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Introducao Wireless

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Abiel Roche Lima

André Barros de Sales


Carlos Becker Westphal

LRG - INE - UFSC

&XUV 3&   0RWRUROD

2000
Conteúdo

Capitulo 1. Introdução
1.1. Definição
1.2. Histórico
1.3. Principais Conceitos
1.3.1. Espectro Electromagnético
1.3.1.1. Distribuição
1.3.1.2. Características das zonas do espectro utilizadas nas
transmissão de dados
1.3.1.2.1. Ondas de rádio
1.3.1.2.2. Infravermelho
1.3.1.2.3. Microondas
1.3.2. Modulação
1.3.2.1 Multiplexação
1.3.3. Sistemas celulares
1.3.4. Modelo de referência OSI
1.3.5. Principais dispositivos portáteis
1.4. Diferencia entre comunicação sem fio, computação móvel
e redes de computadores sem fio
1.5. Tipos de redes sem fio
Capitulo 2. Redes LAN sem fio
2.1. Antecedentes
2.1.1. Descrição do Sistema Aloha
2.2. Desenvolvimento
2.3. O Padrão IEEE 802.11
2.3.1. Topologia
2.3.1.1. Infra-estruturada
2.3.1.2. Ad hoc
2.3.2. Subcamada de Controle de Acesso ao Meio
2.3.3. Camada física
2.3.3.1. Técnicas de Espalhamento Espetral
2.3.3.1.1. DSSS
2.3.3.1.2. FHSS
2.3.3.1.3. Comparação entre as técnicas de espalhamento
2.3.3.2. Transmissão por infravermelho
2.3.3.2.1. Técnica do IR
Capitulo 3. Redes WAN sem fio
3.1. Sistemas Celulares
3.1.1. Tecnologias, Sistemas e Serviços
3.2. Principais Fatores Relacionados com o Projeto de
Hardware e Software
3.2.1. Mobilidade
3.2.2. Variações nas condições de comunicação
3.2.3. Gerenciamento de energia
3.3. Problemas Relacionados com o Computador Móvel
3.3.1. Serviços de Informação
3.3.2. Gerência de dados
3.3.3. Protocolos para Suporte
3.3.3.1. Camada de Enlace
3.3.3.2. Camada de Rede
3.3.3.3. Camada de Transporte
3.3.3.4. Camada de Aplicação
3.3.4. Algoritmos Distribuídos
3.3.4.1. Modelos Computacionais para Ambientes Móveis
3.3.4.2. Modelos de Comunicação
3.3.4.2.1. Modelo Cliente Móvel/Servidor
3.3.4.2.2. Modelo Par-Par
3.3.4.2.3.Modelo Agente Móvel
3.3.4.3. Modelos para um Cliente Web
3.3.4.3.1. Modelo Cliente Móvel/Servidor
3.3.4.3.2. Modelo Par-Par
3.3.4.3.3.Modelo Agente Móvel
Capitulo 4. Perspectivas futuras
4.1. Perspectivas das redes LAN sem fio
4.1.1. Bluetooth
4.2. Perspectivas das redes WAN sem fio
4.2.1. 3G Wireless
Apêndice A. Empresas e Mercado das redes sem fio
Apêndice B. Possíveis conseqüências para a saúde
Bibliografia
Capitulo 1. Introdução
O desenvolvimento nos últimos anos das telecomunicações e da informática, unido
à necessidade do homem de estar cada vez mais informado esteja onde estiver, tem
provocado que as redes sem fio sejam a próxima geração nas redes de computadores. As
redes sem fio/móveis, surgem como a quarta revolução na computação, antecedida pelos
centros de processamento de dados na década de sessenta, o surgimento dos terminais nos
anos setenta e das redes de computadoras na década de oitenta.
A evolução conjunta da comunicação sem fio e da tecnologia da informática busca
atender muitas das necessidade do mercado: serviços celulares, redes locais sem fio,
transmissões de dados via satélites, TV, rádio modems, sistemas de navegação, base de
dados geográfica, etc. [1]
A combinação da comunicação sem fio com a mobilidade de computadores criou
novos problemas nas áreas de informática e telecomunicações, em especial: redes de
computadores, sistemas operacionais, otimização, sistemas de informação, banco de dados,
dentre outras. O objetivo deste curso é fazer a introdução no mundo das redes de
computadores sem fio/computação móvel, as mais ativas atualmente em pesquisa e
desenvolvimentos na Ciência da Computação.

1.1. Definição
Muitos sistemas de comunicação fazem a transmissão dos dados utilizando fios de
cobre como par trançado, cabo coaxial, ou fibra ótica. Outros entretanto, transmitem os
dados pelo ar, não utilizando qualquer tipo de meio físico, como é o caso da transmissão
por raios infravermelhos, laser, microondas e rádio. Ás redes que usam estas técnicas se
chamam redes sem fio. [2]
A utilização de dispositivos portáteis como laptops, notebooks ou PDA se
comunicando com a parte fixa da rede, ou possivelmente, com outros computadores
móveis, sem a necessidade de ter uma posição fixa recebem o nome de computação móvel
ou computação nômade [1].

1.2. Histórico
A evolução das redes sem fio/móveis passa por várias etapas. O primeiro sistema foi
o telégrafo, que já na metade do século XIX, permitia a transferência a longa distância de
palavras, usando o código morse. O segundo sistema de comunicação foi o telefone, o qual
evoluiu rapidamente e em 1928 existia um telefone para cada cem habitantes nos EE.UU. A
tecnologia digital veio a acelerar ainda mais o processo; considerando os computadores
como a terceira geração dos sistemas de comunicação.

De forma mais detalhada a evolução tecnológica segue os seguintes passos:

1820 Hans Christian Oersted descobre experimentalmente que a corrente elétrica


produz um campo magnético. André Marie Ampere quantifica essa observação na
Lei de Ampere
1830 Joseph Henry descobre que a variação do campo magnético induz uma corrente
elétrica, mas não publica o resultado. Em 1831, Michael Faraday descobre
independentemente esse efeito que passaria a ser conhecido como a Lei de
Faraday e, mais tarde, a terceira equação de Maxwell
1864 James Clark Maxwell modifica a Lei de Ampere, amplia a Lei de Faraday e
desenvolve as quatro famosas equações de Maxwell sobre campos magnéticos.
1876 Alexander Graham Bell inventa o telefone
1887 Heinrich Rudolph Hertz detecta as ondas electromagnéticas previstas pelas
equações de Maxwell
1896 Guglielmo Marconi inventa o primeiro receptor sem fio prático: o telégrafo sem
fio
1907 Inicio do serviço de radiodifusão comercial transatlântico (estações terrestre
imensas com antenas de 30x100m)
1914 Inicio da Primeira Guerra Mundial, com o rápido desenvolvimento das
comunicações e sua interceptação
1921 Radiodifusão comercial entra em operação nos Estados Unidos
1928 A Policia de Detroit introduz um sistema de acionamento de carros baseados em
radiodifusão (unidirecional) na faixa de 2 MHz
1933 A FCC (Federal Communications Commission) autoriza o uso de quatro canais na
faixa de 30-40 MHz
1935 Modulação em Freqüência - FM (Frequency Modulation) surge como alternativa
para a Modulação em Amplitude-AM (Amplitude Modulation), reduzindo os
problemas de ruídos na transmissão, ou melhor desempenho com relação à perda
de sinal
1939 Pesquisa e uso da comunicação via rádio se expande durante a Segunda Guerra
Mundial
1945 At&T lança o IMTS (Improved Mobile Telephone Service), um sistema de
transmissão onde apenas uma torre de alta potência atendia uma grande área ou
cidade. Em seguida, AT&T Bell Labs propõe o conceito celular
Anos Os sistemas requerem uma elevada banda para transmissão, uma faixa de 120 kHz
50 para transmitir um circuito de voz de apenas 3 kHz. Esta faixa é reduzida pela
metade. Com os transmissores, os equipamentos reduzem de tamanho e já são
transportáveis. Nessa época os primeiros sistemas de pagging começaram a surgir
Anos Um novo receptor de FM permite reduzir a banda para 30 kHz, abrindo espaço
60 para um maior número de canais de comunicação com o mesmo espectro. Bell
Labs já testa as técnicas de comunicação celular e surgem os primeiros aparelhos
portáteis
Anos É implantado o sistema ALOHA, primeiro sistema de computadores em empregar
70 a técnica de radiodifusão ao invés de cabos ponto a ponto.
Também, nesta década, a FCC aloca um espectro de freqüências para os sistemas
celulares. Nesse período AT&T lança o sistema celular conhecido por AMPS
(Advanced Mobile Phone System). Inicialmente era um serviço de uso, destinado
para o uso em automóveis e de aplicação limitada tendo em vista a baixa
durabilidade das baterias. Atendiam uma capacidade limitada de tráfego e um
número reduzido de usuários. A primeira rede celular no mundo lançada no Japão
em 1979.
1983 O sistema AMPS evoluiu para os padrões atuais com a primeira rede celular
americana lançada neste ano, em Chicago e Baltimore. Outros sistemas similares
entram em operação no mundo: TACS (Total Acess Communications Systems) no
Reino Unido (1985); NMT (Nordic Mobile telephone Service) na Escandinávia
(1981), NAMTS (Nippon Advanced telephone System) no Japão. O AMPS ainda
em uso nos EUA, Brasil e grande parte do mundo, é considerado um sistema de
primeira geração.
1987 É implementada a segunda geração wireless (2G) na Europa e em poucos anos
depois em outros países. Esta tecnologia permite a transmissão de dados a mais
de 14.4 kbps.
1991 Validação inicial dos padrões TDMA e CDMA nos EUA. Introdução da
tecnologia microcelular
1992 Introdução do sistema celular Pan-Europeu GSM (Grupe Spéciale Mobile)
1994 Introdução do sistema CDPD (Celular Digital Packet Data). Inicio dos serviços
PCS (Personal Communications Services) CDMA e TDMA
1995 Inicio dos projetos para cobertura terrestre de satélites de baixa órbita, como o
projeto Iridium.
1997 O Grupo de trabalho IEEE 802.11 publica o novo padrão para as redes locais sem
fio.
1999 É criado um consórcio entre as empresas Ericson, Nokia, Toshiba, Intel e IBM
para desenvolver a tecnologia conhecida como Bluetooth, neste momento o
consórcio é formado por mais de mil companhias de todo o mundo.
Os telefones celulares permitem a recepção/envio de e-mails, assim como navegar
pela Internet. Desenvolvimento do WAP1.

1.3. Principais Conceitos


Nesta seção são apresentados alguns conceitos básicos que podem facilitar a
compreensão do tema.

1.3.1. Espectro Electromagnético


Quando os elétrons se movem criam ondas eletromagnéticas que podem se propagar
através do espaço livre. Uma onda tem três características básicas: amplitude, freqüência e
fase. A amplitude é a medida da altura da onda para voltagem positiva ou voltagem
negativa, também é definida como a altura da crista da onda; a freqüência corresponde ao
número de cristas ou ciclos por segundo e é medido em Hz, onde 1 ciclo = 1 Hz; a fase é o
angulo de inflexão da onda em um ponto específico no tempo, e é medida em graus.
Também define-se comprimento de onda λ como a distância entre dois pontos máximos
consecutivos.
Quando se instala uma antena com o tamanho apropriado em um circuito elétrico, as
ondas electromagnética podem ser transmitidas e recebidas com eficiência por um receptor
localizado a uma distância bastante razoável. Toda a comunicação sem fio é baseada nesse
princípio.[3]
Com as descobertas da Física, do século XIX, foi possível visualizar o espectro
eletromagnético de forma global, o que permitiu colocar ordem no mesmo, de tal sorte a
permitir uma utilização mais racional para os mais diversos fins.
De acordo com a freqüência e comprimento de onda das ondas electromagnéticas
pode-se definir várias zonas, podendo haver alguma sobreposição entre elas. Figuras 1.a e
1.b.
Figura 1.a- Espectro Electromagnético (Freqüência Hz)

Figura 1.b- Espectro Electromagnético (Comprimento de onda λ)


1.3.1.1. Distribuição
A seguir mostra-se a distribuição das diferentes faixa:

¾ A faixa das ondas de rádio vai de 300 Hz a 3 GHz:


Espectro De Freqüências Das Ondas De Radio
ELF (Extremely Low Frequency) [300Hz ate 3000Hz]
VLF (Very Low Frequency) [3000Hz ate 30000Hz]
LF (Low Frequency) [30000Hz ate 300000Hz]
MF (Medium Frequency) [300000Hz ate 3000000Hz]
HF (High Frequency) [3000000Hz ate 30000000Hz]
VHF (Very High Frequency) [30000000Hz ate 300000000Hz]
UHF (Ultra High Frequency) [300000000Hz ate 3000000000Hz]

¾ A faixa das microondas vai de 3 GHz a 300 GHz: a faixa de SHF (Super High
Frequency), de 3 GHz a 30 GHz; e a faixa de EHF (Extra High Frequency), que vai de
30 GHz a 300 GHz.
¾ A radiação infravermelha está localizada entre as faixas de 300 GHz e o início da faixa
de luz visível, início da radiação de cor vermelha, aproximadamente 429 THz.
¾ A faixa de luz visível vai de 429 THz até 750 THz, que é a freqüência superior à faixa
de cor violeta.
¾ A radiação ultravioleta vai de 750 THz até 30 PHz.
¾ A faixa de raios X vai de 30 PHz até 30 EHz.
¾ A radiação Gama, indo de 30 EHz até 3 ZHz.

1.3.1.2. Características das zonas do espectro utilizadas nas transmissão de


dados
O rádio, a microonda e o raio infravermelho podem ser usados na transmissão de
informações, desde que sejam moduladas a amplitude, a freqüência ou a fase das ondas. A
luz ultravioleta, o raio X e o raio gama representariam opções ainda melhores, já que têm
freqüências mais altas, mas eles são difíceis de produzir e modular, além de não se
propagarem através dos prédios e serem perigosos para os seres vivos.

1.3.1.2.1. Ondas de rádio


Hert conseguiu pela primeira vez, gerar e detectar ondas de rádio. Seu transmissor
consistia, fundamentalmente, numa descarga oscilante entre dois eléctrodos (uma forma de
dipolo elétrico em oscilação). Como antena de recepção, utilizava uma espiral aberta de fio
condutor com uma esfera de latão numa extremidade e uma ponta aguçada de cobre na
outra. Uma centelha visível entre estas duas extremidades revelava a detecção de uma onda
electromagnética incidente. Hertz mediu o comprimento de onda que era da ordem de um
metro.
As fontes de radiação das ondas de rádio são habitualmente produzidas em circuitos
eletrônicos, percorrem longas distâncias e podem entrar nos prédios facilmente, são
amplamente usados para comunicação seja em ambientes abertos ou fechados.

Principais características da transmissão de dados por ondas de rádio freqüência [4]:


ƒ Normalmente são usadas freqüências altas UHF e VHF com o objetivo de diminuir a
interferência devido à maior velocidade;
ƒ As ondas de rádio são onidirecionais, o que significa que elas percorrem todas as
direções a partir da origem; por tanto, o transmissor e o receptor não precisam estar
cuidadosamente alinhados;
ƒ Devido à capacidade que as ondas de rádio tem para percorrer longas distâncias, a
interferência entre os usuários é um problema, por essa razão todos os governos
exercem um rígido controle sobre os transmissores de rádio;
ƒ Existem requisitos que devem ser respeitados para que a transmissão tenha êxito, tais
como, potência de transmissão e mínima distorção da propagação do sinal.

1.3.1.2.2. Infravermelho (IR)


A radiação infravermelha foi detectada pela primeira vez pelo astrônomo Sir
William Herschel em 1800. Em meados da década de 80, a HP lançou uma calculadora de
mão que podia se comunicar com sua impressora através de um feixe de luz infravermelho.
Um pouco antes, a mesma HP havia iniciado um experimento de interconexão de
computadores em um mesmo recinto por infravermelho. A partir daí, a tecnologia de acesso
sem fio em distâncias curtas através do infravermelho evoluiu e se diversificou, chegando
até hoje às redes locais.[3]
A região do infravermelho no espectro é subdividido em três regiões: o IR próximo
(780 - 2500 nm), o IR intermédio (2500 - 50000 nm) e o IR longínquo (50000nm - 1mm).

Principais características da transmissão de dados por infravermelho [5]:


ƒ As ondas infravermelhas não atravessam objetos sólidos;
ƒ Quando se desloca do rádio de onda longa em direção à luz visível, as ondas assumem
um comportamento cada vez mais parecido com o da luz, perdendo pouco a pouco as
características de rádio;
ƒ São mais seguros, já que um sistema infravermelho instalado num ambiente fechado
não interfere outro sistema semelhante instalado em salas adjacentes; é por essa razão
que podem ser operados sem autorização do governo;
ƒ A comunicação infravermelha não pode ser usada em ambientes abertos, pois o sol
emite radiação em infravermelho como no espectro visível.

1.3.1.2.3. Microondas
As fontes de radiações das microondas são os circuitos eletrónicos, assim como
transições atômicas quando os níveis energéticos envolvidos estejam próximos.

Principais características da transmissão de dados por microondas [6]:


ƒ Como suas freqüências de rádio são muito altas, elas se comportam como ondas de luz,
e sendo assim seguem em linha reta não devendo existir obstáculos no meio desta linha;
ƒ Necessitam o uso de antenas que fazem a transmissão, recepção e modulação da rádio
freqüência recebida, estas devem estar a uma distância de 5 até 80 Km;
ƒ Uma de suas vantagens em relação ao cabo, é que a construção de duas torres é mais
barato do que a colocação de cabos ao longo de grande distâncias, e sua manutenção é
mais prática.
Existem algumas aplicações como links ponto-a-ponto, fazendo um backbone de uma
rede local ou redes de longa distância; uso em sistemas multiponto para telefonia e
transporte de sinais de vídeo como televisão a cabo; na transmissão de conversas
telefônicas e de televisão; na orientação de aviões; estudo da origem do Universo; aberturas
de portas de garagem; assim como estudo da superfície do planeta.
1.3.2. Modulação
Cada provedor pode variar a freqüência, amplitude ou fase, fazendo combinações
dentro dos limites autorizados. A modulação é o processo de variação de um desses
atributos. A modulação em amplitude (AM) e em freqüência (FM) são as mais conhecidas.
A primeira usa o sistema de chaveamento de amplitude ASK (Amplitude Shift Keying) e a
segunda o chaveamento de freqüência FSK (Frequency Shift Keying). Outras formas são a
modulação em fase PM (Phase Modulation), PCM (Pulse Code Modulation) e QAM
(Quadrature Amplitude Modulation) usada em sistemas digitais. A combinação de
diferentes tecnologias podem gerar combinações de formas de modulação.
A forma AM é mais usada nas transmissões comerciais e é bastante sensível a
ruídos, portanto, é pouco indicada para comunicação de dados.
Pela modulação caracterizamos a forma de apresentação da informação que se
transforma em tráfego. Visando maiores velocidades de transmissão, esse tráfego deve ser
cursado o mais rádio possível neste sentido surge a idéia de multiplexação.

1.3.2.1. Multiplexação
A multiplexação é a agregação de várias informações para acelerar a transmissão.
Dentre as técnicas de multiplexação sem fio, destacam-se: a FDM (Frequency
division Multiplexing) e a TDM (Time Division Multiplexing). Estas técnicas são utilizadas
pelos métodos ou arquiteturas de acesso de usuários FDMA (Frequency Division
Multiplexing Access) e o TDMA (Time Division Multiplexing Access); também destaca-se o
método de acesso mais recente, o CDMA (Code Division Multiplexing Access).
As técnicas FDM e TDM dividem a largura de banda em canais disponibilizados
aos usuários do sistema como é mostrado na figura 1.c, por sua vez, o CDMA disponibiliza
toda a banda para todos os usuários, sem a caracterização de canais com uma banda pré-
fixada. Essa subdivissão do espectro torna o FDMA uma arquitetura de faixa estreita, o
TDMA de faixa estreita ou larga, e o CDMA de faixa larga.
A multiplexação FDM predominava até inícios dos anos 90, mas ainda é usada em
comunicação via satélite, telefonia, sistemas microondas e televisão a cabo (CATV). A
largura de banda é subdividida em canais de banda menor, com uma portadora para cada
canal, capaz de cursar um sinal de voz ou dados. A arquitetura FDMA explora FDM e os
canais são alocados conforme a demanda, reservando alguns canais de controle.
Dependendo do sistema, torna-se necessário a alocação de dois canais para cada usuário,
um para cada sentido da comunicação: canal duplex. FDMA é explorado, principalmente,
em sistemas analógicos, mas pode também ser usado em sistemas de transmissão digital.
A primeira geração dos sistemas celulares analógicos (conhecida como 1G
Wireless), baseia-se no FDMA, entre eles o AMPS (Advanced Mobile Phone Service),
sistema que ainda predominam nos EUA, Brasil e outros 40 países. Cada canal ocupa uma
banda de 30 kHz, a largura de banda total é de 25 MHz para faixa A (ou também conhecida
por banda A, faixa de 824 a 849 MHz) e 25 MHz para faixa B (banda B, faixa de 869 a 894
MHz). Para cada faixa, a multiplexação gera 833 canais, como são necessários canais
duplex, para cada comunicação, resulta a capacidade de atendimento simultâneo de 416
usuários por faixa.
A multiplexação TDM disponibiliza toda a largura de banda para um canal, mas
cada um usa apenas um slot de tempo. Uma mesma portadora é usada por todos os canais
em intervalos de tempo. Os sinais são discretizados, cabendo a cada usuário um canal que
recebe o sinal a cada seqüência de slots. Umas das limitações de esta técnica consiste na
geração de slots de tempo mesmo para canais sem transmissão. Essa desventagem é
corrigida pela STDM (Statistical Time Division Multiplexing), com a alocação dinâmica de
slots apenas aos terminais em uso, como pode ser visto na figura 1.c (iii). O maior numero
de canais, implica em maior faixa de transmissão, mas o número de slots por canal depende
do projeto e pode superar o FDM.
A Segunda geração de sistemas celulares (2G Wireless) baseia-se no TDMA que,
em geral, são similares ao STDM. O TDMA tem sido bastante usado pelos atuais sistemas
móveis e sem fio. Nessa arquitetura de acesso, o sinal de voz é digitalizado, armazanado em
um buffer na estação e, então, transmitido pela alocação aos slots de tempo, com intervalos
distintos para transmissão e recepção. Esta arquitetura também pode ser vista como uma
combinação das técnicas FDM e TDM. O FDM no sentido que divide a largura de banda
em canais e uma portadora para cada canal, e o TDM porque os sinais digitais são enviados
pela mesma portadora. Isso exige um maior custo para manter a qualidade do sinal. Os
sinais dos usuários, apesar de ocuparem a mesma freqüência, não interferem entre si, pois
ocupam diferentes slots de tempo. No sistema celular predominante na europa, o mais
popular na linha digital é o GSM (Global System for Mobile communications), o qual
explora o TDMA, atuando nas faixas de 890 a 915 MHz, e 935 a 960 MHz.
O sistema digital D-AMPS (Digital AMPS), também em uso no Brasil, faz uso da
técnica de multiplexação FDM, própria do AMPS, mas também do TDM, que gera sinais
digitais. Como cada portadora gerada pelo FDM é multiplexada em três canais pelo TDM, a
capacidade do D-AMPS é multiplicada por três.
A arquitetura CDMA disponibiliza toda a largura de banda para todos os usuários e
cada conexão recebe um código específico, o qual é aleatório ou ortogonal aos demais, mas
os sinais dos usuários cursam o mesmo canal ao mesmo tempo, permitindo inclusive a
interferência entre eles.

CANAL 1
Largura de banda

CANAL 2

CANAL 3

CANAL 4

Tempo

1.c. (i) Multiplexação pela divisão de freqüência (FDM)


C C C C C C C
a a a a a a a

Largura de banda
n n n n n n n
a a a a a a a
.. l l l l l l l ..
. .
1 2 3 4 1 2 3

Tempo
1.c. (ii) Multiplexação pela divisão de tempo (TDM)

C C C C C C C
a a a a a a a
Largura de banda

n n n n n n n
a a a a a a a
.. l l l l l l l ..
. .
1 1 4 1 3 3 1

Tempo
1.c. (iii) Multiplexação pela divisão estatística de tempo (STDM)

1.3.3. Sistemas celulares


Os sistemas celulares são os mais populares sistemas de comunicação sem fios. O
nome Sistema Móvel Celular (SMC) advém da sua estrutura de células. Uma célula é uma
área geográfica atendida ou coberta por um transmissor de baixa potência chamada ERB
(Estação Rádio Base), a qual consiste de uma ou mais antenas fixas, instaladas em torres
que têm como objetivo atender a demanda originada pelas estações ou unidades móveis,
dentro da sua área de cobertura. A unidade móvel é o equipamento manipulado pelo
usuários do SMC, os mais usuais são os telefones celulares . As células não tem forma
definida, dependendo do relevo e a topologia da área, por conveniência são representadas
por hexágonos, alguns pontos podem ser cobertos por mais de uma ERB, nesse caso se tem
overlapping de células.
Com o crescimento na demanda e o reduzido espectro de freqüência, as células tem
tendência a reduzirem sua área de cobertura. Neste contexto surgem os conceitos de
macrocélulas, microcélulas e picocelulas.
A conexão entre uma ERB e uma unidade móvel se realiza por um canal ou
freqüência disponível, os canais são liberados por ordem de chegada dos usuários e serão
atendidos segundo os canais disponíveis na ERB. Cada ERB está conectada por uma linha
física dedicada à uma CCC (Central de Comutação e Controle), que por sua vez, também
está conectada à RPT (Rede Pública de telefonia). A CCC é responsável pela interligação e
controle de várias ERB, assim como pela monitoração e chamadas de handoff2. O
deslocamento de longa distância, com mudança de área metropolitana, exige também o
redirecionamento de chamada via roamig.
As antenas são usadas como transmissores e receptores de sinais de rádio. São
projetadas em relação aos comprimentos de onda. Assim, freqüências elevadas com
pequenos comprimento de onda exigem antenas menores e baixas freqüências com grandes
comprimentos de onda tornam as antenas maiores. Essa relação genérica pode ser
modificada pelo uso de indutores, capazes de reduzir a dimensão das antenas.

RPT CCC
ERB

CCC
ERB ERB

ERB ERB
ERB

Figura 1.d Topologia do sistema celular

1.3.4. Modelo de referência OSI


Para satisfazer requerimentos de clientes para a capacidade de computação remota,
fabricantes de computadores de grande porte desenvolveram uma variedade de arquiteturas
de redes. Algumas destas arquiteturas definem o inter-relacionamento de fornecedores de
hardware e software, em particular, para permitir o fluxo de comunicações através da rede
para fabricantes de computadores em geral.
Com a finalidade de padronizar o desenvolvimento de produtos para redes de
comunicação de dados, foi elaborado um modelo aberto, que teve como referência o OSI -
Open System Interconnection pela ISO (International Organization for Standardization).
Este modelo estabelece sete camadas para as funções de comunicação de dados:
Aplicação
Apresentação
Sessão
Transporte
Rede
Enlace
Física

Aplicação
A camada de aplicação dentro do processo de comunicação é representada pelo usuário
final para o modelo OSI. Ou seja, baseado em pedidos de um usuário da rede, esta camada
seleciona serviços a serem fornecidos por funções das camadas mais baixas.
Esta camada deve providenciar todos os serviços diretamente relacionados aos usuários.
Alguns destes serviços são:
ƒ identificação da intenção das partes envolvidas na comunicação e sua disponibilidade e
autenticidade
ƒ estabelecimento de autoridade para comunicar-se
ƒ acordo sobre o mecanismo de privacidade
ƒ determinação da metodologia de alocação de custo
ƒ determinação de recursos adequados para prover uma qualidade de serviços aceitável
ƒ sincronização de cooperação para aplicações
ƒ seleção da disciplina de diálogo
ƒ responsabilidade da recuperação de erros de estabelecimento
ƒ acordo na validação de dados
ƒ transferência de informações
Apresentação
Esta camada é responsável pela representação da informação para entidades de aplicação,
comunicando-se em um determinado caminho, e por preservar o sentido em determinado
espaço de tempo resolvendo diferenças de sintaxe. Para esses objetivos, esta camada pode
prover as seguintes funções:
ƒ transformação de dados
ƒ formatação de dados
ƒ sintaxe de seleção
Sessão
O objetivo desta camada é prover os mecanismos necessários para organizar e sincronizar o
diálogo e o gerenciamento da troca de dados entre entidades de apresentação. Para tal, a
camada de sessão entre duas entidades de apresentação é o suporte para ordenar a troca de
dados. Como suporte a esses objetivos, a camada de sessão providencia os seguintes
serviços para a camada de apresentação:
ƒ estabelecimento de conexão de sessão
ƒ liberação de conexão de sessão
ƒ troca normal de dados
ƒ gerenciamento de interação
ƒ reporte de condições de exceção
ƒ mecanismos para sincronização de conexão de sessão
Transporte
Esta camada existe para realizar a transferência transparente de dados entre entidades em
sessão. Protocolos de transporte são empregados para estabelecimento, manutenção e
liberação de conexões de transporte que representam um caminho duplo para os dados entre
dois endereços de transporte. O modelo OSI define três fases de operação dentro da camada
de transporte:
ƒ Fase de estabelecimento
ƒ Fase de transferência
ƒ Fase de Terminação

Rede
A função básica desta camada é providenciar a transferência transparente de todos os dados
submetidos pelo nível de transporte. A estrutura e conteúdo detalhados dos dados
submetidos serão determinados exclusivamente pelas camadas acima da camada de rede. O
propósito é permitir que as camadas mais altas tenham independência para rotear e comutar
considerações associadas com o estabelecimento e operação de uma conexão. O
estabelecimento, manutenção e terminação de conexões das entidades comunicando-se são
inclusos nos serviços executados por esta camada. Essas funções e serviços são:
ƒ endereçamento da rede e identificação do ponto final
ƒ multiplexação da rede de conexões acima das conexões da camada de enlace
providenciadas pela próxima camada mais alta
ƒ segmentação e/ou blocagem para facilitar a transferência de dados
ƒ serviços de seleção quando diferentes serviços estão disponíveis
ƒ seleção da qualidade de serviços baseados em parâmetros como: erros residuais,
disponibilidade, confiabilidade, fluxo de tráfego, tempo gasto no estabelecimento da
conexão e no trânsito
ƒ detecção e recuperação de erros para atingir a qualidade de serviços desejada
ƒ notificação de erros para as camadas acima quando a qualidade dos serviços não pode
ser mantida
ƒ entrega sequênciada de dados, se disponível, para uma implementação em particular
ƒ controle de fluxo, isto é, suporte de indicadores de controle do fluxo providenciados
pela camada de transporte
ƒ transferência de dados como um serviço opcional
ƒ rearranjo de conexão quando ocorre perda de rota de retorno de dados e notificação para
o usuário
ƒ serviços de terminação quando solicitados por parte do usuário
Enlace
A camada de enlace providencia maneiras funcionais e procedimentos para
estabelecimento, manutenção e liberação de enlaces de dados entre as entidades da rede. Os
objetivos são providenciar a transmissão de dados para a camada de rede detectando e
corrigindo erros que possam ocorrer no meio físico. As características funcionais desta
camada são:
ƒ conexão dos enlaces, ativação e desativação, estas funções incluem o uso de facilidades
multiponto físico para suportar conexões entre funções da camada de rede
ƒ mapeamento de unidades de dados para a camada de rede dentro das unidades do
protocolo de enlace para transmissão
ƒ multiplexação de um enlace de comunicação para várias conexões físicas
ƒ delimitação de unidades de transmissão para protocolos de comunicação
ƒ detecção, notificação e recuperação de erros
ƒ identificação e troca de parâmetros entre duas partes do enlace
Física
A camada física provê características físicas, elétricas, funcionais e procedimentos para
ativar, manter e desativar conexões entre duas partes. Uma entidade de dados de serviço
neste nível consiste em um bit em transmissão serial e de n bits em transmissão paralela.
As funções dentro deste nível são:
ƒ ativação e desativação da conexão física entre duas entidades do nível de ligação de
dados, inclusive concatenação e circuitos de dados quando solicitado pelo nível de
ligação
ƒ transmissão de unidades de dados de serviço (bits), que pode ser executada de modo
síncrono ou assíncrono
ƒ controle de erros

1.3.5. Principais dispositivos portáteis


Existem diferentes aparelhos computacionais usados na comunicação sem fio.
Dentre eles, os mais comuns são:

Laptops
São computadores semi-portáteis com telas LCD maiores que as normais podem
inclusive ter agregado um pequeno monitor de raios catódicos em substituição ao LCD;
pesam acima de 3 quilos; normalmente incluem "fax/modem" e multimídia (CD-ROM e
placa de som). Foram considerados até fins de 1997 como substitutos dos desktops porém
sua tecnologia é muito diferente.

Notebooks
São computadores portáteis com peso entre 2,5 e 3 quilos com telas LCD menores
que a dos laptops. Os periféricos como "fax/modem" e
multimídia, em alguns casos, só poderão ser instalados em
detrimento de outros periféricos. A tecnologia é totalmente
diferente dos "desktops".
O conceito entre laptops e notebook hoje praticamente é o
mesmo tendo em vista o desenvolvimento de monitores de cristal
líquido (LCD) com dimensões superiores a 11",alta resolução de
vídeo, e paineis que podem visualizar até 16 milhões de cores (true color).
Outra contribuição para que este conceito venha se confundido cada vez mais foi o
desenvolvimento de cartões tipo PCMCIA (memórias, FAX-Modem e/ou rede) e a
utilização de circuitos de alta escala e muito alta escala de integração (Large Scale of
Integration e Very Large Scale of Integration - LSI e VLSI) em substituição as placas de
vídeo e áudio.
Sub-notebooks
São destinados principalmente a banco de dados, edição de textos e alguns
programas específicos. Seu peso é menor que 2 quilos; o grau de
miniaturização é maior do que o dos notebook embora com tecnologia
bastante similar.

Palmtop e Handheld
São destinados ao uso exclusivo de guarda de informações em pequena escala.
Incluem agendas, e em alguns casos, pequenos editores de texto,
e planilhas; pesam, menos de um quilo. A utilização de circuitos
integrados LSI e VLSI (alta escala e muito alta escala de
integração) é intensa.

PDA (Personal Digital Assistent)


São dispositivos portáteis com altura e comprimento de 3 a 5 polegadas, e 3/8
polegadas de espessura. Não tem teclado físico, permitindo entrar os dados
fundamentalmente através de duas formas: escrevendo com um lápis óptico
ou fazendo uma área da janela sensível ao toque
Os principais sistemas operacionais usados são Palm OS e seu
concorrente Microsoft Windows CE.

1.4. Diferenças entre comunicação sem fio, computação móvel e redes de


computadores sem fio
A comunicação sem fio é o fato de estabelecer comunicação através do ar. As
conhecidas emissões via radio AM e FM , as comunicações navais e a própria televisão são
alguns exemplos.
A comunicação sem fio é considerada o suporte para a computação sem fio e móvel,
a qual se encarrega das transmissões de dados entre computadores sem o uso de fios.
Embora as redes sem fio e a computação móvel tenham uma estreita relação, elas
não são iguais. Às vezes, os computadores portáteis podem ser conectados por fios, por
exemplo, se um viajante conecta um computador na tomada de telefone de um hotel, temos
mobilidade sem uso de uma rede sem fio. Por outro lado, alguns computadores em uma
rede sem fio não são portáteis, por exemplo, das empresas sediadas em prédios antigos, nos
quais não há cabeamento de rede para conectar os computadores e é feita a ligação dos
computadores através de uma rede sem fio [6]. Na Tabela 1 se mostram alguns aplicações
de exemplos.
Tabela 1. Comparação entre o computação móvel e redes sem fio.
Aplicações Sem fio Móvel
Estações de trabalho fixas em escritórios Não Não
Utilização de um portátil em um hotel Não Sim
LANs em prédios mais antigos, sem fiação Sim Não
Escritório portátil; PDA para estoque de loja Sim Sim

Deixando esclarecida esta diferencia, vai-se a considerar através deste trabalho os termos:
Redes sem fio: as redes de computadores que fazem a comunicação sem fios e podem estar
mesmo fixa, como se movimentando;
Computação móvel: as redes computadores portáteis que fazem a comunicação sem fios
permitindo mobilidade.

1.5. Tipos de redes sem fio


Como acontecem nas redes cabeadas, nas redes sem fio existem as redes LAN e
redes WAN.
As redes LAN sem fio, conhecidas também como WLAN (Wireless Local Area
Network), tem suporte de comunicação para interconexão de equipamentos numa área
restrita, com o objetivo de viabilizar o compartilhamento dos recursos computacionais de
hardware, software e de informação. A organização consiste de um número de
(equipamentos) usuários - isto é, computadores, impressoras, terminais, servidores
especializados (ex: de impressão e de disco) que são interligados através de conexões sem
fio.
As redes WAN sem fio, conhecidas também como WWAN (Wireless Wide Area
Network), tem suporte na tecnologia desenvolvida inicialmente para a comunicação de voz
e depois foram adaptadas para suportar dados. Baseia-se fundamentalmente na infra-
estrutura da telefonia celular existente.
Nos próximos capítulos é apresentada uma analise das fundamentais características
das redes LAN e WAN sem fio (WLAN e WWAN).
Capitulo 2. Redes LAN sem fio
Os sistemas sem fio locais podem ser usados como ampliação de uma rede com fios
para computadores portáteis (laptops, notebooks ou palmtops) dentro de uma sala ou
edifício, pontos de acesso os conectam a uma rede com fios e estabelecem contato por rádio
com os dispositivos de redes portáteis, dentro de sua área de propagação [2].
Também podem ser utilizados em: situações de desastre, como furacão, terremoto
ou inundação, onde equipes de resgate precisam se coordenar, e não se tem uma rede fixa
disponível; num campo de batalha, onde os soldados necessitam trocar informação ou
empresários compartilhando informações numa reunião [7].

2.1. Antecedentes
O primeiro sistema de computadores que empregour as técnicas de radiodifusão ao
invés de cabos ponto a ponto foi o sistema ALOHA.
Na década dos 70, quando o projeto foi implantado, as linhas telefônicas disponíveis
na ocasião eram caras e pouco confiáveis. Havia a necessidade da interligação de subredes
da universidade, espalhadas pelas ilhas, ao Centro de Computação principal.

2.1.1. Descrição do Sistema Aloha


No sistema, a comunicação foi realizada através da instalação, em cada estação, de
um pequeno transmissor/receptor de rádio FM, com um alcance suficiente para se
comunicar com o transmissor/receptor do Centro de Computação, são usadas duas faixas
de freqüência e a transmissão foi feita a 9600 bps.
A figura 2.a apresenta os elementos básicos do sistema ALOHA; na instalação
central há um computador (chamado Menehune) onde todos os dados que trafegam passam
por ele.

Figura 2.a Diagrama do Sistema ALOHA


Quando uma estação tem dados a enviar, ela simplesmente faz a transmissão, se a
central recebe os dados corretamente, envia uma mensagem de confirmação para a estação,
se a estação não recebe tal confirmação dentro de um intervalo de tempo predefinido, ela
faz a retransmissão dos dados. Nasceu desta experiência a tecnologia amplamente usada em
redes locais fixas: a tecnologia Ethernet.

2.2. Desenvolvimento das redes sem fio


Na época em que foi instalada a rede ALOHA, limitações como a largura de banda
e tecnologia de transmissão não permitiram que o projeto resultasse na utilização em massa
das redes sem fio. Contudo, dois fenômenos consolidados ao longo da última década:
miniaturização de componentes eletrônicos e comunicações pessoais sem fio, devolveram a
redes locais sem fio grande interesse em termos de pesquisa e desenvolvimento, que
culminou com o aparecimentos das primeiras redes sem fio comerciais no inicio dos anos
90.
A partir desse momento os fabricantes desenvolveram suas redes conforme a
critérios próprios, pelo qual era possível encontrar redes com vazões e alcances diferentes,
empregando diversos critérios de segurança e definindo os algoritmos das camadas com
abordagens particulares.
Em maio de 1991, é pedido a IEEE a elaboração de padrões adotados em redes
locais e metropolitanas, conformando-se o Grupo de Trabalho 802.11, cujo objetivo era
definir uma especificação para conectividade sem fio entre estações de uma área local [8].
A elaboração do padrão teve atrasos, o Grupo de Trabalho 802.11 publicou o padrão no
segundo semestre de 1997.

2.3. O Padrão IEEE 802.11


Como em qualquer outro padrão IEEE 802.x, o padrão IEEE 802.11 define as regras
relativas à subcamada de Controle de Acesso ao Meio (MAC) e camada física (PHY),
como aparece na figura 2.b. Da mesma forma, a subcamada LLC (Logic Link Control) e os
níveis superiores não percebem as particularidades da subcamada MAC e de seus possíveis
níveis físicos.[9]

Níveis
superiores

Nível de LLC
enlace MAC Escopo do Padrão

Nível Físico
Infravermelho Frequency Direct
difuso hopping Sequence

Figura 2.b Escopo do Padrão IEEE 802.11


O padrão define três tipos de tecnologias de transmissão sem fio, com o objetivo de
atender necessidades diferentes, pois as primeiras redes sem fio apresentavam-se com essa
variedade de nível físico [10]. Duas destas formas de transmissão são de técnicas de
espalhamento do espectro e, a outra, radiação infravermelha difusa.
Observa-se que a transmissão sem fio possui características únicas quando são
comparadas com as redes fixas:
ƒ alta taxa de erros conjugada a uma vazão limitada;
ƒ as características do meio podem variar abruptamente no tempo, ou seja, as
características de propagação do sinal alteram-se muito rapidamente [11];
ƒ a largura de banda é limitada, tanto por imposição de órgãos regulamentadores, quanto
pelas limitações técnicas dos dispositivos de transmissão e recepção
ƒ a detecção da portadora (essencial para o funcionamento da subcamada MAC pois esta
define um algoritmo CSMA) não é confiável e nem rápida [12]. ;
ƒ o meio é de domínio público, estando sujeito a interferências e problemas de
segurança.
Quanto à segurança, o padrão possibilita autenticação e criptografia dos quadro
MAC. Para isso, define um algoritmo denominado WEP (Wired Equivalent Privacy). O
WEP utiliza o algoritmo RC4PRNG da companhia RSA Data Security, Inc [13].
Outros dois problemas graves constituem desafios a serem resolvidos para a adoção
de redes sem fio 802.11, eles são: a polêmica levantada sobre problemas de saúde
ocasionados pela radiação electromagnética em alta freqüência e o consumo de energia por
parte dos equipamentos portáteis. Não há conclusões definitivas ainda sobre os malefícios
ocasionados pela transmissão de redes sem fio (Ver apêndice B) . O consumo de energia
torna-se um problema na medida que:
ƒ não se prevê aumento significativo em armazenagem de energia até o ano de 2005 (um
máximo de 20% em relação às capacidades das baterias em 1995) [14];
ƒ os computadores móveis sem fio (laptops, etc) possuem cada vez mais dispositivos,
com processadores mais potentes, aumentando o consumo de energia destes
dispositivos.
Para aliviar a demanda de energia, o padrão prevê mecanismos de economia de energia,
em que os dispositivos de transmissão passam a consumir significativamente menos (estado
stand-by).

2.3.1. Topologia
As redes sem fio 802.11 podem apresentar-se fisicamente de dois modos: redes de
infra-estrutura e redes ad hoc [15], segundo pode-se ver nas figuras 2.c e 2.d
respectivamente.

2.3.1.1. Infra-estruturada
As redes de infra-estrutura caracterizam-se por possuir dois tipos de
elementos: Estações Moveis (EM) e Pontos de Acesso (PA). Cada ponto de acesso é
responsável pela conexão das estações móveis de uma área de cobertura (BSA-Basic Set
Área) com a rede fixa. O PA desempenha tarefas importantes na coordenação das estações
móveis: aceita ou não a inserção de uma nova estação à rede, colhe estatísticas para melhor
gerenciamento do canal e ajuda a definir quando uma estação deve ou não ser controlado
por outro ponto de acesso.
Figura 2.c. Rede sem fio infra-estruturada Figura 2.d. Rede sem fio ad hoc

2.3.1.2. Ad hoc
As redes ad hoc caracterizam-se por não possuírem qualquer infra-estrutura de
apoio à comunicação. São diversos equipamentos móveis confinadas em uma pequena área
que estabelecem comunicação peer-to-peer por certo período de tempo[16].

2.3.2. Subcamada de Controle de Acesso ao Meio


O padrão IEEE 802.11 define o protocolo DFWMAC ( Distributed Foundation
Wireless Media Access Control), para definir o comportamento nesta subcamda.
O DFWMAC suporta dois métodos de acesso: um método distribuído básico,
obrigatório, e um método de acesso centralizado, opcional. Os dois métodos de acesso pode
coexistir. Na realidade, o métodos de acesso distribuído formam a base sobre a qual é
construído o método centralizado. Os dois métodos, ou "funções de coordenação", são
usados para dar suporte à transmissão de tráfego assíncrono ou com retardo limitado.
No IEEE 802.11, uma função de coordenação é um mecanismo que determina
quando uma estação específica tem permissão para transmitir. Se a função de coordenação
for distribuída (Distributed Coordination Function - DCF), a decisão de quando transmitir
é tomada individualmente pelos nós, o que pode resultar em transmissões simultâneas. Por
outro lado quando a função por coordenação é pontual (Point Coordination Function -
PCF), a decisão é centralizada em um ponto, que determina qual estação deve transmitir em
que momento, evitando a ocorrência de colisões. Na figura 2.e mostra-se as funções de
coordenação na subcamada MAC.

PCF - Point Coordination Function


O DFWMAC suporta opcionalmente uma função de coordenação pontual (Point
Coordination Function - PCF) centralizada, construída sobre a função de coordenação
distribuída (DCF). A PCF implementa um mecanismo de acesso ordenado ao meio que
suporta a transmissão de tráfego com retardo limitado ou tráfego assíncrono. A função de
coordenação pontual só pode ser usada em configurações de rede com infra-estrutura e
onde não haja intercessão entre PAs que operam na mesma faixa de freqüência.
As duas funções de coordenação - pontual ou distribuída - são integradas com a
utilização do conceito de superquadro. Quando implementada a função de coordenação
pontual, o DFWMAC divide o tempo em períodos denominados superquadros. Um
superquadro consiste em dois intervalos de tempos consecutivos: no primeiro, controlado
pela PCF, o acesso é ordenado (não ocorrem colisões), no segundo, controlado pela DCF, o
acesso baseia-se na disputa pela posse do meio (podem ocorrer colisões).

Serviço Sem Colisão


(Tráfego com Retardo Limitado ou Assíncrono)

Serviço com Colisão


(Tráfego Assíncrono)

PCF
Camada
MAC
DCF (CSMA/CA)

Nível Físico

Figura 2.e. Funções de coordenação na subcamada MAC

A função de coordenação pontual é construída sobre a função CSMA/CA básica


através da utilização do mecanismo de prioridade no acesso. O algoritmo distribuído
CSMA/CA determina que ocorra um período de ausência de transmissão com uma duração
específica entre a transmissão de quadros consecutivos, esse período é denominado espaço
interquadros (Inter Frame Space - IFS).

CSMA/CA - Carrier Sense Multiple Access Colition Avoidance


O método de acesso básico do DFWMAC é uma função de coordenação distribuída
(Distributed Coordination Function - DCF) conhecida como CSMA/CA. A utilização desse
método é obrigatória para todas as estações e pontos de acesso, nas configurações ad hoc e
com infra-estrutura.
Uma estação que deseja transmitir seguindo a regra do CSMA/CA deve operar da
seguinte forma: sentir o meio para determinar se outra estação já está transmitindo. Se o
meio estiver livre, a estação transmite seu quadro, senão ela aguarda o final da transmissão.
Depois de cada transmissão com ou sem colisão, a rede entre em um modo onde as estações
só podem começar a transmitir em intervalos de tempo a elas pré-alocados. Ao findar uma
transmissão, as estações alocadas ao primeiro intervalo tem o direito de transmitir. Se não o
fazem o direito passa às estações alocadas ao segundo intervalo e assim sucessivamente até
que ocorra uma transmissão, quando todo o processo se reinicia.
O método CSMA/CA não garante a entrega correta dos quadros (podem ocorrer
colisões). Assim, uma estação após transmitir um quadro fica aguardando (timeout) um
aviso de recebimento que deve ser enviado pela estação de destino, acusando o recebimento
correto do quadro, se o aviso de recebimento não chegar, em tempo hábil, a estação origem
retransmite o quadro.
O DFWMAC acrescenta ao método CSMA/CA com reconhecimento, um
mecanismo opcional que envolve a troca de quadros de controle RTS (Request to Send)/
CTS (Clear to Send) antes da transmissão de quadros de dados. Esse mecanismo funciona
da seguinte forma: quando uma estação ganha a posse do meio, ao invés de enviar
imediatamente o quadro de dados, ela transmite um quadro de controle RTS, que carrega
uma estimativa da duração no tempo da futura transmissão do quadro de dados. O quadro
RTS possui duas funções: reservar o meio para transmissão do quadro de dados, e verificar
se a estação de destino está pronta para recebê-lo. A estação receptora, em resposta ao
quadro RTS, envia um quadro de controle CTS avisando que está pronta para receber o
quadro de dados. A figura 2.f mostra o mecanismo.
Opcional
RTS

CTS
Estação
Estação Fonte Destino
DADOS

Ack

Figura 2.f. Método CSMA/CA com reconhecimento.

O mecanismo básico do controle de acesso DFWMAC a estação que deseja transmitir,


deve sentir o meio livre por um período de silêncio mínimo, o IFS (Inter Frame Space),
antes de utilizá-lo. Usando valores diferentes para o período mínimo de silêncio, o
DFWMAC define três níveis de prioridade de acesso: Short Priority, PCF Priority e DCF
Priority:
1. Short Priority é usado para transmissão de quadros carregando respostas imediatas. Por
exemplo, quadros carregando reconhecimento e quadros CTS após a recepção de um
quadro RTS;
2. Nível de prioridade DCF Priority é utilizado pela função de coordenação pontual (PCF),
para enviar quadros no período livre de contenção de um superquadro. O espaço
interquadros associado a esse nível de prioridade é denominado PIFS (PCF IFS);
3. Nível de prioridade DCF Priority é utilizado pela função de coordenação distribuída
(DCF) para transmissão de quadros assíncronos.
2.3.3. Camada física
Nas redes sem fio os pacotes são transmitidos, "através do ar", em canais de
freqüência de rádio (freqüência na faixa de kHz até GHz) ou infravermelho (freqüência da
ordem de THz).
São apresentados 3 padrões na camada PHY: infravermelho(IR)[17], Espalhamento
Espetral por Seqüência Direta (DSSS-Direct Sequence Spread Spectrum) e Espalhamento
Espectral por Saltos em Freqüência (FHSS-Frecuency Hopping Spread Spectrum), estas
dois últimas por Radio Freqüência (RF) na faixa de aplicações baseadas em espalhamento
do espectro ISM (Industrial, Science e Medical), que não requer licença para sua utilização.
O wireless PHY é análogo a escolher 10BaseT, 10Base5, 100BaseT e outros PHY
na areia da tecnologia Ethernet.
A faixa denominada ISM (Industrial, Scientific and Medical) é alocada para a
emissão eletromagnética de diversos tipos de aparelhos eletrônicos. Por esta razão, para a
transmissão nesta faixas não é exigida licença. Para operar nela é necessário utilizar
técnicas de espalhamento espectral [15].

2.3.3.1. Técnicas de Espalhamento Espetral


Spread Spectrum (SS) ou Espalhamento Espectral é um meio de transmissão
adequado para fornecer uma comunicação segura em um ambiente hostil. SS "espalha" o
sinal portador de informação fazendo-o ocupar uma faixa muito maior que o necessário
para transmiti-la. A técnica faz com que o sinal ocupe toda a faixa e assuma uma
"aparência" de ruído, dificultando a sua detecção e aumentando a sua imunidade a outras
fontes localizadas de interferência [18].

2.3.3.1.1. DSSS
Na técnica de Espalhamento Espectral de Seqüência Direta define-se uma seqüência
de dados que contém a informação b(t), a qual é usada para modular uma seqüência
pseudo-aleatória c(t) de faixa larga através da multiplicação dos dois sinais. Como o sinal
c(t) é de faixa larga, o sinal m(t) resultante da multiplicação dos dois sinais também será de
faixa larga. O sinal c(t) nesta caso então age como um código de espalhamento. O sinal
m(t) pode ser expresso como:
m(t) = c(t)b(t) (I)

Após o espalhamento o sinal é modulado novamente (na freqüência central de faixa)


e transmitido. Uma representação gráfica é mostrado na figura 2.g.
Quando é recebido e demodulado, o sinal pode ser expresso da seguinte forma:

r(t) = c(t)b(t) + i(t) (II)

Onde i(t) é uma interferência aditiva presente no canal, a decodificação é realizada


multiplicando o sinal r(t) novamente pelo código de espalhamento em perfeito sincronismo
com o transmissor, resultando:

z(t) = r(t)c(t) = c²(t)b(t) + c(t)i(t) (III)


Como o código de espalhamento alterna entre +1 e -1, quando ele é multiplicado
consigo mesmo essa alternação é destruída, ou seja

c²(t) = 1, para todo t (IV)


aplicando-se o resultado acima, a equação (III) se torna

z(t) = b(t) + c(t)i(t) (V)

+1

Dados
b(t) 0 t

Tb
-1

1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 0
+1
Código de
Espalhamento 0 t
c(t)
-1
NTc

+1
Sinal
Resultante t
0
m(t)
-1

Figura 2.g. Sinal resultante da multiplicação dos sinais.

A supressão da interferência é realizada através da passagem do sinal por um filtro


passa-baixa, já que o sinal b(t) é de faixa-estreita e o componente c(t)i(t) é de faixa-larga,
recupera-se, desta maneira, a informação que foi transmitida.
Sequência
de Filtro Passa
Dados m(t) Modulad. x(t) Demod. r(t) Baixa
b(t) PSK z(t)
PSK
Binário Sinal
Binário
Recebido Sequência
c(t)
y(t) c(t) de
Gerador de Dados
Código de Portadora Gerador de b(t)
Portadora
Espalhament Código de
o Espalhament
o

Figura 2.h. Diagrama de blocos do DSSS

A figura 2.h, mostra o diagrama de blocos para um sistema DSSS simples. No


diagrama, o sinal b(t) (sequência de bits) é multiplicado pelo sinal c(t) (código de
espalhamento) dando origem ao sinal m(t), que é em seguinda modulado por uma portadora
senoidal, na frequência central da banda utilizada, usando BPSK ( Binary Phase Key
Shiting).

2.3.3.1.2. FHSS
No sistema DSSS, o uso de uma seqüência de espalhamento provoca um
espalhamento instantâneo da faixa de transmissão. Um método alternativo é cobrir todo o
espectro simplesmente fazendo o sinal modulado "saltar" aleatoriamente de uma freqüência
para outra, de acordo com um código de espalhamento. Neste caso, o espectro do sinal
transmitido é espalhado seqüencialmente, e não instantaneamente como no caso do DSSS.
Este método é denominado Espalhamento Espectral por Saltos em Freqüência (Frequency
Hopping Spread Spectrum - FHSS).
A figura 2.i, mostra o diagrama de blocos de um sistema FHSS utilizando
modulação FSK (Frequency Shift Key). Pode-se observar que o código de espalhamento
altera a freqüência da portadora com a qual é modulado o sinal de informação.
Mixer
Sequência Mixer
de Dados
b(t) Filtro
Filtro Detector Saída
Modulador Passa
Passa GFSK
GFSK Faixa
Faixa

Sintetizador
Sintetizador
de
de
Frequências
Frequências
...
c(t) ...
c(t)
Gerador de
Gerador de
Código de
Código de
Espalhamento
Espalhamento

Figura 2.i. Diagrama de blocos do FHSS

Existem dois tipos de Espalhamento de Freqüência (FH): Slow (SFH), no qual


vários símbolos do sinal são transmitidos em um único salto e Fast FH (FFH), onde a
freqüência da portadora saltará várias vezes durante a transmissão de um símbolo.

Figura 2.j Sistema SFH


A figura 2.j. (a) ilustra um exemplo onde o código de espalhamento é uma
combinação de três bits, o que permitem 2³ estados, logo a portadora pode saltar para oito
canais (Rs) diferentes. Na figura 2.j. (b) cada símbolo transporta dois bits de informação,
permitindo até quatro diferentes tons (freqüências) FSK em cada portadora.

Em sistemas de redes sem fio, FFH não é usado por ser cara e consumir muita
energia. Também, tanto o receptor como o transmissor tem que saltar em sincronismo,
SFH é melhor por possuir melhor tolerância em relação ao grau de sincronismo usado.

2.3.3.1.3. Comparação entre as técnicas de espalhamento


Nos sistemas DSSS comerciais, a taxa típica entre a seqüência de espalhamento e o
sinal situa-se entre 10 e 100. Esse número é conhecido como o fator de espalhamento.
Sistemas DS, de acordo com regulamentos da FCC, precisam manter um fator de
espalhamento de pelo menos 10. Se a eficiência espectral da sinalização é 1(um) e a faixa
alocada é W, então a taxa de dados por usuário não pode exceder W/10. A taxa de dados
por usuário depende ainda da distribuição geográfica dos usuários e portanto pode ser
muito menor. Os sistemas FH que operam nas bandas ISM são limitadas quanto à sua
largura de faixa instantânea a 0,5 MHz (faixa de 915 MHz) ou 1,00 MHz (faixas de 2,4 e
5,8 GHz). Em sistemas FH não sincronizados (exigência da FCC), no pior caso, a taxa de
dados agregada chega a W/4 e este valor não depende da distribuição geográfica dos
usuários.
Sistemas FH possuem um potencial maior para rejeição de interferência que
sistemas DS, já que podem administrar seu espectro com mais facilidade. Desta forma
possuem uma capacidade maior de evitar interferência com usuários de maior prioridade,
como operadores de rádio amador.
Devido à forma como os sistemas FH e DS ocupam a faixa, é necessário que
compartilhem a mesma entre seus usuários. Alguns sistemas DS são projetados para usarem
menos que a faixa disponível, que é dividida em canais. Assim, cada usuário trabalha em
um canal, não havendo então, interferência. Em sistemas FH, a mesma largura de faixa total
é usada por diferentes redes, mas cada rede usa canais estreitos de 0,5 ou 1 MHz e seguem
seu próprio padrão de saltos em freqüência.
Na tabela 2.a se faz uma comparação entre os diferentes métodos DSSS e FHSS.

Tabela 2.a. Comparação entre os métodos de Espalhamento do Espectro

DSSS FHSS
Necessita licença Não Não
Capacidade no pior caso < W/10 W/4
Capacidade de evitar interferência Baixa Alta
Capacidade de evitar usuário prioritário Baixa Alta
Redes simultâneas Poucas Muitas
2.3.3.2. Transmissão por infravermelho
De forma geral, o acesso de dispositivos pessoais através de infravermelho se dá
pelo simple fato de apontar, por exemplo, uma laptop ou uma calculadora para uma
impressora, com o fim de transferir arquivos. Esse tipo de aplicações se está disseminando
rapidamente, pela redução substancial do tamanho (1 mm2) e do custo (US $5) do
transceptor, além do surgimento dos padrões da IrDA a partir de 1993.

A IrDA (Infrared Data Association) é uma organização que cria e promove padrões
de interconexão de dados através de equipamentos que utilizam infravermelho. Alguns dos
padrões são mostrados na tabela 2.b.

Tabela 2.b. Principais padrões desenvolvidos pela IrDA [15]

Setembro 1993 IrDA determina as bases da IrDA Serial Infrared (SIR) Especificação de Enlace
da Camada Física.
Novembro 1995 Microsoft anuncia a possibilidade de conectividade IrDA ao Windows 95,
habilitando conectividade de custo baixo entre Windows´95 e os periféricos dos
PC´s
Julho 1997 Automobile Charter Meeting estabelece o padrão Bi-Direcional infravermelho.
Outubro 1997 IrDA publica IrTran-P (Infrared Picture Transfer) padrão de especificação para
intercâmbio das imagens usado em equipes/câmaras de captura da Imagem
Digital.
Novembro 1997 IrDA publica IrMC, um novo padrão para intermobilidade entre equipes de
comunicação móveis.
Fevereiro 1998 IrDA publica IrDA Control, um novo padrão para os periféricos de entrada de
dados, sem fio (i.e. mice, keyboards, joysticks e gamepads).

Devido as propriedades das transmissões infravermelhas descritas no epígrafe


1.3.1.2.2., este tornou-se um promissor candidato para as LAN sem fio instalados em
ambientes fechados.
Existem, basicamente, duas modalidades de enlace curto por infravermelho: a
conexão por linha de visada, na qual dois pontos são interconectados por um feixe diretivo
que vai do transmissor ao receptor; e o chamado infravermelho difuso, no qual o
transmissor "inunda" o recinto com luz infravermelha que é lançada em todas as direções,
reverberando pelas paredes e assim alcançando todos os receptores do recinto.
No infravermelho por linha visada, a ausência de múltiplos caminhos entre
transmissor e receptor permite que se alcancem taxas maiores de transmissão, mas o
sistema é totalmente vulnerável à presença de obstáculos que eventualmente se coloquem
na linha de visada. Em redes Ethernet, as taxas podem alcançar até 10 Mbps, e em redes do
tipo token ring até 16 Mbps, devendo os nós consecutivos se situarem até 25 m um de
outro, sem obstáculos. Para isso, pode ser usada a parte do recinto que se situa entre o teto e
a mobília, especialmente em grandes espaços ocupados por pequenos escritórios separados
por biombos [3].
Para aplicações ponto-multiponto ou broadcats, é necessário usar o infravermelho
difuso, mas aí as taxas caem devido à propagação por múltiplos caminhos. Uma maneira
interessante de amenizar este problema é a transmissão quase-difusa, na qual todos os
transmissores apontam para um refletor (que pode ser passivo ou ativo) situado no teto do
recinto numa posição central. A reverberação fica então limitada à superfície do refletor,
reduzindo a variação de comprimento dos percursos.
O princípio do enlace por infravermelho está baseado na intensidade da modulação
e a detecção direta da portadora ótica. A intensidade da modulação é realizada variando a
corrente do diodo laser ou LED. A detecção direta é realizada por fotodiodos PIN que
produzem uma corrente proporcional à força ótica incidente.

2.3.3.2.1. Técnica do IR
O IEEE 802.11 desenvolveu a técnica de IR, através do sistema por infravermelho
difuso. O padrão define o formato do frame que deve ser transportado na camada física
segundo se mostra na figura 2.k.

SYNC SFD DR DCLA Length CRC MPDU

57-73 slots 4 slots 3 slots 32 slots 16 bits 16 bits 0 - 1500 bytes

Figura 2.k. Formato do frame a ser transportado na camada física

Também é definido o nível de radiação, que deve ser de 0.1 mW/cm2, esse valor é
levado para um sinal de ruído de 2.66 dB assumindo um área ativa de 1 cm2. A
sensibilidade do receptor foi especificada para 2x10-5 mW/cm2 e 8x10-5 mW/cm2 para 1
Mbps e 2 Mbps respetivamente.

Não tem nenhum valor de sensibilidade máxima especificada no padrão. Há algumas


opções para aumentar a performance de links, visando:
ƒ aumentar a área ativa do receptor;
ƒ usar diversidade de ângulos em ambos: emissor e receptor;
ƒ usar técnicas de eliminação de interferência.

Tudo isso, considerando que a excessiva exposição a radiações infravermelhas podem


originar lesões oculares, etc. Existem regulamentações internacionais que define o máximo
nível para o qual o usuário pode estar exposto sem sofrer nenhuma lesão[16]. Mais
informações aparecem no Apêndice B.
Capitulo 3. Redes WAN sem fio
Da mesma maneira que acontece com as redes WAN cabeadas, o acesso das redes
WAN sem fio se baseia na infra-estrutura de telefonia existente. O suporte fundamental das
redes de computadores de acesso remoto sem fio é o sistema de telefonia celular,
implantado faz alguns anos. Para este tipo de rede a propriedade da mobilidade se faz mais
explicita, considerando o conceito de computação móvel de forma mais completa.

3.1. Sistemas Celulares


Estes sistemas celulares predominam atualmente na área da comunicação móvel.
Surgiram no final da década de 70 como um serviço de luxo.
Os primeiros sistemas celulares tinham a capacidade limitada e o número de
usuários alocados a cada estação base era bastante reduzido. Este primeiro grupo representa
a primeira geração, e destaca-se o AMPS (Advanced Mobile Phone System). O AMPS
implementa o Pacotes de Dados Digitais Celulares (CDPD: Cellular Digital Packet Data)
sobre a rede, oferecendo taxas de transmissão de dados de 19.2 kbps, para os usuários.
Além de usar um circuito dedicado para a transmissão de dados, o CDPD usa os períodos
ociosos sobre os canais de voz para garantir os serviços requisitados. Esta é a forma mais
eficiente de uso do espectro para tráfego de dados, os quais precisam de mais largura de
banda. Para aceder aos serviços necessita-se um modem CDPD ou um cartão equivalente
no notebook, pode-se usar protocolo IP para aceder à Internet permitindo: navegar na Web,
processar e-mail, manipular arquivos, etc [19].
A Segunda geração de sistemas celulares se identifica com o padrão GSM (Global
System for Mobile communications), é um sistema com maior capacidade e compatível com
diversas e modernas arquiteturas de redes, é um serviço de comunicação pessoal (PCS:
Personal Communications Service) que atualmente opera em mais de 200 países. Os dois
padrões nos Estados Unidos são IS-136, o qual usa TDMA e o IS-95, que usa CDMA. O
GSM provê o Serviço de Rádio por Pacotes Gerais (GPRS: General Packet Radio Service),
o qual encapsula dados num pequeno pacote para à sua transmissão através da rede a
velocidades de 100 kbps, o GPRS intercala pequenos pacotes dos diferentes usuários e
envia eles através da rede, aproveitando a largura de banda disponível nos diferentes slots
de tempo, isto permite que os pacotes compartilhem as capacidades disponíveis da rede e
alcancem maiores taxas de transmissão [20].
Os sistemas celulares têm evoluído rapidamente sempre buscando o atendimento de
um maior número de usuários e a elevação de sua capacidade de transmissão, tornando-se a
primeira alternativa para comunicação de dados sem fios a longas distâncias, representando
o melhor suporte para as redes WWAN.
A evolução tecnológica das redes celulares, acompanhada da sua demanda
explosiva, marca o surgimento da terceira geração de sistemas, com grandes investimentos
em pesquisas, projetos e instalação. Essa geração terá que seguir lidando com a
comunicação de voz e dados simultaneamente, buscando sempre uma maior capacidade. O
conceito de capacidade passa a ser visto sob uma nova ótica, considerando a comunicação
de dados através de novos paradigmas como: tráfego por rajadas, ocupação de múltiplos
canais por enlace, etc; as capacidades de transmissão que se esperam são de 144 kbps para
usuários móveis que estão-se movimentando em veículos, 384 kbps para usuários que se
movimentam a pê e 2.05 Mbps para locações fixas.
3.1.1. Tecnologias, Sistemas e Serviços
Os principais sistemas celulares no mercado são o AMPS, D-AMPS (Digital
AMPS), GSM e o CDMA, os outros estão em uso mas com a tendência a ceder espaço para
os primeiros, pela predominância tecnológica e do mercado. Uma visão no tempo dos
principais sistemas é dada pela figura 3.1.

Redes sem fio


2010 multimidias

IMT2000
2000
UMTS
PCS
Satélites
1990 GSM, D-AMPS,
IS136, DCS, PDC,
CDMA (IS(%)
AMPS, NMT, RMTS,
1980 TACS, JTACS

1970
...

1940 IMTS

Analógico Digital

Figura 3.1. Evolução dos sistemas


A comparação entre eles podem levar em conta vários parâmetros, tais como:
número máximo de canais, fator de reuso, número de usuários por canal, eficiência
espectral, interferência, segurança e processamento de handoff. A evolução tecnologica e a
capacidade de comunicação de dados são também importantes para a expansão do sistema
[21].
O AMPS surgiu em 1983 como sucessor do IMTS, é um sistema analógico e teve
uma boa aceitação a nível internacional. Sua especificação consta do EIA/TIA 533, da
Electronic Industries Association e da Telecommunications Industry Association.
Considerando os 146 canais duplex disponíveis, dentre eles sete canais de controle (a FCC
define 21 canais de controle), e o fator de reuso de sete, resulta 58 ((416-7)/7) canais duplex
para cada célula, um número bastante reduzido de usuários. A elevação desse número
somente é possível pela divisão da célula ou pelo uso de antenas setorizadas. As
interferências co-canal e adjacentes no sistema, são contornadas pela alocação de canais
com frequencias devidamente espaçadas, ou no controle da potência de transmissão de cada
canal, o que limita sensivelmente a capacidade do sistema. O handoff implica em
interrupção momentânea, a tecnologia analógica é obsoleta, o controle geral do sistema é
fixo e a segurança pode ser quebrada facilmente, dadas essas características ele não é
indicado para transmissões de dados digitais, na sua especificação original. No entanto,
pelo uso de protocolos especiais de fácil instalação e baixo custo, destinados à detecção e
correção de erros, o que torna esse sistema viável para a transmissão de dados [21]. Um
desse protocolos é o CPDP.
A versão digital do AMPS (D-AMPS) está especificado no IS-54 da EIA/TIA e
cobre os dois modos de operação suportando o FDMA e o TDMA. A combinação
FDM/TDM faz com que este sistema tenha três vezes mais canais que o AMPS. Pelo
sistema IS-136 novas facilidades foram agregadas, a taxa de voz foi reduzida para 6.5 kbps,
elevando a capacidade do sistema de seis em relação ao sistema analógico. Portanto, pelo
IS-54 o sistema D-AMPS apresenta o número máximo de canais de 443.7 e a taxa de 13
kbps/canal, e pela IS-136 são 887.4 canais de 6.5 kbps/canal. O sistema caminha-se para
uma técnica de multiplexação TDM totalmente digital: IS-136, o objetivo é explorar as
técnicas de Espalhamento do Espectro (SST Spread Spectrum Tecnology), mais
especificamente a técnica de Saltos de frequencia (FH - frequency hopping); no atua estágio
o handoff ainda é um problema, mas nem na sua versão final deverá ser suave. Nesta
evolução vários serviços têm sido embutidos, como a comutação de pacotes, no entanto a
comunicação de dados ainda é limitada e em baixas taxas de transmissão.
O GSM, é um sistema baseado na tecnologia TDMA, especificado pela European
Commission em 1987. Cada canal de voz transmite na taxa de 13 kbps, 2400 bps, 4800 bps
e 9600 bps. Considerando as 124 portadoras, cada portadora com oito slots de tempo, fator
de reuso de sete e o ganho de 2.55 pelo uso de antenas setorizadas, resulta um número
máximo de canais de 361.37, de 13 kbps por canal. Como é um sistema digital, é mais
apropriado para a comunicação de dados, mas o handoff, ainda continua com interrupções,
compromete a qualidade de serviço com a perda de informação, no entanto, serviços de
correio eletrônico, ftp e acesso a computador, já podem ser realizados via computadores
pessoais conectados a um terminal GSM com interface PCMCIA.
A tecnologia CDMA foi recentemente lançada pela empresa americana Qualcomm
Incorporated e depois incorporadas pelas empresas GTE, Ameritech Sprint, Airtouch,
USWest e Nynex. Em 1993, TIA/EIA laçaram sua especificação IS-95, como o padrão
wideband spread spectrum digital cellular system, de alta capacidade, modo dual que
permite a operação em modo analógico (AMPS) e digital (CDMA). A banda de 25 MHz no
sistema CDMA é dividida em 10 canais duplex de 1,25 MHz, cada canal pode transmitir
simultaneamente 64 canais digitais com taxas básicas de 9.6 kbps ou 14.4 kbps,
diferenciados por códigos ortogonais e taxas de espalhamento de 1.228 Mbps. O uso de
códigos de espalhamento garante uma alta segurança e sigilo para o sistema, independente
da criptografia. Dos 64 canais, 55 são para a telefonia, sete para mensagens ou pagging e
dois para o controle. O CDMA é um sistema bastante rico de recursos para aumentar a sua
eficiência e a qualidade de serviço. O fator de reuso no sistema é igual a 1, isto porque todo
o espectro de freqüência é usado por todas as células, esta característica garante um handoff
suave, a medida que o usuário muda de célula, libera o código da célula antiga e mantém o
da nova, essa característica é fundamental para a transmissão de dados. Já se fala de B-
CDMA (Broandband CDMA) para aplicações de banda larga, com taxas acima de 64 kbps,
redução das interferências, desvanecimento, e dos componentes de múltiplo percurso,
melhor rádio de cobertura e compartilhamento de todo o espectro. Considera-se,
teoricamente, que o CDMA tem uma superioridade de 20 vezes em relação ao AMPS e de
3.7 vezes ao D-AMPS.
O CDMA é o grande concorrente ao padrão TDMA, presente no GSM e no D-
AMPS (padrão IS-136). Por sua vez os sistemas baseados no FDMA tendem a perder todo
o espaço até então ocupado. Um longo debate tem sido travado em torno desses padrões,
com uma tendência ao CDMA, mas muito tem sido feito, com destaque ao GSM e ao D-
AMPS. O GSM continua sendo mais barato que o CDMA na fase de implementação, pelo
custo das ERBs e terminais de baixo custo, no entanto, o crescimento do mercado de
CDMA tem levado a uma redução constante dos custos nesse padrão, uma ERB já custa
abaixo de US$300 mil. A figura 3.2 mostra o crescimento de novos assinantes
mundialmente por tecnologia, elaborado pela Motorola.

80

60

40
20

0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Analógico CDMA GSM

Figura 3.2. Assinantes por tecnologia

Em uma comparação de custos realizada recentemente pela empresa de pesquisa


Dataquest Inc., o custo de um canal de voz era de US$ 9000, para um sistema CDMA, US$
6000 para um GSM e de US$ 7000 para um D-AMPS (IS-36). Essa empresa sugere o GSM
para mercados com baixo tráfego e o CDMA para mercados congestionados. A tabela 3.1
mostra uma comparação entre os sistemas.

Tabela 3.1 Comparação entre os sistemas celulares

Item AMPS D-AMPS GSM CDMA


IS-54 IS-136 (IS-95)
Sistema Analog. Analog/ Digital Digital Digital
Digital
Largura de banda (MHz) 12.5 12.5 12.5 12.5 12.5
Número máximo de canais/células 147.9 443.7 887.4 361.37 600-980
Eficiência Espectral 5.92 17.75 35.50 14.45 130.56
Taxa de transmissão/canal (kbps) 13 6.5 13 9.6
Multipexação FDMA FDMA/ TDMA TDMA CDMA
TDMA
Fator de reuso 7 7 7 7 1
Segurança Baixa Baixa Média Alta Alta
Capacidade x AMPS 3x 2x 10-20 x

Outra discussão gira em torno de sistemas analógicos versus digitais. Isto porque
estudos científicos têm mostrado de forma consistente que os telefones celulares de
tecnologia digital podem ser prejudiciais à saúde (Ver apêndice B). Esse é um argumento
favorável à tecnologia analógica. Por outro lado, a tecnologia digital está vinculada a
qualidade de serviço, capacidade, segurança, transmissão de voz e dados.

3.2. Principais Fatores Relacionados com o Projeto de Hardware e Software


Os principais problemas de pesquisa na área de computação móvel são decorrentes,
principalmente, da mobilidade, variações nas condições de comunicação e gerenciamento
de energia.

3.2.1. Mobilidade
A localização de um elemento móvel e, consequentemente, seu ponto de acesso a
rede fixa muda à medida que esse elemento se move pela rede. Como conseqüência da
mobilidade temos problemas relacionados com gerência de localização, projeto de
protocolos e algoritmos, heterogeneidade, segurança, dentre outros.
Na gerência de localização o custo de pesquisa para localizar um elemento móvel
deve incluir o custo da comunicação. Para minimizar o custo final, algoritmos e estruturas
de dados eficientes, junto com planos de execução de consultas devem ser projetados para a
localização de elementos móveis.
No projeto de protocolos e algoritmos distribuídos para ambientes móveis a
configuração do sistema não é estática e, por essa razão, a topologia passa a ser dinâmica.
Nesse contexto, o centro de atividades das aplicações e servidores, a carga do sistema e a
noção de localidade mudam ao longo do tempo. Esses fatores não podem ser deprezados e,
na verdade, um dos grandes desafios da computação móvel é projetar novas aplicações e
algoritmos que levem em consideração essas características do ambiente.
A heterogeneidade é uma constante na computação móvel, por exemplo, a
conectividade entre os elementos computacionais não podem ser sempre garantida e,
quando existe, possui confiabilidade e vazão variáveis. Em ambientes externos (outdoors) a
velocidade de comunicação é mais baixa que em ambientes internos (indoors) onde pode-se
oferecer uma conectividade mais confiável ao dispositivo móvel ou até mesmo permitir que
seja operado através de uma conexão com a rede fixa. Outra característica é que o número
de dispositivos móveis numa célula muda com o tempo e, consequentemente, a carga na
estação base e a largura de banda disponível. Também os serviços na rede fixa usados pelo
computador móvel podem variar como por exemplo o tipo de impressora disponível.
A mobilidade também introduz novos problemas de segurança e autenticação, na
comunicação sem fio é mais fácil fazer interceptação de mensagens o que pode causar
sérios problemas de segurança que deve fazer uso de técnicas de criptografia. Outra questão
é a facilidade para o rastreamento do computador móvel quando se comunica com a rede
fixa, o que nem sempre pode ser desejável para o usuário se o sigilo de movimento foi
importante.

3.2.2. Variações nas condições de comunicação


Redes sem fio são normalmente mais caras, oferecem uma largura de banda menor e
são menos confiáveis que redes fixas. Por outro lado as redes fixas têm tido um crescimento
muito grande da largura de banda disponível. Por exemplo, o padrão Ethernet provê 10
Mbps, fast Ethernet 100 Mbps, FDDI 100 Mbps e ATM 155 e 622 Mbps. Produtos para
comunicação sem fio oferecem 19 kbps para comunicação via pacote e 9-14 kbps para
telefonia celular. A largura de banda típica para redes locais sem fio varia de 250kbps a 2
Mbps, ou até 25 Mbps para ATM sem fio. O problema é ainda mais crítico por dois
motivos: o primeiro é que a largura de banda é dividida entre os usuários de uma célula o
que faz com que a largura de banda efetiva por usuário seja ainda menor, o segundo é que o
ruído e a atenuação afetam a taxa de erro na comunicação sem fio que é de cinco a dez
ordens de grandeza maior que na rede fixa. Enquanto na comunicação sem fio a taxa de bits
errados (BER: Bit Error Ratio) é tipicamente de um bit errado para cada 105 a 106 bits
transmitidos, numa rede fixa com fibra ótica, essa taxa é de um bit errado para cada 1012 a
1015 bits transmitidos. A alta taxa de erro na comunicação sem fio faz com que a eficiência
do canal na comunicação sem fio seja menor. Esta característica contrasta com redes fixas
onde pacotes são normalmente perdidos devido ao congestionamento.
Na comunicação sem fio as desconexões são freqüentes e podem ser caracterizadas
de forma diferentes. Desconexões podem ser voluntárias, ou seja, o usuário ou o
computador móvel evita intencionalmente o acesso à rede para diminuir o custo da tarifa de
comunicação, o consumo de energia ou o uso da largura de banda. Pode ser forçada quando
o usuário móvel entra numa região onde não existe acesso à rede fixa por falta de um canal
de comunicação ou cobertura nesse local, dessa forma as desconexões podem ser
previsíveis ou súbitas. Exemplos de desconexões previsíveis são:
ƒ Desconexão voluntária;
ƒ Variações na taxa sinal-ruído (SNR: Signal-to-Noise Ratio) o que pode fazer com que
seja mais interessante esperar um intervalo de tempo para fazer uma transmissão
quando o valor de SNR é alto;
ƒ Energia disponível na bateria quando atinge um threshold que pode fazer com que todo
o ambiente móvel passe a trabalhar com outra qualidade de serviço;
ƒ Conhecimento da distribuição da largura de banda disponível num determinado
momento.

As desconexões também podem ser categorizadas de acordo com a sua duração.


Desconexões muito curtas devido, por exemplo, a handoffs podem ser mascaradas pelo
hardware ou software do sistema. Outras desconexões podem ser tratadas pelo sistema
operacional através de seus diversos módulos (sistema de gerenciamento de arquivos,
memória, etc.), pela aplicação ou pelo próprio usuário. Como as desconexões são muito
comuns, tanto o hardware quanto o software para computadores móveis, deve ser projetado
para operar no modo desconectado. Este é um outro ponto central no projeto da
computação móvel.
Outro aspecto importante relacionado com a comunicação sem fio são as
características do computador móvel. Uma unidade móvel deve ser leve, pequena e fácil de
carregar, estas características em conjunto com o custo e tecnologias existentes fazem com
que um computador móvel atual tenha menos recursos que computadores fixos incluindo
memória, velocidade de processador, tamanho da tela, dispositivos periféricos, memória
secundária e inexistência de problemas relacionados com consumo de energia. Além disso,
computadores móveis são mais fáceis de serem danificados, roubados ou perdidos.

3.2.3. Gerenciamento de energia


Computadores móveis dependem de baterias para poderem funcionar. Atualmente,
as baterias disponíveis no mercado são relativamente pesadas e só conseguem armazenar
energia para algumas horas de uso. Este problema é visto como o maior empecilho no uso
de computadores móveis. Infelizmente a tecnologia de construção de baterias não tem
acompanhado o crescimento de outros segmentos da informática e a evolução prevista não
muda esse cenário. Logo, o gerenciamento de energia é um problema importante e deve ser
tratado tanto pelo hardware quanto pelo software.
Na comunicação sem fio, o gerenciamento de energia para transmissão é muito
importante por dois motivos: primeiro, a energia é um recurso limitado em computadores
móveis e o seu consumo deve ser minimizado; segundo, um sinal deve ser transmitido com
um valor correto de potência para não interferir na recepção de um outro sinal por uma
outra estação minimizando a relação sinal-ruído.
Projetistas de hardware para computadores móveis já incorporaram algumas
características nesses sistemas para diminuir o consumo de energia como desligar a luz de
fundo da tela, desligar o disco quando não está sendo usado ou mesmo eliminá-lo
completamente e substituí-lo por uma memória flash3, e projetar processadores que
consomem menos energia no modo doze.
Por outro lado, várias situações têm contribuído para o aumento do consumo da
energia nas unidades móveis, cada vez mais se tem aumentado a freqüência de trabalho do
processador das unidades móveis, o que aumenta a taxa de consumo de energia. Além
disso, a presença de partes móveis na unidade móvel também levam a um aumento na taxa
de consumo de energia.
O grande desafio é projetar todo o software de um computador móvel considerando
o consumo de energia, por exemplo, tarefas do sistema operacional como escalonamento de
processador e outros dispositivos, protocolos de comunicação e aplicações.

3.3. Problemas Relacionados com o Computador Móvel


Pode-se dizer que a computação móvel é um caso especial de sistemas distribuídos
onde problemas de comunicação e desconexão são constantes e a topologia do ambiente é
dinâmica. Logo, todos os problemas existentes e já resolvidos em sistemas distribuídos
devem ser no mínimo repensados na computação móvel. O objetivo é procurar identificar o
que continua válido, o que deve ser mudado e o que deve ser procurado novo; seguindo este
raciocínio a lista de problemas em computação móvel é extensa, a grande maioria dos
problemas ainda é assunto de pesquisa e a lista apresentada a seguir é apenas uma amostra
dessa área extremamente vasta.

3.3.1. Serviços de Informação


Devido às diferencias estruturais de um sistema móvel, assim como às variações de
tráfego, o ambiente de operação do usuário passa a ser altamente dinâmico. Tais fatos
levam à necessidade do projeto de aplicações com capacidade de interoperabilidade ao
longo de diferentes ambientes de acesso sem fio, pontos chaves no projeto de tais
aplicações são: capacidade de identificação das condições do ambiente, adaptabilidade do
modo de apresentação das informações em tais condições e continuidade da prestação do
serviço ao longo de mudanças fronteiriças (handoffs). A continuidade da prestação do
serviço ao longo de mudanças fronteiriças, torna necessária a capacidade de comunicação
entre diferentes servidores. Imaginando uma arquitetura cliente/servidor poderíamos dizer
que o serviço deve ter autonomia de escolha dos dados a transmitir baseado nas condições
de tráfego de sua área de abrangência, assim como o cliente deve ser capaz de se adaptar à
tais condições, no entanto, certas aplicações podem necessitar de dados completos
independente das condições do sistema (por exemplo, imagens médicas), o que torna
necessário também a capacidade de negociação da apresentação dos dados entre a parte
cliente e a servidora da aplicação.
A negociação pela qualidade do serviço leva à questão da tarifação destes. As
aplicações prestadoras de serviços de informação sem fio devem ser capaz de cobrar do
usuário o custo associado ao serviço prestado. Esquemas adequados de tarifação envolvem
questões de dimensionamento e de processamento em tempo real. O dinamismo e
variabilidade dos serviços prestados exige estruturas mais dinâmicas do sistema de
tarifação.

3.3.2. Gerência de dados


Um dos aspectos principais no projeto de um sistema de arquivos para usuários
móveis é o tratamento de operações no modo “desconectado”[22,23,24]. Neste caso,
quando o usuário se reconecta com a rede fixa, as modificações que foram feitas em
arquivos durante o modo desconectado, devem ser enviadas para o servidor apropriado.
Algumas das questões a serem analisadas são: que arquivos devem ser trazidos para a
memória do computador móvel antes de haver a desconexão, como é feita a atualização no
servidor das cópias dos arquivos modificados localmente., etc. Dois outros aspectos que
devem ser levados em consideração no projeto de um sistema de arquivos que trata
mobilidade são: a minimização de operações síncronas e o grau de consistência que deve
ser mantido entre a cópia de um arquivo no servidor e no computador móvel [25].
As restrições no consumo de energia por parte do computador móvel, têm levado ao
desenvolvimento de trabalhos em diferentes áreas, tais como: gerência de dados e sistemas
operacionais. Na área de gerência de dados, alguns dos problemas estudados são:
otimização de consultas a bancos de dados [26], organização de dados que são enviados
para vários usuários dentro de uma macrocélula [27], alocação e replicação de dados entre
um computador móvel e fixo [28,29], outras questões relacionado com o impacto da
mobilidade na gerência de dados são discutidas em [30,31,32].
Na área de sistemas operacionais, o problema de minimizar o consumo de energia é
fundamental, uma das questões mais importantes é como o estado do sistema deve ser salvo
periodicamente para prevenir uma perda do estado no caso de falta de energia [33]. Além
deste problema, sistemas operacionais para PDAs devem tratar questões como o uso de
tecnologias que têm latência, largura de banda, características de conectividade e custos
diferentes para acessar dispositivos e serviços dependentes da localização [34].
Num ambiente de comunicação móvel, a questão de comunicação entre processos é
crítica devido às limitações na largura de banda da comunicação sem fio e da potência

3.3.3. Protocolos para Suporte


Nos próximos anos, o número de computadores móveis ligados a Internet deve
aumentar bastante, exigindo um suporte eficiente à mobilidade que será fundamental no
desempenho de toda a rede [35], os protocolos de comunicação têm uma parcela imensa de
responsabilidade nessas tarefas. Dentro da comunidade da Internet e de outras organizações
como o IEEE, existem vários grupos de trabalho discutindo, projetando e fazendo propostas
de protocolos de comunicação para sistemas de computação móvel, esta é uma área muito
ativa e, em vários pontos, não existe uma abordagem a ser escolhida.
Uma arquitetura de redes de computadores define um conjunto de camadas e
protocolos. No caso das redes WWAN, a arquitetura adotada é a TCP/IP, da qual mostra-se
uma visão simplificada na tabela 3.2. É importante considerar que os protocolos dessa
arquitetura não foram projetados para ambiente de redes sem fio, pelo qual possuem
características particulares que serão discutidas nesta seção.

Tabela 3.2 Pilha de protocolos da arquitetura TCP/IP e alguns protocolos usados


Camadas Protocolos
Aplicação SMTP, Telnet, FTP, HTTP, DNS, SNMP,.....
Transporte TCP, UDP
Rede IP, IP Móvel, ICMP, IPX, Appletalk,...
Enlace Família IEEE 802, PPP
Física Adaptador de rede

3.3.3.1. Camada de Enlace


A camada de enlace é responsável pelo estabelecimento do enlace e seu
gerenciamento. Por ser a camada mais perto do meio físico deve considerar no projeto de
protocolos as características de um enlace de comunicação sem fio: largura de banda
menor, confiabilidade mais baixa e alta taxa de erro.
Efeitos da comunicação devido à mobilidade afetam o projeto de protocolos de
enlace. Mudanças na posição do usuário afetam a taxa sinal-ruído (SNR: Signal-to-Noise
Ratio).
O uso de técnicas de compressão de dados permite um maior aproveitamento do
canal de comunicação, porém acarreta um overhead de processamento nas duas
extremidades do enlace que se traduz num consumo de energia [36].
Outro requisito é o uso de técnicas de criptografia na comunicação devido à
confidencialidade.
Outro problema é que técnicas de detecção de colisão como as usadas no protocolo
CSMA/CD devem ser substituídas por técnicas que evitem colisão.

3.3.3.2. Camada de Rede


Computadores na arquitetura TCP/IP usada na Internet possuem um endereço IP
que determina o roteamento de pacotes a serem entregues a um destinatário, por trás desse
conceito está o fato que os computadores são fixos, e o endereço determina a localização de
um computador em relação aos restantes da rede. No entanto, em caso de computadores
móveis, isto não é válido, já que a localização de uma unidade móvel muda, se o endereço
associado com o computador móvel permanece o mesmo, independente de sua localização,
então o endereço não pode ser usado para rotear pacotes IP. Foram abordadas várias
estratégias para resolver o problema, uma dela é que o computador móvel possua um
endereço que é função da sua posição, então todas as outras entidades (computadores,
processos, aplicações, roteadores, etc) em contato com esse computador precisam ser
informados de mudanças no endereço, no caso de redes com muitos computadores móveis
esta estratégia possui sérios problemas de desempenho, visto que uma grande quantidade de
informação deve ser difundida na rede para notificar todos os elementos dos novos
endereços dos computadores. Uma outra estratégia baseia-se no conceito de home base de
um computador móvel, ou seja, todo computador móvel possui uma estação base
responsável pelo redirecionamento de suas mensagens, neste caso, toda vez que um
computador desejar enviar pacotes para um computador móvel, basta que o pacote seja
enviado para a sua home base que se encarregará de redirecionar o pacote para i endereço
físico onde se encontra o computador móvel no momento, nesta abordagem, toda vez que o
computador móvel alterar o seu ponto de conexão na rede, é necessário informar a sua
estação base da sua localização. Esta solução está sendo implementada pelo protocolo IP
Móvel, a qual se baseia no protocolo Ipv4, no entanto um grupo de trabalho do IETF
(Internet Engineering Task Force) está adaptando este protocolo para poder trabalhar com a
versão mais nova do protocolo IP (Ipv6).

3.3.3.3. Camada de Transporte


Um dos objetivos inicias de considerar o aspecto da mobilidade na camada de rede é
para que a camada de transporte não sofrera modificações, no entanto, um estudo
apresentado em [37] mostra que conexões TCP ativas usando IP Móvel na camada de rede,
apresentam problemas de desempenho, como atrasos e perdas de pacotes.
O protocolo TCP assume que o meio de transmissão é confiável e perdas de pacotes
são causadas por congestionamento. Nesse caso, a entidade de transporte deve diminuir o
fluxo de mensagens na rede assim que a perda de um pacote seja detectada [38]. Na
comunicação sem fio, os pacotes são perdidos geralmente por erros e perdas no canal de
comunicação, logo, a estratégia usada no protocolo TCP, não é válida e deve ser revista.
Existem duas estratégias que foram propostas: TCP-Indireto [39] e modificação na camada
de rede [40].

3.3.3.4. Camada de Aplicação


A camada mais alta na hierarquia é a camada de aplicação. Dependendo do
protocolo de transporte usado (por exemplo confiável ou não) os protocolos de aplicação
não precisam se preocupar com questões como correção de erro, retransmissão e controle
de fluxo. No entanto, a mobilidade introduz novos requisitos que devem ser oferecidos
pelos protocolos às aplicações: configuração automática, descoberta de serviços, supervisão
do enlace e estado do ambiente.
Estes requisitos formam um conjunto de serviços middleware que facilitam o uso de
certas aplicações em ambientes de computação móvel, por exemplo, um computador móvel
pode ter que ser reconfigurado diferentemente em cada ponto de acesso dependendo das
características do ambiente com outro servidor de DSN e um novo endereço IP. Em
particular esses problemas estão sendo resolvidos por: Dynamic Host Configuration
Protocol [41,42] e Service Location Protocol [43].
Um dos aspectos mais importantes no projeto de serviços middleware é a
incorporação dos fatores que afetam o projeto de sistemas de computação: a mobilidade e o
consumo de energia, estes fatores são dinâmicos e podem afetar o comportamento da
aplicação. O exemplo mais simples é a necessidade de aplicações Web adaptarem a
apresentação gráfica em função da largura de banda disponível. A computação móvel
introduz mais variabilidade nesta situação e reforça o fato de aplicações, como as que usam
multimídia, detectarem e agirem nos parâmetros usados pela conexão num dado momento,
como largura de banda do enlace, taxa de erro e tempo de resposta. Outros parâmetros
como custo e segurança podem ter um comportamento variável e dificultar o uso da
aplicação.

3.3.4. Algoritmos Distribuídos


Normalmente, é difícil executar diretamente algoritmos distribuídos clássicos num
ambiente de computação móvel, isso se deve ao fato que tais algoritmos não consideram a
mobilidade nem a restrições de recursos desses computadores, por essa razão é necessário
aplicar outros princípios de projeto de algoritmos distribuídos [44].
Alguns dos algoritmos distribuídos que têm sido estudados recentemente para
computação móvel são: definição de mecanismos de ordenação de eventos, propagação de
informação em uma rede de comunicação, controle de concorrência, coordenação entre
processos e comunicação em grupos (multicasting).

Tabela 3.3 Fatores que afetam o projeto de algoritmos distribuídos para computação
móvel.
Fator Questão a ser considerada
Mobilidade (handoff) ƒ A topologia do sistema é dinâmica
Conservação de energia ƒ Deve ser um requisito de projeto de hardware quanto de
software
Características do meio ƒ Largura de banda limitada
de comunicação ƒ Altas taxas de bits errados e sinal-ruído
Custo de comunicação ƒ Custo por localizar a unidade móvel + Custo de
comunicação que é dependente das características do enlace
sem fio num determinado momento;
ƒ Transmissão consome mais energia que a recepção;
ƒ Tarifação do meio normalmente é função do tempo da
conexão e não do número de mensagens transmitidas.
Modo típico de operação ƒ Modo “doze” para economizar energia;
ƒ Ao receber uma mensagem o computador móvel entra no
modo normal de operação.
Conexão com a rede fixa ƒ Depende do cliente (aplicação): conectado, conectado às
vezes ou tipicamente desconectado;
ƒ As desconexões são mais freqüentes do que na rede fixa.
Escalabilidade ƒ Distância entre os cliente (processos ou nodos) é totalmente
variável;
ƒ Algoritmos que funcionam para poucos clientes devem
funcionar para um número arbitrário de clientes.
Configuração dos ƒ Geralmente são heterogêneos com capacidade e recursos
clientes diferentes;
ƒ Comparados com as estações da rede fixa, as unidades
móveis possuem menos capacidade e recursos.

Bancos de dados também são influenciados pela presença de usuários móveis,


novos paradigmas de transação devem ser desenvolvidos de forma a tratar usuários que se
movimentam e se desconectam durante a realização de uma transação. Devem-se criar
mecanismos, como por exemplo uso de cache e manutenção da consistência de dados, para
o tratamento de consultas quando a unidade móvel se encontra desconectada da rede de
comunicação. Devem-se criar consultas que sejam otimizadas visando a economia de
energia e não a quantidade de informação transmitida. Isto tem levado ao desenvolvimento
de esquemas de processamento que permitam a migração de tarefas que consomem grande
quantidade de energia, de unidade móveis a estações fixas, com o resultado retornado
posteriormente para unidade móvel. Normalmente, isto tem sido feito através de agentes
móveis.
Também tem sido desenvolvidas técnicas para tratamento de falta de energia na
unidade móvel, o que permite que dados críticos existentes na memória principal possam
ser deslocados para uma região de memória estática quando vai acabar a energia disponível.
Este é um caso típico de projeto de um sistema considerando a utilização de hardware e
software simultaneamente (hardware/software co-design).
A tabela 3.3 faz um sumário dos principais fatores que afetam o projeto de
algoritmos.

3.3.4.1. Modelos Computacionais para Ambientes Móveis


O projeto de qualquer algoritmo é baseado num modelo computacional, por
exemplo, o modelo computacional que representa um computador pessoal é a Maquina de
Turing ou modelo de von Neumann.
A seguir, é descrito informalmente o modelo computacional usado na computação
móvel:
Um computador móvel mantém uma conexão com a rede através de uma
comunicação sem fio com estações base. Neste contexto, uma estação base é um
computador fixo que provê uma cobertura de comunicação sem fio dentro de uma certa
área geográfica chamada de célula. Um computador móvel pode se comunicar diretamente
com uma estação base, e vice-versa, somente se estiver localizado dentro de sua célula. Em
qualquer momento do tempo, um computador móvel pode pertencer lógicamente a uma
única célula. A célula a qual pertence define a localização do computador móvel e o
computador móvel é considerado local à estação base que provê a cobertura de
comunicação sem fio na célula. O modelo de sistema que suporta mobilidade de
computadores consiste de dois conjuntos distintos de entidades: computadores móveis e
estações base. Todos os computadores estáticos e a infra-estrutura de comunicação
constituída por roteadores e enlaces de comunicação constituem a parte fixa da rede.
Através da rede fixa é possível haver comunicação entre computadores móveis e
computadores na rede fixa, assim como entre computadores móveis que se encontrem em
diferentes células. Considera-se que a rede fixa provê um serviço confiável e que entrega as
mensagens de um computador móvel para outro na mesma ordem que a rede recebeu.
Quando um computador móvel passa para uma outra célula então ocorre um procedimento
de handoff executado pelas estações base das duas células.

3.3.4.2. Modelos de Comunicação


Dentre os modelos de comunicação existentes em sistemas distribuídos, existem três
modelos comumente usados pelas aplicações: cliente/servidor, par-par (peer to peer) e
agentes móveis.
3.3.4.2.1. Modelo Cliente Móvel/Servidor
No modelo cliente/servidor, uma aplicação executando num sistema de computação
chamado cliente, requisita um serviço de uma outra aplicação executando normalmente em
outro sistema de computação, chamado de servidor. Este modelo tem sido a base das
aplicações desenvolvidas para a Internet.
Num ambiente de computação móvel, o computador móvel exerce o papel de cliente
que requisita serviços de servidores localizados na rede fixa. Em alguns casos, a
funcionalidade e os dados são distribuídos entre diversos servidores fixos que se devem
comunicar para atender a requisição do cliente.
Este modelo, para ser usado diretamente na computação móvel, deve tratar alguns
problemas, como é o caso da desconexão. No caso do cliente móvel estar desconectado, o
computador móvel deve emular a funcionalidade de um servidor para a operação poder
continuar [45].
Também dentro deste modelo é necessário definir o tipo de mecanismo de
comunicação usado. Uma possibilidade é a troca direta de mensagens entre o cliente e o
servidor. Esta abordagem não é adequada para a comunicação sem fio, onde a comunicação
é feita em baixa velocidade e não é confiável. Nesse ambiente, uma abordagem mais
apropriada é usar um mecanismo de indireção, onde as mensagens são enfileiradas nas duas
extremidades. Outra possibilidade é usar o mecanismo de RPC (Remote Procedure Call).
RPC síncrono não é adequado para a computação móvel já que o cliente fica bloqueado no
caso de desconexão. Uma possibilidade é o RPC assíncrono [46]. Neste modelo, toda
chamada RPC feita pelo cliente é armazenada num log estável e o controle é retornado
imediatamente para a aplicação. O cliente móvel, ao se conectar com a rede fixa, envia as
chamadas RPCs para o servidor de forma transparente para a aplicação. O servidor que
processou a chamada RPC pode fazer várias tentativas para enviar respostas ao cliente
móvel. O mecanismo usado pelo RPC assíncrono permite que o software de suporte a
comunicação use diferentes canais de comunicação para enviar requisições e receber
respostas de forma transparente para as aplicações.
Pelo exposto, fica claro que o modelo tradicional cliente/ servidor precisa ser
estendido para tratar desconexões e comunicação não confiável entre cliente e servidores.
Duas extensões do modelo cliente/servidor são propostas.

1. Modelo Cliente/Agente/Servidor
Este é um modelo de três partes: cliente, agente e servidor (c/a/s) [47,48], onde o
cliente representa o computador móvel, o servidor a estação na rede fixa, que recebe as
chamadas do cliente, e o agente fica na rede fixa agindo em nome do cliente. A idéia desta
abordagem é que o agente mantém a presença do cliente na rede fixa, aliviando o impacto
da largura de banda limitada e a baixa confiabilidade da comunicação sem fio nas
transações entre o cliente e o servidor. Neste cenário, o agente pode ter acesso a canais de
comunicação de alta velocidade, mais confiáveis e com recursos computacionais mais
sofisticados. No caso agente usar um mecanismo de cache, o tempo de comunicação na
rede diminui já que envolve a parte móvel melhorando o tempo de resposta da aplicação.
Outro aspecto é que o servidor não precisa executar certas tarefas para beneficiar o cliente,
como compressão de dados que passaria para o agente, diminuindo assim a carga no
servidor.
Neste modelo o agente pode ser projetado para tratar cliente ou serviços. No caso de
clientes, o agente pode representar na rede fixa uma única aplicação num computador
móvel ou um conjunto de aplicações em diferentes computadores móveis [49]. O agente
também pode ser responsável por um serviço específico como acesso a um servidor Web
[50] ou um banco de dados [51]. Neste caso toda a comunicação feita entre o cliente móvel
e o servidor é feita através do agente responsável pelo serviço. O agente do serviço pode
atender mais clientes simultaneamente.
A introdução de agentes no modelo também afeta o tráfego na sub-rede de
comunicação e, mais especificamente, o roteamento de pacotes. Outro problema é que o
agente, estando localizado na rede fixa, só pode otimizar a transmissão de dados para o
cliente móvel e não no sentido contrário, a menos que o cliente também execute uma
função semelhante.

2. Modelo Cliente/Interceptador/Servidor
Uma possível solução para os problemas apresentados pelo modelo c/a/s é dividir o
agente em duas parte: uma que fica no cliente e a outra que continua na rede fixa [50,52].
Esses dois novos elementos são chamados de interceptadores ao invés de agentes. O
interceptador do lado do cliente móvel intercepta chamadas do cliente e, juntamente com o
interceptador do lado do servidor, executa otimizações para reduzir a transmissão de dados
no canal de comunicação sem fio e tenta manter interrupta a computação no cliente móvel.
Do ponto de vista do cliente, esse interceptador exerce o papel de um servidor proxy que é
co-residente com o cliente. De forma análoga, o interceptador do lado do servidor exerce o
papel de um cliente local proxy que reside na rede fixa, mas não necessariamente com o
servidor. Os interceptadores têm basicamente a função de minimizar os efeitos do canal de
comunicação sem fio sobre o cliente móvel e o servidor.
O par de interceptadores podem ser visto como uma camada middleware que
otimiza e facilita a comunicação num ambiente móvel.
Recentemente, a IBM desenvolveu o WebExpress, um sistema de acesso a
servidores Web para computação móvel baseado neste modelo [50].

3.3.4.2.2. Modelo Par-Par


Numa arquitetura par-par (peer-to-peer) não existe distinção entre estações que
exercem o papel de cliente e estações que exercem o papel de servidor. Idealmente, cada
estação tem a funcionalidade completa de cliente e do servidor. Mapeando esse modelo
para a computação móvel, os computadores se tornam parceiros idênticos numa
computação distribuída.
Aplicações onde é necessário executar algum tipo de trabalho cooperativo entre
entidades parceiras são fortes candidatas a usarem o modelo par-par [53].

3.3.4.2.3.Modelo Agente Móvel


Agentes móveis são processos que migram de um computador para outro,
executando tarefas específicas [54], possuem a capacidade de mover-se pela rede,
transportando-se entre os equipamentos, levando consigo dados e códigos.
Algumas das características principais de agentes móveis são:
ƒ habilidade de um agente de interagir e cooperar com outros agentes;
ƒ autonomia, no sentido que é capaz de se executar sem a intervenção da entidade que a
disparou;
ƒ execução em diferentes plataformas de hardware e software, o que leva a um alto grau
de interoperabilidade;
ƒ ser capaz de responder a eventos externos;
ƒ ser capaz de se movimentar entre estações.

O modelo computacional de agentes móveis, suporta o modo de operação


desconectado. Por exemplo, durante uma rápida conexão, um cliente móvel pode invocar
um agente e então desconectar-se. O agente prossegue independentemente com o objetivo
de executar a sua tarefa, quando a tarefa está terminada, o agente espera por uma conexão
com o cliente móvel para enviar o resultado. De forma similar, um agente móvel pode ser
levado da rede fixa para o computador móvel antes de uma desconexão. O agente funciona
como um representante da aplicação interagindo com o usuário mesmo durante
desconexões. De uma forma genérica, um agente móvel pode ser usado para levar uma
funcionalidade de uma estação para outra, considerando os recursos disponíveis num
determinado momento.
Ao permitir que um cliente móvel invoque um agente, a parte pesada da
computação pode ficar na rede fixa. Neste modelo, a mobilidade é implícita. Agentes
móveis migram para executar suas tarefas, possivelmente interagindo com outros agentes,
mas também para seguir computadores móveis.

3.3.4.3. Modelos para um Cliente Web


Nesta seção se mostra como os diferentes modelo de comunicação na computação
móvel podem ser usados no projeto de um cliente Web, ou browser.
O projeto World Wide Web é baseado na linguagem de descrição de documentos
HTML (Hyper Text Markup Language) [55] e no protocolo HTPP (Hiper Text Transfer
Protocol) [56] e toda a comunicação segue o modelo cliente/servidor. No entanto, as
limitações introduzidas pela comunicação sem fio tornam inviável a utilização de um
cliente Web nesse ambiente. Além disso o protocolo HTPP possui algumas características
que o torna inadequado para a computação móvel.:
ƒ Forma de requisitar objetos de uma página HTML: para cada objeto gráfico, o
protocolo HTTP versão 1.0 abre uma conexão TCP/IP com o servidor, esta operação
aumenta o overhead e a latência. Este problema está sendo resolvido com a versão 1.1
[57,58];
ƒ Transmissões redundante de capacidades: não possui um estado ou memória de suas
ações;
ƒ Protocolo textual: a informação de controle no HTTP é codificada em ASCII.

Mesmo em redes fixas o protocolo HTTP tem problemas de escalabilidade que


resultaram em melhoras propostas na versão 1.1. Num ambiente de comunicação sem fio, o
acesso a servidores Web se torna inviável devido ao longo tempo de respostas e eventuais
temporizações. Em [50] mostra-se um experimento feito para acessar uma aplicação
simples DB2 com 10 páginas totalizando 30 000 bytes, a partir de um ambiente de
comunicação sem fio, ligado a uma rede corporativa que estava ligada a Internet. Para cada
página recuperada foi gerado um tráfego de 56 kbytes e levou mais de 20 minutos para
trazer todas as páginas.
A seguir são discutidos os modelos para ambientes de computação móvel que
podem ser empregados no projeto de uma aplicação Web.

3.3.4.3.1. Modelo Cliente Móvel/Servidor


No modelo cliente /servidor puro, o cliente comunica diretamente com o servidor
Web, na rede fixa, através do enlace sem fio. Qualquer otimização deve ser feita
direitamente no código do programa cliente ou do servidor.

Modelo Cliente/Agente/Servidor
Neste caso deve haver um agente na rede que representa um ou mais clientes Web. Todo
tráfego de/para computador móvel passa por esse agente que tem como objetivo minimizar
o processamento no cliente e no servidor. Algumas das possíveis funções a serem
executadas pelo agente Web são:
ƒ Caching que é mantido ao longo de várias sessões. Com isso é diminuído o tráfego
com o servidor Web, já que basta ao agente perguntar ao servidor se o objeto
requisitado tem uma data de atualização mais recente da que está na sua cópia local;
ƒ Prefectching que é usado para otimizar a navegação na rede baseado num perfil criado
pelo usuário ou um outro critério [59];
ƒ Execução de tarefas especificadas pelo usuário como consolidação de vários
documentos HTML em um único documento usando critérios pré-definidos [47,60];
ƒ Filtros dependentes da aplicação como compressão com ou sem perda e reordenação de
texto antes de enviar qualquer dado para o cliente [61].

Modelo Cliente/Interceptador/Servidor
Neste caso, deve haver dois agentes Web, sendo um na rede fixa e outro no cliente
móvel por onde passa toda a comunicação entre o cliente e o servidor. O objetivo dos
agentes é cooperarem entre si para diminuir o volume de tráfego no enlace sem fio. Isto
pode ser realizado como [59,62,63]:
ƒ Alterações no protocolo HTTP para minimizar o número de conexões TCP/IP entre
agente e reduzir o número de bytes de cabeçalho modificando o seu formato.
Nesta abordagem o cliente não precisa enviar a sua lista de capacidades em cada
requisição nem é necessário seguir o formato do protocolo HTTP. A comunicação
entre os agentes pode seguir um protocolo próprio que procure otimizar esses recursos.
A comunicação dos agentes com as outras entidades é feita usando os protocolos
HTTP e TCP/IP.
ƒ Modificação na forma como um objeto gráfico pode ser apresentado ao cliente.
Neste caso, o cliente pode aceitar que um objeto gráfico seja comprimido usando um
algoritmo que introduza perda de informação ou mesmo que o objeto gráfico tenha a
sua resolução diminuída.
ƒ Uso de scripts para gerar páginas dinâmicas baseado no estado do ambiente do cliente.
A partir de uma página dinâmica pode-se buscar outras páginas ou executar alguma
tarefa dependendo do estado do ambiente do cliente no momento em que a requisição
HTTP é efetuada.
ƒ Uso de cache nos dois agentes para armazenar documentos HTML.
Nesta abordagem o agente na rede fixa mantém num cache local os objetos enviados
para o cliente móvel. Esses objetos também são armazenados num cache do agente na
parte móvel é consultado para saber se está sendo atualizado ou não. Se não estiver, é
enviada numa solicitação para o servidor. O agente na rede fixa, ao receber o objeto do
servidor, só transmite as diferenças entre as versões anteriores e atuais, diminuindo o
tráfego no enlace sem fio. Finalmente, o agente no computador móvel se encarrega de
reconstituir o objeto.

O modelo baseado no interceptador oferece vantagens de ser transparente tanto para o


cliente quanto para o servidor Web. Segundo o experimento desenvolvido em [59],
utilizando várias dessas otimizações numa aplicação DB2 com 10 páginas, o tempo total
diminuiu de 20 minutos para três minutos.

3.3.4.3.2. Modelo Par-Par


No modelo par-par, os computadores móvel e fixos são considerados idênticos e podem ter
um servidor e um cliente Web. No caso de um computador móvel possuir um servidor
Web, provavelmente a sua configuração será maior e mais parecida com um computador na
rede fixa. Documentos armazenados no servidor local são enviados para o cliente móvel
diretamente, sem envolver nenhuma comunicação através da rede. No entanto requisições
do cliente móvel para outros servidores ou de outros clientes para o servidor local vão
envolver o enlace sem fio. Nesta situação pode-se usar agentes interceptadores para
executarem otimizações descritas acima.

3.3.4.3.3.Modelo Agente Móvel


Os agentes móveis podem ser usados conjuntamente com os modelos anteriores
oferecendo outras facilidades como mobilidade de agentes para seguirem clientes e/ou
outros servidores, redefinição de atividades exercidas por agentes de interceptação ao longo
do tempo e busca de informação na rede.
Capitulo 4. Perspectivas futuras
Visto como uma parte da progressão da informática, os sistemas de computação sem
fio representam o próximo passo lógico na separação ("libertação") do usuário dos
ambientes computacionais. O usuário pode acessar os recursos do sistema (serviços,
servidores, impressoras, etc.) a qualquer tempo e em qualquer lugar, sem a necessidade de
estar interligado por cabos.
Atualmete computadores móveis podem receber e enviar mensagens eletrônicas,
consultar bancos de dados espalhados pela Internet, receber informações sobre serviços
locais, transferir arquivos e executar vários outros serviços.
Existem vários estudos e projetos sendo realizados, visando:
ƒ Um melhoramento no gerenciamento de força, a fim de aumentar a duração da bateria
do sistema;
ƒ Desenvolver técnicas de modulação mais eficientes, com o objetivo de aumentar a
velocidade de transferência de dados;
ƒ Considerar os diferentes aspectos relacionados com a mobilidade dos usuários.

Existem tendências bem definidas nos diferentes tipos de redes sem fio. No caso das
redes LAN, considerou-se o esforços que estão fazendo as principais empresas mundiais
no desenvolvimento do da tecnologia bluetooth. E no caso das redes WAN a chamada 3G
(Terceira Geração) de comunicações sem fio.

4.1. Perspectivas das redes LAN sem fio


No ano 1998, cinco lideres mundiais de telecomunicações e eletrônica
apresentaram a Bluetooth, uma nova tecnologia global que aperfeiçoa as comunicações sem
fio entre telefones celulares e computadores [64]. No outubro de 1999, é anunciada a
adesão da 3Com, Lucent, Microsoft e Motorola ao padrão. Na atualidade mais de 1077
empresas já formam parte do grupo dado a chamar: Bluetooth SIG (Special Interest Group -
Grupo de Interesse Especial).

4.1.1. Bluetooth
É um novo padrão de troca de informações que utiliza um link de rádio de curta
distância, possibilitando a conectividade de dispositivos em geral sem muito esforço. Ele
compete com a especificação 802.11 para redes LAN sem fio. Possibilitando transmissão
de dados e voz através de sinal de rádio de curto alcance, esta nova tecnologia permitirá
que usuários conectem uma grande quantidade de dispositivos fácil e rapidamente sem a
necessidade de cabos, expandindo as capacidades de comunicação para computadores
portáteis, celulares e outros dispositivos portáteis.
O rádio operará na freqüência global disponível de 2.45 GHz (ISM free band),
permitindo que viajantes utilizem seus equipamentos compatíveis com Bluetooth em todo o
mundo.

Características:
ƒ Opera na faixa 2.4 GHz ISM (Industrial-Scientific-Medical);
ƒ Alcance de 10m à 100m;
ƒ Utiliza espalhamento espectral por saltos de freqüência (FHSS), que divide a faixa de
freqüência em um número de canais hop;
ƒ Suporta até 8 dispositivos em uma piconet (duas ou mais unidades Bluetooth
compartilhando um canal);
ƒ Fácil integração com TCP/IP para redes;
ƒ Regulado por governos em todo o mundo.

Será possível conectar impressoras, celulares, projetores LCD, Modems, dispositivos de


LAN Wireless, Notebooks, Desktops, PDAs, etc. através dos módulos de rádio de curto
alcance instalados em cada um destes dispositivos.

4.2. Perspectivas das redes WAN sem fio


A tecnologia 3G deve evoluir direitamente dos padrões 2G atualmente em uso, com
o objetivo principal de prover maiores taxas de velocidade e serviços sem fios
interoperáveis a nível mundial, que serão usados para transmissão de dados, permitindo
aplicações multimídia, vídeo conferências e reconhecimentos de voz [20].

4.2.1. Tecnologia 3G
Espera-se alcançar velocidades de até 384 kbps, para usuários se movimentando a
velocidades baixas (atualmente o máximo é 14.4 kbps) e 2.05 Mbps para usuários que estão
temporalmente fixos (o máximo alcançado com a tecnologia atual é 128 kbps).
Essas taxas de transmissão serão alcançadas usando técnicas de multiplexação que
permitirão aumentar a largura de banda.
Varias organizações estão trabalhando nos padrões da tecnologia 3G, a ITU
(International Telecommunication Union) está desenvolvendo o ITM-2000 (International
Mobile telecommunication), o qual define padrões flexíveis para aceder a infraestruturas de
telecomunicações globais. O IMT-2000 é uma ferramenta de terceira geração, definida
como uma família de sistemas para prover serviços avançados a nível mundial.
A ETSI (European Telecommunication Standards Institute) está coordenando o
UMTS (Universal Mobile Telecommunication System), a qual é a contribuição européia de
3G. A qual inclui dois padrões: W-CDMA (Wideband-CDMA) e TD-CDMA (uma
combinação de W-CDMA e TDMA, isto é devido a que na Europa se usa o GSM, o qual é
baseado no TDMA, assim que o TD-CDMA poderia servir como caminho para o upgrade.
Eles esperam implementar sistemas de redes 3G, com essas características para o ano 2002.
O Japão deve ser mais agressivo na implantação da tecnologia de terceira geração,
já que a demanda de celulares é cada vez maior, eles esperam que as operadoras comecem a
usar os sistemas pelo ano 2001. Alguns especialistas consideram que devem adotar o W-
CDMA como padrão de 3G, igual que na Europa, só que muitas operadoras estão usando
equipamentos Qualcomm, e esta empresa desenvolveu uma outra tecnologia 3G conhecida
como cdma2000 (ou Wideband cdma2000), a qual é similar, mas incompatível com a W-
CDMA, já que os padrões usam diferente taxas de chips.
Nos EE.UU. deve demorar a transição a 3G, já que algumas regiões não tem fortes
investimentos na implantação da tecnologia de Segunda geração. Alguns grupos de
trabalhos norte-americanos, todos sob os auspícios da TIA (Telecommunications Industry
Association), tem propostos padrões competitivos: o Grupo de Desenvolvimento CDMA e
a Qualcomm estão a favor do cdma2000 e a UWCC (Universal Wireless Communication
Consortium) estão trabalhando sobre o UWC-136, o qual provê um caminho de upgrade
para as tecnologias baseadas em TDMA e GSM. A introdução dessas tecnologias não se
espera até os anos 2003 ao 2005 [19].
No setembro do 1999, aconteceu no Brasil um encontro dos dirigentes das
indústrias de telecomunicações com os membros do grupo ITU, onde se estudaram as novas
tecnologias para a implantação da terceira geração. O grupo terá de avaliar 11 propostas de
serviços terrestres de empresas que desejam que o seu sistema faça parte da rede 3G, além
de outras propostas de serviços via satélite.
Apêndice A. Empresas e produtos das redes sem fio

A.1 Introdução
O aumento da complexibilidade das relações comerciais nos últimos vinte anos
tornou imprescindível uma melhoria substancial das formas de comunicação. Estar
acessível a qualquer hora e em qualquer lugar deixou de ser um luxo exclusivo de poucos
executivos e passou a ser fator de competitividade em qualquer tipo de negócio.
Desde a década de 70, a comunicação interpessoal por ondas de rádio vêm se
desenvolvendo guiada por tecnologias de empresas como a Motorola e a Nec.
Alianças estratégicas entre várias empresas de telecomunicações estão sendo
formadas para criar a infra-estrutura necessária para este novo mundo das comunicações
sem fio.

A.2. Alguns fabricantes

A.3 Empresas e Produtos

http://www.cernet.com.br/Wavelan

Os produtos de rede sem fio Lucent trazem a tecnologia dos Laboratórios Bell Labs
e são líderes no mercado mundial de soluções de rede local sem fio.
Projetado para acompanhar o poder dos laptops,
computadores portáteis, notebooks e outros equipamentos
móveis atuais, os cartões PCMCIA WaveLAN fornecem a
mesma conectividade dos sistemas cabeados com a
liberdade de movimento dentro do seu edifício ou campus.

Eles permitem:
• Mobilidade total.
• Cobertura de todo o edifício ou campus
• Tolerância a falhas e redundância (sem pontos únicos de falha).

As placas PCMCIA WaveLAN podem ser encontradas em dois modelos diferentes:


• PCMCIA IEEE 802.11 Turbo Silver - placa PCMCIA padrão IEEE 802.11 HS com
velocidade de 11 Mbps e criptografia de 64 bits.
• PCMCIA IEEE 802.11 Turbo Gold - placa PCMCIA padrão IEEE 802.11 HS com
velocidade de 11 Mbps e criptografia de 128 bits.

A WavePOINT-II é o ponto central das redes locais sem fio da


Lucent. Esse equipamento tem dupla função: cria uma "célula" de
rede fio (qualquer equipamento da rede sem fio tem que estar dentro
do alcance da WavePOINT-II) e também realiza a ponte entre a rede
cabeada e a rede sem fio (e por isso é também chamada de ponto de
acesso ou access point).

A WavePOINT-II possui 1 porta Ethernet e 2 slots PCMCIA, para receber cartões WavaLAN
PCMCIA; como cada cartão PCMCIA cria uma rede de 11 Mbps pode-se ter 22 Mbps de
banda disponível por célula.
Pode-se instalar várias WavePOINT-II para se criar várias células. Isso pode ser utilizando
quando:
• a área a ser coberta pela rede sem fio é maior que o alcance de uma WavePOINT.
• se necessita de mais banda que os 22 Mbps disponibilizados por apenas uma
WavePOINT. Repare que cada equipamento ligado a rede sem fio terá apenas 11
Mbps, com várias células é possível ter os equipamentos da rede divididos em grupos e
cada grupo acessa uma dessas células. Repare que a alocação dos grupos é estática.
• se necessita de redundância. Nesse caso se coloca mais células do que o necessário, se
uma WavePOINT-II apresentar problemas os equipamentos que estavam ligados a ela
passam automaticamente a trabalhar com outra disponível.

http://www.motorola.com
Com um faturamento global da ordem de US$ 33,1 bilhões em 1999, a Motorola é líder
mundial em sistemas e serviços eletrônicos avançados. Atuando de maneira globalizada em
45 países, mais de 50% dos negócios da empresa nos últimos anos resultaram de atividades
executadas fora dos Estados Unidos. A partir da década de 90, com a abertura do setor de
telecomunicações na América Latina, a Motorola iniciou um ambicioso programa de
investimentos na região, estabelecendo rapidamente subsidiárias nos principais países do
continente. Em 1996, a Motorola tomou a decisão de fazer do Brasil a sua base industrial na
América do Sul. Para concretizar este objetivo, a companhia passou a investir maciçamente
na implantação de novas unidades fabris e na contratação de mão-de-obra.

O 56K Global Modem é o último Modem com


características de auto-sensing o qual otimiza a velocidade
de conexão a Internet para V.90 e K56flex. Com ele se pode
entrar na era da comunicação sem limitações, permitindo o
serviços de acesso on-line, usando-o no notebook e ligando-o
através do telefone celular.
O modem tem com 4Mb de memória flash o qual permite melhor funcionalidade e
capacidade futura para atualizações futuras, tais como maiores velocidades de conexão. Ele
permite velocidades de 56 kbps de transmissão de dados.

Outras empresas:

www.prxim.com.br www.blackbox.com. www.nokia.com


br

www.visualnet.com.br/~mit/mit.html www.3com.com
Apêndice B. Possíveis conseqüências para a saúde
As transmissões empregadas nas redes sem fio podem provocar transtornos de saúde das
pessoas que estão expostas às mesmas. Alguns deles são:
ƒ Problemas biológicos [65];
ƒ Tumores nos cérebros, fizeram-se experimentos com ratas de laboratórios expostas a
campos electromagnéticos gerados nas redes sem fio [66];
ƒ Podem provocar sérias afeções nos olhos, nas pessoas expostas às ondas milimétricas
usadas nas LANs sem fio [67,16];
ƒ Problemas no código DNA, segundo experimentos realizados com ratas expostas a um
tipo de radiação que são usadas nas transmissões das redes sem fio [68].
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3. Listagem de Abreviaturas
1
WAP: Protocolo de Acesso Sem Fio (Wireless Acess Protocol)
2
Handoff: Mudança automática de chamada de uma célula para outra à medida que o
usuário se desloca
3
Memória flash: É uma memória que consome pouca energia, provê baixa latência e baixo
tempo de acesso para leitura, no entanto, o seu custo atual é uma ordem de
grandeza a mais que a memória normal e ncessita um dispositivo especial para
gravação.

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