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3ano - PV NEM - 3 Anos

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Caderno do Professor

Aulas de
Projeto de Vida

Edição Novo
Ensino Médio
3º ano
Realização

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

CONSELHEIRO
Alberto Chinen

EQUIPE DE DIREÇÃO
Juliana Zimmerman
Liane Muniz
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Amália Ferreira e Carolina Maciel
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Alessandro Sbampato, André Lacerda Batista, Gisele Sodre Paes, Maria Betânia
Ferreira, Regina Celia Melo de Lima, Reni Adriano Batista e Thereza Barreto
Revisão Ortográfica: Cristiane Schmidt
Projeto Gráfico: Axis Idea e Instituto Qualidade no Ensino
Diagramação: Instituto Qualidade no Ensino

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO


JCPM Trade Center
Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60 - Pina | Sala 1702
CEP: 51010-000 | Recife, PE
Tel: +55 81 3327 8582
www.icebrasil.org.br
icebrasil@icebrasil.org.br

2ª Edição | 2021
© Copyright 2021 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. “Todos os direitos reservados”

2 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Caro professor!

É com muita satisfação que apresentamos o Caderno de Aulas de Projeto de Vida do


Ensino Médio. Ele representa parte dos nossos esforços em oferecer apoio às Equipes
Escolares na formação do jovem autônomo, solidário e competente, do 1º, 2º e 3º ano, de
maneira sistematizada no formato de aulas.

Projetar a vida a partir de uma visão que se constrói do próprio futuro é essencial para todo
ser humano. As pessoas que constroem uma imagem afirmativa, ampliada e projetada no
futuro e atuam sobre ela, têm mais possibilidades de realizá-las do que aquelas que mera-
mente sonham e não conseguem projetar de forma nítida o que pretendem fazer em suas
vidas nos anos que virão.

O que as diferencia é, sobretudo, que aquelas que têm uma visão estão comprometidas,
direcionadas, fazendo algo de concreto para levá-las na direção dos seus objetivos. Tudo que
contribui para que se avance na direção da visão, faz sentido.

É preciso aprender a projetar no futuro os sonhos e ambições e traduzi-los sob a forma


de objetivos, de metas e prazos para a sua realização, além de empregar uma boa dose de
cuidados, determinação e obstinação pessoal para isso.

Projetar a vida é um processo gradual, lógico, reflexivo e muito necessário para as nossas
vidas. É a própria experiência da autorrealização, ou seja, conferir sentido e significado
para a nossa existência no mundo, perante nós mesmos, perante aqueles com quem nos
relacionamos e perante os compromissos que assumimos com os nossos sonhos.

A construção de um Projeto de Vida é uma tarefa para a vida inteira porque ela parte de
um ponto, que é o autoconhecimento e focaliza outro ponto, onde se deseja chegar. Mas, se
Projeto de Vida é a experiência da autorrealização e esta não é um fim, mas um processo,
então “chegar lá” na realização dos sonhos não pode ser o término, mas algo que inclusive
deverá ser objeto de revisões periódicas onde nos submetemos a um processo reflexivo de

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 3


análise consciente e individual sobre se as decisões que tomamos foram satisfatórias e se é
chegada a hora de tomar outras decisões ou não. No fundo, para essa tarefa permanente de
elaboração, revisão e reelaboração ser plena de realização, ela precisa ser encarada como
uma espiral cujo movimento contínuo é uma experiência única para cada um.

Estar ao lado do jovem nesta sofisticada e elaborada narrativa de si, ou seja, na construção
do seu primeiro projeto para uma vida toda, será uma tarefa transformadora. Para ele, que
viverá um mundo de reflexões e decisões importantes e para você, professor, porque ser
seu parceiro significa, por um lado, viver o jovem que foi e, por outro lado, acolher a pessoa
que vive e que está diante de você, cheia de sonhos, desejos, planos e muita vida.

Aqui, apresentamos o componente curricular Projeto de Vida, uma das Metodologias de


Êxito da Escola da Escolha e uma estratégia essencial na perspectiva da formação integral.
Ela deve levar o estudante não apenas a despertar sobre os seus sonhos, suas ambições
e aquilo que deseja para a sua vida, onde almeja chegar e que pessoa pretende ser, mas a
agir sobre tudo isso, ou seja, identificar as etapas a atravessar e mobilizá-lo a pensar nos
mecanismos necessários.

Para o desenvolvimento desta Metodologia de Êxito, a escola, todos os seus professores e


educadores têm papel relevante porque são parte do ambiente e do apoio necessário para
que o estudante desenvolva a crença no aproveitamento do seu potencial bem como a
motivá-lo a atribuir sentido à criação do projeto que dá perspectiva ao seu futuro.

Na escola, todos devem apoiá-lo no reconhecimento e na construção de valores que promo-


vam atitudes de não indiferença em relação a si próprio, ao outro e ao seu entorno social.
Essa estratégia também deverá apoiar o estudante e orientá-lo na sistematização do produto
dos seus aprendizados e reflexões que deverão subsidiar a elaboração do Projeto de sua Vida
ao longo dos três anos do Ensino Médio que agora se iniciam.

As Aulas de Projeto de Vida

O que você precisa saber


Este material faz parte do processo de implantação de um conjunto de inovações em
conteúdo, método e gestão do Modelo da Escola da Escolha que se estruturam a partir
de três eixos orientadores: da garantia da excelência no desempenho acadêmico; da
solidez na formação em valores e do desenvolvimento de um conjunto de compe-
tências fundamentais para transitar e atuar diante dos desafios e das oportunidades
do mundo contemporâneo.

4 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


As aulas foram concebidas para oferecer a situação didática idealizada para apoiar o estu-
dante no desenvolvimento da capacidade de planejamento e de execução, fundamentais
para transformar suas ambições em projetos muito importantes. Para isso, trata de temas
que estimulam um conjunto amplo de habilidades como o autoconhecimento e aquelas
relativas às competências sociais e produtivas para apoiar o estudante na capacidade de
continuar a aprender ao longo de sua vida.

O caderno de aulas de Projeto de Vida

AS AULAS E COMO SÃO CONSTITUÍDAS

No 1º ano serão ministradas um conjunto de aulas de acordo com a seguinte


organização:

1 – Identidade

Aborda temas que estimulam a criação do ambiente reflexivo fundamental para o desenvolvi-
mento do autoconhecimento que deverá levar o estudante ao reconhecimento de si próprio,
das suas forças e das limitações a serem superadas; da autoconfiança e da autodeterminação
como base da autodisciplina e da autorregulação.

2 – Valores

Explora temas e conteúdos que contribuem para o desenvolvimento da capacidade do


estudante para analisar, julgar e tomar decisões baseadas em valores considerados
universais que o ajudarão a ampliar a sua capacidade de conviver através da constru-
ção e da preservação de relacionamentos mais harmônicos e duradouros pautados na
convivência, no respeito e no diálogo.

3 – Responsabilidade social

Refere-se à responsabilidade pessoal e às atitudes do estudante frente às diversas situações,


dimensões e circunstâncias concretas da sua vida.

4 – Competências para o século XXI

Concentra-se nas competências e habilidades necessárias à formação humana, no desenvol-


vimento dos potenciais para viver, conviver, conhecer e produzir na sociedade contemporânea.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 5


No 2º ano serão ministradas um conjunto de aulas de acordo com a seguinte
organização:

1 – Sonhar com o futuro

É a representação daquilo que se é frente àquilo que potencialmente se será num futuro.
As aulas iniciadas neste ano permitem a elaboração de uma espécie de primeiro projeto
para uma vida toda, certamente a mais sofisticada e elaborada narrativa de si, iniciada
na escola.

2 – Planejar o futuro

Estimula e orienta o estudante a compreender que o sucesso das realizações pessoais depende
de algumas etapas iniciais. A idealização de um sonho e os mecanismos necessários para a sua
materialização são alguns dessas etapas, ou seja, é importante desenvolver o planejamento das
realizações pessoais. Para isso é preciso que o professor continue a apoiá-lo no processo de
reflexão sobre “quem ele sabe que é, e quem gostaria de vir a ser”, além de ajudá-lo a planejar o
caminho que precisa construir e seguir para realizar esse encontro.

3 – Definir as ações

Ensina a estruturar um plano de ações a partir dos objetivos que se deseja alcançar.
Assim como, ensina o estudante a administrar de forma adequada os recursos e meios
disponíveis em seu ambiente interno e externo, a fim de criar e potencializar ganhos no
curso das ações desenvolvidas.

No 3º ano serão ministradas um conjunto de aulas de acordo com a seguinte


organização:

1 – Rever o Projeto de Vida

Permite que o estudante aprenda a estabelecer uma periodicidade para o acompanhamen-


to do seu Projeto de Vida através da revisão do seu Plano de Ação (PA), considerando que
essa tarefa é um compromisso permanente consigo e com os outros que o cercam. É por
meio de uma autoanálise que o estudante descobrirá os pontos que exigirão um esforço
pessoal adicional para o cumprimento das metas estabelecidas. Bem como, a necessidade
de reelaboração do seu projeto.

6 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


As aulas que compõem as temáticas deverão:

• Promover atividades que levem os estudantes a compreender que a realização


de sonhos tem uma relação direta com dedicação, apoio de muitas pessoas,
conhecimento adquirido e planejamento entre o hoje e o amanhã;
• Contribuir para a compreensão de que os valores e princípios norteiam a
tomada de decisões de maneira consciente e consequente e que cada um
deve ser responsável pelas escolhas que faz;
• Estimular àqueles que sequer têm sonhos;
• Considerar que o ponto de partida não deve ser o grau de maturidade, mas a
percepção construída sobre si e sobre o “vir a ser”, ou seja, aquele que ainda não
é e a trajetória a ser percorrida para aproximar o “eu presente” do “eu futuro”;
• Contribuir para a capacidade de planejamento e de execução, essenciais
para a transformação de ambições em projetos, desenvolvendo um conjunto
amplo de outras habilidades fundamentais.

Ao final do Ensino Médio, pretende-se que os estudantes sejam capazes de:

• Criar boas expectativas em relação ao futuro;


• Compreender que a elaboração de um Projeto de Vida deve considerar todos os
aspectos da sua formação, sendo fruto de uma análise consciente e individual;
• Agir a partir da convicção de que o processo de escolha e decisão sobre os
diversos âmbitos da vida são um ato de responsabilidade pessoal;
• Despertar para os seus sonhos, suas ambições e desejos, tendo mais clareza so-
bre onde almejam chegar e que tipo de pessoa pretendem ser, referenciando-se
nos mecanismos necessários para chegar onde desejam;
• Conceber etapas e passos para a transformação dos seus sonhos em realidade;
• Compreender que seus sonhos podem se modificar na medida em que se
desenvolvem e experimentam novas dimensões da própria vida e que o
projeto de suas vidas não se encerra no 3º ano.

As aulas contidas neste material não obedecem ao que se estabelece quanto à distri-
buição de tempo do horário escolar, ou seja, as aulas podem se estender para além do
tempo estabelecido e que caracteriza a “aula”. Há também uma indicação de duração
de cada atividade, no entanto, ela serve apenas como parâmetro para orientação do
planejamento do professor.

Para o sucesso da utilização deste material, é importante estabelecer uma relação de


confiança com o estudante, além de um adequado vínculo afetivo que o permita recorrer
ao professor, caso necessário, em busca de apoio e acolhimento.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 7


Além de seguir um cronograma de atividades, as aulas devem ser avaliadas de maneira
sistemática e contínua. Isso permitirá identificar a adesão dos estudantes aos temas
e atividades propostas, bem como verificar se o que foi planejado gerou os resultados
pretendidos. Faça observações das aulas e sistematize as suas avaliações ao final de
cada encontro pois elas serão fundamentais na orientação das aulas seguintes.

A DENOMINAÇÃO DAS AULAS

As aulas abordam temáticas contemporâneas que se tornam significativas a partir das


relações estabelecidas com o contexto real da vida dos estudantes.

Elas são denominadas por títulos que objetivam despertar a atenção e a curiosidade tanto
dos jovens quanto dos professores.

a) A abertura das aulas


As aulas sempre são introduzidas por uma imagem ilustrativa e uma breve
reflexão sobre o tema a ser explorado. Nessa introdução também se encon-
tram pistas sobre o que se objetiva e sobre como trabalhar. Muitas vezes, há
destaque e referências às aulas passadas ou estabelecimento de relações
entre os temas trabalhados.

b) Material necessário
É a indicação dos materiais a serem providenciados pelos professores. Nessa
indicação, encontram-se as referências para os anexos, vídeos, áudios, textos
e/ou outros materiais a serem utilizados.

c) Roteiro
É uma síntese das atividades previstas, com a sua descrição e previsão
do tempo de duração. Aqui é muito importante dedicar um pouco mais de
atenção porque trazemos uma indicação do tempo de duração das ativi-
dades (incluindo a avaliação) apenas como parâmetro para planejamento
do professor.

d) Orientações para as atividades


É a descrição das atividades a serem realizadas, acompanhada dos seus obje-
tivos e da indicação de estratégias didáticas a serem utilizadas. Na sequência,
encontra-se o desenvolvimento das atividades apresentado detalhadamente.

e) Avaliação
Ao final, são apresentadas as orientações para a avaliação da aula quanto à
consecução dos seus objetivos. Via de regra, ela se orienta pela observação
dos professores realizada enquanto as atividades são desenvolvidas e, no final
da aula, apresenta-se como a sua síntese e um convite para os estudantes
refletirem sobre o que foi vivenciado.

8 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


f) Textos de Apoio ao Professor
As aulas trazem textos recomendados para leitura do professor. Eles se
relacionam ao tema e ao objetivo da aula e pretendem apoiar a ampliação
dos seus repertórios, trazendo novas perspectivas e reflexões. Alguns textos
são trazidos de publicações e outros são autorais.

g) Seção Na Estante
Nesta seção são apresentadas indicações e elas se dividem em:
• Vale a Pena Ler: livros que vão da literatura à psicologia e são recomendados
para os professores conhecerem, ampliarem suas referências e fazerem uso
oportunamente. Para todas as recomendações, é apresentada uma pequena
imagem ilustrativa, acompanhada das referências relativas ao título, autor, edi-
tora, ano e quantidade de páginas. Ao final, uma síntese do livro recomendado.

• Vale a Pena Assistir: filmes que já foram exibidos no circuito comercial


e vídeos ilustrativos dos temas abordados na aula. Alguns se encontram
para locação/compra em formato DVD ou streaming on-line e outros são
apresentados sob a forma de link da internet. Para todas as recomenda-
ções, é apresentada uma pequena imagem ilustrativa, acompanhada das
referências relativas ao título, direção, ano e quantidade de minutos para
exibição. Ao final, uma síntese do vídeo recomendado.

• Vale a Pena Ver: links que trazem temas, instituições e organizações que
valem a pena conhecer. Para todas as recomendações, é apresentada uma
pequena imagem ilustrativa, acompanhada das referências relativas ao título
e ao site onde se encontra, bem como à última data de acesso. Ao final, uma
síntese da recomendação.

• Vale a Pena Ouvir: canções do repertório popular brasileiro. Para todas as


recomendações, é apresentada uma pequena imagem ilustrativa, acom-
panhada das referências relativas ao título, artista, gravadora, gênero,
nacionalidade e ano. Ao final, uma síntese da recomendação.

QUANTO TEMPO DURA UMA AULA?

Esse componente curricular tem 2 horários definidos na matriz curricular. Sua distribuição
deve seguir a seguinte orientação: 2 aulas geminadas distribuídas na semana.

Segue um exemplo:

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 9


SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA

Inglês Português Português Est. Orientado Arte

Inglês Matemática Eletiva Português Est. Orientado

Biologia Matemática Eletiva Projeto de Vida Est. Orientado

Biologia Ed. Física História Projeto de Vida Geografia

Artes Ed. Física História Matemática Geografia

As aulas foram elaboradas para terem uma duração de 50 minutos, mas há flexibilidade
nessa definição, considerando que uma aula pode se estender para além do tempo de 50
minutos determinados por hora/aula. Elas estão organizadas em bimestres, mas, tendo em
vista que algumas aulas poderão se estender, talvez ultrapassem o limite de um bimestre.
No entanto, não devem ser deslocadas de um ano para o outro.

Por outro lado, algumas aulas foram previamente definidas para durar mais do que 50 minutos
e, quando isso ocorrer, haverá uma indicação no Roteiro de quanto tempo ela demandará, seja
um tempo de 50 minutos, sejam dois tempos de 50 minutos ou mais.

É possível fazer adequações quanto ao uso dos materiais necessários para o seu desenvolvi-
mento e o das atividades propostas, desde que sejam preservados os parâmetros apresen-
tados no GPS das Aulas (objetivos, habilidades etc.). Isso quer dizer que o planejamento de
alguma atividade (sua descrição), pode sofrer alterações a depender dos recursos que a escola
dispõe e das demandas surgidas nas turmas em que se aplicam. Cabe ao professor identificar
previamente essa necessidade, incorporando, no seu planejamento e na avaliação, os registros
necessários sobre as modificações realizadas e seus respectivos resultados.

O que é o GPS das Aulas e para que serve?

Um GPS (Sistema de Posicionamento Global, traduzido do Inglês Global Positioning System)


é um sistema de radionavegação por satélite que permite determinar a posição, velocidade e
o fuso horário dos utilizadores em terra, mar e aerotransportados 24 horas por dia, em todas
as condições climatéricas e em qualquer parte do mundo.

De maneira análoga, a ideia de elaborar um GPS das Aulas consiste em oferecer aos
professores as informações que posicionam cada aula em relação:

• À sequência em que serão ministradas, tendo em vista que elas seguem


uma ordem;
• Ao objetivo em torno do que se espera formar, ou seja, a formação do jovem
protagonista;
• Ao núcleo formativo como eixos que indicam o percurso formativo para realizar
o objetivo;

10 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


• Às competências desenvolvidas e como o conhecimento adquirido se aplica
às atividades humanas;
• Às habilidades socioemocionais que são o próprio conteúdo da competência;
• Às capacidades a serem desenvolvidas como desdobramento das habilidades
em objetivos específicos;
• Aos valores enquanto qualidades e convicções desejadas e valiosas que
direcionam as atitudes;
• Às outras habilidades socioemocionais e valores que não são o foco da aula,
mas que também estão presentes.

O GPS das Aulas localiza-se no final dessa abertura e, com ele, os professores têm a posição
exata de cada aula ao longo do ano letivo!

AS AULAS POSSUEM UMA ORDEM DE ENSINO QUE PRECISA SER SEGUIDA

A ordem a ser seguida pelos professores ao desenvolver as aulas deve respeitar o seguinte
percurso formativo: primeiramente, as aulas que se referem à formação da identidade, na
sequência, as aulas relativas ao desenvolvimento de valores e, por fim, aquelas relativas ao
desenvolvimento da responsabilidade social e das competências para o século XXI.

OS ESTUDANTES SÃO AVALIADOS DURANTE E APÓS AS AULAS

Os professores são responsáveis por observar e fazer registro das aprendizagens da turma e
dos estudantes durante as aulas, principalmente após o desenvolvimento das atividades pro-
postas. Para isso, o professor deve retomar o objetivo específico da atividade de acordo com o
que observou dos jovens, assim como as estratégias pedagógicas, didáticas e metodológicas.
Em linhas gerais, isso requer buscar evidências sobre como cada atividade proporcionou um
autêntico espaço de participação dos jovens e aquisição de competências e habilidades.

PARA QUE TODOS PARTICIPEM

As aulas foram concebidas na perspectiva da inclusão. Com o apoio do Intérprete de


Libras, do educador de apoio à sala ou do educador de AEE1, os professores podem se
valer de estratégias distintas, caso na turma existam estudantes com deficiência.

1 AEE - Atendimento Educacional Especializado. Para saber mais: icebrasil.org.br/surl/?8c6b2a. Acesso em: 8 ago 2021.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 11


Algumas recomendações:

• Nos momentos em que os jovens são orientados a fazerem algum registro,


oriente-os a fazerem de forma coletiva e, para isso, organize subgrupos na tur-
ma. Cuide para que os estudantes de cada grupo tenham habilidades diferentes,
de modo que todos possam se ajudar mutuamente e não seja destacada a ideia
de que somente o estudante com deficiência precisa de ajuda;
• Explore, com os estudantes, outras possibilidades de comunicação além
da fala;
• Considere a presença de estudantes cadeirantes no momento de definir o
local de exposições e dramatizações, para não limitar o seu acesso e autono-
mia. Essa consideração também é importante para definir a altura de painéis
para a fixação de cartazes, por exemplo;
• Se houver estudantes usuários de Comunicação Alternativa ou Suplementar,
pode-se criar uma prancha para que o estudante possa acompanhar os
momentos em que há narrativas;
• Se houver estudantes cegos ou com deficiência intelectual, pequenos bonecos
ou imagens tridimensionais podem ajudá-los a se ambientar no clima das
histórias, quando estas são lidas;
• Use sua criatividade para que todos participem. Os recursos utilizados devem
envolver todos os estudantes;
• Se houver estudantes surdos na turma, convide-os para sentir a vibração das
músicas quando estas forem reproduzidas, colocando suas mãos espalmadas
nos autofalantes do aparelho de som. O apoio do Intérprete de Libras, do
Educador de Apoio da Sala ou do Educador de AEE será muito importante;
• Lembre-se de que, nos Cadernos de Formação - Ensino Médio (volume 1),
encontram-se conceitos e referências sobre Educação Inclusiva para os
seus estudos.

OS REGIONALISMOS

O Brasil é um país com dimensões continentais, com uma única língua, mas diversas
culturas. É possível que, em algumas aulas, observem-se expressões ou palavras pe-
culiares de determinada região. Na indicação de materiais para o desenvolvimento das
aulas, isso pode ser identificado com relativa frequência, embora os autores tenham tido
a preocupação de esclarecer sobre o uso de materiais a exemplo do barbante ou cordão,
como é conhecido nas diferentes regiões do Brasil.

12 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


E por fim...

O Projeto Escolar prospera quando a Equipe Escolar considera que as possibilidades de


trabalho educativo junto aos estudantes vão muito além do que é tratado na sala de aula
à luz do currículo. Ao serem considerados capazes de aprender, nos seus tempos e nas
suas condições, e envolvidos em ações educativas e práticas nas quais a sua participação
é estimulada (e isso também é currículo), os jovens respondem e se tornam, a cada dia,
maiores e mais dotados de condições de atuarem com autonomia e responsabilidade.

A nossa equipe estará sempre à disposição para mais esclarecimentos sobre este material.
Assim, professor, não hesite em solicitar da Equipe de Implantação do Programa de Educação
Integral da Secretaria de Educação, o esclarecimento de eventuais dúvidas e, por meio desse
fluxo de comunicação, nos acionar para apoiá-los.

Ah, considere os Cadernos de Formação - Ensino Médio, imprescindíveis para os seus estudos.

Contamos com a sua dedicação e estudo para o uso deste Caderno de Aulas.

Bom trabalho!

Equipe do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 13


ESTRUTURA DAS AULAS DE PROJETO DE VIDA - 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

OUTRAS
HABILIDADES
NÚCLEO HABILIDADES
OBJETIVO1 COMPETÊNCIAS3 CAPACIDADES5 AULAS VALORES6 SOCIOEMO-
FORMATIVO2 FOCO4
CIONAIS e
VALORES7

Compreender a relação 1 e 2. Eu tenho


temporal entre objetivos um sonho e um
de curto, médio e longo plano. Mas aonde
prazo no Projeto de Vida. eu quero chegar?
Coragem
Refletir sobre as alter-
3 e 4. Estou no Prudência
nativas para alcançar
caminho certo? Fidelidade
as metas.
Compreender a relação 5 e 6. Tudo
entre os objetivos e depende do que
ações. faço: minhas ações.
Compreender a relação
7 e 8. Acertar no
entre estratégia e ações Prudência
alvo: a importância
na consecução dos Coragem
da estratégia.
objetivos.
Autoconheci-
Identificar os resultados mento
9 e 10. O esperado
alcançados e a relação Justiça Autoconfiança
encontro com os
destes com a elaboração Temperança Determinação
resultados.
Formação do Projeto de Vida. Otimismo
do ser Competên- Identificar a relação Iniciativa
11. Indicadores de
autônomo, cias para o Produtiva Autogestão entre os indicadores de Resiliência
processo: onde estou
solidário e século XXI processo e os objetivos Entusiasmo
neste momento?
competente traçados. Perseverança
Proatividade
Estabelecer relação
12. Indicadores de Autonomia
entre os indicadores de Prudência
resultado: para onde Produtividade
resultado e os objetivos Humildade
eu vou? Compromisso
traçados.
Compreender a relação 13 e 14. Decifre-os ou
entre os fatores críticos seu sonho não
de sucesso e a consecu- se realiza: fatores
ção do Projeto de Vida. críticos de sucesso.
Refletir sobre o percurso
15 e 16. Partir e
entre aquilo que se Fidelidade
chegar: do plano
planeja e aquilo que Determinação
ao feito.
se executa.
Compreender a impor-
17 e 18. O Projeto Respon-
tância do acompanha-
de Vida não cessa. sabilidade
mento das fases da
A importância do Prudência
execução do Plano de
monitoramento. Serenidade
Ação do Projeto de Vida.

14 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


ESTRUTURA DAS AULAS DE PROJETO DE VIDA - 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

OUTRAS
HABILIDADES
NÚCLEO HABILIDADES
OBJETIVO1 COMPETÊNCIAS3 CAPACIDADES5 AULAS VALORES6 SOCIOEMO-
FORMATIVO2 FOCO4
CIONAIS e
VALORES7

Reconhecer a neces- 19 e 20. Crescimento


sidade de melhoria e melhora do desem- Autoconheci-
contínua. penho, sempre. mento
Autoconfiança
Reconhecer a necessi- Coragem
21 e 22. E se algo saiu Determinação
dade de saber lidar com Humildade
Formação errado? É preciso Otimismo
imprevistos, mudanças Tolerância
do ser Competên- corrigir a tempo. Iniciativa
e solucionar problemas. Adaptabili-
autônomo, cias para o Produtiva Autogestão Resiliência
Compreender a impor- 23 e 24. Como saber dade
solidário e século XXI Entusiasmo
tância da avaliação da se deu certo antes Determinação
competente Perseverança
efetividade das soluções. de dar errado? Paciência
Proatividade
Serenidade
Compreender a impor- 25 e 26. Começar Autonomia
tância do aperfeiçoa- de novo, sempre e Produtividade
mento dos processos sempre em frente: a Compromisso
para a melhoria continua. ilusão do definitivo.

1. O que se espera como produto; 2. Itinerário formativo para realizar o objetivo; 3. Como o conhecimento adquirido se aplica às
atividades humanas; 4. O conteúdo da competência; 5. Desdobramento das habilidades em objetivos específicos; 6. Qualidades e
convicções desejadas e valiosas que direcionam as atitudes; 7. Outras habilidades socioemocionais e valores presentes nesta aula.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 15


Índice

• Aulas 1 e 2: Tenho um sonho e um plano, mas... Aonde quero chegar? 19

• Aulas 3 e 4: Estou no caminho certo? 37

• Aulas 5 e 6: Tudo depende do que faço: minhas ações 54

• Aulas 7 e 8: Acertar no alvo: A importância das estratégias 68

• Aulas 9 e 10: O esperado encontro com os resultados 79

• Aula 11: Indicadores de processo: onde estou neste momento? 95

• Aula 12: Indicadores de resultado: Para onde eu vou? 109

• Aulas 13 e 14: Decifre-os ou seu sonho não se realiza: fatores críticos de sucesso 123

• Aulas 15 e 16: Partir e chegar: do plano ao feito 140

• Aulas 17 e 18: O Projeto de Vida não cessa. A importância do monitoramento 154

• Aulas 19 e 20: Crescimento e melhoria do desempenho, sempre 169

• Aulas 21 e 22: E se algo saiu errado? É preciso corrigir a tempo 188

• Aulas 23 e 24: Como saber se deu certo antes de dar errado? 199

• Aulas 25 e 26: Começar de novo. Sempre e sempre em frente. A ilusão do definitivo 216

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 17


Aulas 1 e 2
Tenho um sonho e um plano, mas... Aonde
quero chegar?

Quantas vezes desistimos de nossos objetivos porque nos sentimos desmotivados? Às ve-
zes, a desistência ocorre no meio do caminho por falta de recursos, de tempo ou outros
obstáculos que nos parecem intransponíveis. Outras vezes a desmotivação pode surgir a
partir de causas situadas dentro de nós mesmos, envolvendo aspectos de baixa autoestima
que podem ser melhorados através do autoconhecimento e da valorização de nossas po-
tencialidades e talentos. Saber com clareza aonde queremos chegar permite dimensionar
e organizar nossos objetivos em células mais simples e controláveis chamadas de metas.
Além disso, a satisfação obtida ao concluir metas contribui para a sensação de completu-
de e recarrega nossas baterias de determinação e perseverança, tornando o objetivo mais
fácil de ser alcançado.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 19


O otimismo e a postura positiva podem ser uma fonte de energia constantemente renovada,
podendo reconectar o estudante com seu propósito original, de forma a torná-lo novamente
disposto a assumir suas responsabilidades e tomar decisões quando as dificuldades se apre-
sentarem. Dado que o desânimo usualmente está associado a momentos de dificuldades,
quando o estudante sente-se impotente diante de obstáculos, estratégias específicas para
esses momentos podem ser adotadas. A psicóloga alemã Gabrielle Oettingen propõe o “con-
traste mental” como estratégia de êxito para situações desafiadoras, quando o pensamento
positivo dissociado da realidade não seria capaz de direcionar à solução de problemas:

Durante mais de 20 anos de pesquisa, a psicóloga alemã Gabrielle Oettingen desco-


briu que apenas o pensamento positivo não nos ajuda a alcançar nossos objetivos
tanto quanto acreditamos que ele possa. De fato, de acordo com os seus estudos, o
pensamento positivo reduz nossa energia e diminui nossa determinação em realizar
as tarefas necessárias. Em vez de pensamentos positivos, Gabrielle Oettingen propõe
algo que ela chama de “WOOP” (Wish, Results, Obstacle, Plan) um acrônimo que em
português pode ser traduzido como DROP (Desejo, Resultado, Obstáculo, Plano).

O DROP é uma ferramenta metacognitiva extremamente eficaz e cientificamente compro-


vada que nos ajuda a esclarecer o que precisamos fazer para alcançar nossos objetivos e,
consequentemente, nos ajudar a alcançá-los. A maneira como essa ferramenta funciona
nos mostra que devemos, primeiramente, imaginar por um minuto qual objetivo deseja-
mos realizar. Em seguida, imaginamos o resultado desse desejo e depois visualizamos os
obstáculos que devemos enfrentar para alcançar esse resultado. Para isso, devemos nos
perguntar: “o que há em mim que poderia me impedir de alcançar esse objetivo?”. E, final-
mente, decidimos como nos comportaremos diante desses obstáculos – em essência,
isso significa pensar em qual é o nosso plano. Sabe-se que o plano é extremamente eficaz
se estiver na forma de “se” (obstáculo) “eu” (ação).

Mas temos que ter alguns cuidados ao praticar o DROP! O objetivo deve ser alcançável
- se não for um objetivo alcançável, poderemos nos sentir com ainda menos motivação
para alcançá-lo. Um exemplo de um estudo conduzido pela Gabrielle Oettingen com
participantes que queriam se exercitar mais, revelou que aqueles que usavam o DROP
se exercitavam o dobro de tempo do que aqueles que não usavam. Esse padrão ficou
evidente nos 4 primeiros meses e permaneceu o mesmo por mais 2 anos de acompa-
nhamento do estudo. É preciso alguma prática, mas o DROP é muito poderoso.1

Nesta aula, trabalharemos com os estudantes a necessidade de serem traçadas metas fac-
tíveis e desafiadoras que os levem a alcançar os objetivos de maneira eficiente. O exercício
da escrita das metas é trazido como meio de ordenar os pensamentos para orientar as
ações. Para tanto, é importante que os estudantes resgatem os objetivos definidos em seu
Plano de Ação e a partir daí definam metas e as apliquem em suas próprias vidas.

1 Repensando o pensamento positivo. Boletim do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. Formação


“As habilidades socioemocionais na escola.” Diretoria Pedagógica, setembro de 2019. Síntese baseada em:
OETTINGEN, G. Rethinking Postitive Thinking – Inside the new science of motivation. New York: Penguin Ran-
dom House, 2014.

20 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Objetivos Gerais
• Compreender o desdobramento dos objetivos de longo, médio e curto prazos
no Plano de Ação;
• Aplicar metas conectadas aos objetivos do Plano;
• Estabelecer metas pessoais para o Projeto de Vida.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

1º momento: preenchimento de estrutura


textual predefinida contendo as habilidades,
Atividade: Os a visão de futuro e os valores pessoais a fim
passos neces- de declarar a missão; 45 minutos
sários para agir.
2º momento: construção de um jogo de ta-
buleiro para definição das metas e objetivos.

1º momento: leitura e diálogo sobre o texto


Atividade: “Metas que fazem acontecer”, de Luciano
Pisando firme – Pacheco; 40 minutos
o que e quando
fazer? 2º momento: preenchimento de planilha
com as metas pessoais, ações e prazos.

Avaliação. Comentário do professor. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: OS PASSOS NECESSÁRIOS PARA AGIR

Objetivos

• Estabelecer relações entre a missão e os objetivos;


• Conectar os objetivos de longo prazo aos objetivos de curto prazo (metas),
elencando metas aplicáveis à própria vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 21


Desenvolvimento

A atividade “Os passos necessários para agir” traz como proposta a realização dos obje-
tivos a partir da missão. Trata-se de preparar o estudante para a execução de seu plano,
iniciando a criação de um Programa de Ação. A aula está dividida em duas etapas:

1º Momento

Declarar a missão é decidir uma direção para o Projeto de Vida em um período de longo
prazo. É a definição do que uma pessoa acredita ser a razão de sua vida pelos próximos cin-
co ou dez anos. Por se tratar de jovens, planejar cinco anos pode ser suficiente, pois durante
esse período muitas mudanças se processam e os transformam, e assim, uma avaliação e
redirecionamento do Projeto de Vida podem ser empreendidos.

Nesta aula, é importante que os estudantes declarem sua missão. Para tanto, devem uti-
lizar a estrutura textual predefinida com lacunas, presente no Anexo 1. As lacunas serão
preenchidas com algumas das habilidades, a visão de futuro e os valores pessoais. Como
exemplo para preenchimento dessa estrutura, sugerimos:

Minha missão é usar minha curiosidade, sensibilidade, facilidade em aprender e ensinar,


para um contínuo aprofundamento dos estudos e conhecimentos científicos, para que haja
melhora nas relações entre a natureza e os seres, baseado no respeito, no comprometi-
mento, na ética e na esperança.

É importante orientar os estudantes para o resgate de ideias definidas em aulas e cadernos


anteriores. Ao final do preenchimento das lacunas é possível que cada estudante seja
convidado a declarar suas missões, publicamente.

2º Momento

O esclarecimento dos objetivos possibilita aos estudantes visualizarem as metas para al-
cançar o que desejam. Para tanto, os estudantes devem resgatar os objetivos formados nas
aulas anteriores – “Meus objetivos” – e fazer o tabuleiro ou mapa como um jogo que com-
partilhará posteriormente com o professor e os colegas. O importante é que os estudantes
percebam que as metas derivam do objetivo e por isso devem se manter conectadas a este
para realização da missão e visão de futuro.

Após a construção do tabuleiro, é indicado que os estudantes compartilhem suas criações


e comentem os resultados. O Anexo 1 traz pontos de reflexão que podem orientar as dis-
cussões que surgem durante e ao final de cada atividade realizada.

22 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


ATIVIDADE: PISANDO FIRME – O QUE E QUANDO FAZER?

Objetivos

• Detalhar metas pessoais, conectadas a um objetivo do Plano de Ação;


• Estimular a construção de metas factíveis e desafiadoras aos objetivos, limi-
tando o prazo de cada uma.

Desenvolvimento

1º Momento

A leitura do texto “Metas que fazem acontecer” possibilita ampliar o diálogo e o debate
sobre as metas, compreendendo sua definição em uma situação prática (Anexo 2). Os
estudantes podem ser estimulados a responder as perguntas trazidas no texto ‘O que eu
realmente quero?’, ‘O que é preciso fazer para alcançar o que desejo?’, ‘O que é de fato im-
portante fazer para eu alcançar meus objetivos?’ ‘Quando eu realizarei essa meta? ‘Quando
eu concluirei essa meta?’.

2º Momento

Após a leitura e o diálogo, os estudantes são convidados a detalhar as metas fundadas na


atividade anterior, ao elaborarem, em um quadro, as ações necessárias para o cumprimento
das metas e um prazo para as execuções de cada uma.

QUANDO FAZER?
METAS O QUE FAZER? - AÇÃO
- PRAZO

Checar quais vestibulares prestar Até sexta-feira

Meta 1
Iniciar um programa de estudos Próxima semana
Passar no vestibular
(exemplo conectado
Analisar as matérias com maior
ao objetivo de se tor- No final de semana
peso para área escolhida
nar cientista)

Criar um cronograma de estudos No final de semana

Optamos neste momento em limitar a definição de metas apenas entre a especificação e a


temporalidade de sua execução. É importante manter este foco para uma boa descrição e cla-
reza das metas. Nas próximas aulas, aprofundaremos as relações de organização das metas do

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 23


Plano de Ação. Pode ocorrer ainda que os estudantes estabeleçam um maior número de metas
do que o previsto na tabela expressa no Anexo 2. A orientação é que eles se mantenham moti-
vados a especificar o maior número de metas necessárias para alcançar seu objetivo, mesmo
que tenham que escrevê-las em uma folha a parte para anexar ao seu Plano de Ação. A falta de
motivação pode denunciar um objetivo que não traz importantes desafios.

Recomenda-se ainda que o professor compartilhe com os estudantes a leitura da definição


de metas do modelo SMART, conforme fragmento do texto de Christian Barbosa, extraído
do livro “Tríade do Tempo”, conforme trecho destacado no Texto 1 de apoio ao professor.

Avaliação

Observar se os estudantes compreendem o conceito de metas e se são capazes de retomá-lo


em seus Planos de Ação, a partir dos objetivos. Além disso, é importante que consigam escrever
metas factíveis, desafiadoras e conectadas aos objetivos, limitadas por prazos definidos.

Textos de apoio ao professor


Texto 1

A FORMA CORRETA DE ESCREVER SUAS METAS2

Escrever uma meta é, na verdade, o processo de tornar consciente um determinado sonho


ou desejo que acalentamos. Se elas não forem definidas corretamente, só servirão para
enfeitar seu quadro de promessas de ano-novo. Existem algumas técnicas recomendadas
para se escrever uma meta de forma concreta. O modelo adotado nesta metodologia é o
do acróstico SMART (esperto em inglês), desenvolvido por Peter Drucker. Uma meta deve
atender aos quatros princípios básicos apresentados anteriormente e estar escrita na for-
ma SMART, que significa:

eSpecífica – O quê?
Mensurável – Quanto?
Alcançável – Como?
Relevante – Por quê?
Temporal – Quando?

2 BARBOSA, C. A tríade do tempo. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 110-116.

24 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Específica – O que é exatamente a sua meta?

Uma meta deve ser definida de forma muito específica, a tal ponto que qualquer pessoa
possa visualizá-la e entender exatamente o que você quer com ela. É como tirar uma fo-
tografia do seu pensamento. Essa parte é a mais criativa do processo de definição de uma
meta e é a responsável por delimitar os objetivos. (...)

Especificar significa detalhar ao máximo o que você deseja com a sua meta. É o poder da
visualização em ação e de saber exatamente quando ela estará concluída. As metas devem
primeiro acontecer dentro de você, de forma que você as veja, ouça e sinta em detalhes
para depois se tornarem realidade física. (...)

Veja este exemplo de desejo: “Falar inglês fluente.” O que significa falar inglês fluente?

Talvez seja cursar quatro anos de uma escola de idiomas, ou poder conversar com as pes-
soas na rua e escrever corretamente. Se não for específico, você não saberá se conseguiu
ou não concluir a meta. Você poderia substituir esse desejo vago pela seguinte meta: “Con-
seguir o mínimo de 550 pontos no exame presencial TOEFL. Conseguir assistir a filmes em
inglês, sem legendas, com compreensão total.” Agora você poderá saber quando essa meta
for alcançada, pois ela está claramente especificada. (...) O trabalho de torná-la específica
significa fazer com que ela revele em detalhes aquilo que se pretende alcançar. Isso define
limites e evita ilusões.

Mensurável – Qual o tamanho da sua meta?

O que é delimitado pode ser medido, certo? Mensurar uma meta significa determinar seu
tamanho, de forma qualitativa ou quantitativa. Quando você a mensura, na verdade está
avaliando quanto ainda precisa andar para chegar ao ponto em que pretende. Essa respos-
ta pode ser dada em valor, em tempo ou em qualquer outra unidade de medida que permita
o acompanhamento dos passos dados. (...)

Alcançável – Como alcançarei essa meta?

Para que uma meta se concretize é preciso definir os passos necessários para sua realização.

Elaborar um Plano de Ação. O que pode parecer um objetivo enorme e inalcançável deixa
de ser assustador depois de dividido em pequenas atividades. Cada uma delas deverá ser
executada em períodos de tempo (diário, semanal, mensal etc.). Sem esse plano, não existe
maneira de se realizar uma meta.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 25


A determinação desses passos intermediários é um exercício de planejamento. Eles devem
conter a atividade, o responsável por sua realização e a data na qual deve estar concluída.

Sugiro, também, a adoção de um critério de prioridades (1, 2, 3, 4…) para essas atividades
– de forma a ordenar o que deve ser feito. (...)

Vamos ver um exemplo para deixar o conceito “alcançável” mais claro: Meta – Obter certi-
ficação Microsoft.

Específica: obter uma certificação profissional da Microsoft – MCP no produto Windows


2008 Server, com um mínimo de 800 pontos no exame código 70-646 Microsoft Windows
2008 Server Administrator.

Mensurável: 30 dias de estudo e investimento de 1.200 dólares, divididos em seis parcelas.


Indicador: conseguir passar no exame simulado com pelo menos 900 pontos.

Alcançável (planejamento para realizar a meta)3

DATA
PRIORIDADE ATIVIDADE H RESP.
INÍCIO

Pesquisar custo e um centro de


treinamento autorizado Microsoft
1 para fazer o curso 6433A: Planning 3 José 01.02.09
and Implementing Windows Server
2008 Environment

2 Matrícula no curso 6433A 1 Maria 02.02.09

3 Realizar o curso 6433A (6h/dia) 40 José 09.02.09

Estudar 2h por dia para a prova


4 40 José 15.02.09
código 70-646

5 Fazer exame simulado 2 José 08.03.09

Fazer inscrição para prova em


6 2 Maria 09.03.09
centro autorizado

7 Realização da prova 4 José 15.03.09

Comemorar o resultado com os


8 4 Todos 15.03.09
amigos!!!

3 BARBOSA, C. A tríade do tempo. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. pag 113.

26 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Para gestão de tempo esse é o ponto mais importante da meta, pois você não faz a meta,
você faz esses pequenos passos no dia a dia. O sucesso ou o fracasso da sua meta está dire-
tamente relacionado com a sua capacidade de pensar sobre o Plano de Ação do seu objetivo.

Relevante – Qual a importância dessa meta?

De todos os itens do SMART, o que classifico como mais importante é a relevância. É a


principal pergunta que devemos fazer a nós mesmos antes de começar a trabalhar na
meta: Por que isso é importante para mim? Por que eu quero realizá-lo? Por que vou
investir tempo nesse objetivo?

A resposta deve estar conectada aos itens da sua identidade. (...) Fazer algo com um senti-
do e não apenas fazer por fazer. É muito comum as pessoas definirem suas metas e para-
rem no meio, pois a motivação acaba. Por isso, o motivo que o faz partir para a ação deve
ser forte o suficiente para manter sua meta ao longo do tempo.

O filme “Procurando Nemo”, dos estúdios Disney, é uma boa analogia para relevância. Martim,
um peixe-palhaço muito engraçado, tem como meta achar seu filho Nemo, que foi levado por
mergulhadores. Ele enfrentou mil dificuldades nessa jornada, mas não desanimou.

Achar seu filho era importante em seu papel de pai e também porque ele era o único mem-
bro da família que lhe restara. Ele agiu com propósito, por algo que era de fato relevante. (...)

Temporal – Quando vou realizar a meta?

Uma boa definição para metas é: um sonho com data marcada. Se você não tiver uma data,
vai ficar empurrando com a barriga. É preciso ser específico e definir o tempo necessário
para a realização de seu sonho.

(...)

Se você não especificar um determinado dia, mês e ano, vira promessa de algum dia, talvez,
quem sabe... A data específica dá o tom do seu desafio. Se você errar, não tem problema, é
humano e perfeitamente aceitável. Você se desafiou para isso, não deixou a decisão para as
circunstâncias. Se precisar, prorrogue o prazo, mas tenha um!

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 27


Veja a seguir um exemplo final de meta, baseado em todos os passos do SMART: Meta –
Viagem de férias para a Disney

Específica: viajar com a família para a Disney, durante 15 dias. Conhecer as cidades de Mia-
mi e Orlando. Hospedagem no Hotel XYZ em Miami e ABC em Orlando. Entrada para os par-
ques A, B, C, D, E e F. Com dois dias livres para fazer compras. Viagem pela ABC empresas
áreas em classe econômica.

Mensurável: 20 dias de férias e investimento de 10 mil dólares, divididos em seis parcelas.


Indicadores: aprovação do visto de toda a família; comprar passagens; conseguir tirar férias.

Alcançável (planejamento para realizar a meta):4

DATA
PRIORIDADE ATIVIDADE H RESP.
INÍCIO

1 Solicitar férias ao meu chefe 1 Felipe 10.01.12

Tirar visto de toda a família para


2 3 Todos 10.01.12
entrada nos EUA

Consultar agência de viagens


3 2 Vanessa 15.01.12
para verificar preços e roteiro

Jantar-reunião de família para


4 3 Todos 18.01.12
aprovar roteiro

Fechar pacote com a agência de


5 3 Vanessa 26.01.12
turismo

6 Preparar lista de presentes 2 Vanessa 14.05.12

7 Churrasco de despedida 3 Todos 21.05.12

Fazer checklist da viagem e


8 3 Todos 23.05.12
conferir os últimos detalhes

Relevante: para realizar meu sonho de infância e dedicar tempo aos papéis de pai e marido.
Para passar mais tempo em família. Para comemorar a melhora de saúde da minha esposa.
Temporal: a viagem será realizada no período de 01/06/12 a 15/06/12.

4 BARBOSA, C. A tríade do tempo. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. pag 115.

28 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Texto 25

O estabelecimento de metas que atendam às características definidas pelo modelo SMART


demanda do estudante uma renovação de comprometimento com seu Projeto de Vida. Ao
detalhar seus objetivos em metas, mais facilmente perceptíveis sob a ótica da viabilidade,
o estudante aproxima seu Projeto de Vida do universo real – como um avião que finalmente
decola – e, nesse ponto, seu grau de comprometimento com o Projeto de Vida deve garan-
tir a continuidade do processo. É também um momento significativo de percepção – por
parte do estudante – de sua própria autonomia, pois o estabelecimento de metas exigirá o
cumprimento de tarefas, a tomada de decisões e a responsabilidade por elas. Temos assim,
além do comprometimento, algumas importantes Habilidades Socioemocionais acionadas
para o Projeto de Vida, habilidades essas geradas na esfera intrapessoal, mas transbordan-
do para a esfera interpessoal, como o automonitoramento e a responsabilização pessoal.

“Frequentemente surgem palavras novas para conceitos que já conhecemos. Accountability


é um desses termos que talvez muitos de nós desconheçam, mas o seu conceito, ou seja, tra-
zer a responsabilidade para si e gerar respostas com resultados, certamente é conhecido de
muitos. Aqui falamos da accountability pessoal, já que o termo é usado em diversas situações
relacionadas ao conceito de que alguém (ou uma instituição) deve prestar contas a outros (à
sociedade, aos clientes, à família etc.). Há muitas razões para que os estudantes do século
XXI aprendam e aprimorem a capacidade de ser accountable. Ao agir assim, desenvolvem
desde cedo uma percepção muito clara das suas responsabilidades no contexto familiar e
posteriormente, no âmbito produtivo, se tornam pessoas que não têm o hábito de dar des-
culpas e explicações, mas aquelas que entregam resultados com os quais se comprome-
tem; não responsabilizam os outros nem as circunstâncias pelas suas falhas ou insucessos,
mas, ao contrário, reconhecem e assumem sem dificuldade; são exigentes consigo em níveis
adequados e menos tolerantes com baixos níveis de responsabilidade e comprometimento
daqueles com quem convive nos diversos âmbitos de sua vida; demonstram atributos adi-
cionais associados à produção de alta qualidade, incluindo atuação de forma positiva e ética,
gerenciamento do tempo e projetos de maneira eficiente e eficaz, entre outros.”

5 BARRETO, T. Org. Modelo Pedagógico. Os Eixos Formativos – Ensino Médio. 4 ed, 2020. Instituto de Corresponsa-
bilidade pela Educação. p. 57.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 29


Na estante

VALE A PENA LER

Livro: Autocoaching
Autocoaching: seja dono do seu destino
Autor: Luciano Pacheco
Editora: Mauad
Ano: 2012
Número de páginas: 192
“A proposta deste livro abrange desde pessoas que buscam atingir uma
única meta específica, o que é perfeitamente legítimo na abordagem Coaching, até quem
está em busca de se reinventar em sua fase da vida atual. Quando você aceita esse convite
fica claro que você não está neste mundo a passeio. Acredito que as pessoas pretendem
deixar um legado. [...] Elas sabem que são líderes da sua própria vida e que influenciam
pessoas a seguirem em frente em busca de realização plena.”
O livro aborda conceitos que possibilitam o autoconhecimento ao leitor por meio da orga-
nização e de uma visão mais clara de seus Projetos de Vida. Disponibiliza ferramentas para
que possa trilhar seu caminho rumo a realizações.

VALE A PENA ASSISTIR

Rosso como il cielo)


Filme: Vermelho como o céu (Rosso cielo
Diretor: Cristiano Bortone
País de Origem: Itália
Ano: 2007
Duração: 100min
A conquista dos sonhos implica a superação de obstáculos reais. O filme
“Vermelho como o céu” conta a história de um garoto que tem uma infância como qualquer
outra na Toscana dos anos 70. Mirco brinca com os amigos, vai com eles ao cinema, vive numa
pequena cidade italiana. Até o dia em que se fere brincando com uma arma de fogo e passa
a ter a visão deficiente. Nesta época, as crianças portadoras de deficiência visual eram obri-
gadas a estudar em escolas especialmente destinadas a elas. Mirco é transferido para um
colégio para cegos em outra cidade. Lá, em uma atividade coordenada pelo professor, o garoto
descobre seus talentos e sua missão, desperta os colegas e os convida a viver sua aventura.

30 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE: OS PASSOS NECESSÁRIOS PARA AGIR

PRIMEIROS PASSOS: Declare sua Missão

Todos os objetivos e metas de um Plano de Ação são orientações para agir no tempo e de
uma maneira específica. Há objetivos de longo, de médio e de curto prazo. Quando você
declara sua missão está definindo a primeira orientação para sua ação. A missão deve ser
definida com um prazo longo de cinco a dez anos, sempre contando com o conhecimento
que temos a nosso respeito no presente. Reforçamos a ideia de que nenhum obstáculo vis-
to na sua situação inicial (tempo presente) deve impedir que você estabeleça sua missão,
embora seja importante salientar que ela tem de ser clara, objetiva e realizável.

Dessa forma, ter uma missão é ter um objetivo de longo prazo conectado ao sonho e uma
base ideal na busca de encontrar caminhos para realizá-lo. A primeira tarefa é retomar o
que sabe a seu respeito e declarar sua missão, para isso utilize a estrutura abaixo:

- Minha missão é usar [habilidades]


- Para atingir [visão de futuro]
- Baseado em [valores]

Para refletir

Pronto! Declarada a missão!

Uma vez definida a visão – aonde você quer chegar no futuro, se estabele-
ce a missão, os valores e reconhece suas habilidades e talentos em um só
tempo. A missão o convida a arquitetar objetivos para atingir os sonhos.
Mas os objetivos, a princípio, estão fora do seu alcance, daí a necessidade
de dividirmos em metas. As metas são os passos mais curtos para trilhar o
mapa – o Plano de Ação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 31


OUTROS PASSOS: Esclareça os objetivos em metas

Um filósofo chamado Henry Thoreau escreveu:

Você construiu seus castelos no ar? Ótimo. É exatamente


onde eles devem ser construídos. Mas agora, mãos à obra e
construa alicerces sob eles.

Como vimos em aulas anteriores, para concretizar a missão você deve traçar objetivos que
são os alicerces do seu Projeto de Vida. Os objetivos compreendem aquilo que queremos
alcançar e devem ser claramente definidos, logo, escritos. Geralmente, são amplos ou distan-
tes de sua realidade atual, mas possibilitam que você visualize o que deseja no futuro.

A maneira mais simples e direta de realizar os objetivos é dividi-los para que sejam realizados
parte por parte, passo a passo. Cada parte dividida é uma meta, um meio para realizar o
objetivo. É como se você tivesse o quarto todo para arrumar e escolhesse começar pelo guar-
da-roupas. É muito mais fácil organizar uma parte de cada vez. Primeiro a gaveta de meias,
depois a de camisetas, e assim vai até que arrume todo o guarda-roupa e possa iniciar outra
meta, como arrumar a mesa do computador. Realizar uma ação por vez é bem mais fácil que
querer concretizar todas simultaneamente. As metas ajudam a orientar as ações.

Na história, Ulisses nos mostrou que seus objetivos foram divididos em diferentes metas.
Ele queria chegar à sua casa, mas seu caminho rendeu-lhe surpresas as quais fizeram com
que ele tivesse que estabelecer novas metas para atingir os objetivos que o ajudassem a
chegar a Ítaca vivo, mantendo suas premissas. Assim como o herói grego, você também
esquematizou alguns objetivos. Sugerimos, então, que você resgate os objetivos nas aulas
anteriores – “Meus objetivos” – e escolha um que você julgue mais importante para ser
executado neste momento. Em seguida, siga a orientação do professor e construa um ta-
buleiro ou mapa com seus objetivos e metas.

32 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: OS PASSOS NECESSÁRIOS PARA AGIR

1. Para visualizar o seu caminho, crie um pequeno jogo de tabuleiro (ou um mapa) com um
ponto de chegada – que será um objetivo final. O último espaço é onde ficará esse objeti-
vo, o restante do tabuleiro terá espaços vazios. O primeiro espaço é o lugar de onde você
deve partir – seu contexto atual. Cada espaço vazio entre o primeiro e o último deverá ser
preenchido com metas. As metas devem ser orientadas para que o objetivo seja alcançado.
Siga passo a passo, determinando o que será feito para chegar mais perto do seu objetivo.
Pode ser interessante, também, que você coloque em alguns desses espaços um ou outro
obstáculo que você sabe que vai ter que enfrentar. Essas metas podem ser pequenas ou
grandes decisões de mudança para sua vida. Certifique-se de que as etapas fluam com
lógica de uma para outra.

2. Compartilhe seu tabuleiro com outros colegas, faça trocas e peça para que eles obser-
vem se as metas estão harmônicas, se elas permitem um fluxo coerente e progressivo até
atingir os objetivos. As metas devem oferecer um nível de dificuldade de possível alcance e
não devem ser fáceis demais, pois podem desmotivar.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 33


Anexo 3

ATIVIDADE: PISANDO FIRME – O QUE E QUANDO FAZER?

Leia o texto escrito por Luciano Pacheco em seu livro Autocoaching: Seja dono de seu destino.

Metas e tarefas que fazem acontecer6

[...] A meta pode ser vista como a quebra de um objetivo maior em objetivos menores ou
intermediários.

Por isso, vou citar o exemplo de Lauro. Ele nunca gostou de academia, mas, aos 60 anos,
chegou a hora de fazer um esforço muscular por recomendação médica – afinal de contas,
a partir dos 25 anos, começamos a perder massa muscular. Lauro chegou à academia pela
primeira vez, sem nunca ter feito exercícios de bíceps, e o educador lhe ofereceu uma barra
de, provavelmente, cinco quilos, sem nenhum peso nas laterais. Ele até achou que o edu-
cador estivesse debochando dele. Quando o educador então solicitou que ele a erguesse
15 vezes, em três sequências, Lauro pensou: ‘Isso é moleza! Estou fora de forma, mas não
precisa exagerar’.

O educador pareceu ler os pensamentos dele e, depois de se certificar de que realmente


ele nunca havia feito exercício de bíceps, disse: ‘Amanhã você me fala com se sentiu após
esses exercícios’.

Lauro foi para casa achando que o educador o estava menosprezando. Mas, no dia seguinte,
surpresa! Ao pegar um copo de água, sentiu o braço mais pesado. Concluiu então que a meta
da barra ‘leve’ fora uma meta intermediária, pois se fez com que o seu músculo reagisse de
forma diferente do normal, ela já representava um progresso importante. Se o educador de
musculação tivesse posto algum peso, um quilo que fosse a mais nas laterais, Lauro talvez
encontrasse dificuldade para dirigir no dia seguinte. Então, aquela meta havia sido uma meta
factível e desafiadora ao mesmo tempo. Boas qualidades que uma meta deve ter.

Passadas duas semanas de exercícios, o educador certamente colocaria alguns quilos de


cada lado e assim progressivamente, evoluindo no peso, até que Lauro chegasse a dez,
vinte ou mais quilos, dependendo, é claro, do plano traçado para ele.

6 PACHECO, L. Autocoaching – Seja Dono do Seu Destino. Rio de Janeiro: Mauad X, 2012. p. 107-109. Versão digital
Saraiva Reader.

34 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


A meta é, portanto, um objetivo de curto prazo que faz você se mobilizar e aumentar o seu
comprometimento. É algo absolutamente realizável e factível, ao mesmo tempo que tem
de ser desafiadora. A meta deve provocá-lo para ir além, promover algo mais, um esforço
adicional para você conquistar algo além do que já vinha conquistando.

As metas podem também ser encaradas como uma forma de aumentar a sua motivação e
o seu comprometimento com a realização do seu objetivo de mais longo prazo, ou um re-
curso para aumentar a sua crença na realização de seu sonho. Dessa forma, as suas metas
e os seus sonhos estarão sempre relacionados e interligados.

Quando você traça uma meta, deve estar muito claro para você a qual objetivo ela está
relacionada e à qual projeto pertence. Como a meta é um objetivo de curto prazo, ela pode
ser uma meta diária, ou semanal, mensal, trimestral etc. (...)

As metas são os objetivos que desejamos em curto prazo e, normalmente, conseguimos


especificá-los com mais facilidade do que os de longo prazo. Elas nascem de respostas às
perguntas iniciadas com ‘o quê?’, que sugerem uma ação a ser executada, e com ‘quando?’,
que sugerem um prazo.

‘O que eu realmente quero?’, ‘O que é preciso fazer para alcançar o que desejo?’, ‘O que é
realmente importante fazer para eu alcançar meus objetivos?’

‘Quando eu realizarei essa meta? ‘Quando eu concluirei essa meta?’.

Essas perguntas fornecem respostas para a primeira parte da estrutura da meta, que deve
ser a seguinte:

Meta = Resposta da pergunta ‘O quê?’ + ‘Quando?’ + opcionais (‘Quanto?’; ‘Com quem?’;


‘Onde?’).”

Após o diálogo com os colegas e o professor seguido da leitura do texto acima, retome o
tabuleiro ou mapa que você construiu e faça uma previsão das ações, conforme a tabela
abaixo, detalhando suas metas, especificando ‘o que’ fazer e estabelecendo um prazo para
a sua realização, o ‘quando’ fazer.

Referência Iconográfica
CLOUD, B. Assorted arrow signage photo, 2018. 4016 × 6016 pixels. Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?8a4b32. Acesso em: abr 2021. (Editado)

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 35


QUANDO FAZER?
METAS O QUE FAZER? - AÇÃO
- PRAZO

Checar quais vestibulares prestar Até sexta-feira

Meta 1
Iniciar um programa de estudos Próxima semana
Passar no vestibular
(exemplo conectado
Analisar as matérias com maior
ao objetivo de se tor- No final de semana
peso para área escolhida
nar cientista)

Criar um cronograma de estudos No final de semana

1.

2.
Meta 2
3.

4.

1.

2.
Meta 3
3.

4.

1.

2.
Meta 4
3.

4.

1.

2.
Meta 5
3.

4.

36 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aulas 3 e 4
Estou no caminho certo?

Os personagens Ulisses e Dom Quixote têm nos ensinado: todos os caminhos demandam
empenho para caminhar. O primeiro personagem abre seu caminho através da razão, já
o segundo, com a perda do juízo. Ambos sabem aonde querem ir e por isso planejaram
seus caminhos.

Há outros, ainda, que chegam a encruzilhadas e não sabem qual caminho seguir. É o caso
de Alice da obra “Alice no País das Maravilhas” que pergunta ao Gato qual caminho
deve seguir para sair de onde está, e o Gato lhe diz que depende de onde ela queira
ir. Para a menina não importa aonde chegar e então o Gato é implacável: - Sendo assim, não
importa qual caminho seguir.

É importante ter aonde ir. Porque para fazer escolhas e tomar decisões o estudante precisa
saber o que quer. Contudo, é muito importante também refletir sobre como e o que fazer
para chegar aonde quer, ou seja, qual é o caminho que julga ser o melhor a seguir.

O trecho do texto de “Alice no País das Maravilhas” apresenta uma reflexão sobre a impor-
tância de se ter aonde ir. Por se encontrar perdida, Alice não conseguiu obter respostas
claras do personagem Gato. Em contrapartida, os personagens de Ulisses e Dom Quixote
estavam certos aonde queriam chegar.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 37


Conclui-se que saber aonde ir possibilita escolher os caminhos com eficiência, economizan-
do tempo e energia por meio da preparação e do planejamento das ações. Outra conclusão
importante a partir das narrativas revisitadas é que cada escolha desencadeia uma série de
consequências que precisam ser consideradas no momento em que as escolhas são feitas,
ainda que as consequências sejam parcialmente imprevisíveis. Toda narrativa clássica é uma
sucessão de eventos encadeados, ligados por causa e efeito, com doses variáveis de previ-
sibilidade e imprevisibilidade. O Projeto de Vida não é diferente disso, mas existem ao longo
do projeto estratégias para reduzir esse imprevisível – que dá sabor às narrativas, mas que
deve ser foco de cuidado no Projeto de Vida. Decisões tomadas no universo do Projeto de
Vida devem sempre ser fundamentadas por informações que permitem que as escolhas se-
jam feitas de forma segura, consciente e responsável. Afinal de contas, ninguém trata seus
sonhos de forma inconsequente e descuidada.

Nesta aula daremos foco aos possíveis caminhos que podem ser trilhados pelos estudantes
a fim de que um objetivo seja atingido. Para tal, faz-se necessária a definição de ações faci-
litadoras para o percurso a ser seguido, garantindo que as ações e as metas se mantenham
conectadas a um objetivo e às premissas de seu Projeto de Vida.

Objetivos Gerais
• Refletir sobre a escolha do caminho para alcançar as metas;
• Estabelecer metas em um planejamento semanal.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Leitura, diálogo e construção de lista de me-


O caminho e tas e ações a partir de recursos disponíveis 45 minutos
os recursos. para execução do Plano de Ação.

Atividade: Ca-
minhos curtos, Organização, seleção e aplicação das metas
40 minutos
diretos e recom- num planejamento semanal.
pensadores.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

38 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Orientações para as atividades

ATIVIDADE: O CAMINHO E OS RECURSOS

Objetivos

• Escolher o caminho e checar os recursos disponíveis;


• Criar uma lista de metas a partir da dinâmica “Um milhão de reais”;
• Estabelecer o caminho com ações conscientes e factíveis.

Desenvolvimento

1º Momento - Em roda

A atividade de leitura “O caminho e os recursos” apresenta uma reflexão a partir de dois


exemplos: o primeiro de uma pessoa que deseja se tornar um designer de moda e o segundo
que deseja falar inglês fluentemente (Anexo 1). A reflexão deve ser feita em torno da escolha
dos caminhos possíveis, quando se tem um objetivo claramente definido. Espera-se que os
estudantes observem o objetivo trazido nos exemplos e reflitam sobre como foram divididos
em metas. É importante observar que as metas podem ser projetadas a partir dos recursos
disponíveis. Neste momento, o estímulo ao diálogo sugere que os exemplos sejam multipli-
cados, a partir da experiência de cada estudante, na construção de seu Plano de Ação, ou
seja, a definição dos objetivos e das metas pode e deve ser utilizado como exemplo para
compreensão da escolha dos caminhos possíveis. Quais os caminhos possíveis de serem
trilhados pelos estudantes para realizar seu sonho no momento presente?

2º Momento - Individual

Após o primeiro momento, é importante que os estudantes sejam orientados a criar uma
lista, partindo da hipótese de que ganharam “Um milhão de reais” (Anexo 2). A lista deve
compreender três colunas, as quais devem conter as ações a serem empreendidas, tendo
em vista o recurso financeiro. A primeira coluna deve conter as ações do primeiro dia, a
segunda da primeira semana e a terceira do primeiro mês. Os estudantes devem construir
a lista a partir das metas estabelecidas no seu Plano de Ação. A divisão das colunas sugere
que o estudante pense em curtíssimos, curtos e médios prazos, com ações encadeadas.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 39


3º Momento - Em roda

Com a lista em mãos, os estudantes devem retomar o diálogo e compartilhar as decisões


individuais, para avaliar se suas metas são factíveis e desafiadoras. A lista serve como sub-
sídio para que eles percebam suas metas e reflitam sobre as possibilidades presentes, em
seu contexto atual. A ideia é que possam organizar e reelaborar seus planos com metas que
estejam ao alcance e que sejam desafiadoras, ao mesmo tempo. O professor deve, ainda,
estimular os estudantes a pensarem sobre os recursos, partindo da ideia de que muitas
pessoas se limitam a acreditar que não podem fazer nada a menos que tenham todos os
recursos do mundo, porém, nem sempre possuir os recursos facilita a trajetória. Uma traje-
tória é facilitada pelo poder de criação e de manter os desafios grandiosos o suficiente para
dar sentido ao Projeto de Vida.

ATIVIDADE: CAMINHOS CURTOS, DIRETOS E RECOMPENSADORES

Objetivos

• Empreender caminhos curtos, diretos e compensadores a partir do planeja-


mento das ações;
• Estruturar um programa de ações num planejamento semanal.

Desenvolvimento

Uma vez definidas as metas, os estudantes deverão saber quais delas terão foco em seu
planejamento. No Anexo 3 é disponibilizada uma planilha para que os estudantes possam
organizar um planejamento semanal. No entanto, antes do preenchimento da planilha, o
professor deverá orientá-los sobre a metodologia que será aplicada. Adotamos, aqui, a
orientação de Christian Barbosa, disponível no livro “Tríade do Tempo”, mas os estudantes
podem pensar o planejamento e criar sua própria planilha, desde que atenda às demandas
com eficiência.

O primeiro ponto abordado pelo autor, na composição de um planejamento, é a limitação


do número de metas. Segundo seu raciocínio, limitar o número de metas é importante para
manter o foco e obter sucesso na sua execução. Sugere, ainda, um método de planejamen-
to que chama de Regra 8-4-2.

O planejamento anual, nesta “regra”, será definido a partir de oito metas. Contudo, isso não
significa que o estudante apenas realizará oito metas anualmente, pois sempre que alcançar
uma, poderá inserir outra em seu lugar. A intenção é filtrar as metas mais importantes, para
que o foco se mantenha nas ações, posto que, muitas metas podem confundir a organização
das ações.

40 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


O planejamento mensal será feito a partir da seleção de quatro metas dentre aquelas oito
definidas no planejamento anual. O foco, dessa forma, permanece nas ações, e sempre que
uma meta for alcançada deverá ser posta outra em seu lugar. A cada mês o estudante poderá
revisar o cumprimento das metas do mês anterior e a partir daí planejar o seguinte.

Após a explicação da Regra 8-4-2, no que se refere aos planejamentos anual e mensal, o
professor deve indicar que os estudantes reservem alguns minutos iniciais para definir as
oito metas anuais e as quatro mensais.

A partir de então, eles podem compor o planejamento semanal, conforme o quadro apresen-
tado no Anexo 3, em que organizará a cada semana duas metas conectadas ao planejamento
mensal e ao planejamento anual. Assim, tem-se a Regra 8-4-2.

A ideia de realizar duas metas por semana é proporcionar maior flexibilidade, pois uma
semana pode não ser suficiente para a realização de uma meta, assim ela poderá ser re-
tomada na semana seguinte, facilitando, mais uma vez, o acompanhamento e a revisão de
seu plano. É indicado que, a cada início de semana, o estudante se debruce 30 minutos para
fazer seu planejamento semanal. Na planilha disponibilizada no Anexo 3, há alguns campos
para preenchimento e deverá ser atualizado semanalmente.

Ao estabelecer as metas, os estudantes tornarão suas ações conscientes e poderão prever até
onde conseguem ir com seus planos, mantendo o foco, a determinação e a responsabilidade. A
planilha traz cinco ações diárias que devem ser definidas no campo PRIORIDADES, permitindo
a escolha de caminhos curtos e diretos; no campo COMPROMISSOS, estão as tarefas que têm
hora para começar e não podem ser adiadas; no campo PROJETOS, os estudantes podem de-
finir a quais projetos irão se dedicar – nos planos pessoal, social e familiar; tomando nota, ainda,
da missão e das premissas que devem acompanhar todas as suas ações.

É interessante orientar os estudantes sobre os recuos que podem acontecer durante a


execução das ações definidas em seu planejamento. Os recuos não devem ser encarados
como retrocessos, mas como possibilidades de rearranjo das ações. Com os recuos se ga-
nha em conhecimento e são gerados novos impulsos, para novas ações. Uma mesma ação
pode e deve ser retomada na semana seguinte até o cumprimento da meta, assim como
uma mesma meta poderá ser retomada no mês seguinte.

Avaliação

Observar se os estudantes compreendem e aplicam, em seu Plano de Ação, metas especí-


ficas, alcançáveis e relevantes. Espera-se que os estudantes preparem e planejem as ações
com eficiência e também realizem um exercício de reflexão sobre os recursos e apoios pos-
síveis que poderão utilizar para as metas curtas, diretas e recompensadoras. Avaliar se
os estudantes são capazes de aplicar as metas no planejamento semanal, com auxílio da
Regra 8-4-2, aperfeiçoando a execução de seu Projeto de Vida, cotidianamente.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 41


Em casa
Copiar o texto do Anexo 4 na lousa da sala de aula. Leia o texto juntamente
com os estudantes e explique que se trata de atividade semelhante à que foi
realizada em relação aos objetivos, em aula anterior.
Respostas e comentários
Assim como as aulas sobre os objetivos, esta atividade tem como finalidade
realizar a aproximação entre o Projeto de Vida dos estudantes e seus familia-
res. É importante esse exercício, pois possibilita ao professor perceber o grau de
acolhimento e incentivo que o estudante encontra em casa, tendo em vista as
exigências e desafios específicos de cada projeto, e como o projeto é percebido,
uma vez confrontado com a realidade familiar.

Texto de apoio ao professor

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS METAS E O CAMINHO

As histórias de Ulisses, Dom Quixote e Alice servem como ilustração para os estudantes re-
fletirem suas trajetórias, mas não servem como moldes, bem como nenhuma outra histó-
ria, mesmo real, não serviria. Cada pessoa, com ou sem Projeto de Vida, tem o seu próprio
caminho a trilhar. Nenhuma história se repete de maneira idêntica, como nenhum caminho
ou ação se repetem. Por isso, quem faz um projeto sabe, de antemão, que precisa de auto-
nomia (auto “de si mesmo” + nomos, “lei” = aquele que estabelece as suas próprias leis).
O Projeto de Vida apresenta aos estudantes histórias, exatamente para que eles possam
refletir sua própria história, sua narrativa. E, depois de tanto tempo refletindo e exercitando
o conhecimento de si, de seus valores, habilidades e competências, faz sentido esperar que
ele saiba aonde quer chegar.

42 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Outro aspecto importante de esclarecer é que metas, objetivos, missão, premissas e visão
fazem parte de um todo, que se dividem apenas para dar um tratamento didático, estraté-
gico e minucioso ao plano, buscando maior previsibilidade ao agir. O Projeto de Vida é um
todo orgânico. Ele funciona como um móbile, que ao ser tocado em um ponto se movimenta
integralmente. Isso significa, também, que ele representa todas as dimensões existenciais
dos sujeitos, bem como seus diferentes planos de vida – pessoal, social e profissional. É im-
portante considerar que as metas estabelecidas precisam estar alinhadas tanto ao objetivo
quanto à missão e à visão, às premissas e aos valores. Esse alinhamento deve chegar até as
metas ou, melhor ainda, deve chegar às ações.

O desafio de compor um planejamento semanal reside em estabelecer harmonia entre


todos os objetivos traçados, sejam eles de curto (meta), médio ou longo prazos (objetivo,
missão e visão de futuro). A conexão entre os diferentes tempos de execução precisa
alinhar-se com os diferentes elementos que estruturam o plano. É fundamental que os
estudantes tenham liberdade, autonomia e responsabilidade para autorregulação e para
avaliar os planos, conforme as descobertas pelo caminho. O que denota que o autoco-
nhecimento e a criação de uma dinâmica de respeito a si e ao que se planeja para si, não
significa mudar de planos sempre que algo der errado. É preciso encontrar o equilíbrio
e, nesse caso, o professor pode ser um grande mediador para essa tarefa, uma vez que,
nesse momento, poderá assistir às angústias, dificuldades e dúvidas dos estudantes que
vão surgindo no limiar das ações, enquanto se desenvolvem em suas potencialidades e
podem, assim, ser acolhidos e orientados para a autopercepção.

Vale também lembrar: a meta deve partir da visão de futuro do estudante, senão ele não
encontrará motivação para atingir os objetivos. Por isso, o saber “o que se quer” deve pas-
sar pela crítica e pela escolha do estudante e não pelo pai ou pela mãe. Daí a exigência da
autonomia e a busca de como se dá esse processo no plano familiar, de forma a ser o mais
tranquilo possível. A conexão com a visão de futuro pode servir de auxílio para que esses
jovens estabeleçam bons argumentos e consigam direcionar suas ações com mais prota-
gonismo e empoderamento. Encorajar-se a modificar relações de dependência são temas
de primeira ordem e não deverão ser evitados.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 43


Na estante

VALE A PENA LER

Livro: O Conto da Ilha Desconhecida


Autor: José Saramago
Editora: Companhia Das Letras
Ano: 2018
Número de páginas: 64
Na procura de novos caminhos, nos lançamos para o novo: para a ilha
desconhecida que nos espera. José Saramago conta, nesta história, que
um homem foi até o rei e pediu-lhe um barco para ir à procura da ilha desconhecida. O rei
protesta, pois já não há mais ilhas desconhecidas. Todas já estão no mapa e são conheci-
das. O homem, insistente em sua busca, diz ao rei que nos mapas só há as ilhas conhecidas,
e que a desconhecida é essa que ele quer procurar, por isso deseja um barco. Depois de
muitos argumentos, contra-argumentos, insistências e pressões, eis que o rei lhe dá um
barco e o homem segue sua trajetória. Esta história é interessante para refletir a importân-
cia de estar certo do que se quer e para estabelecer metas em direção ao Projeto de Vida.

Livro: A Tríade do Tempo


Autor: Christian Barbosa
Editora: Sextante
Ano: 2012
Número de páginas: 256
O livro identifica os principais problemas com a administração do tempo
e propõe uma abordagem atualizada com uma nova metodologia de fácil aplicação para
qualquer pessoa. Revela um trabalho baseado no resultado de uma pesquisa ampla e com
pessoas de diferentes países, sobre problemas e necessidades atuais de administração de
tempo e produtividade pessoal.

44 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


VALE A PENA ASSISTIR

Vídeo: TEDx Biel Baum: Ensinando crianças a come-


rem melhor
O cozinheiro mirim Biel Baum fala sobre seu programa
Arte na Cozinha, nos revela as motivações que o leva-
ram a começar a cozinhar e explica como conseguiu unir
empreendedorismo social à (sic) culinária por meio de
projetos para escolas, redes sociais e games - além da atração que apresenta na tevê:
ele pretende transformar culinária em diversão e ajudar crianças a comerem melhor.

Biel começou a se interessar pela alimentação saudável depois que o seu melhor amigo
passou a sofrer com um câncer causado por agrotóxicos usados nas plantações da própria
família. Após longas pesquisas sobre o tema, o jovem chegou à conclusão de que o mun-
do seria um lugar melhor se as pessoas deixassem de lado os alimentos industrializados,
transgênicos e cheios de agrotóxico, optando pelo orgânico.

Para estimular esse pensamento, ele apresenta o programa Arte na Cozinha, além de ser
um verdadeiro embaixador dos alimentos saudáveis. Aos 12 anos, Biel é chef de cozinha,
vegetariano e apresentador. Também escreveu um livro: “Meu diário para Jamie Oliver –
realizando sonhos e inventando receitas”.7

Referência Iconográfica

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?0f92c1. Acesso em: mar 2021.

7 Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?b51699. Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 45


Anexo 1

ATIVIDADE DE LEITURA: A ESCOLHA DO CAMINHO E DOS RECURSOS

A sustentabilidade do Projeto de Vida se dá a partir das ações possíveis de serem executadas


no presente. O planejamento e a preparação são imprescindíveis para a execução dos obje-
tivos e das metas. Você pode vislumbrar um futuro em que se torne um grande designer de
moda, por exemplo. No entanto, os recursos disponíveis, no momento presente, são uma
máquina de costura, que está guardada em algum local da casa, e algumas peças de roupas,
que já não servem e podem ser reformadas. As aulas para aprender a manipular a máquina
podem vir de sua avó ou de algum blog da internet, desses que as pessoas disponibilizam
suas experiências gratuitamente. Com certeza, a primeira peça que você conseguir desenhar
e produzir será um troféu na sua trajetória de Designer de Moda.

Não tenha dúvidas: para trilhar um caminho para a plenitude, é necessário muito empenho e
dedicação. Você precisará estudar e se especializar naquilo que é essencial para a obtenção
do sonho que tanto almeja, por isso deve relacionar os recursos disponíveis e utilizá-los de
maneira eficiente. A disciplina e a autonomia serão combustíveis para sua jornada.

Atente-se, ainda, que ao definir e escrever as metas, detalhando as ações, você pode per-
ceber que faltam recursos, no presente, para executá-las. Esteja certo: se isso acontecer
é porque suas metas podem estar maiores do que deveriam. Isso significa que se você
diminuir o passo, ou seja, dividir suas metas em metas menores, não perderá a qualidade
de suas ações. O que parece um pequeno passo se estiver dentro de suas possibilidades
de recursos e ação, pode significar um importante avanço em direção ao seu objetivo. As
metas devem gerar um desafio que motive sua caminhada, mas ela não pode ser maior que
suas possibilidades no presente.

Observe mais um exemplo: Você quer aprender a falar inglês fluentemente – meta – por-
que tem um projeto de viajar para o exterior quando terminar a universidade – objetivo.
Ir para o exterior poderia ser a solução ideal para aprender o idioma, no entanto, você não
tem possibilidade real para fazer esta escolha – contexto. Também possui como premissa
em seu Projeto de Vida a independência de seus pais, ou seja, quer ter o máximo de auto-
nomia possível e, neste momento, não quer pedir a eles que paguem um curso de inglês.
Ora, o que é possível realizar tendo em vista esta meta? Você pode estruturar um programa
de ação e estudar por meio de filmes, músicas e recursos disponíveis na internet – plano
estratégico, e ainda checar sua aprendizagem em espaços que tenham pessoas que falem
inglês fluentemente. Que tal?

Sendo assim, as ações conectadas às metas, que você definiu para atingir o objetivo, depen-
dem de recursos, sejam eles internos ou externos. A atividade que segue é uma dinâmica que
possibilita você pensar a escolha dos caminhos e sua execução a partir dos recursos neces-
sários. Então, realize a atividade e descubra como você está pensando suas metas.

46 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE INDIVIDUAL: UM MILHÃO DE REAIS

1. Tendo como referência as ações e metas definidas em seu Plano de Ação, imagine que
você tenha ganhado um milhão de reais. Então, faça uma lista das ações que você em-
preenderá. Você pode dividir a lista em três colunas que representará as ações do primeiro
dia, da primeira semana, e do primeiro mês, após o recebimento do dinheiro.

2. Observe sua lista, compartilhe com os colegas e reflitam juntos sobre as possibilidades
de realização das ações listadas.

Para refletir

Ao traçar uma meta o mais importante é: ter clareza do que se quer; ter or-
ganização para o que é possível realizar; ter disciplina para sempre estar em
movimento, fazendo algo em direção ao seu sonho e se sentir desafiado o
suficiente, para manter vivo o seu Projeto de Vida. Muitas pessoas se limitam
a acreditar que não podem fazer nada, a menos que tenham todos os recur-
sos do mundo. O Projeto de Vida tem que ser um desafio para a sua realidade,
independentemente dos recursos disponíveis. Aja com criatividade, sempre!

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 47


Anexo 3

ATIVIDADE: CAMINHOS CURTOS, DIRETOS E RECOMPENSADORES

Agora que você já tem metas definidas, a sugestão é que possa fazer um planejamento
de longo, curto e médio prazo. A base é o planejamento semanal e abaixo você tem uma
planilha que orientará suas ações cotidianas. Inicialmente, esteja atento às orientações do
professor que apresentará a Regra 8-4-2.

Após a explanação do professor, você deve estabelecer oito metas para serem desenvol-
vidas no intervalo de um ano. E dessas oito metas, extraia quatro que serão projetadas
para o primeiro mês, compondo o planejamento mensal. No seu planejamento mensal,
você deve reservar um dia, antes de começar sua semana, para fazer a programação das
ações, incluindo seus compromissos e criando para si tarefas prioritárias.

Esteja atento à planilha e saiba que os compromissos são aquelas atividades às quais você
não pode faltar, que tem prazo para realizar e horário para acontecer, tais como as aulas
diárias que você frequenta na escola, ou outros cursos que você frequenta semanalmente.
Já as tarefas são mais flexíveis, pois podem ser cumpridas ao longo do dia, ao determinar
algumas horas ou minutos para realizá-las. Os projetos têm relação com diferentes planos
e dimensões de sua vida. Então, você pode focar metas para um projeto pessoal, social ou
profissional, depende do que você quer transformar em sua realidade.

48 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


PLANEJAMENTO SEMANAL

COMPROMISSOS PRIORIDADES HORAS MISSÃO:

1.

2.

SEG 3.

4.

5.

1.

2.

TER 3.

4.
EXECUÇÃO

5.

1. 1.

2.
METAS CONECTADAS

QUA 3.

4. 2.

5.

1.

2.
PROJETOR

QUI 3.

4.

5.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 49


PLANEJAMENTO SEMANAL

COMPROMISSOS PRIORIDADES HORAS MISSÃO:

1.

2.

PROJETOR
SEX 3.

4.

5.

1.
EXECUÇÃO

2.

SAB 3.

4.
PREMISSAS

5.

1.

2.

DOM 3.

4.

5.

50 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 4

EM CASA

Nestas aulas, você pode detalhar parte de seu Plano de Ação, iniciando um Programa de Ação
detalhado. É importante que você se reúna com sua família para apresentar a programação
semanal do seu Projeto de Vida. Dialoguem sobre as ações que você pretende desenvolver e,
ao final, escreva um pequeno diário sobre como foi compartilhar essa experiência:

- Seus parentes conseguiram compreender a sua missão e a relação desta


com as metas definidas em seu Plano de Ação?
- Eles compreenderam a disposição dos compromissos e suas prioridades?
- Os prazos lhes pareceram razoáveis?
- Houve alguma sugestão de mudança ou inclusão de mais algum compromisso?
Qual e quando será realizado?
- Eles concordam que as suas metas são desafiantes? Por quê?
- Como se sente ao compartilhar seu planejamento semanal?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 51


Para refletir
Assim como recomendamos uma reflexão sobre os objetivos para seu Projeto de Vida,
recomendamos continuar a reflexão sobre essas pequenas células de compreensão dos
objetivos – que são as metas – em relação à tomada de decisões. Usando ainda trechos
extraídos do livro “A mente organizada: como pensar com clareza na era da sobrecarga de
informação.” de Daniel J. Levitin, vamos refletir sobre a seleção e organização das informa-
ções específicas e sua recuperação para uso na resolução de problemas cotidianos através
de ações concretas.
“A atenção é o recurso mental mais importante para qualquer organismo. É ela que determi-
na os aspectos do ambiente com os quais lidamos, sendo que na maior parte do tempo vários
processos automáticos e subconscientes escolhem de maneira criteriosa o que vai passar
para a nossa percepção consciente. Para que isso aconteça, milhões de neurônios vivem mo-
nitorando o ambiente a fim de selecionar em que devemos focar. Esses neurônios constituem
coletivamente o filtro de atenção. Eles trabalham em grande parte nos bastidores, fora da
nossa percepção consciente. É por isso que a maioria dos detritos perceptivos na vida coti-
diana não é registrada; é por isso que você não se lembra de grande parte da paisagem que
passou voando depois de horas dirigindo pela estrada. Seu sistema de atenção o “protege”
de registrá-la porque ela não é tida como importante. Esse filtro inconsciente obedece a de-
terminados critérios sobre aquilo que deixará chegar à sua percepção consciente.
O filtro de atenção é uma das maiores conquistas evolutivas. Nos seres não humanos, ele
garante que não sejamos distraídos por coisas irrelevantes. Os esquilos se interessam por
nozes e predadores, e praticamente por mais nada. Os cães, cujo olfato é um milhão de vezes
mais apurado que o nosso, usam o olfato mais do que a audição para colher informações
sobre o mundo, e seu filtro de atenção evoluiu para que assim fosse. Se você já tentou cha-
mar seu cachorro enquanto ele fareja algo que despertou seu interesse, sabe que é muito
difícil chamar sua atenção através do som — o cheiro triunfa sobre o som no cérebro canino.
Ninguém elaborou ainda todas as hierarquias e os fatores prevalentes no filtro de atenção hu-
mano, mas descobrimos muita coisa a respeito deles. Quando deixaram as copas das árvores
em busca de novas fontes de alimentos, nossos ancestrais proto-humanos inauguraram um
vasto campo de novas possibilidades alimentares e se expuseram ao mesmo tempo a um
vasto campo de novos predadores. Permanecer alerta e vigilante a ruídos e estímulos visuais
ameaçadores garantiu a sobrevivência deles; isso significou a permissão para que uma quan-
tidade crescente de informação passasse pelo filtro de atenção.”8
“Nada que seja perfeitamente solucionável chega à minha mesa”, observou o presidente
Obama. “Caso contrário, alguém já teria solucionado.”
Qualquer decisão cuja solução é óbvia — que não precise de muito esforço mental — vai ser
resolvida por alguém abaixo do presidente. Ninguém deseja desperdiçar o precioso tempo dele.
As únicas decisões que chegam a ele são as que desnortearam todo mundo abaixo dele.

8 LEVITIN, D. J. A mente organizada: como pensar com clareza na era da sobrecarga de informação. 1 ed. – Rio de
Janeiro: Objetiva, 2015. p. 51-53.

52 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


A maioria das decisões que o presidente dos Estados Unidos precisa tomar possui sérias
implicações — perda de vidas em potencial, escalada de tensão entre países, mudanças na
economia que podem levar ao desemprego. E os problemas costumam vir acompanhados
de informação precária e pobre. Seus conselheiros não precisam dele para debater novas
possibilidades — embora ele às vezes também faça isso. Os conselheiros não passam o
problema para o andar de cima por serem incapazes de solucioná-lo, mas porque ele in-
variavelmente envolve uma escolha entre duas perdas, dois desfechos negativos, e o pre-
sidente precisa decidir qual o mais palatável. A esta altura, diz o presidente Obama, “você
acaba lidando com probabilidades. Para qualquer decisão que toma, acaba com 30% ou
40% de chance de não dar certo”.9
“Todo mundo que já teve algo de valor que precisou ser consertado — uma casa ou um
carro, por exemplo — precisou lidar com conciliações, e percebeu como é necessária uma
perspectiva administrativa para o processo de tomada de decisão. Você deve comprar o
telhado com garantia de trinta anos ou o de vinte? A lavadora de primeira linha ou a da
promoção? Imagine que seu mecânico diz que é preciso comprar uma nova bomba d’água
para o seu carro e que ele pode instalar, em ordem de preço descendente, uma original
comprada num representante autorizado, uma peça com a mesma função fabricada por
uma companhia estrangeira ou uma peça usada, com garantia, do ferro-velho. Ele não pode
tomar a decisão por você porque não sabe quanto você tem disponível, nem quais são seus
planos para o carro. (Você está prestes a vendê-lo? Restaurando-o para participar de uma
exposição de automóveis? Planejando viajar com ele pelas Montanhas Rochosas em julho,
quando o sistema de refrigeração será exigido ao máximo?) Em suma, o mecânico não tem
uma perspectiva elevada dos seus planos a longo prazo para o carro ou do seu dinheiro.
Qualquer decisão que não seja a peça original instalada por uma oficina autorizada é uma
concessão, mas uma concessão que muitos estão dispostos a fazer, considerando que dá
para o gasto.
Os modelos padrão de tomada de decisão presumem que um tomador de decisão — so-
bretudo no âmbito da economia e dos negócios — não será influenciado por considera-
ções emocionais. Mas a pesquisa neuroeconômica demonstrou que isso não é verdade:
as decisões econômicas produzem atividade em regiões emocionais do cérebro, inclusive
“a ínsula e a amígdala”. A velha imagem de desenho animado do sujeito com um anjo em
um ombro e um demônio no outro, dando conselhos contraditórios a uma cabeça confusa
no meio, é válida aqui. Os benefícios são avaliados profundamente no cérebro, numa parte
do corpo estriado mais próxima da coluna (que inclui o centro de recompensa do cérebro,
o núcleo accumbens), enquanto os custos são simultaneamente avaliados na amígdala,
considerada o centro cerebral do medo (região responsável pela reação “lutar-ou-fugir”
diante de ameaças à sobrevivência e outros perigos). Absorvendo essa informação com-
petitiva sobre custos e benefícios, o córtex pré-frontal age como quem decide. Não é como
na experiência em que temos de tentar decidir conscientemente entre duas alternativas; a
tomada de decisão costuma ser muito rápida, fora de nosso controle consciente, envolven-
do impulsos heurísticos e cognitivos que evoluíram para nos prestar serviço numa ampla
gama de situações. A racionalidade que pensamos transmitir à tomada de decisão é em
parte ilusória.”10

9 LEVITIN, D. J. A mente organizada: como pensar com clareza na era da sobrecarga de informação. 1 ed. – Rio de
Janeiro: Objetiva, 2015. p. 622.

10 LEVITIN, D. J. A mente organizada: como pensar com clareza na era da sobrecarga de informação. 1 ed. – Rio de
Janeiro: Objetiva, 2015. p. 773.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 53


Aulas 5 e 6
Tudo depende do que faço: minhas ações

Esta aula tem por finalidade enfatizar as ações, que são o ponto culminante de todo plano
arquitetado pelos estudantes – é quando o que foi planejado se efetiva. As atividades que
se seguem pretendem ser um começo de conversa sobre o tema, que terá desdobramentos
práticos nas aulas subsequentes. Em termos práticos, chega-se ao momento do Projeto de
Vida em que se aproxima a lente de aumento – depois de observarmos os objetivos, passan-
do pelas metas – chegando até as ações, o que permite aprimorar a estruturação do Projeto,
em direção a sua plena efetivação.

Objetivos Gerais
• Compreender a correlação entre os objetivos do Projeto de Vida e o imperativo
de agir;
• Analisar a qualidade das próprias ações mediante as metas traçadas no plano.

54 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Com Projeção do vídeo “50 pessoas, 1 pergunta:


o que sonham qual é o seu sonho?” Seguida de discussão 45 minutos
os outros? em grupo.

Relacionar as ações previstas no jogo de


Atividade:
tabuleiro e as cenas imaginadas no roteiro
Tabuleiro cine- 40 minutos
cinematográfico – materiais elaborados nas
matográfico.
aulas anteriores.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: COM O QUE SONHAM OS OUTROS?

Objetivo

• Exercitar uma leitura pragmática dos depoimentos sobre os sonhos de diver-


sas pessoas, a partir dos requisitos da estruturação de um Projeto de Vida,
em especial no concernente à relação entre objetivos e ações.

Desenvolvimento

Criado em Los Angeles, EUA, o Fifty People One Question é um projeto em formato de web-
série em que pessoas comuns são entrevistadas e falam sobre seus sonhos, desejos e me-
dos. Em 2014, a plataforma de produção de conteúdo digital Selo criou uma versão brasi-
leira do projeto.11 Tenha acesso a todos os vídeos visitando o canal do YouTube do projeto -
https://www.youtube.com/c/FiftyPeopleOneQuestion.

No vídeo proposto para esta aula (Anexo 1), e que pode ser acessado no canal oficial da
plataforma no YouTube – icebrasil.org.br/surl/?d34dfe – cidadãos de São Paulo respondem
à seguinte pergunta: “Qual é o seu sonho”?

11 50 pessoas, 1 pergunta: conheça esse projeto inspirador. Hypeness. 19 jan 2015. Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?b7e9a4. Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 55


A escolha do vídeo para esta aula se dá por duas razões. Primeiro, para que os estudantes
possam se distanciar um pouco do Projeto de Vida pessoal e aplicar o que aprenderam sobre
as etapas e requisitos do Plano de Ação em qualquer discurso que possua como temáticas
os sonhos, os desejos, os objetivos etc. Uma vez distanciados de seus interesses particulares,
torna-se mais fácil aos estudantes a realização da crítica e o apontamento de eventuais des-
compassos ou convergências entre objetivos e ações mencionados pelos entrevistados. Exer-
citado esse questionamento, os estudantes se voltam para os projetos pessoais na segunda
atividade. A outra razão para a escolha do filme é que as pessoas falam livremente no vídeo,
despreocupadas do quanto seus sonhos são exequíveis ou não, sendo, por isso, uma ótima
oportunidade para se exercitar um olhar pragmático por parte dos estudantes.

Seria interessante que eles pudessem assistir ao vídeo uma primeira vez, sem compro-
missos, apenas com a finalidade de se familiarizarem com o conteúdo. Feito isso, com os
estudantes distribuídos em grupo, o professor passará as questões relacionadas à inter-
pretação do texto, de forma que todos realizem uma leitura prévia. Após esse contato com
o vídeo e com as questões, os estudantes assistirão ao filme novamente e precisarão “ler”
os depoimentos. Depois dessas etapas, um representante de cada grupo apresenta as
deliberações de sua equipe para toda a classe.

Algumas observações sobre as questões propostas:

- Questão 1: Como as entrevistas no vídeo são informais e remetem a livres


associações momentâneas, muitas respostas passam longe dos aspectos
pragmáticos necessários a um Plano de Ação. Sendo assim, são muitos os
sonhos mencionados que não apontam para ações efetivas, uma vez que
para se realizarem não dependeriam apenas dos esforços dos entrevistados:
“Ficar rico”, “Ganhar na Mega Sena”, “Que haja justiça social”, “Ser lembrado
pela sociedade” etc.
- Questão 2: Os estudantes são livres para escolher os exemplos, tanto nesta
questão como nas demais, mas provavelmente as respostas em que o en-
trevistado quer “se tornar algo” é que darão margem para elucubrações em
torno de um Plano de Ação, uma vez que foi assim que os estudantes se fami-
liarizaram com o assunto. Por exemplo: “Ser estilista”, “Ser médico” (note-se
que uma entrevista diz: “Eu quero fazer medicina”, uma diferença sutil, mas
importante de apenas dizer “queria ser médico”, pois aponta para a perspec-
tiva de uma faculdade) etc. Mas há outras ações que poderiam ser viáveis:
“Construir uma biblioteca na cidade em que eu nasci”, “Passar na Universida-
de, “Morar na praia”...
- Questão 3: O melhor exemplo de alguém que realizou seus objetivos e dá
indícios concretos disso é a senhora que diz ter começado a trabalhar “tarde”
porque o marido não a deixava trabalhar fora. Após separar-se dele, ela fez
tudo o que teve vontade. Foi examinadora de trânsito, fez faculdade... Dona
de si e preocupada com a qualidade de vida no presente, ela afirma que é
uma das poucas pessoas da cidade de São Paulo que não têm celular - “para
ninguém me encher!”.

56 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


ATIVIDADE: TABULEIRO CINEMATOGRÁFICO

Objetivo

• Refletir sobre a relação Ação – Objetivos, a partir da análise (lúdica) das metas
estabelecidas no Plano de Ação.

Desenvolvimento

Para essa atividade, utilize o texto do Anexo 2. Observe se os estudantes compreendem


a correlação entre os objetivos e as ações e como analisam a qualidade de suas ações
mediante as metas que estabeleceram em seu Projeto de Vida.

Avaliação

Observe o nível de participação e seriedade dos estudantes quanto ao tema e verifique se


houve a compreensão dos objetivos propostos.

Em casa
Cuidado com os lotófagos!
Leia juntamente com os estudantes o texto do Anexo 3 e copie o conteúdo do
box “Em casa” na lousa, explicando o que deve ser feito em casa.
Respostas e comentários
As respostas são pessoais e, não só, podem indicar eventuais dificuldades que os
estudantes apresentem no cumprimento de suas metas, como também podem
possibilitar o diálogo com o professor sobre possíveis estratégias para o melhor
alinhamento das ações com os objetivos estruturados no Projeto de Vida.
Leia juntamente com os estudantes o texto do Anexo 3 e copie o conteúdo do
box “Em casa” na lousa, explicando o que deve ser feito em casa.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 57


Texto de apoio ao professor

VEJA OS CINCO MAIORES ARREPENDIMENTOS DAQUELES QUE ESTÃO PARA


MORRER12

Uma enfermeira que aconselhou muitas pessoas em seus últimos dias de vida escreveu um
livro com os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas antes de morrer.

Bronnie Ware é uma enfermeira que passou muitos anos trabalhando com cuidados palia-
tivos, cuidando de pacientes em seus últimos três meses de vida. Em “The Top Five Regrets
of the Dying” (“Top Cinco Arrependimentos Daqueles que Estão Para Morrer”), ela conta
que os pacientes ganharam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas e que
podemos aprender muito desta sabedoria.

“Quando questionados sobre desejos e arrependimentos, alguns temas comuns surgiam


repetidamente”, disse Bronnie ao jornal britânico “The Guardian”.

Confira a lista e os comentários da enfermeira:

1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a


vida que os outros esperavam que eu vivesse
“Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida
delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram rea-
lizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de
morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não
tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles
não a têm mais.”

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto


“Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivi-
do mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também
falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga,
muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arre-
penderam de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho.”

12 VEJA os cinco maiores arrependimentos daqueles que estão para morrer. Folha de São Paulo, 2012. Disponível
em: icebrasil.org.br/surl/?b93d70. Acesso em: 26 dez 2020.

58 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
“Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como
resultado, eles se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram
quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram doenças relaciona-
das à amargura e ressentimento que eles carregavam.”

4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos


“Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles
chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear es-
sas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles deixaram
amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muito arrependimentos
profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades. Todo mundo sente
falta dos amigos quando está morrendo.”

5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz


“Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso
no fim da vida, que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos
hábitos e padrões. O famoso ‘conforto’ com as coisas que são familiares. O medo da
mudança fez com que eles fingissem para os outros e para si mesmos que eles es-
tavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as
coisas bobas em suas vidas de novo.”

Na estante

VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Powers of ten (1977)


Diretor: Charles Eames
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 9 min
Uma boa metáfora ao processo que temos desenvolvido na estruturação
dos objetivos, metas e ações do Projeto de Vida – de aproximação suces-
siva e compreensão do objeto sobre o qual nos debruçamos, quase como
cientistas! – é o filme criado em 1968 e finalizado em 1977 pelos designers estadunidenses
Ray e Charles Eames, chamado Potências de Dez (no original, Powers of ten).13

13 Texto curatorial de Paulo Miyada para a exposição Arte e Ciência - Nós entre os extremos, Instituto Tomie Ohtake,
2015. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?889221. Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 59


Fazendo uso das mais modernas técnicas de vídeo e edição disponíveis à época, o filme é
uma viagem emocionante sobre as escalas do universo, da mais distante à mais próxima,
sugerindo que a percepção do universo depende de como o observamos. Leia o texto cura-
torial de Paulo Miyada feito para a exibição do filme em 2015, na exposição Arte e Ciência
- Nós entre os extremos, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo:
“Em 1977, foi concluída a versão definitiva do filme Powers of Ten (Potências de dez), dirigido
pelo casal Charles e Ray Eames (pioneiro no design industrial para produção em massa).
Distribuído pela IBM, que colaborou para sua viabilidade técnica, o lançamento de 1977
tinha como subtítulo “Um filme que lida com o tamanho relativo das coisas no universo e o
efeito de adicionar outro zero”.
Com esse enunciado um pouco frio, sem grandes promessas de aventura ou sedução, foi
lançada uma obra audiovisual que ajudou várias gerações de pessoas de todo o mundo a
expandir seu imaginário sobre o lugar do humano entre as mais extremas ordens de gran-
deza, do mínimo ao máximo.
Para muitos, esse filme foi, e ainda é, um gatilho para perceber os níveis de complexidade
guardados além dos limites da percepção humana. Por esse motivo, Powers of Ten foi esco-
lhido como o ponto de partida da exposição “Nós entre os extremos”. Um caso excepcional
de produção artística e cultural que se alimenta dos mundos descobertos pela ciência no
interior e nas bordas do mundo que percebemos direta-
mente pelos nossos sentidos.”
Assista ao filme em versão legendada no endereço -
icebrasil.org.br/surl/?203ade - Acesso em: 26 dez 2020.

VALE A PENA LER

Livro: A arte da procrastinação


Autor: John Perry
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2014
Número de páginas: 128
Pode soar contrário ao senso comum, mas funciona: você pode realizar
muitas coisas deixando-as para depois. Essa é a filosofia apresentada
no livro “A arte da procrastinação”. Se você é do tipo que reluta em entregar as coisas no pra-
zo estabelecido, se distrai facilmente, navega na internet em vez de pagar as contas, ou é do
tipo que compra o presente do seu amigo a caminho da festa, este livro vai mudar sua vida.
Com uma linguagem simples e direta, John Perry nos mostra, por meio de exemplos práticos,
como repensar a importância de nossos afazeres e conseguir realizar todos eles (e muito
mais!), mesmo quando adiamos aquelas tarefas mais chatas.
Prepare-se para descobrir estratégias efetivas e cientificamente testadas contra a procras-
tinação, mas lembre-se de que, acima de tudo, é necessário aceitar sua tendência a deixar
as tarefas para amanhã. Crie coragem, faça o que tem que ser feito, mas não deixe, é claro,
de aproveitar o tempo que você perde.14

14 A ARTE DA PROCRASTINAÇÃO - Como realizar tarefas deixando-as para depois. Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?267d4d. Acesso em 26 de dezembro de 2020.

60 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Título: Guia ilustrado Zahar: Mitologia
Autores: Philip Wilkinson e Neil Philip
Editora: Zahar
Ano: 2009
Número de páginas: 352
Nas culturas do mundo parece haver incontáveis mitos e inúmeros deuses.
Dizem que apenas os mitos hindus da Índia envolvem milhares de divindades. Essa variedade
é fascinante e deu origem a histórias que entretêm diversas gerações e inspiram artistas e
escritores há séculos, sendo relevantes até hoje. Muitas pessoas leem os mitos pela luz que
eles lançam sobre a vida, os relacionamentos e a forma como o mundo evolui. Acima de tudo,
eles fornecem uma visão singular sobre ideias, religiões, valores e a cultura dos povos que
inicialmente os criaram. Compreender sua mitologia é compreender o seu mundo.
Este é um guia para vários dos mais interessantes e influentes mitos do mundo. O corpo
principal do livro explora os mitos geograficamente, com capítulos sobre a mitologia da
Europa à Oceania, além de um capítulo dedicado especialmente aos mitos clássicos gre-
co-romanos. Complementando este “Quem é quem na mitologia”, há uma série de breves
biografias de deuses e deusas, detalhando suas origens, personalidades e feitos.
O relato dos mitos neste livro origina-se de duas fontes distintas. Em alguns casos, os es-
critores antigos legaram narrativas sobre os mitos de seus povos, e esses textos fornecem
informações sobre culturas como a da Grécia clássica e a da Índia. Quando não há textos
antigos, confiamos no trabalho de folcloristas e antropólogos que visitaram as localidades
e registraram e estudaram as histórias de sua tradição oral. A maioria dos mitos da África,
América do Norte e Oceania nos foi passada dessa forma.15

Referência Iconográfica
Freepik. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?2798b6. Acesso em: mar 2021.

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?203ade. Acesso em: 26 dez 2020.

15 Guia Ilustrado Zahar De Mitologia - Coleção Guia Ilustrado Zahar. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?693275.
Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 61


Anexo 1

ATIVIDADE: COM O QUE SONHAM OS OUTROS?

No vídeo selecionado para esta aula, “50 pessoas, 1 pergunta”, os entrevistados responderam
a uma simples questão: “Qual é o seu sonho?”. Assista ao vídeo uma primeira vez, atento às
respostas e às reações dos entrevistados. Em seguida, a partir das questões propostas abaixo,
assista a ele uma segunda vez e discuta com seus colegas de grupo sobre a relação de alguns
dos sonhos apresentados no vídeo e a viabilidade das ações correspondentes.

• Comente um sonho citado no vídeo que lhe pareceu um tanto inconsistente,


considerando a forma vaga como é mencionado e o quanto a sua realização
dependeria mais do acaso que das ações do “sonhador”.
• Escolha um sonho que lhe parece viável e imagine uma sequência de ações
necessárias para que a pessoa que o mencionou o atinja.
• Houve quem dissesse não ter sonho ou já ter feito tudo o que queria fazer...
Algum entrevistado lhe pareceu realmente realizado, isto é, orgulhoso da
própria trajetória? Caso a resposta seja positiva, justifique-a, relacionando
os objetivos implícitos ao sonho que ele menciona e as ações realizadas
para atingi-los.

Tome nota do que for discutido. Ao final, um representante do grupo apresentará para a
classe as conclusões a que chegaram.

Para a próxima aula, traga o jogo de tabuleiro e o roteiro do filme “Visão do futuro – missão
para os próximos cinco anos” desenvolvidos na aula anterior “Estou no caminho certo?”.

62 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: TABULEIRO CINEMATOGRÁFICO

Falar dos sonhos dos outros é mais fácil. “Se eu fosse você, eu faria assim ou assado”, costu-
mamos dizer quando nos pedem nossa opinião. E é por isso que na aula passada foi proposta
a reflexão entre objetivo e ação a partir dos sonhos alheios. Já quando o assunto é tratar
do nosso próprio Plano de Ação, é mais complicado: estamos de tal forma, imersos na nos-
sa própria vida, que é difícil algum distanciamento para julgarmos adequadamente nossas
ações. É exatamente por isso que fazemos um plano: pondo-o no papel, nos distanciamos
e mobilizamos ferramentas necessárias para a execução. Enquanto está dentro de nós em
forma de sonhos, pertence ao aspecto subjetivo, mas quando ganham forma em um plano
definido, pode ser abordado com objetividade. A essa altura do curso, você já está bastante
adiantado, uma vez que já desenvolveu ferramentas objetivas para o seu plano.

Analise calmamente o jogo de tabuleiro e o roteiro cinematográfico que você elaborou numa
das aulas anteriores. Tome nota das suas conclusões a partir do seguinte questionamento:

No dia em que você criou o jogo de tabuleiro, qual era a ação mais imediata a se efetivar e
em que estágio ela se encontra agora?

Em que ponto do tabuleiro você se encontra no momento? Quais ações concretas já estão
em andamento para o próximo salto?

• Relacione o jogo de tabuleiro ao roteiro cinematográfico que você criou. É verda-


de que você imaginou um filme para os próximos cinco anos... Mas, considere:
Com as ações já realizadas, quais cenas do filme já estariam prontas ou em
vias de materializar-se até o momento?
• Analise o restante das casas do tabuleiro e relacione a sequência de ações às
cenas que você imaginou para o filme final. Por exemplo:
Cena do filme: “A personagem principal recebe o diploma de bacharelado
Ações do tabuleiro: “Estudar 6 horas aos finais de semana para passar
no vestibular”, “fazer simulados dos vestibulares das principais univer-
sidades do Estado” etc.

Em vez de escrever aqui, no caso desta última questão, você pode inserir as cenas do filme
diretamente nas casas correspondentes ao seu jogo de tabuleiro.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 63


Anexo 3

Para refletir
“Daí por nove dias ventos funestos me conduziram sobre o piscoso mar. No
décimo, abicamos à terra dos lotófagos, que se nutrem de flores. Ali descemos
em terra e provemo-nos de água; em seguida, meus companheiros tomaram
sua refeição junto dos ligeiros barcos. Depois de nos alimentarmos de comida
e bebida, despachei alguns companheiros a investigar que homens comiam
pão naquela terra; escolhi dois homens e mandei com eles um terceiro, como
arauto. Eles se adiantaram e confundiram com a gente lotógafa. Os lotófagos
não pensaram em matar nossos companheiros; deram-lhes a comer do loto e
quem, dentre eles, comia o fruto de loto, doce como mel, já não queria trazer
notícias nem regressar, mas sim ficar ali com os lotófagos, sustentando-se de
loto, sem pensar no regresso. Eu os trouxe à força para bordo, desfeitos em
pranto; amarrei-os nos bojudos barcos, debaixo dos bancos. Aos outros leais
companheiros mandei que embarcassem à pressa nos ligeiros barcos, para
que nenhum, comendo loto, viesse a esquecer o regresso. Eles embarcaram
sem demora, sentaram-se nos bancos e, dispostos em linha, feriram com os
remos o mar cinzento...”16

De todas as provações pelas quais Ulisses passou, talvez a mais ameaçadora não tenha
sido nenhuma daquelas em que o que estava em risco era a integridade física do herói,
atacado por gigantes devoradores de homens, ou acuado por feiticeiras que ameaçavam a
forma humana. O perigo, por excelência, enfrentado por Ulisses foi o de chegar a uma terra
de homens absolutamente pacíficos, que passavam o dia inteiro alimentando-se de uma
flor chamada loto. Esse hábito aparentemente inofensivo tinha consequências gravíssimas
para qualquer viajante que tinha um objetivo na vida: o esquecimento absoluto. Esquecia
para onde ia, por que ia, com quem ia, esquecia-se inclusive do próprio nome, ou seja, per-
dia a identidade. A Odisseia nos ensina que o esquecimento é a mais desalentadora forma
de morte. Se morresse lutando contra gigantes, por exemplo, Ulisses teria sido destruído
sendo quem ele era, mas, caso se rendesse à tentação do esquecimento dos comedores
de loto, se perderia de si mesmo para sempre. Portanto, a primeira regra para quem tem

16 HOMERO. Odisseia. São Paulo: Cultrix, 2006. Tradução de Jaime Bruna. p. 107-110.

64 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


um destino é: jamais se esquecer. Não esqueça quem você é, quais os valores que norteiam
o seu caminho, para onde você deve ir e o que deve fazer. Garantido isso, a outra regra de
ouro é: ação! Um objetivo sem ação é um objetivo não cumprido e que não vai se cumprir.
Traçar objetivos, a partir dos próprios sonhos, é vislumbrar o campo necessário para agir.

Em casa
Cuidado com os lotófagos!
Com base no que foi exposto no trecho da “Odisseia” na seção Para Refletir,
pense cuidadosamente no seu Projeto de Vida e redija um pequeno texto, a
partir da seguinte consideração: cite três situações as quais podem ameaçá-lo
a esquecer ou ainda a negligenciar as ações necessárias ao cumprimento de
seus objetivos. Quais as estratégias necessárias e os apoios de que você dispõe
para livrar-se desses perigos?

Para refletir
O assunto abordado nessa aula – as ações que compõem as metas – não
deixa dúvida sobre qual o verbo fundamental a ser conjugado nesse momen-
to: AGIR! Dentro do aprendizado socioemocional, entretanto, é possível inferir
que agir é muito mais do que apenas o significado que podemos encontrar no
dicionário: agir é acionar habilidades socioemocionais que potencializem as
competências vindas do aprendizado, trabalhando para alcançar os objetivos
do Projeto de Vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 65


Aprender, agir e trabalhar17
A) ADAPTABILIDADE E AGILIDADE
O cenário de mudanças que emerge é complexo.
A mudança de um estilo de autoridade hierárquica que nos diz o que fazer
para um ambiente onde equipes trabalham conjuntamente em busca de
soluções é profunda. Ao mesmo tempo, a intensidade e a velocidade das
mudanças, o imenso volume de informações e o crescimento de variáveis
com as quais temos que lidar diariamente, enfatiza a importância de desen-
volver a capacidade de se adaptar.
Muitas das atividades produtivas que hoje são realizadas certamente não
existirão em poucos anos e isso demanda que as pessoas aprendam a ser
permanentemente aprendizes, sejam adaptáveis e ágeis para lidar com as
mudanças e novas demandas, novas informações e, às vezes, imprevisíveis
situações num mundo que muda.
Os sistemas educativos, em geral, favorecem a ideia de que existem respos-
tas certas e definitivas para os problemas. Isso é justamente o oposto porque,
atualmente, o tempo de vida de uma resposta pode durar um nanosegundo!
Estudiosos como Michael Jung e Daniel Pink (Wagner, 2010), analisam que
as pessoas mais bem-sucedidas não serão aquelas apenas capazes de se
adaptar às condições e circunstâncias do mundo produtivo, mas aquelas que
forem capazes de adaptar-se de maneira a criar a condição que alinhe-se ao
seu próprio perfil.

B) CAPACIDADE DE INICIATIVA E EMPREENDEDORISMO


O mundo neste século necessita de pessoas que tenham a capacidade de
iniciativa, de antecipação, de proposição e empreendedorismo em termos
da criação de oportunidades, ideias e estratégias para implementar, seja
atuando individualmente ou em grupo.
Antecipar-se na resolução de um problema ou mesmo propor uma melhor
solução para a existente é uma questão que envolve menos conhecimento
acadêmico e mais atitude, porque demanda do ser humano uma orientação
para atuar em busca de resultados.

C) COLABORAÇÃO E INTERAÇÃO SOCIAL E INTERCULTURAL EM GRUPOS


DE TRABALHO E LIDERANÇA PELA INFLUÊNCIA
Nos dias atuais, trabalhar em grupo não significa necessariamente que todos
estarão no mesmo ambiente. A tecnologia tornou esse conceito muito diferente
e, hoje, podemos trabalhar em grupo estando em distintos lugares do planeta.

17

17 BARRETO, T. Org. Modelo Pedagógico. Os Eixos Formativos – Ensino Médio. 4 ed. 2020. Instituto de Corresponsa-
bilidade pela Educação. p. 56-57.

66 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Trabalhar em regime de colaboração implica na criação de confiança. Ter si-
multaneamente muitas pessoas atuando em torno de uma única tarefa exige
a flexibilidade para confiar nas pessoas com quem se está trabalhando e para
encorajá-las a fazer o melhor, não apenas para realizar a tarefa. Nesse sentido, a
ideia de liderança quando se atua em grupo requer a capacidade de influenciar
ao invés de dirigir e comandar, justamente em contrário do que, em geral, as
crianças e adolescentes aprendem nas escolas onde a liderança opera por meio
da obediência e da autoridade.
Mas trabalhar em grupo e colaborar para o seu crescimento exige habilidades
de relacionamento como a capacidade para lidar com a diversidade, com as
diferenças. Nesse sentido, as habilidades interpessoais e o desenvolvimento
de uma certa sensibilidade cultural tornam-se absolutamente imprescindíveis.
Trabalhar coletivamente nessa perspectiva exige uma postura de confiabilida-
de, de sensibilidade para assumir a perspectiva dos outros e ter empatia; de
ser capaz de reconhecer e valorizar as semelhanças e diferenças do grupo na
perspectiva de fazer o seu melhor uso. Estabelecer e manter relacionamentos
saudáveis e gratificantes baseados na cooperação é fundamental para a pre-
venção, gestão e resolução de conflitos interpessoais.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 67


Aulas 7 e 8
Acertar no alvo: A importância das estratégias

É chegado o momento de propor aos estudantes um caminho mais prático para o alcan-
ce de metas e objetivos. A princípio, o conceito de estratégia pode até estar claro para al-
guns estudantes devido à familiarização com Plano de Ação. Contudo, muitos estudantes
podem ter definido estratégias em seu Plano de Ação sem saber exatamente o que esta-
vam fazendo. Por isso, nestas aulas os estudantes aprenderão a definir as estratégias para
otimização do seu Plano, compreendendo que as estratégias são meios para se chegar à
visão. Para isso, é importante o autoconhecimento e um Projeto de Vida definido. Além dis-
so, os estudantes refletirão sobre a sua capacidade de operacionalizar as estratégias – ao
descobrirem suas dificuldades de executá-las.

Objetivos Gerais
• Refletir sobre as estratégias como meio para alcançar a visão;
• Estabelecer relações entre objetivos, metas e estratégias e como esses ele-
mentos devem estar operacionalizados no Plano de Ação;
• Exercitar a capacidade de pensar estrategicamente;
• Refletir sobre o processo de execução das estratégias.

68 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Leitura do trecho do livro “Alice no País das


Maravilhas”, de Lewis Carroll;
Atividade:
Preenchimento de plano para formular as
Vantagens 45 minutos
estratégias;
futuras.
Questões sobre as finalidades práticas das
estratégias para alcance dos objetivos.

Preenchimento de plano estratégico para


Atividade: Visão transformar as estratégias em ações;
40 minutos
globalística. Questões para saber se as estratégias estão
alinhadas à visão e à missão do Plano de Ação.

Avaliação. Observação do professor. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: VANTAGENS FUTURAS

Objetivos

• Refletir sobre as estratégias como meio para alcançar a visão;


• Estabelecer relações entre objetivos, metas e estratégias e como esses
elementos devem estar operacionalizados no Plano de Ação.

Desenvolvimento

Os estudantes já conhecem o trecho do livro “Alice no País das Maravilhas”, pois já foi lido
e trabalhado em estudos anteriores. Dessa forma, fica mais fácil desenvolver as relações
existentes entre visão, missão e estratégias. Pensar estrategicamente é ter um propósito a
ser atingido, pois quem não sonha e não tem objetivos claros fica sem rumo na vida, assim
como Alice. É dedicar-se à realização de um ideal e transformar o sonho num objetivo –
chegar ao Plano de Ação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 69


Os propósitos de vida de cada estudante são a referência necessária para escolher que
caminho tomar. As estratégias, nesse sentido, movem-se na direção dos objetivos e perse-
guem a missão de cada um.

As estratégias surgem muitas vezes a partir das dificuldades enfrentadas pelos estudantes ao
longo do desenvolvimento do seu plano, ou seja, são ditadas pela dificuldade, quando pode-
riam estar mais relacionadas à geração de oportunidade. Contudo, esse entendimento advém
a partir da clareza de informações que os estudantes vão adquirindo a respeito de si ao cons-
truir o seu Projeto de Vida. Olhar para a própria vida ajuda a perceber os acontecimentos e
entendê-los – esse é um dos propósitos da atividade (Anexo 1). Com o tempo, os estudantes
aprenderão o caminho para gerar resultados mais rápidos, antecipando-se às dificuldades e
aos problemas e descobrirão como gerar oportunidades por meio das estratégias.

É importante, portanto, reconhecer e tomar posse do conhecimento de si, das variáveis que
impactam positiva e negativamente seus objetivos, além de possuir conhecimento sobre os
seus pontos fortes (competências) e fracos (fragilidades ou possibilidades de melhorias)
para trilhar com mais segurança o caminho desejado.

ATIVIDADE: VISÃO GLOBALÍSTICA

Objetivos

• Exercitar a capacidade de pensar estrategicamente;


• Refletir sobre o processo de execução das estratégias.

Desenvolvimento

Elaborar e criar estratégias é fascinante, porém executá-las com sucesso é uma tarefa desa-
fiadora. Saber utilizar os recursos certos, no momento certo, demanda muita habilidade. Os
estudantes inicialmente podem apresentar dificuldades no desenvolvimento do PA (Plano de
Ação), quando descobrirem que as ações não podem ser realizadas de forma aleatória e sem
propósito. O importante nesta atividade (Anexo 2) é fazê-los entender que definir estratégias
é um processo composto de ações inter-relacionadas e interdependentes, as quais visam
alcançar objetivos previamente estabelecidos. Assim como também são uma “ocupação in-
telectual” com o futuro, mas revestidas de ação e não somente de pensamento.

A execução da estratégia desempenha papel fundamental para a própria maximização e


alcance dos resultados planejados do PA. A disciplina nesse caso é importante, como capa-
cidade que precisa ser explorada diariamente.

70 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Além da disciplina, é importante monitorar o processo de execução das estratégias por
meio dos resultados planejados para saber se houve desvios de rota em relação aos obje-
tivos e às metas estabelecidas, bem como para diagnosticar quais foram as decisões que
deixaram de ser tomadas ou não foram adequadas.

Avaliação

Observe a capacidade dos estudantes estabelecerem uma visão objetiva acerca do seu
Plano de Ação, de modo a definir estratégias solucionadoras de futuros problemas, supe-
rar dificuldades presentes e desafios no seu Projeto de Vida. A disciplina e o estímulo na
consecução das estratégias são fatores que demonstram grande comprometimento com
o Projeto de Vida. A forma como os estudantes alocam as estratégias permite perceber
o domínio deles frente a essa ferramenta, bem como se conseguem criar através delas
oportunidades de crescimento.

Em casa
Projetar ou transcrever na lousa o conteudo do box “Em casa” que se encontra
ao final do Anexo 1, explicando aos estudantes o que deve ser desenvolvido.
Comentários e resposta da atividade de casa
As interferências na execução das estratégias podem ser oriundas de ele-
mentos atrelados às limitações pessoais de cada pessoa, habilidades que
ainda não dominam – FATORES INTERNOS – e às limitações ocasionadas
pelas mudanças/transformações naturais da vida – FATORES EXTERNOS
– que impactam de diferentes formas o PA e na construção do Projeto de
Vida. Tomar conhecimento sobre esses fatores ajuda a fazer uso de melhores
estratégias, além de executá-las sem resistências.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 71


Na estante

VALE A PENA LER

Título: Teoria geral da estratégia: o essencial ao processo estratégico


Autor: Antônio Silva Ribeiro
Editora: Almedina
Ano: 2009
Número de páginas: 256

Este livro marca um avanço digno de registro no estudo da estratégia como processo.
Caracteriza os elementos essenciais da sua utilização e interação.

Título: Sonho estrelado: a história de como um menino pobre tornou-se


o maior vendedor do Brasil, encontrou sentido da vida no caminho de
Santiago, realizou seus sonhos e ajudou seus amigos a crescer
Autor: José Ubaldo Baiano
Editora: Jardim dos Livros
Ano: 2014
Número de páginas: 132
Conta a história de um menino pobre que superou obstáculos diários para ser alguém na vida.
José Ubaldo Baiano, um dos maiores vendedores de livros do Brasil narra a sua infância pobre
na Bahia e como, através da ajuda de um parente com melhores condições de vida, conseguiu
encontrar o sentido da sua existência ao fazer o Caminho de Santiago de Compostela e realizou
muitos dos seus sonhos.

72 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


VALE A PENA ASSISTIR

Filme: A Arte da Guerra


Diretor: David Padrusch
País de Origem: EUA
Ano: 2009
Duração: 90 minutos
Em “Sun Tzu, A Arte Da Guerra”, referência para os maiores estrategistas da história, conta-se
a história do filósofo Sun Tzu, que foi responsável pela criação e difusão das melhores táticas
e estratégias de guerra. Após ser contratado pelo rei Helu, governante do estado chinês de
Wu, que possuía um pequeno exército e precisava vencer uma força dez vezes maior, Sun
Tzu se mostrou um exímio estrategista, sustentando a noção de que para vencer é preciso
pequenas quantidades de recursos e de destruição. Autor do livro “A Arte da Guerra”, cujos
ensinamentos serviram de base para outras áreas, como política e negócios, Sun Tzu e seus
valiosos princípios são examinados pelo The History Channel.18

Referência iconográfica
VENTURA, A. Xadrez Jogo Estratégia. Pixabay, 2015. 3456 x 2304 pixels. Disponível em: icebrasil.org.
br/surl/?2ad905. Acesso em: abr de 2021.

18 Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?08e4d5. Acesso em 26 de dezembro de 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 73


Anexo 1

ATIVIDADE: VANTAGENS FUTURAS

– Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
– Isso depende muito para onde queres ir – respondeu o gato.
– Preocupa-me pouco aonde ir – disse Alice.
– Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas – replicou o Gato.19

Fala-se muito em estratégias na formulação do Plano de Ação como meio para alcançar
a visão, construir alternativas e traçar caminhos. Contudo, isso só é possível para quem
sonha e tem objetivos claros, pois pensar estrategicamente aponta para aonde se deseja
chegar. Assim como a resposta do gato Cheshire a Alice no País das Maravilhas, de Lewis
Carroll, a falta de propósitos leva a qualquer caminho. Sem a definição do que se quer é di-
fícil escolher qual caminho trilhar. Sobre isso, preencha o modelo abaixo para definição das
estratégias do seu Plano de Ação de acordo com as orientações dadas.

Modelo para fazer melhor uso dos meios e recursos para a consecução dos objetivos:

“Os caminhos” para “O que atingir” “O que fazer” para


atingir a visão – “Os alvos” – atingir as metas –
Médio prazo Curto prazo Curto prazo

Objetivos: Metas: Estratégias:


1- 1- 1-
2- 2- 2-
3- 3- 3-
4- 4- 4-
5- 5- 5-
6- 6- 6-

19 CARROLL, L. Alice no País das Maravilhas. São Paulo: Ática, 1991. p. 60-61.

74 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


• Para os objetivos: retome suas anotações dos estudos anteriores.
• Para as metas: retome suas anotações das aulas anteriores.
• Para as estratégias: pense naquilo que necessita executar para que seu
Plano de Ação aconteça. As estratégias são ações iniciadas hoje que pode-
rão levá-lo a uma situação mais cômoda no futuro. Portanto, a essência da
estratégia consiste em gerar vantagens para você no futuro, pois ela é um
meio para obter seus objetivos – fins. Para isso, além de saber aonde se quer
chegar, é preciso saber os seus pontos fracos e fortes para empregá-los em
seu objetivo. Toda formulação de estratégias é uma atividade de planejamen-
to, pois todo o seu Plano de Ação precisa ser revisto antes de se alcançar os
resultados esperados. É por isso que é necessário trabalhar prevendo e pros-
pectando o futuro – Como? Trazendo para o presente elementos que levarão
você a atingir o seu futuro imaginado.

Agora, antes de seguir para a próxima atividade, analise suas estratégias e veja se têm fina-
lidades práticas, como: simplificar ou estabilizar certas dificuldades suas – pontos fracos
– e/ou melhorar as habilidades em que é muito bom – pontos fortes. Caso isso aconteça,
significa que as estratégias definidas são precisas e possibilitam exatamente romper com
as suas limitações (sejam internas ou externas) e criar possibilidades. Para ajudá-lo nesta
identificação, faça a análise:

- Das variáveis que impactam positivamente nos seus objetivos – forças.


Quais são?
- Das variáveis que impactam negativamente nos seus objetivos – fraquezas.
Quais são?

Dica: Em tese, os pontos fracos são as características ou limitações que advém das suas
dificuldades pessoais ou do ambiente em que está inserido. As estratégias nesse senti-
do devem eliminar ou transformar as dificuldades em uma competência ou ponto forte.
As forças são elementos e/ou competências que trazem benefícios para alcançar os seus
objetivos. Geralmente, é algo que você controla/domina totalmente e faz toda a diferença
utilizar esse ponto forte como estratégia.

ATIVIDADE: VISÃO GLOBALÍSTICA

Elaborar e formular estratégias é uma tarefa desafiadora. Porém, executá-las com sucesso,
colocá-las em prática no momento certo, da maneira certa, com os recursos certos, ao ponto
de traduzir objetivos e metas em resultados, é algo mais desafiador ainda. Isso depende da
sua capacidade e competência em fazer as coisas acontecerem, ou seja, é preciso discipli-
na na execução das estratégias. Assim, nosso exercício é transformar suas estratégias em
ações, pois de nada adianta definir as estratégias se você não sabe como empregá-las.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 75


A partir do modelo da figura que segue abaixo, defina:

Plano Estratégico

O que fazer” para “O seu dia a dia” - a


atingir as metas – operacionalização das
Curto prazo estratégias

Estratégias: Ações:
1- 1-
2- 2-
3- 3-
4- 4-
5- 5-
6- 6-

- Para cada estratégia defina ações prioritárias. As ações prioritárias devem


passar por um processo de escolhas – O que eu tenho que fazer?
- Deixe a flexibilidade tomar “conta de você” para decidir qual a melhor ação
a ser executada. As ações devem ser adequadas ao momento certo, depen-
dem da sua situação atual, mas devem ser comprometidas com o seu futuro.
- Cuidado para não confundir “a arte de aplicar os meios disponíveis” – estra-
tégias – com os próprios meios – ação.
- As ações devem gerar um “senso” de responsabilidade diário, que promova
integração, comprometimento e motivação com os seus objetivos.
- Para executar uma ação estratégica, você deve utilizar um conjunto de com-
petências que domina. Assim como ser disciplinado na execução de suas
ações. Pois, além de saber fazer, a execução é essencial para o sucesso do
seu Plano de Ação.

Sobre as ações estratégicas que você traçou anteriormente responda:

• Elas definem diariamente um curso ou direção que apontam para a sua visão?
Como você sabe disso?
• Elas são relevantes para a realização da sua missão? Explique como.
• Você tem pleno domínio sobre elas? Ou seja, todas as ações estão ao seu
alcance e você sabe como realizá-las? Como elas se relacionam com as
suas competências?

76 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Para refletir
1. Estabelecer estratégias – como veremos nessa aula – exige uma avaliação
constante das condicionantes que nos cercam e depende de um conhecimen-
to sempre atualizado sobre o Projeto de Vida, sobre nós mesmos e sobre as
habilidades necessárias para atingir nossos objetivos. Agora que você já dese-
nhou seu Plano de Ação, é preciso que você tenha sempre no horizonte de sua
estratégia essa importante ferramenta que é a autoavaliação. Esta deve ser
uma ação efetiva em sua lista de necessidades, podendo orientar redireciona-
mentos ao seu Projeto de Vida quando isso se fizer necessário. Também pode
ser útil, a qualquer tempo, para que o estudante perceba quais competências
e habilidades ainda lhe faltam como ferramentas para seu Projeto de Vida.
A autoavaliação está ligada diretamente a algumas importantes Habilidades
Socioemocionais: o automonitoramento e a adaptabilidade.
2. Confie na sua intuição. Muitas decisões importantes no momento de defi-
nir estratégias dependem de um bom equilíbrio entre objetividade e intuição.
Um bom domínio das informações objetivas estimula o surgimento de uma
intuição segura – e isso não tem nada de fantástico ou sobrenatural – a partir
dos parâmetros que você já absorveu sensivelmente, mesmo que não tenha
se dado conta. Leia um pouco mais sobre isso no texto a seguir, trecho do
artigo BLINK: Pensar sem pensar, de Idalina Correia, pesquisadora da Uni-
versidade do Minho, em Portugal.20 O artigo desenvolve uma reflexão sobre o
livro Blink: A decisão num piscar de olhos, de Malcolm Gladwell, ambos uma
boa referência na reflexão sobre a tomada de decisões estratégicas:21
“Nas últimas décadas têm-se multiplicado estudos e pesquisas no domínio da
psicologia e, mais concretamente, da psicologia social, sobre o BLINK. O fac-
to de nos acontecer tomar decisões muito rápidas que antecedem o fluxo do
pensamento consciente ou de sermos capazes de avaliar os outros, os factos
e as situações no contexto de uma primeira impressão, não é despiciente para
a compreensão da mente humana e dos nossos comportamentos. Em 1992, a
psicóloga social Nalini Ambadi, da Universidade de Stanford, nos EUA, inaugura
a investigação académica sobre o pensamento das primeiras impressões, o qual
denomina de THIN SLICING. O termo designa os julgamentos rápidos que se fa-
zem a partir de quantidades mínimas de informação, num processo inconscien-
te que acontece num período muito breve de tempo. Foram realizadas diversas

20 CORREA, Idalina. BLINK: Pensar sem pensar. Artigo disponível em: icebrasil.org.br/surl/?4e1aa9. Acesso em 26
de dezembro de 2020.

21 GLADWELL, Malcolm. Blink: A decisão num piscar de olhos. São Paulo: Sextante, 2016.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 77


experiências para demarcar esse período de tempo. Verificou-se que durante os
primeiros cinco minutos, as reações e as inferências são muito distintas das pro-
duzidas após esse tempo. Esses cinco minutos parecem corresponder a uma
fatia de pensamento com propriedades muito particulares e essencialmente
estáveis. Nalini Ambadi, numa experiência que tinha o objetivo de determinar
quanto tempo é que os alunos necessitam para avaliar da eficácia dos seus pro-
fessores a ensinar, pôde concluir que dois segundos são o quanto basta. Numa
primeira fase, mostrou três vídeos de dez segundos a um grupo de estudantes
e descobriu que eles não tinham dificuldade em fazer uma avaliação da eficácia
dos professores. Depois, cortou os vídeos para apenas metade do tempo e o re-
sultado foi idêntico. Quando experimentou apresentar aos alunos apenas dois
segundos do vídeo, verificou, ainda assim, os mesmos resultados. De seguida,
comparou as avaliações instantâneas dos estudantes acerca de professores
com as opiniões dos alunos desses professores no final de um semestre de au-
las e verificou que eram muito parecidas. Assim, uma pessoa que observa um
vídeo mudo com a duração de dois segundos, que mostra um professor que não
conhece chegará às mesmas conclusões que um aluno que frequentou as suas
aulas durante um semestre inteiro. (Gladwell, 2005:20) Que poder é este? Como
é que apreciações tão ínfimas, como as feitas pelos alunos aos professores, po-
dem revelar-se uma boa maneira de compreender o mundo? Estudos sobre o
cérebro humano e sobre o nosso funcionamento neurológico atestam que exista
uma parte responsável, o inconsciente adaptável, que nos permite a tomada de
decisões rápidas e quase instintivas perante as mais diversas situações. Como
decidir rapidamente sobre o que fazer quando atravesso a estrada e se aproxima
um enorme camião que não tinha visto. O termo é oriundo da psicologia cogni-
tiva e designa justamente o conjunto de processos mentais que influenciam os
nossos julgamentos e as nossas tomadas de decisão.”

Em casa
Sucesso na execução
Considerando que a execução das estratégias é um processo sistemático de
discussão exaustiva dos “quês” e “comos”, faça um levantamento dos fato-
res que podem interferir na execução de suas estratégias. Isso inclui levantar
hipóteses sobre as possíveis mudanças que podem interferir no seu plano,
assim como, avaliar as suas competências e conhecimentos atrelados aos
resultados que busca alcançar.

78 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aulas 9 e 10
O esperado encontro com os resultados

Dom Quixote é um excelente exemplo para pensar o resultado das ações a partir das metas
alcançadas. Assim que ele queimou os miolos e rompeu com a realidade, já se colocou em
marcha e passou a traçar metas e executá-las ao mesmo tempo. A leitura de sua história
nos permite ver que ao mesmo tempo em que executava uma ação, já era possível verificar
e traçar uma nova meta, basta lembrar-se do episódio em que preparava suas armas e
armadura. A realização das metas modificava a realidade e essa modificação interagia com
o seu Projeto de Vida.

Nestas aulas, os estudantes conhecerão o circuito ação-resultado-ação, cuja dinâmica é


apresentada por um jogo, o qual possibilita aos estudantes sentir e perceber a interação
entre o resultado das ações e o Projeto de Vida. Ao final, é esperado que adquiram a capa-
cidade de refletir sobre o que acontece durante o processo de execução das ações e, ao
final dele, entender que é no interior das ações que o “querer ser” se define e a realidade se
modifica. Essa capacidade inaugura a possibilidade de refletir o rumo das ações, dar conti-
nuidade a elas, fazer ajustes ou modificar os planos, a partir da análise das consequências
e das tendências das ações.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 79


Objetivos Gerais
• Refletir sobre o resultado das ações das metas alcançadas no Plano de Ação;
• Refletir sobre os resultados das ações a partir das tendências;
• Verificar os resultados a partir das consequências;
• Compreender o circuito ação-resultado-ação.

Materiais Necessários
• Carretel de barbante ou linha suficientemente comprida;
• Um balão de aniversário.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Realização do jogo “Teia da Interação” e


Interatividade e diálogo sobre os resultados e relações com o 40 minutos
ação. Projeto de Vida.

Atividade em
grupo: Ação-re-
Leitura dos textos, reflexão e discussão sobre
sultado-ação: 45 minutos
o processo de ações a partir de um exemplo.
consequências
e tendências.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

80 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Orientações para as atividades

ATIVIDADE: INTERATIVIDADE E AÇÃO

Objetivos

• Vivenciar as ações integradas às metas de um jogo;


• Perceber a integração entre as ações e a consequência dos resultados na
realidade;
• Refletir sobre a interação entre o resultado das ações e o Projeto de Vida.

Desenvolvimento

A atividade “Interatividade e ação” (Anexo 1) propõe aos estudantes a prática do jogo “Teia
da Interação”. Espera-se que, ao realizar o jogo, os estudantes possam vivenciar o ambiente
criado e observar a interação entre o resultado das ações e as metas alcançadas, estimu-
lados pela frase: “A ação é a parte que é diferente da meta, que é o todo, mas também é o
mesmo que a meta, o todo. A essência é o todo e a parte”. O ambiente de integração pro-
porcionado pela dinâmica sugere um passeio pelas sensações e sentimentos que surgem
durante a atividade, conforme é dado o comando pelo professor, que surge como uma lide-
rança positiva na condução das ações. A integração e a interação entre as partes e o todo,
neste jogo, cria condições de refletir como metáfora do processo: as partes, consideradas
como ações, e o todo, considerado como meta e objetivo. É possível haver novas leituras,
dependendo do entrosamento e da reflexão do grupo. O trabalho do professor consiste em
provocar a reflexão dos estudantes, de acordo com o que vivenciam durante o jogo.

Jogo Teia da Interação:

Objetivo: vivenciar de forma lúdica a integração do resultado das ações e interações entre
as ações, as metas, os objetivos e o Projeto de Vida.

Participantes: máximo 30 estudantes.

1º Passo: escrever no quadro ou em uma cartolina: “A ação é a parte que é diferente da meta,
que é o todo, mas também é o mesmo que a meta, o todo. A essência é o todo e a parte.”.

2º Passo: pedir a todos os estudantes do grupo que formem uma grande roda e leiam a
frase escrita no quadro.

3º Passo: entregar o carretel de barbante para um dos integrantes da roda e explicar que
ele deve ficar com a ponta do barbante e jogar o carretel para outra pessoa qualquer da
roda, justificando porque escolheu tal pessoa.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 81


4º Passo: a segunda pessoa que recebe o carretel deve segurar uma parte do barbante,
de modo que o mesmo fique esticado entre a 1ª e a 2ª pessoa e, em seguida, deve jogar
o carretel para outro componente da roda, justificando porque escolheu tal pessoa. Esse
passo é repetido até que todos os componentes da roda tenham sua parte do barbante.
Está formada, então, uma grande teia, conforme mostra a figura:

5º Passo: durante a dinâmica, após instruções iniciais, o professor deve acompanhar a


interação dos estudantes e, ao mesmo tempo, esclarecer em que consiste a integração
do resultado das ações e a interação com o Projeto de Vida, tendo por base o texto abaixo.
Preferencialmente, o professor deve evitar a leitura do texto, podendo assim adaptá-lo com
suas palavras, assegurando a continuidade da dinâmica e a essência do que se trata.

Cada ser desta roda é uma parte que forma um todo. Então, iremos pensar que cada indi-
víduo aqui presente é uma ação que está comprometida com a realização de uma meta.
Chamaremos de ação cada parte que, ao se completar o fio, atinge a meta; e de objetivo, o
todo. É importante perceber as ações interligadas, comunicando-se, interagindo e depen-
dendo umas das outras para que a meta e o objetivo sejam alcançados. Estas relações – de
interligação, de comunicação, de interação e de dependência – são a essência do plano e
sua integração deve ser observada.

Uma ação desencadeia outra ação que alcança uma meta, que exige novas ações para
realizar novas metas até alcançar o objetivo, todas as ações trazendo novo valor agregado.
O resultado de cada ação e de todas, ao mesmo tempo, interage e transforma a realidade,
determinando o Projeto de Vida. [Ação do Professor: colocar o balão de aniversário cheio,
no meio da teia, de modo que ele fique sustentado e em equilíbrio sobre ela].

82 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


A realidade é transformada a cada vez que a teia se movimenta. Este Balão, que está sen-
do sustentado pela teia, representa o equilíbrio resultante de todas as ações interagindo.
Também é possível pensar que essa dinâmica integrativa se repete, como num jogo de es-
pelhos, quanto à interação do objetivo ao Plano de Ação, assim como entre o Plano de Ação
e o Projeto de Vida. Esses são padrões da visão do todo.

Observem o balão e sua relação com a teia: para haver equilíbrio é importante que todas
as partes cooperem entre si. [alguns estudantes podem pensar em não se mexer para
não alterar o equilíbrio]. Não agir também significa agir, pois uma ação/força estagnada
também participa, dificultando ou facilitando a dinâmica do todo.

Essa dinâmica entre as ações gera resultados que provocam consequências e apontam ten-
dências, que ao mesmo tempo ecoam na vida e definem sua nova realidade e seu Projeto de
Vida. O todo (metas/objetivo) e as partes (ações) são interdependentes e harmonizam-se,
embora haja uma perpétua oscilação em que as ações e as metas se alimentam mutuamen-
te, modificando a realidade. O resultado final vai sendo adivinhado a partir das consequências
que vão sendo geradas, e as tendências são sinalizadas e podem ou não ser redefinidas com
a mudança consciente de ação. [Ação do Professor: A partir de agora, o professor tira da
mão de cada estudante, um pedaço de barbante deixando-o cair. Faz de maneira lenta, para
que o efeito se conecte com a narrativa e interaja com o que acontece no grupo].

Entretanto, ao observar o balão e a dinâmica das ações, é possível perceber que as mudan-
ças na realidade podem ser positivas e favoráveis ao plano, a todas as ações, ou à maior
parte delas, ou podem ser desfavoráveis e colocar todo o projeto em risco. [aos poucos
continuar retirando o barbante da mão dos estudantes, dando tempo para observar o efeito]

Isso significa que pode haver uma competição e não cooperação entre as ações, assim, cor-
remos o risco de uma ação sobrepor-se à outra; uma ação ou uma meta atrapalhar ou impe-
dir que outra aconteça; ou ainda que a realidade criada não tenha sido a realidade desejada.
Por isso, a consequência das ações precisa ser mapeada e observada para gerar novas refle-
xões e abertura para repensar novas ações e meta de maneira cooperada e sinérgica.

E o que acontece quando não há cooperação e sinergia entre as ações? Quando elas não
são refletidas a partir das dificuldades e possíveis obstáculos reais ou quando não há cola-
boração de todas as partes? [Neste momento todos já largaram sua parte dos barbantes e
o balão está no chão]

Acontece o mesmo que aconteceu com este balão: perde-se o equilíbrio do Plano até que
ele perca o rumo. [Ação do Professor: O educador deve pegar o balão].

No entanto, ainda há tempo de recuperar o equilíbrio, se todos pegarem suas partes do bar-
bante, ou seja, se todas as ações forem realinhadas e cada meta for questionada, refletida e
realinhada ao Projeto de Vida, só que se demorar muito, pode ser tarde demais.

[Ação do Professor: estoura o balão].

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 83


Ao final da dinâmica, é importante sentar-se junto aos estudantes ainda em círculo e fazer uma
escuta tomando nota das impressões que tiveram ao realizar a dinâmica (brainstorm). Essas
anotações podem ser utilizadas no início da aula seguinte para dar continuidade à reflexão do
circuito ação-resultado-ação. É interessante que os estudantes sejam orientados a reler o texto
trazido pelo professor durante a dinâmica – há uma adaptação no Anexo.

ATIVIDADE: AÇÃO-RESULTADO-AÇÃO: CONSEQUÊNCIAS E TENDÊNCIAS

Objetivos

• Verificar os resultados da ação a partir do processo – durante e depois da ação;


• Refletir sobre as consequências e tendências trazidas pelo resultado da meta;
• Aplicar o conhecimento em uma situação real.

Desenvolvimento

No início da aula, é interessante trazer as anotações sobre as impressões dos estudantes


na aula anterior, pois essas impressões podem auxiliar no desdobramento da reflexão ou
apenas situar a reflexão no circuito ação-resultado-ação, que é o tema central desta aula.

A mudança da realidade é impulsionada pelos resultados das ações executadas. Para refletir
sobre esse tema, é importante que os estudantes leiam o Texto 1 (Anexo 2 – Atividade “Ação –
resultado – ação: consequências e tendências”), que versará sobre as mudanças da realidade
e o impacto nos diferentes planos da vida – social, pessoal e profissional. É esperado que os
estudantes percebam que a decisão em seguir determinada ação pode desequilibrar outros
planos, bem como pode afetar o plano de outras pessoas do convívio, gerando desafios difíceis
de mensurar. O equilíbrio deve ser balanceado pela verificação do resultado das metas durante
o processo de execução das ações e no final dele.

O segundo texto retoma a notícia com a história de Alexander Grothendieck. É esperado


que, a partir da leitura dos trechos sobre Alexander, os estudantes possam refletir coletiva-
mente em um bate papo sobre as consequências e as tendências a partir do resultado das
ações, numa análise do processo de execução. A vida de Alexander foi tomada por preo-
cupações relacionadas às consequências do uso de seu conhecimento para favorecer a
guerra, algo que fez com que ele se fechasse em seus estudos e proibisse a publicação de
seus postulados. Assinalamos alguns pontos possíveis para auxiliar a discussão.

84 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Pontos de reflexão:

- Relações entre os resultados das ações e as expectativas do matemático Alexander


– a nova realidade.
Grothendieck dedicou sua vida para a matemática (missão), tornou-se um notável estudan-
te/pesquisador (objetivo), no entanto, os resultados de suas ações tendiam a ser usadas para
a guerra e o matemático ocupava-se da política ambiental e do ativismo antinuclear.

- As ações de Grothendieck e seus postulados e o uso desses conhecimentos –


tendências.
Se seus postulados se mantivessem financiados pelo Ministério da Defesa, as ações do ma-
temático estariam incoerentes com sua luta. Ele teve seu pai morto em um campo de con-
centração na 2ª Guerra Mundial e sua mãe participou de uma das mais sangrentas guerras
da história, a Guerra Civil Espanhola. Provavelmente, pela experiência vivenciada ao longo
de sua vida, Grothendieck não gostaria de ter seus conhecimentos a serviço da guerra, uma
vez que os estudos que são financiados pelo Ministério da Defesa atuam a favor de estudar
e criar estratégias para a guerra.

- A paralisação na divulgação de suas pesquisas – consequências.


A saída de Alexander foi paralisar a divulgação de suas pesquisas. Não deixou de pesquisar,
mas de publicar. É o que se imaginava, pois ninguém mais acessava seu capital intelectual.

- Pista sobre mudança de planos e redirecionamento de suas ações – motivações


para nova ação.
Os planos de Grothendieck mudaram quando ele se negou a continuar suas ações. Ao
receber financiamentos para estudar, a tendência que se apresentava não era de seu
agrado. A mudança na realidade operou-se com sua reclusão, ele parece ter entendido
que a continuidade sigilosa de suas pesquisas era a saída para contribuir para o fim da
guerra (visão de futuro). Só nos anos 90 é que os materiais são entregues à universidade,
mas, mesmo assim, mantém-se trancado, o que prova que ele não deixou de produzir
conhecimento nesse tempo de reclusão, mas equilibrou as possíveis consequências de
suas ações, que poderiam prejudicar o mundo todo se fossem usadas para fabricação de
material para construir bombas, aviões, máquinas, bem como para traçar táticas e estra-
tégias a favor da continuidade das guerras.

Avaliação

Observe se os estudantes compreendem a relação integrativa entre ações, metas, objeti-


vos, Plano de Ação e Projeto de Vida, sob o ponto de vista dos processos de execução. Além
disso, é importante que sejam capazes de planejar e executar as ações, tendo responsa-
bilidade com as consequências e percebendo as tendências positivas e negativas de suas
ações, bem como a flexibilidade em se modificar e ajustar o Plano de Ação, conforme a
verificação ação-resultado-ação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 85


Texto de apoio ao professor

TRECHO DA CONVERSA IMAGINÁRIA DO LIVRO PLANEJAMENTO SIM E NÃO –


QUINTA-FEIRA, 19 DE NOVEMBRO.22

“Nada mais importante, se vemos as coisas dessa forma, que saber como essa bendita
realidade se transforma. Se eu ajo para modificar coisas que estão em si mesmas se trans-
formando, com ou sem minha ação, eu ajo em verdade contra ou a favor de tendências que
existem, como já vimos. Nada mais importante, então, que tentar saber como se dão as
transformações, como se processa essa evolução. Sobre isso parece que existem pelo me-
nos duas maneiras de entender esse processo. Uma maneira que chamaríamos de linear:
as situações vão se sucedendo umas às outras, as coisas vão passando disso para aquilo,
de homem vivo a homem morto, de paraquedista no ar para paraquedista ensopado, de
dominante a dominado, de dominado a dominante. A evolução é uma permanente alte-
ração de situações que se sucedem simplesmente umas às outras. Na outra maneira, se
considera que pela maneira linear se veem somente as aparências. Já se vê muito, é bem
verdade, porque já não se veem as coisas estáticas, imutáveis, que vimos que é o modo
como interessa a muita gente que elas apareçam. Já é um grande progresso em relação à
cegueira completa, imposta ou escolhida, dos que são impedidos ou recusam ver evolução.
Mas ainda não se vê tudo. Segundo a segunda maneira de entender o processo de transfor-
mação da realidade, por trás dessa linearidade aparente existe uma permanente tensão de
tendências, forças, interesses, que se opõem ou se reforçam uns aos outros. Nesse conjun-
to existem sempre duas [forças] mais importantes que são opostas uma à outra, uma delas
sempre sobrepujando a outra, e dando com isso uma determinada forma à realidade, ao
repercutir-se o seu domínio nas combinações ou enfrentamentos das demais. Mas a força
sobrepujada estando sempre em ação e por isso mesmo, de fato, também influenciando a
realidade. Que evolui segundo o comando da força dominante, mas cada situação tradu-
zindo uma determinada relação de forças entre a dominante e a dominada, considerada
também a ação das demais. Isto implicando em transformações somente quantitativas da
realidade em evolução, sem transformações qualitativas, enquanto a mesma relação de
dominação se mantiver. Essa evolução continuando até que a força dominada se iguale à
força que a ela se antepõe. Criando-se nesses momentos um quase equilíbrio, momentos
que às vezes podem ser um bocado longos, e que dão à realidade uma aparência quase to-
talmente estática. Como a gaivota para no ar, depois de uma rápida descida, graças a uma
conjugação determinada de correntes ascendentes, de atração da gravidade e da ação das

22 FERREIRA, F. W. Planejamento Sim e Não: um modo de agir num mundo em permanente mudança. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1983, p. 140-141.

86 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


suas asas. Ou como uma imensa viga da ponte de concreto armado, que a gente não enten-
de como não cai. Feita de ferro e de concreto agindo em sentidos opostos para neutralizar
a força da gravidade. Até o momento em que, a evolução continuando, uma das forças em
presença se impõe ou se reimpõe sobre a outra ou sobre as outras, a gravidade ou o vento
ascendente, e ocorre uma ruptura de equilíbrio. Se a vencedora for a força principal ante-
riormente sobrepujada, se dá uma mudança qualitativa na evolução da realidade. A gaivota
sobe em vez de descer e a ponte cai (...)”.

Na estante

VALE A PENA LER

Título: O voo do cisne: A revolução dos diferentes


Autor: José Luiz Tejon Megido
Editora: Gente
Ano: 2002
Número de páginas: 208
Em “O Voo do Cisne”, Tejon nos conta como somos todos convidados pelos
acontecimentos da vida a nos transformar e a nos sentir o “patinho feio”, e
como foi sua descoberta de que nosso destino maior e natural é sermos belos cisnes, indepen-
dentemente do momento de vida que estivermos vivendo.
O que Tejon mostra neste livro é que, seja qual for o seu sonho, o seu conceito de sucesso,
você só pode alcançá-lo sendo fiel a si mesmo, sendo único no meio da multidão que passa
toda a vida tentando ser igual aos outros.23

23 SHINYASHIKI, R. In: MEGIDO, J. L. T. O voo do cisne: a revolução dos diferentes. São Paulo: Editora Gente, 2002.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 87


Título: Guerra dentro da gente
Autor: Paulo Leminski
Editora: Scipione
Ano: 2006
Número de páginas: 80
Baita era um menino pobre, filho de lenhadores. Um dia, ele encontrou
um velho, que se ofereceu para ensinar-lhe a arte da guerra. Entusias-
mado e sem saber o que o aguardava, o menino resolveu acompanhar aquele homem, numa
viagem que o ajudaria a compreender melhor a vida e o que vai no coração do homem.24

VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Vidas ao Vento


Diretor: Hayao Miyzaki
País de Origem: Japão
Ano: 2014
Duração: 126m
Inspirado na história de Jiro Horikoshi, o designer que criou o famoso avião de combate
japonês Mitsubishi A6M Zero, um dos mais mortíferos na Segunda Guerra Mundial. O filme
conta a biografia de Jiro que sonha ser um piloto de aviões. Seu sonho é modificado com a
descoberta de uma miopia grave. Desde então seu sonho é se tornar um projetista de aero-
naves e seu objetivo é tornar esse sonho real.
Todas as ações cotidianas de Jiro passam a ser realizadas e governadas para realizar
sua missão. A trajetória de Jiro é descrita por passagem pela escola, pela universidade
e posteriormente pela indústria de aviões. É um estudante e funcionário dedicado e
mede seus esforços no alcance de seus sonhos, empreendendo ações cotidianamente.
Torna-se, assim, um designer de aviões. Só que seu sonho está alinhado a outras visões
de futuro que parecem ser diferentes da sua e bem mais destrutivas.
Trailer legendado disponível em: icebrasil.org.br/surl/?13a54e. Acesso em: 26 dez 2020.

Referência iconográfica
Imagem: Freepik.com. 8PHOTO. Conceito de crescimento do negócio na opinião lateral da parede
cinza e branca. mão colocando o bloco de madeira na torre. 2020. 6720 x 4480 pixels. Disponível
em: icebrasil.org.br/surl/?940105. Acesso em: abr de 2021.

24 Nota de contracapa em: LEMINSKI, Paulo. Guerra dentro da gente. São Paulo: Editora Scipione, 2006.

88 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

INTERATIVIDADE E AÇÃO

Para que possamos discutir resultados, iremos fazer um passeio por nossas ações, intenções
e relações. Já vimos que, sempre que se projeta um sonho e se decide planejá-lo, alinhamos
os nossos ideais (visão, missão, valores, premissas) aos caminhos e alvos operacionais (ob-
jetivos e metas) e, dessa forma, conseguimos guiar nossas ações e investir nelas desejando
atingir nossos sonhos.

Para pensar na dinâmica dos objetivos, metas e ações e perceber como acontece a interação
dos resultados com o Projeto de Vida, trazemos a proposta do jogo “Teia da interação”. Siga as
instruções do professor que irá animar o texto sugerido.

Teia da interação

A ação é a parte que é diferente da meta, que é o todo, mas também é


o mesmo que a meta, o todo. A essência é o todo e a parte.

Cada ser presente na roda é a parte (ação) que forma o


todo (meta/objetivo). Então, cada indivíduo que lança
o fio é uma ação que está comprometida com a rea-
lização de uma meta. A ação representa a parte, o
conjunto de ações que resulta no alcance da meta,
representa o todo.

É importante perceber que as ações estão interligadas,


se comunicam, interagem e dependem umas das outras
para que as metas e o objetivo sejam alcançados. Estas
relações formam a essência do plano e sua integração deve
ser observada.

Uma ação desencadeia outra ação que alcança uma meta, que exige
novas ações para realizar novas metas até alcançar o objetivo. O resultado de cada ação
e de todas, ao mesmo tempo, interage e transforma a realidade, determinando o Projeto
de Vida.

A realidade é transformada a cada vez que a teia se movimenta. O balão, sustentado pela teia,
representa o equilíbrio que resulta da interação de todas as ações. Também é possível pensar
que essa dinâmica integrativa se repete quanto à interação do objetivo ao Plano de Ação, assim
como entre o Plano de Ação e o Projeto de Vida: esses são padrões da visão do todo.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 89


Ao observar o balão e sua relação com a teia, é possível perceber que, para haver equilíbrio, é
importante que todas as partes cooperem entre si. Não agir também significa agir, pois uma
ação/força estagnada também participa, dificultando ou facilitando a dinâmica do todo.

Essa dinâmica entre as ações gera resultados que provocam consequências e apontam
tendências, ao mesmo tempo ecoam na vida e definem sua nova realidade e seu Proje-
to de Vida. O todo (metas/objetivo) e as partes (ações) são interdependentes e harmoni-
zam-se, embora haja uma perpétua oscilação em que as ações e as metas se alimentam
mutuamente, modificando a realidade. O resultado final vai sendo adivinhado a partir das
consequências que vão sendo geradas, e as tendências são sinalizadas e podem ou não ser
redefinidas com a mudança consciente de ação.

Entretanto, ao observar o balão e a dinâmica das ações, é possível perceber que as mudan-
ças na realidade podem ser positivas e favoráveis ao plano, a todas as ações, ou à maior
parte delas, ou podem ser desfavoráveis e colocar todo o projeto em risco.

Isso significa que corremos o risco de uma ação sobrepor-se à outra; uma ação ou uma
meta atrapalhar ou impedir que outras aconteçam; ou, ainda, que a realidade criada não
tenha sido a realidade desejada. Por isso, a consequência das ações precisa ser mapeada
e observada para gerar novas reflexões, dar abertura para repensar novas ações e novas
metas, de maneira cooperada e sinérgica.

E o que acontece quando não há cooperação e sinergia entre as ações? Quando elas não
são refletidas a partir das dificuldades e possíveis obstáculos reais ou quando não há co-
laboração de todas as partes? Acontece o mesmo que aconteceu com o balão: perde-se o
equilíbrio do Plano até que ele perca o rumo. No entanto, ainda há tempo para recuperar o
equilíbrio, se as ações forem realinhadas e cada meta for questionada, refletida e realinha-
da ao Projeto de Vida, só que se demorar muito, pode ser tarde demais.

90 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: AÇÃO-RESULTADO-AÇÃO: CONSEQUÊNCIAS E TENDÊNCIAS

Como vimos na aula anterior, alcançar a meta resulta em modificar a realidade, e nenhuma
realidade se transforma completamente de uma hora para outra, nem de maneira direta e
linear. O processo de mudança se dá gradativamente e, por isso, precisamos ter clareza e
consciência de nossas ações, a qual meta se dirigir e qual objetivo cumprir. Escrever, exe-
cutar e verificar faz parte do circuito ação-resultado-ação. A partir desse circuito, você é
capaz de refletir sobre todo o processo entre planejar uma ação, executá-la e verificar o seu
resultado antes que inicie uma nova ação.

A opção por não verificar o processo, significa agir no automático e não despertar a consciência
para a realidade em que se atua. O risco é entrar num espaço de incertezas, em que as condi-
ções vão mudar, mas não se sabe o que vai acontecer. Os resultados podem ser atingidos, mas
os meios não serão checados. E nem todos os resultados serão, necessariamente, bons, pois
alguns deles podem concorrer com outros que não estavam nos planos, principalmente se nos
deixarmos levar e não tivermos clareza da nossa identidade e do que queremos.

Texto 1

“Uma vez concluída a ação planejada, surge uma nova realidade. Nesse momento, verifi-
camos que a ação empenhada gerou consequências em nosso plano. As consequências
geram impactos positivos e/ou negativos em nossas vidas, em nosso Projeto de Vida. Di-
versos planos da vida – social, pessoal e profissional – são tocados por esses impactos.
Quando pensamos na força do resultado de nossas ações, durante e após o processo da
ação, devemos perceber os benefícios e prejuízos dessas ações para nós mesmos e para
outras pessoas. Assim, como mostra a dinâmica do balão, é importante observar suas me-
tas, durante e ao final do processo de cada ação, antes que seja tarde demais, antes que
o balão estoure, pois nem sempre o que planejamos acontece da maneira que pensamos.

É preciso estar certo de que o planejado compete em uma realidade, que ampliada, toca
outras realidades, daí fazer ajustes e corrigir caminhos para que seu Plano se aproxime
mais e mais do idealizado por você ou mude a rota ao perceber que os meios pelos quais se
atingiram os resultados não são ideais, pois prejudicam a sua identidade e a de outras pes-
soas. Planos mudam, porque sempre surgem obstáculos inesperados, por isso agregamos
a oscilação como um valor, que deve ser visto de maneira positiva. As oscilações sugerem
peso às ações. Quando observamos o balão na teia, nos foi possível imprimir nova força nas
ações até que se restabelecesse equilíbrio.”

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 91


Texto 2

Alexander Grothendieck foi um importante matemático do século passado. Nascido em


1928, em Berlim, filho de um anarquista russo e de uma jornalista, foi deixado na Alemanha
enquanto os pais foram lutar na Guerra Civil Espanhola. Os três voltaram a se reunir na
França, onde Grothendieck passaria a maior parte da vida. Logo depois, seu pai – que era
judeu – foi capturado pelos nazistas e morto em Auschwitz.

Seus talentos não eram óbvios na juventude, mas seu empenho foi revelado enquanto estu-
dava na Universidade de Montpellier e surpreendeu os professores ao resolver uma lista de
atividades propostas, que ia além do planejamento para o ano. Sua dedicação e disciplina
renderam ações e conclusões que inovaram os conhecimentos na álgebra e na geometria.

No entanto, no ápice de sua carreira, Alexander retirou-se para uma vida reclusa e recusou
compartilhar suas pesquisas. Retiramos alguns trechos da notícia, noticia, já apresentada
em aula anterior, para refletir sobre as consequências e as tendências durante o processo
de vida do ilustre matemático.

“Grothendieck recusou-se a aceitar a medalha Fields e rejeitou ofertas de trabalho


apresentadas por universidades de várias partes do mundo.”

“Por volta dos anos 1970, ele abandonou sua pesquisa, preferindo se concentrar na
política ambiental e no ativismo antiguerra.”

“Ele deixou o Instituto de Altos Estudos Científicos, perto de Paris, após descobrir que
era, em parte, financiado pelo Ministério da Defesa.”

“Ele também desistiu de um cargo no College de France para ingressar na Universidade


de Montpellier, onde sempre se posicionou na linha de frente dos protestos antinucleares.”

“Grothendieck não desistiu completamente de suas pesquisas, mas recusava-se a


compartilhá-las publicamente.”

“No começo dos anos 1990, ele entregou 20 mil páginas de notas e cartas a um amigo
que as analisou por vários anos antes de transmiti-las à Universidade de Montpellier.
Sob ordens estritas de Grothendieck, elas foram mantidas trancadas à chave nos
arquivos da universidade.”

1. Tendo em vista os textos sugeridos, mais as impressões sobre a dinâmica da Teia da


Interatividade, dialogue com seus colegas e com seu professor:

a) As ações de Grothendieck, seus postulados e o uso desses conhecimentos;


b) As relações entre os resultados das ações e as expectativas do matemático
Alexander;
c) A paralisação na divulgação de suas pesquisas;
d) A mudança de planos e o redirecionamento de suas ações.

92 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Para refletir
Hora de raciocinarmos sobre o conceito ação-resultado-ação na escala dos
acontecimentos globais e transformações da sociedade. Nossas ações e de-
cisões, por menores que pareçam, funcionam como uma grande rede que
vibra em sintonia. Assim, transformações cotidianas originadas por inova-
ções tecnológicas - muitas delas derivadas de projetos que nasceram com
a dimensão de seu Projeto de Vida! – precisam sempre ser acompanhadas
de uma reflexão sobre seus efeitos, nem sempre benéficos para todos, todo
o tempo. Soluções que aumentam a produtividade industrial podem também
resultar em obsolescência funcional e desemprego; inovações em comuni-
cação digital podem trazer resultados inesperados na qualidade do relacio-
namento interpessoal e no exercício da empatia. Redirecionar-se a partir de
resultados obtidos, percebendo-os positivos ou negativos, é uma habilidade
que pode ser desenvolvida: trata-se da adaptabilidade.

Impacto da tecnologia na sociedade25

A tecnologia nos dá poder, mas não diz, nem pode


dizer, como usá-lo.

Jonathan Sacks

Há muito tempo nos sentimos apreensivos com as mudanças na sociedade


causadas pela tecnologia. Sócrates acreditava que escrever “criaria esqueci-
mento nas almas dos aprendizes” e por isso ele não registrou suas palavras,
nem seu trabalho. De certa forma, ele estava certo.

25 FADEL, C. BIALIK, M. TRILLING, B. Educação em Quatro Dimensões: As competências que os estudantes devem ter
para atingir o sucesso. Boston: Center for Curriculum Redesign, 2015. p. 27-28.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 93


Compare a nossa habilidade de memorizar com a das pessoas com tradições orais
de longa data que conseguem recitar trabalhos épicos, como Ilíada, totalmente de
memória e perceberá que nossa cultura moderna parece incrivelmente ruim de me-
mória. Na maior parte da história da humanidade, era comum a memorização de
livros inteiros, uma habilidade que se tornou obsoleta, e, desta forma, não é mais
praticada. Se Sócrates viajasse no tempo e estivesse no mundo atual, ele ficaria
horrorizado com o pouco que memorizamos e como dependemos de ajuda para
lembrar das coisas.
Ainda assim, escrever nos forneceu um histórico coletivo que pode ser visto e ampliado
a qualquer momento, permitindo às pessoas construir e criticar o trabalho do outro.
Dessa forma, essa preocupação sobre o impacto da tecnologia é uma preocupação
muito antiga sobre consequências bem reais e uma fonte de grande esperança, pois a
tecnologia tem o potencial de capacitar e mudar o mundo.
Os críticos sobre o impacto da tecnologia na sociedade indicam o aumento no índice
de obesidade infantil; socialização ao vivo substituída por videogames jogados por
múltiplos usuários; comportamentos com tendência ao vício e ao isolamento devido
ao uso excessivo de mídias e compreensão reduzida na leitura de fontes eletrônicas
em relação à leitura de material impresso. Contudo, muitos desses aspectos estão
sendo abordados por novas adaptações tecnológicas e novas formas de usar as tec-
nologias existentes. Os jogos estão sendo desenvolvidos para incluir a colaboração
ao vivo e interações no mundo real. Os aspectos dos jogos que os tornam viciantes
(autonomia, domínio e propósito) estão sendo compreendidos e controlados para
fornecer experiências de aprendizado mais relevantes. As nuances das diferenças
de compreensão na leitura de diferentes tipos de mídia estão sendo mais explora-
das e podem ser consideradas por futuras inovações tecnológicas.
Cada avanço tem a possibilidade de produzir efeitos positivos e negativos; o pro-
gresso é realmente uma faca de dois gumes e a tecnologia é um amplificador amo-
ral. Por exemplo, a comercialização e transformação em commodity do conheci-
mento na internet podem resultar em acesso muito maior ao conhecimento, além
de rápida distribuição e compartilhamento de ideias. Mas isso também pode causar
a disseminação de conhecimento perigoso, como armas de fogo feitas em impres-
sora 3D, armas biológicas caseiras etc. As descobertas científicas estão sujeitas à
mesma dualidade – a energia nuclear pode ser usada de maneira positiva, como
uma fonte de energia abundante, ou pode ser usada de forma negativa, para fazer
armas destruidoras.
Um ponto importante a ressaltar aqui é que talvez não seja possível parar o processo
acelerado das invenções e tecnologias, mas podemos gerenciar com cuidado como
elas estão sendo usadas em nossas vidas. Precisamos ser muito explícitos sobre o
que queremos da tecnologia, para que seus efeitos negativos continuem sendo frea-
dos e seus efeitos positivos continuem sendo intensificados. Precisamos ser bem
certeiros sobre o uso da tecnologia como uma ferramenta de empoderamento para
atingir nossos objetivos, não apenas pelo seu apelo como novidade ou apoio.
Nossos sistemas educacionais precisam se concentrar nos objetivos universalmente
positivos da construção de competências pessoais, habilidades e sabedoria de todos
os alunos. Todos os estudantes precisam aprender a considerar as implicações mais
amplas de suas ações, agir de forma consciente, além de refletir e adaptar-se às mu-
danças do mundo.

94 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aula 11
Indicadores de processo: onde estou neste
momento?

É provável que os estudantes já tenham visto um destes gráficos – eles aparecem com
frequência nas redes sociais, em diferentes idiomas:

O que planejei O que aconteceu

Dizem que toda brincadeira tem um fundo de verdade. Nesta, a linha que representa “O que
aconteceu” lembra um pouco a das trajetórias daquela experiência científica dos anos 1930
– tentar seguir em linha reta sem ter uma referência. A brincadeira serve perfeitamente para
ilustrar o que pode acontecer quando faltam indicadores de processo no planejamento (ou
seja: quando faltam indicações que nos permitam verificar em que pé as coisas estão a cada
momento, em relação aos objetivos). É exatamente sobre isto que essa aula vai tratar.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 95


Objetivos Gerais
• Compreender como os resultados podem ser expressos e quantificados para
saber se está no caminho certo;
• Estabelecer relações entre os indicadores de processo e os objetivos traçados.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade em
Técnica de estudo dirigido em duplas, leitura
dupla: Estudo
de textos e realização de atividades de com- 40 minutos
dirigido sobre
preensão.
Indicadores.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: ESTUDO DIRIGIDO SOBRE INDICADORES

Objetivos

• Expor com suas palavras o conceito de indicador;


• Diferenciar os tipos e os diferentes pontos de vista dos indicadores;
• Definir indicadores simples para diferentes áreas de atividades e objetivos;
• Trocar ideias e chegar a conclusões comuns sobre informações e conceitos.

Desenvolvimento

O professor pede aos estudantes que formem duplas para um estudo dirigido no qual eles
vão (a) entender o que são indicadores e (b) aprender as bases para definir bons indicadores
para acompanhar seu progresso em seu Projeto de Vida. Em caso de classes numerosas, nada
impede que o trabalho seja realizado em trios; quartetos ou com mais de quatro estudantes.
Porém, o estudo tende a ser bem menos produtivo.

96 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Sugerimos a técnica de estudo dirigido em sala de aula e em dupla porque ela permite ao
professor acompanhar o andamento do trabalho das duplas enquanto estudam e atuar
como facilitador para aqueles que encontrarem mais dificuldades, já que o estudo dirigido
facilita a identificação e o atendimento de diferenças individuais. O estudo dirigido a partir
dos textos (Anexo 1) incentiva a atividade intelectual do estudante e exige que ele mobilize
seus recursos mentais para identificar, selecionar, comparar, concluir, extrapolar e, pos-
teriormente, começar a aplicar o que aprendeu sobre indicadores na atividade em casa.
Se tudo correr bem, os estudantes terão oportunidade de refletir em conjunto, esclarecer
dúvidas com ajuda de um colega, experimentar outros pontos de vista e aprimorar seus
modos de exprimir por escrito suas conclusões. Um estudo dirigido bem executado favore-
ce também a independência e a segurança do estudante com relação ao conteúdo.

É interessante que o professor circule pela sala para acompanhar todas as etapas do trabalho
e assim obter uma visão geral das conclusões e dificuldades encontradas, o que certamente
vai enriquecer seus comentários no momento da avaliação final.

Em casa
Meus indicadores (Anexo 2)
O estudante faz um primeiro exercício de redigir indicadores para quatro áreas
e também uma primeira análise da adequação destes, usando os critérios in-
dicados na própria atividade.
Não há acerto e erro nas respostas, mas pode haver inadequação na maneira
de exprimir as ideias. As próprias indicações dos textos lidos em aula e das
instruções da tarefa de casa podem servir de base ao professor para ajudar o
estudante a fazer os ajustes necessários.
No caso de indicadores ligados a capacitação, aprendizagem, comportamen-
tos e atitudes, o professor pode lembrar os diversos indicadores disponíveis
na vida escolar, tais como os resultados de avaliações, os dados de frequência
e tantos outros que ele pode também utilizar para monitorar seu progresso.

Referência iconográfica
Imagem: Freepik.com. IJEAB. Mini figura viajante com pushpin vermelho e um conceito de viagem
de mapa. 2017. 4896 x 3264 pixels. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?f55664. Acesso em abr de 2021.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 97


Anexo 1

ATIVIDADE: ESTUDO DIRIGIDO EM DUPLAS SOBRE INDICADORES

Siga a orientação do professor para a organização do trabalho. Com um colega, você vai
fazer um estudo dirigido para (a) entender o que são indicadores e (b) aprender a definir
bons indicadores para acompanhar seu progresso em seu Projeto de Vida.

Leia os textos a seguir, reflita sobre os conteúdos, discuta com seu colega e procurem es-
clarecer juntos as dúvidas antes de completar o que for pedido.

Texto 1

Enquanto as ações planejadas começam a ganhar vida26

“(...) a tal fase de acompanhamento não é ficar assistindo de camarote como a ação se de-
senvolve. O que na verdade tem que ser feito é interferir nela, mudá-la, sempre que comece
a se mostrar furada, arriscando não levar aos objetivos que se pretende atingir. (...) não se
pode ficar só vendo passivamente o que se passa. (...) continuar pensando a ação depois
que ela começa, para não voltar a agir improvisadamente, sem querer? (...) Descobrir os
erros antes deles serem cometidos (...) é possível quando a realidade global na qual sua
ação se insere se modifica tão nítida e rapidamente que determinadas ações já se mos-
tram supérfluas ou inoportunas antes mesmo de serem começadas. (...) Talvez outro caso
parecido com esse seja quando há uma série de ações encadeadas e as primeiras delas se
revelam erradas. Dá tempo, então, para corrigir o curso da coisa, modificando as seguintes
antes que novos erros sejam cometidos.”

• Cite três coisas que são feitas na fase de acompanhamento, segundo o autor do texto:

26 FERREIRA, F. W. Planejamento Sim e Não: um modo de agir num mundo em permanente mudança. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1979. p 61-69.

98 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


“(...) Outra coisa: às vezes, dadas essas diferentes circunstâncias, pode se tornar necessário
não propriamente modificar determinadas decisões, mas introduzir ações completamente
novas, que nem haviam sido cogitadas no plano inicial, seja para completar resultados consi-
derados insuficientes, seja para fazer frente a efeitos ou reações provocados pelas ações que
já realizamos. O que equivale a dizer que, a essa altura dos acontecimentos, o plano inicial pode
ser jogado fora, para ser substituído por outro plano, elaborado ali no quentinho da ação...”

• Responda: Se você planejou tudo, por que, segundo o autor, às vezes é preciso mudar as
ações planejadas?

“(...) a tendência a obedecer ao plano a qualquer custo tem raízes na dificuldade natural de
aceitar que sempre se está obrigado a modificar os planos, inclusive até mesmo imediata-
mente depois de começar a sua execução. (...) Me apego ao planejamento porque não quero
improvisar. Tomo decisões da maneira mais refletida possível. Mas de partida tenho que acei-
tar que posso abandoná-las. Fica quase o dito pelo não dito, ou a impressão de que realmente
não é possível senão improvisar. Então, para não me sentir muito perdido, passo a dizer que o
plano foi bem refletido e bem pesado. Portanto, se tem que o obedecer de qualquer maneira.
(...) Como se sair dessa? (...) Elasticidade mental... Mais do que elasticidade mental. O que
ocorre é que, salvo nos momentos de mudança de peso, é “o sim ou o não” que domina. No
planejamento acho que se tem que tentar encaminhar as coisas da melhor maneira possível.
O menos improvisadamente possível, o mais planejadamente possível. O importante é estar
atento aos objetivos, e à possibilidade de mudar os próprios objetivos...”

• Por que, segundo o autor, é necessário ter elasticidade mental?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 99


Texto 2

Indicadores

Um INDICADOR é um parâmetro que permite perceber a diferença entre o que alguém espe-
ra realizar e o que está acontecendo no momento atual. A pessoa tem uma meta, começou
a agir, a fazer alguma coisa para atingi-la e, graças aos indicadores, pode saber se o que está
sendo feito está ou não possibilitando que ela avance no caminho da meta desejada.

Outra maneira de definir indicador é esta: um indicador é uma característica específica,


observável e mensurável que pode ser usada para mostrar as mudanças e os progressos
que a pessoa está fazendo com relação a um resultado (objetivo) que estabeleceu.

É importante fazer essas observações sistematicamente, a partir de pontos de vista dife-


rentes. Três deles são muito úteis para monitorar como andam as coisas em seu Projeto de
Vida e, também, em qualquer outro tipo de plano:

1. O ponto de vista da EFICIÊNCIA: atingir seus objetivos usando o mínimo


possível de recursos;
2. O ponto de vista da EFICÁCIA: conseguir realizar o que você se propõe a fazer;
3. O ponto de vista da QUALIDADE: fazer o que você se propõe a fazer tão bem
quanto deveria.

Os indicadores servem para isto: ajudar você a perceber como as coisas andam e, se for
preciso, corrigir o rumo e pensar em novas ações.

Um bom indicador reflete seu trabalho, é fácil de entender para qualquer pessoa, não exige
cálculos complicados e mostra-se útil na prática. Se você definir um indicador que não se en-
quadre nessa descrição, é bem provável que ele não funcione e acabe sendo deixado de lado.

• Escreva aqui, em uma frase, sua definição de indicador:

• Responda: Para que serve um indicador?

• Responda: Com indicadores a partir dos pontos de vista de eficiência


eficiência, eficácia e qualidade
qualidade,
quais são os três tipos de informações que uma pessoa obtém sobre o andamento de
seus planos?

100 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Tipos de indicadores

Dependendo do que vamos observar, há três tipos de indicadores.

Para os recursos materiais, usamos indicadores de estrutura. Por exemplo: num hospital,
um indicador de estrutura seriam os equipamentos disponíveis para atender os pacientes,
ou a quantidade de leitos na UTI.

• Imagine um exemplo de indicador de estrutura numa escola e outro para seu Projeto de
Vida e anote-os aqui:

Para o que se faz, usamos indicadores de processo. Por exemplo: num hospital, alguns
indicadores de processo seriam o tempo que o médico passa com cada paciente, a fre-
quência com que as pessoas fazem a limpeza e desinfecção dos quartos, a adequação dos
procedimentos para cada doença etc.

• Imagine um exemplo de indicador de processo para o trabalho em uma escola e outro para
seu Projeto de Vida e anote-os aqui:

Para o final do processo todo, usamos indicadores de resultado, que vão fornecer infor-
mações quanto ao atingimento ou não dos objetivos. Por exemplo: num hospital, alguns
indicadores de resultado seriam a taxa de cura e também de complicações ou mortalidade
de pacientes em comparação com algum padrão de qualidade. Para um curso profissio-
nalizante, poderia ser a porcentagem de estudantes que conseguem emprego ao concluir
o programa de formação. Os “indicadores de resultado” são o tema do módulo seguinte.

• Imagine um exemplo de indicador de resultado para o trabalho em uma escola e outro para
seu Projeto de Vida e anote-os aqui:

O conjunto dos indicadores que usamos deve nos fornecer informações suficientes para
podermos responder a esta pergunta: Fizemos o que nos propusemos a fazer tão bem
quanto deveríamos e poderíamos?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 101


Considerações importantes para definir seus indicadores de processo

- Um indicador deve ser simples, claro, sem ambiguidade, e descrever com


clareza o que está sendo medido.
- Palavras como “melhorar”, “aumentar”, “reduzir”, isoladamente, não são
adequadas para um indicador. É importante estabelecer realmente aonde
se quer chegar, se possível, quantificando.
- Quando outras pessoas estão envolvidas, é importante que elas também
deem seu parecer sobre o que está acontecendo, para ter uma ideia mais
precisa e completa. Um indicador é confiável quando serve para medir algu-
ma coisa ao longo do tempo e da mesma forma, seja quem for o observador.
- Se você quer acompanhar bem o andamento das coisas (o processo), não
basta dar uma olhada e controlar “de vez em quando”. É preciso fazer isso
a intervalos regulares, de acordo com as metas que você definiu. Só assim
você não é apanhado de surpresa sem possibilidade de corrigir o rumo e/ou
alterar as ações.
- Nem sempre é possível quantificar as informações. Nesse caso, pode ser de
grande ajuda ouvir outras pessoas que nos informam como percebem as coi-
sas para as quais nos faltam indicadores “exatos”.

• Responda: que outras pessoas estão envolvidas e deveriam ser ouvidas com relação a seu
Projeto de Vida?

• Escolha um indicador de processo que você considere importante para seu Projeto de Vida.
Anote-o abaixo. Indique ao lado com que frequência (ou a que intervalos regulares) você
acredita que deverá usá-lo para monitorar seu progresso rumo aos objetivos.

102 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

EM CASA: MEUS INDICADORES

Em aula, você leu, discutiu e chegou a algumas conclusões sobre indicadores. Agora, vai
começar a exercitar a definição de indicadores para si mesmo, levando em conta o que já
imaginou até agora para seu Projeto de Vida.

1. Escolha quatro áreas que considere importantes em seu Projeto de Vida (por exemplo:
formação, mudanças de comportamento, capacitação, atitudes, conhecimentos, práticas,
comunicação, hábitos...) e escreva pelo menos um indicador para cada uma no quadro
abaixo. Ao completar seu Projeto de Vida, mais tarde, lembre-se disto: é bom ter pelo menos
um indicador de processo para cada área de atividades.

ÁREA INDICADOR

2. Abaixo, você tem uma lista com algumas perguntas que ajudam a verificar se um indicador
é bom. Use-as para examinar cada um dos indicadores que escreveu no quadro acima e con-
ferir se eles podem ser melhorados. Se a resposta for SIM, faça as correções ou alterações
necessárias.

Para saber se um indicador é bom:

• Seu indicador é confiável? (Você ou outra pessoa poderiam aplicá-lo outras


vezes, da mesma forma?)
• Seu indicador é preciso e claro? Qualquer pessoa entende o que ele mede?
• Seu indicador está relacionado a um objetivo bem definido ou é vago?
• Seu indicador é prático ou sua aplicação demanda recursos complicados?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 103


Para refletir
Assim como nas aulas anteriores sugerimos a reflexão sobre efeitos inespe-
rados de uma determinada ação, agora propomos pensar sobre uma percep-
ção de um fato que pode ser sensível e tácita, mas que sempre será melhor
fundamentada por indicadores. Estes indicadores podem assumir várias for-
mas e níveis de complexidade: uma sucessão de atrasos em sua agenda de
compromissos pode ser um indicador de que você está subestimando seus
tempos de deslocamento; uma dificuldade incomum em sua capacidade de
concentração pode indicar que seu período de sono está insuficiente ou com
baixa qualidade de repouso. Assim, muitos indicadores sobre nosso desem-
penho são dados pela percepção de nosso próprio corpo. Estes indicadores
informais, no entanto, poderiam ser substituídos por análises clínicas de exa-
mes médicos específicos para cada especialidade. Existem, no âmbito das
atividades humanas, indicadores formais de desempenho de qualquer cate-
goria de ação que se possa imaginar. Nossas competências em matemática
podem nos aproximar de um universo de estatísticas, gráficos e tabelas que
podem demonstrar, de formas numéricas ou visuais, variações no tempo e
no espaço de muitos parâmetros e variáveis. Estes indicadores de processo
– ou seja, de ações ou projetos ainda em curso – seriam um tema extenso e
útil para seu Plano de Ação e seu Projeto de Vida. Por ora, leia o texto a seguir
para continuar a reflexão sobre as inovações contemporâneas e seus efeitos
no universo da formação e do trabalho, agora usando indicadores.

Tecnologia, automação, terceirização e empregos27

Estamos atualmente preparando os estudantes


para empregos que não existem ainda, usando
tecnologias que não foram inventadas para resolver
problemas que ainda não conhecemos.

Richard Riley

27 FADEL, C. BIALIK, M. TRILLING, B. Educação em Quatro Dimensões: As competências que os estudantes devem ter
para atingir o sucesso. Boston: Center for Curriculum Redesign, 2015. p. 28-33.

104 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Primeiro, a tecnologia eliminou muito esforço e perigo do trabalho físico. De-
pois, eliminou muitas das tarefas mentais tediosas que puderam ser automa-
tizadas e, agora, ameaça substituir algumas tarefas que exigem uma tomada
de decisão especializada. Por exemplo, os computadores estão sendo treina-
dos para diagnosticar câncer de mama, com a possibilidade de incluir vários
outros fatores além daqueles que os médicos humanos podem considerar
em um dado instante.
Mas isso significa que os humanos serão substituídos em suas ocupações?
Como os computadores estão começando a dirigir carros e anotar pedidos
em restaurantes, esse pensamento vem à tona para discussão pública. Ou
poderia significar que mais pessoas serão liberadas para realizar trabalhos
mais importantes e usar ferramentas mais poderosas para realizar melhor
suas tarefas? Mais pessoas poderiam seguir suas paixões com mais dedica-
ção e exercer uma influência mais positiva no mundo?
O trabalho e o conhecimento humano têm diferentes formas e sabores. Com
base nessa variedade de mudanças nas tecnologias usadas em diferentes
países do mundo todo, alguns empregos estão sendo automatizados ou rea-
lizados por custos menores em outros países, e certos tipos de empregos
estão desaparecendo em alguns lugares e ressurgindo com grande demanda
em outras regiões do mundo.
As figuras a seguir ilustram como os tipos de empregos mudaram desde
1850 em porcentagens e números, respectivamente.

Tipos de empregos com o tempo (em %)


100%

90%
Agricultura
r u
80%

70% Prestadores
P add
Operários
e s e serviços
v
60%

50%

40%

30%

20%
Trabalhadores
a a s executivos/administrativos
u / in a
10%

O
Outros
s
0%
1850 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 105


Tipos de empregos com o tempo (em números)

140 milhões

120 milhões

100 milhões
Preestadore
Press d res
de sserviços
d çoss
ços

80 milhões

60 milhões

O
Operários
ár
Agricultura
Ag
Agricultura
c r
ra
40 milhões

Trabalhadores
T b lh d executivos/
uti /
20 milhões administrativos
m r s

0 Outros
Outros
t os
1850 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

A noção intuitiva de que o progresso tecnológico facilitaria as atividades no


mercado de trabalho e proporcionaria mais tempo para o lazer está se mos-
trando uma inverdade. As pessoas trabalham a mesma quantidade de horas,
ou até mais, dedicam-se mais e produzem mais e mais. Mesmo com certas
funções agora automatizadas, surgem empregos totalmente novos, como
gerente de mídias sociais e engenheiro de serviços na nuvem.
A automação não é um fenômeno novo. Os cavalos foram substituídos por
carros, os escribas medievais pela prensa de Gutenberg, as lavadeiras por
máquinas de lavar, os caixas de loja por scanners de código de barras, leitores
de cartão de crédito, chips de pagamento por telefone móvel etc. E recente-
mente, a loja H&M admitiu que usa corpos de manequins “sem defeitos” no
lugar de modelos reais.
Isso nos leva a fazer perguntas importantes:
- Quais ocupações estão sujeitas à automação e quais não estão?
- Mais precisamente, em que grau?
- Quais novos empregos são criados e quais competências eles exigirão?
- Como preparamos nossos estudantes para os empregos que realmente
existirão quando eles se graduarem?

106 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Primeiro, temos que entender como funciona a automação. Em termos
gerais, os computadores podem executar um programa que segue um pa-
drão ou um conjunto de regras. Seus pontos positivos são: velocidade e
precisão; ao passo que os pontos positivos dos humanos são: flexibilidade
e síntese. A figura a seguir mostra alguns exemplos, variando de fácil a
difícil em termos de programação.

Sentido em que aumenta a dificuldade de programar

LÓGICA BASEADA RECONHECIMEN- TRABALHO


EM REGRAS TO DE PADRÃO HUMANO

As regras não
Processamento Processamento podem ser
computadorizado computadorizado articuladas e/ou
Variedade
usando regras de usando regras de as informações
dedução indução necessárias não
podem ser obtidas

Escrever um
Calcular imposto Reconhecimento
parecer jurídico
de renda de fala
convincente

Exemplos
Mover a mobília
Emitir um cartão Prever inadimplên- para um aparta-
de embarque cia de hipoteca mento no terceiro
andar

Podemos ver o efeito da automação ao analisar os tipos de empregos que


aumentaram nos Estados Unidos e quais diminuíram desde a década de
1960, conforme ilustrado na figura a seguir.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 107


Tarefas dos trabalhadores

Tarefas de trabalhadores na economia dos EUA, 1960 a 2009:


Todos os níveis de escolaridade
em percentil de distribuição em 1960

70
Média de entrada de tarefas,

60

50

40

30

1960 1970 1980 1990 2000 2010

Analítica, não rotineira Interpessoal, não rotineira


Manual, não rotineira Cognitiva, rotineira
Manual e rotineira

As tarefas rotineiras, manuais (por ex., montagem) ou cognitivas (por ex.,


trabalho com documentação), podem ser cada vez mais automatizadas e,
dessa forma, a demanda por habilidades associadas a elas está diminuin-
do. Os trabalhos manuais não rotineiros, como encanamento, também estão
diminuindo, mas nem tanto, pois todos nós precisamos de reparos em nos-
sas casas. Contudo, com a realidade ampliada, isso pode ser colocado em
perspectiva, pois um encanador morando em qualquer lugar do mundo pode
guiar a mão do proprietário da casa (ou uma luva tátil!).
Então, quais habilidades devemos ensinar? Habilidades interpessoais não
rotineiras (como aquelas envolvidas em consultoria) e habilidades analíticas
não rotineiras (como aquelas envolvidas em projetos de engenharia e cirur-
gia médica) – esses são os tipos de habilidades necessárias no futuro.

Referências iconográficas
Tipos de empregos com o tempo (em %): IPUMS-USA, Universidade de Minnesota.

Tipos de empregos com o tempo (em números): IPUMS-USA, Universidade de Minnesota.

Sentido em que aumenta a dificuldade de programar: LEVY, Frank; MURNANE, Richard. Dancing with
Robots: Human Skills for Computerized Work. ThirdWay, 2013.

Tarefas dos trabalhadores: AUTOR, David H.; PRICE, Brendan. The Changing Task Composition of the
US Labor Market: An Update of Autor, Levy, and Murnane (2003). MIT, 2013. Disponível em: icebrasil.
org.br/surl/?49790f. Acesso em abr 2021.

108 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aula 12
Indicadores de resultado: Para onde eu vou?

Indicador de resultado, por se referir à consumação de um processo, deve, evidentemente,


ser aplicado ao final da execução de um Plano de Ação, contudo precisa ser estabelecido já
na fase inicial do planejamento, assegurando as condições objetivas para saber se o que se
pretendia inicialmente foi de fato alcançado no fim do percurso.

Submeter seu Plano de Ação (PA) a uma verificação de resultados é ao mesmo tempo um
exercício de autoconhecimento e de autoavaliação. No caminho para a concretização de seus
objetivos - estruturados no Projeto de Vida e agora detalhados no PA - este é um dos momen-
tos mais importantes, pois é quando você poderá perceber a validade das decisões tomadas,
mensurando seus resultados através de indicadores de desempenho. E a melhor parte disso
é que os indicadores utilizados para avaliar seus resultados devem ser definidos por você
mesmo, pois não há ninguém que conheça seu Projeto de Vida mais do que você! Assim, será
uma oportunidade de colocar-se à prova, mas também de reafirmar sua autonomia e seu
compromisso com seus sonhos e desejos, que o acompanham desde o início do Projeto de
Vida. A criação de indicadores dessa natureza como instrumentos fundamentais à mensura-
ção das metas estabelecidas no PA de cada estudante é o foco desta aula.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 109


Objetivos Gerais
• Compreender a noção de indicadores de resultado;
• Expressar e quantificar os resultados das ações, criando indicadores especí-
ficos para as metas estruturadas no Plano individual.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Inferir indicadores de resultado a partir da


Como saber se análise das metas listadas nos Planos de 20 minutos
consegui? Ação dos colegas.

Atividade: Exercício de criação de indicadores de


Como vão minhas resultados, a partir da observação do 20 minutos
prioridades? Planejamento Semanal.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: PÁSSAROS EM EXTINÇÃO

Objetivo

• Compreender e inferir indicadores de resultado a partir da análise das descrições


dos objetivos listados nos Plano de Ação dos colegas.

Desenvolvimento

A compreensão da noção de indicadores de resultados vai demandar, nesta aula, uma


análise dos objetivos listados no PA dos colegas. A ideia é produzir um distanciamento
prático, direto: os estudantes submetem os objetivos dos colegas a um questionamento
pragmático, indagando-se quais serão as formas de saber se as metas foram ou não
foram atingidas ao final do processo.

110 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Dessa forma, é possível exercitar a objetividade necessária a um PA, pois qualquer pessoa
que o lê, deve compreendê-lo de modo a obter respostas concretas e objetivas.

Assim, o desenvolvimento dessa atividade (Anexo 1) ocorrerá da seguinte forma: os estudan-


tes terão a tarefa de listar em uma folha de papel as metas estabelecidas para o seu PA. Feito
isso, o professor recolhe as folhas e as redistribui aleatoriamente entre os estudantes, de modo
que possam tecer considerações sobre os objetivos dos outros, procurando respostas as mais
objetivas possíveis para as perguntas: Quais são os alvos do colega para atingir os resultados
expressos nas metas? Ou seja, o que é preciso aparecer como resultado de modo a saber que
a meta foi atingida? Os indicadores devem estar estreitamente vinculados às conclusões do
PA: através deles, é possível saber quais são os pontos fortes e fracos do Plano, onde estão as
oportunidades de êxito e até mesmo o que ameaça a execução do Plano.

É importante que o professor esclareça a importância dos indicadores: são instrumentos


utilizados para expressar e quantificar resultados. É através deles que sabemos se consegui-
mos ou não atingir os objetivos traçados, é poder mensurar aquilo que se objetiva no Plano:
média de notas nas disciplinas apresentadas, número de aprovações em vestibulares etc.

Feito isso, o professor recolhe as folhas de papel e as devolve aos respectivos donos. É o
momento em que os estudantes poderão refletir sobre as implicações práticas de seus
objetivos como dados passíveis de mensuração, além de visualizarem o final do percurso
que desejam percorrer. Desse modo, submetidos ao olhar pragmático do outro, podem
pensar sobre seus métodos de análise e avaliação dos objetivos em termos não ideais,
mas calcados nas condições reais que lhes serão apresentadas.

ATIVIDADE: COMO VÃO MINHAS PRIORIDADES?

Objetivo

• Expressar e quantificar os resultados das ações, criando indicadores espe-


cíficos para as metas estruturadas no Planejamento Semanal elaborado nas
aulas anteriores.

Desenvolvimento

Nesta aula foi dado um exercício extremamente objetivo e pragmático de estabelecimento


de metas e execução de tarefas com prazos anual, mensal e semanal (Anexo 2). Assim
os estudantes podem aproveitar imediatamente a planilha resultante da atividade anterior
para o exercício aqui proposto.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 111


Os indicadores de resultado, sendo parte de um PA, devem ser obviamente estruturados
antes da execução das tarefas. Contudo, para o exercício aqui proposto vale a pena pedir
para que os estudantes foquem todas as tarefas semanais estabelecidas em suas plani-
lhas, mesmo aquelas tarefas já realizadas a contento.

Para que os estudantes consigam criar indicadores para suas metas, é importante que te-
nham em mente estas considerações: ao final do caminho percorrido, é necessário alcan-
çar algo, atingir um alvo, ter um retorno. Tudo isso como resultado das ações desenvolvidas.
Sendo assim, não basta, por exemplo, ter efetivamente se dedicado ao tempo de estudo
previsto, é necessário que a dedicação aos estudos resulte em avanços no nível dos sabe-
res estudados. A partir do exemplo, percebe-se que o êxito será reconhecido se for possível
aferir o quanto se aprendeu quando o processo chegar ao fim. Aquilo para que se estudou é
a meta. Portanto, uma forma de saber se a meta foi atingida é quantificando o conteúdo dos
estudos: por exemplo, tirando notas acima da média nas disciplinas que abrangem aqueles
conteúdos estudados.

Se o estudante se dedica ao estudo do inglês, por exemplo, e na linha de partida conhecia


apenas o conteúdo verb to be, em algum momento o seu indicador deve apontar para a
aquisição de conhecimento referente a outras manifestações verbais do idioma – simple
past tense, por exemplo. “O que eu pretendia? O que eu consegui?”, é um bom par de per-
guntas esclarecedoras nesse sentido.

Avaliação

Observe se os estudantes compreendem o conceito de indicadores de resultado, notadamente


em contraposição ao de indicadores de processo trabalhados nas aulas anteriores. Além disso,
é esperado que os estudantes sejam capazes de exercitar esse conceito na prática, estabele-
cendo indicadores específicos para suas metas estruturadas no Planejamento Semanal.

112 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Resposta e comentários da atividade

Em casa
(Anexo 3)
O objetivo dessa atividade é observar em que medida os PAs estão sendo devi-
damente acompanhados e apoiados por outras pessoas, notadamente no to-
cante à efetivação das tarefas estabelecidas em prazos determinados. Sendo
assim, espera-se que algo das discussões sobre ações concretas surjam nas
conversas extraclasses.

Texto de apoio ao professor

MENSURÁVEL – QUAL O TAMANHO DA SUA META?28

“O que é delimitado pode ser medido, certo? Mensurar uma meta significa determinar seu
tamanho, de forma qualitativa ou quantitativa. Quando você a mensura, na verdade está
avaliando quanto ainda precisa andar para chegar ao ponto em que pretende. Essa res-
posta pode ser dada em valor, em tempo ou em qualquer outra unidade de medida que
permita o acompanhamento dos passos dados […] [Por] exemplo [na compra de um] [...]
apartamento, poderíamos calcular o valor para a sua aquisição em torno de, por exemplo,
550 mil reais (considerando um metro quadrado de 5 mil reais). Este é o custo do seu sonho
e o tamanho do seu esforço!

28 BARBOSA, C. A tríade do tempo. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 128 -130.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 113


A parte mensurável da meta também pode conter, opcionalmente, indicadores que mos-
trem a evolução rumo ao objetivo. Afinal, ninguém consegue ter 550 mil reais antes de
ter juntado mil, 30 mil, 150 mil e assim por diante. Isso proporciona a resposta para uma
pergunta simples:

Como posso saber se estou conseguindo realizar minha meta? Esses indicadores podem
ser pequenas conquistas, objetos físicos, uma soma em dinheiro etc. É importante ressaltar
que esses indicadores não são tarefas. Eles apenas mostram que algo já foi feito e que isso o
deixou mais próximo do resultado final.

No exemplo do apartamento, poderíamos definir que os indicadores seriam:

1. entrada de 50% do valor do imóvel (275 mil reais);


2. venda do apartamento atual;
3. aprovação no financiamento do novo imóvel;

Os três pontos citados são marcos em sua jornada. Opcionalmente podem ser estabelecidas
datas para se chegar a esses marcos.”

Veja estes outros exemplos de metas:

Meta – MBA em Harvard

Específica: concluir um MBA em Business Administration pela Universidade de Harvard, a


ser realizado na cidade de Boston em no máximo 24 meses, com dedicação integral.

Mensurável: serão necessários 70 mil dólares divididos em 24 parcelas de 2.917 dólares.


Dedicação de três anos de estudo, para conseguir ser aprovado e estudar integralmente.

Indicadores: conseguir aprovação no TOEFL; conseguir ser aprovado no GMAT; conseguir visto
para os EUA; ser aprovado na inscrição de Harvard. Que ações afetam nesses indicadores?

Meta – Aumentar faturamento da empresa.

Específica: aumentar em 20% o faturamento bruto da Farmácia, através da incorporação


de uma nova linha de produtos naturais da empresa ABC para tratamento de estresse.
Obter uma margem de lucro líquido de 10% sobre o faturamento da empresa.

Mensurável: compra de estoque inicial no valor de 50 mil reais. Com faturamento de 70 mil
e lucro líquido de 7 mil.

Indicadores: venda semanal de 17.500 reais, em média.

114 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Na estante

VALE A PENA LER

Título: Criatividade, juventude e novos horizontes profissionais


Organizadores: Maria Isabel Mendes de Almeida e José Machado Pais
Editora: Zahar
Ano: 2012
Número de páginas: 296
Essa coletânea de seis artigos assinados por autores brasileiros e portugue-
ses da área de ciências sociais aborda os novos processos de criatividade e
profissionalização entre os jovens. A finalidade é refletir sobre as transformações ocorridas nas
subjetividades frente aos impasses e desafios apresentados pela sociedade contemporânea.
Apoiados em um eixo comum (os processos de profissionalização), os autores tecem reflexões
suscitadas a partir de pesquisas de campo realizadas com jovens que atuam em áreas empre-
sariais e artísticas, seja no Brasil, seja em Portugal.29

Referência iconográfica
Imagem: Pixabay. VAŠEK, Jan. Aeroporto Transporte Mulher. 2017. 5460 x 3640 pixels. Disponível
em: icebrasil.org.br/surl/?8e0652. Acesso em abr de 2021.

29 Criatividade, juventude e novos horizontes profissionais. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?3ead2b. Acesso em:
26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 115


Para saber mais30
Os trechos a seguir foram selecionados a partir do livro “Mindware: Ferramentas
para um pensamento mais eficaz”, de Richard E. Nisbett, e consideramos que
sua leitura aborda aspectos peculiares sobre avaliação de resultados a partir
de indicadores. Respostas a perguntas como “Que aspectos são importantes na
avaliação de resultados?” e “Como estabelecer relações de causa e efeito entre
aspectos de um projeto?” são importantes reflexões no processo de definição de
indicadores. Leia atentamente e tente refletir sobre seu próprio Plano de Ação.
“Os coeficientes de correlação são um passo na avaliação de relações causais.
Se não existe correlação entre as variáveis A e B, então, provavelmente, não há
relação causal entre A e B (uma exceção se dá quando uma terceira variável, C,
esconde a correlação entre A e B em uma situação em que há relação causal
entre as duas variáveis). Mesmo havendo correlação entre as variáveis A e B,
isso não significa que uma variação em A cause variação em B. Talvez A cause
B ou B cause A, e a associação poderia se dar porque A e B não têm nenhu-
ma ligação causal, mas estão associadas a uma terceira variável, C. Quase todo
mundo que se forma no ensino médio reconhece a veracidade dessas afirmati-
vas no plano abstrato. Mas, com frequência, uma correlação é tão consistente
com ideias plausíveis sobre causação que, de maneira tácita, aceitamos que a
correlação estabelece a existência da relação causal. Somos tão bons em criar
hipóteses causais que fazemos isso de forma quase automática. Se eu lhe disser
que quem come mais chocolate tem mais acne, fica difícil resistir à hipótese de
que alguma coisa no chocolate causa acne (até onde se sabe, isso não procede).
Se eu lhe disse que casais que realizam preparativos elaborados para o casa-
mento permanecem mais tempo juntos, é natural começar a imaginar o que há
nesses preparativos que torna os casamentos mais duradouros. Na verdade, um
artigo recente publicado por um importante periódico tratou dessa correlação
e especulou sobre a razão pela qual trabalhar duro nos preparativos pode fazer
o casamento durar mais. Mas se você pensar bem na correlação, vai perceber
que preparativos elaborados de casamento não são um evento aleatório, pelo
contrário - é mais provável que isso ocorra em situações nas quais o casal tem
mais amigos, mais tempo para estar junto, mais dinheiro e sabe lá mais o quê.
Qualquer coisa dessas - mais provavelmente todas - pode estar aumentando a
durabilidade dos casamentos. Não faz muito sentido escolher um único fato des-
se emaranhado e começar a especular sobre seu papel causal. (...)

30 NISBETT, R. E. Mindware: Ferramentas para um pensamento mais eficaz. São Paulo: Objetiva, 2018. p. 149-161.

116 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Existe uma exceção importante à regra que diz que é muito difícil detectar a covaria-
ção de forma precisa. Quando dois eventos - ainda que arbitrários - ocorrem mais ou
menos na mesma época, em geral será percebida a covariação. Se você acende uma
luz logo antes de dar um choque em um rato, o animal rapidamente associará a luz
ao choque. Mas, conforme aumenta o intervalo entre os dois eventos, há uma queda
aguda na capacidade de aprendizado, mesmo em um pareamento de eventos dra-
mático como esse. Animais - incluindo humanos - não aprendem associações entre
dois eventos pareados de forma arbitrária se eles acontecem com um intervalo de
mais de alguns minutos. (...)
Por que o nosso nível de precisão varia tanto ao compararmos duas ocasiões dis-
tintas em que medimos um traço característico? E por que reconhecemos razoa-
velmente bem o papel da lei dos grandes números para medir uma habilidade com
precisão, mas essa capacidade cai para praticamente zero quando precisamos
medir comportamentos? A palavra-chave aqui é codificação. Para muitas, senão
a maioria das habilidades, sabemos quais são as unidades para medir o compor-
tamento e podemos até calcular os números: proporção de palavras soletradas
corretamente; percentual de acerto em lances livres. Mas quais são as unidades
apropriadas para julgar cordialidade? Sorrisos por minuto? “Boas vibrações” por
contato social? Como é possível comparar as formas como as pessoas manifestam
cordialidade em ocasiões tão distintas como festas no sábado à noite ou reuniões
segunda-feira à tarde? Os tipos de comportamentos nas duas circunstâncias são
tão diferentes que aquilo que chamamos de evidência de cordialidade em uma si-
tuação é bem diferente do que usamos como indicador na outra. E tentar atribuir
números a indicadores de cordialidade para situação A é difícil ou até impossível.
Mesmo que pudéssemos atribuir valores, não saberíamos compará-los aos indica-
dores de cordialidade da situação B. (...)
Frequentemente, os cientistas têm ideias ao perceberem que alguma de suas ob-
servações constitui um experimento natural. No século XVIII, o médico Edward
Jenner percebeu que amas de leite raramente pegavam varíola, doença relaciona-
da à varíola bovina a que as amas haviam sido expostas. Talvez as amas tivessem
menos chances de pegar varíola do que as mulheres que trabalhavam na fabri-
cação de manteiga porque, de alguma forma, a varíola bovina protegia contra a
variante humana. Jenner encontrou uma jovem ama com varíola bovina na mão e
inoculou um pouco do material em um menino de oito anos. Ele apresentou febre e
desconforto na região das axilas. Dias depois, Jenner inoculou no mesmo menino
a varíola humana. O menino não desenvolveu a doença, e Jenner corretamente
anunciou que havia descoberto um tratamento para prevenir a varíola. A palavra
em latim para vaca é “vacca”, e a palavra em latim para varíola bovina é “vaccinia”,
então Jenner chamou seu tratamento de vacinação. Um experimento natural le-
vou a um experimento apropriado e os resultados mudaram o mundo para melhor.
Hoje em dia a varíola só existe na forma de um único espécime do vírus mantido
vivo em apenas dois laboratórios. (Não extinguem o vírus pela necessidade de
uma fonte matéria de vacinação, caso a doença surja em algum lugar do mundo.)

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 117


Anexo 1

ATIVIDADE: COMO SABER SE CONSEGUI?

Sendo o indicador de resultado um parâmetro para avaliar se as metas foram ou não con-
sumadas, ele visa responder basicamente às seguintes perguntas ao final do processo: Ao
traçar meu PA, o que eu defini como resultado esperado? Agora, concluído todo o percurso
estabelecido, o que eu realmente consegui? Ficou dentro do esperado ou deixou a desejar?
Consegui ir além ou estou aquém do que estabeleci? Se não consegui, quanto exatamente
me faltou para cumprir meu plano?

Como se depreende das questões acima, indicadores de resultado devem expressar e quan-
tificar. Se a sua meta é, por exemplo, ser aprovado com média 9 em uma disciplina funda-
mental para o que você quer ser, 9 é o resultado esperado. Este é, portanto, o seu indicador.
O passo a passo de todo o percurso é algo que será avaliado, como visto nas aulas anteriores.

Como você sabe, a clareza do seu PA é fundamental, devendo estar escrito de modo que
qualquer um que o leia, entenda. Aplicando essa regra às áreas específicas dos indicadores,
então temos que estes devem ser claros, objetivos e mensuráveis.

Caso o seu Plano e os dos colegas tenham sido estruturados de maneira clara, significa que
qualquer um de vocês pode compreender qualquer um desses Planos. Portanto, podem, ao
lê-los, responder a essas perguntas: Quais os objetivos desse Plano? Como saber se eles
foram ou não atingidos? Isto é, quais os indicadores para isso? Tendo em vista essa objeti-
vidade é que a proposta desta aula é fazer essas perguntas sobre o PA dos outros, de modo
sucinto e objetivo, localizando todas essas informações essenciais.

Liste em uma folha todos os objetivos estabelecidos no seu Plano. Quando todos tiverem
criado as listas, o professor vai recolhê-las e redistribuí-las, aleatoriamente. A tarefa é, a
partir dos objetivos listados pelo colega, deduzir e criar os indicadores de resultado neces-
sários à avaliação ao final do percurso. Os indicadores devem ser instrumentos que possam
trazer à tona dados quantificáveis que possibilitem responder à seguinte pergunta: como
saber se isso que o meu colega pretende será atingido ou não?

Feito isso, devolva a folha ao colega e resgate a sua folha. Os indicadores que o seu colega
deduziu dos seus objetivos fazem sentido? Eles permitem, de fato, responder às pergun-
tas? Faltou alguma coisa? O quê?

Agora, liste você mesmo os indicadores para os seus objetivos, ajustando, se for o caso, as
sugestões dos colegas às suas próprias observações.

118 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: COMO VÃO MINHAS PRIORIDADES?

Agora que você entendeu um pouco mais sobre como avaliar processos e resultados em
um Plano de Ação, gerando indicadores que apontem as condições atuais reais em que se
encontram suas metas, vale a pena praticar no contexto do seu Plano Individual.

Estruture a sua planilha de Planejamento Semanal. Nessa planilha, você deve estabelecer
suas metas para o ano, das quais, metade delas devem ser trabalhadas em um mês. Des-
tas, duas teriam a devida atenção e tratamento semanais. Você seria capaz de estabelecer
os indicadores das suas metas semanais estabelecidas desde então e aplicá-los à condição
atual em que se encontram aquelas tarefas?

Para estabelecer os indicadores para as suas tarefas, pense no que você deveria conquistar,
objetivamente, com a execução de cada uma delas. Por exemplo, a sua meta é melhorar o
seu desempenho em matemática. Na sua planilha, você estabeleceu a estratégia de es-
tudar essa matéria cinco vezes por semana. Portanto, o número de estudos por semana
é o seu indicador de processo – isto é, a forma como você está caminhando rumo à sua
meta. Um outro indicador de processo que melhor retrata a tendência da evolução seriam
as notas parciais, em cada mês ou bimestre. Já para criar um indicador de resultado, isto é,
para saber se o eu desempenho em matemática melhorou, você deve estar sabendo mais
da disciplina do que sabia no começo desse período. Uma forma objetiva de medir esse
impacto é estabelecer uma nota acima da média naquela disciplina. Portanto, ficaria assim
no seu PA: Indicador de resultado – média final acima de 7.

Ao final dessa atividade, forme dupla com um colega e discutam sobre seus indicadores,
considerando: ao apresentar o seu resultado para o seu colega, ele consegue detectar o
processo do cumprimento da sua meta? Em outras palavras: está claro e objetivo, de modo
que o outro possa compreender?

Lembrando que:

• iIndicadores são definidos como sendo dados ou informações, preferencial-


mente numéricos, que representam um determinado fenômeno e que são
utilizados para medir um processo ou seus resultados;
• Os indicadores são utilizados para: garantir ou melhorar um processo e/ou
resultado. O que você deseja garantir/modificar? Quanto você quer melho-
rar? Aonde você quer chegar? Qual a sua situação atual em relação a meta?
Está muito longe, falta muito ou pouco? Quanto? Como você vai saber se me-
lhorou ou não?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 119


• Os indicadores devem contribuir de forma explícita para o cumprimento
dos objetivos;
• Devem estar intimamente relacionados às principais conclusões do processo
de elaboração do Planejamento (pontos fracos, pontos fortes, oportunidades
e ameaças);
• Devem medir desempenho e não atividade;
• Devem ser simples e de preferência exigir pouca ou nenhuma explicação;
• Devem permitir fixação de metas e autonomia na obtenção destas;
• Pode-se começar com poucos indicadores, medindo apenas os processos
básicos, e ir aumentando gradativamente à medida que haja melhor sensibi-
lidade ao trato desse assunto.

Para refletir
Se você sentiu falta, nesta aula, de alguma referência a Ulisses, o herói paradig-
mático da Odisseia cujas pistas têm sido preciosas para o nosso processo de
criação de um Projeto de Vida, eis que ele resolve, mais uma vez, dar o ar de sua
graça. Dessa vez para nos auxiliar em uma reflexão cuidadosa sobre a maneira
como realizamos ou não satisfatoriamente as nossas metas, avaliamos o pro-
cesso, os resultados das ações e reconfiguramos nossas estratégias. Observe.
Depois de uma longa estadia na casa da feiticeira Circe, Ulisses sente que é
hora de retomar a viagem rumo a Ítaca. Porém, uma única pessoa, em todo
o mundo, seria capaz de instruir o herói adequadamente sobre como voltar
com segurança à terra natal. Acontece que essa pessoa, o sábio Tirésias, já
havia morrido há muito tempo. Então, o que restava afazer? “Ora, visitá-lo na
casa dos mortos (Hades), é claro!”, sugere a feiticeira Circe, que passa em
seguida a orientar Ulisses sobre como descer àquelas profundezas em que
nenhum ser humano vivo jamais ousara entrar.
Ao se despedir de Circe, porém, Elpenor, um dos companheiros de Ulisses, to-
mado por uma embriaguez de vinho, cai do telhado e morre. Na pressa de reto-
mar a viagem, Ulisses e os demais homens da tripulação, abandonam o corpo na
casa de Circe e não se demoram sequer para chorar uma única lágrima, quanto
mais para construir um túmulo digno para o finado. Assim, seguem. Após algu-
mas peripécias e rituais, Ulisses chega então ao Hades, à procura de Tirésias.

120 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Mas, adivinhe qual foi a primeira alma com que ele se depara, mal tendo chegado ao
Hades? Isso mesmo: a do companheiro morto. Tristonho, Elpenor lamenta amarga-
mente tão pouca consideração do amigo. Não sabia ele que uma coisa dessa não
se faz? Que homem digno de honra seguiria viagem, deixando um amigo insepulto,
sem um monumento que pudesse preservar-lhe a memória para além da morte? E
como Ulisses poderia tornar-se um herói de verdade, um modelo de excelência hu-
mana, com uma falha grave como essa em sua trajetória? Como a empreitada dele
poderia ser bem-sucedida, se ele traía os valores que o norteavam?
Após essa franca lição de moral, eis que Ulisses encontra Tirésias e o sábio o
instrui sobre como voltar para casa em segurança. E é claro que parte dessa
instrução estabelecia que o herói não deveria seguirem frente a partir dali, mas
refazer boa parte da viagem, desde a casa de Circe, para reparar o erro de não ter
honrado devidamente a memória do companheiro morto. Assim Ulisses descre-
ve a reparação do seu erro:
Deixando a correnteza do rio Océano, o barco alcançou as ondas do mar de
largos caminhos e a ilha de Eéia, onde se encontra a casa de Aurora, filha
da manhã, suas cirandas e o nascer do sol. Ali chegados, abicamos o barco
nas areias e desembarcamos no quebradouro do mar, onde dormimos es-
perando pela divina Aurora.

Mal raiou a filha da manhã, Aurora de róseos dedos, mandei companheiros


a casa de Circe buscar o corpo do falecido Elpenor. Ato contínuo, rachando
lenha e, pesarosos, derramando grossas lágrimas, fizemos seus funerais
no ponto mais avançado do cabo. Depois de cremar o corpo com as armas
do morto, erguemos-lhe um túmulo; sobre ele erigimos uma estela e finca-
mos no alto um remo maneiro.

Não executamos todas essas cerimônias sem que Circe percebesse o nos-
so regresso da mansão de Hades. Aprontou-se pressurosa e veio acompa-
nhada de servas que traziam pão, abundância de carne e rútilo vinho puro.
A augusta deusa parou no meio de nós e disse:

— Homens formidáveis sois vós, que descestes vivos à mansão de Hades e


assim tereis duas mortes, quando os demais morrem apenas uma vez. Eia,
porém, comei da comida, bebei do vinho e ficai aqui o dia inteiro; zarpareis
assim que luzir a aurora. Eu vos indicarei a rota, esclarecendo todas as mi-
núcias, a fim de que nenhuma trama funesta no mar ou em terra vos faça
sofrer com tribulações.31

31 HOMERO. Odisseia. São Paulo: Cultrix, 2006. Tradução de Jaime Bruna. p. 141.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 121


Em casa
Reúna-se com as pessoas com quem você pode contar para a criação e execu-
ção do seu Plano de Ação e conversem sobre os indicadores que você criou na
última aula. Ao final, redija um pequeno texto sobre a conversa, considerando
os seguintes pontos:
- Pareceu-lhes que os indicadores foram definidos corretamente, de modo a
darem condições para detectar os erros e os acertos?
- Alguma modificação surgiu dessa conversa? Qual?

122 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aulas 13 e 14
Decifre-os ou seu sonho não se realiza: fatores
críticos de sucesso

O Plano de Ação (PA) é a ponte que, construída, permite levar o estudante do “ser” para o
“querer ser”. Como toda ponte, por sua extensão, é necessária que tenha a base susten-
tada. Para isso, no desenvolvimento do trabalho do estudante, ele precisa ser orientado a
afirmar pilares de sustentação. Deve garantir para si a oportunidade de Aprender a Fazer –
um pilar da aprendizagem de competências. Implica, necessariamente, o conhecimento e
a ampliação da capacidade de aprender e comunicar-se, de trabalhar em conjunto, de gerir
conflitos que surgem durante a execução de seu PA. Perceber o que se faz e o que é neces-
sário fazer para alcançar o que se quer: conseguir identificar os pontos fortes e fracos em
seu Plano, compreender e assimilar as ameaças presentes em sua vida, bem como trans-
formá-las em oportunidades, identificando os Fatores Críticos que determinam o sucesso
na execução das estratégias de seu Projeto de Vida.

Nestas aulas, será apresentado aos estudantes o conceito de Fatores Críticos de Sucesso,
que, adaptado ao Projeto de Vida, permite estudar cada objetivo do Plano de Ação e identi-
ficar o que não pode faltar para o Plano dar certo e perceber quais fatores afetam, positiva
ou negativamente, suas estratégias. A proposta é a reflexão sobre os objetivos a fim de
extrair os fatores críticos e, também, ter a previsão de quais recursos, apoios e referências
serão essenciais para o sucesso dos resultados do PA.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 123


Objetivos Gerais
• Compreender os Fatores Críticos de Sucesso aplicados ao Projeto de Vida;
• Estruturar os Fatores Críticos de Sucesso no Plano de Ação;
• Identificar recursos, pessoas de referência e apoios necessários ao seu Pla-
no de Ação.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Deci-
Reflexão sobre o que são os Fatores Críticos
fre-o ou seu sonho 20 minutos
de Sucesso (FCS) e sua importância.
não se realiza.

Atividade: Leitura do trecho do livro de Sean Covey;


Identificando os Observação e identificação de Fatores 25 minutos
obstáculos para o internos e externos ao objetivo a partir de
sucesso. ações desenvolvidas no Plano de Ação.

Atividade: Esteja
preparado: apoio, Identificação de referências, apoios e
40 minutos
referências e recursos após a identificação dos FCSs.
recursos.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: DECIFRE-O OU SEU SONHO NÃO SE REALIZA

Objetivo

• Conhecer os Fatores Críticos de Sucesso.

124 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Desenvolvimento

Os fatores críticos são as condições essenciais, determinadas pelos objetivos, para que um
Plano de Ação tenha sucesso. Nesta aula, os estudantes farão um levantamento sobre os
objetivos de seu Plano para estabelecer quais são os fatores críticos que podem interferir, ne-
gativa ou positivamente, no futuro de suas ações. Fatores Críticos de Sucesso são sentenças,
derivadas do objetivo, que servem como guia para a organização das ações. Por meio de dois
exemplos, os estudantes poderão observar como se estrutura o FCS e, num primeiro mo-
mento, serão convocados a refletir em cada objetivo de seu Plano sobre a seguinte questão:
“O que é fundamental que aconteça para que eu consiga atingir esse objetivo?”

No Anexo 1 é oferecido, como exemplo, o objetivo de realizar uma viagem. Esse objetivo
pode ser realizado com sucesso, desde que o planejamento seja pensado considerando os
fatores críticos. Por exemplo, ir à Disney pode ser o destino da viagem e a hospedagem um
fator determinante de sucesso. Assim, a decisão de hospedar-se em determinado local im-
plica um estudo sobre os locais adequados para o tanto de recurso que se tem: a qualidade
dos serviços oferecidos, a proximidade com os acessos do parque, entre outros. Identificar
fatores de sucesso é determinante para que sua viagem seja plena. Assim, fazer as reservas
antecipadamente, incluindo uma pesquisa dos locais possíveis, dentro das condições fi-
nanceiras, torna-se um fator crítico essencial, antes de pôr o sonho em ação, ou seja, antes
de realizar a viagem.

É importante refletir com os estudantes a diferença entre os objetivos, as metas e os fato-


res críticos. Enquanto os objetivos e as metas tratam de uma etapa para concretizar algo
que se deseja, os Fatores Críticos de Sucesso farão uma “crítica”, partindo do objetivo, para
ajudar na organização das ações que levam à realização dos objetivos. Prestar vestibular
é uma meta para quem quer seguir uma carreira de veterinário, por exemplo. No entanto,
quando pensamos na etapa de prestar vestibular sabemos que há uma série de fatores
críticos que pode definir o sucesso ou o fracasso durante a realização dessa etapa, fato-
res físicos, emocionais, alimentares e acadêmicos estão implícitos e devem ser refletidos
para organizar ações. Algumas sessões de Yoga, por exemplo, podem ajudar a diminuir a
ansiedade (fator emocional) e a dor de cabeça pelas horas de estudo (fator físico), comuns
nesses processos. Definir esses fatores depende de um olhar para o objetivo, um olhar para
si mesmo e um olhar para o ambiente em que o Plano está sendo realizado. O conhecimen-
to sobre essas três dimensões é determinante para o sucesso da ação. Os pontos fracos
(limitações internas) e as ameaças do ambiente (fatores externos) convocam a observação
dos pontos fortes (habilidades e competências internas) a fim de criar oportunidades de
superar/alcançar os objetivos de nosso Plano. Um olhar para esses quatro pontos nos aju-
da a definir os Fatores Críticos de Sucesso.

O propósito, neste momento, é que os estudantes consigam identificar o que não pode
faltar para que seu objetivo seja alcançado com sucesso.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 125


ATIVIDADE: IDENTIFICANDO OS OBSTÁCULOS PARA O SUCESSO

Objetivo

• Identificar os fatores críticos a partir das limitações internas e externas.

Desenvolvimento

A leitura do texto de Robert Frost é direcionada para percepção das limitações internas e
externas de cada objetivo que se propõe realizar no Projeto de Vida (Anexo 2). Perceber os
momentos difíceis como momentos que trazem pistas dessas limitações pode ser um foco
de discussão que permitirá aos estudantes aprofundarem a reflexão sobre os fatores críticos
de seus Planos. O caráter de proatividade, trazido nas primeiras aulas deste curso, implica a
apropriação do resultado das ações, e o estudo das variantes surgidas durante a execução cria
condições e um novo olhar sobre a organização das ações. A proposta deste estudo é que os
estudantes possam olhar para suas ações, percebendo quais os momentos difíceis que viven-
ciaram e, em sequência, analisar esses momentos identificando quais os fatores que podem
definir o destino de suas ações, seja por um caminho de sucesso, seja de fracasso.

É importante a abertura para o diálogo sobre os fatores críticos, que por partirem de fatores
externos não podem ser controlados, mas podem ser estudados para se trabalhar a favor
do Plano. O fato de saber que podem ocorrer, já permite um estado de alerta para que o
empreendimento não seja posto em risco.

ATIVIDADE: ESTEJA PREPARADO: APOIOS, REFERÊNCIAS E RECURSOS

Objetivos

• Estruturar Fatores Críticos de Sucesso;


• Definir apoios necessários, pessoas de referência, recursos para minimizar
as ameaças ao Projeto de Vida.

Desenvolvimento

Como não é possível estabelecer FCS de maneira genérica, é importante que os estudantes
meditem sobre si mesmos e sua relação com o entorno, buscando identificar entre suas es-
tratégias os pontos fracos e fortes, as ameaças e oportunidades que farão de seu projeto um
sucesso. No Anexo 3 é sugerido que os estudantes identifiquem quais são os Fatores Críticos
de Sucesso de seu Projeto de Vida. Neste momento, a atividade deve ser realizada a partir de
questões que organizam a identificação de apoios, referências e recursos necessários para
enfrentar os fatores críticos do PA afim de realizar o Projeto de Vida. As questões propostas

126 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


nessa atividade possibilitam que se sistematizem as informações para chegar aos fatores crí-
ticos de sucesso. Trazem em primeira instância a definição dos apoios e recursos necessários
para alcançar o planejado, organizando o Plano em torno dos fatores críticos.

Avaliação

Observe se os estudantes compreendem o conceito de Fatores Críticos de Sucesso e se


conseguem construir uma reflexão para a construção de fatores críticos em seu Projeto de
Vida a partir do exame minucioso de seus objetivos, incluindo sua compreensão sobre os
pontos fracos e fortes, as ameaças e as oportunidades existentes para realizar seu Plano
de Ação. Além disso, é importante que sejam capazes de se autoavaliarem e autoconhece-
rem, pois deverão constituir ferramentas reflexivas para aprender a fazer – capacidade de
comunicação, gerenciamento de conflitos e trabalho cooperativo.

Textos de apoio ao professor


Texto 132

Em Odisseia, temos uma passagem que pode servir como subsídio para refletir os fatores
críticos de sucesso. A ameaça presente na passagem se refere ao Canto das Sereias e Ulisses
precisou reunir as referências, os recursos e os apoios para conseguir passar pela ilha em
que viviam as sereias que levavam os marinheiros à perdição, acaso ouvissem seu melodioso
canto. Mais uma vez Ulisses mostra seu ardil e consegue escapar do perigo e segue sua
viagem rumo a Ítaca:

“Muito bem. Tudo acabou e está passado. Agora, escuta o que tenho a dizer e não te esque-
ças disso, peço-te. Em primeiro lugar, encontrarás as sereias que enfeitiçam todo aquele
que delas se aproxima. Se qualquer homem, inocentemente, aproxima-se e ouve sua voz,
jamais volta à praia, jamais verá sua esposa e seus filhos correndo para saudá-lo alegre-
mente: as sereias o encantam com sua voz melodiosa. Há um grande prado onde elas ficam
e, em torno, um grande montão de ossos, carcaças e peles secas. Não te detenhas naquele
lugar e não deixes os homens ouvir; é melhor amassar um bom pedaço de cera e tampar
com ela seus ouvidos. Se quiseres ouvir, manda os homens amarrar teus braços e tuas
pernas e prender bem teu corpo ao mastro, e então poderás deleitar-te com o canto quanto
quiseres. Dize aos homens que, se gritares e ordenares que te soltem, devem te amarrar
ainda mais, com outras cordas. Quando tiveres te livrado das sereias, poderás escolher
entre duas rotas e não te direi qual deves seguir: resolve por ti mesmo. Direi apenas quais são.

32 HOMERO. Odisseia (em forma narrativa). Rio de Janeiro: Ediouro, s/d p. 136 a 138.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 127


Uma rota levar-te-á a dois rochedos alcantilados, lavados pelas furiosas ondas de Anfitrite
de olhos escuros: os deuses chamam-nas as Rochas Movediças. Nem uma ave pode passar
entre elas, nem mesmo as tímidas pombas para transportar a ambrosia para o Pai Zeus: uma
delas é sempre apanhada entre os altos rochedos e o Pai envia outra para sucedê-lo. Nenhum
navio tripulado por homens que ali chegasse jamais escapou: o madeirame e os cadáveres
são arrastados pelo encapelado mar e as tempestades de fogo. Apenas um navio já os atra-
vessou, o conhecido Argos, em sua viagem para Aieta, e também ele ia ser despedaçado nos
rochedos, mas Hera o levou em segurança, porque Jasão era seu amigo. A outra rota passa
entre dois rochedos. Um eleva um agudo pico até o céu e nuvens escuras ficam em torno
dele; as nuvens jamais se dispersam e o pico jamais está descoberto, quer no verão, quer
no outono. Nenhum homem mortal pode galgá-lo, nem mesmo se tivesse vinte mãos e vinte
pés, pois a pedra é lisa como se tivesse sido polida. De um lado do rochedo, porém, há uma
caverna escura e sombria, que se abre para oeste, na direção do Erebo, justamente por onde
levarás teu navio, Ulisses. Ali mora Cila e uiva de maneira pavorosa; a caverna é tão alta que
nem o homem mais forte poderia atingi-la com uma seta lançada do navio. É verdade que sua
voz não é mais forte que a de um cachorrinho recém-nascido, mas ela é um monstro horrível!
Vê-la não pode dar prazer a ninguém, nem mesmo a um dos deuses imortais. Tem doze per-
nas de pés chatos e seis pescoços enormemente compridos e, na extremidade de cada pes-
coço, uma horrível cabeça com três fileiras de dentes muito juntos uns dos outros, cheios da
negra morte. Fica escondida na caverna até a cintura, mas estende as cabeças para fora das
profundezas sombrias e assim pesca, procurando golfinhos e peixes-espadas ou qualquer
outro desses monstros das profundidades que Anfitrite cria aos milhares. Nenhum marinhei-
ro pode se gabar de ter escapado dela: Cila agarra o desgraçado, lançando todas as cabeças
sobre o navio, enquanto este passa por lá. O outro rochedo é mais baixo, como verás, Ulisses.
Os dois não ficam longe um do outro: pode-se disparar uma flecha de um ao outro. Cresce
lá uma figueira selvagem, uma árvore alta, frondosa e, por baixo, Caribde sorve a negra água.
Três vezes por dia ela a expele, três vezes por dia a engole. É uma coisa terrível. Não estejas
lá quando ela sorve! Ninguém te livraria da destruição, nem o próprio Abalador de Terra! É
muito preferível passares pelo rochedo de Cila, bem perto e bem depressa. Perder seis de
teus marinheiros, é muito melhor do que perder todos eles de uma vez.

Retruquei:

“Que dizes a isto deusa? Supõe que eu fuja de Caribde e me disponha à luta quando a outra
atacar-me?”

Ela respondeu sem demora:

“Temerário! Lutar e procurar mais atribulações é a única coisa em que pensas! Continuarás
sempre desafiando os deuses imortais? Cila não é mortal, convém que saibas, mas um mons-
tro imortal, perigoso, selvagem, invencível! Não há proteção contra ele: a fuga é preferível ao
combate. Se ficares muito tempo perto do rochedo, enquanto puseres tua armadura, receio
que ela possa lançar outra meia dúzia de cabeças e apanhar outra meia dúzia de homens!

128 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Não, não, rema o mais depressa que possas e pede a ajuda de Cratais, que é a mãe de Cila,
que criou aquela abominação! Cratais a impedirá de tentar de novo. Irás, em seguida, à ilha
de Trinácia, onde pastam os rebanhos de Hélios. Ali ficam seus bois e grandes carneiros, sete
rebanhos de bois e sete belos rebanhos de carneiros, com cinquenta animais em cada um.
Não envelhecem nem morrem. As pastoras são duas deusas, ninfas de belos cabelos, a reful-
gente Faetusa e a brilhante Lampetie, filhas de Hélios Hipérion com a divina Neaira, sempre
jovem. Quando a mãe teve suas filhas, enviou-as para a longínqua ilha, a fim de apascentarem
os bois e os carneiros de seu pai. Se não atentares contra o rebanho e cuidares apenas do
regresso à pátria, poderás chegar a Ítaca, embora não sem sofrimentos, mas, se lhes infligires
danos, então predigo destruição para os navios e os homens. Poderás salvar a própria vida,
mas chegarás à pátria tarde e miserável, e todos os teus companheiros ficarão perdidos.”

Texto 233

Lembre-se do texto de Malcolm Gladwell reproduzido abaixo – trecho do livro “Fora de


série” – para estimular discussões a respeito das origens do sucesso como fruto do
mérito ou como sucessão cumulativa de pequenos privilégios:

“O hóquei canadense é uma meritocracia. Milhares de meninos começam a praticar o esporte


como “noviços” antes mesmo de ingressarem no jardim-de-infância. Daquele ponto em diante,
existem ligas para todas as faixas etárias, e a cada um desses níveis os jogadores são seleciona-
dos, classificados e avaliados. Os melhores são escolhidos e treinados para o patamar seguinte.
Quando atingem o nível júnior, em meados da adolescência, eles já se encontram separados
em quatro categorias. As chamadas house leagues (equipes locais, como as de escolas) são
formadas por amadores. A liga de hóquei Júnior B compreende equipes de pequenas cidades
do interior do Canadá. Existem ainda a liga Júnior A, que está um passo acima da Júnior B, e
a Major Júnior A, no alto da pirâmide. Quando um time da Major Júnior A disputa o Memorial
Cup, isso significa que ele está acima do topo da pirâmide. É assim que a maioria dos esportes
seleciona seus futuros astros. É desse modo que o futebol está organizado na Europa e na Amé-
rica do Sul. Também é dessa maneira que os atletas olímpicos são escolhidos. Isso não difere
muito da forma como o universo da música clássica seleciona virtuoses, como o mundo do balé
seleciona bailarinos e como o sistema educacional de elite seleciona cientistas e intelectuais.
É lançada uma gigantesca rede, sobre pessoas na idade mais prematura possível, para que as
melhores e mais brilhantes sejam descobertas e treinadas. O dinheiro não compra o ingresso
de ninguém na liga Major Júnior A. Não importa quem sejam os pais e os avós do atleta nem o
tipo de negócio que sua família administra. Não faz diferença se ele vive no ponto mais remoto
de uma província no extremo norte do Canadá. Se esse jogador for verdadeiramente habilido-
so, a vasta rede de olheiros e caçadores de talentos do hóquei o encontrará. E, se ele estiver
disposto a se esforçar para desenvolver essa aptidão, o sistema o recompensará. O sucesso
no hóquei baseia-se no mérito individual – essas duas palavras são importantes. Os atletas são
avaliados por seu próprio desempenho, não pela atuação de outra pessoa. E com base na sua
capacidade, não em um fato arbitrário. Será que é assim mesmo? (...)

33 GLADWELL, M. Fora de série - Outliers. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. p. 16-31.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 129


“Ergam a cabeça”, disse Robert Winthrop diante de uma multidão, anos atrás, na inauguração
de uma estátua do herói da independência americana Benjamin Franklin, “e vejam a imagem
do homem que veio do nada, que nada deveu à família e a protetores, que não usufruiu as van-
tagens da educação básica – agora totalmente disponíveis a todos –, que realizou os serviços
mais subalternos na juventude, mas que viveu até ser recebido por reis e morreu deixando
um nome que o mundo jamais esquecerá.” Neste livro, pretendo convencê-lo de que esse tipo
de explicação pessoal para o sucesso não funciona. Ninguém surge do nada. Devemos algu-
ma coisa à família e a protetores. Aqueles que são recebidos por reis podem dar a impressão
de que fizeram tudo sozinhos. Na verdade, porém, eles são, invariavelmente, os beneficiários
de vantagens ocultas, oportunidades extraordinárias e legados culturais que lhes permitiram
aprender, trabalhar duro e entender o mundo de uma forma que os outros não conseguem.
O lugar e a época em que crescemos fazem diferença. A cultura a que pertencemos e os
legados transmitidos por nossos ancestrais moldam os padrões de nossas realizações de
formas inimagináveis. Em outras palavras, não basta querer saber como são as pessoas de
sucesso. Somente perguntando de onde elas são poderemos deslindar a lógica por trás de
quem é ou não bem-sucedido. Os biólogos costumam falar da “ecologia” de um organismo: o
carvalho mais alto da floresta não ostenta essa qualidade apenas porque se originou do fruto
mais resistente. Ele também é o mais alto porque nenhuma outra árvore bloqueou a luz solar
em sua direção, porque o solo à sua volta era profundo e fértil, porque nenhum coelho roeu
sua casca quando esta ainda era nova e porque nenhum lenhador o derrubou antes que ele
estivesse completamente desenvolvido. Todos nós sabemos que as pessoas bem-sucedidas
se originam de sementes resistentes. Mas será que temos informações suficientes sobre a
luz solar que as aqueceu, o solo onde deitaram as suas raízes e os coelhos e lenhadores dos
quais conseguiram escapar? (...)

Os pais de crianças que aniversariam no final do ano às vezes preferem esperar um pouco
para matriculá-las no jardim-de-infância, pois, aos cinco anos, é difícil acompanhar colegui-
nhas nascidos vários meses antes. No entanto, parece que a maioria dos pais também pensa
que a desvantagem enfrentada pela criança mais nova no jardim-de-infância acabará desa-
parecendo mais à frente. Só que isso não acontece. É como no hóquei. A pequena vantagem
inicial de quem nasceu no princípio do ano em relação aos nascidos no final do ano persiste.
Isso aprisiona as crianças em padrões de conquista e frustração, incentivo e desaprovação,
que se prolongam por anos a fio. Dois economistas – Kelly Bedard e Elizabeth Dhuey – deci-
diram analisar a relação entre as notas no “Trends in International Mathematics and Science
Study”, o chamado TIMSS (testes de matemática e ciências aplicados a cada quatro anos a
crianças de diversos países) e o mês de nascimento. Eles constataram que, entre os alunos
da quarta série, os mais velhos tinham notas mais altas em quatro a 12 percentis em rela-
ção aos mais novos. Trata-se, como observou Dhuey, de um “efeito enorme”. Isso significa
que, se compararmos dois estudantes da quarta série com o mesmo nível intelectual, mas
com aniversários nas extremidades opostas da data-limite, o mais velho poderia ficar no 80º
percentil, e o mais novo, no 68º percentil. Essa é a diferença que permite o ingresso num
programa especial para superdotados. “É como nos esportes”, explica Dhuey. “Agrupamos
por habilidades bem cedo na infância. Temos grupos avançados de leitura e de matemática.

130 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Portanto, desde o princípio, se examinarmos as crianças mais novas no jardim-de-infância e
na primeira série, veremos que os professores estão confundindo maturidade com capaci-
dade. Eles reúnem os alunos mais velhos no grupo avançado, permitindo que aperfeiçoem
suas habilidades. No ano seguinte, por estarem nos grupos mais adiantados, essas crianças
se saem ainda melhor. No ano subsequente, o processo se repete e, de novo, elas progri-
dem mais. O único país onde não vemos esse fenômeno é a Dinamarca, que adota a política
nacional de só agrupar por habilidades a partir dos 10 anos.” Ou seja, a Dinamarca só toma
decisões seletivas depois que as diferenças de maturidade por idade estão niveladas. Dhuey
e Bedard repetiram essa mesma análise com alunos de faculdade. O que encontraram? Nas
faculdades de quatro anos nos Estados Unidos – o primeiro grupo mais avançado de educa-
ção após o ensino médio –, os alunos pertencentes ao conjunto relativamente mais jovem
nas suas turmas representam apenas 11,6%. Portanto, a diferença inicial de maturidade não
desaparece com o tempo. Ela persiste. E, para milhares de estudantes, a desvantagem inicial
é a diferença entre ingressar na faculdade ou não. “É ridículo e também muito estranho que
a nossa escolha arbitrária de datas-limite esteja acarretando esses efeitos duradouros e nin-
guém pareça se importar com isso”, diz Dhuey. Pense por um momento no que a história do
hóquei e dos aniversários no início do ano ensina sobre o sucesso. Ela mostra que a ideia de
que os melhores e mais brilhantes é que acabam tendo mais facilidade para se tornar atletas
fora de série é simplista demais. Sim, os jogadores de hóquei que atingem o nível profissio-
nal são mais talentosos do que você e eu. Mas eles também tiveram uma grande vantagem
inicial, uma oportunidade que não mereciam nem conquistaram. E foi ela que desempenhou
um papel crítico no seu sucesso. O sociólogo Robert Merton cunhou uma expressão bastante
apropriada para descrever esse tipo de fenômeno: “efeito Mateus”. Na realidade, ele faz uma
alusão ao Evangelho de Mateus (25:29): “Porque a todo aquele que tem será dado e terá em
abundância; mas, daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.” São os bem-sucedidos
que têm mais chances de contar com as oportunidades especiais que proporcionarão mais
sucesso. São os ricos que conseguem os maiores incentivos fiscais. São os melhores alu-
nos que se beneficiam de um ensino de mais qualidade e de mais atenção. E são os garotos
na faixa de 9 a 10 anos com maior desenvolvimento físico que recebem mais treinamento e
oportunidades de praticar o esporte. O sucesso é o resultado do que os sociólogos denomi-
nam “vantagem cumulativa”. O jogador de hóquei profissional inicia a carreira um pouquinho
melhor do que os colegas. E essa pequena diferença leva a uma oportunidade que a torna
muito maior. Essa nova vantagem, por sua vez, proporciona outro benefício, que aumenta
ainda mais a diferença inicial – e assim por diante, até que o jogador se torna um genuíno
outlier. Mas, no princípio, ele não era fora de série – apenas começou um pouquinho melhor
do que os demais.”

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 131


Na estante

VALE A PENA LER

Título: Auto-engano
Autor: Eduardo Giannetti
Editora: Companhia da Letras
Ano: 2005
Número de páginas: 297
Este é um livro sobre mentiras que contamos a nós mesmos. Mentimos
para nós o tempo todo: adiantamos o despertador para não perder a
hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, só levamos realmente a sério os argumentos
que sustentam nossas crenças. (...) Acontece que as mentiras que nos contamos não trazem
seu nome verdadeiro estampado na fronte. É preciso, por isso, analisar os caminhos que nos
levam até elas: encontraremos aí a origem de grandes conquistas e alegrias, mas também
dos sofrimentos que muitas vezes causamos a nós mesmos e às pessoas.34

Referência iconográfica
Imagem: Freepik.com. Arranjo de diferentes medalhas olímpicas. 2021. 5253 x 2956 pixels. Dispo-
nível em: icebrasil.org.br/surl/?02ce5c. Acesso em abr de 2021.

34 GIANNETTI, E. Auto-engano. São Paulo: Companhia da Letras, 1997. Trecho extraído da contracapa do livro.

132 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE: DECIFRE-O OU SEU SONHO NÃO SE REALIZA

Da dramática esfinge tebana deu-se o enigma “Decifra-me ou te devoro”, o qual condenava


a existência daqueles que não respondessem corretamente ao problema proposto por ela.
Com licença pragmática, faremos uma derivação para “Decifre-o ou seu sonho não se rea-
liza”, para pensar sobre os fatores críticos, que são as condições essenciais, determinadas
pelos seus objetivos para que seu Plano seja realizado com sucesso. Uma vez planejado e
dividido em metas, os objetivos começam a ser realizados e, muitas vezes, sua realização não
se dá como desejado. Surgem imprevistos que nos fazem perder o controle dos resultados
e do destino das ações e, ao olhar para os imprevistos, pensamos: “Poxa, como não pensei
nisso antes?”. Geralmente, estamos em meio a um turbilhão de acontecimentos e mal temos
tempo de reagir. O que nos resta, na maioria das vezes, é uma sensação de impotência e de
fracasso. O que nos faz sentir incompetentes para gerir nosso próprio Projeto de Vida.

Esta sensação gera instabilidade, mas pode ser amenizada se você compreender quais são
os fatores críticos que impactam no seu Projeto de Vida. Ou seja, quais são as condições ab-
solutamente necessárias para que eles sejam atingidos com sucesso. Um estudo sobre cada
um dos objetivos do seu Plano o fará capaz de decifrar os fatores críticos. Por exemplo, se seu
objetivo é seguir uma carreira como veterinário, você deverá estudar quais os caminhos para
tornar-se um. Algumas metas são definidas: você não poderá ser um veterinário se não fizer
uma faculdade de medicina veterinária e o vestibular é um meio para alcançar isso. Assim,
alguns fatores críticos serão determinantes para o sucesso no vestibular, como fatores físi-
cos, emocionais e alimentares: levantar pontos-chave para manter-se em equilíbrio e foco. O
levantamento desses pontos são alguns fatores críticos de sucesso. Outros, mais específicos
e intermediários à sua realidade, podem surgir da relação entre os conhecimentos que você
possui e os conhecimentos que precisa adquirir para passar pela peneira do vestibular, são os
fatores críticos acadêmicos, em que o que você conhece passa a ser essencial em um curso
que pode estar entre os mais concorridos pelos candidatos. Quais os fatores que precisam
ser enfrentados para que tenha sucesso na realização de seu objetivo? Isso não pode ser
desanimador... Como se trata de fatores críticos, você irá se orientar a partir de seu objetivo
e, de maneira analítica, identificar tais fatores. O levantamento dos fatores críticos de sucesso
evita que imprevistos estraguem seus planos.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 133


1. Em definição, “Fatores Críticos de Sucesso são os elementos condicionantes no alcance
dos objetivos da organização. Ou seja, são aspectos ligados diretamente ao sucesso da orga-
nização. Se eles não estiverem presentes, os objetivos não serão alcançados.” (CHIAVENATO,
2004, p. 196). Assim, para experimentar a identificação dos fatores críticos de seu Projeto,
você deverá selecionar um dos objetivos e fazer a seguinte pergunta: o que é fundamental
que aconteça para que eu consiga atingir esse objetivo?

Nota: Os FCSs funcionam como pontos-chave, que determinam a futura organização das
ações. Não se trata do que você tem ou não tem. Não é algo que você faz bem ou não, mas
sim uma variável que você tem que ter para o sucesso do seu Projeto de Vida – ser o que
você quer. E por quê? Porque o mundo exige cada vez mais das pessoas.

134 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: IDENTIFICANDO OS OBSTÁCULOS PARA O SUCESSO

Leia o texto e responda as questões:

“O poeta Robert Frost escreveu: ‘A trilha se dividia em dois caminhos e eu... Eu segui pelo
menos trilhado, e isso fez toda a diferença’. Desde algum tempo, passei a acreditar que
existem certos momentos difíceis, momentos de divergência, nos quais o fato de conse-
guirmos nos manter fortes fará ‘toda a diferença’ ao longo do caminho da vida.

Mas quais são exatamente estes momentos? Momentos difíceis são as dúvidas entre fazer
o certo e fazer o mais fácil. Eles são as provas-chave, os momentos decisivos da vida – e a
maneira como lidamos com eles pode literalmente moldar nossos destinos. Eles surgem em
duas proporções: menores e maiores.

Os momentos de menor dificuldade ocorrem diariamente e incluem coisas como se levan-


tar quando o relógio desperta, controlar seu temperamento ou se disciplinar para fazer as
lições de casa. Se você conseguir se superar e ser forte nestes momentos, seus dias trans-
correrão com muito mais amenidade. Seu eu me mostro fraco em um momento difícil, por
exemplo, e ‘durmo no ponto’ (cabeça ‘debaixo’ do travesseiro), isto geralmente vira uma
bola de neve, tornando-se o primeiro de muitos probleminhas ao longo do dia. Mas se eu
levanto na hora marcada (cabeça ‘em cima’ do travesseiro), isto geralmente se torna o pri-
meiro de muitos pequenos êxitos no decorrer do dia.

Ao contrário dos momentos de menor dificuldade, os de maior dificuldade ocorrem com


menos frequência na vida e incluem coisas como escolher novas amizades, resistir à pres-
são negativa do grupo e recompor-se depois de uma queda. Você pode ser cortado de um
time ou levar um fora da pessoa amada, seus pais podem se divorciar ou você pode ter
uma morte na família. Estes momentos têm consequências graves e geralmente ocorrem
quando você menos espera. Se você reconhecer que esses momentos virão (e eles virão
mesmo), poderá se preparar para enfrentá-los com antecedência, como um guerreiro, e
sair vitorioso. (...) Seja corajoso nestes contextos-chave!”.35

35 OVEY, S. Os 7 hábitos dos Adolescentes altamente Eficazes: o guia definitivo de sucesso para o adolescente.
São Paulo: editora Nova Cultural, 1999, p. 122-3.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 135


1. A proatividade é elemento fundamental para a tomada de decisões e para o pleno desen-
volvimento de seu Projeto. As estratégias de ação fazem parte dessa questão e um olhar
sobre elas, após sua execução, será fundamental para você perceber o que deu certo e o
que não deu certo em seu plano. Neste momento, e inspirado pelo texto de Sean Covey, ob-
serve seu Plano Estratégico e identifique quais momentos difíceis você enfrentou. Respon-
da “O que houve para que isso desse errado?” Observe, então, os momentos difíceis e tente
identificar o que aconteceu para que o Plano desse errado ou porque nem tudo aconteceu
como você desejou.

2. A observação das variáveis entre os resultados de suas ações possibilita que você identi-
fique pontos que causam impactos positivos e negativos em seu Plano. Analise suas ações,
buscando encontrar os pontos-chave que podem resultar no sucesso, se reconhecidos e
considerados, e no fracasso, caso não sejam reconhecidos ou considerados de seu Plano
de Ação.

Nota: Perceba que os Fatores Críticos não mudam, mas dependem da nossa vontade e
atuação. No entanto, ao olhar para seu objetivo, você pode perceber os pontos favoráveis
para alcançá-lo. Embora os Fatores Críticos não possam ser controlados, permitem que
você trabalhe a favor do objetivo. A intenção desse exercício é que você possa desenvolver
a compreensão dos limites de seus objetivos.

136 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 3

ATIVIDADE: ESTEJA PREPARADO: APOIOS, REFERÊNCIAS E RECURSOS

Nas aulas anteriores, ao estabelecer estratégias, você alinhou a visão de futuro à missão,
aos objetivos e às metas e a partir daí considerou fatores, positivos e negativos, que po-
deriam influenciar o resultado de suas atividades. Aprendeu que a estratégia se realiza na
operação e, sendo assim, é de fundamental importância identificar os Fatores Críticos que
deverão ser ajustados, sob medida, para que o Plano possa ser bem sucedido. Dessa forma,
uma informação imprescindível para uma boa estratégia é identificar os chamados Fatores
Críticos de Sucesso. Entendidos como pontos-chave, os fatores críticos comportam forças
ou fraquezas e apontam para as ações de seu Projeto de Vida, relacionadas fortemente às
oportunidades e ameaças do ambiente externo. Desse modo, para alcançar a identificação
dos Fatores Críticos para o seu Projeto de Vida, você deve relacionar os fatores externos
que levam ao desenvolvimento pleno de seu projeto.

1. Confira as ações de seu planejamento estratégico e cruze com os recursos, apoios e re-
ferências disponíveis e necessários. Após responder as questões abaixo, observe o quadro
e organize as ideias com base nos Fatores Críticos de Sucesso.

a) Compare os recursos presentes em seu meio, veja quais são favoráveis ao seu
Plano, aos seus valores e às suas premissas e quais são necessários adquirir.
b) Observe as referências que podem agregar novos conhecimentos, ampliar
suas habilidades, ou ainda modificar hábitos negativos que impedem a exce-
lência de seu Projeto.
c) Determine o que você tem de apoio para desenvolver suas estratégias: pessoas
que podem ouvir, apontar, ponderar suas dificuldades, aconselhar e auxiliar você
no encontro de alternativas que minimizem ou contornem os obstáculos.
d) Verifique se é possível estabelecer alternativas às decisões tomadas, estabele-
cendo opções ou “planos B” para situações emergenciais ou imprevistas.
e) Analise alguns cenários possíveis de incerteza e tente simular resultados
nesses cenários.

Exemplo de FCSs alinhados com os objetivos e metas do PA:

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 137


OBJETIVO META FCS INDICADOR PREMISSA

Ser um atle- Estar dentro Prática regular Peso X, Saúde


ta da seleção do índice de exercícios condiciona- Sistêmica
brasileira de ideal de peso e reeducação mento físico X,
futebol e altura alimentar circunferência
abdominal X

Reeducação Regular mu- Alimentar-se Saúde


alimentar dança e hábito bem durante Sistêmica
alimentar por os sete dias da
uma dieta de semana
baixa caloria
e alto grau
nutritivo

Defina, assim, uma lista de fatores críticos. Inclua recursos, apoios e referências necessárias
para o objetivo de seu Plano. Após esse exercício, é importante que você dê o mesmo trata-
mento a cada um dos objetivos traçados:

FCS RECURSO APOIO REFERÊNCIAS

138 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Nota: em síntese, compreendemos que ter aonde ir, ter referências, apoios, recursos é tão
importante quanto ter um farolete preso à cabeça quando se entra em uma caverna: ele
auxilia a sinalização de perigos do caminho e possibilita a correção dos rumos, constituindo
um mecanismo de controle para eventos que nem sempre são controláveis, mas se tornam
contornáveis, quando se sabe que existem. Então, se pelo caminho, algo deu errado, esteja
certo: essa pode ser a informação essencial para sua aprendizagem e deve ser levada em
consideração em seu Projeto de Vida.

Na busca por apoio, é importante você se lembrar das primeiras aulas, quando mostramos
que você não está sozinho. Lá, você pôde pensar em quem pode ajudar você a realizar seu
sonho, quem está disponível para favorecer seu trabalho servindo como apoio. Também é
importante perceber quem são as pessoas que podem ajudá-lo na execução do seu plano e
ter consciência dos recursos que precisará conquistar, tais como: habilidades, hábitos, re-
ferências, cursos, estudos. São esses elementos que precisa empreender para aperfeiçoar
e agregar valor ao seu Plano de Ação.

Mas, cuidado! Durante a caminhada, se você não apreender os sinais, corre o risco de ficar
eternamente andando em círculos, ou ter seu Plano devorado pelas adversidades presentes
na realidade em que aplica seu plano.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 139


Aulas 15 e 16
Partir e chegar: do plano ao feito

O movimento é o tema dessa aula, em seu sentido mais amplo: fluxo e continuidade. Dos temas
abordados aos símbolos acessados – o automóvel, o avião, as viagens espaciais – o movimento
é constante. Fluxo de ideias, informações e processos. Lembrando sempre que o Projeto de
Vida é um processo contínuo, um ciclo que se renova e recicla – e o Plano de Ação embute em
seu próprio nome a ideia de movimento – vamos dar continuidade à introdução de fundamen-
tos de Gestão de Projetos. Aprofundando o desenvolvimento das atividades iniciadas na aula
anterior, acrescentaremos alguns parâmetros úteis ao processo de melhoramento contínuo
que – você já deve saber – é a palavra de ordem de qualquer Projeto de Vida, tanto para o acom-
panhamento do Plano de Ação quanto para tomada de decisão quando isso se faz necessário.
Embarque nos conceitos dessa aula e comece o movimento.

Objetivos Gerais
• Dar continuidade à aplicação de princípios gerais de Gestão de Projetos ao
Projeto de Vida;
• Reforçar a importância da Gestão de Projetos como ferramenta de melhora-
mento continuado e tomada de decisões.

140 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Luzes, Leitura introdutória e atividade de entrevista


45 minutos
câmera, ação! e discussão sobre gestão do Projeto de Vida.

Atividade: Projeção de trecho do filme “Perdido em


Há Projeto de Marte” seguido de debate sobre Gestão 40 minutos
Vida em Marte? de Projetos.

Retomada dos objetivos do conjunto de


Avaliação. 5 minutos
aulas sobre Gestão de Projetos.

Orientações para as atividades

ATIVIDADE EM GRUPO: LUZES, CÂMERA, AÇÃO!

Objetivos

• Promover a continuidade da reflexão sobre aspectos de Gestão de Projetos


em relação ao Projeto de Vida;
• Estimular a capacidade de síntese sobre o Projeto de Vida e suas possibilida-
des em rede;
• Propor a percepção da comunicabilidade, clareza e assertividade da informa-
ção como necessidade de Gestão de Projetos.

Desenvolvimento

A atividade “Luzes, câmera, ação!” trabalha o desenvolvimento dos aspectos iniciados na


atividade “Gerar e gerir: onde começar?” a partir da compreensão das quatro categorias
de Gestão de Projetos apresentadas na aula anterior e buscando um aprofundamento das
informações obtidas nas tabelas das atividades, agora em forma de entrevista. O fluxo de
informações e a boa comunicabilidade devem ser reforçados como aspecto fundamental
para uma boa gestão, em todas as categorias, e é essa a ênfase da atividade. Deve ser rea-
lizada uma leitura compartilhada do texto de introdução da aula (Anexo 1), que ilustra, a
partir de trecho de Chip Heath, a importância de enunciados claros e informações asser-
tivas na condução de uma empresa e, por aproximação, do Projeto de Vida. Após a leitura,

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 141


os estudantes devem se reunir em grupos de três, da forma mais isolada possível entre si
em sala de aula, para desenvolvimento da sequência de entrevistas cruzadas. A situação
simulada é uma entrevista para TV, durante o recebimento de um prêmio pelo Projeto de
Vida do estudante. Serão feitas três entrevistas em cada grupo, uma com cada estudante,
e suas funções são alternadas a cada uma: entrevistador, entrevistado e relator. Assim, na
entrevista 1 o estudante A entrevista o estudante B e o estudante C anota e grava as respos-
tas. Na entrevista 2, B entrevista C enquanto A anota e grava. Na entrevista 3, C entrevista
A enquanto B anota e grava. Como a atividade deve durar 45 minutos, cada entrevista deve
durar no máximo 10 minutos, restando 15 minutos para discussão final com toda a classe.
São sugeridas abaixo algumas questões estruturantes que podem facilitar a condução das
entrevistas, mas algum improviso e adequação das questões ao Projeto de Vida do entre-
vistado é possível e recomendável, desde que seja respeitado o tempo de cada entrevista.
Os estudantes devem ter à mão suas tabelas preenchidas na aula anterior para apoio, as-
sim como o texto sobre as categorias de Gestão de Projetos.

Seguem as questões sugeridas:

1. Diga o nome do seu projeto e conte para nós um pouco sobre ele.

2. Em sua opinião, qual é o motivo principal do sucesso de seu projeto?

3. Se você tiver que resumir a principal qualidade do seu projeto em uma única frase, qual
seria ela?

4. Pensando nas quatro categorias de Gestão – Pessoas, Administração, Mercado e Finanças


– qual das categorias você considera a mais importante em relação às características do seu
Projeto de Vida? Por quê? (Considere a consulta às suas tabelas da atividade anterior).

5. Dentro dessa característica mais importante, qual o aspecto mais relevante e como se
pode avaliar o desempenho dele?

6. Qual a ação possível para melhorar esse aspecto em caso dele apresentar resultados
abaixo do esperado, seja em qualidade ou quantidade?

7. Para as outras características, qual o aspecto mais relevante e como se pode avaliar?

8. Para as outras características, qual a ação possível para melhorar esse aspecto em caso
dele apresentar resultados abaixo do esperado, seja em qualidade ou quantidade?

9. Dê um conselho aos nossos espectadores que pretendem começar seus próprios


Projetos de Vida.

142 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Avaliação

Devem ser avaliados aspectos como:

Assumindo o papel de entrevistador – envolvimento na simulação; adaptabilidade ao tema


do Projeto de Vida; organização da entrevista; comunicabilidade e clareza nas perguntas.

Assumindo o papel de entrevistado – envolvimento na simulação; compreensão dos


conceitos de Gestão de Projetos e relação com seu Projeto de Vida; comunicabilidade e
clareza nas respostas; capacidade de síntese sobre seu próprio Projeto de Vida.

Assumindo o papel de relator – envolvimento na simulação; atenção e clareza nas


anotações; capacidade de síntese do conteúdo; comentários críticos e sugestões ao
final da entrevista.

Ao final da atividade os estudantes podem ser perguntados a respeito das dificuldades de


cada papel assumido e em qual papel consideram ter desempenhado melhor. Como exten-
são desta atividade, cada relator deve comparar, em casa, suas anotações da entrevista
com o áudio registrado sob sua responsabilidade, e na aula seguinte as diferenças podem
ser brevemente questionadas e comentadas. Esta demanda está descrita no item “Em
casa: anotações e registro da entrevista”.

Como preparação para a atividade da aula seguinte – “Há Projeto de Vida em Marte?” –, o
professor deve recomendar que os estudantes assistam ao filme “Perdido em Marte”36, que
servirá de base para o debate.

36 Perdido em Marte. Direção: Ridley Scott. Produção de Scott Free Productions, Kinberg Genre e TSG Entertain-
ment. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2015. Versão HD dublada disponível em: icebrasil.org.br/surl/?00d8fa.
Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 143


Em casa
Anotações e registro da entrevista
A intenção dessa atividade é reforçar aspectos não diretamente solicitados
na atividade da entrevista, a respeito da confiabilidade dos dados de informa-
ção coletados ao longo de determinada ação (que poderia ser uma ação com-
ponente de um Plano de Ação do Projeto de Vida). Efetivamente, o registro
de áudio e as anotações feitas pelos estudantes durante a função de relator
são dois registros comparativos da mesma ação de um processo. Através da
comparação entre os dois registros, um dependendo da habilidade, agilidade,
concentração e poder de síntese do relator e o outro coletado integralmente
pelo áudio, pode-se refletir sobre a Gestão da Informação, que está envolvida
diretamente com a Gestão da Administração e a Gestão de Pessoas. Os co-
mentários devem ser breves para não impactar o tempo da atividade seguin-
te. Portanto, o professor pode apenas perguntar se alguém percebeu grande
discrepância entre anotações e áudio, considerando que diferenças entre os
registros são perfeitamente naturais.

ATIVIDADE EM GRUPO: HÁ PROJETO DE VIDA EM MARTE?

Objetivos

• Articular aspectos de Gestão de Projetos em relação ao Projeto de Vida através


de análise de narrativa ficcional;
• Identificar potencialidade da Gestão de Projetos como ferramenta de êxito
tanto no desenvolvimento estrutural do Projeto de Vida quanto na tomada de
decisões em situações conjunturais.

Desenvolvimento

“Há Projeto de Vida em Marte?” é uma atividade proposta em dois momentos de partici-
pação do estudante: a primeira em casa, tendo sido recomendado ao estudante ao final

144 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


da aula anterior que assistisse em casa ao filme “Perdido em Marte”37, que servirá de base
de discussão para toda a atividade em questão. Essa imersão prévia é necessária pois se-
rão solicitadas participações variadas dos estudantes a partir do estímulo proposto pelo
professor durante o debate, que é o segundo momento. Para reforçar a possibilidade de
participação colaborativa do estudante e contribuindo para a memória do filme, ao início
da atividade devem ser projetados três trechos curtos indicados, para direcionar de modo
mais eficiente as discussões através desse recorte. Além disso, a atividade se potencializa
a partir da sugestão de tópicos de compreensão das quatro categorias de Gestão de Pro-
jetos apresentadas na aula anterior, solicitando dos estudantes a articulação entre estes
conteúdos e os momentos recortados da narrativa. Uma ou mais categorias podem ser
identificadas e comentadas como relevantes em cada trecho exibido e debatido. Fica a cri-
tério do professor a exibição continuada dos três trechos seguida do debate continuado, ou
a exibição de cada trecho seguida de debate sobre o trecho específico.

Os trechos sugeridos para exibição são:

1. Início até 10’. Cenas iniciais do filme, onde ocorre o desencadear da narrativa, a partir da
tempestade de intensidade inesperada que exige a partida emergencial da nave do solo
marciano, deixando para trás o protagonista.

Aspectos a serem estimulados na discussão com os estudantes:

• Gestão da Administração, a partir da disponibilidade e confiabilidade de


dados sobre a tempestade;
• Gestão de Pessoas, a partir da análise crítica do posicionamento dos persona-
gens diante dos eventos inesperados, sua confiabilidade, cumprimento de suas
funções, capacidade de tomada de decisões, percepção de possibilidades e
procedimentos;
• Articulação com Habilidades Socioemocionais envolvidas no trecho: auto-
nomia, liderança, empatia, perseverança, responsabilidade, autocontrole,
iniciativa, colaboração;
• Outros questionamentos a critério do professor ou sugeridos pelos estudantes.

37 Perdido em Marte. Direção: Ridley Scott. Produção de Scott Free Productions, Kinberg Genre e TSG Entertain-
ment. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2015. Versão HD dublada disponível em: icebrasil.org.br/surl/?00d8fa.
Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 145


2. 20’40” até 24’. Cena do início do cultivo de batatas pelo protagonista, diante da necessi-
dade de prolongar seu potencial de sobrevivência a partir da produção de alimentos além
do estoque disponível na estação.

Aspectos a serem estimulados na discussão com os estudantes:

• Gestão da Administração, a partir da organização dos métodos e processos


necessários ao sucesso do cultivo;
• Gestão de Pessoas, a partir da análise crítica da qualificação do protagonista
quanto aos conhecimentos necessários para gestão da estação, autocuidado,
inovação ao imaginar o cultivo e capacitação técnica para viabilizá-lo;
• Gestão de Finanças (enquanto recursos disponíveis) para a concretização
dos planos de cultivo, incluindo batatas, adubo, terra, água, iluminação;
• Gestão de Mercado, enquanto demanda existente por mais alimentos, possi-
bilidade de armazenamento, consumo e planejamento de colheitas futuras;
• Articulação com Habilidades Socioemocionais envolvidas no trecho: autonomia,
liderança, inovação, perseverança, criatividade, responsabilidade, autocontrole,
iniciativa, disciplina;
• Outros questionamentos a critério do professor ou sugeridos pelos estudantes.

3. 1h22’ até 1h26’30”. Cena da decisão sobre a missão de resgate do astronauta.

Aspectos a serem estimulados na discussão com os estudantes:

• Gestão da Administração, a partir da instância de decisão, organização dos


métodos e processos necessários ao sucesso do resgate, consultoria do
cientista fora da NASA e alternativas;
• Gestão de Pessoas, a partir da análise crítica da qualificação dos agentes da
decisão, dos gestores do projeto, sua autonomia e capacitação técnica para
viabilizar o resgate;
• Gestão de Finanças (enquanto recursos disponíveis) para a concretização
dos planos de resgate, incluindo disponibilidade da missão ainda em órbita,
combustível e insumos disponíveis, veículo de encontro do astronauta no
espaço ou em solo marciano com a equipe de resgate;
• Gestão de Mercado, enquanto evento público e jornalístico, havendo a obri-
gação de comunicabilidade das decisões tomadas com o público ávido por
informações do projeto de resgate;
• Articulação com Habilidades Socioemocionais envolvidas no trecho: autonomia,
liderança, inovação, empatia, perseverança, decisão, autocontrole, iniciativa;
• Outros questionamentos a critério do professor ou sugeridos pelos estudante.

146 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Avaliação

Devem ser avaliados aspectos como envolvimento dos estudantes na complexidade das deci-
sões e disposição para o debate; adaptabilidade ao tema do Projeto de Vida; comunicabilidade
e clareza no debate; acionamento de Habilidades Socioemocionais envolvidas; disposição e
acolhimento à opinião dos demais, relação com suas próprias questões de gestão do Projeto de
Vida e, sobretudo, adesão aos conceitos de Gestão de Projetos e percepção de sua relação com
os elementos da narrativa apontados nos trechos selecionados. Cabe ao professor direcionar
as discussões para os aspectos de Gestão de Projetos e critérios objetivos associados, à luz do
conhecimento acumulado dos estudantes no desenvolvimento do Projeto de Vida, evitando o
foco em aspectos de julgamento moral das decisões tomadas.

Texto de apoio ao professor

METACOGNIÇÃO – REFLEXÃO SOBRE OS OBJETIVOS, AS ESTRATÉGIAS E OS RE-


SULTADOS DO APRENDIZADO38

A metacognição, em rápidas palavras, é o processo de pensar sobre o pensamento. É impor-


tante em cada aspecto da escola e da vida, pois envolve autorreflexão sobre a sua posição
atual, seus objetivos futuros, as possíveis ações e estratégias e resultados.

Essencialmente, é uma estratégia básica de sobrevivência e tem se mostrado presente até


em ratos. Talvez a razão mais importante para desenvolver a metacognição é que ela pode
melhorar a aplicação do conhecimento, das habilidades e das qualidades do caráter em
esferas além do contexto imediato de aprendizagem. Isso pode resultar na transferência de
competências entre as disciplinas, o que é importante para os estudantes que se preparam
para situações da vida real em que não há divisões claras das disciplinas e para as quais
eles devem selecionar competências com base em sua gama de experiências e aplicá-las
com eficácia aos desafios. Mesmo nos contextos acadêmicos, é de grande valia – e muitas
vezes necessário – aplicar os princípios e métodos através de linhas disciplinares.

A transferência também pode ser necessária dentro de uma disciplina, por exemplo, quando
uma ideia ou habilidade em particular foi aprendida com um exemplo, mas os estudantes
devem saber aplicá-la em outra tarefa para concluir a lição de casa ou o teste ou para um
contexto diferente. A transferência é o objetivo maior de toda educação, pois o que se espera
é que os estudantes internalizem o que aprendem na escola e o apliquem em suas vidas.

38 FADEL, C. BIALIK, M. TRILLING, B. Educação em Quatro Dimensões: As competências que os estudantes devem ter
para atingir o sucesso. Boston: Center for Curriculum Redesign, 2015. p. 138-140.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 147


Para ilustrar o valor da metacognição e como ela exerce um papel na aprendizagem, pode-
mos considerar um exemplo da matemática, onde a metacognição tem um papel central
no aprendizado e realização. Especificamente, quando os estudantes inexperientes foram
comparados a matemáticos experientes, os estudantes selecionaram uma estratégia apa-
rentemente útil e continuaram aplicando essa estratégia sem verificar se ela estava de fato
funcionando. Dessa forma, um bom tempo foi perdido com atividades sem retorno. Por ou-
tro lado, os matemáticos experientes exercitaram a metacognição, monitorando sua abor-
dagem durante todo o processo para ver se estava de fato levando a uma solução ou sim-
plesmente a um beco sem saída. Estar consciente sobre como a pessoa está se engajando
no processo de aprendizado influencia como o estudante interpreta a tarefa que tem em
mãos e quais estratégias são selecionadas e utilizadas para atingir os objetivos de aprendi-
zagem. Isso pode ajudar a otimizar a experiência de resolução de problemas, elevando-a a
um nível muito alto, e, portanto, pode ser aplicado em uma série de contextos. Essas estra-
tégias metacognitivas são ferramentas poderosas em qualquer disciplina, interdisciplina e
para a aprendizagem em geral.

Caráter

Conhecimento

Habilidades

Metacognição

Referência iconográfica:
Linha de montagem do Ford T. Fonte: Divulgação da Ford. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?82291a.
Acesso em: 26 dez 2020.

Diagrama ilustrativo do conceito de Metacognição. Fonte: CCR. In FADEL, Charles. BIALIK, Maya. TRIL-
LING, Bernie. Educação em Quatro Dimensões: As competências que os estudantes devem ter para
atingir o sucesso. Center for Curriculum Redesign, Boston, 2015. p.140.

148 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE EM GRUPO: LUZES, CÂMERA, AÇÃO!

Além do melhoramento contínuo, algo que buscamos com a Gestão de Projetos, há outro
conceito importante e que aparece no texto a seguir: simplicidade. Longe de qualquer
sentido que possa significar falta de profundidade ou pouca complexidade de conteúdo,
a simplicidade diz respeito à compreensão facilitada de ideias, processos e informações.
Mensagens claras e precisas, meios de comunicação – dentro dos projetos – eficientes
e dinâmicos e fluxo ágil de respostas e tomadas de decisão são responsáveis por muitos
exemplos de sucesso. Isso pode, muitas vezes, representar a diferença entre o aproveita-
mento e o desperdício de uma boa ideia. No trecho a seguir, extraído do livro “Ideias que
colam: Por que algumas ideias pegam e outras não?”, de Chip Heath, vemos como um
enunciado simples e assertivo pode pautar a sustentação da principal postura assumida
por uma empresa – nesse caso, o principal ponto de sua MISSÃO –, funcionando como
um princípio gestor para tomada de decisões. Após a leitura, faça a atividade proposta de
entrevista, baseando-se no roteiro apresentado.

Encontrando a essência na Southwest Airlines39

“Sabe-se que a Southwest é uma empresa bem-sucedida, mas há uma lacuna de desempe-
nho surpreendente entre a Southwest e seus concorrentes. Embora a indústria de aviação
como um todo não tenha um histórico de rentabilidade contínua, a Southwest tem se mantido
rentável há mais de trinta anos.

Há vários livros que falam sobre os motivos que levaram ao sucesso da Southwest, mas tal-
vez o fator mais importante para o sucesso da empresa seja seu foco obstinado na redução
de custos. Toda companhia aérea gostaria de reduzir custos, mas a Southwest já faz isso
há décadas. Para esse esforço dar certo, a empresa precisa coordenar o quadro inteiro de
empregados, desde os representantes comerciais até os maleiros.

A Southwest possui uma Intenção do Comando, uma essência, que ajuda a orientar essa
coordenação. Conforme relatado por James Carville e Paul Begala:

Herb Kelleher [o veterano CEO da Southwest] disse certa vez: “Posso ensiná-los o segredo
para comandar esta companhia aérea em trinta segundos: Somos a companhia aérea com
tarifas MAIS baratas. Ao compreender esse fato, você poderá tomar qualquer decisão so-
bre o futuro da empresa tão bem quanto eu.”

39 HEATH, C. Ideias que colam: Por que algumas ideias pegam e outras não. Rio de Janeiro: Alta Books, 208. p. 4.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 149


Ele disse: “Vejamos um exemplo. Tracy, da área de marketing, vem procurá-lo. Ela diz que
suas pesquisas indicam que os passageiros gostariam que fossem incluídas entradas leves
no voo de Houston para Las Vegas. No momento, só servimos amendoim. Ela acredita que
uma boa salada Caesar com frango seria uma boa pedida. O que você acha?”

A princípio, a pessoa não sabia o que dizer. Então Kelleher respondeu: “Você diz ‘Tracy, o
acréscimo dessa salada Caesar com frango nos transformará na companhia aérea com
tarifas MAIS baratas, no trecho Houston-Las Vegas? Pois, se isso não contribuir para nos
tornar a companhia aérea com tarifas MAIS baratas, não serviremos essa maldita salada
com frango.’”

A Intenção do Comando de Kelleher é “Somos a companhia aérea com tarifas MAIS bara-
tas”. É uma idéia simples, mas útil o suficiente para orientar as ações dos empregados da
Southwest por mais de trinta anos.

Mas, é claro que a idéia essencial – “A companhia aérea com tarifas MAIS baratas” – é ape-
nas parte da história. Por exemplo, em 1996, a Southwest recebeu 124 mil candidatos a
5.444 vagas. Ela é conhecida como uma ótima empregadora, o que é surpreendente. É difícil
imaginar empregados do Wal-Mart felizes da vida durante um dia de trabalho.

Mas, de alguma forma, a Southwest conseguiu isso. Vamos imaginar as ideias que orien-
tam a Southwest Airlines como círculos concêntricos. O círculo central, a essência, é “a
companhia aérea com tarifas MAIS baratas”. Mas o círculo seguinte deve ser “Divirta-se no
trabalho”. Os empregados da Southwest sabem que podem se divertir, contanto que isso
não comprometa o status da empresa de companhia aérea com tarifas MAIS baratas. Um
novo empregado pode facilmente associar essas idéias para saber como agir em situações
inesperadas. Por exemplo, há algum problema em fazer uma piada sobre o aniversário de
um comissário de bordo em pleno voo? É claro que não. Há problema em jogar confete
em sua homenagem? Provavelmente sim – o confete pode gerar trabalho adicional para
o pessoal da limpeza e tempo adicional de limpeza significa tarifas mais altas. É o negócio
prazeroso equivalente ao do soldado de infantaria que improvisa com base na Intenção do
Comando. Uma ideia simples e bem idealizada pode ser surpreendentemente poderosa
para moldar o comportamento das pessoas.

Uma advertência: no futuro, meses após ter lido este livro, você se lembrará da palavra
“simples” como um elemento da lista de verificação de SUCESSO. Seu léxico mental
começará a procurar o significado de “simples”, retornando com associações, procuran-
do reduzir o grau de dificuldade, buscando o menor denominador comum, facilitando
as coisas e assim por diante. Naquele momento, você precisará lembrar a seu léxico
dos exemplos que exploramos. A “companhia aérea com tarifas MAIS baratas” e outras
histórias deste capítulo não são simples porque contêm muitas palavras fáceis. Elas são
simples porque refletem a Intenção do Comando. É uma questão de elegância e priori-
dade, e não de redução no nível de dificuldade”.

150 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Após a leitura do texto acima, reúna-se em grupos de três, para a atividade de entrevista.
A situação simulada é uma entrevista para TV após o recebimento de um prêmio pelo
sucesso de seu Projeto de Vida. Uma entrevista é um momento de concisão. Portanto,
você deve exercitar sua capacidade de síntese de informações. Serão feitas três entre-
vistas em cada grupo, uma com cada estudante, e suas funções são alternadas a cada
uma: entrevistador, entrevistado e relator. Assim, na entrevista 1 o estudante A entrevista
o estudante B e o estudante C anota e grava as respostas. Na entrevista 2, B entrevista
C enquanto A anota e grava. Na entrevista 3, C entrevista A enquanto B anota e grava.
Como a atividade deve durar 45 minutos, cada entrevista deve durar no máximo 10 mi-
nutos, restando 15 minutos para discussão final com toda a classe. São sugeridas abaixo
algumas questões estruturantes que podem facilitar a condução das entrevistas, mas o
entrevistador pode acrescentar algum improviso e adequação das questões ao Projeto
de Vida do entrevistado, desde que seja respeitado o tempo de cada entrevista. Tenha à
mão suas tabelas preenchidas na aula anterior para apoio, assim como o texto sobre as
categorias de Gestão de Projetos. Leve a entrevista a sério e imagine como seria receber
um prêmio pelo seu Projeto de Vida!

Seguem as questões sugeridas:

1. Diga o nome do seu projeto e conte para nós um pouco sobre ele.

2. Em sua opinião, qual é o motivo principal do sucesso de seu projeto?

3. Se você tiver que resumir a principal qualidade do seu projeto em uma única frase, qual
seria ela?

4. Pensando nas quatro categorias de Gestão – Pessoas, Administração, Mercado e Finanças


– qual das categorias você considera a mais importante em relação às características do seu
Projeto de Vida? Por quê? (Considere a consulta às suas tabelas da atividade anterior).

5. Dentro dessa característica mais importante, qual o aspecto mais relevante e como se
pode avaliar o desempenho dele?

6. Qual a ação possível para melhorar esse aspecto em caso dele apresentar resultados
abaixo do esperado, seja em qualidade ou quantidade?

7. Para as outras características, qual o aspecto mais relevante e como se pode avaliar?

8. Para as outras características, qual a ação possível para melhorar esse aspecto em caso
dele apresentar resultados abaixo do esperado, seja em qualidade ou quantidade?

9. Dê um conselho aos nossos espectadores que pretendem começar seus próprios


Projetos de Vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 151


Em casa
Anotações e registro da entrevista
A intenção dessa atividade é reforçar aspectos não diretamente solicitados na
atividade da entrevista, a respeito da confiabilidade dos dados de informação
coletados ao longo de determinada ação (que poderia ser uma ação compo-
nente de um Plano de Ação do seu Projeto de Vida). Efetivamente, o registro de
áudio e as anotações feitas por você e seus colegas durante a função de relator
são dois registros comparativos da mesma ação de um processo. Através da
comparação entre os dois registros, um dependendo da habilidade, agilidade,
concentração e poder de síntese do relator e o outro coletado integralmente
pelo áudio, pode-se refletir sobre a Gestão da Informação, que está envolvida
diretamente com a Gestão da Administração e a Gestão de Pessoas. Na aula
seguinte o grupo deve comentar as diferenças encontradas por todos entre
anotações e registros de áudio.

Na estante

VALE A PENA ESCUTAR E ASSISTIR

No clássico do pop “Space Oddity”, lançado em 1972 por David Bowie (1947-2016), assistimos
à comunicação entre o controle de uma missão espacial na Terra e um astronauta lançado
ao espaço. Após problemas em sua espaçonave, este se perde no espaço, protagonizando
uma despedida melancólica, embora serena e lírica. Outro clássico de Bowie, “Life on Mars?”,
lançado em 1973, contrapõe prosaicos conflitos humanos na terra e relações familiares e de
poder a uma indagação transcendental sobre a existência de vida em Marte. Através da jus-
taposição de imagens cotidianas, oníricas e irônicas, o gênio David Bowie parece questionar,
acima de tudo e antes de qualquer coisa, a existência de vida inteligente na própria Terra.
Transporte-se na sonoridade sempre atual e na visualidade psicodélica dos vídeos originais
remasterizados, obras-primas dessa figura única e genial do pop internacional.

152 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Assista nos endereços a seguir:

Space Oddity
Artista: David Bowie
Álbum: David Bowie
País de Origem: Inglaterra
Ano: 1969

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?0f3305. Acesso em: 26 dez 2020.

Life on Mars?
Artista: David Bowie
Álbum: Hunky Dory
País de Origem: Inglaterra
Ano: 1971

Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?d1757d. Acesso em: 26 dez 2020.

Referência iconográfica
Still de vídeo. DAVID Bowie - Space Oddity. Direção e produção: Mick Rock. Youtube. 2016. 5min04s.
Disponível em: www.icebrasil.org.br/surl/?0f3305. Acesso em 26 de dezembro de 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 153


Aulas 17 e 18
O Projeto de Vida não cessa. A importância do
monitoramento.

A aprendizagem dos ciclos será discutida durante as aulas que seguem. Os estudantes serão
preparados para rever seus projetos e planos, a fim de monitorar e controlar o resultado de
suas ações, estabelecendo ajustes e correções necessárias para atingirem a visão de futuro.

Nestas primeiras aulas, trataremos de focalizar o monitoramento e controle do Plano de


Ação (PA). Para tanto, inauguramos esta aula articulando as diferentes fases do ciclo de vida
do PA: planejar, executar, verificar e ajustar. A proposta é reforçar a sistematização do Plano
em diferentes fases e etapas, o que simplifica a execução das ações e aumenta as chances
de alcançar os resultados projetados nos planos. A ênfase no monitoramento e controle pos-
sibilitará que os estudantes observem seus processos e criem uma organização para melhor
dirigir suas ações, redirecionando-as ao avaliar os resultados, quando necessário.

Ao nos encaminharmos para a conclusão de um ciclo do Projeto de Vida (PV) – sempre en-
fatizando, desde o título da aula, que essa conclusão é um momento dinâmico, não estático,
pois o Projeto demanda novos ciclos – surge uma boa oportunidade para articular e avaliar
Habilidades Socioemocionais relacionadas à persistência. Isso garante a reiteração dos pro-
pósitos originais do Projeto de Vida e esses mesmos propósitos fornecerão a linha mestra
onde se situam as referências nas quais o estudante encontrará apoio, caso tenha que efe-
tuar redirecionamentos em seu Plano de Ação. Ao mesmo tempo, a necessidade de encarar
mudanças com naturalidade aciona outra habilidade que merece menção, a adaptabilidade.

154 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Objetivos Gerais
• Refletir sobre a importância de revisar e monitorar todas as etapas do Plano
de Ação de acordo com o Projeto de Vida;
• Estabelecer um fluxograma de verificação de resultados.

Materiais Necessários
• Bolinha de tênis e cronômetro;
• Caneta colorida;
• Folhas sulfite;
• Tesoura;
• Fita adesiva.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

1º momento: leitura e reflexão sobre os


pontos de referência para o monitoramento
Atividade coletiva: do PA.
Andar com pontos 45 minutos
de referência. 2º momento: revisar o PA, acompanhan-
do e monitorando as ações a partir dos
pontos de referência.

Atividade: Mudar Realização de uma dinâmica de grupo e


40 minutos
o fluxo: e agora? construção de um fluxograma coletivo.

Retomada dos objetivos do conjunto de


Avaliação. 5 minutos
aulas sobre Gestão de Projetos.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 155


Orientações para as atividades

ATIVIDADE: ANDAR COM PONTOS DE REFERÊNCIA

Objetivos

• Reconhecer a importância de ter pontos de referência para acompanhar e


monitorar a execução do Plano de Ação;
• Reconhecer a importância de dividir em etapas menores os processos para
diminuir as dificuldades de execução e de monitoramento;
• Revisar o Plano de Ação reconhecendo as diferentes etapas que o compõem.

Desenvolvimento

A atividade “Andar com pontos de referência” (Anexo 1) conceitua monitoramento e traz


uma reflexão sobre a importância em se estabelecer pontos de referência no PA. O monito-
ramento é o acompanhamento periódico da execução das ações e dos resultados definidos
no Plano de Ação. Através dele, os estudantes poderão verificar se os recursos que possuem
são suficientes, se as atividades estão sendo realizadas, se as metas estão sendo alcançadas
e, finalmente, se os objetivos estão sendo cumpridos. Também o monitoramento permitirá
a revisão, caso necessário, do Plano de Ação, desde pequenos ajustes até mudanças mais
radicais no rumo e trajetória do PV.

1º Momento

Os estudantes devem fazer a leitura do trecho do relato de memória de Amyr Klink, pre-
sentes na atividade “Andar com pontos de referência” (Anexo 1), e em seguida responder
às questões propostas, que se referem aos pontos de referência do PA. A primeira questão
solicita a identificação dos pontos de referências: indicadores de processo e resultado e
fatores críticos. A segunda, sugere que os estudantes percebam porque os pontos de refe-
rência e da divisão do PA em etapas são elementos que simplificam a execução, segundo o
navegador, que sabe exatamente o que fazer (pontos fortes e fracos) quando o vento atinge
determinada direção e velocidade (conhecimento das ameaças e oportunidades).

Já na questão três, o processo de execução do plano de Amyr Klink é distribuído em um


fluxograma. Neste momento, espera-se que os estudantes façam a leitura e sejam estimu-
lados a criar hipóteses e fazer deduções sobre o porquê das formas geométricas e setas de
direcionamento. O fluxograma é uma importante ferramenta de monitoramento e controle,
que ajuda a estruturar o pensamento para decisões. É importante, nesse momento, ob-
servar com os estudantes a sequência das ações e buscar antecipar conhecimento sobre
o fluxograma. Nas próximas atividades, os estudantes serão convidados a ampliar esse
conhecimento, compreendendo a importância de se fazer os fluxogramas de controle.

156 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


2º Momento

Os estudantes deverão se debruçar sobre seus planos pessoais. Uma sequência de ativida-
des será organizada para que possam apropriar-se das informações do PA, promovendo o
acompanhamento e monitoramento, e depois o controle do Plano. Todo monitoramento é
feito para que o PA seja controlado, de forma que as ações planejadas sejam executadas ou
tenham seus rumos corrigidos. A primeira proposta é de exercitar o monitoramento e, para
isso, o estudante é convidado a construir uma linha do tempo em que possa visualizar um
objetivo desde o ponto de partida até a visão de futuro, traçando as ações empreendidas,
os pontos de referência de rumo e considerando as variações (ações que resultarem em
caminhos diferentes do inicialmente projetado). Aqui, os estudantes poderão relembrar a
atividade realizada na aula sobre prioridades e fazer uma sondagem de como anda seu
percurso, tendo em vista seus pontos de referência. A segunda proposta sugere que os es-
tudantes caracterizem as variações das atividades de seu plano, mapeando e organizando
pontos como cumprimento de cronograma, uso dos recursos, necessidade de apoio, ca-
pacidade de trabalho e referências de formação. Espera-se que o estudante passe por seu
PA e observe os pontos e fatores que se desviam de seu Plano e possa analisar as causas
e motivações que levam a essa situação. A terceira proposta traz os pontos de referência
articulado aos resultados, dentro das diferentes etapas do planejamento e sugere que os
estudantes analisem o planejado e chequem os desvios, observem as medidas de ajuste
que adotaram e as demandas para que novos processos atualizem seus Planos. Espera-se
que os estudantes façam uma revisão e possam reencaminhar ações para seu PA, articu-
lando as informações levantadas com base nas suas visões de futuro e possam perceber
incoerências, contradições e incertezas, que possibilita o redirecionamento do seu PA, se
for necessário. Um esquema de revisão presente no Anexo 1 pretende ajudá-los a passar
pelas etapas da fase planejar e, assim, comparar com a fase de execução, realizando uma
verificação de seu Plano e abrindo possibilidades de ajustes. Esse processo não tem fim.

ATIVIDADE: MUDAR O FLUXO: E AGORA?

Objetivos

• Trabalhar a disposição para a mudança através da dinâmica “Existem outras


maneiras?”;
• Refletir sobre o redirecionamento do PA, quando necessário;
• Construir fluxograma de verificação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 157


Desenvolvimento

Ao desenvolver um Projeto de Vida, deve-se estar alerta à possibilidade de que tudo, ou quase
tudo, pode mudar. A eliminação da rigidez de posicionamento diante do PA é o tema trazido
para essa aula. Dando continuidade à ideia de monitorar e controlar, os estudantes serão esti-
mulados a vivenciar uma experiência e refletir sobre como têm executado as ações planejadas.
A proposta é criar uma aprendizagem por vivência através da dinâmica “Existem outras manei-
ras?”. A seguir, a descrição da dinâmica para orientação do trabalho do professor:

DINÂMICA: EXISTEM OUTRAS MANEIRAS?

Desenvolvimento

Formar um círculo com todos os estudantes em pé. Os participantes devem estar a uma
distância de um braço entre si. O professor escolhe alguém para iniciar a atividade, entre-
gando-lhe a bola e pedindo que a arremesse a outra pessoa, que deverá passá-la adiante
e assim sucessivamente, até que todos a tenham recebido. Não é permitido passar a bola
para quem já a recebeu anteriormente e todos devem lembrar-se para quem passaram a
bola. Quando a bola já tiver passado por todos, o instrutor pede que repitam a operação na
mesma sequência anterior mais duas vezes. Com estas jogadas terminadas, o professor
avisa que a partir de agora cronometrará o tempo gasto na operação. Ao final da rodada,
comunica o tempo gasto e desafia o grupo a reduzi-lo, lembrando que não é permitido al-
terar a sequência da bola.

Para refletir
Ao final da dinâmica os estudantes devem ser envolvidos sobre suas impressões
acerca da atividade, sobre como foi mudar algo que já possuía uma ordem deter-
minada, como foi o comportamento do grupo, sobre a dificuldade de mudar de
plano (aumentar a velocidade da passada de bola).

158 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Tarefa

Ao final da discussão, os estudantes devem ser divididos em grupos de três ou quatro par-
ticipantes e orientados a construir um fluxograma a partir do processo de ações cuja dinâ-
mica foi realizada. Como referência para construir o fluxograma existe um quadro como
exemplo que explica a função de cada uma das formas geométricas ao construir fluxogra-
mas – Anexo 2. Indica-se que para cada forma geométrica uma folha seja utilizada.

Trocas

Ao final, os estudantes devem fazer trocas e observar as diferenças entre os fluxogramas


realizados pelos grupos. É importante que os estudantes percebam que essa ferramenta é
muito útil para a tomada de decisões e pode auxiliar no reconhecimento de melhores prá-
ticas e métodos de atuação quando algo der errado. Os estudantes devem ser orientados a
verificar sempre as ações e processos do PA e alinhar com o PV.

Avaliação

Observar se os estudantes conseguem monitorar e controlar as ações definidas no Plano


de Ação. Avaliar a capacidade de organizar e estruturar fluxogramas para verificação dos
resultados alcançados com a execução de suas ações, possibilitando controlar o que está
definido no escopo do projeto. Importante perceber ainda, se o estudante se sente à von-
tade para modificar seu Plano em decorrência de descobertas sobre si mesmo e sobre seu
Projeto de Vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 159


Texto de apoio ao professor

POR QUE AVALIAR COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS?40

Intencionalidade: a avaliação contribui para que as competências socioemocionais sejam


desenvolvidas de forma intencional, uma vez que explicita um trabalho que sempre esteve
presente nas práticas pedagógicas, mas de maneira mais subliminar. Também oferece evi-
dências que ajudam a comunidade escolar a perceber a importância desse trabalho.

Integralidade: o acompanhamento do desenvolvimento socioemocional ainda permite que


os processos avaliativos incorporem uma visão mais integral do estudante, superando a
dicotomia entre o cognitivo e o não-cognitivo. Ao extrapolar o âmbito do desempenho aca-
dêmico, essas avaliações comprovam o impacto da escola em outros campos da aprendi-
zagem e da vida dos estudantes.

Retroalimentação: a mensuração do desenvolvimento socioemocional também fortalece


a importância dos diversos agentes da comunidade escolar, oferecendo dados para que
possam estabelecer prioridades e identificar caminhos para melhoria da sua prática.

Personalização: essas avaliações também podem ser utilizadas para orientar o estudante
em relação a seus aspectos socioemocionais e ao impacto dessas competências no seu
desempenho acadêmico. Ao revelarem mais informações sobre o estudante, suas caracte-
rísticas e interesses pessoais, os dados advindos dessas análises ajudam os professores a
desenvolver práticas pedagógicas mais personalizadas.

Referência iconográfica:
Imagem: Freepik.com. Engrenagem de papel perfurada de trabalho em equipe conectada corpo-
rativa. Rawpixel.com, 2018. 6522 x 4455 pixels. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?1c60e4. Acesso
em mai de 2021.

40 FUNDAÇÃO Telefônica Vivo. Habilidades Socioemocionais – Questões conceituais e práticas. Global Education
Leaders’ Program Brasil. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?ea9f39. Acesso em: abr. 2021. (Adaptado)

160 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE: ANDAR COM PONTOS DE REFERÊNCIA

Monitoramento é o acompanhamento periódico da execução das ações e dos resultados


definidos no Plano de Ação. Através do monitoramento, podemos verificar se os recursos
são suficientes, se as atividades estão sendo realizadas, se as metas estão sendo alcan-
çadas e, finalmente, se os objetivos estão sendo cumpridos. Para tanto, é necessário ter
pontos de referência.

1º Momento

1. Leia o texto abaixo e identifique os pontos de referência do Plano de Ação de Amyr Klink.
Grife-os no texto e descreva suas funções:

Vinte e cinco nós de vento, rodando para o norte. Fiz a primeira redução nas velas,
instalei-me na mesa de navegação e, puxando as luvas com os dentes, abri a Carta
3200. Agora sim, estava a caminho. Nenhum nervosismo a bordo, gozado. Nem preo-
cupações muito distantes. Minhas preocupações com o trajeto foram divididas em
etapas, o que torna tudo mais simples.

Os limites das etapas podiam ser pontos de referência em pleno oceano, próximos a
ilhas, linhas imaginárias – como o Date Line, linha da mudança de data, ou algum dos
meridianos divisórios dos 24 fusos horários –, qualquer coisa que tornasse menores
as etapas da navegação. Quase um recurso psicológico para não enfrentar de cara, na
imensidão branca da carta, a absurda distância de 14 mil milhas – sem escalas – que
eu tinha pela frente. O Paratii andava rápido, e o vento firme de norte ainda não
mostrava os dentes.41

2. Os pontos de referências motivam o navegador que se mostra tranquilo. A que se deve


esse comportamento diante de seu plano?

41 KLINK, A. Mar sem fim: 360° ao redor da Antártica. São Paulo: Cia. Das Letras, 2000. p. 45.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 161


3. Uma forma de estruturar o controle das ações, a fim de verificar e descobrir se algo está
errado, é estruturando o fluxograma de controle. Abaixo foi criado um fluxograma com base
no relato de Amyr. Acompanhe o raciocínio e observe o processo das ações e decisões
pelas quais passou o navegador:

Início do processo:

25 nós de vento,
direção norte

Redução nas velas

Ocupar mesa de
navegação

Iniciar outro Revisar carta 3200


processo de navegação

SIM

Redireciona NÃO Está no


o plano caminho?

NÃO SIM

Tudo sobre
Desistir
controle

162 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


2º Momento

E como anda seu Plano?

O relato de Amyr Klink trata de sua viagem na circunferência Antártica e serve de guia para
observar como se dá o acompanhamento e o monitoramento diante das etapas percorridas
em seu Plano – no caso dele, a carta de navegação 3200 o direciona: as condições são favo-
ráveis. Agora, retome seu Plano e encaminhe a resolução das propostas abaixo:

1. Considere uma linha do tempo, em que você observa seu PA desde o ponto de onde partiu
em direção à sua visão de futuro. Muitas ações foram empreendidas desde então. Identifique
ao menos um objetivo de seu Plano para exercitar. Marque o ponto de onde partiu e considere
todas as ações empreendidas. Você considera que está caminhando em direção à sua visão de
futuro? Quais os pontos de referência de que você dispõe para garantir que está no rumo certo?

Linha do tempo
Ponto de
referência Plano de Ação

Ponto de
partida Visão de
futuro

Variáveis

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 163


2. Ainda em observância ao seu Plano: como você percebe as suas variáveis? Perceba
quais são as variações que ocorreram, organize-as, considerando os seguintes aspectos:

a) Cumprimento do cronograma: os prazos estão sendo cumpridos conforme


previsto? Quais ações estão atrasadas ou adiantadas?
b) Uso de recursos: estão sendo suficientes e bem utilizados?
c) Necessidade de apoio: está recebendo apoio? Os apoios estão sendo sufi-
cientes? Precisa de mais apoio de diferentes pessoas ou organizações?
d) Capacidade de trabalho: sua capacidade de trabalhar está sendo suficiente?
Consegue cumprir o que está determinado em sua rotina?
e) Referências de formação: está conseguindo estudar novas referências para
agir? Matriculou-se em cursos, grupos de estudo ou outra forma de forma-
ção para complementar e fortalecer as suas ações? Precisa de mais ou de
diferentes referências?

3. Organize os pontos de referência conforme o resultado das ações e analise as etapas de


planejamento que foram realizadas na primeira fase do seu PA. Utilize o quadro de revisão
como referência e responda às questões propostas.

a) Planejado: o que prometi fazer?


b) Realizado: o que foi realmente feito?
c) Análise do desvio (variações): por que foi feito de modo diferente?
d) Medidas de ajustes adotadas: o que foi feito para corrigir os erros?
e) Demanda de novos processos: o que ainda precisa ser feito para corrigir os
desvios cujas causas estão fora de controle?
f) Atualização do Plano: quais os nossos compromissos e metas para o próxi-
mo período?

164 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 2

ATIVIDADE: COMO LIDAR COM MUDANÇAS?

É importante saber lidar com mudanças imprevisíveis ao longo da execução de seu pro-
jeto. Nesta atividade, sugerimos uma dinâmica, para refletir sobre como lidar com elas,
pois essa é uma habilidade essencial para gerenciar o Plano de Ação. Ressaltamos que
as mudanças podem ter causas diversas e amplas e às vezes não podemos controlá-las.
Exemplo: um projeto que contemple uma viagem romântica, mas às vésperas um dos dois
decide acabar com o relacionamento, ou, pior, um dos dois falece. Pode, ainda, haver algum
obstáculo momentaneamente intransponível, levando você a mudar de rota e redesenhar
suas estratégias. A habilidade de gerenciar seu PV inclui a capacidade de lidar com impre-
vistos e mudanças de rumo, corrigindo e ajustando seu PA, sem diminuir as perspectivas
de sucesso e a autoestima.

1. Num primeiro momento, ouçam as orientações do professor que explicará a atividade


“Existem outras maneiras?”.

2. Como foi jogar? O que sentiram?

3. Qual foi o caminho percorrido pelo grupo para conseguir diminuir o tempo da ação?

4. Como foi mudar algo que já estava determinado?

5. Qual foi a reação predominante do grupo: resistência ou envolvimento?

6. Como cada um reagiu ao ser desafiado a mudar a maneira de agir?

7. Você já foi desafiado a mudar algo em seu Plano de Ação? Como reagiu? Por quê? Que
resultado obteve?

8. Por que é tão difícil mudar?

9. Em grupos, de no máximo quatro pessoas, sigam a orientação do professor e retomem


a dinâmica. Apliquem um fluxograma apresentando o processo pelo qual vocês passaram
durante a dinâmica. Abaixo fornecemos a referência de cada forma geométrica e o signifi-
cado de suas linhas.

10. Ao final, façam trocas e observem as diferenças entre os fluxogramas realizados nos
grupos. É importante perceber que essa ferramenta é muito útil quando precisa tomar de-
cisões e pode ajudar a reconhecer as melhores ações a serem empreendidas quando algo
der errado. Verifique sempre as ações e processos de seu Plano.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 165


INÍCIO A elipse representa o início de um processo.

O quadrado representa os diversos passos que existem


OPERAÇÃO numa rotina. A identificação da operação é registrada
no interior do símbolo.

A seta é usada para indicar o sentido e a sequência das


FLUXOS DOS DADOS fases do processo. É utilizada também para movimentar
E DOCUMENTOS de um símbolo a outro. Indica o sentido do fluxo.

O losango significa decisão a ser tomada e determina o


DECISÃO caminho a seguir entre os vários possíveis. A identificação
das alternativas.

FIM A elipse representa o fim de um processo.

Para refletir
As mudanças constantes são o signo de nossos tempos. Isso deveria nos
tornar mais resilientes e prontos à adaptação, mas nem sempre é possível
exercer essas habilidades socioemocionais com grande desenvoltura no
cotidiano. Em contraponto às mudanças em escala global, temos nossas
pequenas mudanças cotidianas e mudanças sistêmicas e necessárias em
relação a nossos planos, sonhos e, em especial, em nosso Projeto de Vida.
O texto a seguir, extraído do livro “21 lições para o século 21”, de Yuval Noah
Harari, trata das grandes mudanças que enfrentamos em um momento
mundial de vácuo de narrativas confortadoras. Leia e prepare-se para
enfrentar o século 21 em curso.

166 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Educação
A mudança é a única constante42
O gênero humano está enfrentando revoluções sem precedentes, todas as
nossas antigas narrativas estão ruindo e nenhuma narrativa nova surgiu até
agora para substituí-las. Como podemos nos preparar e a nossos filhos para
um mundo repleto de transformações sem precedentes e de incertezas tão ra-
dicais? Um bebê nascido hoje terá trinta anos por volta de 2050. Se tudo correr
bem, esse bebê ainda estará por aí em 2100, e até poderá ser um cidadão ativo
no século XXII. O que deveríamos ensinar a esse bebê que o ajude, ou a ajude,
a sobreviver e progredir no mundo de 2050 ou no século XXII? De que tipo de
habilidades ele ou ela vai precisar para conseguir um emprego, compreender o
que está acontecendo a sua volta e percorrer o labirinto da vida?
Infelizmente, como ninguém sabe qual será o aspecto do mundo em 2050 —
muito menos 2100 —, não temos resposta para essas perguntas. É claro que
os humanos nunca serão capazes de predizer o futuro com exatidão. Mas
hoje isso está mais difícil do que nunca, porque uma vez tendo a tecnologia
nos capacitado a projetar e construir corpos, cérebros e mentes, não pode-
mos mais ter certeza de nada — inclusive coisas que antes pareciam ser fixas
e eternas.
Mil anos atrás, em 1018, havia muitas coisas que as pessoas não sabiam
quanto ao futuro, mas assim mesmo estavam convencidas de que as carac-
terísticas básicas da sociedade humana não iriam mudar. Se você vivesse
na China em 1018, saberia que em 1050 o Império Song poderia ruir, que os
Kitais poderiam invadir a partir do norte e que epidemias poderiam matar
milhões. Contudo, para você estava claro que mesmo em 1050 a maioria das
pessoas ainda estaria trabalhando como agricultores e tecelões, governantes
ainda contariam com humanos para equipar seus exércitos e suas burocra-
cias, os homens ainda dominariam as mulheres, a expectativa de vida ainda
seria de mais ou menos quarenta anos e o corpo humano seria exatamente
o mesmo. Por isso, em 1018 pais chineses pobres ensinavam seus filhos a
plantar arroz ou tecer seda, e pais ricos ensinavam seus meninos a ler os
clássicos confucianos, escrever em caligrafia chinesa ou lutar a cavalo — e
ensinavam suas meninas a serem donas de casa recatadas e obedientes. Era
óbvio que essas aptidões ainda seriam necessárias em 1050.
Em contraste, hoje não temos ideia de que aspecto terão a China e o resto do
mundo em 2050. Não sabemos o que as pessoas farão para ganhar a vida e
não sabemos como vão funcionar exércitos ou burocracias, e não sabemos
como serão as relações entre os gêneros. Algumas pessoas provavelmente
viverão muito mais do que se vive hoje, e o próprio corpo humano poderá
ter passado por uma revolução sem precedentes graças à bioengenharia e a
interfaces cérebro-computador diretas. Daí ser provável que muito do que as
crianças aprendem hoje seja irrelevante em 2050.

42 HARARI, Y. N. 21 lições para o século 21; trad. Paulo Geiger. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 319-322.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 167


Atualmente, é enorme a quantidade de escolas que se concentram em abarrotar
os estudantes de informação. No passado isso faria sentido, porque a informação
era escassa, e mesmo o lento gotejar da informação existente era repetidamente
bloqueado pela censura. Se você vivesse, digamos, numa pequena cidade pro-
vinciana do México em 1800, teria dificuldade para saber muito sobre o resto do
mundo. Não havia rádio, televisão, jornais diários ou bibliotecas públicas. Mesmo
se você fosse letrado e tivesse acesso a uma biblioteca privada, não havia muito
o que ler além de romances e tratados religiosos. O Império Espanhol censurava
todos os textos impressos localmente, e só permitia que fosse importada do ex-
terior uma pequena quantidade de publicações previamente examinadas. Mui-
to disso valia também para algumas cidades provincianas na Rússia, na Índia,
na Turquia ou na China. Quando vieram as escolas modernas, ensinando toda
criança a ler e escrever e repassando os fatos básicos da geografia, da história e
da biologia, elas representaram uma melhora imensa.
No século XXI, estamos inundados por enormes quantidades de informação,
e nem mesmo os censores tentam bloqueá-la. Em vez disso, estão ocupados
disseminando informações falsas ou nos distraindo com irrelevâncias. Se você
vive em alguma cidade do interior do México e tem um smartphone, pode pas-
sar a vida consultando a Wikipedia, assistindo a TED Talks e fazendo cursos
gratuitos on-line. Nenhum governo pode ter esperança de esconder toda infor-
mação da qual ele não gosta. Por outro lado, é alarmantemente fácil inundar o
público com relatos conflitantes e pistas falsas. Pessoas em todo mundo estão
a um clique de distância dos últimos relatos sobre o bombardeio de Alepo, ou
das calotas de gelo derretendo no Ártico, mas há tantos relatos contraditórios
que é difícil saber em qual acreditar. Além disso, inúmeras outras coisas estão
a um clique de distância, o que faz com que seja difícil concentrar-se, e quando
a política ou a ciência parecem complicadas demais, é tentador mudar para
alguns vídeos engraçados sobre gatos, fofocas de celebridades ou pornografia.
Num mundo assim, a última coisa que um professor precisa dar a seus alunos é
informação. Eles já têm informação demais. Em vez disso, as pessoas precisam
de capacidade para extrair um sentido da informação, perceber a diferença en-
tre o que é importante e o que não é, e acima de tudo combinar os muitos frag-
mentos de informação num amplo quadro do mundo. Na verdade, esse tem sido
o ideal da educação liberal ocidental durante séculos, porém até agora a maioria
das escolas ocidentais tem sido bem negligente em seu cumprimento. Professo-
res se permitem despejar dados enquanto incentivam os alunos a “pensar por si
mesmos”. Devido a seu medo do autoritarismo, escolas liberais têm um horror
particular às grandes narrativas. Elas supõem que, enquanto dermos aos estu-
dantes grandes quantidades de dados e um mínimo de liberdade, eles formarão
sua própria imagem do mundo, e mesmo que esta geração não seja capaz de
sintetizar todos os dados em uma narrativa do mundo coerente e com sentido,
haverá muito tempo para construir uma boa síntese no futuro. E agora o nosso
tempo se esgotou. As decisões que tomarmos nas próximas poucas décadas
vão moldar o próprio futuro da vida, e só podemos tomar essas decisões com
base na visão atual do mundo. Se esta geração não tiver uma visão abrangente
do cosmos, o futuro da vida será decidido aleatoriamente.

168 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aulas 19 e 20
Crescimento e melhoria do desempenho, sempre

O conceito de melhoria contínua é um termo bastante conhecido e estudado no ramo


da administração. Ele será trazido para esta aula e apresentado aos estudantes a partir
do uso da ferramenta de gestão – o Ciclo PDCA. Este ciclo permite a construção de um
método de reflexão e assimilação do conhecimento a partir de quatro fases, presentes na
sigla: do inglês, Plan, Do, Check, Act, traduzidas em Planejar, Executar, Avaliar e Ajustar.
A abordagem do método se dá de maneira prática a partir das ações empreendidas pelos
estudantes e os auxiliarão a estruturar seus pensamentos, em consonância às ações,
aperfeiçoando o crescimento e a melhoria em seu desempenho sempre.

Objetivos Gerais
• Apresentar o Ciclo PDCA como ferramenta de melhoria contínua;
• Aplicar o Ciclo na construção do Projeto de Vida e do Plano de Ação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 169


Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Leitura introdutória sobre o Ciclo PDCA e


Atividade: O ciclo suas fases;
de melhoria con- 45 minutos
tínua – PDCA. Reflexão sobre o PDCA como ferramenta
para melhoria contínua dos resultados.

Atividade: Fazer o
Aplicação do Ciclo PDCA no Projeto de
ciclo girar em sua 40 minutos
Vida.
vida.

Retomada dos objetivos do conjunto de


Avaliação. 5 minutos
aulas sobre Gestão de Projetos.

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: O CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA – PDCA

Objetivos

• Conhecer o conceito de melhoria no Ciclo PDCA;


• Conhecer as diferentes fases do PDCA;
• Compreender a aplicação do Ciclo PDCA como processo de mudanças de atitude.

Desenvolvimento

A atividade “O ciclo de melhoria contínua – PDCA” deve ser realizada em dois momentos
diferentes. No primeiro é sugerido que seja realizada uma leitura compartilhada do texto de
introdução da aula (Anexo 1), que busca conceituar e explicar o que é o ciclo de melhoria
contínua, o Ciclo PDCA. É importante garantir a compreensão do significado da sigla, bem
como reconhecer as etapas que a compõem, de forma que o estudante possa avançar na
aplicação do Ciclo na próxima aula. No segundo momento é sugerido que os estudantes
revejam o Projeto de Vida e se dediquem a identificar possíveis “falhas” ou problemas que
dificultaram o desempenho de suas ações durante a execução do PA. Essa revisão pode
ajudar o estudante a monitorar melhor as ações e organizar o resultado, evidenciando se a

170 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


meta foi alcançada e abrindo possibilidade para o questionamento dos porquês em não a
alcançar. Após essa reflexão, os estudantes devem responder as três questões propostas
no Anexo 2 da atividade “Fazer o ciclo girar em sua vida”, que darão a eles a direção do que
precisa ser melhorado, como saber se a mudança é mesmo uma melhora e quais mudanças
deve fazer.

Alguns pontos sobre as questões:

1ª questão: refere-se à análise do que o estudante já sabe sobre os seus hábitos, a partir
do Plano, que está em execução. Esta questão possibilita um desdobramento de três fases
do PDCA. A fase Check, em que ocorre a verificação dos resultados; a fase Act, em que
ocorrem ajustes e correções e a fase Plan, em que um novo Plano poderá ser ajustado ou
estabelecido. Espera-se que os estudantes possam identificar um ponto em seu PA que
precise ser melhorado, para que possa, na próxima aula, debruçar sobre a dinâmica do
Ciclo. Sempre há o que aperfeiçoar. Novos hábitos para gerar novos resultados.

2ª Questão: traz a possibilidade de o estudante refletir sobre os indicadores sintoniza-


dos ao Plano de melhoria. Se num primeiro momento os estudantes voltaram seu olhar
para a construção dos indicadores, depois para o monitoramento do Plano com apoio dos
mesmos, espera-se que a partir dessa questão eles possam aprofundá-los, aprimorando os
indicadores para situações específicas em que algo precisa ser melhorado. O giro no PDCA
traz apoio para esses ajustes.

3ª Questão: esta questão indica o reconhecimento tácito do problema que exige melhoria,
apontado na primeira questão. Por exemplo, se o estudante identifica que tem um problema
com seu desempenho escolar, é possível que nesta questão ele possa partir para uma análise
mais aprofundada – Check – e conseguir estabelecer a causa do problema – Act. Assim,
esta questão implica um reconhecimento de quais hábitos ou habilidades estão dificultando
o desenvolvimento de seu PA. O estudante está preparado para reiniciar o planejamento de
suas ações, partindo para fase Plan.

ATIVIDADE: FAZER O CICLO GIRAR EM SUA VIDA

Objetivos

• Compreender a aplicação do Ciclo PDCA, através de um exemplo;


• Aplicar o Ciclo do PDCA no Projeto de Vida.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 171


Desenvolvimento

A atividade “Fazer o ciclo girar em sua vida” traz um exemplo de como o ciclo PDCA, com
todas as suas fases e em diferentes “giros”, pode operar mudanças. Os estudantes devem
ler o texto, presente no Anexo 2, em que se dá o desenvolvimento de dois ciclos PDCA, par-
tindo de um mesmo problema e, em seguida, aplicá-lo em seu Projeto de Vida. O resgate
das questões trabalhadas na aula anterior é o ponto de partida para o trabalho individual de
cada estudante e deve ser apoiado pelo professor para esclarecimento de dúvidas.

Avaliação

Observe se os estudantes são capazes de identificar problemas em suas ações e se conse-


guem aplicar o Ciclo PDCA em seu Plano de Ação. Dessa forma eles devem compreender
a relação entre planejar, executar, avaliar e ajustar e podem fazer as alterações em seu
PA com competência e responsabilidade, agregando novos valores na construção de seu
Projeto de Vida.

Em casa
Leia juntamente com os estudantes o texto do Anexo 3, esclarecendo o que é
esperado que realizem em casa.
Respostas e comentários da atividade
A intenção dessa atividade é reforçar a assimilação do método PDCA, de forma
que, além de exercitar a compreensão de sua sequência, o estudante possa es-
crever e descrever os processos que vivencia, ampliando o formato de textos
para a construção de seu diário de bordo. A construção de um diário é ferramen-
ta importante para registro de boas práticas e para ajudá-los a corrigir erros.
Assim, o estudante irá escrever uma narrativa, tendo como personagem e cená-
rio sua própria vida e os dilemas que enfrenta, e como eixo de estruturação da
história o ciclo PDCA, ou seja, a sequência de planos do personagem da história
deve seguir a ordem planejar, executar, verificar, ajustar, planejar.
Para apoio ao trabalho do estudante, segue o início de uma história, para servir
como exemplo de como pode se dar essa estruturação:

172 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


“Lucas passou um ano inteirinho em seu computador, jogando seu game favo-
rito... Acordava, jogava; comia, jogava; tomava banho, jogava... Parava quando
ia encontrar os amigos para jogar, ou quando ia para academia de musculação.
Esteve tão ocupado, que todo o resto se perdeu. Ao final do ano, acumularam
notas vermelhas em seu boletim. Pai e mãe, convocados à escola para reunião
final, descobrem que o filho havia desperdiçado todo o tempo e investimentos.
Reprovara de ano. Foi um choque: seus pais cortaram-lhe todos os privilégios e
acessos eletrônicos. Passou as férias em longa meditação, ajudando seus pais
nos afazeres domésticos e na loja do pai. Assim, após pensar sobre o seu Plano
de Ação do ano anterior, decidiu fazer ajustes: no começo do novo ano, tudo
seria diferente. (A) (fim de ciclo e início de um novo).
(PLAN) Estabeleceu que se tornaria um estudante exemplar, para tanto, decidiu co-
meçar aumentando a sua participação e proatividade: prestaria atenção nas aulas
e tomaria notas de tudo o que aprender, deixaria de usar o computador por alguns
dias e não veria nenhum amigo, também não perderia mais tempo na academia.
(DO) Assim fez no primeiro dia, ninguém reconhecia aquele menino ali presente.
Olhava fixamente para o professor, mal piscava. Pediu apoio para seu pai, que co-
locou uma senha no computador e desligou-se do mundo: não atendeu nenhum
chamado para jogar GTA com os amigos... Mas no terceiro dia, dormiu durante
uma aula, depois de ter passado grande parte da noite lendo e relendo a apostila
de ciências.
(CHECK) Ao final de uma semana, fez as provas que o ajudariam a ver se estava
no caminho certo e seu indicador de resultado sinalizou que, de 50 questões,
ele acertou 15.
(ACT) Foi mal. Um pouquinho melhor que o ano anterior, mas ainda mal. Daí
ele tocou a pensar nas metas e nos objetivos, viu que suas ações estavam fora
de forma, alguns hábitos de estudar não estavam dando certo: ‘– Será que es-
tudo de maneira errada?’ Mais um pouco de meditação e percebeu que estava
intranquilo, seu corpo parecia pesado e ao olhar no espelho viu que estava com
olheiras... Precisava voltar à academia, concluiu ele. “Estou com excesso de
energia...” Assim, foi caminhando por sua própria história, por aquela semana,
e conseguiu perceber pontos em que precisava melhorar e traçou novo plano.”

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 173


Texto de apoio ao professor
Como texto de apoio trazemos uma matéria, da Revista Época Negócios, em que o Ciclo
PDCA é trazido a partir de uma personalidade conhecida e que pode ampliar o leque de
exemplificações sobre o ciclo.

DESAFIOS GERENCIAIS DO NOVO PAPA: COMO CEO DA IGREJA, FRANCISCO TERÁ


MUITO TRABALHO PELA FRENTE.43

“Para os católicos, a Páscoa tem um significado de recomeço ou nova vida. Talvez seja isso,
simbolicamente, que pode representar o novo papa como líder supremo da Igreja Católica,
a mais antiga e uma das mais poderosas organizações do mundo.

Escolhido há poucos dias, o novo líder tem pela frente a difícil missão de recuperar parte do
prestígio e reputação perdidos nos últimos tempos, em particular nesse período recente de
grande turbulência que culminou com a renúncia surpreendente do papa anterior.

Antes de qualquer coisa, o papa é líder e gestor de uma organização multinacional sem
fins lucrativos com mais de 1 bilhão de seguidores/fiéis/clientes, contando com um quadro
de colaboradores diretos e indiretos da ordem de centenas de milhares, uma missão espi-
ritual, um poder acumulado que a torna mais poderosa que muitos Estados-Nações, um
orçamento bilionário, símbolos e logo universalmente conhecidos e uma presença estabe-
lecida em praticamente todos os países.

E também há organizações que competem com ela, algumas em rápido crescimento nos
mercados dos países em desenvolvimento, onde a Igreja Católica ainda mantém uma base
sólida, embora declinante, em face dos problemas internos, principalmente os escândalos
sexuais e também em face da competição de novas igrejas mais agressivas comercialmen-
te e inovadoras tecnicamente (estratégias de comunicação, carreiras dos colaboradores,
esquema de franquias etc.).

A escolha de um papa das Américas talvez já seja parte da estratégia de se aproximar de


seus mercados potencialmente mais fortes. Ainda que haja um forte desequilíbrio de re-
presentação entre países em desenvolvimento, em ampla minoria no Conselho de Cardeais
(cerca de 25% dos votantes) onde estão a maioria dos fiéis/clientes (mais de 75%), acabou
sendo escolhido um não europeu pela primeira vez na história.

43 FERRO, J. R. Desafios gerenciais do novo Papa: como CEO da Igreja, Francisco terá muito trabalho pela frente.
Revista Época negócios: inspiração para inovar. Editora Globo, 01 abr 2013. Disponível em: icebrasil.org.br/sur-
l/?9a9b12. Acesso em: 26 dez 2020.

174 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


A idade do novo papa, 76 anos, é muito superior à idade de aposentadoria obrigatória de
presidentes de muitas organizações multinacionais, embora um pouco mais jovem do que
o anterior, escolhido aos 78 anos. Esse foi um dos argumentos para a demissão do papa
anterior, sua idade avançada e sua incapacidade física para enfrentar os desafios da Igreja
Católica. O novo papa tem dado alguns sinais de mudança, como uma postura mais hu-
milde, uma preocupação menor com a pompa, os luxos e liturgia do cargo, tão valorizados
pela administração anterior. A liderança pelo exemplo é sempre mais poderosa do que
pela palavra.

Até agora, temos visto apenas essa mudança de um estilo de liderança que antes era hermé-
tica, pouco comunicativa e olhava muito para dentro da organização, para uma liderança mais
popular, aberta e carismática, importante para reorientar o foco e a missão da organização.

Mas isso é pouco. O novo papa e sua equipe de colaboradores mais diretos devem fazer o
mesmo esforço de um presidente que acaba de assumir uma empresa tradicional. O novo
papa dificilmente terá sucesso se não focalizar no propósito da sua organização, nos seus
processos internos e nas suas pessoas. Deve começar antes realizando um diagnóstico
profundo de seus problemas e necessidades, definir as prioridades e estabelecer e imple-
mentar as mudanças que forem necessárias para, depois, acompanhar e corrigir. Em última
instância, o novo papa deveria rodar o ciclo do PDCA – sigla das expressões em inglês Plan
(planejar), Do (fazer), Check (checar) e Act (agir / corrigir).

Começando pelo propósito que envolve a missão, visão, princípios e valores. Até que ponto
a falta de uma unificação em todos os países, ou mesmo dentro de cada país, em que se
convivem desde técnicas de comunicação em massa com padres cantores e artistas com os
grupos mais conservadores e tradicionais é um problema? Ou quanta variedade é possível
existir tendo em vista a complexidade das demandas das diferentes sociedades?

Nenhuma organização é totalmente transparente, mas a Igreja Católica tem se baseado


em demasia no sigilo como, por exemplo, no caso do dossiê que foi comentado por ocasião
da renúncia do papa anterior. Comunicação clara com seus colaboradores e clientes pode
ajudar (sic) no futuro para amenizar ambiguidades.

Em seguida, passando pelos processos, que envolveria desde a gestão de seu quadro de
colaboradores (permitir o casamento dos padres e o acesso de mulheres a carreira parece
ser muito “avançado”) a uma maneira mais clara e incisiva de lidar com os escândalos se-
xuais até melhorar a gestão financeira, recentemente colocada em cheque com as crises
do Banco do Vaticano.

E ainda, a organização precisa definir que tipo de pessoas quer atrair, como selecionar, quais
políticas vai utilizar (sic) para retê-las e motivá-las e utilizar diversas maneiras de promovê-las.
E o que fazer com aqueles que não se comportam adequadamente. Proteger ou realocar, como
tem sido o caso até o momento, ou afastá-los por sua inadequação aos princípios éticos, funda-
mental em uma organização orientada pela missão e não por prioridades materiais.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 175


O artigo “Pope, CEO” publicado na revista The Economist do dia 9 de março afirma que
o novo papa precisa ser capaz de implementar inovações organizacionais e estratégicas
radicais. Os conservadores dirão que a Igreja católica tem se mantido à tona por tanto
tempo devido a sua capacidade de ser fiel a princípios, valores e técnicas.

Vamos ver o que o novo líder tem a dizer. E, mais importante, o que vai fazer. Só o tempo, e
talvez no longo prazo, vai dizer quem tem razão.”

Na estante

VALE A PENA LER

Livro: Os Melhores Contos


Autor: Malba Tahan
Editora: Record
Ano: 2002
Número de páginas: 206
No livro “Os Melhores Contos”, de Malba Tahan, você encontra o conto
tradicional “O tesouro de Bresa”. Essa história narra a trajetória de um
pobre alfaiate que sonha em encontrar um tesouro. Sua aventura começa no momen-
to em que adquire um livro que promete levá-lo a um tesouro escondido em Bresa. No
entanto, depara-se com uma série de textos a serem decifrados, por serem escritos em
hieróglifos, idiomas e códigos bastante diversos, o que leva o personagem adquirir cada
vez mais conhecimento. Como consequência, ele experimenta um ciclo de melhorias e
crescimento de sua condição de vida, tornando-se um sábio, reconhecido e bem quisto
pelo Rei, que o concede cargos e honrarias. A história termina no momento em que é re-
velado o grande segredo: a sabedoria e o conhecimento adquirido é o Tesouro que o livro
lhe concede, indicando seus esforços, melhoria e crescimento como a riqueza que tanto
almejava. Essa história é bastante difundida por autores que conceituam o Ciclo PDCA.

176 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Livro: Steve Jobs: a biografia
Autor: Walter Isaacson
Editora: Companhia Das Letras
Ano: 2011
Número de páginas: 624
“O livro, baseado em mais de quarenta entrevistas com Jobs, ao longo de
dois anos - e entrevistas com mais de cem familiares, amigos, colegas,
adversários e concorrentes -, narra a vida atribulada do empresário extremamente inventivo
e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e cuja energia indomável revo-
lucionaram seis grandes indústrias: a computação pessoal, o cinema de animação, a música,
a telefonia celular, a computação em tablet e a edição digital. Numa época em que as socie-
dades de todo o mundo tentam construir uma economia da era digital, Jobs se destaca como
o símbolo máximo da criatividade e da imaginação aplicada à prática. (...) Sua história é ao
mesmo tempo uma lição e uma advertência, e ilustra a capacidade de inovação e de liderança,
o caráter e os valores de um homem que ajudou a construir o futuro”.44

VALE A PENA ASSISTIR

Filme: The Potter45


Diretor: Josh Burton
País de Origem: EUA
Ano: 2005
Duração: 7m49s
“The Potter” é um curta de animação que faz bastante sucesso no You Tube e é amplamente
divulgado com o nome de “Aprender a aprender”. É o resultado da tese final de Josh Burton,
na Faculdade de Savanna de Arte e Design. Conta a história de Potter, uma antiga criatura
que dá vida ao barro.

44 ISAACSON, W. Steve Jobs: a biografia; VARGAS, B.; BOTTMANN, D.; SOARES, P. M. trad. São Paulo: Companhia
das Letras, 2011. Trechos da sinopse extraída do site da Companhia das Letras, Disponível em: icebrasil.org.br/
surl/?8fb7f7. Acesso em: 26 dez 2020.

45 BURTON, J. The Potter. Estados Unidos: Savannah College of Art and Design, 2005. 1 Vídeo (7m49s). Disponível
em: icebrasil.org.br/surl/?cc0570. Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 177


Para refletir
Que uso fazemos da tecnologia que temos à nossa disposição? Desde muito tempo a
humanidade já celebra – e questiona – seu relacionamento com a tecnologia. Desde o
espanto causado pelos autômatos da Idade Média até a alegoria dos limites entre cria-
dor e criatura presente no romance “Frankenstein ou o Prometeu Moderno”, de Mary
Shelley, escrito em 1823, os efeitos imprevisíveis do manejo da tecnologia povoam o
imaginário humano. As ferramentas que usamos devem sempre servir a nosso proveito,
como indivíduos, e para benefício do coletivo da humanidade. Isso é um construto ideal
que raramente se concretiza, sempre mediado pela realidade das limitações de nossa
sociedade e da tecnologia e seu estado de arte. O texto abaixo traz uma reflexão neces-
sária sobre o tema imortal. O trecho foi extraído do livro “A nova Idade das Trevas – a
tecnologia e o fim do futuro”46, de James Bridle, que estabelece parâmetros realistas
de discussão sobre a tecnologia e suas implicações, sem anacronismos nem ilusões
futuristas.
“Ao longo do último século, a aceleração tecnológica transformou nosso planeta,
nossa sociedade e nós mesmos, mas não conseguiu transformar o entendimento
que temos dessas coisas. Os motivos são complexos e as respostas também, no
mínimo porque estamos absolutamente emaranhados em sistemas tecnológicos
que, por sua vez, moldam a maneira como agimos e pensamos. Não podemos viver
à parte deles; não conseguimos pensar sem eles.
Nossas tecnologias são cúmplices nos maiores desafios atuais: um sistema econô-
mico descontrolado que precariza milhões de pessoas e continua a ampliar o abis-
mo entre ricos e pobres; o colapso do consenso político e social em todo o globo,
que resulta na ascensão de nacionalismos, divisões sociais, conflitos étnicos e guer-
ras nas sombras; e um clima em aquecimento, uma ameaça existencial a todos nós.
Perpassando ciência e sociedade, política e educação, guerra e comércio, as novas
tecnologias não apenas incrementam nossas aptidões, mas também as moldam e
nos dirigem com um propósito, que pode ser benéfico ou maléfico. Cada vez mais
é necessário pensar as novas tecnologias de outras maneiras, criticá-las, para ter
uma participação significativa nesse moldar e dirigir. Se não entendemos como as
tecnologias complexas funcionam, como os sistemas tecnológicos se interconec-
tam e como os sistemas de sistemas interagem, ficamos impotentes dentro desses
sistemas, e o potencial que eles têm é aprisionado de maneira ainda mais fácil pe-
las elites egoístas e por corporações desumanas. Exatamente pelo fato de que as
tecnologias interagem entre si de modos inesperados, em geral estranhos, e já que
estamos completamente emaranhados nelas, esse entendimento não pode ser limi-
tado aos aspectos práticos de como as coisas vieram a ser, e como elas continuam

46 BRIDLE, J. A nova Idade das Trevas – a tecnologia e o fim do futuro. 1 ed. São Paulo: Todavia, 2019.

178 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


a funcionar no mundo de formas que costumam ser invisíveis e entrelaçadas. O que
é necessário não é compreensão, mas alfabetização.
A alfabetização real em relação aos sistemas consiste em muito mais do que apenas
entendê-los, e pode ser compreendida e praticada de várias maneiras. Vai além do
uso funcional do sistema e abrange o contexto e suas consequências. Recusa-se a
ver a aplicação de um só sistema como panaceia, insistindo na inter-relação de todos
eles e nas limitações inerentes a qualquer solução única. O alfabetizado é fluente não
só no idioma de um sistema, mas em sua metalinguagem – a linguagem que ele usa
para falar de si e para interagir com outros sistemas –, e é sensível às limitações e aos
usos e abusos potenciais da metalinguagem. O alfabetizado está, crucialmente, apto
tanto a criticar quanto a responder às críticas.
Um dos argumentos que se costuma apresentar em reação ao entendimento fraco
que o público tem da tecnologia é o apelo para que se incremente a instrução tec-
nológica – no modo mais simples, que se ensine programação. O apelo é feito com
frequência por políticos, tecnologistas, eruditos e líderes empresariais, e costuma
ser apresentado em termos abertamente funcionais e pró-mercado: a economia da
informação precisa de mais programadores, e um dia as crianças vão precisar de
emprego. É um bom começo. Mas aprender a programar não basta, assim como
aprender a instalar uma pia não é suficiente para entender as complexas interações
entre lençóis freáticos, geografia política, infraestrutura decadente e política social
que define, molda e gera os verdadeiros sistemas de suporte à vida em sociedade.
O mero entendimento funcional dos sistemas é insuficiente; também é necessário
pensar em histórias e consequências. De onde vieram tais sistemas, quem os proje-
tou e para quê, e quais dessas intenções ainda os espreitam hoje?
O segundo perigo no entendimento puramente funcional da tecnologia é o que eu cha-
mo de pensamento computacional. O pensamento computacional é uma extensão do
que os outros chamaram de solucionismo: a crença de que qualquer problema se re-
solve quando se aplica a computação. Seja qual for o problema prático ou social pelo
qual passamos, existe um app. Mas o solucionismo também é insuficiente; essa é uma
das coisas que a tecnologia tenta nos dizer. Além desse erro, o pensamento computa-
cional pressupõe – muitas vezes em nível inconsciente – que o mundo é de fato como
os solucionistas propõem. Ele internaliza o solucionismo a tal nível que é impossível
pensar ou articular o mundo em termos que não sejam computáveis. O pensamento
computacional é predominante no mundo atual, impulsionando as piores tendências
em nossas sociedades e interações, e devemos nos opor a ele com a alfabetização
efetiva em sistemas. Se a filosofia é aquela fração do pensamento humano que lida
com o que a ciência não pode explicar, então a alfabetização em sistemas é o pensa-
mento que lida com um mundo que não é computável, embora reconheça que ele é
irrevogavelmente moldado e animado pela computação.
O ponto fraco de “aprender programação” por si só também pode ser discutido pelo
lado oposto: você devia estar apto a entender sistemas tecnológicos sem ter de
aprender a programar, assim como não é necessário ser encanador para usar o ba-
nheiro, e tampouco viver com medo de que seu encanamento queira matá-lo. Mas
não se deve descartar a possibilidade de que seu encanamento deseje sua morte: os

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 179


sistemas computacionais complexos embasam a maior parte da infraestrutura social
contemporânea e, se eles não forem seguros para o uso do público, não há alfabeti-
zação e instrução suficiente sobre sua malignidade que vá nos salvar a longo prazo.
(...)
Nada aqui é argumento contra a tecnologia: fazer isso seria discutir contra nós mesmos.
Na verdade, é um argumento a favor do envolvimento mais atencioso com a tecnologia,
acoplado a um entendimento radicalmente diferente do que é possível pensar e saber
do mundo. Sistemas computacionais, como ferramentas, enfatizam um dos aspectos
mais potentes da humanidade: nossa capacidade de agir efetivamente no mundo e
moldá-lo aos nossos desejos. Mas revelar e articular esses desejos, e garantir que eles
não rebaixem, sobreponham, eliminem ou apaguem os desejos dos outros, continua
sendo nossa prerrogativa.
Tecnologia não é meramente criar e usar ferramentas: é criar metáforas. Ao criar
uma ferramenta, instanciamos uma certa compreensão do mundo que, assim reifi-
cado, é capaz de alcançar certos efeitos no próprio mundo. Assim ela se torna outro
componente mobilizável de nosso entendimento do mundo – mesmo que costume
ficar inconsciente. Podemos dizer que é uma metáfora oculta: alcança-se uma espé-
cie de transferência, mas ao mesmo tempo uma espécie de dissociação, ao atribuir
um pensamento ou um modo de pensar a uma ferramenta que não precisa mais do
pensamento para se ativar. Para pensar de novo ou de forma nova, precisamos reen-
cantar nossas ferramentas. O relato presente é apenas a primeira parte do reencan-
tamento, uma tentativa de repensar nossas ferramentas – não reaproveitá-las nem
redefini-las, necessariamente, mas ter consideração por elas.
Quando se tem um martelo, diz o ditado, tudo parece prego. Mas isso não é pensar o
martelo. O martelo, propriamente concebido, tem muitos usos. Ele pode tanto puxar
quanto pregar pregos; pode forjar ferro, moldar madeira e pedra, revelar fósseis e con-
sertar âncoras para as cordas de escalada. Pode dar uma sentença, pedir ordem ou
ser arremessado em uma disputa de força atlética. Manejado por um deus, ele gera o
clima. O martelo de Thor, Mjölnir, que criava trovões e relâmpagos quando batido no
chão, também deu luz a amuletos em forma de martelo pensados para proteger con-
tra a ira do deus – ou, dada sua semelhança com cruzes, contra a conversão forçada.
Martelos e machados pré-históricos, revelados no trabalho com a terra por gerações
posteriores, eram chamados de “pedras do trovão” e se acreditava que haviam caído
do céu durante tempestades. Essas ferramentas misteriosas se tornaram objetos má-
gicos: quando seus propósitos originais passaram, eles estavam aptos a assumir um
novo significado simbólico. Temos de reencantar nossos martelos – todas as nossas
ferramentas – para que sejam menos como a do carpinteiro e mais como a de Thor.
Mais como pedras do trovão.”

Referência iconográfica:
Imagem: Freepik.com. ONLYYOUQJ. Woman running at sunset. 2015. 4500 x 3134 pixels. Disponível em:
icebrasil.org.br/surl/?cd9eb5. Acesso em mai de 2021.

180 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

LEITURA: O CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA – CICLO PDCA

Durante a construção de seu Projeto de Vida, uma importante ferramenta lhe deu condições
de estruturar seus sonhos – o Plano de Ação. A partir dele você pôde estabelecer as bases
filosóficas do seu pensamento – visão de futuro, valores, premissas – que guiam suas ações.
Desdobrou essas bases em prioridades, objetivos e metas. Definiu quais eram as melhores
ações e criou estratégias para executá-las. A cada ação executada pôde refletir sobre os re-
sultados, com apoio dos indicadores, que lhe geraram uma visão sobre fatores críticos que
interferiam em seu plano. Além disso, percebeu a importância em monitorar seu PA, com a
criação de um fluxograma, possibilitando um melhor controle e acompanhamento dos resul-
tados de suas ações. Esse é um processo cíclico, em constante movimento e interação, que
aproxima o seu “ser”, do seu “querer ser”, objetivo central de toda essa aprendizagem.

Nesta aula, iremos dialogar sobre crescimento e melhoria contínua de suas ações e você
vai conhecer uma importante ferramenta de gestão para gerenciar melhor os seus resul-
tados: o Ciclo PDCA.

LEITURA: O CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA – CICLO PDCA

Basta dar um passeio virtual na web, assistir a um filme, ler um livro ou folhear uma revista
e entramos em contato com histórias de personagens e personalidades, que vivem suas
vidas na busca de melhorar seu desempenho e atingir níveis mais elevados de crescimen-
to, seja pessoal, social ou profissional. Essas pessoas parecem nunca se cansar: escolhem
formas de vida singulares e integradas aos seus sonhos, desejos e necessidades; sempre
têm um novo desafio a enfrentar; suas vidas revelam um ciclo infinito, em que o alcance
de um objetivo gera a necessidade de desafiar-se com novo objetivo. Planejam. Executam.
Checam. Agem. O fluxo contínuo é segredo do crescimento e da melhoria do desempenho.

A aprendizagem, por melhoria de desempenho, pode se dar por intermédio do instrumento


de gestão chamado Ciclo PDCA, cuja função é apoiar os processos de melhoria contínua das
ações executadas em um Plano de Ação. Esse instrumento visa um desenvolvimento crítico
de assimilação e reflexão do conhecimento a partir da análise de suas experiências práticas.
Através dele, você será estimulado, constantemente, a planejar, a executar, a avaliar e a ajus-
tar, desencadeando uma melhor compreensão dos processos envolvidos em suas ações.

Cada giro do PDCA se dirige para o começo de um novo ciclo, sempre na busca de uma
melhoria contínua, criando um ciclo virtuoso, em que os processos podem ser analisados e
mudanças podem ser efetuadas. Forma-se, assim, um circuito de aumento de qualidade e

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 181


crescimento, tornando os processos mais complexos e completos. Logo, as ações são arti-
Plan), executar (D
culadas e administradas em diferentes fases: planejar (P Do), avaliar (C
Check)
Act).
e ajustar (A

Observe a imagem e leia, em seguida, o que deve significar cada uma das fases:

Ações corretivas
e ajustes

AJUSTAR

Ciclo da Planejamento
Medição
e análise AVALIAR Melhoria PLANEJAR estratégico e
Contínua operacional

EXECUTAR

Execução
e gestão

1. Plan (planejar): nessa fase, é elaborado o PA, estabelecendo a visão de futuro e missão.
Também são definidas como e quando acontecerão as ações para atingir os objetivos e
metas definidos em seu plano, bem como os indicadores que vão controlar e monitorar os
resultados das ações.

2. Do (executar): fase de executar o que planejou. É importante que o Plano seja seguido
rigorosamente. Importante observar as pequenas mudanças que se operam nesta fase.

3. Check (avaliar): fase de controlar e monitorar o que planejou. Ocorre a verificação, avalia-
ção e correção para os possíveis desvios durante a execução. Esta fase determina o quanto
as mudanças foram favoráveis e estão funcionando. É hora de observar se a melhoria que
você esperava aconteceu.

182 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


4. Act (ajustar): fase de agir para identificar boas práticas e replicá-las; identificar desvios e
corrigi-los. Caso as metas não tenham sido alcançadas, você pode traçar novas estratégias
de atuação, consequentemente se estabelece um novo ciclo. Após a fase de checagem, se
você decidir que vale a pena continuar investindo na mudança, você pode expandir o plano,
atingindo novo patamar de melhoria.

A utilização do Ciclo PDCA, em seu Projeto de Vida, se dá a partir dos resultados obtidos
com a execução de seu Plano de Ação. Trata-se de um instrumento que ordena as ações
cotidianas estabelecidas em seu Plano. Por isso, o ciclo é considerado uma poderosa ferra-
menta para o acompanhamento e detecção dos ajustes necessários durante e ao final de
um processo. Dessa forma, ocorre a aprendizagem, ou seja, a partir da passagem atenta e
plena por todas as fases, você constrói uma trajetória de melhoria contínua nos processos
e, por consequência, nos resultados obtidos.

O Projeto de Vida é o traçado entre aquilo que se é e o que se pretende ser. O PA é o instru-
mento que ajuda você a definir esse traçado. Dessa forma, o conceito de melhoria, ao ser
aplicado em seu Projeto de Vida, implica mudanças em seus hábitos, que refletirá em seu
PA, de forma a aproximá-lo do que pretende ser. Além disso, a cultura da melhoria contínua
pode contribuir, decisivamente, para o alcance de patamares crescentes de eficiência, pa-
vimentando o seu caminho na construção do Projeto de Vida.

Obs.: É importante ressaltar que o ciclo PDCA pode e deve ser aplicado em diferentes di-
mensões temporais do Plano de Ação, sendo uma metodologia a ser utilizada no decorrer
do PV para o seu desenvolvimento completo em curto, médio e longo prazo, um ciclo para
atingir um objetivo com prazo de vários anos à frente e para se cumprir o Plano de Ação nas
metas desdobradas em etapas anuais, mensais, semanais, diárias. Para cada um destes
ciclos a metodologia de melhoria contínua deve ser aplicada.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 183


Anexo 2

ATIVIDADE: FAZER O CICLO GIRAR EM SUA VIDA

Nesta aula, iremos experimentar como o Ciclo PDCA pode girar em seu Projeto de Vida.
Sua tarefa consiste no raciocínio trazido no exemplo abaixo, e, em seguida, criar o mesmo
exercício aplicado a partir de sua experiência pessoal:

“Lucas reprovou o ano escolar, teve notas baixas, pois havia mudado de escola na metade do
ano e demorou em se dar conta do ritmo que a nova escola exigia dele. Assim, iniciou o ano
escolar com a consciência de que não poderia continuar atuando da mesma maneira. Também
havia a cobrança de seus pais que exigiam maior responsabilidade e comprometimento, uma
vez que os custos da escola eram altos e não havia como perder tempo, nem mais recursos.”

Lucas buscou responder as três perguntas que daria início ao seu novo momento:

1º O que precisa ser melhorado?

Analisando o que vivi no ano anterior, a nova escola me exige maior concentração e o de-
senvolvimento de novas habilidades, além de novos hábitos de estudo. Tenho tido dificulda-
des nos conteúdos de várias matérias. Durante as aulas até tento me concentrar e entendo
o que o professor ensina, mas na hora da prova esqueço tudo. Talvez, se eu começar a ter
mais atenção e tomar nota do que venho aprendendo na sala de aula, consiga ter melhor
aproveitamento dos conteúdos e rendimento.

2º Como saber se a mudança que busco é uma melhoria?

Vou perceber que estou melhorando se eu tirar boas notas nas provas mensais que serão
daqui a um mês, mas antes posso fazer as provas do ano passado e ver se atinjo a média.
Posso, assim, estabelecer um indicador de processo, desde que o indicador de resultado
seja atingir a média na realização das provas. Enquanto isso, faço mudanças em minha
forma de estudar para obter melhores resultados de desempenho, ganhando tempo para
fazer correções e ajustes.

3º Quais mudanças devo fazer para obter resultados de melhoria?

Não tenho como me enganar mais. Tenho dedicado muito pouco aos meus estudos, se eu
aumentar a dedicação, ou seja, aumentar o tempo de estudo, terei melhores resultados e
desempenho. Assim, o primeiro passo é estudar por mais tempo, isso significa que terei
que reorganizar minha agenda e encontrar espaço para esse trabalho extra.

184 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Após esse importante passo, Lucas conseguiu definir como faria seu CICLO PDCA girar:

P¹ (planejar): no início da semana planejou:


1. Incluir mais 15 horas semanais de estudo ao planejamento semanal;
2. Diminuir as atividades sociais e o tempo na academia;
3. Dormir mais tarde para dar conta de cumprir o planejamento semanal;
4. Refazer exames aplicados no ano anterior, no início da semana.

Obs.: no planejamento também deve constar a forma de fazer o monitoramento e mesmo


a revisão.

D¹ (executar): durante a semana, ele executou o que foi planejado.


1. Estudou durante oito horas na semana;
2. Cumpriu sua agenda de compromissos em cursos já programados;
3. Evitou encontrar com os amigos durante a semana;
4. Deixou de ir à academia;
5. Fez os exames aplicados no ano anterior.

C¹ (avaliar): com posse de seu diário de boas práticas que registrou durante a semana, as
ações planejadas foram monitoradas.
1. Avaliou o resultado dos exames e obteve notas baixas;
2. Avaliou seu desempenho diante das mudanças em sua rotina.

A¹ (ajustar): após a verificação e avaliação do resultado de suas ações, refletiu:


1. Notou que seu baixo desempenho na prova se deu porque deu foco a infor-
mações irrelevantes;
2. A diminuição das atividades físicas o deixou sem concentração e desmotivado,
não acompanhou bem as aulas;
3. Os amigos fizeram-lhe falta, pois ele se sentia isolado e insatisfeito;
4. Percebeu que é importante buscar apoio entre os conhecidos para ajudar a
observar os resultados e encontrar novas possibilidades de atuação;
5. Entendeu a necessidade em manter as atividades da academia, que o reanima;
6. Deseja manter o contato com os amigos para se sentir feliz e integrado.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 185


P² (planejar):
1. Compartilhar dificuldade com professor e amigos;
2. Aumentar tempo de estudo de 8 para 12 horas;
3. Fazer anotações das aulas a partir de temas geradores;
4. Utilizar texto de apoio quando não compreender as anotações;
5. Refazer os exames.

D² (executar):
1. Conversou com amigos e professor e apanhou importantes dicas de como
manter sua vida social e pessoal alinhada com os estudos;
2. Escreveu textos retomando o conteúdo das aulas a partir das anotações feitas;
3. Gravou áudio dos textos que escreveu;
4. Ouviu as gravações enquanto fazia atividade física;
5. Convidou um grupo de amigos para estudarem juntos;
6. Incluiu sessões de cinema, passeio em museus e outros espaços para ampliar
a compreensão do que aprendia em sala de aula;
7. Refez o exame para avaliar seu desempenho.

C² (avaliar):
1. Atingiu pontuação alta no exame;
2. Manteve alto o nível de energia e foco durante toda a semana;
3. Conseguiu manter concentração em cada atividade que fez.

A² (ajustar):
1. Descobriu diferentes formas de aprender e assimilar conhecimento;
2. Aprendeu a focar o que estava aprendendo e tudo tem tido mais significado;
3. Está confiante para realizar a prova no final do mês;
4. As mudanças em seus hábitos constituem, agora, um novo modo de aprender;
5. Decidiu manter essa nova organização.

Lucas percebeu que era possível modificar seus hábitos e atitudes, sem deixar de lado o que
lhe fazia bem. Teve dedicação e decidiu enfrentar suas limitações. Seu Plano deu certo!

Agora, é sua vez, pegue seu fluxograma como referência e medite alguns minutos acerca
de seu PA, leve em consideração as questões que desenvolveu na aula anterior e tudo o que
sabe a seu respeito. Foque em uma meta e desenvolva o Ciclo PDCA para alcançar a melhoria
necessária para o seu crescimento. Peça ajuda ao professor, se precisar.

186 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 3

EM CASA

Para esta atividade, sugerimos que você dê continuidade ao seu diário de registro e boas
práticas. Desta vez, deverá contar sua história, em forma de narrativa. Escolha um proble-
ma que indicou a necessidade de mudança. Há vários tipos de narrativa e muitas formas
de contá-las. Para tornar a atividade relevante e objetiva, você deverá respeitar a lógica
PDCA – planejar, executar, avaliar, ajustar. Você deve começar com a definição do tema a
ser tratado, dar um título para a história, escrever, brevemente, o contexto e em seguida
trazer a narrativa central. Pode ter uma pitada de drama ou comédia em que se identifique
o problema que requisitou mudanças. A partir daí, traga o detalhamento de onde queria
chegar, bem como os caminhos que tentou trilhar, para alcançar quais objetivos e metas.
Criative-se!

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 187


Aulas 21 e 22
E se algo saiu errado? É preciso corrigir a tempo

A técnica denominada Brainstorm, bastante utilizada por diversas organizações na solução


de problemas e até mesmo criação de novos produtos, é basicamente uma técnica de gera-
ção de ideias. Valorizada pela abertura à criatividade e à livre associação de ideias, trata-se
de uma ferramenta preciosa que estimula o engajamento coletivo, a colaboração intensiva
e a abrangência perspectiva sobre os assuntos em pauta.

Em um percurso que pode parecer solitário a partir das necessidades impostas pela estru-
turação do Plano de Ação, as aulas aqui apresentadas voltam a inserir a escala do coletivo
na ordem do dia do estudante. Através de uma dinâmica que explora a comunicabilidade e o
raciocínio abstrato – sendo aos poucos direcionado ao concreto a partir dos comentários – o
estudante coloca suas ideias e convicções à prova, submetidas à colaboração dos colegas.
Além de constituir uma oportunidade para uma intensa troca de experiências, é importante
para que se ressalte a necessidade de interação social constante em todo o desenvolvimento
do Projeto de Vida, mas indo além: sendo considerado uma metáfora da própria vida. Em
uma atividade coletiva como essa o estudante é instado ao exercício de múltiplas Habilidades
Socioemocionais de forma simultânea e improvisada. Habilidades como agilidade, coopera-
ção, pensamento crítico, comunicação oral, entusiasmo, trabalho em equipe, argumentação
e até resolução de conflitos. A lista é enorme e intersecciona habilidades ligadas aos domínios
intrapessoal, interpessoal e da cognição, como mostra o diagrama a seguir.47

47 Domínio Cognitivo – relaciona-se às estratégias e processo de aprendizagem e remete ao método mais tradi-
cional de ensino. É a área que os currículos escolares dedicam maior investimento. Por consequência, o bom
desempenho nela traz bons resultados posteriores na vida do estudante. Domínio intrapessoal – se refere à
capacidade do estudante de lidar com emoções e moldar comportamentos para atingir os seus objetivos.
Domínio interpessoal – se refere à capacidade de expressar ideias, bem como de interpretar e responder aos
estímulos de outras pessoas. BARRETO, T. Org. Modelo Pedagógico. Os Eixos Formativos – Ensino Médio. 4 ed,
2020. Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. p. 50.

188 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Educação para a Vida e para o Trabalho

negociação

competências interpessoais

empatia/tomada perspectiva orientação para o serviço

capacidade de resolver problemas comunicação assertiva


cooperação influência social
análise

INTERPESSOAL
poder de tomar decisão confiança

aprendizado adaptativo
função executiva valorização para a diversidade
responsabilidade

inovação
COGNIÇÃO automonitoramento
liderança

adaptação trabalho em equipe


interpretação
habilidade de escutar
resolução de conflitos
pensamento crítico razão e argumentação

criatividade integridade
comunicação
cidadania produtividade
alfabetização em TICs
valorização da arte e da cultura
responsabilidade

© Educação para a vida e para o trabalho


profissionalismo e ética

INTRAPESSOAL
autodidatismo
orientação para carreira
saúde física e psicológica

aprendizado contínuo determinação


autocuidado
iniciativa
perserverança
interesse intelectual e curiosidade

flexibilidade

Ideal para a detecção, conhecimento e análise de eventuais erros ou falhas na condução


de um planejamento, além da já mencionada geração de disponibilidade criativa e abertura
à imprevisibilidade, a técnica Brainstorm será convocada nesta aula, como primeira ativi-
dade – ainda que não seja explorada de modo estritamente técnico com gráficos e outros
instrumentos de análise e medição.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 189


Objetivos Gerais
• Estimular o desenvolvimento de competências relacionadas à solução de
problemas;
• Refletir sobre a melhor maneira de lidar com os imprevistos e as mudanças
em um Plano de Ação;
• Traçar algumas ações corretivas para a solução de problemas.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Levantamento dos problemas mais co-


Atividade: Que muns aos Planos de Ação dos estudantes
45 minutos
chovam as ideias! e aplicação da técnica de Brainstorm na
análise e busca de soluções.

Atividade: Que Análise em grupo dos problemas espe-


chova no meu cíficos nos PAs individuais e a criação 40 minutos
plano! colaborativa de soluções.

Retomada dos objetivos do conjunto de


Avaliação. 5 minutos
aulas sobre Gestão de Projetos.

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: QUE CHOVAM AS IDEIAS!

Objetivos

• Detectar e compreender a natureza e a tendência de determinados proble-


mas ocorridos no Plano de Ação;
• Conhecer as linhas gerais da técnica “Brainstorm” como forma de geração
coletiva de ideias.

190 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Desenvolvimento

Nesta atividade será suficiente que o professor aplique as etapas básicas de uma sessão de
Brainstorm. Informações complementares sobre a prática estão na seção “Texto de apoio
ao Professor”, mas o essencial é que os estudantes possam, de forma criativa e coletiva,
inferir sobre a natureza de problemas comuns em um Plano de Ação, levantar hipóteses
e trabalhá-las dialogicamente, de modo a solucioná-las com criatividade. Sendo assim, é
importante atentar para alguns passos.48 Após a classe eleger os dois problemas principais
a serem tratados na aula, os estudantes devem trabalhar com base nas perguntas estrutu-
radas na atividade “Que chovam as ideias” (Anexo 1).

ETAPA MÉTODO DICAS PARA CONDUÇÃO

- Crie um clima descontraído e


agradável;
- Inicie a sessão esclarecendo
- Esteja certo de que todos enten-
1) Introdução os objetivos, a questão ou o
deram a questão a ser tratada;
problema a ser discutido.
- Redefina o problema, se ne-
cessário.

- Dê um tempo para que pen-


sem no problema;
- Não se esqueça de que todas
- Solicite, em sequência, uma
as ideias são importantes,
ideia a cada participante,
evite avaliações;
registrando-a no flipchart ou
na lousa; - Incentive o grupo a dar o
2) Geração maior número de ideias;
- Caso um participante não te-
de Ideias
nha nada a contribuir, deverá - Mantenha um ritmo rápido na
dizer simplesmente “passo”. coleta e no registro das ideias;
Na próxima rodada, essa pes-
soa poderá dar uma ideia. São - Registre as ideias da forma
feitas rodadas consecutivas como forem ditas.
até que ninguém tenha mais
nada a acrescentar.

- Ideias semelhantes devem ser


- Leve o grupo a discutir as
agrupadas; ideias sem impor-
ideias e a escolher aquelas que
tância ou impossíveis devem
3) Revisão da valem a pena considerar;
ser descartadas;
lista - Utilize o consenso nessa se-
- Cuide para que não haja mo-
leção preliminar do problema
nopolização ou imposição de
ou da solução.
algum participante.

48 Manual de Ferramentas da Qualidade. São Paulo, SEBRAE, ago 2005, p. 1-2.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 191


ETAPA MÉTODO DICAS PARA CONDUÇÃO

- Ideias semelhantes devem ser


- Leve o grupo a discutir as
agrupadas; ideias sem impor-
ideias e a escolher aquelas
tância ou impossíveis devem
4) Análise e que valem a pena considerar;
ser descartadas;
seleção - Utilize o consenso nessa se-
- Cuide para que não haja mo-
leção preliminar do problema
nopolização ou imposição de
ou da solução.
algum participante.

- Solicite que sejam analisadas


as ideias que permaneceram
na lista; - A votação deve ser usada
5) Ordenação
- Promova a priorização das apenas quando o consenso
das ideias
ideias, solicitando, a cada não for possível.
participante, que escolha as
três mais importantes.

A aplicação da sequência acima pode ser mais proveitosa se o professor optar por tratar um
problema de cada vez. Pode ser que um estudante tenha ideias e opiniões a respeito de um
deles, enquanto nada tenha a declarar sobre o outro. Além disso, o tratamento individuali-
zado de cada problema permite que todos os esforços se concentrem em um único objeto,
que pode ser explorado às últimas consequências, quanto se queira falar ou opinar sobre ele.

Após o consenso sobre as melhores soluções para cada problema, o professor pode fazer
mais algumas rodadas (conforme a necessidade) para a criação de indicadores de proces-
so e de resultado para cada meta apresentada como solução.

ATIVIDADE: QUE CHOVA NO MEU PLANO!

Objetivos

• Traçar algumas ações corretivas para a solução de problemas específicos do


Plano de Ação pessoal, a partir da análise dialógica com colegas;
• Rever e replanejar, no Plano de Ação, passagens específicas afetadas por
determinados problemas.

192 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Desenvolvimento

O que se almeja com esta atividade é que os estudantes se mobilizem, junto àqueles com
quem têm afinidade, para a localização e reflexão acerca dos pontos críticos do seu PA,
deliberando sobre a natureza dos problemas, suas implicações e o planejamento de ações
concretas e objetivas para saná-los.

Ao contrário da dinâmica de Brainstorm realizada da aula anterior, nesta aula conta mui-
to o acolhimento pessoal e a qualidade do vínculo que se tem com os colegas de grupo,
propiciando um momento de diálogo franco. Sempre que possível, transitando entre um
grupo e outro, o professor pode observar a qualidade desses diálogos e o grau de interesse
e engajamento na busca de compreensão e solução para os problemas apresentados, in-
tervindo pontualmente, quando necessário, para assegurar a objetividade necessária para
levantamento dos dados que serão inseridos na tabela ao final.

Avaliação

Observe se os estudantes compreendem a dinâmica de Brainstorm como uma técnica de


criação de disponibilidade criativa e abertura à imprevisibilidade na solução de problemas.
Em linhas gerais, se dialogam satisfatoriamente com os colegas na análise da natureza dos
problemas levantados e compartilhados a partir dos Planos de Ação individuais.

Texto de apoio ao professor49


Brainstorm - O que é?

Brainstorming é a mais conhecida das técnicas de geração de ideias. Foi originalmente desen-
volvida por Osborn, em 1938. Em Inglês, quer dizer “tempestade cerebral”. O Brainstorming é
uma técnica de ideias em grupo que envolve a contribuição espontânea de todos os participan-
tes. Soluções criativas e inovadoras para os problemas, rompendo com paradigmas estabele-
cidos, são alcançadas com a utilização de Brainstorming. O clima de envolvimento e motivação
gerado pela técnica assegura melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, maior com-
prometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade compartilhado por todos.

49 Manual de Ferramentas da Qualidade. São Paulo, SEBRAE, ago 2005, p. 1-2.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 193


Quem o utiliza?

Todas as pessoas da empresa (neste caso, todos os estudantes do grupo) podem utilizar essa
ferramenta, devido à sua facilidade. Porém o sucesso da aplicação do Brainstorming é seguir as
regras, em especial a condução do processo, que deve ser feita por uma única pessoa.

Quando?

O Brainstorming é usado para gerar um grande número de ideias em curto período de


tempo. Pode ser aplicado em qualquer etapa do processo de solução de problemas, sendo
fundamental na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na geração de
possíveis soluções. Mostra-se muito útil quando se deseja a participação de todo grupo.

Por quê?

Focaliza a atenção do usuário no aspecto mais importante do problema. Exercita o raciocí-


nio para englobar vários ângulos de uma situação ou de sua melhoria. Serve com “lubrifi-
cante” num processo de solução de problemas, especialmente se:

1. As causas do problema são difíceis de identificar;


2. A direção a seguir ou opções para a solução do problema não são aparentes.

Tipos de Brainstorming

• Estruturado: nessa forma, todas as pessoas do grupo devem dar uma ideia
a cada rodada ou “passar” até que chegue sua próxima vez. Isso geralmente
obriga até mesmo o tímido a participar, mas pode também criar certa pressão
sobre a pessoa;
• Não-estruturado: nessa forma, os membros do grupo simplesmente dão as
ideias conforme surgem em suas mentes. Isso tende a criar uma atmosfe-
ra mais relaxada, mas também há o risco de dominação pelos participantes
mais extrovertidos.

194 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Regras do Brainstorming

1. Enfatizar a quantidade e não a qualidade das ideias;


2. Evitar críticas, avaliações ou julgamentos sobre as ideias;
3. Apresentar as ideias tais como elas surgem na cabeça, sem rodeios, elaborações ou
maiores considerações. Não deve haver medo de “dizer bobagem”. As ideias consideradas
“loucas” podem oferecer conexões para outras mais criativas;
4. Estimular todas as ideias, por mais “malucas” que possam parecer;
5. “Pegar carona” nas ideias dos outros, criando a partir delas;
6. Escrever as palavras do participante. Não interpretá-las.

Na estante

VALE A PENA LER

Livro: As entrevistas da Paris Review,


Review Vol. 1
Autor: Vários autores
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2011
Número de páginas: 464
A figura do escritor exerce um fascínio aparentemente inesgotável so-
bre o leitor contemporâneo. O que é preciso para tornar-se um escritor?
Que espécie de sacrifícios e recompensas marcam uma vida dedicada à literatura? O que
pensam e como vivem os autores mais importantes do nosso tempo? Há quase seis déca-
das, a revista literária americana Paris Review alimenta esse fascínio publicando entrevis-
tas profundas e surpreendentes com os ficcionistas, poetas, dramaturgos e roteiristas que
todo amante das letras gostaria de conhecer mais de perto.50

50 Texto da contracapa da edição brasileira. As entrevistas da Paris Review, Vol. 1. São Paulo: Companhia das Letras,
2011. SCHWARTZ, C.; ALCIDES, S. trad.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 195


VALE A PENA ASSISTIR

Filme: Senna51
Diretor: Asif Kapadia
País de Origem: Reino Unido
Duração: 2h42m
A história e trajetória do piloto Ayrton Senna, pontuando suas realiza-
ções físicas e espirituais nas pistas e fora delas, sua busca por perfeição
e o status que ele alcançou são os temas de “Senna”, documentário que
procurou abranger os anos do profissional de automobilismo como piloto de F1, desde sua
temporada de estreia em 1984 a sua morte precoce uma década depois. A produção foi
realizada com cooperação da família de Ayrton Senna, que concedeu permissão para esse
filme/documentário sobre a vida do piloto; e com apoio tanto da Fórmula 1, que deu
permissão à equipe para usar filmagens inéditas, quanto do Instituto Ayrton Senna.

Referência iconográfica:
Imagem: Freepik.com. JCOMP. Hand connecting puzzle pieces on table background. 2019. 5760 x
3840 pixels. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?5ee4d2. Acesso em mai de 2021.

BARRETO, T. Org. Modelo Pedagógico. Os Eixos Formativos – Ensino Médio. 4 ed. 2020. Instituto de Cor-
responsabilidade pela Educação. p.50. Tradução ilustrativa livre da figura original de autoria da organização
norte-americana National Research Council. Education for Life and Work. Developing Transferable Knowledge
and Skills in the 21st Century (2012). Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?2d9dca. Acesso em: 26 dez 2020.

51 KAPADIA, A. SENNA: O Brasileiro, O Heroi, o Campeão. Estados Unidos, França e Reino Unido: Universal Pictures,
2010. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?8f6711. Acesso em: 26 dez 2020.

196 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE: QUE CHOVAM AS IDEIAS!

Em diversos momentos do curso você viu que, embora o seu Plano de Ação seja algo muito
pessoal, você não está sozinho; além das pessoas do entorno familiar e escolar, há aquelas
a cuja experiência ou saber específicos você pode recorrer, conforme a necessidade do seu
Plano. Tendo isso em vista, a ideia desta aula é propiciar o diálogo e a troca de perspectivas
em torno de problemas recorrentes ou muito comuns aos Planos de Ação, de modo que
você e os colegas de classe exercitem o levantamento de hipóteses e a busca conjunta de
soluções de modo sistemático, mas livre, criativo e espontâneo.

Trata-se de uma forma colaborativa de identificar, observar e analisar determinados problemas


e descobrir a melhor maneira de atacar as suas causas. Em linguagem técnica, esse método
ficou conhecido como “Brainstorm”, algo como “tempestade de ideias” (durante o processo,
você vai descobrir o porquê do nome), mas você não precisa decorar essas palavras, basta
atentar para a forma como a dinâmica é conduzida, a sequência como as ideias aparecem e
como são organizadas pelo mediador (no caso, o professor) e como a contribuição do maior
número de pessoas é determinante para aclarar as ideias e sugerir novas perspectivas.

Nas aulas anteriores, você teve oportunidade de, através de ferramentas de avaliação, de-
tectar algumas possíveis falhas no percurso da execução do seu Plano de Ação. Escolha um
desses problemas (caso sejam vários, eleja o mais significativo ou “complicado”) e diga-o
ao professor quando lhe for solicitado. Seus colegas também indicarão os deles. Como são
muitas questões, a ideia é que a classe trabalhe com apenas dois dos problemas propostos
– o critério de definição é escolher aqueles que forem mencionados mais vezes.

Uma vez definidos os problemas, reflita por um momento sobre eles, considerando:
1. Quais são, afinal, os problemas e quais os impactos negativos que eles têm
em um Plano de Ação? (Estão claros para você?);
2. Quais são as características típicas desses problemas? (O que, afinal, os torna
problemas?);
3. Quais seriam as possíveis causas desses problemas?
4. Quais as soluções você sugeriria?

Anote suas ideias e, quando o professor solicitar, diga-as para a classe. Mesmo que você
não tenha muita convicção, mas apenas desconfie das possíveis causas e questões rela-
cionadas, expresse o seu pensamento sem medo, pois é a soma das contribuições que vai
possibilitar a compreensão da natureza dos problemas; uma ideia inicialmente vaga, por
exemplo, pode se ampliar e tornar-se extremamente significativa no decorrer da conver-
sação. Não deixe nenhuma dúvida passar “batida”, pergunte tudo o que necessitar saber.

Acompanhe atentamente as instruções do professor e contribua para o esclarecimento e


a solução dos problemas levantados. Na próxima aula, isso será aplicado diretamente no
seu Plano de Ação.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 197


Anexo 2

ATIVIDADE: QUE CHOVA NO MEU PLANO!

Na aula anterior você viu que, de forma descontraída e colaborativa, é possível identificar,
analisar e resolver uma série de problemas. Contudo, como a dinâmica incidiu apenas so-
bre dois dos problemas mais comuns apontados pela classe, a tarefa, desta vez, é focar em
seu Plano pessoal, com seus respectivos problemas. Mais uma vez, as tarefas serão feitas
em grupo, mas não mais através da dinâmica de Brainstorm. Se na aula anterior o método
para atacar o problema foi uma tempestade de ideias, nesta aula o que será valorizado é o
diálogo calmo e a reflexão mais demorada, tendo em vista os problemas que você identifi-
cou no seu plano. Para melhor compreendê-los e solucioná-los, você poderá contar com os
colegas com quem tem mais afinidade e eles, por sua vez, poderão contar com você.

Coloque suas questões na mesa. Quais são os problemas que você detectou até o momen-
to? Converse com os colegas sobre os impactos negativos que cada um deles tem causado
no seu Plano de Ação – ou que causarão futuramente, caso não sejam solucionados. E
quais são as causas desses problemas? Talvez seja difícil perceber de imediato, por isso
é importante ouvir outras opiniões e refletir acompanhado de outros pontos de vista. Ao
opinar sobre o Plano de Ação do colega, faça-o a sério, considere que estão implicados
nessas questões horas de dedicação, dispêndio de energia e certa pressão por resultados
– fatores que, não raras vezes, deixam qualquer um a flor da pele. Ao final, será preciso que,
tendo contado com todo esse apoio, você tenha estabelecido claramente as soluções para
os problemas apresentados no seu Plano de Ação. Para que isso se apresente com clareza
aos seus olhos e aos de quem se deparar com seu projeto, sugerimos a elaboração para
preenchimento do seguinte quadro:

POR QUE
COMO (OS
O QUE VAI (QUAL O
PROBLEMA QUANDO? ONDE PASSOS DA
SER FEITO RESULTADO
AÇÃO)
ESPERADO?)

198 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Aulas 23 e 24
Como saber se deu certo antes de dar errado?

Além de entender todo o detalhamento do PA é preciso compreender como se deu a ope-


racionalização dele até agora. Pois, é comum os estudantes fazerem uso do PA de forma
automática, sem relacionar as ações executadas aos resultados alcançados. Isso acontece
muito na aplicação de ações corretivas para evitar desvios e problemas. Refletir se foram
aplicados os recursos na solução/correção de problemas ajuda a identificar oportunidades
de crescimento e inovação. Esse é o conteúdo dessas aulas.

Objetivos Gerais
• Refletir sobre os recursos pessoais mobilizados para a solução de problemas;
• Avaliar a adequação da ação corretiva para a solução de um problema;
• Relacionar as ações corretivas na solução de um problema com as metas,
estratégias e objetivos;
• Refletir sobre a sua capacidade resolutiva;
• Identificar o potencial humano que tem a partir daquilo que sabe fazer e faz
muito bem – pontos fortes e habilidades;

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 199


• Identificar oportunidades de crescimento e inovação através dos erros
cometidos e problemas que surgiram;
• Refletir sobre a liberdade de criação da própria vida e as oportunidades de
crescimento e inovação em detrimento dos riscos e problemas;
• Identificar na construção do Projeto de Vida pontos positivos que os estimulam
a querer ser melhor a cada dia;
• Elencar os principais resultados alcançados desde o início da construção do
Projeto de Vida até o momento presente.

Material Necessário
• Folha de papel ofício para cada estudante e canetas coloridas.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Check list para reflexão e avaliação das


ações corretivas empregadas;
Atividade:
Questões para verificação do alinhamento 25 minutos
Acertos e erros.
das ações corretivas com os objetivos,
metas e estratégias.

Leitura e reflexão sobre o texto de Bel


Pesce – “A menina do Vale”;

Atividade: Zona Descrição dos resultados alcançados através


20 minutos
de aprendizagem. do PA - erros e acertos;

Questões sobre os fatores ou habilidades


que ajudaram na resolução de problemas.

Leitura e reflexão do texto de Seth Godin –


“A Ilusão de Ícaro”;
Atividade em
Elaboração de uma nova versão do Projeto
dupla: Timing da 20 minutos
de Vida feita pelo colega;
inovação.
Apresentação da nova versão do Projeto
de Vida para o colega.

200 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Reflexão sobre o Projeto de Vida;

Enumerar alguns pontos que estimulam a


vontade de querer ser melhor a cada dia e
Atividade: Siga a
não desanimar diante dos problemas; 20 minutos
receita do bolo.
Elaboração de um quadro com os prin-
cipais resultados alcançados durante a
construção do PV.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Orientações para as atividades

ATIVIDADE: ACERTOS E ERROS

Objetivos

• Refletir sobre os recursos pessoais mobilizados para a solução de problemas;


• Avaliar a adequação da ação corretiva para a solução de um problema;
• Relacionar as ações corretivas na solução às estratégias para o atingimento
das metas que levam à consecução dos objetivos.

Desenvolvimento

Quando se começa a fazer uso de um Plano de Ação é comum inicialmente executar as ações
de forma automática, sem refletir muito bem sobre seus fins. Isso acontece principalmente
na urgência de encontrar solução para algo que deu errado ou surgiu inesperadamente. Mui-
tas vezes as estratégias e ações não são alinhadas e, ao invés de resolver o que precisava,
acaba por gerar outros problemas. O check list (Anexo 1) serve exatamente para os estudan-
tes tomarem consciência desse erro e para ajudá-los a entender como devem agir na hora
de resolver algum imprevisto ou problemas frutos de mudanças externas ocasionadas por
eles próprios. As questões do check list, além de servir para a tomada de consciência sobre
suas capacidades, servem para verificar se as ações corretivas acionadas foram resultado
das suas vontades e interesses ou se sofreram influências contrárias de outras pessoas e fa-
tores. O envolvimento dos estudantes na execução das ações corretivas também é um fator
importante para verificar essa questão. Os estudantes precisam saber que o check list não
é um exercício para apontar os erros e, sim, para mostrar a melhor forma de dominar o que
precisam e para diminuir as suas fragilidades, riscos e ameaças.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 201


Depois de feito o check list é proposta a retomada dos objetivos, metas e estratégias do
PA com o intuito de gerar ainda a reflexão dos estudantes sobre a qualidade de suas ações
para a solução de problemas, pois as ações precisam ser planejadas e alinhadas com os
objetivos do PA.

ATIVIDADE: ZONA DE APRENDIZAGEM

Objetivos

• Refletir sobre a sua capacidade resolutiva;


• Identificar o potencial humano que tem a partir daquilo que sabe fazer e faz
muito bem – pontos fortes e habilidades.

Desenvolvimento

Além da importância do processo de revisão, ajustes e reelaboração das estratégias e me-


tas feitas anteriormente, os estudantes precisam refletir sobre a sua capacidade resolutiva
e identificar, através disso, suas potencialidades humanas. O texto de Bel Pesce valoriza
esse ponto ao dizer o quão importante é descobrir o que se faz bem para criar “o seu dife-
rencial” (Anexo 2).

Assim, deve-se orientar os estudantes a pensarem sobre duas situações: uma na qual o re-
sultado alcançado foi o melhor e outra na qual o erro ou falha foi mais difícil de corrigir. Isso
permite que os estudantes percebam o quão habilidosos são e que reconheçam seus pontos
fortes. Como Bel Pesce diz no texto, é mais fácil dar ênfase aos erros e não enxergar aquilo
que já fazemos muito bem. Identificar essas situações contribui para o desenvolvimento da
autoestima dos estudantes e gera confiança no desenvolvimento dos seus Projetos de Vida.

É importante explicar que o desenvolvimento de novas habilidades é uma necessidade


atual constante, fruto da adaptação humana às mudanças. Para sobreviver neste século
além de ter que se “reinventar” é preciso ter vontade de mudar, obsessão por aprender e
acrescentar inovação àquilo que se faz.

202 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


ATIVIDADE: TIMING DA INOVAÇÃO

Objetivos

• Identificar oportunidades de crescimento e inovação através dos erros


cometidos e problemas que surgem;
• Refletir sobre a liberdade de criação da própria vida e as oportunidades de cres-
cimento e inovação em detrimento dos riscos e problemas a serem enfrentados.

Desenvolvimento

O texto de Seth Godin (Anexo 3) conta uma das histórias da mitologia grega sobre Dédalo e
seu filho Ícaro que procuravam um jeito de fugir da prisão do labirinto do Minotauro – tenta-
tiva frustrada que culminou na morte de Ícaro por ele ter voado perto do sol e derretido as
asas feitas com mel de abelha e penas de gaivotas. O autor estabelece uma relação com a
cultura na qual somos criados – a de que “é melhor contentar-se com pouco a aventurar-se
na busca de coisas maiores, para não “correr o risco de perder o que se tem”. Ele fala das
limitações humanas impostas pelo próprio medo de perda – que nos imobiliza e exclui a
possibilidade de gerar novas aprendizagens. Construir um Projeto de Vida é mais que buscar
realizar sonhos, é poder através da confiança em si, ousar a aventurar-se ao desconhecido.
Claro que aventurar-se ao desconhecido não pode ser de qualquer jeito, por isso falamos da
importância do PA.

A partir de uma nova versão do próprio Plano de Ação elaborado pelo colega, o estudante deve
perceber se o medo e/ou cultura que Seth aborda no texto influencia na construção e desen-
volvimento do seu Projeto de Vida. Assim como, através do olhar do colega, o estudante pode
enxergar novas possibilidades de futuro e realização. Portanto, o exercício de pensar a respeito
do Projeto de Vida do outro e escutar a nova versão proposta pelo colega permite criar “timing”
sobre o que já existe e gerar estímulo para criar ou buscar coisas novas para a vida.

ATIVIDADE: SIGA A RECEITA DO BOLO

Objetivos

• Identificar na construção do Projeto de Vida pontos positivos que os estimulam


a querer ser melhor a cada dia;
• Elencar os principais resultados alcançados desde o início da construção do
Projeto de Vida até o momento presente.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 203


Desenvolvimento

Os estudantes são incentivados a fazer uma retrospectiva sobre a construção do seu Projeto de
Vida, destacando as suas principais conquistas. Esse exercício permite criar uma valorização
da própria trajetória e estimulá-los na superação dos desafios (Anexo 4).

Avaliação

Observe como os estudantes lidam com os seus erros e como buscam resolver os pro-
blemas. A forma como encaram os desafios na construção do Projeto de Vida precisa
demonstrar comprometimento e responsabilidade. É necessário que eles tenham che-
gado até a essas aulas entendidos sobre a aplicação do PA e, sobretudo, que tenham
compreendido que a eficiência da sua aplicação depende de vários fatores, como, por
exemplo, a sua própria capacidade de superação. Por este motivo, os estudantes devem
sentir-se encorajados a seguir em frente independentemente dos erros que cometeram e
precisam fazer uso daquilo que aprenderam e deu certo.

Em casa
Leia juntamente com os estudantes o conteúdo do Anexo 5 e esclareça o que
deve ser realizado em casa.
Respostas e comentários para a atividade
Nessa atividade os estudantes vão poder olhar para os seus problemas, erros
cometidos e dificuldades de uma forma diferente, por meio dos exemplos das
histórias de vida de outras pessoas. É uma oportunidade para ampliar a com-
preensão acerca da capacidade humana de superação, criatividade e inovação.

204 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Na estante

VALE A PENA LER

Livro: Pare de se sabotar e dê a volta por cima


Autor: Flip Flippen
Editora: Sextante
Ano: 2011
Número de páginas: 224
O que aconteceria se, em vez de você se concentrar naquilo que já fez
bem, passasse a identificar seus pontos fracos, aqueles comportamentos
que já viraram hábito, mas que continuam a impedir que alcance seu melhor desempenho?
Em “Pare de se sabotar e dê a volta por cima”, Flip Flippen mostra a importância do autoco-
nhecimento para se alcançar a satisfação pessoal e sucesso profissional. Ele acredita que,
uma vez identificadas as limitações de cada personalidade, é possível superá-las de forma
definitiva e atingir resultados gratificantes. O autor analisa diversos tipos de personalidade e
apresenta exemplos da vida real com os quais teve contato ao longo de sua carreira de psico-
terapeuta, revelando como as soluções inusitadas que sugeria para cada caso levaram os
indivíduos a refletir sobre seus comportamentos limitadores e a mudar de atitude a fim de
alcançar objetivos profissionais e pessoais. O programa de superação das limitações pes-
soais apresentado neste livro é bem simples e já ajudou a melhorar a vida de milhares de in-
divíduos, entre os quais líderes empresariais, executivos do mercado financeiro, educadores
e atletas. Ao corrigir comportamentos negativos, você irá se surpreender com um aumento
considerável em sua produtividade e uma melhora nos relacionamentos pessoais.52

Livro: Davi e Golias


Autor: Malcolm Gladwell
Editora: Sextante
Ano: 2014
Número de páginas: 245
Há três mil anos, num campo de batalha na antiga Palestina, um jovem
pastor derrubou um poderoso guerreiro com apenas uma pedra e uma
funda e desde então os nomes Davi e Golias simbolizaram as batalhas entre os mais fra-
cos e os gigantes. A vitória de Davi foi improvável e milagrosa. Ele não deveria ter ganhado.

52 FLIPPEN, F. Pare de se sabotar e dê a volta por cima. [S.l.]: Sextante, 2011. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?cb1ed1.
Acesso em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 205


Ou deveria? Em “Davi e Golias”, Malcolm Gladwell desafia nossas crenças sobre obstáculos e
desvantagens, oferecendo uma interpretação nova do que significa ser discriminado, enfren-
tar uma deficiência, perder pai ou mãe, frequentar uma faculdade medíocre ou sofrer uma
série de outros aparentes reveses. Gladwell começa pela história real do que ocorreu entre o
gigante e o jovem pastor tantos anos atrás e prova como, de fato, era Davi o grande favorito.
Em seguida, com sua habilidade característica para contar boas histórias e envolver o leitor,
ele narra importantes acontecimentos na vida de anônimos e famosos, introduzindo concei-
tos que nos levam a ver o favoritismo com outros olhos. O autor examina o conflito religioso
na Irlanda do Norte, a reação dos londrinos aos bombardeios alemães na Segunda Guerra,
a mente de pesquisadores do câncer e líderes negros dos direitos civis, os assassinatos e o
alto custo da vingança, e a dinâmica das salas de aula que obtêm bons e maus resultados –
tudo isso com o intuito de demonstrar que muita coisa bela e importante no mundo surge do
que pode ser visto inicialmente como sofrimento e adversidade. Na tradição dos sucessos
anteriores de Gladwell, “Davi e Golias” lança mão da história, da psicologia e de uma narrativa
poderosa para abalar e reformular nosso pensamento sobre o mundo à nossa volta.53

Texto de apoio ao professor54


A criatividade é a base para uma eficiente resolução de problemas em qualquer área. Entre
outras Habilidades Socioemocionais relacionadas a ela, como a adaptabilidade e a inovação,
a criatividade é insumo valorizado em qualquer contexto profissional contemporâneo, embora
possa ainda ser considerada, de forma pouco perceptiva, como desejável apenas em contextos
artísticos. O texto a seguir – extraído do livro “Educação em Quatro Dimensões: As competên-
cias que os estudantes devem ter para atingir o sucesso” – trata da importância da criatividade
para a resolução de problemas em diversas atividades humanas.

“A criatividade é tradicionalmente considerada a mais diretamente envolvida com os traba-


lhos artísticos. Embora essa associação tenha uma base histórica, a falsa equiparação da
criatividade exclusivamente com a arte é enganosa e foi descrita como viés artístico.

Nos últimos tempos, a criatividade tem sido considerada como parte integrante de uma ampla
variedade de conhecimentos e habilidades, incluindo: pensamento científico, empreendedoris-
mo, design thinking e matemática. Um estudo realizado pela IBM em 2010 entrevistou mais de
15.000 CEOs de 60 países e 33 setores industriais e relatou a criatividade como a qualidade de

53 GLADWELL, M. Davi e Golias. [S.l.]: Sextante, 2014. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?617023. Acesso em:
26 dez 2020.

54 FADEL, C. BIALIK, M. TRILLING, B. Educação em Quatro Dimensões: As competências que os estudantes devem ter
para atingir o sucesso. Boston: Center for Curriculum Redesign, 2015. p. 104-105.

206 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


liderança mais importante para superar os desafios crescentes de complexidade e incerteza no
mundo. A criatividade também é uma atividade humana extremamente recompensadora. De
acordo com Mihaly Csikszentmihalyi, “a maioria das coisas que são interessantes, importantes
e humanas são resultados da criatividade... Quando estamos envolvidos [na criatividade], sen-
timos que vivemos de forma mais plena do que nos outros momentos da vida”.

Os países começaram a se concentrar na reformulação da educação usando a criatividade


(resolução criativa de problemas, geração de ideias, design thinking etc.) e inovação. Em
2008, os currículos do ensino médio da Inglaterra foram reformulados para enfatizar a ge-
ração de ideias, e programas pilotos começaram a medir seu progresso. A União Europeia
estabeleceu o ano de 2009 como o Ano Europeu da Criatividade e Inovação e começou a
promover conferências e treinamentos para os professores sobre os métodos de aprendi-
zado baseados em projetos e problemas. A China começou reformas significativas na edu-
cação para substituir seu estilo tradicional de ensino baseado em memorização por uma
abordagem de ensino mais baseada em projetos e problemas. O Japão começou a imple-
mentar reformas educacionais e econômicas para resolver seu problema de criatividade.

O modelo dominante de criatividade na literatura de pesquisas define os indivíduos criati-


vos como aqueles que possuem habilidades de pensamento divergente, incluindo a produ-
ção de ideias, fluência, flexibilidade e originalidade. A ilustração na Figura 4.2 mostra cada
uma dessas qualidades e como elas se relacionam às respostas fornecidas em um teste de
criatividade dos estudantes.

Esse modelo de criatividade inspirou diversos exercícios de pensamento divergente e tes-


tes desenvolvidos para aumentar e medir a criatividade. Apesar da controvérsia na litera-
tura, uma meta-análise ampla identificou que atividades de pensamento divergente nos
testes preveem a realização criativa com mais precisão do que o teste de QI, embora os
dois estejam correlacionados de certa forma.

Em termos gerais, o ensino para a criatividade complementa o ensino do conhecimento


de conteúdo. O aprendizado aberto, a aprendizagem baseada em problemas (PBL), tem
maior probabilidade de estimular os estudantes a pensar de forma criativa do que os exer-
cícios com papel e caneta com apenas uma resposta correta. Preparar as pessoas para que
pensem com humor também aumenta a criatividade, pois faz com que o cérebro pense de
forma não necessariamente ligada à realidade. A brincadeira em geral é exclusivamente
apropriada para intensificar o pensamento criativo.”

Referência iconográfica:
PEXELS. Conceito Homem Papéis. Pixabay, 2015. 5472 × 3648 pixels.
Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?5a5bb6. Acesso em mai de 2021.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 207


Anexo 1

ATIVIDADE: ACERTOS E ERROS

1. Planejar, executar e acompanhar qualquer projeto não é fácil. Há uma lista interminável de
detalhes que, se não levados a sério, podem levá-lo a seguir o caminho errado. Nessa tarefa,
até mesmo as pessoas mais experientes falharam e cometeram muitos erros. Até que foram
capazes de aprender rapidamente com as suas falhas e conseguiram evitar problemas fu-
turos. Nas aulas anteriores, você aprendeu a identificar os principais problemas do seu PA e
corrigindo-os a tempo. Contudo, alguns erros podem ser sutis e, por isso, tornam-se difíceis
de serem notados. Assim, como saber se realmente você corrigiu o problema? Ou se esco-
lheu as ações mais adequadas naquele momento? Sobre isso, vamos propor um Check list
para você aplicar a cada uma das suas ações para que, dessa forma, possa avaliá-las.

Reflita sobre o emprego das suas ações corretivas.

• Foi possível perceber que o seu desempenho aumentou? De que forma?


• Suas ações corretivas representaram um único caminho a ser escolhido? Por
quê?
• Foram elas fruto de decisões racionais ou emotivas? Justifique sua resposta.
• Elas representaram o que você realmente queria fazer? Qual o seu grau de
satisfação quanto a elas?
• Ao executá-las você acha que perdeu tempo? Como isso se refletiu no seu PA?
• Elas representaram algum tipo de mudança de hábitos para você? Quais?
• Qual foi o seu grau de envolvimento para executar as ações? Justifique.
• Mesmo que elas não tenham sido as mais acertadas, existiu algum tipo de
recompensa/ vantagem/retorno positivo?
• Foram executadas a partir de uma lista de prioridades ou de urgências?
• Elas minimizaram suas fragilidades, ameaças ou riscos?

2. Até o momento olhamos os aspectos gerais dos desvios e acertos relacionados à ação
para combater um problema detectado no PA. Para entender melhor os fatores que interfe-
rem nesse processo, vamos retomar a operacionalização do seu Plano para que você possa
agir de maneira eficiente sobre eles. Essa é a lógica seguida pelo PDCA – O Ciclo Virtuoso
de Melhoria Contínua. Portanto, vamos buscar ajustar suas estratégias, metas e planos à
luz da sua experiência.

208 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Relembrando o Ciclo do PDCA:

3. A partir do check list realizado anteriormente, quais foram as ações corretivas que não
resultaram na solução dos seus problemas?

4. Verifique quais foram as estratégias e as metas correspondentes a cada uma das ações
citadas anteriormente. A depender do caso, ajuste ou reformule cada estratégia e meta.
Não esqueça que elas devem estar alinhadas à visão, missão e objetivos que você traçou.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 209


Anexo 2

ATIVIDADE: ZONA DE APRENDIZAGEM

A experiência adquirida ao longo da operacionalização do PA o fez chegar até aqui e lhe


proporcionou aprendizado, pois você pôde rever seus erros. Todavia, isso não significa que
tudo já foi aprendido, ao contrário: ainda há muito pela frente. Sobre o processo de revisão
– ajustes e reelaboração das estratégias e metas – feito na atividade anterior, existe algo
muito valioso que faz toda a diferença no sucesso do seu Projeto de Vida. É o valor que você
atribui àquilo que aprendeu e como aplica esse conhecimento na sua vida. Ou seja, o quão
importante é valorizar o que você sabe para fazer disso o seu diferencial. Sobre esse tema,
leia o texto de Bel Pesce e reflita sobre os elementos contidos no texto antes de responder
às questões que o seguem:

Sempre defendi fervorosamente que o autoconhecimento é uma das ferramentas


mais poderosas para a sua vida. Um benefício que o autoconhecimento traz, e que tem
um valor inestimável, é lhe dar consciência do que você sabe e do que você não sabe.

Pouca gente tem clareza sobre o seu diferencial. Aliás, tem uma pegadinha aqui. Às
vezes você não dá valor devido para as coisas que faz com maestria. Por quê? Porque
aquilo que você faz muito bem normalmente vem com tanta naturalidade que você não
percebe o quão valioso é. É mais fácil admirar aquilo que nos é mais difícil fazer.

No outro extremo, também são poucas as pessoas que têm clareza sobre seus pon-
tos fracos. Isso acontece porque os maiores pontos fracos de alguém podem ser me-
ras sutilezas. (...).

(...) Quando estamos pensando em diferenciais, eles podem ser sutilezas, não ne-
cessariamente habilidades amplas tais como programar ou escrever bem. Por exem-
plo, talvez seu maior diferencial seja saber acalmar as pessoas quando é preciso. Ou
talvez seja saber contar histórias cativantes. Ou talvez seja saber encantar com seu
brilho nos olhos.

Use seu dia para entender melhor quais características são o seu diferencial e quais
podem ser melhoradas. Só por saber o que você sabe e o que não sabe, você estará se
diferenciando.55

55 PESCE, B. A menina do vale 2. Rio de Janeiro: Le Ya, 2014. p. 100-101.

210 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


A partir da leitura do trecho do livro, reflita sobre os erros e acertos do seu PA e procure
descrever duas coisas:

• O melhor resultado alcançado por você no seu PA.


• O erro ou falha que foi mais difícil de corrigir no seu PA.

Agora, responda:

• Quais foram os fatores ou habilidades pessoais que não sabia que possuía,
mas que, ao utilizá-los, ajudaram você a alcançar o melhor resultado e a
corrigir o erro/falha mais difícil do seu PA?
• Refletindo sobre os fatores ou habilidades citados anteriormente, como você
acha que eles podem estimulá-lo a experimentar e a buscar coisas novas
para a sua vida? De que forma?

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 211


Anexo 3

ATIVIDADE EM DUPLA: TIMING DA INOVAÇÃO

Timing pode ser definido como a sensibilidade para enxergar um momento propício para a rea-
lização de algo, isto é, um tempo em que você percebe uma oportunidade para executar uma
ação especifica. O timing é fruto de experiências, fracassos e conquistas, bem como dos seus
instintos. De modo geral, “ter um timing” pode ser o mesmo que: “ter uma ideia a experimentar”
ou “começar algo novo”. É uma constante às “pessoas de timing” apresentarem a disponibilida-
de para aprender, a sensibilidade para interromper ou continuar algo, bem como, a necessidade
de experimentar coisas novas. A partir disso, leia o texto que segue abaixo:

A ilusão de Ícaro56

Bem ao sul da ilha grega de Samos está o Mar Icário (Mar Egeu). Diz a lenda que esse é o
lugar onde Ícaro morreu — vítima de sua arrogância.

Seu pai, Dédalo, era um exímio artesão. Condenado por sabotar a obra do rei Minos (que
capturou o Minotauro), Dédalo criou uma incrível trama para escapar da prisão, descrita no
mito que ouvíamos quando éramos crianças.

Criou um par de asas para ele e outro para seu filho. Depois de fixar as asas com cera, prepa-
raram-se para fugir. Dédalo alertou Ícaro para não voar muito perto do sol. Encantado com
sua capacidade mágica de voar, Ícaro desobedeceu e voou muito alto. Todos sabem o que
aconteceu: a cera derreteu e Ícaro, o filho adorado, perdeu suas asas, caiu no mar e morreu.

A lição desse mito: não desobedeça ao rei. Não desobedeça a seu pai. Não pense que você
é melhor do que realmente é e, acima de tudo, jamais acredite que você tem a capacidade
de fazer o que um deus pode fazer.

A parte do mito que não lhe contaram: além de dizer a Ícaro para não voar muito alto, Dédalo
instruiu o filho a não voar muito perto do mar porque a água destruiria a sustentação das asas.

A sociedade mudou o mito, incentivando-nos a esquecer a parte sobre o mar, e criou uma
cultura na qual somos constantemente lembrados dos perigos de nos levantarmos, nos
destacarmos e, assim, criarmos um tumulto. Os industrialistas tornaram a arrogância um
pecado capital, mas, de forma conveniente, ignoraram outro erro muito mais comum:
contentar-se com pouco.

56 GODIN, S. A ilusão de íÍcaro: exemplos na vida e no trabalho de pessoas que ousaram voar mais alto. ARAÚJO, A. M.
trad. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 27.

212 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


É muito mais perigoso voar muito baixo do que muito alto, porque parece seguro voar baixo.
Estabelecemos as expectativas baixas e sonhos pequenos e nos contentamos com menos
do que somos capazes. Ao voar muito baixo, decepcionamos não apenas a nós mesmos, mas
também àqueles que dependem de nós ou podem se beneficiar do nosso trabalho. Somos
tão obcecados pelo risco de brilhar que fazemos todo o possível para evitar isso.

O caminho disponível para cada um de nós não é nem a estupidez imprudente nem a obe-
diência negligente. Não, o caminho disponível é tornar-se humano, criar arte e voar muito
mais além do que aprendemos que seria possível. Criamos um mundo onde é possível voar
muito mais alto do que nunca e a tragédia é que, ao invés disso, fomos seduzidos a acredi-
tar que devemos voar cada vez mais baixo.

Considerando a liberdade de criação da própria vida – “de poder voar muito alto” –, discuta
com o seu colega sobre o seu Projeto de Vida e peça para ele propor, em linhas gerais, uma
nova versão do seu projeto.

Ele deve pensar de forma criativa em alguns pontos, como:

• Visão de futuro – “O seu lugar de chegada”;


• Objetivos pessoais – “Seus propósitos a médio prazo”;
• Ações – “O que fazer para alcançar os seus objetivos”;
• Resultados – “Suas conquistas pessoais”.

Depois, peça ao colega que lhe apresente “o seu projeto”. Pergunte a ele quais considera-
timing” em
ções fez na hora de reelaborar o projeto. Veja se essa nova versão gera alguns “timing
você. Dê sua opinião sobre elas. Caso tenha interesse, você pode pedir mais informações a
respeito do projeto. Tome nota de tudo.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 213


Anexo 4

ATIVIDADE EM DUPLA: SIGA A RECEITA DO BOLO

A aventura humana está em superar os próprios limites aprendendo com os próprios erros.
Na atividade anterior, você viu que construir um PA é se aventurar nas possibilidades da vida
de forma consciente, sabendo que cada passo dado pode levá-lo a uma conquista. Chegar ao
final destas aulas representa, sem dúvida, uma mudança, pois você poderá enxergar a vida
de outra forma e, consequentemente, poderá adquirir novos hábitos: ser proativo, começar
algo tendo em mente o objetivo a ser atingido, estabelecer prioridades, entre outras atitudes.
Porém, nada disso tem sentido se você realmente não levou a sério o seu Projeto de Vida,
pois “a receita do bolo” pode até ser uma das melhores e ensinar tudo passo a passo, mas o
grande diferencial dela está naquele segredo que ninguém conta para ninguém – que só você
detém. Pensando nisso, reflita sobre o seu Projeto de Vida e busque elencar alguns pontos
que fazem com que você queira ser melhor a cada dia, que o estimulem a não desanimar
diante dos problemas que ainda devem surgir.

Em seguida, crie um quadro utilizando uma folha de papel-ofício e canetas coloridas com
os principais resultados alcançados por você durante a construção do seu Projeto de Vida.
Procure trazer os resultados e as conquistas obtidas desde o início das aulas de Projeto de
Vida até hoje.

214 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 5

EM CASA

Faça uma pesquisa para descrever aqui alguns exemplos de pessoas que diante de um
“grande problema” transformaram suas vidas positivamente ou que enxergaram uma
oportunidade para crescer e mudar a vida de outras pessoas. Na próxima aula, conte essas
histórias a um colega seu.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 215


Aulas 25 e 26
Começar de novo. Sempre e sempre em frente.
A ilusão do definitivo

Chegamos à última aula do Projeto de Vida. Na introdução da primeira atividade desta


aula, trazemos a história do filme “Procurando Nemo” (Anexo 1) para abordar o tema que
servirá de ilustração para a temática abordada nas aulas que seguem: a busca de solução
para problemas e obstáculos, bem como a busca de aprimoramento dos conhecimentos.
O jingle “Continue a nadar, para achar a solução”, criado pela “peixinha” Dori no filme, será
a motivação para as aulas que seguem.

Nesta última aula, é interessante que os estudantes sejam capazes de recapitular o processo
de solução de problemas a fim de construir conhecimentos válidos para suas ações futuras.
O ciclo PDCA, em sua última fase Act, será o guia para estabelecer as ações de conclusão do
Plano de Ação, que infinitamente fará girar o PDCA. Da mesma forma, se faz compreender
que a conclusão desse ano de aprendizagem não se finaliza nesse momento, que os suces-
sivos giros do PDCA e a conscientização do uso do Plano de Ação como ferramenta para
possibilitar a realização do Projeto de Vida, não terminam aqui. Esperamos, assim, que a des-
pedida seja de muito trabalho e de significativas trocas e conhecimentos, de forma que todos
compreendam a importância de continuar a nadar para achar a solução.

216 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Objetivo Geral
• Recapitular todo o processo de solução de problema para estabelecer
ações futuras.

Materiais Necessários
• Cópia para cada estudante do Anexo 1: Conclusão do Plano de Ação;
• Cópia para cada estudante do Anexo 2: Atividade “O resgate – Continue a nadar”;
• Cópia para cada estudante do Anexo 3: Atividade “Act... para achar solução...”.

Roteiro

ATIVIDADES PREVISÃO
DESCRIÇÃO
PREVISTAS DE DURAÇÃO

Atividade: Apresentação da etapa de conclusão do PA,


O resgate: com retomada do Plano – do nível estratégi-
45 minutos
“Continue a co ao nível operacional – fazendo checagem
nadar...”. das estratégias realizadas e não realizadas.

Atividade: Act...
Act
Para achar a Aplicação do Ciclo PDCA no Projeto de Vida. 40 minutos
solução.

Avaliação. Retomada dos objetivos do encontro. 5 minutos

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 217


Orientações para as atividades

ATIVIDADE: RESGATE: “CONTINUE A NADAR”

Objetivos

• Retomar o Plano de Ação – nível estratégico;


• Observar Plano de Ação – nível operacional – estratégias;
• Recapitular etapas de identificação de problemas;
• Reflexão para novo planejamento.

Desenvolvimento

A atividade “Resgate: ‘Continue a nadar’” oferece planilhas para sistematização do Plano de


Ação. Os estudantes poderão iniciar uma reflexão resgatando informações de seu Plano de
Ação desde o nível estratégico – contexto, valores, visão, missão, premissas, prioridades,
objetivos, metas, indicadores e estratégias – até o nível operacional, a fim de fazer uma
checagem dos problemas que estão presentes em seu Plano de Ação. Problemas, estes,
que estejam impedindo o alcance dos resultados estabelecidos para cada estratégia, de
forma que possa compreender o que deve ser feito para atingir o resultado esperado, ou
seja, para atingir ao objetivo que está descrito em seu PA.

É esperado que ao final desta aula os estudantes consigam identificar problemas em


suas estratégias que estejam bloqueando ou impedindo o alcance de algum objetivo, pre-
parando informações para a construção de um plano estratégico que será trabalho para
a próxima aula.

ACT... PARA ACHAR A SOLUÇÃO”


ATIVIDADE: “ACT

Objetivos

• Recapitular o processo de solução de problemas no fluxograma;


• Construir um plano estratégico para bloquear um problema.

218 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Desenvolvimento

A atividade “Act ...para achar a solução” (Anexo 3), traz como proposta a construção de um
planejamento estratégico. Para tanto, é importante explorar junto aos estudantes, inicial-
mente, o boxe que traz um fluxograma recapitulando o processo de solução de problemas.
Essa leitura em conjunto pode facilitar e aquecer o trabalho com os estudantes para que
possam resgatar e reunir o conhecimento já acumulado para construir o plano estratégico
de solução de problemas. Em seguida, os estudantes devem estabelecer um novo plano,
focando no que não deu certo, no que impediu que seu objetivo fosse alcançado. Fazendo
seu ciclo PDCA girar.

Avaliação

Observe se os estudantes são capazes de identificar problemas em suas estratégias e se


conseguem construir uma sequência lógica de reflexão para identificar a causa e os efeitos
dos problemas de seus Planos. Também é importante que consigam fazer a transição da
identificação do problema para o estabelecimento de novo plano, a fim de bloquear o apa-
recimento do problema e conseguir alcançar o objetivo almejado. Cumpre entenderem que
essas etapas de trabalho correspondem à fase Act e preparação para Plan, do Ciclo PDCA.

Texto de apoio ao professor

APRENDER A APRENDER57

Se não caiu a ficha, está na hora de cair: a maior parte do conhecimento teórico e prático
já produzido pela humanidade está disponível na internet, de graça e abertamente. Quem
tiver a curiosidade e a energia necessárias pode tomar nas mãos os caminhos do próprio
aprendizado. Esse é um desafio para o sistema educacional: a missão da escola nos dias de
hoje passa a ser ensinar a aprender dentro desse novo contexto em que vivemos.

Quem viu o documentário sobre Aaron Swartz (“O Menino da Internet”), disponível também
de graça e abertamente no YouTube, deve se lembrar da cena em que ele, com poucos anos
de idade, aprende a ler sozinho. Em depoimento para a câmera, seus pais dizem: “Aaron
aprendeu muito cedo a aprender”. Apesar de nunca ter completado a faculdade, circulava
entre educadores das melhores universidades e conversava com eles como igual.

57 LEMON, R. Aprender a aprender. Folha de S.Paulo. 10 fev 2015. Disponível em: icebrasil.org.br/surl/?f0dc69. Acesso
em: 26 dez 2020.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 219


Swartz aprendeu no mesmo lugar – a internet – tanto a programar quanto a ler clássicos
da filosofia política (como Henry David Thoreau, um dos seus favoritos). Qualquer um pode
seguir seu caminho.

Não importa onde você mora, quão boa ou ruim é a sua escola, qual é sua condição
socioeconômica: se você estiver conectado à rede e se organizar, pode ter acesso à
mesma informação disponível nas melhores escolas do planeta.

Dá para aprender tudo na rede. Matemática, química e física para os ensinos médio e
fundamental estão disponíveis na Khan Academy (já traduzida em português). Cursos
universitários inteiros de Harvard e do MIT estão também na rede, por meio de iniciativas
como o Open Courseware e o HarvardX. Os “syllabi” – programas dos cursos – de várias
universidades de ponta também estão on-line (e a maioria de suas indicações de leitura
estão também na rede).

Quer aprender habilidades práticas? Sites como o Wikihow ensinam a, literalmente, fazer
qualquer coisa. De consertar a bicicleta a fazer uma planilha em Excel.

Além desses “sites-ilha” que organizam conteúdos, há também um vasto oceano de partículas
de informação espalhadas pela rede, todas facilmente encontráveis. De vídeos postados por
voluntários no YouTube com tutoriais de desenho industrial a aulas de agronomia.

Se algo não estiver disponível, basta entrar em um dos fóruns especializados de cada campo
do conhecimento, que reúnem usuários dispostos a se ajudar.

Muita gente vai dizer que boa parte desse conteúdo só está disponível em inglês. Não tem
problema. Dá para aprender inglês (e várias outras línguas) pela internet. Sites como o Duo-
lingo – com modelos de aprendizado gratuito – têm se tornado cada vez mais populares
justamente por sua eficácia.

Claro que não dá para ignorar o papel dos professores, que mais do que nunca são essen-
ciais. Mas entramos no momento em que o aprendizado tornou-se mais importante do que
a educação. Isso gera enorme pressão sobre o sistema educacional. E pressão ainda maior
sobre cada um de nós. Não temos mais desculpa para não aprender.

Referência iconográfica:
Imagem: Freepik.com. Young girl balancing on railway. 2019. 3627 x 2421 pixels. Disponível em: ice-
brasil.org.br/surl/?063beb. Acesso em mai de 2021.

220 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 1

ATIVIDADE: CONCLUSÃO DO PLANO DE AÇÃO

Você deve ter assistido ao filme “Procurando Nemo”. Ele mostra a saga de um peixe-pai que
viu seu filho ser levado para um barco, capturado por mergulhadores. Estava próximo ao
temido paredão, que antes havia sido cenário de perdas significativas para o peixe palhaço
Marlin: ali morrera sua companheira e filhos, restando apenas Nemo, o filho agora desapa-
recido. A partir de então, acompanhamos o drama vivenciado pelo pai, que se lança ao mar
aberto com o objetivo de reencontrar o filho. Em princípio, ele não sabia aonde ir, nem o que
faria para alcançá-lo, pois seguir o rastro do barco, única ação inicialmente empreendida,
tornou-se, logo, impossível, dada a sua velocidade. No entanto, durante sua caminhada,
com uma missão claramente estabelecida, Marlin encontra uma parceira, a “peixinha” Dori,
que apesar de sofrer de “perda de memória recente” guarda importantes conhecimentos
que ajudarão o pai desesperado a romper alguns obstáculos durante sua jornada. Uma
máscara de mergulho, com possível endereço dos mergulhadores, é uma peça-chave para
o plano de ação de Marlin. Quem irá conseguir decifrar o que está escrito é Dori. Daí em
diante a trama segue, encontrando informações e informantes, apoios para superar os
obstáculos e solucionar o problema de alcançar Nemo.

A busca de solução para os problemas e obstáculos, bem como a busca pelo aprimoramen-
to de conhecimentos são temas abordados no filme. Ao assistir os enfrentamentos da saga
de um herói que, ao estabelecer um objetivo, encontra inúmeros obstáculos e dilemas, nos
reforça a compreensão da necessidade de criar diferentes estratégias para obter o resulta-
do almejado em um plano e ter sucesso no Projeto de Vida.

Nesta última aula, interessa-nos recapitular todo o processo de solução de problemas a fim de
estabelecer conhecimentos válidos para futuras ações no Plano de Ação. Também se cumpre
entender do que estamos nos despedindo, neste momento, já que esta é nossa última aula.

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 221


Anexo 2

ATIVIDADE: O RESGATE – “CONTINUE A NADAR”

A melhoria de desempenho das ações já foi apresentada a você em aulas anteriores – com
o Ciclo PDCA. Planejar, executar, avaliar e ajustar corretivamente é imprescindível para en-
contrar a solução de problemas, romper obstáculos, alcançar objetivos, alinhados à visão
de futuro conforme delineada no seu Projeto de Vida. A Conclusão do Plano de Ação acon-
tece na etapa Act (ajustar corretivamente) do Ciclo PDCA. Duas importantes tarefas são
realizadas nessa etapa: a padronização e a conclusão do PA.

Na aula anterior, você trabalhou a importância da padronização para a solução de proble-


mas. Nesta aula, vamos recapitular as atividades desenvolvidas em seu Plano de Ação,
desde o nível estratégico, em que você fundou as bases de seu Projeto de Vida, até o nível
operacional, em que foram executadas as ações.

1º Passo: Resgate informações do seu Plano de Ação.

1 - CONTEXTO 2 - VALORES 3 - VISÃO 5 - PREMISSAS

LONGO
PRAZO 4 - MISSÃO

6 - OBJETIVOS 7 - PRIORIDADES

MÉDIO
PRAZO

8 - METAS 9 - INDICADORES 11 - ESTRATÉGIAS -


DE RESULTADOS Ações

CURTO
PRAZO

10 - INDICADORES
DE PROCESSOS

222 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


2º Passo: Observe as estratégias adotadas, comparando os resultados esperados com os
alcançados.

1 - ESTRATÉGIAS DO 2 - RESULTADOS ESPERADOS


PLANO DE AÇÃO:

O QUE DEVERIA O QUE ACONTECEU?


ACONTECER?

COMO E QUANDO ACONTECEU?

3 - CONCLUSÃO:

3º Passo: Reavalie as estratégias que não atingiram o resultado esperado e as ações pendentes.

ESTRATÉGIAS OU AÇÕES RESULTADOS ESPERADOS


PENDENTES E QUE NÃO
ATINGIRAM RESULTADOS

POSSÍVEIS PROBLEMAS QUE BLOQUEARAM OU


IMPEDIRAM A REALIZAÇÃO DAS AÇÕES/ ESTRATÉGIAS

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 223


4º Passo: Relacionar os problemas às possíveis causas.

PROBLEMAS POSSÍVEIS CAUSAS (HIPÓTESES)

5º Passo: Identifique as características dos problemas nos aspectos seguintes.

CARACTERÍSTICAS DOS PROBLEMAS

Definição das metas (SMART)

Tempo

Ameaças X Fraquezas

Apoios

Comunicação

Treinamento, formação, novos


métodos e/ou habilidades

Recursos

224 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


Anexo 3

ACT... PARA ACHAR A SOLUÇÃO...”


ATIVIDADE: “ACT

A construção de um novo plano estratégico se inicia no exato momento em que você con-
clui o que aconteceu entre a projeção de sua estratégia, dos resultados esperados e dos
resultados realmente alcançados. A partir dessa observação e da conclusão desse ponto,
você abre possibilidades para criar um novo plano e focar no que não deu certo, no que
impediu que seu objetivo fosse alcançado.

Nesta atividade, você irá criar um plano estratégico para um problema que você tenha iden-
tificado nas suas estratégias e irá refletir quais ações poderão ser realizadas para alcançar
o resultado esperado.

1 - CONTEXTUALIZAR: (re- 2 - OBJETIVOS (para bloquear 3 – PRIORIDADES (o que é ur-


lacionar as expectativas e o problema) gente para o bloqueio)
os resultados alcançados,
definindo o problema e a
situação atual de seu PA)

4 - METAS (quais são os alvos operacionais para atingir os objeti-


vos e as prioridades?)

5 - O QUE FAZER?

O QUE fazer? QUANDO fazer? COMO fazer?

6 - INDICADORES DE RESUL- 7 - INDICADORES DE PROCES-


TADOS (como vai saber se SOS (é preciso assimilar novos
chegou?) métodos?)

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 225


Para refletir
Se há um campo da atividade humana em que seria recomendável uma avalia-
ção de Ciclo PDCA constante, esse campo é a relação que temos com o meio
ambiente. Uma boa relação com o planeta, com a natureza, com as demais
espécies e com os recursos disponíveis na Terra deveria, inevitavelmente, rea-
valiar constantemente, com sinceridade e critério, se o modo como estamos
conduzindo nosso Plano de Ação como humanidade demanda ajustes e re-
direcionamentos. Nem é preciso dizer que se isso fosse feito, e o diagnóstico
fosse levado em conta, estaríamos reduzindo nosso consumo, nossos deslo-
camentos e o uso dos recursos não-renováveis em grande medida. Não é, no
entanto, o que verificamos na prática. O texto a seguir é parte de “21 lições
para o século 21”, de Yuval Noah Harari, e sugere uma reflexão final necessá-
ria nesse ciclo que estamos terminando junto aos conteúdos curriculares de
Projeto de Vida. Assim como todo ciclo – conforme aprendemos –, que nossa
reflexão não pare por aqui e se aplique a nossa vida, aos nossos projetos e ao
nosso Projeto de Vida.

O desafio ecológico58
Além da guerra nuclear, nas próximas décadas o gênero humano vai enfren-
tar uma nova ameaça existencial que os radares políticos mal registravam em
1964: o colapso ecológico. Os humanos estão desestabilizando a biosfera glo-
bal em múltiplas frentes. Estamos extraindo cada vez mais recursos do meio
ambiente, e despejando nele quantidades enormes de lixo e veneno, mudan-
do a composição do solo, da água e da atmosfera. Não temos sequer ideia
das dezenas de milhares de maneiras com que rompemos o delicado equi-
líbrio ecológico que se configurou ao longo de milhões de anos. Considere,
por exemplo, o uso de fosfato como fertilizante. Em pequenas quantidades é
um nutriente essencial para o crescimento de plantas. Mas em quantidades
excessivas torna-se tóxico. A agricultura industrial moderna baseia-se em fer-
tilizar artificialmente os campos com muito fosfato, mas a grande quantidade
de fosfato que escorre das fazendas vai envenenar rios, lagos e oceanos, com
impacto devastador na vida marinha. Um agricultor que cultiva milho em Iowa
pode estar inadvertidamente matando peixes no golfo do México. Como resul-
tado dessas atividades, hábitats são degradados, animais e plantas são extin-
tos e ecossistemas inteiros, como a Grande Barreira de Corais australiana e a
Floresta Amazônica, podem ser destruídos. Durante milhares de anos o Homo
sapiens comportou-se como um assassino em série ecológico; agora está se

58 HARARI, Y. N. 21 lições para o século 21. GEIGER, P. trad. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 150-153.

226 Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano


metamorfoseando num assassino em massa ecológico. Se continuarmos no
curso atual, isso não apenas causará a aniquilação de um grande percentual
de todas as formas de vida como poderia também solapar os fundamentos
da civilização humana. A ameaça maior é a mudança climática. Os humanos
existem há centenas de milhares de anos, e sobreviveram a inúmeras idades
do gelo e ondas de calor. No entanto, a agricultura, as cidades e as sociedades
complexas existem há menos de 10 mil anos. Durante esse período, conheci-
do como Holoceno, o clima da Terra tem sido relativamente estável. Qualquer
desvio dos padrões do Holoceno apresentará às sociedades humanas desa-
fios enormes com os quais nunca se depararam. Será como fazer um experi-
mento em aberto com bilhões de cobaias humanas. Mesmo que a civilização
se adapte posteriormente às novas condições, quem sabe quantas vítimas
perecerão no processo de adaptação? Esse experimento aterrorizante já foi
acionado. Ao contrário de uma guerra nuclear — que é um futuro potencial —,
a mudança climática é uma realidade presente. Existe um consenso científi-
co de que atividades humanas, particularmente a emissão de gases de efeito
estufa como o dióxido de carbono, estão fazendo o clima da terra mudar num
ritmo assustador. Ninguém sabe exatamente quanto dióxido de carbono po-
demos continuar lançando na atmosfera sem desencadear um cataclismo ir-
reversível. Mas nossas melhores estimativas científicas indicam que, a menos
que cortemos dramaticamente a emissão de gases de efeito estufa nos próxi-
mos vinte anos, a temperatura média global se elevará em 2°C, o que resultará
na expansão de desertos, no desaparecimento de calotas de gelo, na elevação
dos oceanos e em maior recorrência de eventos climáticos extremos, como
furacões e tufões. Essas mudanças, por sua vez, vão desmantelar a produção
agrícola, inundar cidades, tornar grande parte do mundo inabitável e despa-
char centenas de milhões de refugiados em busca de novos lares. Além disso,
estamos nos aproximando rapidamente de um certo número de pontos de
inflexão além dos quais mesmo uma queda dramática na emissão de gases
de efeito estufa não será suficiente para reverter essa tendência e evitar uma
tragédia de abrangência mundial. Por exemplo, à medida que o aquecimento
global derrete os mantos de gelo polar, menos luz solar é refletida do planeta
Terra para o espaço. Isso quer dizer que o planeta estará absorvendo mais
calor, as temperaturas se elevarão ainda mais e o gelo derreterá ainda mais
rapidamente. Quando esse ciclo ultrapassar um limiar crítico, ele vai criar um
impulso próprio irresistível, e todo o gelo das regiões polares derreterá mes-
mo que os humanos parem de queimar carvão, petróleo e gás. Por isso não
basta que reconheçamos o perigo que enfrentamos. É crucial que façamos
algo quanto a isso agora. Infelizmente, em 2018, em vez de haver uma redução
na emissão de gás de efeito estufa, a taxa global de emissão está aumentando.
A humanidade dispõe de muito pouco tempo para se desapegar dos combus-
tíveis fósseis. Temos de começar a desintoxicação hoje. Não no ano ou no mês
que vem, mas hoje. “Oi, sou o Homo sapiens, e sou viciado em combustível fóssil”.”

Caderno do Professor • Projeto de Vida • Ensino Médio • 3º ano 227

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