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Autor:
Gilmar Possati
15 de Dezembro de 2021
1.4.1. Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG) ............................ 14
4 – Resumo........................................................................................................................................................ 26
5 – Gabarito .................................................................................................................................................... 29
APRESENTAÇÃO E ORIENTAÇÕES
Prezados, por se tratar da nossa primeira aula simplificada, cabe tecer aqui algumas considerações.
O objetivo dessa simplificação é procurar abordar os pontos essenciais, ou seja, aqueles mais importantes
que constam na aula completa.
Com o estudo pelo pdf simplificado você terá condições de acertar a maioria das questões e, até mesmo, a
totalidade das questões, desde que a banca siga um perfil mais tradicional de exigência dos pontos mais
cobrados.
De qualquer forma, seria muita presunção nossa firmar convicção de que o estudo apenas pelo simplificado
basta... depende muito do seu histórico, caso já tenha uma boa noção ou nunca tenha visto a disciplina,
entre outras variáveis.
Caso surja dúvidas, solicitamos que antes de procurar apoio no fórum consulte o pdf completo e as
videoaulas, pois você encontrará, como regra, uma maior contextualização.
Além disso, de modo a tornar o fórum o mais efetivo possível e melhorar o atendimento, solicito a
observação das seguintes orientações.
Orientações relativas ao fórum de dúvidas
Considerando a alta demanda de dúvidas diariamente recebidas, nossa equipe está orientada a seguir
algumas diretrizes de priorização, a fim de que aquelas dúvidas relacionadas a aspectos do curso sejam
priorizadas em detrimento a dúvidas surgidas fora do contexto do nosso curso, as quais poderão não ser
respondidas.
Com o aumento do uso de Sistemas de Questões e de questões inéditas elaboradas para os simulados, temos
recebido muitas dúvidas em que o(a) aluno(a) solicita a resolução da questão, o motivo de tal erro, tal acerto,
tal entendimento... assim, o fórum de Contabilidade (que já possui uma complexidade maior, pois a
disciplina possui uma maior dificuldade, especialmente em um primeiro momento de estudo) acaba
tornando-se inviável e dúvidas que deveriam ter uma pronta resposta ficam “sufocadas” em meio a esse
cenário. Assim, vamos combinar as seguintes regras de conduta:
a. Evitar dúvidas sobre questões que não estão abordadas no pdf ou no vídeo.
Existem muitas questões que o gabarito definitivo da questão não condiz com o padrão adequado
com base no entendimento previsto em norma, legislação ou doutrina. Logo, use o espaço de
discussão do próprio Sistema de Questões para debater sobre. Como regra, essas questões
problemáticas apresentam problemas aparentes e já possuem farta discussão no Sistema de
Questão. A minha dica para essas questões é simplesmente ignorá-las, pois elas apenas geram
ansiedade e diminuição da confiança, pois o(a) aluno(a) acha que pode ser cobrado um conhecimento
similar novamente, quando observamos que isso dificilmente acontece. Logo, se preocupar com
essas questões é perda de tempo. Eventuais divergências de entendimentos que sejam significativas
serão tratadas no curso.
b. Não enviar dúvidas sobre Trilhas Estratégicas, Marcações de Aprovados, Link de cadernos do
Sistema de Questões (e respectivas questões), entre outros materiais de apoio.
Todos esses produtos/serviços não são de responsabilidade do professor, logo solicitar ajuda via fórum de
dúvidas é uma perda de tempo tanto para você como para nossa equipe que precisa responder direcionando
para outro tipo de atendimento.
Solução a problemas relacionados a esses produtos/serviços precisam ser solicitados junto aos respectivos
responsáveis pela elaboração. Caso não saiba o caminho, envie um e-mail para
contato@estrategiaconcursos.com.br. Por padrão, em até 48 horas, sua mensagem será respondida e a
equipe de atendimento possui as orientações necessárias para resolver o problema.
c. Indicar de modo preciso qual a página da aula e o número da questão. Caso a dúvida refira-se a
alguma questão que conste no vídeo, mas não conste no pdf, solicitamos que coloque a sua
descrição ou o print do slide via ferramenta disponibilizada para anexar imagens na área do fórum.
d. Dúvidas relativas a questões de simulados serão respondidas caso sejam referentes ao curso
(muitos alunos resolvem questões de simulados sobre tópicos que não estão no seu edital... tome
cuidado com isso!) e somente serão respondidas caso o simulado tenha sido elaborado pelo
professor.
Para saber quem foi o professor responsável, basta olhar a indicação, logo após o nome da disciplina,
conforme destacado na figura abaixo:
Essa questão, utilizada aqui como exemplo, foi inserida no âmbito de um dos simulados para o TCE-RJ. Logo,
a dúvida será respondida dentro do curso focado no TCE-RJ, para o respectivo cargo. Caso seja inserida
dentro de outro curso poderá não será respondida, considerando as demais prioridades.
...
Contamos com a sua compreensão, pois assim esperamos ampliar a qualidade do atendimento via fórum de
dúvidas... estaremos acompanhando diariamente as dúvidas e assim que possível responderemos.
Bons estudos!
Prof. Possati e equipe
@profgilmarpossati
1 – CONTABILIDADE PÚBLICA
1.1. Conceito
Meus camaradas, atualmente não existe um conceito oficial para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(CASP) 1. O conceito que tínhamos previsto em norma era o seguinte:
Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo
gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao
controle patrimonial de entidades do setor público.
Esse conceito apesar de ter sido revogado, em essência é útil para entendermos o contexto no qual está
inserida a disciplina de Contabilidade Pública e, portanto, merece nosso estudo dentro dessa nossa aula
==16e725==
introdutória. Destaca-se que esse conceito não deve ser mais exigido em prova, pois a norma que o previa
foi revogada e a NBC TSP – Estrutura Conceitual não trouxe uma definição de Contabilidade Pública. Vamos,
então, entender melhor esse conceito?
Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil...
A Contabilidade é uma ciência social. Como tal, possui vários ramos (Contabilidade Societária, Gerencial,
Tributária, etc). Assim, entre essa subdivisão encontramos a Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP).
Pois bem... mas quais as características desse ramo que o distingue dos demais? É justamente essas
características que estão no conceito acima descrito. Vamos ver alguns detalhes de cada característica.
... que aplica, no processo gerador de informações...
Uma das finalidades da Ciência Contábil é justamente fornecer informações para a tomada de decisão... Aqui
na Contabilidade Pública não é diferente! Logo, para que a CASP possa gerar informações úteis aos seus
usuários ela deve ter algumas bases, as quais são apresentadas na sequência do conceito.
... os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis...
Atualmente, os Princípios de Contabilidade foram revogados pela NBC TSP – Estrutura Conceitual. Porém, a
própria Norma trata direta ou indiretamente desses princípios, de maneira que ainda possuem
aplicabilidade. É perfeitamente natural o fato de o CFC ter revogado a Resolução CFC n. 750/93 que
estabelecia os princípios contábeis. Com a edição da Estrutura Conceitual específica para o Setor Público, a
qual abrange diversos conceitos, características, bases de mensuração e outras regras gerais, incluindo
diversos princípios contábeis, não havia mais espaço para uma resolução que estabelecia apenas os
princípios contábeis. Se ela permanecesse válida, conviveríamos com duas estruturas conceituais paralelas,
gerando alguns problemas (algo que vinha sendo enfrentado pelo setor privado que já possuía uma Estrutura
Conceitual em que alguns pontos entravam em conflito com a Resolução n. 750/93). Pois bem... assim, para
não restar mais dúvidas, devemos ter o entendimento de que embora a Resolução CFC n. 750/93 tenha sido
revogada, os princípios são tratados direta ou indiretamente no texto da NBC TSP – Estrutura Conceitual.
1Esse é o nome mais correto tecnicamente. Porém, até hoje a disciplina é denominada de Contabilidade Pública ou, ainda, de
Contabilidade Governamental. Em nosso curso utilizaremos todas essas nomenclaturas.
Superado esse ponto dos princípios contábeis, vamos prosseguir no detalhamento do conceito... Veja que a
Contabilidade Pública toma como base as Normas contábeis. E quais são essas Normas?
Uma das grandes dificuldades em entender a Contabilidade Pública reside justamente nesse ponto. São
inúmeras Normas que fornecem a base de sustentação da disciplina. Vamos destacar objetivamente as
principais a seguir:
▪ Lei n. 4.320/64: Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Trata-se de uma lei fundamental para o estudo da Contabilidade Pública. Apesar de ter sido publicada há um
bom tempo, essa lei possui diversos dispositivos importantíssimos que estudaremos na sequência. Vale
ressaltar que muitos dispositivos dessa lei atualmente não possuem aplicabilidade, tendo em vista a edição
de outras leis, a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas leis trouxeram novos entendimentos de
alguns pontos que estavam previstos na Lei n. 4.320/64.
Trata-se de uma lei com um caráter eminentemente voltado aos aspectos orçamentários (princípios
orçamentários, execução orçamentária, controle do orçamento, etc). Na disciplina de Administração
Financeira e Orçamentária (AFO) ela é muito explorada. Porém, para a Contabilidade Pública ela também
possui dispositivos importantíssimos, a exemplo do seu Título IX que trata sobre aspectos inerentes à
Contabilidade (aspectos patrimoniais), entre os quais destacam-se as disposições referentes às
demonstrações contábeis.
▪ Lei 10.180/2001: Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal,
e dá outras providências.
Observe que essa lei é importante pelo fato de ter estruturado os grandes sistemas relacionados às finanças
públicas: planejamento, orçamento, administração federal, contabilidade federal e controle interno. Assim,
para cada sistema a lei estabeleceu suas finalidades, organização e competências. Para a Contabilidade
Pública o mais importante dessa lei são as disposições referentes ao Sistema de Contabilidade Federal.
▪ Lei Complementar n. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal): Estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), como é popularmente conhecida, veio regulamentar a Constituição
Federal, na parte da Tributação e do Orçamento, cujo Capítulo II estabelece as normas gerais de finanças
públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal.
A LRF estabeleceu para toda a Federação, direta ou indiretamente, limites de dívida consolidada, garantias,
operações de crédito, restos a pagar e despesas de pessoal, dentre outros, com o intuito de propiciar o
equilíbrio das finanças públicas e instituir instrumentos de transparência da gestão fiscal.
Conforme destaca o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), a LRF estabeleceu, ainda,
a exigência de realizar-se a consolidação nacional das contas públicas. Esta competência é exercida pela
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) por meio da publicação anual do Balanço do Setor Público Nacional
(BSPN), congregando as contas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Assim como a Lei n. 4.320/64, a LRF possui grande relevância para a disciplina de AFO. Porém, muitos
dispositivos dessa lei são relevantes e objeto de estudo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público.
▪ Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP/NBC TSP) → trata-se das
Normas “mãe” da atual Contabilidade Aplicada ao Setor Público. As NBCASP/NBC TSP surgem no contexto
de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais. Editadas pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) essas Normas estabelecem orientações específicas a serem observadas pelos
órgãos e entidades incluídos no campo de aplicação da CASP.
▪ Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP): o MCASP não é propriamente uma Norma,
mas sim um conjunto de procedimentos (orçamentários, patrimoniais e específicos) que orientam os
gestores na aplicação de todo o arcabouço legislativo e normativo relacionado à CASP.
O MCASP é editado pela STN. Na qualidade de órgão central de Contabilidade do Governo Federal, coube à
STN a função de orientar todos os entes federativos (União, Estados e Municípios) nesse processo de
convergência e alinhamento às normas internacionais. O MCASP é bem detalhista. Possui um caráter
operacional. Trata-se, portanto, de um campo fértil para o examinador elaborar questões. Por isso, hoje é a
principal fonte de estudos da Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Logo, boa parte do que estudaremos
estará relacionado ao MCASP.
Especial atenção às empresas estatais. Veja que as empresas estatais dependentes obrigatoriamente estão
de dentro do campo de aplicação. Já as empresas estatais independentes podem aplicar facultativamente
as normas aplicáveis ao setor público, desde que não sejam obrigadas por determinação dos órgãos
fiscalizadores/reguladores. Assim, por exemplo, a Petrobras e o Banco do Brasil somente aplicam as normas
da CASP se optarem ou algum órgão fiscalizador/regulador determinar. O Tribunal de Contas da União, na
qualidade de órgão fiscalizador (controle externo) pode, por exemplo, determinar que a Petrobras siga
determinada norma ou conjunto de normas aplicáveis ao setor público. Além disso, a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), na qualidade de órgão regulador do mercado de capitais, pode, por exemplo, determinar
ao Banco do Brasil que aplique determinada norma aplicável ao setor público.
Cabe anotar que as empresas estatais dependentes devem aplicar tanto a legislação societária (Lei n.
6.404/76) como a legislação aplicável ao setor público.
Vale destacar, ainda, que as pessoas físicas ou jurídicas prestadoras de serviços públicos para o Poder Público
não estão no campo de aplicação da CASP. O recurso público recebido por essas pessoas trata-se tão-
somente de remuneração por serviço prestado.
Nesse mesmo contexto estão as pessoas físicas ou jurídicas que recebem recursos decorrentes de
indenização ou sentença judicial, ou seja, também não estão no campo de aplicação da Contabilidade
Pública.
(ABIN) A respeito da estrutura conceitual que fundamenta a elaboração e a divulgação dos relatórios
contábeis de propósitos gerais das entidades do setor público (RCPGs), julgue o item que se segue.
A estrutura conceitual se aplica não somente aos governos federal, estadual, municipal e distrital, mas,
também, às autarquias e às fundações mantidas pelo poder público, aos fundos e consórcios públicos.
Comentários
Conforme estudado, a Estrutura Conceitual e as demais NBCs TSP aplicam-se, obrigatoriamente, às
entidades do setor público quanto à elaboração e divulgação dos RCPGs.
Estão compreendidos no conceito de entidades do setor público: os governos nacionais, estaduais, distrital
e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os tribunais de contas, as defensorias e o Ministério
Público), órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (instituídas e mantidas pelo
poder público), fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas congêneres das administrações
direta e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes).
Gabarito: Certo
O segundo caso é o Sistema “S” (Serviços Sociais Autônomos). Novamente aqui a NBC TSP – Estrutura
Conceitual é silente. No entanto, segundo a interpretação do próprio CFC (responsável pela edição da
Estrutura Conceitual), os Serviços Sociais Autônomos não são obrigados a aplicar as normas aplicáveis ao
setor público. Por serem entidades sem fins lucrativos, aplica-se a essas entidades a ITG 2002 (R1) –
Entidades Sem Finalidade de Lucros.
Aqui é especialmente importante ficar alerta, pois pela norma revogada (NBC T 16.1) o Sistema “S” aplicava
integralmente as normas da CASP. Agora o cenário mudou e o Sistema “S” está dentro do escopo
facultativo. Logo, apenas por opção da entidade ou por determinação de órgão fiscalizador/regulador é que
as normas aplicáveis ao setor público serão aplicadas.
Ocorre que por opção da entidade ou por determinação de órgão fiscalizador/regulador as normas
aplicáveis ao setor público serão aplicadas.
Considerando o Acórdão TCU n. 1.567/2020, há determinação para que os Serviços Sociais Autônomos (inclui
todo o Sistema S) apliquem as normas da CASP!
Além do Sistema S (SESI, SESC, SENAI, SEBRAE, etc) são serviços sociais autônomos: Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(ABDI), Associação das Pioneiras Sociais (APS) e Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Anater).
Logo, o entendimento mais atualizado é no sentido de que os Serviços Sociais Autônomos estão no escopo
obrigatório da CASP, por determinação do TCU.
Bem... com isso fechamos o estudo do campo de aplicação da Contabilidade Pública.
Vamos ver como o assunto pode ser exigido em prova?
(INÉDITA) As entidades do setor público são abrangidas pelo campo de aplicação da Estrutura Conceitual
Aplicável ao Setor Público e demais Normas Brasileiras de Contabilidade do Setor Público. As entidades do
setor público, incluindo os tribunais de contas e as empresas estatais dependentes, devem observar o
escopo obrigatório, e as demais entidades do setor público devem observar o escopo facultativo, incluindo
as empresas estatais independentes.
Comentários
Perfeito! A assertiva resume o que acabamos de estudar.
Gabarito: Certo
Bem... com isso fechamos o estudo do Campo de Aplicação. Chegou o momento de estudar o objeto da
Contabilidade Pública. Avante!
1.3. Objeto
O objeto da contabilidade Pública é o PATRIMÔNIO PÚBLICO. Simples assim!
Qualquer outro termo relacionando o objeto da Contabilidade que não “patrimônio público” pode
considerar errado. Assim, o objeto da CASP não é o orçamento público, não é planejamento público, etc.
OBJETO
PATRIMÔNIO PÚBLICO
Contabilidade Pública
Por incrível que pareça, somente esse conhecimento é suficiente para acertar questões de prova!
Mas, o que a Contabilidade Pública entende por patrimônio Público?
Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos,
formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador
ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à
exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
Esse conceito acima descrito estava previsto em norma que também já foi revogada. Mas, para fins didáticos,
é perfeitamente aplicável, afinal a NBC TSP – Estrutura Conceitual não nos informou um conceito de
patrimônio público e, portanto, temos que nos defender com o que temos.
Veja que basicamente o conceito de Patrimônio Público segue a mesma linha do conceito de patrimônio que
estudamos na Contabilidade Geral: conjunto de bens, direitos e obrigações. No entanto, a norma dispôs um
conceito mais completo e correto tecnicamente, informando que os bens e direitos devem ser portadores
1.4. Objetivo
Segundo a Lei n. 4.320/64,
Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem
receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados.
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial.
Perceba que o art. 83 relaciona-se ao campo de aplicação da Contabilidade Pública, já estudado. O art. 89
relaciona-se com o objetivo da Contabilidade Pública, estudado a seguir.
A NBC T 16.1, já revogada, estabelecia o seguinte objetivo para a Contabilidade Pública (grifou-se):
O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os
resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do
patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a
adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.
Apesar de a norma ter sido revogada esse objetivo não mudou. Claro que em prova o examinador não vai
mais exigir esse conceito de forma literal como era bem comum quando a NBC T 16.1 era vigente. No
entanto, reitero que o conceito é válido para o entendimento do contexto no qual está inserida a
Contabilidade Pública. Além desse objetivo, a Contabilidade Pública visa apoiar a:
Tomada de Decisão: por meio das informações disponibilizadas pela Contabilidade Pública, evidenciadas
basicamente nas demonstrações contábeis, os gestores públicos podem tomar diversos tipos de decisão.
Trata-se de um objetivo associado ao âmbito interno da Administração Pública.
Prestação de Contas: mais uma vez estamos diante de um objetivo associado em grande parte ao âmbito
interno da Administração Pública. Aqui os usuários básicos da Contabilidade Pública são os órgãos de
controle, notadamente as Controladorias (controle interno) e os Tribunais de Contas (controle externo). É
claro que os gestores também se valem das informações contábeis para prestar contas de sua gestão. No
âmbito do Governo Federal, por exemplo, essas informações são anualmente utilizadas no documento
“Relatório de Gestão”, conforme Instrução Normativa n. 84/2020 do Tribunal de Contas da União.
Instrumentalização do Controle Social: a Contabilidade Pública deve fornecer instrumentos para que o
controle social seja exercido pela sociedade.
Beleza, professor... entendi o “espírito da jogada”! Mas, e a NBC TSP – Estrutura Conceitual... o que ela nos
fornece sobre o assunto?
Boa! A Estrutura Conceitual do Setor Público destaca que o objetivo principal da maioria das entidades do
setor público é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos
investidores.
A Estrutura Conceitual não nos informa expressamente o objetivo da CASP, mas deixa muito claro o objetivo
da elaboração e divulgação da informação contábil.
Para atender esse objetivo, o instrumento utilizado são os Relatórios Contábeis de Propósito Geral das
Entidades do Setor Público (RCPGs).
Observe que, em última análise, os RCPGs existem para atender ao principal objetivo da CASP que estudamos
acima: fornecer informações!
Vamos aproveitar para estudar um pouco mais os RCPGs, pois estão intimamente ligados ao objetivo da
Contabilidade Pública.
1.4.1. Relatório Contábil de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPG)
Nos termos da Estrutura Conceitual, os RCPGs são os componentes centrais da transparência da informação
contábil dos governos e de outras entidades do setor público, aprimorando-a e favorecendo-a. Os RCPGs são
relatórios contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários em geral, não tendo o
propósito de atender a finalidades ou necessidades específicas de determinados grupos de usuários.
A Norma explica que alguns usuários da informação contábil podem ter a prerrogativa de exigir a elaboração
de relatórios para atender às suas necessidades específicas. Mesmo que esses usuários identifiquem que a
informação fornecida pelos RCPGs seja útil aos seus propósitos, esses relatórios não são elaborados
especificamente para atender a essas necessidades.
Ainda, segundo a norma, os RCPGs podem compreender múltiplos relatórios, cada qual atendendo a certos
aspectos dos objetivos e do alcance da elaboração e divulgação da informação contábil. Os RCPGs abrangem
as demonstrações contábeis (incluindo as suas notas explicativas) e também a apresentação de
informações que aprimoram, complementam e suplementam as demonstrações contábeis.
1.4.2. Objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil
Segundo a Estrutura Conceitual, os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil são
determinados com base nos usuários dos RCPGs e suas necessidades de informações. Nesse sentido, a norma
destaca que os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil estão relacionados ao
fornecimento de informações sobre a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs para
a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
Esse esquema acima resume atualmente o objetivo da Contabilidade Pública segundo a Estrutura
Conceitual. Chegamos no ponto crucial. É isso que você deve saber se for perguntado algo sobre o objetivo
da CASP segundo a Estrutura Conceitual!
(ABIN) A respeito da estrutura conceitual que fundamenta a elaboração e a divulgação dos relatórios
contábeis de propósitos gerais das entidades do setor público (RCPGs), julgue o item que se segue.
Os RCPGs se prestam a dar publicidade à prestação de contas da aplicação de recursos públicos, mas são
desprovidos de poder comprobatório para a responsabilização de gestores.
Comentários
Conforme estudado, o objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é fornecer informações
úteis aos usuários dos RCPGs com a finalidade de prestação de contas e responsabilização (accountability)
e tomada de decisão.
Logo, os RCPGs se prestam a dar publicidade à prestação de contas da aplicação de recursos públicos, além
de prover poder comprobatório para a responsabilização de gestores.
Gabarito: Errado
Os RCPGs não são elaborados e divulgados para atender a necessidades de informações específicas ou
particulares.
Assim, uma questão que informe que os RCPGs são elaborados e divulgados para atender a necessidades de
qualquer desses usuários “secundários” estará errada. Veja a lista:
Fluxos de Caixa: contribui para as avaliações do desempenho e da liquidez e da solvência da entidade. Ela
indica como a entidade arrecadou e utilizou os recursos durante o período, inclusive os empréstimos
tomados e pagos, bem como as suas aquisições e vendas, por exemplo, do seu ativo imobilizado.
Gabarito: Certo
5. (CESPE/EBSERH/2018) Os relatórios contábeis de propósitos gerais abrangem as demonstrações
contábeis, mas não se limitam a estas.
Comentários
Os RCPGs podem compreender múltiplos relatórios, cada qual atendendo a certos aspectos dos objetivos e
do alcance da elaboração e divulgação da informação contábil. Os RCPGs abrangem as demonstrações
contábeis (incluindo as suas notas explicativas) e também a apresentação de informações que aprimoram,
complementam e suplementam as demonstrações contábeis.
Gabarito: Certo
6. (CESPE/MPU/2010) A contabilidade pública demonstra perante a fazenda pública a situação de todos
quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, realizem despesas ou guardem bens a ela pertencentes.
Comentários
Conforme comentamos na parte teórica da aula, alguns dispositivos da Lei n. 4.320/64 ainda são explorados,
apesar da edição das NBCASP/NBCs TSP. Um dos dispositivos que costuma frequentar as provas, dentro do
que estudamos nesta aula, é o art. 83:
Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de
qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela
pertencentes ou confiados.
O item exige praticamente a literalidade desse dispositivo.
Gabarito: Certo
7. (CESPE/ABIN/2010) As empresas públicas com personalidade jurídica de direito privado podem, sob
determinadas circunstâncias, estar sujeitas ao campo de aplicação da contabilidade pública.
Comentários
Conforme estudamos, o que define se uma empresa estatal está ou não sujeita à aplicação (obrigatória) da
CASP é se ela é dependente ou independente.
Empresa Estatal Dependente = aplica a CASP obrigatoriamente
Empresa Estatal Independente = aplica a CASP facultativamente
Nesse sentido, podemos afirmar que sob determinadas circunstâncias, (a empresa receber recursos públicos
para pagamento de despesas) as empresas públicas com personalidade jurídica de direito privado podem
estar sujeitas ao campo de aplicação obrigatório da contabilidade pública.
Gabarito: Certo
8. (CESPE/ABIN/2010) Entre os objetivos da contabilidade pública incluem-se a captação, o registro e a
interpretação dos fenômenos que afetam as situações orçamentárias das entidades de direito público, bem
como dos fenômenos que implicam operações de natureza sigilosa.
Comentários
Conforme estudamos, o objetivo principal da Contabilidade Pública é fornecer informações aos usuários dos
RCPGs! Nesse sentido, tanto as operações de caráter ostensivo como as sigilosas devem ser alvo de registro
e controle pela Contabilidade Pública de maneira que as suas informações reflitam fidedignamente o
patrimônio público.
Gabarito: Certo
9. (CESPE/PREVIC/2011) Um requisito necessário para definir se uma entidade está ou não sob controle da
contabilidade pública é a origem pública das transferências necessárias à existência ou ao funcionamento
dessa entidade.
Comentários
Se a empresa receber do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal
ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária, a empresa é dependente e, portanto, aplica obrigatoriamente a CASP. Logo, podemos
afirmar que um dos requisitos para definir se uma empresa está ou não sob controle da contabilidade pública
é a origem pública das transferências necessárias à existência ou ao funcionamento dessa entidade.
Gabarito: Certo
10. (CESPE/PREVIC/2011) Em um município que disponha de uma praça onde estejam instalados diversos
brinquedos comunitários fixos, a própria praça não integra o objeto de estudo da contabilidade pública, mas
os brinquedos instalados, sim.
Comentários
Uma praça é um bem de uso comum do povo. Logo, devemos verificar se esse bem absorve ou absorveu
recursos públicos. Caso positivo, esse bem deve ser ativado (reconhecido como ativo no balanço
patrimonial). Como a praça não surge naturalmente, ou seja, demanda investimento público, ela absorveu
recursos públicos. Logo, essa praça deve ser incluída no patrimônio público.
Gabarito: Errado
11. (CESPE/ANCINE/2012) O orçamento público, no qual se estimam as receitas e se fixam as despesas, é o
objeto da contabilidade pública.
Comentários
Conforme estudamos, o objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público. Na
prática, observamos que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público não se limita a evidenciar as
alterações verificadas no patrimônio. Em uma análise mais estrita, verifica-se que os lançamentos passam
pela execução orçamentária das receitas e despesas e se estendem a situações que potencialmente possam
afetar o patrimônio, como a assinatura de contratos, por exemplo. Desse modo, o patrimônio público deve
ser entendido em sentido amplo, englobando fatos financeiros, orçamentários, contábeis e patrimoniais.
Entretanto, temos que deixar claro o seguinte:
OBJETO
PATRIMÔNIO PÚBLICO
Contabilidade Pública
Gabarito: Errado
17. (CESPE/TCE-ES/2013) O objeto de estudo da contabilidade pública é o patrimônio das entidades públicas
ou privadas que recebem recursos da fazenda pública para efeito de investimentos. Esses recursos deverão
ser convertidos em direitos e bens tangíveis mensuráveis, mas não os intangíveis devido à impossibilidade
de mensuração.
18. (CESPE/MJ/2013) O objeto de estudo da contabilidade pública é o patrimônio público consubstanciado
no conjunto de bens e direitos, tangíveis e intangíveis, produzidos ou formados, com exceção dos que foram
desenvolvidos internamente ou recebidos em doação.
19. (CESPE/FUB/2015) Na qualidade de entidade governamental, a UnB deve observar todas as normas e
técnicas próprias da contabilidade aplicada ao setor público.
20. (CESPE/MPU/2015) Cabe ao MPU fornecer informações úteis aos usuários da informação contábil para
fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão, sendo a ele facultativa
a aplicação das técnicas próprias da contabilidade aplicada ao setor público.
4 – RESUMO
▪ CONCEITO: Ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios
de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor
público.
▪ CAMPO DE APLICAÇÃO: “Antigo” x “Novo” (cuidado com as pegadinhas!)
público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à
prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas
obrigações.
BENS PÚBLICOS
CONTABILIDADE PÚBLICA: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
OBJETIVOS:
Principal → Fornecer informações aos usuários da informação contábil (RCPGs).
▪ RCPGs: Os RCPGs podem compreender múltiplos relatórios, cada qual atendendo a certos
aspectos dos objetivos e do alcance da elaboração e divulgação da informação contábil. Os RCPGs
abrangem as demonstrações contábeis (incluindo as suas notas explicativas) e também a
apresentação de informações que aprimoram, complementam e suplementam as demonstrações
contábeis.
INTRODUTÓRIOS
▪ Usuários da Informação Contábil (RCPGs): Os usuários primários dos RCPGs são os usuários dos
serviços e seus representantes (membros do Poder Legislativo) e os provedores de recursos e seus
representantes.
Os RCPGs não são elaborados e divulgados para atender a necessidades de informações específicas
ou particulares.
5 – GABARITO
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
E E E C C C C C C E
11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.
E C C E E E E E C E