Texto - Unidade 3
Texto - Unidade 3
Texto - Unidade 3
de Saúde e
DE EDUCAÇÃO
Reforma Sanitária
PERMANENTE
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE
O desafio da
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regionalização e
da efetivação das
redes de atenção
Nessa última estação de nossa viagem inicial de conhecimento sobre a História da Política
de Saúde no Brasil, iremos explorar alguns aspectos do funcionamento do sistema que
são decisivos para assegurar a integralidade do cuidado e assim atender as demandas de
usuários e profissionais vinculados à Atenção Primária, são eles: a regionalização e a estru-
turação das redes de atenção.
Você já deve compreender que a participação social, como demonstrado na nossa situação
problema, só é possível devido ao grande movimento popular que ocorreu na história da
política de saúde no Brasil, colocando a participação popular como princípio do SUS. Todavia,
os desafios são muitos para promover um modelo de atenção coerente com o proposto pelo
movimento da reforma sanitária. Vamos continuar nossa viagem?
Nessa perspectiva, a opção por modelos, condicionada pela pressão de grupos de interesses
em cada sociedade, é o que define as prioridades na formulação e na implementação de polí-
ticas específicas e programas de âmbito nacional. No Brasil, esse processo de mudança do
modelo e das práticas de atenção tem se feito de modo incremental e descompassado entre as
várias áreas de atuação do sistema. Após a instituição do SUS, em 1990, as mudanças se refle-
tem no fortalecimento do sistema de vigilância em saúde, na ampliação e na institucionalização
da Atenção Básica/Atenção Primária em Saúde, na formulação e na implementação de políticas
específicas materializadas na estruturação das Redes de Atenção, como no caso da Rede Cego-
nha e da Rede de Urgência e Emergência, com a criação do SAMU e do programa das UPAs.
Esse instrumento normativo preconiza que a região de saúde, para ser instituída, deve con-
ter, no mínimo, ações e serviços de:
1) atenção primária;
2) urgência e emergência;
3) atenção psicossocial;
4) atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
5) vigilância em saúde.
Nesse novo contexto, pós-pacto, as regiões de saúde são definidas no âmbito das CIBs, em
cada estado, e as comissões intergestoras regionais – CIR(s) constituem-se em instâncias
de governança do processo de regionalização, que deve estar assentado no Planejamento
Políticas Públicas de Saúde e Reforma Sanitária
O desafio da regionalização e da efetivação das redes de atenção 3
Regional Integrado e na contratualização de responsabilidades entre os entes, sob a coorde-
nação das Secretarias Estaduais de Saúde.
Uma das diretrizes básicas do SUS para garantir a atenção à saúde dos usuários é a da integra-
lidade do cuidado, que pressupõe uma visão integral do sujeito que se cuida e a integração de
ações curativas, preventivas, reabilitadoras e de promoção à saúde. Para que ela se materia-
lize, os sistemas de saúde têm buscado instituir mecanismos e processos de integração entre
serviços e ações que assegurem a continuidade do cuidado nos diversos níveis de atenção.
A Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, em 2008, com base em consultas aos países
membros apresentou uma proposta conceitual intitulada “Redes Integradas de Serviços de
Saúde Baseadas na Atenção Primária”, na qual se define rede como “uma rede de organiza-
ções que provê, ou faz arranjos para prover serviços de saúde equitativos e integrais a uma
população definida e que está disposta a prestar contas por seus resultados clínicos e econô-
micos e pelo estado de saúde da população a que serve” (KUSCHNIR; CHORNY, 2010, p. 2314).
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são conceituadas, nessa Portaria Nº 4279/2.010, como
[...] arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnoló-
gicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam
garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010).
O decreto 7.508/2011, em seu artigo 7º, estabelece que “as Redes de Atenção à Saúde esta-
rão compreendidas no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonância
com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores”.
[...]
Destaca ainda:
O processo de implementação das redes de atenção, no período 2011 a 2016, foi associado
a programas governamentais que viabilizaram os investimentos estruturais e o custeio dos
serviços que possibilitaram a expansão de serviços. Contudo, os entraves da gestão, as limi-
tações no financiamento e as dificuldades de integração entre os entes federados no espaço
regional dificultaram o planejamento regional integrado e a implantação e a coordenação
dos serviços para constituição das redes projetadas nos Planos elaborados e aprovados nas
Comissões regionais de Saúde, e muitos deles permanecem como “letra morta” a clamar por
vida para potencializar o cuidado aos usuários que projetaram.
O contexto político vivido pelo país e a condução atual do Ministério da Saúde trazem novos
elementos para a análise sobre os rumos do SUS, que merecem ser discutidos no âmbito
dos fóruns do curso.