Influência Do Tamanho Do Pilar Na Resistência À Punção de Lajes Lisas de Concreto Armado
Influência Do Tamanho Do Pilar Na Resistência À Punção de Lajes Lisas de Concreto Armado
Influência Do Tamanho Do Pilar Na Resistência À Punção de Lajes Lisas de Concreto Armado
de Concreto Armado
Influence of Column Size in the Punching Resistance of RC Flat Slabs
Manoel J. M. Pereira Filho (1); Douglas F. A. Santos (1); Antônio C. C. Magalhães (2);
Aarão F. Lima Neto (3); Bernardo N. Moraes Neto (4); Mauricio P. Ferreira (4).
Resumo
Este artigo avalia a influência do tamanho do pilar na resistência à punção de lajes lisas de concreto armado
sem armaduras de cisalhamento. Nestas análises, foram consideradas as recomendações das normas
NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014), Eurocode 2 (2010) e fib Model Code 2010 (2011), as quais são avaliadas
em função de um vasto banco de dados, formado à partir da seleção de 157 resultados experimentais de
ensaios em lajes diferentes características a fim de cobrir uma gama de parâmetros usuais na prática de
projeto. Neste estudo, a dimensão do pilar é avaliada em função do parâmetro c/d, que relaciona a
dimensão do pilar c (lado/diâmetro) e a altura útil da laje d, e o dimensionamento é discutido a partir do
parâmetro λ=Vexp/Vteo, sendo Vexp a carga experimental observada no ensaio e Vteo a carga teórica fornecida
pelos códigos de projeto. Ressalta-se que o banco de dados abrange resultados de lajes com relação c/d
variando de 0,5 a 8. Nas análises discute-se a influência de c/d sobre λ, abordando aspectos relacionados à
precisão, à dispersão e ao nível de conservadorismo das respostas. Adicionalmente, é apresentada uma
adaptação do critério de penalidade proposto por COLLINS (2001), o Demerit Points Classification – DPC,
que analisa o parâmetro λ das propostas de cálculo. Os resultados indicam um impacto da relação c/d sobre
λ, conduzindo na NBR 6118 (2014) a resultados contra a segurança à medida que c/d aumenta. Destaca-se
que o Model Code 2010 e o Eurocode 2 são as propostas menos afetadas.
Palavra-Chave: Concreto Armado, Laje lisa, Punção.
Abstract
This article assesses the influence of the size of the column in the resistance to puncture flat slabs of
reinforced concrete without shear reinforcement. The analyzes are considered the recommendations of NBR
6118 standards (2014), ACI 318 (2014), Eurocode 2 (2010) and fib Model Code 2010 (2011), which are
assessed against a vast database, formed the from the selection of 157 experimental test results on different
slabs features to cover a range of parameters in the usual design practice. In this study, the extent of the
pillar is evaluated as a function of the parameter c / d, which relates the size of the c-pillar (side / diameter)
and the useful height of the slab d, and the scaling is discussed as Vexp = the parameter λ / Vteo, Vexp and
the experimental load observed in this trial and Vteo the theoretical load provided by the design codes. It is
noteworthy that the database includes results slabs with respect c / d ranging from 0.5 to 8. In the analyzes
we discuss the influence of c / d on λ, addressing aspects related to the accuracy, dispersion and level
conservatism of the answers. In addition, we present an adaptation of the penalty criterion proposed by
COLLINS (2001), the Demerit Points Classification - DPC, which analyzes the parameter λ of calculation
proposals. The results indicate an impact on the ratio c / d of λ, leading NBR 6118 (2014) the results to the
security as c / d increases. It is noteworthy that the Model Code 2010 and Eurocode 2 are the proposals less
affected.
Keywords: Reinforced concrete, Flat slabs, Punching.
Figura 1 – Deformações verticais nos pilares da laje R2 de Moe (Adaptado de MOE (1961))
SAGASETA et al. (2014) observou, em analises computacionais não lineares, que para
lajes com relação C/d=1 a concentração dos esforços nos cantos dos pilares de lajes não
é tão evidente, enquanto que para lajes com C/d=4 torna-se perceptível a concentração
a) C/d= 1 b) C/d = 4
Figura 4 – Campo de tensões e distribuição de esforções normais no perímetro de 0,5d do pilar.
fonte: SAGASETA et al.(2014)
2 Recomendações Normativas
2.1 ACI 318 (2014)
Para o dimensionamento a punção de lajes lisas o ACI recomenda que a resistência à
punção seja determinada a partir de uma tensão resistente aplicada em um perímetro de
controle, afastado do pilar a uma distancia de d/2 passando no meio de uma fissura de
45º, ao longo da altura útil. A Figura 5 mostra um perímetro de controle correspondente ao
recomendado pelo ACI.
0,33 ∙ ∙ ∙ (Equação 1)
∙ ∙ 100 ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ (Equação 3)
Onde:
CR é um fator empírico que pode ser obtido através de:
0,18 0,18 ∙ 0,1 ∙ 0,6 0,15
0,02
é a taxa de armadura de flexão respeitando os limites de 0,5 ∙
u0 é o perímetro do pilar.
0,0525 ∙ ∙ ; para 600 mm
vminé a tensão mínima obtida através de ;
0,0375 ∙ ∙ ; para 800
podendo usar interpolação para valores intermediários.
3 Metodologia de Análise
Foi coletado um banco de dados com 247 lajes lisas de diversos autores disponíveis na
literatura. Houve o cuidado na seleção para que todas as lajes tivessem pilares
quadrados, carregamento centrado, ruptura por punção e sem armaduras de
cisalhamento. As faixas dos resultados de cada autor e em resumo do banco de dados
inteiro estão na Tabela 1.
Tabela 2 – Adaptação do critério de COLLINS (2001) – DPC apud MOARES NETO (2013)
Vu/Vteo Classificação Penalidade
<0,50 Extremamente Perigoso 10
[0,5-0,85[ Perigoso 5
[0,85-1,15[ Segurança Apropriada 0
[1,15-2,00[ Conservador 1
2,00 Extremamente Conservador 2
Através das Figuras 9 e Figura 10 podemos fazer uma analise da dispersão dos
resultados. De modo geral, as recomendações do EC 2, da NBR e do ETA, por se
basearem na em uma recomendação em comum, apresentam uma dispersão dos seus
resultados aproximada. Na Figura 10 observa-se que a NBR possui muitos resultados
abaixo do limite de segurança, simplesmente por não travar o efeito de escala e a taxa e
armadura de flexão. O ACI se mostrou o mais disperso das recomendações
possivelmente por não considerar a taxa de armadura de flexão em suas previsões.
A partir das influencias dos parâmetros, observa-se que os resultados da NBR para C/d
elevado são abaixo da segurança, porem estas lajes são de MOWRER e VANDERBILT
(1967) e VANDERBILT (1972), todas com d menor que 80, as quais sem mantem abaixo
da segurança por não haver os travamentos realizados pelo Eurocode 2 e ETA. Vale
salientar que a média dos resultados do ACI é bastante afetada pela taxa de armadura de
flexão.
b) Influência do parâmetro fc
c) Influência do parâmetro d.
d) Influência do parâmetro ρ
Figura 11 – Influência de diversos parâmetros nas previsões das recomendações.
ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 11
Tabela 3 – Classificação segundo o critério de COLLINS (2001) – DPC apud MOARES NETO (2013)
Vu/Vteo <0,50 [0,50-0,85] [0,85-1,15] [1,15-2,00] >2,00 Total Média C. V. R. C. S. (%)
Nº de Lajes 0 25 51 160 3 239
ACI 1,28 0,26 21
Penal. Total 0 125 0 160 6 291
Nº de Lajes 0 13 107 119 0 239
EC2 1,17 0,19 25
Penal. Total 0 65 0 119 0 184
Nº de Lajes 0 77 147 15 0 239
NBR 0,92 0,17 70
Penal. Total 0 385 0 15 0 400
Nº de Lajes 0 10 101 128 0 239
ETA 1,18 0,18 23
Penal. Total 0 50 0 128 0 178
5 Conclusões
Neste artigo foram feitas análises comparando-se os resultados teóricos obtidos segundo
recomendações das normas ACI 318, Eurocode 2, ABNT NBR 6118 e ETA 12/5404 com
resultados experimentais de ensaios em lajes lisas de concreto armado. Isto foi feito com
o objetivo de avaliar a influência do tamanho do pilar na resistência última à punção das
lajes. Foi possível concluir que:
E de modo geral,as equações das recomendações estimam bem essa redução da tensão
resistente por serem baseadas provavelmente em bancos de dados com C/d elevado,
onde, entre as demais recomendações, o ETA e o EC2 tiveram os resultados mais
satisfatórios.
6 Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer pelo apoio a esta e a outras pesquisas à:
Universidade Federal do Pará; ao Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia
(NDAE); ao Campus de Tucuruí; à Eletronorte; e às Agências de fomento CNPq, CAPES
e FAPESPA.
MOE, J. (1961). Shearing Strength of Reinforced Concrete Slabs and Footings under
Concentrated Loads. Bulletin Nº D47, Portland Cement Association Research and
Development Laboratories, Illinois.
REGAN. P. E. et al. (1979). Tests of reinforced concrete flat slabs. CIRIA Project Nº.
RP 220. Polytechnic of Central London; 1979
SUNDQUIST H, KINNUNEN S. (2004) The effect of column head and drop panels on
the punching capacity of flat slabs. Bulletin No. 82. Department of Civil and
Architectural Engineering. Royal Institute of Technology. Stockholm, 24 pp. (in Swedish
with summary and Figure captions in English).