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Apostila de Doutrina e Cultura Umbandista Atualizado

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Índice

1. Para que estudar Doutrina Umbandista?


2. Deus
3. A origem da Umbanda. Zélio Fernandino de Moraes e o advento do Caboclo
das Sete Encruzilhadas.
4. A Umbanda e o despertar da consciência religiosa. (Umbanda e os Orixás,
seus campos de atuação, suas qualidades, seus atributos e atribuições.)
5. Mediunidade
6. O médium na Umbanda (médium iniciante e as responsabilidades)
7. Procedimentos corretos da Umbanda
8. O campo mediúnico
9. Desenvolvimento mediúnico
10. Defumações, palmas, cantos, atabaques, danças e velas.
11. Umbanda e sua base de formação
12. O Ritual de Umbanda e a natureza (pontos de força)
13. Consagrações e oferendas (procedimentos)
14. Elementos rituais usados nas oferendas
15. Mitos e preconceitos a respeito da mediunidade
16. Saudações ritualísticas (Procedimentos ao entrar e sair de um terreiro)
17. Divindades
18. As sete linhas de Umbanda
19. Orixás de Frente, Ancestral e Adjunto
20. O simbolismo na Umbanda
21. As formas plasmadas dos espíritos e suas vestimentas simbólicas.
22. Os pontos riscados
23. Os guias de Lei de Umbanda
24. As entidades que atuam nas linhas de forças.
25. O surgimento das linhas de trabalho
26. Linhas de trabalho que atuam na Umbanda
27. O mistério exu, Pomba-giras e Exu-mirim
28. Hino da Umbanda
29. Vocabulário
30. Bibliografia
31. Anexo I – Tabela dos Sagrados Orixás.
Para que estudar Doutrina Umbandista?

Somente através de uma doutrina que venha de encontro com os


questionamentos dos umbandistas ou interessados em conhecer a Umbanda é que
se pode explicar racionalmente a presença de Deus no cotidiano dos umbandistas e
o porquê do culto aos Orixás.
Orixás estes que são a própria manifestação da vontade de Deus.
Não adianta ser adepto a uma religião sem compreendê-la, desta forma se
faz necessário este estudo.

Deus

Através das religiões sempre chegamos a cultos a um só Criador, seja qual


for o seu nome. Em muitos cultos é reverenciado por Olorum ou Zambi, ou
Olodumare (nomes africanos) ou por Tupã (nome indígena brasileiro), ou mesmo
como Deus.
Para os umbandistas Deus ou Olorum é o Divino Criador, é o princípio de
tudo e de todos, é o maior mistério, é o Pai de todos os pais.
Desta forma, Deus cria, re-cria e multiplica a sua criação a todo o tempo. A
origem de uma gota de água é a mesma de um oceano todo e assim ocorre com
tudo no Universo, desde o micro até o macro.
Ao nascermos gravamos em nosso mental a herança de Deus, a qual
devemos equilibrá-la e desenvolve-la durante a nossa caminhada evolutiva. Após a
nossa “evolução” retornaremos a Ele. Assim, podemos afirmar que Ele não só nos
criou como também rege as nossas vidas.
Se somos parte do Criador podemos dizer que se quisermos encontrá-Lo
devemos procurá-Lo primeiramente em nós mesmos, dentro de nossos corações.
Na Umbanda, Deus é o princípio e os Orixás são seus agentes executores das
leis que regem tanto a vida quanto a Natureza. Eles não são santos como alguns o
descrevem; nem viveram aqui na Terra.
Muito poderia ser falado sobre Olorum ou Deus mas não faz-se necessário,
pois compreendemos que Ele é o Criador de tudo e de todos.
A origem da Umbanda

Pode-se dizer que, do ponto de vista do astral, a Umbanda foi marcada


oficialmente como iniciada em 15/11/1908; sendo assim uma religião nova.
Contudo a indícios de práticas umbandistas há muito tempo atrás, mesmo sem
levar esta denominação.
Não pode-se falar da origem da Umbanda sem considerar o nome de Zélio
Fernandino de Moraes e o advento do “Caboclo das Sete Encruzilhadas”.
Zélio Fernandino de Moraes tinha 17 anos quando, no dia 15 de novembro
de 1908, foi levado a recém fundada Federação Espírita de Niterói incorporado em
uma entidade que se denominou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”.
Contudo, de acordo com a doutrina espírita ele não foi muito bem aceito.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou a Umbanda e disse que no dia 16
as 20:00 horas, na casa do aparelho dele (Zélio) haveria uma mesa posta para
qualquer entidade que estivesse precisando de ajuda. Daquela forma
aprenderíamos com os espíritos mais evoluídos e ensinaríamos os desprovidos de
conhecimentos.
No dia seguinte havia uma multidão de pessoas na residência da Família
Moraes, dentre eles membros da Federação Espírita. Ás 20:00 o Caboclo das Sete
Encruzilhadas incorporou e com estas palavras iniciou o seu culto: “Vim para
fundar a Umbanda no Brasil. Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos dos
pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra, poderão trabalhar em
benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou
posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a
característica principal deste culto.”
Este foi o marco oficial, mas têm-se indícios de outras práticas espiritualistas
seja através dos índios, dos negros ou com o Nicanor (senhor que afirmava receber
o Caboclo Cobra Coral e o Pai Jacob) desde 1890.

A Umbanda e o despertar da consciência religiosa

Os dirigentes umbandistas precisam semear um conhecimento verdadeiro


para engrandecer a ritualística, a religiosidade e a caridade, aspectos tão praticados
pelos médiuns de Umbanda.
Podemos afirmar que na Umbanda trabalhamos para os Orixás. Na medida
em que o médium analisa a sua religiosidade através do trabalho que desenvolve
quando incorporado pelos seus guias, estes guias atuam sob a irradiação direta dos
Orixás e são os manifestadores humanos de suas qualidades divinas.
Sendo assim, se um médium não trabalhar incorporado em seus guias ele irá
se afastar do centro, afastando-se também de sua vida religiosa. Isso não pode
ocorrer, pois na medida em que você entra em uma corrente espírita de um centro
os Orixás já começam a irradiar sobre sua coroa, ampará-lo e direciona-lo, mesmo
que a mediunidade de incorporação demore a surgir ou nunca aconteça.
Há várias atividades importantes dentro de um centro, além da mediunidade
de incorporação, e a cada momento em que se está na corrente fortalecemos a fé e
nos religamos com os Orixás.
Uma corrente ou gira não é formada só de médiuns de incorporação, mas é
formada por todos os membros que compõem este terreiro.
Desta forma, se faz necessário ter conhecimento sobre os Orixás, sendo ou
não médium de incorporação. Médium que dizer “um meio” e todos podemos ser
um meio entre os dois planos da vida.
Neste conhecimento sobre os Orixás aprende-se sobre os seus campos de
atuação, suas qualidades, seus atributos e atribuições.
Além deste estudo é necessária a apresentação aos Orixás, para que eles
possam te reconhecer quando você for encaminhar alguém que está precisando de
ajuda. No momento da apresentação há uma ligação mental eterna com o Orixá.
Essa consciência religiosa, de que falamos, não se resume apenas dos
membros da tenda de Umbanda mas também a todos os freqüentadores das tendas.
Estimulando-os a cultuarem os Orixás em seus lares, mentalmente através de
orações e cantos de fundo religioso.
Ter uma consciência religiosa é ter responsabilidade e respeito sobre a sua
religião Umbanda. É amar a Umbanda enquanto religião e não somente para
resolução dos problemas.

Mediunidade

A mediunidade é a faculdade que um médium possui e que, se for bem


desenvolvida e de forma ordenada, pode ser tornar o elo de comunicação entre o
plano espiritual e o material.

O Médium na Umbanda

O médium iniciante

O médium na Umbanda é considerado o ponto chave do ritual no plano


material. O médium iniciante deve receber o apoio tanto do lado material, pelos
irmãos de fé mais antigos, quanto do lado espiritual, pelos espíritos guias, os quais
percebem que esta é a fase mais frágil do momento mediúnico.
É um momento extremamente delicado, é um momento de transição no qual
valores religiosos novos se confrontam com os valores antigos.
Muitas vezes, no momento desta “acolhida” do médium iniciante, é que ele
desiste e procura outras religiões. É o medo do novo, do desconhecido fechando as
portas para o desenvolvimento mediúnico.
Os médiuns e as responsabilidades

Um médium precisa ser consciente de seus deveres, já que a mediunidade é


sinônimo de sacerdócio e trabalho espiritual.
Os médiuns precisam se vigiarem e se auto-conhecerem, procurando cultivar
bons pensamentos e se tornarem exemplos de religiosos.
Se um médium está apto a incorporar o “seu” pai de cabeça, ele também
estará apto a ser a morada de todos os outros “pais”.
Desta forma pode-se fazer o que quiser com o seu corpo material, desde que
preserve a sua coroa (cabeça), pois é nela que a luz dos Orixás chega e liberta-o
dos vícios da carne e do materialismo. Sendo como templos já santificados onde se
assentam os Orixás sagrados.

Procedimentos corretos da Umbanda

Um médium de Umbanda precisa ter um conhecimento mínimo para que


possa realizar as práticas e os rituais.
Também precisa estudar para poder compreender tudo o que acontece dentro
de um templo de Umbanda.
Na Umbanda as vestes litúrgicas são brancas, porque o branco é a cor que é
representada pelo regente da Fé (Oxalá). Se alguém se veste de branco é exigido
que purifique o seu íntimo e porte-se de acordo com o que dele esperam os
sagrados Orixás.
Um verdadeiro médium de Umbanda não pode criticar as outras religiões,
nem renegar sua antiga crença, pois a Umbanda é a mais ecumênica das religiões
já que nela manifestam-se espíritos de várias religiões.
Também não pode desrespeitar outros templos religiosos, já que Deus é
único, não importando com que nome é evocado.
Em dia de trabalhos mediúnicos o médium não deve comer alimentos de
difícil digestão e nem bebidas alcoólicas, pois estas entorpecem a mente e anulam
a percepção extra sensorial.
O médium não pode fazer uso de alucinógenos que criam delírios; precisa
ser desenvolvido com o recurso da concentração nos cantos rituais e nos atabaques.
Se o médium está desequilibrado precisa ser afastado do corpo mediúnico e
encaminhado para o tratamento espiritual.
Também não estão aptos para a realização dos trabalhos espirituais os
médiuns que não realizar a higiene espiritual e pessoal, como por exemplo: banho
com ervas, firmar uma vela para o seu anjo da guarda, firmar sua esquerda e
direita, etc. Bem como a higiene pessoal, como higiene bucal, roupas limpas, etc.
Precisa ser assíduo e responsável, saber se portar com respeito e silêncio
dentro das tendas.
O Campo Mediúnico

A Aura serve para proteção contra o meio exterior, ela é refletora da energia
interior. Os animais, os minerais, as plantas e os seres humanos possuem uma aura;
no caso dos seres vivos ela torna-se refletora dos sentimentos e dos padrões
energéticos e magnéticos.
A Aura está relacionada com o campo emocional.
Todos possuímos um campo mediúnico ou eletromagnético, que se inicia no
corpo elemental básico e se expande uniformemente ao seu redor por mais ou
menos trinta centímetros.
Este campo tem sua sede no mental, flui através da “coroa” ou chacra
coronário. Ele se abre para o plano espiritual e é através dele que são estabelecidas
as ligações magnéticas com o plano espiritual.
Pode-se dizer que tudo o que existe no plano material obedece ao padrão
vibratório material, já no plano espiritual obedece ao etérico (que são energias sutis
a níveis supra-físicos).
Este campo eletromagnético acumula focos vibratórios ou energéticos que
refletem na aura, rompendo-a e alcançando o corpo energético; é induzido, pelo
nosso magnetismo, a adequar-se ao nosso padrão pessoal, se internalizando.
Os “passes” magnetizadores e doadores de energia servem para descarregar
este campo. Sendo fundamental num tratamento espiritual, antes dos mentores
curadores começarem a realizar cirurgias desobstrutoras, atuando no campo físico.
Diversos elementos podem ser usados nos passes energéticos, entre eles
fumo, água, ervas, pedras, colares, etc.
O uso de guias durante os trabalhos serve justamente para captar estas
energias, não sobrecarregando e nem desarmonizando o médium.
Quando os mentores utilizam-se de ervas e fumos também se tornam
poderosos limpadores de campos eletromagnéticos.

Desenvolvimento Mediúnico

No desenvolvimento mediúnico o campo eletromagnético é reajustado para


que as incorporações sejam de forma mais naturais possíveis.
No início o médium sente-se zonzo, dormente, sem equilíbrio, com tonturas
ou enjôos, etc.; pois seu equilíbrio físico e mental sofre uma interferência.
Contudo, estes choques vibratórios vão desaparecendo.
Nas giras de desenvolvimento vários recursos são utilizados ao mesmo
tempo, como: defumações, palmas, cantos, danças, velas e atabaques.
Defumações, palmas, cantos, atabaques, danças e velas

Defumações

Serve para descarregar o campo vibratório e sutilizar suas vibrações, assim o


médium ficará mais receptivo às energias positivas.
Há vários elementos que são utilizados na defumação e cada um atua de
forma diferente.

Palmas

Quando cadenciadas e ritmadas as palmas criam um campo sonoro amplo,


suas vibrações agudas chegam ao centro da percepção (que se localiza no mental
dos médiuns).
Assim, começa-se a vibrar ordenadamente facilitando o reajuste dos seus
padrões magnéticos.
As palmas precisam ter o mesmo ritmo com o toque dos atabaques.

Cantos

Os cantos ritmados atuam sobre alguns plexos, que reagem aumentando a


velocidade de seus giros e, desta forma, captam mais energias etéricas as quais
sutilizam o campo mediúnico, facilitando a incorporação.
Os cantos são muito importantes para uma boa gira, é uma das primeiras
coisas que despertam a atenção a quem vai a um Terreiro de Umbanda.
São louvações e orações cantadas que servem para descarga e limpeza
fluídica, e para chegada e subida dos Orixás e guias.

Atabaque

As vibrações sonoras dos atabaques adormecem o emocional, estimulam a


percepção, modificam as irradiações energéticas e atuam sobre o padrão vibratório
do médium.
Os mentores aproveitam-se desta facilidade e aproximam-se do campo
eletromagnético, igualando-se e fixando-se no mental do seu médium. Em pouco
tempo o médium só precisará entrar em sintonia mental com o mentor para que a
incorporação aconteça.
Danças

No transcorrer das “danças rituais” os médiuns se desligam de tudo e


concentram-se intensivamente numa ação, o que facilita seu envolvimento e a
incorporação.
Sendo assim todos os médiuns que tiveram em seu desenvolvimento o uso
dos atabaques e dos cantos sentem uma grande diferença na incorporação.
Na dança ritual o médium não comanda os movimentos, se ele tentar
interferir cairá no chão. A simples interferência consciente é suficiente para anular
as vibrações mentais do seu guia, este é o recurso para repelirmos incorporações
indesejáveis ou negativas.

Velas

As velas são um mistério em si e, quando acesas tornam-se um poderoso


elemento religioso mágico, energético e vibratório.
Elas tanto consomem energias do “prana” quanto o energizam; os seus halos
luminosos interpenetram as sete dimensões básicas da vida.
Acender velas para o Anjo da Guarda é muito positivo pois atua em favor da
pessoa guardada por ele, fortalecendo o seu mental.

Umbanda e sua base de formação

Umbanda é sacerdócio é doar-se, é o portador das qualidades, atributos e


atribuições que lhe são conferidas pelos Orixás.
Umbanda é o poder ativo, curador, conselheiro, intermediador, filho de Fé,
sacerdote, é a religiosidade do religioso, é o culto aos Orixás.
A Umbanda tem sua base de formação nos cultos afros, cultos nativos, na
doutrina Kardecista, na religião católica, no budismo, hinduísmo e na magia. Desta
base de formação surgiram quatro correntes:
1. Formada pelos espíritos dos primeiros habitantes nativos do Brasil. Eles já
conheciam o fenômeno da mediunidade de incorporação, pois o xamanismo já era
praticado pelos pajés.
Eles também acreditavam na vida depois da morte, na imortalidade do
espírito, e na capacidade dos mortos interferirem na vida das pessoas.
Os índios nativos acreditavam na existência de divindades, que eram
associadas à natureza. Também acreditavam que existiam espíritos malignos e
demônios infernais.
2. Os cultos de nação africana, mesmo sem contato com os índios; tinham
estas mesmas crenças só que mais elaboradas e definidas.
Os sacerdotes tinham vários rituais e magias para equilibrar as influências do
mundo sobrenatural.
Os cultos eram bem definidos, e eram transmitidos de pai para filho através
das lendas sobre os ancestrais. Estes ancestrais, os Orixás são senhores do ori
(cabeça) dos seus filhos.
3. Formada pelos que estudaram os livros de Allan Kardec, mas que
incorporavam espíritos de índios (caboclos), negros (pretos-velhos) e de crianças
(erês).
Esta corrente foi denominada “Umbanda branca”. Eles não utilizam cantos e
atabaques, iniciam seus trabalhos com orações a Jesus Cristo. Eles se denominam
“Espíritas de Umbanda”.
4. Formada pela magia branca, sendo impossível separar os trabalhos
religiosos espirituais dos trabalhos espirituais mágicos.

Desta forma podemos dizer que a Umbanda é:


... uma religião sem preconceito com as outras religiões;
... monoteísta, acredita em um único Deus o qual gerou as divindades
Orixás;
... uma religião que utiliza os mistérios divinos, os quais devem ser
reverenciados, evocados, cultuados e oferendados respeitosamente;
... que crê na manifestação dos espíritos e na existência de um universo
divino e outro espiritual;
... uma religião com fundamentos divinos, religiosos, espirituais e
magísticos, os quais herdamos e adaptamos às nossas necessidades.

O Ritual de Umbanda e a natureza (pontos de força)

No ritual de Umbanda voltamos à simplicidade do culto a Deus.


No templo de Umbanda é que realizamos estas manifestações espirituais.
A força da Umbanda está na sua simplicidade, pois não adianta um templo
luxuoso com pessoas que não conhecem e respeitam a natureza do Ser Divino.
É de extrema importância manter o maior contato com as forças da
Natureza, a qual preserva o maior mistério dos rituais de Umbanda.
No templo que pratica o Ritual de Umbanda se torna uma escola, onde
temos os primeiros contatos com as forças da Natureza e com os pontos de força
regidos pelos Orixás.
No Ritual os espíritos guardiões da Natureza tentam reverter este processo
de destruição da Natureza.
Os cultos aos Orixás devem ser realizados, preferencialmente em seus
pontos de força, ou nos santuários naturais. Vejam alguns destes locais: matas,
mar, rios, cachoeiras, cemitérios, encruzilhada, caminhos (estradas/ ruas),
montanhas, pedreiras e lagos.
Também se utiliza alguns elementos da Natureza como pontos de força,
exemplo: raio, lua, sol, tempo, terra, fogo, ar, estrela, chuva, ventos, folhas, ervas,
frutos e etc.
Cada um destes pontos de força corresponde a uma divindade:
Mar  Iemanjá
Cachoeira  Oxum
Matas  Oxossi
Pedreiras  Xangô, Iansã e Egunitá
Cemitérios  Omulu e Obaluaiê
Campo aberto  Oxalá, Oyá e Oxumaré
Caminhos  Ogum
Lagos  Nanã Buruquê
Matas, bosques à beira dos lagos e rios  Obá
Jardins  erês
Encruzilhadas  exus e pomba-gira

Consagrações e oferendas (procedimentos)

Existem alguns procedimentos a serem realizados pelo médium quando este


vai consagrar sua coroa ao seu Orixá regente para apresentar-se em equilíbrio
vibratório e energético.
O médium deve guardar preceito de sete dias; onde não deverá comer carne
(de qualquer espécie), beber bebidas alcoólicas, manter contato íntimo ou relação
sexual, entrar em locais com muitas pessoas e nem emitir pensamentos ou palavras
negativas.
Ele deverá acender uma vela de sete dias ao seu anjo da guarda o outra ao
Orixá ao qual será apresentado, dormir sozinho numa esteira, dedicar uma hora
antes de dormir a preces e mentalizações ao Orixá; fazer seu banho de ervas rituais
todos os dias; incensar seu quarto antes de se deitar; manter sua “esquerda”
iluminada com velas preta, vermelha e branca em triângulo, entre outros
procedimentos.
Quando o médium só for fazer uma oferenda ao Orixá deverá abster-se de
contatos sexuais no mínimo nas últimas setenta e duas horas e nas doze horas
posteriores.
Para as incorporações durante os trabalhos práticos deverá resguardar as
vinte e quatro horas anteriores.
Quanto mais puro estiver o médium (energeticamente) mais fácil entrará em
sintonia vibratória com as irradiações dos Orixás.

Elementos rituais usados nas oferendas

Todos os elementos utilizados nas oferendas têm fundamento, ainda que a


primeira vista parecem não ter ligação com a finalidade a que se destinam.
Frutos: são fontes de energias contendo várias aplicações no plano etérico.
Cada fruta é uma condensação de energias e formam um composto energético
sintético; o qual é transformado em plasmas astrais pelos espíritos e são utilizados
em suas missões socorristas.
As frutas também servem como fontes de energias sutilizadoras do corpo
energético dos espíritos e como densificadoras dos corpos elementares dos seres
encantados regidos pelos Orixás.
Os espíritos e seres encantados sofrem grande desgaste ao atuarem como
curadores, pois doam suas energias aos enfermos e atuam em esferas mais densas.
Resumindo, uma oferenda é um ato religioso realizado em um determinado
ponto de força, fornecendo ao espírito um de seus axés, que poderá ser utilizado na
hora ou posteriormente.

Mitos e preconceitos a respeito da mediunidade

Quando alguém entra pela primeira vez num templo de Umbanda percebe
que os médiuns da casa fazem certas saudações ritualísticas de fundamento que ele
desconhecerá, para isto é importante ter uma educação mediúnica.
Só reeducando internamente um médium ele alcançará níveis vibratórios
mentais e conscienciais superiores, sintonia mental com seu mestre individual, a
neutralização de possíveis vícios com as práticas religiosas e a compreensão do
que está acontecendo.
Quando bem educado mediunicamente sua sensitividade é capaz de
identificar presenças positivas ou negativas.
Há um mito sobre a mediunidade pois é comum dizer que quem desenvolve
sua mediunidade se torna mais capaz do que quem não a desenvolve, perdendo sua
humildade e compreensão de que um médium não é um fim em si mesmo, mas sim
e somente um meio.
Muitos são os preconceitos quanto à educação mediúnica, dizem que
mediunidade é uma provação, é uma punição cármica, que escraviza os médiuns e
limita o ser, entre outros preconceitos.
Mediunidade não é uma provação, é uma exteriorização de um dom e que se
bem desenvolvida acelerará sua evolução espiritual.
Não é uma punição cármica, mas um recurso que nos harmoniza com nossas
ligações ancestrais.
Não escraviza o médium, mas exige dele uma conduta adequada para que os
guias espirituais possam atuar através dele para socorrer os encarnados que
necessitam tanto do amparo espiritual, quanto de uma palavra de consolo, conforto
ou esclarecimento.
Não limita o ser pois é um sacerdócio.
Sendo assim, a mediunidade por ser um dom, tem que ser praticada com fé,
amor e caridade; mostrando-nos dignos do nosso Divino Criador.
Saudações ritualísticas

Ao entrar num templo de Umbanda o médium praticante deverá saudar as


firmezas que se encontram do lado de fora do templo (tronqueira, casa das almas e
Oiá-Tempo) se dirigindo, após, diretamente ao vestuário.
Quando estiver devidamente pronto para a gira, com todas as vestimentas
(roupa branca, pano de cabeça, pano da costa, fila ou dorso e saia = mulheres),
deverá dirigir-se a porteira.
Na porteira (entrada que dá acesso ao congá, separando-o da assistência) o
médium dever pedir licença para entrar no congá cruzando o solo.
Ao entrar no congá deverá “bater cabeça” agradecendo e pedindo benção e
proteção aos sagrados Orixás.
Após isto feito, com muito respeito e reverência, deverá saudar o Orixá
regente da casa, os atabaques e pedir benção ao sacerdote da casa.
Depois deverá ir para o seu lugar pré-determinado e aguardar a gira iniciar
em silencio, fazendo suas orações.
Cabe explicar que caso o médium precise sair durante os trabalhos ele
deverá sair de costas para a porteira, onde deverá agradecer e pedir licença. Ao
entrar, novamente deverá cruzar o solo na porteira pedindo licença para entrar.
Ao final dos trabalhos deverá pedir benção para o sacerdote e sair
novamente de costas para a porteira em sinal de agradecimento e reverência.
Após se trocar também deverá agradecer na saída do templo.
Contudo, vale lembrar que a ordem destas saudações poderá mudar
conforme a orientação do sacerdote do templo em que o médium trabalha.

Divindades

Divindade é algo Divino, é um mistério de Deus. Podem ser denominadas


como anjos, arcanjos, serafins, tronos, etc.
Temos várias classes de divindades que foram denominadas por pessoas a
partir do que elas viram ou sentiram das divindades.
As divindades são autoridades máximas porque são em si representantes
exclusivas de Deus. Umas complementam as outras na sustentação da criação
Divina, na manutenção dos princípios que as regem e na realização das vontades
maiores manifestadas por Deus.
Os Tronos são a classe de divindades que são responsáveis pela vida e pela
evolução dos seres, são geradoras dos fatores de Deus e por este motivo estão mais
próximas de nós.
As sete linhas de Umbanda

Denominamos por Sete Linhas de Umbanda as sete irradiações vivas de


Deus, as quais podemos classificar da seguinte forma:

IRRADIAÇÕES ELEMENTO ENERGIA SENTIDO ORIXÁS


Fé Cristal Cristalina Fé Oxalá/Oiá-Tempo
Amor Mineral Mineral Amor Oxum/Oxumaré
Conhecimento Vegetal Vegetal Conhecimento Oxóssi/Obá
Justiça Fogo Ígnea Justiça Xangô/Iansã
Lei Ar Eólica Lei Ogum/Egunitá
Evolução Terra Telúrica Evolução Obaluaiê/Nanã
Criatividade Água Aquática Geração Iemanjá/Omulu

Desta forma podemos dizer que são sete emanações de Deus, sete
irradiações Divinas, sete sentidos da vida, sete estruturas de pensamento, sete vias
evolutivas e sete linhas de Umbanda Sagrada.
Associamos Oxalá com a irradiação da Fé; Oxum com a irradiação do
Amor; Oxossi com a irradiação do Conhecimento; Xangô com a irradiação da
Justiça; Ogum com a irradiação da Lei; Obaluaiê com a irradiação da Evolução e
Iemanjá com a irradiação da Geração ou Maternidade.

Orixás de Frente, Ancestral e Adjunto ou Ajuntó

Podemos dizer que Orixá Ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que
este foi gerado por Deus e o distinguiu com sua qualidade original e natureza
íntima, imutável e eterna. Podemos reencarnar várias vezes mas nunca mudará esta
natureza íntima; identificamos esta ancestralidade de alguém através do olhar, das
feições, dos traços, dos gestos, da postura, etc.
O Orixá de Frente é aquele que rege esta encarnação e o conduz numa
direção na qual a pessoa absorverá suas qualidades e as incorporarás no seu ser,
abrindo novos caminhos e estimulando o crescimento interno. A cada encarnação
esta regência poderá mudar.
O Orixá Adjunto ou Ajuntó é aquele que forma par com o Orixá de Frente,
apassivando ou estimulando o ser, visa seu equilíbrio íntimo e o crescimento
interno permanente. Podemos identificar este Orixá através dos gestos e das
iniciativas das pessoas pois ele atua através do emocional.

O Simbolismo na Umbanda

No simbolismo existente na Umbanda é que encontramos um dos seus


fundamentos, pois o espírito fundador já se denominava pelo simbolismo.
O nome “Caboclo das Sete Encruzilhadas” é simbólico pelo fato da palavra
caboclo ser usada para denominar as pessoas mestiças do século XIX, os
sertanejos. Sete Encruzilhadas se refere as sete linhas de Umbanda se
entrecruzando no mistério de Oxalá, que é o regente do nosso planeta.
Desta forma temos um Orixá Ogum, que é o regente e aplicador da Lei
Maior e vários Orixás Oguns (Ogum Beira-mar, Ogum Megê, Ogum Sete Lanças,
Ogum das Pedreiras, entre outros) que são regentes dos níveis vibratórios.
Este simbolismo se aplica a todos os Orixás, tanto os regentes dos níveis
vibratórios quanto dos regentes dos mistérios que dão sustentação às linhas de
trabalho.
Até os Orixás individuais ou pessoais, que são os que acompanham e
incorporam nos médiuns, apresentam-se com nomes simbólicos que identificam
seus regentes nos níveis vibratórios.
Os espíritos que incorporam nos seus médiuns durante as sessões de
trabalhos espirituais também se identificam com nomes simbólicos, como por
exemplo, Caboclos Rompe-matas, Caboclos Tupinambá, Caboclos Ubirajara,
Caboclos Beira-mar, Caboclos Arranca-toco, etc.
Desta forma podemos explicar o fato de se manifestar em um mesmo templo
espíritos se identificando com o mesmo nome simbólico, pois os nomes simbólicos
são recursos da Umbanda para identificar os espíritos regidos pelos Orixás
regentes dos seus mistérios.

As formas plasmadas dos espíritos e suas vestimentas simbólicas

Corpo plasmático é o que permite a um espírito assumir as mais variadas


aparências ou ser induzido a se prender numa aparência que não se parece com a
humana, dependendo do seu grau de elevação.
Os espíritos que adotam o nome simbólico utilizam aparências mais ou
menos parecidas, ele anula a sua identidade pessoal e assume uma coletiva (ex.:
caboclo, pretos-velhos, erês, etc.).
Estes espíritos plasmam mentalmente suas próprias vestes, eles a condensam
e amoldam-na ao próprio corpo, cobrindo-o.
Somente os espíritos incorporados a alguma ordem religiosa, iniciática ou de
ação e trabalho recebem vestimentas simbólicas.
Dentro dos trabalhos dos templos de Umbanda eles mostram-se com uma
vestimenta simbólica identificadora, individualizando-os dentro da linha de ação.
O que diferencia os membros de uma mesma hierarquia são as “armas simbólicas”
pessoais e a luz própria que cada guia espiritual irradia, de acordo com sua
evolução.
Nenhum espírito não incorporado a uma hierarquia pode ostentar as vestes
simbólicas, e quem ostentar é punido pela Lei dos Mistérios.
Os pontos riscados

Os pontos riscados são um mistério e um dos fundamentos da Umbanda,


pois desde o início os guias espirituais já riscavam seus pontos de “firmeza” de
trabalho, de identificação da sua “linha” de trabalho, de “descargas”, etc.
Muitos médiuns procuram entender o mistério das suas funcionalidades, os
significados dos símbolos e signos “cabalísticos” riscado pelos guias incorporados.
Geralmente os pontos riscados revelam a “falange” a qual o guia pertence ou
quais eram as linhas de Orixás ali firmadas.
A abertura do mistério das escritas mágicas revelou ondas vibratórias
geradas e irradiadas pelos sagrados Orixás, alfabetos (línguas) e todas as grafias
(símbolos e signos) que são inscrições dessas ondas, de onde os “pedacinhos”
formam letras ou signos com poderes mágicos.
Desta forma podem-se compreender as flechas, espadas, luas, cruzes, sol,
triângulos, entre outros símbolos que são riscados pelos guias incorporados ou
pelos médiuns instruídos pelos guias espirituais.
Os espíritos-guias só fazem seus pontos riscados quando eles se assentam
sob a irradiação dos sagrados Orixás, assumindo o grau de “guia de Lei de
Umbanda”.

Os guias de Lei de Umbanda

Os Guias de Lei são aqueles espíritos que já se assentaram tanto à direita


quanto à esquerda dos sagrados Orixás, servindo-os religiosa e magisticamente.
Eles trabalham em benefício da evolução dos seres humanos encarnados ou
desencarnados. São portadores de graus e manifestam os dons e mistérios naturais
dos Orixás.
São incansáveis, tenazes, determinados e nunca desanimam ou fraquejam.
Ao manifestarem poderes não medem esforços e nem se importam com os lugares
onde precisam ir para auxiliar os espíritos menos evoluídos.
Possuem permissão para entrar em qualquer dimensão da vida, seja ela
positiva ou negativa. Trabalham como agentes da Lei Maior e da Justiça Divina,
atuando como transmutadores de carmas, refreadores de espíritos trevosos,
anuladores de magias negativas e atratores de espíritos menos evoluídos para
encaminhamento divino.

As entidades que atuam nas linhas de força

As entidades que trabalham na Umbanda vêm de todos os lugares, já


purificadas dos seus tabus. Entendemos que Deus é movimento e ação e assim os
espíritos, encarnados ou não, também são.
Deus habita em nossos corações pela fé que temos Nele, permitindo que O
reverenciemos pela fé, e que O conhecemos; por isso o Ritual de Umbanda é uma
religião aberta tanto aos espíritos encarnados quanto aos desencarnados.
Este ritual atrai os espíritos que querem atuar em benefício dos semelhantes.
Muitos já foram doutrinados e aguardam a oportunidade para nos ensinar. Eles não
se incomodam em se manifestarem em templos humildes, cômodos pequenos, à
beira-mar, nas cachoeiras, nas matas ou em uma reunião familiar. São solícitos,
pacientes e sempre estão dispostos a nos ouvir e ensinar. Conseguem se comunicar
de uma forma simples apesar de terem um conhecimento muito grande.
Cada grupo de espíritos que acompanham um médium cuida de um grupo de
pessoas, ajudando-as na medida do possível e do permitido pela Lei Divina. Eles
se confrontam cm as falanges das Trevas e sofrem com as magias negativas, mas
nunca perdendo a fé em Deus.
Se um grupo de espíritos está em dificuldades outros vêm em seu auxílio.
Eles sofrem quando vêem os médiuns, dos quais eles cuidam, cometerem erros que
atrasam suas evoluções. Choram com nossas provações, sorriem com nossa alegria
e festejam nossas vitórias.
Ficam felizes quando os médiuns, chamados pela Lei, começam o seu
desenvolvimento mediúnico, e se sentem derrotados quando este desenvolvimento
não é aceito.
Quando estamos aptos a suportar cargas de ordem espiritual, formam uma
grande falange de trabalho ao nosso redor.
Para eles não há distinção ou preconceito, o que importa é a beleza da alma,
é o valor do caráter, é o dom puro da simplicidade. Eles não pregam a intolerância
religiosa, mas sim o amor a todos como criação do mesmo Pai, o Divino Criador.

O surgimento das linhas de trabalho

As linhas de trabalho não surgiram por acaso; se um espírito se apresentar


como um caboclo de Ogum ele foi aceito pela Lei Maior e incorporado à
hierarquia do Orixá Ogum, onde desenvolveu qualidades deste Orixá. Sendo um
guia autoritário, rigoroso, de pouca conversa, mas de muita ação, movimentando
tudo à sua volta.
Desta forma temos as linhas de trabalho de todos os Orixás, vamos listar
algumas:
 Linhas dos Caboclos de Oxalá.
 Linhas dos Caboclos de Oxóssi.
 Linhas dos Caboclos de Xangô.
 Linhas dos Caboclos de Ogum.
 Linhas dos Caboclos de Oxum.
 Linhas dos Caboclos de Iemanjá.
 Linhas dos Caboclos de Iansã, etc.
O mesmo se repete com as linhas de trabalho formadas por exus e pomba-
giras, veja:
 Linha dos Exus dos Caminhos (Ogum).
 Linha dos Exus do Cemitério (Omulu).
 Linha dos Exus das Passagens (Obaluaiê).
 Linha dos Exus das Montanhas (Xangô).
 Linha dos Exus das Matas (Oxóssi).
 Linha dos Exus das Encruzilhadas (Oxalá).
 Linha dos Exus Cobras (Oxumaré).
 Linha das Pomba-giras das Águas (Oxum)
 Linha das Pomba-giras da Praia ou do Mar (Iemanjá)
 Linha das Pomba-giras do Lodo (Nanã); etc.
Utilizando estes nomes simbólicos, as entidades demonstram qual o Orixá
que as rege, qual o sentido da vida serve e quais os aspectos que eles lidam.
Vamos a um exemplo para melhor compreendermos:
- Exu Tranca-ruas das Almas

* Exu  entidade que lida com os aspectos negativos dos Orixás; dos fatores
divinos; com espíritos desequilibrados e com o emocional dos seres.
* Tranca  fecha, retém, aprisiona, prende ou paralisa.
* Ruas  caminhos, trilhas, sentidos, direção ou evolução.

Assim, podemos dizer que Exu Tranca-ruas das Almas é um ser que é regido
pelo Orixá Omulu, pois o cemitério é a prisão natural dos espíritos que atentaram
contra um dos sentidos da vida. Também é regido por Obaluaiê, pois ele tranca a
evolução das “almas”, que rege a evolução dos seres. Mas como ele tranca a rua,
que são caminhos a serem trilhados de forma ordenada, ele também é regido por
Ogum.
Interpretando de acordo com o nome simbólico, ele é um Exu de Ogum
atuando sobre a irradiação de Omulu e de Obaluaiê.

Linhas de trabalho que atuam na Umbanda

- Caboclos

A linha dos caboclos é formada por espíritos das mais diversas religiões, que
foram incorporados a uma hierarquia obedecendo aos Orixás. Para melhor
exemplificar podemos nos referir a linha formada por índios brasileiros.
É uma das linhas com maior nível de evolução.

- Erês

A linha dos Erês é uma das mais próximas dos Orixás, muitas vezes trazem
“recados” deles.
São brincalhões, divertidos e alegres. Durante a gira de Erês costumam lhes
ofertar balas, doces, bolos confeitados, refrigerantes e frutas.
Erês são espíritos que se apresentam como crianças, mas não são crianças.

- Baianos

A linha dos baianos é formada por espíritos que foram cultuadores dos
Orixás, cada um seguindo a irradiação deste Orixá.
São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos; além de serem
conselheiros, orientadores, aguerridos, gostarem de dançar durante a gira e de
desmancharem trabalhos de kimbanda e de magia.
Apreciam as “festas”, onde bebem batidas de coco e comem comidas típicas
da Bahia.
É uma linha de evolução para espíritos que já serviram aos Orixás quando
viviam neste plano.

- Ciganos ou Linha do Oriente

É uma linha especial, ligada ao próprio povo cigano, cuja origem parece ser
do antigo Egito, Europa central ou da Índia.
Trabalham na irradiação dos Orixás, mas louvam Santa Sarah Kali, que é
considerada a padroeira dos ciganos por ser nômade por natureza e por instinto de
sobrevivência.
Apreciam as “festas”, onde lhes são ofertados frutas, vinhos e chás típicos.
São alegres e apreciam as danças típicas e o jogo de baralho cigano.

- Boiadeiros

Essa linha de trabalho é formada por espíritos hiperativos, que atuam como
refreadores do baixo-astral e são aguerridos, demandadores e rigorosos com os
espíritos trevosos.
O laço e o chicote são suas armas espirituais.
Os Orixás que regem os boiadeiros são Ogum e Oyá.
Os boiadeiros são muitas vezes considerados erroneamente como caboclos.
São denominados “caboclos boiadeiros” por serem mestiços, e não de origem
indígena.
Apesar da regência de Ogum e Oyá os boiadeiros trabalham na irradiação de
todos os Orixás.

- Sereias

Sereias são seres naturais, pois nunca encarnaram, têm um poder de limpeza,
purificação e descarga de energias negativas.
Elas não falam, emitem um canto lamuriento ou “mantra aquático”, diluidor
de energias, vibrações e formas-pensamento. São ótimas para anular magias
negativas, afastar obsessores e espíritos desequilibrados ou vingativos.
Também trabalham na harmonização de casais ou famílias e na limpeza de
lares.

- Marinheiros

Os marinheiros são realmente espíritos de antigos piratas, marujos, guardas


marinhos, pescadores e capitães do mar.
São alegres e cordiais, imitam os marujos nos tombadilhos dos navios em
dias de tempestade, trabalham dando a impressão de que estão “bêbados”.
São ótimos para cortar demandas, descarregar, para casos de doenças e
trabalhos de desobsessão.

- Pretos-velhos

Os pretos-velhos são espíritos que, em sua maioria, viveram como escravos.


São ótimos para orientar, aconselhar e benzer. Eles são bondosos, pacientes
e humildes; qualidades que fazem deles grandes representantes da caridade.
Esta linha de trabalho são mandingueiros e auxiliam em casos de doenças.

O mistério Exu, Pomba-gira e Exu-mirim

A Umbanda tem em Exu uma de suas linhas de trabalho espiritual. São


responsáveis pelo esgotamento de carmas ou débitos com a Lei Maior.
O Exu tanto gera e irradia o fator vigor quanto o retira e absorve. A Lei
Maior é quem o ativa fazendo atuar como paralisador ou esgotador de carmas
grupais ou individuais. Mesmo as pessoas que não cultuam os Orixás são atuadas
pelo mistério Exu.
Ele não tem a livre iniciativa de auto ativar-se, por isso ou alguém o ativa ou
ele permanece neutro.
Então podemos dizer que o Mistério Exu pode ser ativado pela Lei Maior,
sendo desativado somente pela transformação íntima da pessoa atuada; ou pelas
pessoas, onde depende muito o caráter que esta pessoa tem podendo ativá-lo tanto
para prejudicar, quanto para ajudar as pessoas.
Seus símbolos mágicos são o “falo” e o “tridente”. O tridente é usado tanto
para irradiar um tipo de energia penetrante, que perfura a aura de uma pessoa,
desequilibrando sua vibração e magnetismo; como também para desenergizar uma
pessoa, um espírito desequilibrado ou mesmo uma magia negativa.
Ao atuar como executor da Lei Maior o Exu têm duas funções, a de
interromper a injustiça contra alguém, e a de punir quem a está perpetrando,
criando um tormento em algum aspecto negativo da vida de alguém.
As pessoas que sofrem com a atuação da Lei só deixarão de ser atuadas caso
repense toda a sua vida, transformando seus sentimentos íntimos e deixando de
atuar injustamente contra seus semelhantes.
Os Exus ao apresentarem-se com nomes simbólicos, revelam qual é seu
principal campo de atuação, qual é o aspecto negativo que ativa ou desativa, e a
qual divindade e mistério servem.
Eles habitam uma dimensão da vida paralela à dimensão humana, ficando
muito próximos desta dimensão.
O Mistério Pomba-gira gera e irradia o fator “desejo”, se complementando
com o fator “vigor” (Exu). Ao despertar o desejo destina-se a todos os sentidos da
vida pois é desta forma que desejamos algo ou tomamos alguma iniciativa, seja ela
positiva ou negativa.
Este fator “desejo” é o que nos leva a conquistar nossos ideais, sem ele
desistiríamos nas primeiras dificuldades encontradas no caminho. Absorvemos este
fator através dos chacras.
O mistério Pomba-gira também é neutro, e também pode ser ativado com
uma oferenda, ou pela Lei Maior; por ser agente cármica, esgotadora de
emocionais apassionados ou despertadora do desejo em seres apáticos e incapazes
de seguir adiante em suas evoluções.
Essa divindade se apresenta, geralmente, como exuberantes, envolventes,
insinuantes e excitantes.
Pomba-gira polariza com Exu; é o desejo unindo-se com o vigor, criando nas
pessoas as condições ideais que as ativarão em todos os sentidos e as induzindo a
assumir com vigor e paixão alcançando seus objetivos.
Contudo, se forem ativados indevidamente perdem suas grandezas e se
tornam paixões devastadoras e vigores atormentadores para quem der esse uso a
eles, voltando-se contra quem lhes der um mau uso.
Pomba-gira não se auto-ativa contra ninguém, ou alguém a ativa ou é ativada
pela Lei Maior. Podendo ser ativada tanto para auxiliar quanto para esgotar o
desejo em todos os sentidos da vida de uma pessoa.
Eventuais excessos durante os trabalhos espirituais, como palavras chulas,
trejeitos ou gestos obscenos e condutas nas consultas em desacordo com os
padrões sociais e dos freqüentadores do templo de Umbanda devem ser
combatidos. Este comportamento ou desvio se deve à falta de doutrina, tanto dos
espíritos como dos médiuns.
A linha formada pelos Exus-mirins é pouco trabalhada dentro dos templos
de Umbanda, mas deve ser respeitada.
É formada por espíritos que se apresentam como crianças ou jovens
adolescentes que gostam de bebida, cigarro, de fazer brincadeiras inconseqüentes e
falar em gírias.
São ótimos para solucionarem questões que estão “enroladas”, pois é
ativado pelo fator “enrolar” ou “desenrolar”. Atuam, também, como mensageiros
de Exu e Pomba-gira.
Hino da Umbanda

Refletiu a luz divina


Em todo seu esplendor
Vem no reino de Oxalá
Onde a paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de luz
É a força que nos da vida
E a grandeza nos conduz
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levamos ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá!
Vocabulário
AGÔ: Pedido de licença – dê-me permissão.
ALGUIDAR: Vasilha de barro, onde se coloca a oferenda e comida dos Orixás,
principalmente de Exu e Pomba-gira.
AMACI: Líquido preparado com folhas, maceradas e curtido, é destinado a banhar a
cabeça dos iniciados. Purificação do mental desobstrui o chacra, limpa o mental criando
um campo aberto e irradiante para a incorporação do Orixá.
ARRIAR: Colocar as oferendas em lugares determinados.
ARUANDA: Plano astral – Cosmo Universal onde habitam entidades.
ATOTÔ: Saudação – Pai Omulu, Pai Obaluaiê. Escutai, silêncio.
AUÊ: Termo usado nos cânticos (ÀWÉ) significa meu amigo.
AXÉ: Ordem, poder, força dinâmica das Divindades, para determinados objetos.
BABÁ ou BABALORIXÁ: Nome dado ao sacerdote ou chefe do terreiro.
BATER CABEÇA: Fazer o cumprimento ritual ao congá, sinal de respeito, humildade e
reverência.
CALUNGA GRANDE: Mar, oceano.
CALUNGA PEQUENA: Cemitério.
CAMBONO ou CAMBONE: Indivíduo que atende os guias.
CAPANGUEIRO: Termo usado para companheiro. Ex.: os Caboclos Sete Flechas – são
capangueiros da Jurema.
CHEFE DE FALANGE: Entidade espiritual muito evoluído, que serve de guia para
espíritos também em evolução de uma mesma corrente espiritual afim. Representa a força
e o poder do Orixá que rege a linha de sua atuação.
CRUZAR O CHÃO: Ato de consagrar o alto, o embaixo, à esquerda e à direita.
alto

esquerda ____ │_____ direita


embaixo
DIRIGENTE ESPIRITUAL: Termo usado para dirigente de um terreiro. Sacerdote chefe,
cuja palavra é lei. Responsável pela vida espiritual e temporal do terreiro, dirigindo todas
as cerimônias rituais, públicas ou privadas. Todos os adeptos lhe devem respeito e
obediência.
ENTIDADES: Seres espirituais importantes, mas diferentes dos Orixás. São espíritos que
já viveram na terra.
EXEÊ-BABÁ: Saudação ao Pai Oxalá.
EPA-HEI: (Eparrei) – Iansã em ioruba. Epa: (Babá) – Hei: aí está. Aí está a mãe.
EXU-MIRIM: Chefe de falanges de Exus de vibração infantil.
FALANGE: Grupo de seres espirituais que trabalham dentro de determinada corrente
vibratória. A falange é a subdivisão de uma legião. Sete falanges formam uma legião.
Sete legiões formam uma linha.
FIRMAR A PORTEIRA DO TERREIRO: Riscar ponto na entrada do terreiro, para
proteção astral (chefe do terreiro).
FUNDANGA: Pólvora.
FIRMEZA: O mesmo que segurança. Conjunto de objetos com força mística colocados
em lugar determinado pelo Guia Chefe, protegem o Terreiro e constituem sua base
espiritual.
GIRA: Roda ritual com cânticos e danças, para cultuar os Orixás ou entidades espirituais,
formada pelos médiuns, dirigida pelo chefe do terreiro. O mesmo que “enjira ou canjira”.
“Njila”, giro (em ioruba). A gira pode ser específica de: Caboclo, Preto-velho ou Exu.
CONGÁ: Peji, altar. Local onde ficam as imagens dos Orixás e entidades espirituais.
Nele, coloca-se também os assentamentos. Serve como ponto de força irradiando luz,
cores e energia.
GUIA: É o falangeiro do Orixá. É o intermediário entre o Orixá e o adepto (médium).
Nome também dado a colares (fios de contas) ritualísticos dos Orixás ou entidades. Cada
Orixá ou entidade tem sua cor ou cores. A guia poderá ser de louça, vidrilho, madeira,
pedra, pequenos frutos nativos, sementes, etc. Guia, quando se refere a falangeiro do
Orixá é representada por Caboclo, Preto-velho, etc. que são espíritos superiores, em
adiantado grau de evolução espiritual, vem orientar os humanos e os espíritos inferiores,
no melhor caminho da evolução espiritual. As guias e colares são círculos de forças
energéticas para proteção do médium, sendo passado pelas entidades e os Orixás o seu
axé.
IORUBÁ: Povo sudanês que habita a região de Yorubá (Nigéria, África Ocidental). Sua
capital política é Oyó e a religiosa Ifé, onde a Humanidade foi criada, segundo os mitos.
O rei de Oyó tem o título de Alafin. O rei de Ifé tem o título de Oni e é o mais importante
dos chefes, pai da raça e representante da comunidade civil e religiosa. Muitos escravos
vieram dessa região para o Brasil. É o mais comumente chamado povo “nagô”, no Brasil.
Há vários dialetos, sendo padrão o de Oyó. No Brasil chamamos de língua nagô.
“Yorubá”, nome da região e da língua (Ior.).
JACUTÁ: Título dado ao Pai Xangô, lançador das “pedras do raio” (meteorito).
“Jàkúita”, lutou com pedras.
KAÔ CABIECILÊ: Saudação ao Pai Xangô. “Ka”, permita-nos; “Wó”, olhar para;
“ka biyèsí”, sua Alteza Real; “lê”, complemento de cumprimentar um chefe.
LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA: Também lágrimas de Job. Sementes
cinzento-amareladas, brilhantes, usadas, entre outras coisas, para a rede que cobre
o aquê (cabaça envolta com esta rede; instrumento musical), bem como para
colares de Pretos-velhos e outras entidades.
LEI DE PEMBA: Conjunto de “pontos riscados” ou sinais cabalísticos usados nos
rituais de Umbanda, feitos comum giz especial denominado de “pemba”.
MACAIA: Folhas sagradas. Local das matas onde se reúnem terreiros para
realizarem suas sessões. “Makaia”, folhas (das árvores).

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