Gestão Documental, Da Informação e Do Conhecimento No Setor Empresarial Moderno - Singularidades, Relações e Sinergias
Gestão Documental, Da Informação e Do Conhecimento No Setor Empresarial Moderno - Singularidades, Relações e Sinergias
Gestão Documental, Da Informação e Do Conhecimento No Setor Empresarial Moderno - Singularidades, Relações e Sinergias
NITERÓI
2013
BILLY DUDLEY SENA DO VALLE
NITERÓI
2013
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________________
Lindalva Rosinete Silva Neves (Orientadora)
(Universidade Federal Fluminense – UFF)
__________________________________________________________________________
Clarissa Moreira dos Santos Schmidt
(Universidade Federal Fluminense – UFF)
__________________________________________________________________________
Regina de Barros Cianconi
(Universidade Federal Fluminense – UFF)
NITERÓI
2013
Dedico este trabalho a Deus, a minha
esposa Taylanne e minha filhinha Tayla,
que sem dúvida são a força que me faz
seguir em frente todos os dias.
AGRADECIMENTOS
Tenho muito a agradecer por este trabalho. Tarefa por demais rigorosa, na qual não
conseguiria obter êxito sem o auxilio de todos aqueles que me apoiaram nas horas de
dificuldade.
Primeiramente agradeço a Deus por me presentear com a chance de enfrentar os
desafios que escolho para minha vida. É ele que me guia todos os dias pelos melhores
caminhos, mesmo que eu não tenha a capacidade de percebê-los de imediato. Ele me
permite ter a serenidade para resolver meus problemas sem desespero, e me dá a força
necessária para superá-los. Agradeço a Deus, pois a minha fé nele me permite ter a certeza
de que a incógnita do amanhã é, tão e simplesmente, um motivo a mais para encarar o
futuro com esperança e entusiasmo.
Aos meus pais, Roberto Carvalho do Valle e Josélia da Silva Sena, que mesmo não
tendo desfrutado dos benefícios de uma educação avançada, me apoiaram
incondicionalmente em meus estudos, me incentivando a seguir em frente, acreditando em
meus sonhos quando mesmo eu tinha dúvidas.
À professora Lindalva, Coordenadora do Curso de Arquivologia da UFF, por me
receber como orientando em uma situação difícil, mesmo estando extremamente ocupada
com os recentes afazeres como coordenadora do curso. Agradeço muito por sua
compreensão, disponibilidade, esforço e orientação, sem os quais não teria conseguido
terminar este trabalho.
À professora Ana Célia Rodrigues, por me contagiar com seu entusiasmo pelo
estudo da Arquivologia, sentimento esse que me motivou a iniciar minha jornada pelas
inúmeras veredas dessa área do conhecimento.
A todos os professores com os quais eu tive o prazer de conviver em sala de aula.
Sua dedicação pela arte de ensinar foi a pedra fundamental que originou este trabalho.
Aos meus inúmeros colegas de curso, com os quais compartilhei os bons e maus
momentos de minha trajetória na graduação.
Aos meus amigos, companheiros de todas as horas. Aqueles que estiveram ao meu
lado para me fazer esquecer as tensões existentes durante preciosos momentos e aqueles
que compreenderam meus momentos de reclusão, muitas vezes me policiando e
incentivando a me dedicar mais a este trabalho.
À minha filhinha Tayla Dudley Pereira do Valle, por ela serei capaz de enfrentar
todos os desafios que surgirem em meu caminho.
Agradeço principalmente à minha esposa Taylanne da Silva Pereira, que, além atuar
diretamente na construção desse trabalho, muitas vezes ficando até tarde da noite
revisando os textos, foi a principal pessoa a me cobrar sua conclusão. Agradeço por me
amar e apoiar minhas realizações, incentivando meus sonhos e muitas vezes os tornando
muito maiores do que eu mesmo poderia imaginar. Você é a chama que trás calor a minha
vida, que me ilumina e me permite enxergar além da escuridão.
“Tudo o que temos de decidir é o que fazer com
o tempo que nos é dado.”
(J. R. R. Tolkien)
1
Por não ser foco desse estudo, não serão abordadas as questões inerentes à pertinência dos termos
Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento ou sobre a possível evolução entre estes no cenário
mundial.
2
Tidos como bases de dados e arquivos, documentação de sistema, manuais de usuário, material de
treinamento, procedimento de suporte ou operação, planos de continuidade, procedimentos de recuperação e
as informações armazenadas na instituição (ABNT ISO/IEC 17799/01, p.9, apud SANTOS, 2013, p.177).
LISTA DE QUADROS
GC – Gestão do conhecimento
GD – Gestão documental ou gestão de documentos
GI – Gestão da informação
TIC – Tecnologias de informação e comunicação
SUMÁRIO
1.2 OBJETIVOS................................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 69
12
3
Segundo Beuren e Igarashi (2002) ativos intangíveis (também conhecidos como recursos) são bens
insubstanciais, difíceis de serem vistos, tocados, mas perceptíveis, como as pessoas, as marcas, a qualidade
administrativa, estratégias, a capacidade de interação com o mercado e com a sociedade, valores e preceitos
morais, é uma boa governança corporativa, é a habilidade de atrair e reter os melhores talentos, a capacidade de
inovação, informações de valor para os objetivos de uma organização, o estoque de conhecimentos, etc.
Independentemente de estarem contabilizados possuem valor e podem agregar vantagens competitivas.
13
4
“Entende-se por organização um sistema social organizado segundo um conjunto de valores, normas e
padrões formais e informais de funcionamento, com vistas ao alcance de um ou mais objetivos” (SOUZA, 2009,
p. 1).
5
Segundo Silva (2010, p. 1) recursos estratégicos são aqueles cujo uso infere diretamente e de forma decisiva
para a consecução dos objetivos de uma organização.
6
Para Rousseau e Couture (1998, p. 63-64), informação orgânica é aquela elaborada, enviada ou recebida no
âmbito da sua missão (existente nos arquivos), e a informação não orgânica é aquela produzida fora desse
âmbito.
14
1.1 JUSTIFICATIVAS
7
Segundo Heredia (1991, p.89) ”Arquivo é um ou mais conjuntos de documentos, seja qual for sua data, sua
forma e suporte físico, acumulados em um processo natural por uma pessoa ou instituição pública ou privada no
transcurso de sua gestão, conservados, respeitando aquela ordem, para servir como testemunho e informação
para a pessoa ou instituição que os produz para s cidadãos ou para servir de fontes de história.”.
8
Conforme conceitua Santos (2013, p. 175), “Conhecido como a Teoria das Três Idades, este princípio
arquivístico identifica um ciclo de vida documental que envolve: a) a utilização corrente do documento, quando
está arquivado junto aos seus produtores; b) uma fase intermediária, quando os produtores, embora necessitem
dos documentos para consulta ou para garantir direitos, os utilizam com pouca frequência; c) e a fase
permanente, quando não têm mais utilização para os fins para os quais foram criados e na qual os produtores –
no caso de órgãos públicos -, pelo fato dos documentos estarem abertos à consulta pública, não possuem mais
ingerência sobre eles.”
17
1.2 OBJETIVOS
a) Compreender as políticas de gestão em foco sob uma ótica voltada para a sua
aplicabilidade dentro das organizações;
b) Demonstrar a importância das políticas de gestão em foco como recursos
estratégicos para as organizações obterem qualidade na gestão dos recursos
informacionais;
c) Analisar as possíveis relações existentes entre as políticas de gestão
documental, gestão da informação e gestão do conhecimento, sob uma
perspectiva voltada para a sua aplicabilidade junto às organizações;
d) Ponderar os possíveis benefícios alcançados pelas organizações com o
planejamento e implementação conjunta e consonante das políticas de gestão
em foco.
18
1.3 METODOLOGIA
9
As exceções para esta pesquisa são os trabalhos de Silva (2010), Santos (2013), Pónjuan Dante (2005) e
RISSO
(2012).
19
Tendo em vista que os três objetos principais apresentados neste estudo são
relacionados às diferentes práticas, e/ou âmbitos de aplicação da gestão, é essencial
conhecer sua definição.
Para Nunes (2006, apud Souza, 2007, p.7) existe consenso de que a gestão deva
englobar um conjunto de tarefas que trabalhem para garantir o emprego eficaz de todos os
recursos disponibilizados por uma organização visando alcançar objetivos pré-
determinados.
O Dicionário Brasileiro (1986) e Mosimann (1999), citados por Gazzoni (2003, p. 23),
apontam a gestão como derivada do termo em latim gestione e significa gerir, gerência,
administração.
O Dicionário Aurélio citado por Souza (2007, p. 7) aponta o termo Gestão como o ato
de gerir ou gerência, e um sinônimo do termo administração.
Para o autor citado por Gazzoni (2003) a essência de atuação da gestão é guiar os
empreendimentos para alcançar os resultados almejados e os instrumentos de gestão são o
conjunto de ferramentas que colaboram para a eficácia e eficiência da gestão.
20
Segundo Boisvert (2000, apud GAZZONI 2003, p.24), a gestão é uma parte da
administração que está dentro das funções fundamentais da empresa enquanto Catelli
(1999, apud GAZZONI, 2003) complementa que “gerir é um processo baseado em um
conjunto de conceitos e princípios coerentes entre si, que visam conduzir a empresa rumo a
seus objetivos”, com qualidade e eficiente emprego de seus recursos.
Conforme expõe Souza (2007, p. 7), alguns autores entendem o vocábulo Gestão de
forma diferenciada do conceito de Administração, pois recentemente o primeiro passou a ser
compreendido como a atuação direta e ampla do gestor nos sistemas e procedimentos
empresariais.
Em outras palavras, a gestão pode ser entendida “como o gerenciamento do
conjunto de ações e estratégias nas organizações, de maneira holística, visando atingir seus
objetivos” (SOUZA, 2007, p. 7). Ela administra processo de tomada de decisão que
influencia a escolha do uso de recursos entre variadas alternativas, visando atingir os
objetivos e metas de uma empresa.
A gestão atua através do planejamento, liderança, organização, e controle dos
recursos disponíveis, primando pela eficiência e pela eficácia. Corresponde ao “conjunto de
normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos de produção e submeter a
produtividade a um controle de qualidade, para obter um resultado eficaz” (Dicionário
Houaiss, 2006, p.27). Gerir envolve a elaboração de projetos, planos, relatórios e pareceres,
que abarcam a aplicação de conhecimentos específicos ligados ao conjunto de processos
geridos.
Delimitando o entendimento do termo para as necessidades desse estudo, a gestão
atua para aprimorar os processos com fins de otimização do funcionamento da organização.
Utiliza-se principalmente da tomada racional de decisões fundamentadas no recolhimento e
tratamento de dados e informações relevantes, de forma a colaborar para o
desenvolvimento, satisfazer os interesses de todos os seus colaboradores e/ou
proprietários, assim como para contribuir para a satisfação das necessidades de grupos
específicos ou da sociedade como um todo.
21
Para os autores Beazley, Boenisch e Harden (2004, apud PRADA MADRID, 2008, p.
184, tradução nossa) a definição dos conceitos pode ser apontada como:
Para Setzer (1999, p. 1-2), apresentando uma visão dos termos segundo a ótica da
informática, a definição de dados, informação e conhecimento corresponde a:
“Os dados representam uma anotação bastante simples das observações, porque
tem pouco tratamento” (Bolsoni, 2011, p. 3) e “podem ser considerados como pontos de
partida para a geração da informação e do conhecimento” (SILVA, 2003, p. 24). Segundo
Bolsoni (2011, p. 4) eles podem ser “números, São “[...] fáceis de capturar, comunicar,
armazenar [...]”, e a sua observação pode ser realizada por “[...] pessoas ou por alguma
tecnologia”.
Para Davenport e Prusak (1998, p.2 apud BOLSONI, 2011, p. 4), “dados são um
conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos”. Para os autores, “dados nada
dizem sobre a própria importância ou irrelevância. Porém, os dados são importantes para as
organizações [...], por que são matéria prima essencial para a criação da informação”.
Assevera Bolsoni (2011, p. 3), que “a informação é o resultado de uma gestão dos
dados, ou seja, a coleta, filtragem, organização e análise, a fim de gerar significado”.
Segundo McGee e Prusak (1994, p. 23 apud BOLSONI, p. 3) “a informação não se
limita a dados coletados; na verdade a informação são dados coletados, organizados,
ordenados, aos quais são atribuídos significados e contexto”. O’Brien (1999 apud Silva,
2003, p. 26), define a informação como “um conjunto de dados aos quais seres humanos
deram forma para torná-los significativos e úteis”. Zabot e Silva (2002, p.67 apud Bolsoni,
2011, p. 3) apontam a informação como “um meio ou material necessário para extrair e
24
Lastres e Albagli (1999, p. 30 apud Valentim, 2002, s.p), afirmam que a informação e
o conhecimento:
Quadro 3. Sistematização dos conceitos de informação a partir de autores da Arquivologia e da Ciência da Informação.
Fonte: Rondinelli (2011, p. 102).
26
Para Carvalho e Tavares (2001, p. 46), assim como a “Informação não é coletivo de
dados”, o “Conhecimento não é coletivo de informações”.
O conhecimento são argumentos e explicações, através de teorias, artigos e leis,
aplicadas a um determinado conjunto de informações. Conforme foi visto neste trabalho,
Setzer (1999, s.p.) complementa que o conhecimento abarca a teoria e a prática aliadas a
experiências e habilidades pessoais (conhecimento tácito), que são aplicados nas atividades
cotidianas. É um processo, exige a capacidade única de interpretação do homem, não pode
ser armazenado em computadores e não está sujeito a representações.
Para Miranda (1999, p. 287, apud Valentim, 2002, s.p.) existem três diferentes tipos
de conhecimentos:
Segundo Otled (1934) citado por Rondinelli (2011, p. 33) a definição mais geral para
documento e livro é:
Para Briet (1951, p. 7) citada por Rondinelli (2011, p. 34) documento é: “[...] todo
índice concreto ou simbólico, conservado ou registrado com a finalidade de representar,
reconstruir ou demonstrar um fenômeno físico ou intelectual”.
No Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005, p. 71) documento é
conceituado como “Unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou o
formato”.
Rondinelli (2011, p. 52-53) faz uma ótima relação de conceitos de documentos
abordados por ela em seu estudo:
Quadro 4. Sistematização dos conceitos de documento a partir dos autores da área da Arquivologia e
da Ciência da Informação.
Fonte: Rondinelli (2011, p. 56-57).
31
de uma vontade deliberada e deve ser dotado de uma sintaxe que torne possível sua
compreensão.
O conceito de documento de arquivo expressa um entendimento amplo em
decorrência de este ser “[...] um produto dos atos humanos com funções probatórias, de
conhecimento ou testemunho e que se confunde com o próprio conceito de arquivo”
(ALBUQUERQUE, 2006, p. 34). Tendo em vista a concepção de diversos autores
pesquisados, os documentos de arquivo podem variar segundo sua forma e/ou suporte10
onde a informação está registrada. Porém, se diferenciam de outros documentos devido a
características próprias.
Segundo Duranti (1994, p. 51-53 apud SOUZA, 2013, p. 107), essas características
são:
● a imparcialidade: os documentos são inerentemente verdadeiros.
As razões de sua produção (para desenvolver atividades) e as
circunstâncias de sua criação (rotinas processuais) asseguram o
caráter de prova e de fidedignidade aos fatos e ações;
● a autenticidade: “os documentos são autênticos porque são criados
tendo-se em mente a necessidade de agir através deles, são
mantidos como garantias para futuras ações ou para informação. [...]
Assim, os documentos são autênticos porque são criados, mantidos e
conservados sob custódia, de acordo com procedimentos regulares
que podem ser comprovados”. Duranti ressalta que mesmo aqueles
documentos produzidos à margem desses procedimentos
estabelecidos e regulamentados podem ser considerados autênticos,
tendo apenas o caráter fidedigno de prova documental comprometido;
● a naturalidade: os documentos de arquivo não são coletados
artificialmente, mas surgem de acordo com o curso dos atos e ações
de uma administração. “O fato de os documentos não serem
concebidos fora dos requisitos da atividade prática, isto é, de se
acumularem de maneira contínua e progressiva, como sedimentos de
estratificações geológicas, os dota de um elemento de coesão
espontânea, ainda que estruturada”;
● o inter-relacionamento: “cada documento está intimamente
relacionado ‘com outros tanto dentro quanto fora do grupo no qual
está preservado e [...] seu significado depende dessas relações’.” O
documento, tomado na sua individualidade, não é um testemunho
completo dos atos e ações que o geraram, mas é na relação que ele
10
Material no qual são registradas as informações (DICIONÁRIO Brasileiro de Terminologia Arquivística,
2005, p. 159).
33
Conforme afirma Duchein (1993, p.13) citado por Indolfo (2007, p. 28-60, tradução do
autor), a crise econômica da década de 30 e a segunda Guerra Mundial trouxeram
necessidades que demandaram aos arquivos métodos de tratamento capazes de lidar com
o drástico aumento da massa documental.
Para Ponjuán Dante (2004, p. 129 apud SILVA, 2010, p. 41) podemos definir a
gestão de documentos como “[...] um processo administrativo” que tem a capacidade de “[...]
analisar e controlar sistematicamente [...]”, durante todo o ciclo de vida documental, “[...] a
informação registrada” produzida, recebida, mantida “[...] ou utiliza uma organização, em
consonância com sua missão, objetivos e operações”.
James Rhoads (1983, apud RODRIGUES, s.d., p. 6), em seu estudo RAMP, aponta
três fases para a aplicação da gestão documental:
Esses, entre outros fatores, elevam a gestão documental a um alto patamar como
política de gestão de ativos informacionais, essencial para as organizações modernas
sobreviverem frente às demandas de informação da atualidade.
43
A gestão da informação como conhecemos atualmente, tem uma origem mais antiga
do que se imagina. Conforme aponta Barbosa (2008, p. 6-7), as bases teóricas da gestão da
informação se encontram na disciplina documentação. O autor aponta trabalhos que, na
década de 30, antes mesmo da disseminação dos computadores, já abordavam a temática.
Segundo afirma Dante (2008, p. 27), na década de 70 a gestão da informação passa
a configurar como um foco de estudo e trabalho para as organizações devido à
disseminação do uso dos computadores, ao auge da burocracia e a explosão informacional.
Mas, para a autora, foi apenas na década de 90 que a gestão da informação ganhou
realmente força, alcançando maior influência nas organizações, e em especial nas
empresas. Neste período, foram incorporadas definições sobre as funções e princípios
relacionados com o uso e tratamento da informação como recurso de valor.
A gestão da informação pode ser conceituada como a “administração do uso e
circulação da informação, com base na teoria ou ciência da informação” (ARQUIVO
NACIONAL, 2006, p.100) ou como:
Para Wilson (1997) citado por Tarapanoff (2006, p. 22), configura-se como a
“aplicação de princípios administrativos à aquisição, organização, controle, disseminação e
uso da informação para operacionalização efetiva de organizações de todos os tipos”.
Segundo o Dicionário de Terminologia Arquivística de Lisboa (INSTITUTO, 1993, p.
52-53 apud SERRA JÚNIOR, s.d., p. 6), a gestão da informação pode ser definida como:
De acordo com Davenport (1998, p.27 apud BOLSONI, 2011, p. 5) dentro de uma
organização moderna existem quatro modalidades de informação:
autora, uma “boa interação entre os membros do espaço organizacional é essencial para o
bom funcionamento da empresa”.
Conforme corrobora Souza (s.d, p. 1), citado por Torrizella (s.d, p. 9), há uma
equivocada maioria que trata apenas de dados e informações em computadores, deixando
de lado os arquivos institucionais, importantes fontes de informação orgânica.
Nas diversas áreas que lidam com a informação e com as formas de geri-la podem
ser observadas diferentes técnicas para esta gestão, adaptadas principalmente para os
conceitos de informação adotados e para as necessidades informacionais dessas áreas. Já
nas organizações, a informação registrada junto à capacidade de comunicação e raciocínio
coletivo são atores de destaque e propiciam a análise dos fatos, os quais contribuirão para o
processo de decisão e permitirão ações para auxiliar o alcance da missão institucional.
Dubois (1995, p. 340 apud SERRA JÚNOR, s.d., p. 4), aponta que o referencial
teórico sobre a gestão da informação compreende múltiplas abordagens, e que seu viés
ligado às teorias da comunicação enfocam prioritariamente os processos de produção e
transmissão de informações e o papel dos agentes nos processos de comunicação, não
levando em consideração o sentido do que é transmitido.
Usando como base o exposto por exposto por Valentim (2010, p. 38), temos que a
gestão do conhecimento, pode ser entendida como uma disciplina que se encarrega de
planejar, projetar e implementar um conjunto de práticas, utilizadas pelas organizações com
fins de apoio à identificação, criação, captura e compartilhamento do conhecimento tácito,
através do intercâmbio entre os indivíduos, assim como atuar na disponibilização do acesso
ao conhecimento da empresa como um todo, na forma de conhecimento explícito. Ela atua
no processo de obtenção, gerenciamento e compartilhamento da experiência e da
especialização dos indivíduos da organização, utilizando-se de técnicas e tecnologias de
forma cooperativa, tornando possível o acesso à melhor informação no tempo em que esta
se faz necessária, assim como para tornar possível o uso de qualidade do conhecimento
gerado e adquirido, com fins de alcançar de forma eficiente e eficaz os objetivos da
organização.
É importante salientar que, frente às novas exigências da sociedade do
Conhecimento/Informação, é essencial para as organizações que seus indivíduos se
comuniquem, se conheçam, desenvolvam práticas colaborativas e compartilhem seus
saberes e indiquem aquilo que não saibam.
55
Além disso, conforme aponta NONAKA (2000, p. 30, apud SERRA JÙNIOR, s.d., p.
7), a gestão do conhecimento encontra no compartilhamento de insights um grande desafio,
em grande parte motivada pela ausência de ferramentas que sejam capazes de capturar a
experiência institucional e disponibilizá-la para o aprendizado da organização.o sucesso das
organizações no emprego do conhecimento como elemento de valor para alcançar os
objetivos da organização se dá pelo:
Conforme aponta Higgs (1996) citado por Jardim (1998, p. 35), e, por que não,
incluindo a gestão do conhecimento nesta argumentação:
É importante lembrar que a informação é um recurso que tem sua orbita entorno das
pessoas, principalmente aquelas que necessitam desta informação para desempenhar de
forma adequada as suas atividades. Segundo Risso (2012, p. 4) toda pessoa é
potencialmente uma geradora/usuária de informações. Neste contexto, a gestão do
conhecimento aprimora esta informação absorvida pelos membros de uma organização e
tem como objetivo criar valor através do desenvolvimento desta. Ela é uma política de
gestão que visa aumentar a produtividade e a competitividade de uma organização ao criar
valor com base no capital intelectual11 através dos recursos humanos e se utilizando dos
ativos informacionais.
11
Segundo Dzinkowski (1998) citado por (COGO, PIRES, 2008, p. 15-16), o termo capital intelectual [...]
frequentemente utilizado como sinônimo de propriedade intelectual, ativos intelectuais ou ativos de
conhecimento, [...] esta forma de capital pode ser pensada como o estoque total de recursos de conhecimento
ou valor líquido baseado em conhecimento formalizado que a companhia possui e, como tal, pode ser o
resultado final de um processo de aplicação de conhecimento ou o próprio conhecimento utilizado sob a forma
de informação pelas organizações em seus métodos de produção. [...] complementa a autora, o capital
intelectual, em contraste com o capital físico e financeiro, inclui recursos de conhecimento que podem ser
utilizados pelas organizações e que, enquanto ativos imateriais, são passíveis de combinar, transformar,
explorar, mensurar, avaliar e receber um valor para fins de capitalização em função do seu potencial de uso
futuro.
63
Conforme argumenta Risso (2012, p. 249), um sistema integrado onde exista uma
interação entre o a gestão do conhecimento, a gestão da informação e a gestão de
documentos, permite às organizações alcançar melhores resultados nos objetivos
almejados. E para Risso (2012, p. 249), o ponto comum existente entre as políticas de
gestão abordadas está situado justamente em torno do processo de conversão que
transforma o conhecimento tácito em conhecimento explicito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão de literatura, ora apresentada, corroborou para atestar que é prioritário que
as organizações utilizem os seus recursos informacionais (dados, informações e
conhecimentos) com destreza, inteligência, e criatividade, para a obtenção de vantagem
competitiva, assim como um meio de sanar as exigências advindas das necessidades
derivadas do novo panorama da Sociedade da Informação/Conhecimento. Para alcançar
este objetivo, as políticas de gestão de ativos informacionais abordadas configuram como
poderosas aliadas.
Conforme aponta Silva (2010, p. 76), fica claro perceber que uma abordagem
gerencial que faça uso das relações existentes entre as políticas de gestão abordadas “é de
grande importância para o aperfeiçoamento da gestão dos ativos informacionais e para
agregar valor aos processos” e produtos de uma organização.
Ao se aprofundar nos processos de gestão dos ativos intangíveis é fácil perceber a
sua complexidade. A gestão de documentos, a gestão da informação e a gestão do
conhecimento não são exceção quanto à complexidade de seus processos e a dificuldade
em seu manejo. Tal dificuldade é maximizada pela imprecisão conceitual e teórica dos
68
termos, que vai desde os objetos de estudo, até as próprias políticas de gestão
mencionadas como área. Expressões que configuram como componentes de um conjunto
enorme de termos relacionados, muitos, imbuídos de tamanha incerteza conceitual, que
suas abordagens diferenciadas variam segundo a observação de determinada área de
estudo ou mesmo dentro de uma mesma área de estudo.
A grande profusão de termos relacionados, mas de significados obscuros, e pouco
delimitados, acaba por constituir um grande desafio para a realização dos esforços nas
áreas de gestão organizacional focadas neste estudo. Essa enorme variação de termos é
motivada pelo grande interesse dos estudiosos e das organizações pelo estudo dos ativos
intangíveis, dentre esses, em principal, a informação e o conhecimento. Entretanto, há uma
grande carência de estudos que abordem o seu uso conjunto dentro das organizações, e
que possibilitem compreender melhor as relações existentes entre elas e a forma como
essas relações podem ser exploradas pera melhor desenvolver os negócios de uma
organização.
Tendo o exposto em vista, buscou-se, além de demonstrar a importância dos ativos
informacionais e da sua adequada gestão para a sobrevivência das organizações no
panorama moderno, demonstrar que dados, documentos, informação e conhecimento são
fenômenos intimamente ligados, indissociáveis e complementares. A gestão desses ativos
exige o desenvolvimento de um olhar integrado, que possa visualizar os contornos de cada
uma das políticas de gestão, aproveitando-se das áreas de congruência existente entre elas,
e indo além da soma dos resultados somados para alcançar autos benefícios.
Consequentemente buscou-se mostrar que as políticas de gestão de documentos,
gestão da informação e gestão do conhecimento, apesar de possuírem objetos,
diversificados, estão intensamente relacionadas pelo seu objetivo maior de influir sobre a
qualidade das atividades da organização. Elas visam, segundo suas metodologias próprias,
trazer eficiência e eficácia para os processos ligados direta ou indiretamente aos seus focos
de gestão. Elas são indissociáveis e complementares, e visivelmente o emprego em sinergia
de suas teorias, ferramentas e práticas permitirá às organizações alcançar resultados
maiores do que os possíveis ao se fazer uso individual de cada gestão.
69
REFERÊNCIAS
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71
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