o alinhamento à estratégia da organização, garantindo-se assim os resultados
esperados pelos patrocinadores. Para isto, é muito útil um manual de procedimentos (ou,
para não se fugir à nomenclatura deste livro, uma documentação do “processo de gerir
processos”). Trará as informações básicas de como o BPM é conduzido na organização,
como os processos são escolhidos, como é modelado e otimizado, como é implantado um
novo processo e como processos em andamento passarão a ser monitorados e, por fim,
como é feito o controle de diversos tipos de processos.
Nem todas estas atividades cabem necessariamente aos gestores de processos. Parte
das definições poderá vir de outras esferas da organização (matriz, diretoria, consultoria
externa), ou até mesmo de fora dela (p. ex., de órgãos regulamentadores31). A literatura é
unânime32 quanto à necessidade de apoio da alta administração e de considerar o BPM
como um dos propósitos estratégicos da organização, sob pena de comprometer seu sucesso
e sua continuidade. Caso contrário, têm-se apenas casos pontuais de sucesso, mas não uma
implantação com benefícios amplos e uma nova filosofia de trabalho. Afinal, todas as
iniciativas que envolvem processos nas organizações — como ERP’s, ISO 9000, ABC, etc
— implicam em atuação direta da alta administração para sua implantação, pois são ações
que cruzam os diversos departamentos, gerando atritos, conflitos de interesses, falta de
compreensão das metas propostas, etc.
30
O PMI é relevante referência neste tema.
31
Entre o dia 5/10/88 (promulgação da Constituição Brasileira de 1988) e 5/10/2004, foram editadas
3.315.947 novas normas regendo a vida do cidadão e das empresas, o que significa, em média, 832 normas
por dia útil. As atividades de atendimento regulatório consomem 7,6% do tempo administrativo das
empresas brasileiras, comparado a 4,1%, em média, na América Latina. Esse número classifica o Brasil no
segundo lugar na lista dos países do continente em que assuntos burocráticos tomam mais tempo, atrás
apenas do Haiti. FELIX (2006, p. 42).
32
Davenport (1994); Harrington, Esseling e Nimwegen (1997); Smith e Fingar (2003); Harmon (2003); Jeston
& Nelis (2006).
Não são apenas os processos que apresentam problemas (qualidade, custo, prazo,
visibilidade da marca, etc.) que passarão por otimização (inovação, redesenho, melhoria
contínua, etc.). Um processo de atendimento ao cliente, por exemplo, poderá ser
completamente migrado para a Internet, ainda que esteja funcionando perfeitamente; na
verdade, para minimizar custos e prazos de atendimento, poderá até mesmo ser desdobrado
(atendimento via Internet para a maioria dos clientes e atendimento telefônico para
exceções), aumentando assim o número de processos.
• Fazê-lo por completo é complexo e pode levar mais tempo que o benefício
direto e imediato por ele gerado;
Assim, criar a Visão Global de Processos da organização não é algo traumático, nem
um empecilho para iniciar um projeto de BPM. O importante é obter uma compreensão dos
processos da organização, desde o nível estratégico ao operacional, como mostra a Figura 9.
Nos projetos de modelagem e estudo isolados de processos pontuais, os processos são
descritos somente de modo operacional, perdendo-se por vezes a compreensão de onde eles
se encaixam no todo. Quando se dispõe de uma Visão Global de Processos, o papel de cada
processo fica bastante claro, ainda que não haja documentos. Entre os benefícios de um
modelo integrado de Visão Global, podemos citar:
Figura 9. Exemplo de Visão Global de Processos baseado em Cadeia de Valor. Fonte: adaptado de Leal
(2006).
É desejável que esta Visão Global de Processos seja feita de acordo com as
perspectivas das partes envolvidas: a da organização (que tende a ser holística) e a dos
usuários (que tende a ser mais focada em problemas específicos de uso). A razão dos
usuários terem visão mais focada no processo em si, do que no seu efeito na organização
como um todo, é explicado por Simon (1979) como um efeito da racionalidade local. Diante
da falta de conhecimento completo sobre tudo que o cerca e sobre as conseqüências de suas
possíveis ações, o agente toma decisões e direciona seus esforços com base naquilo que
julga ser adequado para a situação que se apresenta. Ele não usa todo o conhecimento
potencialmente existente, mas apenas o conhecimento que lhe é acessível. Logo, não há
garantias de que ele tenha tomado a decisão ótima, mas simplesmente uma decisão
aceitável.
Várias técnicas, bem distintas metodologicamente, podem ser utilizadas para criar a
Visão Global de Processos da organização, entre elas a Cadeia de Valor e o IDEF033.
Embora a Cadeia de Valor seja aplicável principalmente a macro processos com fins
estratégicos, seu uso pode contribuir de modo significativo para a compreensão do nosso
objeto de estudo. A Figura 9 mostra um exemplo de Visão Global de Processos, usando as
premissas de Cadeia de Valor.
33
Integration Definition for Function Modeling nível 0
Figura 10. Exemplo de Visão Global de Processos de compra de grandes valores, usando premissas de
IDEF 0. Fonte: elaboração própria
Figura 11. Visão Global de Processos segundo modelo de Harrington, Esseling e Ninwegen. Fonte:
adaptado de Harrington, Esseling & Ninwegen(1997)
34
Cf. Harrington, Esseling & Ninwegen (1997)
Figura 12. Visão Global de Processos segundo modelo de Jacka e Keller. Fonte: adaptado de Jacka &
Keller (2002)
Figura 13. Visão Global de Processos na visão do eTOM. Fonte: TM Forum (2007).
Figura 14. Detalhe da Figura 13 representando esquema geral do eTOM. Fonte: TM Forum (2007).
É a fase mais visível do BPM. Cada autor apresenta uma abordagem própria da
modelagem e otimização de processos. Há, portanto, inúmeras técnicas e metodologias,
sem que fique claro quais podem ser aplicadas em todas as situações de BPM. Na verdade,
certas técnicas são mais aplicáveis a um determinado tipo de processo (suporte, produtivo,
estratégico), ou de uso do modelo (funcional, comportamental, etc.).
De maneira geral, pode-se dizer que esta etapa compreende duas grandes atividades:
Sucede, porém, que a mente humana resiste a separações radicais entre o que é e o
que deve ser. Todo ver já prepara um desejo sobre o futuro. De fato, na prática das equipes
de processo, a própria atividade de modelar um processo As Is os induz a fazerem
julgamentos e a imaginarem mudanças desejáveis. Esta propensão a unir os dois momentos
não se restringe, de modo algum, aos especialistas em BPM. Atinge também (e,
freqüentemente, com mais força) os próprios líderes e operadores de processos, a tal ponto
que, na coleta de dados para a modelagem, o modelador precisa usar técnicas apropriadas
para certificar-se que seus interlocutores descrevem o processo de forma objetiva e não de
um modo idealizado.
É por esta razão que, no ciclo de BPM proposto neste livro, a segunda etapa
(modelagem e otimização de processos) engloba a modelagem As Is e a modelagem To Be,
considerando-as como dois momentos distintos, mas intimamente ligados.
• Simular alternativas;
35
Técnicas como 5W2H (Who? What? Where? When? Why? How? How much?) e 3R’s (Rule, Role, Route)
são comumente usadas para checar se as informações necessárias à compreensão dos processos foram
realmente coletadas.
36
Esta classificação de perspectivas foi elaborada anteriormente por Curtis, Kellner & Over(1992)
Percebe-se pela Tabela 5 que cada técnica permite apenas algumas das perspectivas
possíveis. Mesmo outras técnicas não apresentadas na tabela37, mais orientadas a negócios,
caem em situação semelhante. Assim, é provável que uma modelagem anterior, realizada
com um propósito específico (por exemplo, implantar um ambiente ERP, sistema de
informação gerencial e informacional), possa não ser adequada a outros propósitos (por
exemplo, treinamento de equipes, para o qual uma modelagem com perspectiva funcional é
mais apropriada).
37
Como a BPMN (Business Process Modeling Notation) e EPC (Event-driven Process Chain). A UML está
incluída na tabela com sendo OO (Object Oriented).
38
Não será aqui discutido o Gerenciamento de Projetos. Para detalhes de condução de projetos, uma
referência muito usada é o Project Management Institute. PMI (2000).
39
Conforme já citado por Lin, Yang e Pai (2002), que embutem informações consideradas relevantes, como
competências e sistemas necessários (embutida em recursos), itens de controle para construção dos
indicadores de desempenho (embutido nas informações).
• Identificação dos itens mais significativos e de ganho rápido que podem ser
rapidamente implementados;
• Um relatório desta fase. A Tabela 6 traz uma relação de possíveis dados que
poderão ser coletados.
40
Joint Application Development (JAD) é uma técnica de levantamento de dados que traz os usuários para o
desenvolvimento do processo como participante ativo.
A especificação BPMN, criada pelo BPMI43, provê uma notação gráfica para
representar processos de negócios num diagrama. O objetivo do BPMN é servir de apoio ao
uso do BPM por não-especialistas, fornecendo-lhes uma notação bastante intuitiva que, no
entanto, permite representar processos de negócio complexos. A especificação BPMN
oferece ainda uma conexão entre a representação gráfica e a construção de linguagem de
execução de processos BPEL4WS44. Apoiada desde o início por várias empresas de renome
41
Dentre as metodologias de fluxograma destaca-se a ISO 1028 (Processamento de Informação – símbolos
para fluxogramas), que padroniza uma série de símbolos para uso em processos de negócios.
42
Veja Tabela 5 para outros exemplos de metodologias
43
BPMI – Business Process Management Initiative, hoje incorporada à OMG (www.omg.og).
44
BPEL4WS - Business Process Execution Language for Web Services
Figura 15. Exemplo de modelagem de processos usando BPMN. Fonte: elaboração própria.
45
Casewise, Infosys, Sybase, Proforma, Lombardi, Seebeyond, Igrafx, Filenet, entre outras.
Programas
Divulgação Efetuada
concluídos
Contato inicial
concluído
Manter contato
periódico
Agendamento
Contato Finalizado
elaborado
Conduzir entrevista
e análise
dos documentos
Matrícula de aluno
Sistema altualizado
Figura 16. Exemplo de modelagem usando EPC. Fonte: Cortesia Marília Magarão
Existe uma quantidade muito significativa de ferramentas que podem (e devem) ser
usadas como apoio à modelagem, porém não há consenso num ponto: se o especialista em
processos deve ou não usar o software durante entrevistas com usuários finais que não
possuam experiência alguma com ele. Fazê-lo significa grande economia de tempo, mas:
• Melhoria contínua;
• FAST;
• Benchmarking;
46
Como sugestão de leitura, sugerimos o excelente trabalho: GIANOTTI, Vito. Muralhas da linguagem.
Editora Mauad: Rio de Janeiro, 2004.
• Redesenho de processo;
• Inovação de processos.
Por mais prosaico que possa parecer àqueles habituados a apresentações sofisticadas
(com projeções, computadores, etc.), funciona muito bem, nesta etapa, a simples exposição,
sobre uma mesa ou numa parede, de uma impressão (em grande formato) do diagrama do
processo. Sobre esta impressão em grande formato se debruçam os membros da equipe de
processos, munidos de canetas coloridas, lápis e pequenos blocos de papel adesivo, destes
típicos de anotar recados51 que facilitam a troca de posições de comentários, acertos in loco
dos processos, sugestões de melhorias, etc. Afastar o efeito “pirotécnico” de softwares de
apresentação produz, geralmente, efeitos surpreendentes de participação dos envolvidos.
Veja na fotografia da Figura 17 um exemplo de exposição de processos usado na Klabin.
47
Também conhecido com Diagrama Espinha de Peixe ou Ishikawa. Usado na identificação das causas que
geram um determinado efeito ou problema.
48
Fornece dados que permitem priorizar problemas.
49
Apresenta a tendência e incidência do problema objeto de estudo.
50
PDCA - Plan, Do, Control and Action. Método proposto por Deming, aplicado especialmente a Controle de
Qualidade.
51
Sharp & McDermott (2001); Mckay & Radnor (1998).
Figura 17. Exemplo de processos expostos para facilitar a discussão em grupo. Fonte: Verillo(2007)
A FAST foi usada originalmente pela IBM em meados dos anos 80. Posteriormente,
foi refinada pela GE, desenvolvida pela Ford com o título de RAPET e adotada pela Ernest
& Young com o título de EXPRESS. Em todos estes casos, a idéia é a mesma: rápida ação e
rápido resultado. Aplicada inicialmente a processos que necessitam revitalização na
organização52, a FAST consiste basicamente em uma reunião de um ou dois dias, durante a
qual a atenção do grupo envolvido num processo é concentrada na definição de como o
grupo poderá melhorá-lo nos próximos noventa dias. Antes do fim da reunião, os gerentes
responsáveis devem aprovar e apoiar, ou rejeitar a proposta de melhoria.
52
MCCWORKPLACE. Process engineering: strengthening your operations. Disponível em:
<http://www.mccworkplace.com/proengin.html>. Acesso em: 29 set. 2006.
redução de custo, de tempo de ciclo e da taxa de erros (entre 5 e 15%) no período de três
meses em que se desenrola a FAST. Suas fases são as seguintes.
4. A equipe se reúne por um ou dois dias, para desenvolver o processo e definir que ações
devem ser adotadas para melhorar seu desempenho. Somente ações que estão sob
responsabilidade do patrocinador e da equipe e que possam ser implementadas em três
meses são contempladas. As demais são separadas, para análises futuras.
8. As soluções aprovadas são implantadas pela equipe nos próximos noventa dias.
2.4.2.4. Benchmarking
Segundo Luis & Rosenfeld (2006), a realização do benchmarking passa por cinco
fases genéricas:
53
Cf. Harrington, Esseling & Nimwegen, 1997.
Por outro lado, quando corretamente aplicada, pode poupar muito tempo e trazer
experiências já testadas em outras organizações.
Muitos sugerem que esta abordagem seja aplicada a processos de suporte ao negócio
e não aos processos-chave e estratégicos (Core Business).
• Eliminar burocracia;
• Analisar o valor agregado;
• Eliminar tarefas duplicadas;
• Simplificar métodos;
• Reduzir o tempo de ciclo;
• Testar para reduzir erros;
• Simplificar os processos por reestruturação organizacional;
• Usar linguagem simples;
• Padronizar;
• Realizar parcerias com fornecedores;
• Usar automação, mecanização e tecnologia da informação.
organizacional existente. O processo começa como uma folha em branco, como se a equipe
fosse criar o processo pela primeira vez. Muito difundido em meados dos anos 90, teve em
Hammer & Champy (1994) seus grandes divulgadores.
• Uso da Teoria do Um: é definido o que precisa ser feito para entregar ao
cliente o produto desejado. É necessário questionar por que não se pode
entregar o produto pronto em apenas uma atividade, com apenas uma pessoa
executando, em apenas um lugar, em um mesmo tempo, ou melhor, sem
intervenção humana. Se isso não for possível, mais um recurso é adicionado
ao processo e o fluxo é refeito. O objetivo é sempre usar o mínimo de
recursos para entrega do produto.
54
Para uma discussão dos motivos que trouxeram descrédito à Reengenharia, vale consultar Melão & Pidd
(2000).
55
Cf. Harrington, Esseling & Nimwegen, 1997.
Porém, como é fácil compreender, não convém sobrepor abordagens. Por exemplo,
não há como esperar grandes melhorias, quando se redesenha um processo recentemente
inovado.
2.4.2.9. Simulação
56
Entende-se aqui como “bancada de teste” os testes feitos na prática com equipes e/ou equipamentos que
realmente serão envolvidos no processo futuro.
• Atualizar os entregáveis;
• Treinar a equipe;
Nos ambientes fabris, o controle de processos foi difundido pela terceira geração de
racionalização do trabalho. O CEP, por exemplo, é utilizado há décadas para denunciar
desvios, ou tendências a desvio, de processos. Em plantas químicas e de energia, p. ex.,
sistemas computadorizados permitem que os gráficos e indicadores do controle de processo
sejam exibidos em telas, lembrando os cockpits que permitem uma visão total do
funcionamento dos aviões. Daí surgiu o sonho de um controle semelhante dos processos de
negócios, algo que parece quase utópico, considerando-se a permanente mutação dos
processos numa organização. Muitas coisas conspiram contra os cockpits de processos de
negócio: mudança de gerentes, indefinição de indicadores, dados não centralizados.
57
Será visto à frente.
58
Pode-se aqui incluir ferramentas desenvolvidas internamente à organização.
O exagero de otimismo no uso da TI parecia não ter fim. Porém, no início dos anos
2000 muitas das promessas sobre os benefícios reais da TI nos negócios caíram por terra e
começa-se a pensar em TI de modo mais sólido e menos festivo que antes. Muitas das
empresas “.com” tiveram problemas e outras tantas entraram em processo de falência. As
quedas continuadas das ações na Nasdaq59 refletiam que os investimentos solicitados pela
área de TI não necessariamente traziam todo o retorno que havia sido imaginado. Uma
dificuldade maior de aprovar orçamentos relacionados a este fim fez a TI mergulhar em
seara similar a outras áreas das organizações. Ou seja, para ter orçamentos aprovados, já
não bastava somente a promessa qualitativa, mas indicativos reais e palpáveis,
preferencialmente com dados de outras situações similares, de que haveria retorno sobre o
investimento feito, além de outras justificativas comuns de implantação.
Vale lembrar ainda que as técnicas em geral que se propõe a medir desempenho da
organização, usando BSC e BI por exemplo, precisam simultaneamente de saber dados
relativos à que processos serão colhidos e onde colher estes dados. Via de regra, ainda mais
se tratando de ambientes administrativos, não há como contar de modo eficaz com as
planilhas de gerentes. O uso da coleta de dados a partir de sistemas de TI como controle do
processo facilita em muito esta tarefa.
59
Bolsa de valores das empresas de tecnologia nos EUA
intelectuais.
Desintermediação Eliminação de intermediários num processo.
Outro erro seria supor que se possa resolver plenamente um problema de BPM
simplesmente comprando esta ou aquela ferramenta de TI. Ninguém se torna um excelente
motorista só porque comprou um carro ou excelente cirurgião por tem comprado um bisturi.
Diferentes pessoas podem ter resultados totalmente diferentes pelo uso da mesma
ferramenta. Dependerá da destreza e experiência aplicada na ferramenta.
• SOA;
• ECM;
• Business Rules;
Estas iniciativas podem ser um facilitador para uma rápida implantação devido a
possuir previamente testado processos de negócios já testados e funcional, com
possibilidade de se integrar a outros construídos de maneira similar.
3.4.2. SOA
3.4.3. ECM
A idéia central por trás dos sistemas ERP, que hoje dominam todas as grandes
organizações, é a centralização de dados estruturados em banco de dados, no intuito de
facilitar o gerenciamento e criar sinergia de trabalho. No entanto, não ocorreu o mesmo
nível de empenho em relação às informações não estruturadas (documentos em papel,
email, documentos eletrônicos, faxes, etc.) (ROCKLEY, KOSTUR & MANNING, 2003).
Vários softwares em uso, espalhados pela organização, geram silos de informações, nos
quais, por questões de racionalidade local, as pessoas tendem a guardar consigo relevantes
informações operacionais, gerando redundâncias, dificuldade de acesso à última versão,
perda de dados, desconhecimento da existência de documentos, etc.
60
Características para que um documento possa ser considerado como tendo fé pública.
mundo, usando par de chaves (uma pública e uma privada). Possui força de Lei61 e é cada
vez mais usada em meios jurídicos.
As organizações possam criar certificados próprios para uso interno. Porém, para
uma validade ampla e sem restrições de foro, somente são válidos os certificados emitidos
por órgãos filiados à ICP-Brasil (Infra-estrutura de Chaves Públicas), o que garante
inclusive a origem do certificado.
As regras de negócio (business rules, ou BR) podem ser entendidas como uma
descrição que define ou restringe certos aspectos do negócio (HAY & HEAKY, 2006).
Quando uma regra de negócio e alterada, as decisões conseqüentes também o são. Uma
regra de negócio pode ser uma regra, uma restrição ou um requerimento regulatório
(DEBEVOISE, 2005). Na prática, isto significa identificar as regras do processo e depositá-
las em repositórios (bancos de dados, por exemplo), de modo que todos que delas precisem
possam consultá-las em um único ponto. Assim, responsáveis pelo negócio podem alterá-
las, sem necessidade de linguagem de programação. A interface do Business Rules (que
normalmente se apresenta como software) deve ser amigável, a ponto de pessoas que não
61
MEDIDA PROVISÓRIA 2.200, de 24/08/2001: “Art. 10 - Consideram-se documentos públicos ou
particulares, para todos os fins legais, os documentos eletrônicos de que trata esta MP.” Note-se que esta
MP continua em vigor, devido à EMENDA CONSTITUCIONAL 32, de 11/09/2001 (Art. 2º- As medidas
provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor, até que medida
provisória ulterior as revogue explicitamente, ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional.)
Tabela 8. Visão geral dos padrões adotados para BPM. Fonte: Havey(2005)
Padrão Parte de Descrição
Business Processes Execution OASIS Linguagem mais popular para BPM, representa
Language (BPEL) um processo como XML com conexões para Web
Services.
Business Processes Modeling Business Process Uma linguagem de processos baseada em XML
Language (BPML) Management similar ao BPEL.
Initiative (BPMI)
Workflow API WfMC Uma API funcional e administrativa com
definições em C, IDl e COM.
XML Process Definition Language WfMC Uma linguagem de processo em XML similar ao
(XPDL) BPEL.
Workflow XML (WfXML) WfMC Uma linguagem XML para comunicação baseada
em web service entre engines de workflow.
Web Service Choreography World Wide Web Uma linguagem XML madura para coreografia em
Interface (WSCI) Consortium (W3C) web service.
Web Service Choreography W3C Linguagem de coreografia XML oficial da W3C.
Description Language (WS-CDL)
Web Service Conversation W3C Uma básica e elegante linguagem XML para
Language (WSCL) coreografia.
Business Process Runtime OMG Um modelo MDA para uma API de BPM
Interface (BPRI) funcional e administrativa.
• Planejamento do BPM;
• Execução de processos;
organizações. Retirando deste contexto certas motivações comerciais62, não há como negar
o fundamento de algumas delas que se propuseram a executar todas as etapas do BPM, mas
não lograram sucesso integralmente.
62
Alguns fabricantes apenas mudaram o nome de seus produtos de software, para ressuscitar a venda dos
mesmos que se achavam em queda.
Figura 20. Referência de Arquitetura para ferramentas de TI aplicáveis ao BPM. Fonte: elaboração
própria.
Podemos observar na comparação das informações deste período que houve uma
redução drástica da quantidade de ferramentas no mercado, bem como um realinhamento
das remanescentes em posições diferenciadas, devido a um refinamento maior da
compreensão das funcionalidades aplicadas em BPM. Várias questões explicam esta
redução:
Desta forma, não haveria sentido em falar numa ferramenta única, que pudesse
contemplar todas as etapas do BPM. Algumas características deveriam estar presentes uma
segunda geração de ferramentas de BPMS, que integram de forma direta as seguintes
tecnologias, e que muitas delas também se encontram disponíveis em produtos
independentes:
Podemos perceber que houve uma melhor compreensão das limitações destas
ferramentas, separando funcionalidades estratégicas, de execução e monitoramento global
dos processos, onde ferramentas isoladas de BSC, BI, ERP, Workflow, ECM, CRM podem
ser amplamente aplicadas e integradas para obter melhores resultados. Vale frisar neste
momento que os grandes fornecedores do mercado tendem a padronizar o uso de suas
ferramentas para plataformas rodando sob o modelo SOA (Service-Oriented Architecture), o
que facilita em muito a integração dos processos envolvidos.
63
Nunca esquecer que um modelo é sempre uma visão dos fatos e não a “realidade transcrita”.
64
Para uma descrição mais detalhada das ferramentas, veja Baldam, et al (2004).
65
KPI – Key Performance Indicators.
66
Para uma descrição mais detalhada destas ferramentas, veja Baldam, et al (2004).
Com a utilização de BAM, as empresas que adotam o BPM são capazes de monitorar
seus processos empresariais, identificando as falhas e exceções, tudo em tempo real. Além
destes aspectos, o BAM permite o rastreamento da execução dos processos e quando eles
obtiverem sucesso ou falharam, permite a construção de registros valiosos sobre o
comportamento que pode conduzir o mesmo a uma melhoria global, bem como prover uma
administração das transações de negócio e redução dos riscos.
• Serviços de Controle;
Uma vez tomada a prerrogativa que muitas organizações podem possuir processos
similares, pode-se ter a percepção imediata que criar/modelar processos similares nas
diversas organizações pode ser retrabalho desnecessário (“reinventar a roda”). Poderíamos
já adotar um modelo de processo pronto e usá-lo e/ou adota-lo como referência para nosso
próprio processo.
67
O Supply-Chain Council foi organizado em in 1996 por Pittiglio Rabin Todd & McGrath (PRTM) e a AMR
Research, e inicialmente incluía 69 companhias voluntárias como membros.
Fundada em 1977, a APQC68 é uma organização sem fins lucrativos que provê
pesquisas de benchmarking e melhores práticas para aproximadamente 500 organizações
espalhadas pelo mundo em todos os seguimentos de indústrias.
68
www.apqc.org
69
Uma taxonomia genérica e de alto nível para processos que encoraja as empresas a perceberem o ponto de
vista de processos nas organizações.
70
Open Standards Benchmarking Collaborative.
71
O TeleManagement Forum foi fundado em 1988 como sendo o OSI/Network Management Forum.
http://www.tmforum.org
processos e como eles interagem. O eTOM equivale ao ITIL72, que corresponde às melhores
práticas na área de Tecnologia da Informação.
Figura 21. Bússola para navegação dentro do repositório do MIT Process Handbook. Fonte:
http://ccs.mit.edu/ph/
72
Information Technology Infrastructure Library - http://www.itil.co.uk
73
http://ccs.mit.edu/ph/
• Para ver atividades em geral das quais a atividade vista faz parte, clique em
<Generalizations>.
5.1.5. RosettaNet
74
http://www.rosettanet.org
75
http://www.gs1us.org/
Tem-se observado que algumas empresas têm procurado partir para modelos mais
flexíveis de implantação de processos (MORATO, 2007). Além de usar ferramentas mais
flexíveis de construção de software, utilizando intensamente componentes do tipo SOA e
filosofia de repositórios de processos, algumas destas empresas tem adotado estratégias
interessantes, como disponibilizar aos seus clientes um repositório de processos pré-
configurados. O cliente faz um download do processo e decide se o usa tal qual
disponibilizado ou se o adapta para uso. O uso tal qual indicado pelo fabricante possui
vantagem quando da migração de versões, mas torna a implantação de processos bem mais
tranqüila.
Considerando os últimos 50 anos, como mostra a Figura 24, à medida que diversos
movimentos gerencias foram se sucedendo, houve uma tendência ao aumento do controle
dos processos. Isto transparece no vasto conjunto de regras, leis e padrões diante dos quais
76
Exemplo: Se a companhia é certificada ISO 9000, então atender às exigências da SOX é menos difícil. E isto
é válido para outras certificações ou referências. Entretanto cada uma destas exigências de certificação
requer conhecimento e esforço próprios
Aumento
do controle
TQM
SOX
ISO 9000 e QA Six Sigma
Iniício do movimento
de controle da qualidade ERA Dot-com
Reengenharia
Aumento
do flexibilidade
77
IDEF – ICAM DEFinition (tornou-se Integrated DEFinition) – ICAM significa Integrated Computer
Aided Manufatunring. IDEF é conhecido como uma família de linguagens com objetivos específicos e
desta famílias os membros definidos e conhecidos são: IDEF0, IDEF1, IDEF1X, IDEF3, IDEF4 e IDEF5,
embora tenha sido pensado até o IDEF14.
78
PERT - Program Evaluation and Review Technique – Técnica utilizada para planejamento de projetos e
normalmente é utilizada em conjunto com outra técnica chamada CPM – Critical Path Methods. Através da
organização das atividades de um projeto em uma rede é possível determinar o caminho crítico para
execução.
No Brasil, a ISO é representada pela ABNT e cada norma ISO que é “traduzida”
para aplicação no Brasil passa a ter o prefixo “NBR”. A família NBR ISO 9000:2000 é
formada pelas seguintes partes: NBR ISO 9000; NBR ISO 9001; NBR ISO 9004 e NBR
ISO 19011. Juntas estas normas tornam o comércio, nacional e internacional, mais
compreensíveis (Barbará, 2005).
79
PNQ – Premio Nacional da Qualidade – www.pnq.org.br
A família de normas NBR ISO 9000 tem como fundamentos os seguintes princípios:
- foco no cliente;
- liderança;
- envolvimento de pessoas;
- abordagem de processo;
- abordagem sistêmica de gestão;
- melhoria contínua;
- abordagem factual para tomada de decisão;
- benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.
Figura 25. Visão do ciclo de evolução obtido pela ISO 9000. Fonte: adaptado de Barbará(2005)
Como estes requisitos devem ser organizados? Duas formas são possíveis e
aplicáveis: alguma forma gráfica de representá-los, ou utilizar-se somente documentação
textual. Esta segunda forma – chamada de “centrada em documentos” - é mais usual. Seu
risco é a “burocratização”: seguir mais o que está escrito, do que o funcionamento do
negócio. Os gráficos são utilizados, mas como mera ilustração embutida nos documentos. A
outra forma é chamada “centrada em processos” ou “orientada a processos”. Neste caso, a
primeira interface que se tem com o sistema da qualidade é gráfica e mostra o sistema de
forma geral. Esta interface gráfica é geralmente hierárquica e à medida que se desce nos
níveis, podemos incluir documentos textuais, normalmente instruções ou narrativas sobre o
funcionamento do processo.
Esta visão sobre ISO 9000 é meramente introdutória. Para se implantar efetivamente
um sistema da qualidade deve ser traçado um plano e, fundamentalmente contar com
orientação profissional especializada — é menos arriscado e mais efetivo.
6.2.2. SOX
Como mostra a Figura 26, é interessante observar que a conformidade com a SOX
envolve vários níveis que transpassam toda a empresa.
Figura 26. Níveis e envolvimento com a SOX numa organização (Cobb, 2005)
Ao longo dos anos aprendemos que processos de produção mais confiáveis são mais
eficazes do que um mero controle de defeitos sobre o produto final. “Prevenir (os defeitos)
é melhor do que remediar (rejeitar as peças defeituosas)”, já nos dizia um velho dito
popular! Mas quando empresas adotam pesadas auditorias como solução para conformidade
com a SOX, estão adotando uma solução nos moldes do velho controle de qualidade no
final da linha de produção. A melhor abordagem é seguramente projetar controles internos
aos processos produtivos, tornando-os inerentemente mais confiáveis. Esta abordagem vai
além dos requerimentos da SOX e provê um framework para atender a qualquer outro
requisito regulatório ou de qualidade.
6.2.3. BASILÉIA I e II
Basiléia é uma cidade suíça que dá nome ao acordo firmado em 1988 entre bancos
de todo o mundo, tratando inicialmente de risco de crédito. O risco de crédito é classificado
entre zero e cem por cento e os bancos para terem presença internacional devem estar
abaixo de 8%. Este acordo, conhecido como Basiléia I, é um framework de risco e
compreendeu 13 países: Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Luxemburgo,
Holanda, Espanha, Suíça, Suécia, Reino Unido, e os Estados Unidos da América.
Basiléia I é agora visto como antiquado, podendo ser facilmente enganado por
regulamentos arbitrários. Portanto, um acordo com um conjunto maior de guidelines,
chamado de Basiléia II está sendo implementado em vários países do mundo.
80
Reveleus – reveleus.com é um fabricante de soluções para gestão de risco.
Cada organização que se veja sob a aplicação das regras do acordo da Basiléia-II
deveria aplicar seus conhecimentos especializados na área financeira e ter como apoio,
profissionais de gestão por processos, de forma a conduzir o processo de obtenção de
conformidade.
6.2.4. OSHA
81
OHSAS 18001 Occupational Health and Safety Zone, - http://www.ohsas-18001-occupational-health-and-
safety.com/index.htm
Diversos benefícios são obtidos com a implantação deste sistema e alguns são:
redução de riscos para os empregados, melhoria do sistema de OH&S, demonstração de
diligência, etc., sendo ainda que, quaisquer destes benefícios interessam a organizações que
desejem:
82
OH&S – Occupational Health & Safety.
REVISÃO PLANEJAR
Gerenciar a revisão de Avaliar Riscos
sistema Produzir objetivos e alvos
Assegurar a disponibilidade realísticos para controlar
de recursos para a melhoria todos perigos
continua relacionados à sua
operação
Melhoria
contínua
VERIFICAR IMPLEMENTAR
Patrocinar auditorias para Produzir uma documentação
garantir que objetivos estão simples e efetiva,
sendo seguidos, procedimentos Treinar e designar
estejam aderentes e as responsabilidades
principais áreas monitoradas Abrir canais de comunicação
organizações, apoiadas pelas claras evidências dos impactos ambientais, têm conseguido
sensibilizar as demais quanto à necessidade de manutenção e a melhoria da qualidade do
meio ambiente, bem como quanto a proteção da saúde humana. O desempenho ambiental,
cada vez mais valorizado no mercado, requer não apenas comprometimento organizacional,
mas também uma abordagem sistemática. Esta consiste da implantação de um sistema de
gerenciamento ambiental, que ofereça ordem e consistência para os esforços
organizacionais com relação às questões ambientais. As principais diretrizes para o sistema
são encontradas na ISO 14000.
ISO 14.000
Sistema de gerenciamento ambiental
(diretrizes e princípios)
Figura 30. Relação entre alguns documentos da Série ISO 14000 – fonte: Portal Ambiente Brasil
A série ISO 14000 pode ter diferentes usos nas organizações e o uso depende de
fatores tais como:
• Dimensão da organização.
O ciclo de gestão do sistema de gestão ambiental deve seguir uma visão básica que
atenda aos seguintes princípios:
• Princípio 1: Uma organização deve focalizar aquilo que precisa ser feito -
deve assegurar comprometimento ao SGA e definir sua política.
• Princípio 2: Uma organização deve formular um plano para cumprir com sua
política ambiental.
6.2.6. ANS
A qualificação, entretanto está ainda no passo de avaliação dos atores, que se divide
em dois componentes, avaliação da qualidade das operadoras e avaliação da qualidade
institucional. A primeira destas avaliações possui quatro dimensões:
Faz-se necessário ainda, para melhor ilustrar o ambiente onde está situada a saúde
suplementar no Brasil, um breve histórico do ponto de vista legal, com objetivo de mostrar
os primeiros passos para o entendimento da regulação neste setor. A Constituição Federal
de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde de 1990 omitiram a necessidade de regulamentação.
Com a Lei 9.656 de 1998, os planos de saúde passaram então a ter uma regulamentação
específica. Os únicos regulados no setor eram os seguros-saúde – regulados pela SUSEP83.
Esta Lei passou então a regular as operadoras de planos de saúde (exceto aquelas que são
seguradoras), com respeito a protocolamento de planos, autorização de funcionamento,
controle econômico financeiro e reajuste de preços. Com a Lei 9.656/98 e com algumas
medidas regulatórias posteriores, abriram-se as possibilidades de controle e fiscalização na
prestação de serviços em saúde.
Neste ambiente atuam diversos atores, muitas vezes com interesses conflitantes, que
podem ser agrupados em função do que a ANS entende por regulação, conforme mostra a
Figura 31. O papel da ANS é essencialmente regulador e é desempenhado através da
elaboração de padrões e da fiscalização do seu uso.
83
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados – Entidade que regulamenta os seguros privados no Brasil.
Pode ser vista também com um referencial de conformidade.
padrão, por entendermos que é de valia para muitas organizações, pois, como na Figura 32,
mais de 40 milhões de brasileiros são atendidos por cerca de 2.000 operadoras de planos de
saúde ou equivalentes.
Qtde. de Qtde. de
Modalidade da organização % %
Organizações beneficiários
Autogestão 307 14,68 5.362.618 12,75
Cooperativa Médica 367 17,55 11.105.624 26,40
Cooperativa odontológica 158 7,56 1.440.886 3,43
Filantropia 108 5,16 1.265.625 3,01
Medicina de Grupo 706 33,76 14.111.129 33,55
Odontologia de grupo 416 19,89 3.995.173 9,50
Seguradora Especializada em
Saúde 12 0,57 4.783.659 11,37
Administradora 17 0,81 - 0,00
Total 2.091 100,00 42.064.714 100,00
Fonte: Cadastro de Operadoras – ANS/MS – jun/2006
Sistema de Informações de Beneficiários – SIB/ANS/MS – jun/2006
Figura 32. Distribuição de operadoras e beneficiários no Brasil – Dezembro/2005
6.2.7. ANVISA
A área de atuação da ANVISA é muito ampla e, no escopo deste livro não cabe
sequer uma descrição sumária de cada uma delas. Entretanto, uma das ações, relacionada ao
mercado de medicamentos, tem um material mais objetivo no portal da ANVISA e
encontra-se aqui sumarizado.
definições estão presentes nesta lei, que envolve diretamente medicamentos, farmácias,
drogarias, representantes e distribuidores de medicamentos e produtores de medicamentos.
6.2.8. FDA
FDA significa Food & Drug Administration e é uma agência do governo norte-
americano que teve a sua criação fomentada desde os meados do século XIX, mas foi na
segunda metade do século XX que foi instituída como agência do departamento de serviços
humanos e de saúde do governo dos Estados Unidos da América.
A principal fonte de informação que é o site da FDA, vária nas descrições dos
diversos centros e este aspecto está refletido neste trabalho. Dentre as atribuições do CDER
está o processo de aprovação de medicamentos genéricos. Este processo, ao qual devem ser
submetidas às proposições de criação de medicamentos genéricos (ANDA84), satisfaz um
conjunto de requisitos semelhantes ao processo de aprovação de medicamentos chamados
84
ANDA – Abbreviated New Drugs Applications.
APPLICANT
Drug Receive
Letter
Review
Application Review
Process Acceptable
&
Complete
N
PreApproval
N Chem/Micro N N Labeling N
Inspection Results Bioequivalence
OK? OK? OK? OK?
Y Y Y Y
85
NDA – New Drugs Applications.
O CVM tem com uma das suas principais prioridades é garantir a segurança de
alimentos derivados de animais e garantir medicamentos seguros e efetivos estejam
disponíveis para animais. A indústria deste seguimento deve estar em conformidade com as
políticas e programas de regulamentação e a Divisão de Conformidade da CVM monitora a
aderência a tal conformidade, executa atividades de educação e propõe ações regulatórias
quando requerido. A Divisão de Conformidade da CVM está comprometida em prevenir
violações e garantir que as leis sobre alimentação, medicamentos e cosméticos através de
guias, educação e ações regulatórias.
6.3. CONCLUSÃO
Conforme indicam Jeston & Nelis (2006), Modelos de Maturidade são usados como
meio de avaliação e comparação para melhoria, de modo a gerar informações para
incremento de capacidade e competência de uma específica área dentro da organização. Um
Modelo de Maturidade em BPM é uma ferramenta que pode auxiliar as organizações serem
melhores sucedidas nesta área, resultando atingir melhores desempenhos operacionais e de
negócios. Adicionalmente, o crescimento da adoção do BPM na organização irá contribuir
para posicioná-lo como prática gerencial duradoura. Em particular, um Modelo de
Maturidade poderá ser usado com os seguintes propósitos:
86
CMM - Capability Maturity Model
Figura 35. Comparação de baixa e alta maturidade e os cinco estágios de maturidade. Fonte:
ROSEMANN & BRUIN (2005)
Uma organização com BPMM no Estágio 1 não possui ou possui poucas tentativas
não coordenadas e não estruturadas de BPM. Tipicamente a organização apresentará uma
combinação das seguintes características:
87
BPMM – Business Process Maturity Model – Termo usando intensamente na literatura inglesa para
expressar Modelo de Maturidade para Processos de Negócios.
Usa uma estratégia de definir seis fatores de maturidade que atingem diretamente o
BPM. Adicionalmente, o modelo permite que se possa analisar a organização de acordo
com o escopo, ou seja, de acordo com as divisões da organização e assim possuir uma visão
mais realista, conforme mostra a Figura 36. A grande parte dos modelos se limita a mostrar
a visão completa da organização, onde não se percebe de imediato como está de fato a
evolução do BPM dentro da organização, o que no caso deste modelo fica facilitado.
Figura 36. Modelo de Maturidade de BPM. Fonte: ROSEMANN & BRUIN (2005).
8.1. INTRODUÇÃO
As teorias sociais, desde as tradições que emanam de Marx, Weber, Adam Smith e
David Ricardo privilegiam tipicamente as formulações do tempo. No geral, elas supõem a
existência de uma ordem espacial preexistente, na qual operam processos temporais, ou
ainda, a redução destas barreiras até tornar o espaço num aspecto contingente, em vez de
fundamental, da ação humana. A teoria estética, por sua vez preocupa-se muito com a
espacialização do tempo.
O conceito de modernidade a partir da idéia de tempo e eternidade é retomado, em
1920, na teoria estética de Walter Benjamin (2000), ao construir o conceito de “tempo-
presente”, depósito de um tempo acabado, com a ajuda do tema da mímesis, facilmente
88
A experiência do tempo e do espaço envolve um novo movimento “(...) de “compressão do espaço-
tempo” no mundo capitalista – os horizontes temporais da tomada de decisões privada e pública se
estreitaram, enquanto a comunicação via satélite e a queda dos custos de transporte possibilitaram cada vez
mais a difusão imediata dessas decisões num espaço cada vez mais amplo e variegado.”. (HARVEY,
2000:141).
pressentido nos fenômenos da moda. Benjamin retoma a teoria estética a partir de três
importantes pensadores do século XVIII: Charles Baudelaire, Immanuel Hermann Fitche e
Friedrich Schelegel.
A partir de 1985, Jürgen Habermas (2000), Zygmunt Bauman (1999) e David
Harvey (2003) retomam o tema do modernismo como ponto de partida para a compreensão
da modernidade. Tendo Walter Benjamin como fonte comum, estes autores percebem a
história do modernismo como movimento estético, e alinhados, têm ainda como referência
para suas investigações o artigo seminal Sobre a Modernidade89, eles ressaltam a passagem:
89
The painter of modern life, publicado em 1863 por Charles Baudelaire.
O filosofo Karl Popper (1987a, 1987b, 1998, 1999, 2003) considera pelo menos
duas formas de racionalismo, uma como falsa e a outra como certa. O racionalismo falso é
um dos caminhos que levam ao utopismo e este, por sua vez, pode ser descrito como uma
forma de racionalismo. A compreensão de como se atingir objetivos consiste na reflexão
sobre os meios mais adequados à realização desses objetivos, ou pelo menos de como se
aproximar mais deles. Esses meios são encarados como escopos que acarretam num
devem ser equilibradas às prioridades das pessoas; só desse modo a gestão da mudança
pode ser conduzida.
pessoa um predicado seu. Mais ainda, a pessoa traduz sua alienação na tecnologia,
identificando-se com ela. Contudo, a técnica não é a pessoa.
A tecnologia surgiu como condição da existência humana, seguindo o pensamento
de Umberto Galimberti em seu livro Psiche e Techne, ao afirmar que “a técnica é a essência
do homem”. (GALIMBERTI, 2006:9).
Desse modo, hoje, pelas dimensões alcançadas e pela autonomia adquirida, a
tecnologia expressa a abstração e a combinação das idealizações e das ações sociais num
nível de artificialidade tal, que nenhuma pessoa é capaz de controlá-la em sua totalidade.
De fato, em tal contexto, além de ser reduzido a “funcionário” da tecnologia, as pessoas
estão fascinadas pela tecnologia, que é outra forma de alienação.
O fascínio pela tecnologia faz esquecer o objetivo principal da informação:
informar. Supor que a tecnologia, em si, possa resolver todas as dificuldades é fetichizá-la.
Concentrar-se apenas na tecnologia como veículo de mudança é subestimar a força da
informação. Mudar esse status quo não é fácil, pois, exige novas estruturas administrativas,
incentivos e atitudes em direção à hierarquia, à complexidade e a divisão de recursos da
organização. É entre outras coisas, perceber o movimento da produção em massa, em
direção à diversificação em massa. Notar a tendência da passagem do consumo de bens para
o consumo de serviços, bastante efêmeros em termos de consumo.
Assim, as pessoas são forçadas a lidar com a descartabilidade, a novidade e as
perspectivas de obsolescência instantânea, numa volatilidade e efemeridade que torna
extremamente difícil qualquer planejamento de longo prazo. Isso acarreta numa alta
necessidade de adaptação e capacidade de se movimentar com rapidez em respostas a
mudanças no mercado e no interior das organizações.
Como evitar ou pelo menos minimizar o simulacro90 tecnológico? Uma saída
possível é partir para a remoção de inconvenientes concretos, aplicar os conceitos de
racionalidade local e informação limitada, evitar falsos racionalismos que manipulam
desejos e gostos mediante imagens que dão a noção de que se é possível criar máquinas
inteligentes e completas e mundos sociais utópicos. O gestor, verdadeiro racionalista, deve
estar sempre consciente do pouco que sabe, também ter consciência do simples fato de que
tudo o que possa possuir pela razão o deve à troca mútua tanto de pensamentos quanto de
competências com as demais pessoas da organização. Inclina-se, portanto, para considerar
90
Designação de um estado de réplica tão próxima da perfeição, que a diferença entre o original e a
cópia é de difícil percepção.
as pessoas como fundamentalmente possuidoras dos mesmos direitos e para considerar que
a razão humana é um laço que as une. Para o gestor, a razão é o oposto do aparato
tecnológico: antes vê nela um meio de dominar a mudança, a resistência e o conflito pela
comunicação.
Processos têm uma aparente estabilidade: embora estejam sustentados por fluxos e
mudanças, levam à noção de que a organização encontra-se em constante transformação,
incorporando tanto características de permanência, quanto de mudança. Processos de
negócio são processos decisórios e seu gerenciamento pode (e talvez deva) ser feito sob um
enfoque da gestão da mudança.
gestão organizacional relacionar essas perguntas e respostas para gerir a mudança. O ritmo
da mudança acelerou muito, enquanto a natureza e as necessidades humanas aceleram
menos. Contudo, o que as pessoas querem do trabalho permaneceu constante: respeito,
confiança, controle sobre o que fazem, a oportunidade de fazerem um bom trabalho,
interações agradáveis com os colegas e outras pessoas, tratamento justo, a oportunidade de
levar uma vida razoável, orgulho com o que fazem e com as realizações que alcançam e a
possibilidade de aprender.
Alinhar, engajar e avaliar o desempenho de pessoas são mecanismos de gestão de
pessoas que podem determinar o sucesso ou fracasso da organização. Modelos de gestão
que visam atrair, utilizar e manter as pessoas que a organização precisa para manter e
expandir seus negócios são elaborados a partir da premissa de se elaborar uma vantagem
competitiva duradoura mediante a compreensão da estratégia de seus clientes e de como
utilizar essa compreensão para selecionar, desenvolver e distribuir pessoas dentro da
organização. Este discurso é muito popular e é recorrente na maioria dos livros que tratam
da “administração dos recursos humanos”.
Tanto o discurso quanto a gestão da mudança são tratados na superfície e num
prazo mais longo: trata-se a mudança como um Vir-a-Ser, com o olhar no futuro e não na
premência do hoje, nos moldes da gestão estética.
Cultura, competências, contratos, necessidades, medos e metas são fatores
organizacionais e pessoais que devem ser considerados na gestão de mudanças. Como usar
seus recursos, tecnologia, informação e pessoas são as aptidões da organização no contexto
de sua estratégia, que as explora nos mercados onde atua. Para tanto, a organização exige
que as pessoas exercitem suas habilidades. Estas podem ser agrupadas na forma de três
necessidades de pessoal: (i) cultura91 – as normas e valores compartilhados que a
organização deseja, para moldar o comportamento e a tomada de decisões; (ii)
competências das pessoas – técnicas, sociais e subjetivas; e (iii) contrato – os acordos
91
“A palavra derivou metaforicamente da idéia de cultivo, do processo de lavrar e de desenvolver a
terra. Ao falar-se de cultura, refere-se tipicamente ao padrão de desenvolvimento refletido nos sistemas
sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais cotidianos... nos dias de hoje ... o conceito de
cultura ... é usado mais genericamente para significar que diferentes grupos de pessoas têm diferentes estilos
de vida... assim como os indivíduos numa cultura têm diferentes personalidades enquanto compartilham de
muitas coisas comuns, isto também acontece com grupos e organizações. Esse é o fenômeno que agora é
reconhecido como cultura organizacional... A cultura não é algo imposto sobre uma situação social. Ao
contrário, ela se desenvolve durante o curso da interação social... As organizações são mini-sociedades que
têm os seus próprios padrões distintos e cultura e subcultura...”. (GARETH, 1996: 115-6, 131, 124).
psicológicos e sociais que a empresa mantém com as pessoas, sobre o quanto elas devem
trabalhar, seu ritmo e seu sistema de avaliação.
As necessidades de pessoas constituem um exame top-down do que a empresa
precisa do seu quadro de pessoal para ter sucesso. Já a prioridade das pessoas, bottom-up,
descrita em termos de necessidades, medos e metas, isto é, o que as pessoas querem hoje, o
que lhes tira o sono por causa de seus trabalhos, suas vidas e suas carreiras e o que querem
para suas vidas e carreiras, no longo prazo.
Organizações têm de equilibrar as necessidades de pessoal, de cima para baixo,
com as prioridades do pessoal, de baixo para cima, para gerir a mudança. Este equilíbrio é
dinâmico e pode ser obtido a partir de uma racionalidade local – atitude das pessoas
alinhadas com a posição da alta administração da organização e vice-versa – ao se remover
inconvenientes concretos no dia-a-dia organizacional.
Burlton(2001) relaciona uma série de preocupações que comumente as pessoas
têm frente à mudanças desta ordem:
• Preocupações básicas:
o Eu terei de me mudar?
• Relacionadas às tarefas:
• Relacionadas à posição:
o Serei premiado?
• Relacionados às pessoas:
o Terei habilidade para fazer “o que tenho que fazer”sem ter sobre mim
muito controle ou aborrecimento?
• Relacionados à aspiração:
que o constituem.
Tarefa Harrington, Esseling & São elementos individuais e/ou subconjuntos de uma
Nimwegen (1997, p 1) atividade. Normalmente, tarefas relatam como um item é
executado especificamente.
Tarefa BPMN (2006) É uma atividade atômica (pouca abrangência) que é
incluída num processo. É usada quando a atividade no
processo não será mais refinado em subprocessos dentro
do modelo do processo. Geralmente executada por um
único usuário final, equipamento ou sistema.
92
Outras visões como a da eTOM , International Benchmarking Clearinghouse e a MIT Process Handbook
são também interessantes e proporcionam uma visão ampla de processos de negócios em organizações.
93
OSBC - Open Standards Benchmarking Collaborative
BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. 5ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
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