Smart 4.0
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Smart 4.0
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Prof. Álvaro Paz Graziani
Integração de forma inovadora da realidade virtual, da realidade aumentada e tecnologias
avançadas, como inteligência artificial e gêmeos digitais, na estrutura educacional dos
programas do ensino superior do Centro Universitário SENAI (UniSENAI) Joinville, com foco
no aprimoramentoda experiência de aprendizado dos alunos e parceiros de negócio,
proporcionando simulações imersivas, análises preditivas e insights acionáveis.
Palavras-chave: Gêmeos digitais; simulação computacional; realidade aumentada;
realidade virtual; indústria 4.0; educação 4.0.
INTRODUÇÃO
O SENAI é um dos mais importantes polos nacionais de geração e difusão de conhecimento
aplicado ao desenvolvimento industrial. Apoia os setores econômicos por meio da formação
profissional e aperfeiçoamento da sua força de trabalho, de seus recursos humanos e da
prestação de serviços como assistência ao processo produtivo, serviços de laboratório,
pesquisa aplicada e informação tecnológica.
O SENAI/SC, por meio dos Institutos SENAI de Inovação, Institutos SENAI de Tecnologia e
do UniSENAI constituem a maior rede de ICTs voltada para a indústria da América Latina.
Em Santa Catarina, os Institutos atuam por meio de três unidades dedicadas à inovação e
pesquisa aplicada, mais sete institutos de tecnologia, com serviços de metrologia e
consultoria tecnológica. O Centro Universitário SENAI/SC, o UniSENAI, compõem-se de
uma sede localizada em Blumenau e mais quatro campi, posicionados em Chapecó,
Florianópolis, Jaraguá do Sul e Joinville. O UniSENAI atua com ensino de graduação e
pós-graduação lato sensu e prima pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão, propiciando aos acadêmicos a atuação em ações de extensão e atividades de
pesquisa básica e aplicada.
O papel dos Institutos SENAI de Inovação (ISI) nasceu com sua missão atrelada ao
desenvolvimento industrial de Santa Catarina. O objetivo da instituição é estimular as
fábricas de pequeno, médio e grande porte a se tornarem mais produtivas e competitivas.
Por meio da pesquisa aplicada, forma uma rede multidisciplinar, complementar e
estratégica. É por meio dela que são desenvolvidos novos processos e produtos, soluções
industriais customizadas e serviços técnicos. O Instituto de Sistemas Embarcados,
localizado em Florianópolis (SC), desenvolve soluções em software, hardware e ciência de
dados (como inteligência artificial), gerando novos produtos que abrangem transformação
digital, IoT (Internet das Coisas) e Indústria 4.0. Já o Instituto de Sistemas de Manufatura e
Processamento a Laser, com base em Joinville (SC), atua na fabricação e no reparo de
componentes, aplicando técnicas de manufatura aditiva, soldagem, micro usinagem e
tratamento térmico.
O UniSENAI, por sua vez, dedica-se às atividades de ensino, pesquisa e extensão, a fim de
atender as demandas imediatas da indústria. As áreas de atuação são voltadas para o setor
secundário da economia nos seguintes segmentos econômicos industriais: Automação;
Tecnologia da Informação; Gestão; Têxtil e Produção do Vestuário; Meio Ambiente; e
Eletroeletrônica. Vinculados às áreas de atuação, os cursos de graduação e pós-graduação
lato sensu focam em atender os segmentos tecnológicos dos seus campi, a partir da
segmentação pelos clusters regionais.
O UniSENAI tem como missão “promover soluções de ensino, pesquisa e extensão de
excelência, para desenvolver indivíduos socialmente responsáveis, capazes de transformar
a indústria catarinense de forma inovadora e sustentável”. Tal missão se reflete no seu
propósito, o de formar engenheiros, tecnólogos e pós-graduados com o DNA da Indústria,
para que atuem nas lacunas do presente e estejam preparados para atender os desafios do
futuro. Para cumprir com o propósito, os estudantes desenvolvem projetos aplicados em
parceria com as empresas da região de cada campus, sempre focados na resolução de
problemas reais, com práticas hands on em todo o curso. Essa metodologia propicia o
desenvolvimento da indústria e inovação catarinense, pois as empresas podem levar suas
necessidades para dentro da Universidade e em conjunto com os estudantes buscar
soluções.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Integrar de forma inovadora a realidade virtual, a realidade aumentada e tecnologias
avançadas, como inteligência artificial e gêmeos digitais, na estrutura educacional dos
programas do ensino superior do Centro Universitário Senai (UniSENAI) Joinville, com foco
no aprimoramentoda experiência de aprendizado dos alunos e parceiros de negócio,
proporcionando simulações imersivas, análises preditivas e insights acionáveis. Portanto,
essa abordagem multidisciplinar visa capacitar futuros engenheiros e tecnólogos com as
habilidades necessárias para enfrentar os desafios da Indústria 4.0, impulsionando a
inovação e o desenvolvimento tecnológico nas indústrias brasileiras de manufatura.
Objetivos específicos
1. Promover ações de educação, popularização e/ou divulgação científica das
tecnologias inovadoras existentes na bancada SMART 4.0 para cursos de graduação
e pós-graduação, em articulação com especialistas do Instituto Senai de Inovação
(ISI) que atuam nas áreas de educação formal e não formal.
2. Estimular o engajamento de mestres, doutores e demais acadêmicos, em pesquisas
internacionais nas tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 de forma a promover
novas lideranças científicas.
3. Formalizar parceria com a Universidade do Minho que contemplem contrapartida
financeira e cooperação tecnológica.
4. Estimular a participação de pesquisadores do UniSENAI/ ISI em projetos de
cooperação com a Universidade do Minho, de modo a promover a internacionalização
e o desenvolvimento científico e tecnológico no âmbito da Indústria 4.0.
5. Elaborar projetos em parceria por meio da Metodologia TheoPrax com empresas de
manufatura para desenvolver arquiteturas de sistemas que utilizem tecnologias de
realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial para identificar
oportunidades de otimização de processos.
INDÚSTRIA 4.0
Almeida (2019) afirma que o modelo que remete à Quarta Revolução Industrial, conhecida
como Indústria 4.0, teve início na Alemanha em meados de 2012, inicialmente, como um
programa institucional – envolvendo empresas, universidades e governo – de atualização
tecnológica, com o objetivo de aumentar a competitividade da indústria alemã e modernizar
a já desenvolvida indústria local. Como consequência, o perfil da mão de obra deve mudar
totalmente, o que faz com que os profissionais da Indústria 4.0 se tornem cada vez mais
polivalentes e tenham conhecimentos interdisciplinares. À medida que esse movimento foi
avançando, sistemas integrados de manufatura, que eram internamente integrados a
sistemas da própria empresa, passaram a ser integrados em sistemas com armazenamento
em nuvens de dados, em postos alocados no chão de fábrica, transmitindo informações
sobre as condições de produção e comportamento dos sistemas das máquinas e integrando
essas informações àquelas oriundas dos próprios clientes consumidores dos produtos.
Sacomano, Gonçalves e Bonilla (2018) definem a Indústria 4.0 como um sistema produtivo,
integrado por computador e dispositivos móveis interligados à internet ou à intranet, que
possibilita a programação, gerenciamento, controle, cooperação e interação com o sistema
produtivo de qualquer lugar do globo em que haja acesso à internet ou à intranet, buscando,
assim, a otimização do sistema e toda a sua rede de valor, ou seja, empresa, fornecedores,
clientes, sócios, funcionários e demais partes interessadas.
Com a evolução tecnológica e a integração dos processos segundo o conceito da Indústria
4.0, os sistemas de produção passaram a ficar cada vez mais inteligentes, capazes de
detectar o surgimento de necessidades produtivas, de suprimentos e de matéria-prima, o
que envolve a união de tecnologias físicas e digitais e a integração de todas as etapas do
desenvolvimento de um produto ou processo. Isso trouxe um impacto muito positivo,
traduzido em maiores eficiência e produtividade (ALMEIDA, 2019).
Uma vez que o conceito de Indústria 4.0 ainda está em formação, uma classificação do que
faz ou não parte desse contexto é complexa. O Quadro 01 apresenta uma proposta de
caráter didático de classificação dos elementos formadores da Indústria 4.0 para facilitar a
compreensão desse contexto.
Quadro 01: Classificação dos elementos formadores da Indústria 4.0
Entretanto, a plataforma SMART 4.0 vai muito além dos dispositivos físicos. De fato, a
plataforma é composta de 4 componentes:
Recursos físicos (hardware);
Softwares e sistemas;
Ferramentas de desenvolvimento; e
Material didático.
Os Smart Blocks são o produto fabricado por esta fábrica 4.0. Eles permitem mais de 100
possibilidades de montagem, enfatizando o conceito de customização em massa. Além
disto, são produtos inteligentes em que em cada bloco carrega informação de
rastreabilidade através de tags de RFID compatíveis com o sistema e que permitem a
leitura e escrita. Possuem seis opções de lâminas de personalização e três locais para
lâminas em cada base, três opções de cores de blocos e três opções de altura (Figura 03).
Na Estação de Montagem (Figura 06), os Smart Blocks são montados por um braço
robótico colaborativo e possui esteiras transportadoras com sentidos opostos para transferir
Smart Blocks entre estações. O robô colaborativo UR3e possui sistema de visão Infaimon e
garra colaborativa Shunk integrados. Por se tratar de um cobot (robô colaborativo), é
possível que esta atividade seja feita por meio de interação com serem humanos. É
equipada com sistema de conservação de ar comprimido, atuadores pneumáticos sem
haste e de haste dupla, válvulas de operações e segurança NR-12. Possui painel com CLP
Siemens S7-1200 com comunicação IO-link, switch industrial 5 portas e roteador/extensor
WiFi, antena RFID, comunicação IO-link com CLP da estação e sistema indexador de
peças.
Na Estação de Expedição (Figura 07) são armazenados até 12 Smart Blocks montados,
aguardando o momento de serem expedidos para o cliente. Possui esteiras transportadoras
com sentidos opostos para transferir Smart Blocks entre estações e esteira de giro de
retorno. Está equipada com sistema de conservação de ar comprimido, atuadores
pneumáticos sem haste e de haste dupla, válvulas de operações e segurança NR-12.
Possui atuadores elétricos lineares e rotativos, painel com CLP Siemens S7-1200 com
comunicação IO-link, switch industrial 5 portas e roteador/extensor WiFi, antena RFID,
comunicação IO-link com CLP da estação e sistema indexador de peças.
A plataforma SMART 4.0 possui uma loja online onde podem ser feitos os pedidos de Smart
Blocks. Esta loja é acessada através de navegadores e pode rodar tanto num servidor local
como num servidor em nuvem. Nela é necessário fazer um cadastro com os dados do
"cliente". Através dela também é possível acompanhar o status de produção de cada
pedido. Os pedidos são customizados, permitindo ao cliente escolher quantos andares terão
os Smart Blocks, quais as cores das bases e lâminas laterais e quais desenhos serão feitos
nas lâminas. A loja se comunica com o MES através de APIs, enviando os pedidos e
obtendo os status de produção. Por ser um sistema simples, esta loja pode ser refeita pelos
alunos, utilizando APIs para integrar com o sistema MES.
A SMART 4.0 controla a produção fazendo uso do Elipse F4 como sistema MES (Sistema
de Execução de Manufatura). Este sistema é responsável por organizar e sequenciar os
pedidos recebidos da loja, enviando-os para a planta fabricar. Nele também é possível
acompanhar o status de produção, as sequências e tempos de pedidos e fazer controle de
estoque. O MES também alimenta um banco de dados com todas as informações de
pedidos e processos produtivos. Os alunos podem interagir com o MES tanto em nível de
acompanhamento de processo produtivo como configurando o sistema de diferentes
maneiras. Desta forma, apreendem conceitos de gestão de produção através de sistemas
automatizados.
O supervisório ou SCADA utilizado na SMART 4.0 é o Siemens WinCC Unified. É um
supervisório de última geração, que utiliza tecnologias e linguagens de TI para ser
responsivo em qualquer tipo de dispositivo. A função do supervisório é apresentar
informações técnicas do processo produtivo. Com ele é possível acompanhar o processo de
produção de cada estação, além de informações dos pedidos em execução e outros dados
do sistema. Apesar de ser fornecida uma aplicação padrão completa, o desenvolvimento
das telas de supervisório é umas das competências que podem ser desenvolvidas utilizando
o SMART 4.0. Para isso, o conjunto conta, além de licenças de RunTime, com licenças de
engenharia para desenvolvimento de aplicações.
Um dos temas mais importantes da Indústria 4.0 é a Internet das Coisas (IoT). Para explorar
esta tecnologia, a SMART 4.0 possui uma conta na plataforma em nuvem Tago.io. A planta
conta com elementos dispositivos que podem enviar dados para esta plataforma
diretamente através do protocolo MQTT, como os CLPs. Além disso, através do uso de
Node-Red, é possível capturar dados dos dispositivos Smart Sense e enviar para a nuvem.
Na Tago.io é possível acompanhar indicadores de produção, estado operacional e consumo
das plantas, além de gerar alertas e mensagens. Além da aplicação padrão desenvolvida,
os estudantes podem criar seus próprios dashboards e configurar a comunicação com os
dispositivos e sistemas da planta.
Outra tecnologia fundamental da Indústria 4.0 é o gêmeo digital (digital twin), recurso que
permite simular todos os recursos de operação da planta. O gêmeo digital da SMART 4.0 é
controlador por CLPs físicos ou simulados através de comunicação Modbus ou protocolo S7
(ISO-on-TCP) permitindo testes e o comissionamento virtual antes de carregar a aplicação
na planta física. Estas funcionalidades caracterizam a SMART 4.0 como sistema ciberfísico
(CPS). Com o intuito de maximizar a etapa de aprendizado e testes, são fornecidas com
cada planta 50 licenças que podem ser acessadas pela internet. Isto significa que para cada
planta podemos ter até 50 alunos simultaneamente utilizando o simulador em suas casas ou
na escola. Considerando que nem todos utilizarão ao mesmo tempo, o número de
estudantes que tem acesso a este recurso é realmente muito grande. Com o gerenciador de
licenças Web o professor pode atribuir ou cancelar acesso a licença para alunos e turmas,
simplificando seu controle.
O sistema de realidade aumentada da Schneider para dispositivos móveis, como tablet e
celulares, permite a visualização de materiais na Web e utiliza sistema de detecção por
código QR. Possui procedimentos de manutenção com passo a passo para o aluno
compreender todas as etapas.
Através da linguagem low code Node-Red é possível interagir e obter dados de diversos
recursos e sistemas da planta. Isto facilita a integração de novos recursos e sistemas, além
da construção de novas aplicações. Além do Node-Red outros sistemas e aplicações
podem ser incorporados à SMART 4.0, uma vez que ela utiliza tecnologias e padrões
abertos, caracterizando um sistema totalmente flexível e expansivo.
A Figura 08 ilustra as habilidades e competências que podem ser trabalhadas na SMART
4.0 de forma pedagógica, explorando a multidisciplinaridade da Indústria 4.0.
RESULTADOS ESPERADOS
TRABALHO EM GRUPO