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Enfermagem Na Prevencao Tratamento Cuidados Paliativos Do Cancer de Mama

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ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO, TRATAMENTO, CUIDADOS

PALIATIVOS DO CÂNCER DE MAMA


Éllisan Ferrugine Brozzio Nunes¹, Mayara Martins Turini¹, Thais Soares de
Almeida¹, Monara Souza Vieira Grobério²

1 - Acadêmicos do 9/10° período de Enfermagem da Faculdade Capixaba de


Nova Venécia - MULTIVIX
2 – Professora Orientadora da Faculdade Multivix Nova Venécia, Especialista
em Saúde da Familia, Especialista em Saúde do trabalhador, especialista em
Didática do Ensino Superior.

RESUMO
Atualmente o câncer de mama está entre os cânceres mais comuns, e o 5° com maior
índice de mortalidade, aumentando significativamente depois dos 50 anos. Não existe um fator
específico que comprove sua causa, mas, alguns fatores ambientais, hormonais e genéticos,
podem favorecer o risco de adquirir a doença. É importante que a mulher conheça os sintomas,
para que consiga detectá-los precocemente e possa começar o tratamento. A descoberta da
doença causa grande impacto na vida da mulher, e as redes de apoio são necessárias para
minimizar os prejuízos psicológicos, sendo que a assistência de enfermagem adequada
durante o tratamento e reabilitação, em conjunto com a troca de confiança com a paciente,
pode influenciar no enfrentamento dessa patologia. O presente artigo tem como objetivo geral
abordar a importância da assistência de enfermagem na prevenção, tratamento e cuidados
paliativos do câncer de mama. Especificamente explanar sobre a prevenção e atuação do
enfermeiro no câncer de mama, abordar o tratamento do câncer de mama, descrever os
cuidados paliativos a clientes com câncer de mama, discorrer os cuidados com o membro
homolateral e ressaltar sobre o estado emocional e psicológico da mulher durante esse
processo. Trata- se de uma pesquisa com o tema saúde da mulher, sendo um trabalho
exploratório e qualitativo, com o método de revisão bibliográfica. Os dados serão analisados
pelo pesquisador juntamente com o professor orientador de forma ética, conforme preconiza a
resolução 196 do conselho nacional de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Prevenção. Tratamento. Câncer de mama.

INTRODUÇÃO
A pesquisa aborda o tema câncer de mama, com ênfase no tratamento,
cuidados paliativos, reabilitação e prevenção.
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação
desordenada de células da mama. Esse processo gera células
anormais que se multiplicam, formando um tumor. Há vários tipos de
câncer de mama. Por isso, a doença pode evoluir de diferentes
formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros
crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem
a característica próprias de cada tumor. (BRASIL, 2020, sp.)
2

MARX; FIGUEIRA (2017, p.65), complementa:

das funções celulares de proliferação e diferenciação, decorrente de várias


alterações genéticas, culminando em transformação maligna.
Câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres
no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. O
câncer de mama responde, atualmente, por cerca de 28% dos
casos novos de câncer em mulheres. O câncer de mama também
acomete homens, porém é raro, representando menos de 1% do
total de casos da doença. Relativamente raro antes dos 35 anos,
acima desta idade sua incidência cresce progressivamente,
especialmente após os 50 anos. Estatísticas indicam aumento da
sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em
desenvolvimento. Existem vários tipos de câncer de mama. Alguns
evoluem de forma rápida, outros, não. A maioria dos casos tem bom
prognóstico. (BRASIL, 2020, sp.)

Não existe um fator específico que comprove a causa do câncer de


mama, porém existem fatores ambientais, hormonais e genéticos que podem
favorecer o risco. Manter o peso corporal adequado, praticar atividades físicas
regularmente, hábitos de alimentação saudável, evitar o consumo de bebidas
alcoólicas e tabaco, evitar exposição frequente a radiação, realizar terapia de
reposição hormonal (TRH) o mínimo de tempo necessário, e em caso de filhos,
a amamentação, são alguns dos fatores que podem ajudar a reduzir o risco da
doença.(BRASIL, 2020)
O sintoma mais comum e que muitas vezes a própria mulher é que
descobre, é o aparecimento de nódulos. Por isso é importante que a mulher se
toque, conheça seu corpo, saiba o que é normal e fique atenta a qualquer sinal
suspeito, como: secreção, inversão do mamilo, presença de nódulos,
hiperemia, edema, dor, descamação e linfonodos na axila. Caso observe algum
desses sinais é necessário procurar a Unidade Básica de Saúde, para
investigação e detecção precoce da doença. Esses sinais também podem
ocorrer em doenças benignas da mama. (BRASIL,2020)
Se a doença for diagnosticada é necessário que se inicie o tratamento,
que serão realizados conforme o tipo e o estágio da doença. A lei 12.732,
estabelece que o início do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), seja
iniciado até 60 dias após o diagnóstico confirmado de neoplasia maligna,
3

embora muitas vezes esse prazo não seja cumprido, devido a diversos fatores.
(BRASIL, 2012)
MARX; FIGUEIRA (2017, p.64), diz que:
A importância do câncer de mama não reside apenas nos aspectos
de saúde pública. A doença e o seu tratamento afetam a imagem
pessoal e a sexualidade feminina e apresentam elevado impacto
social e econômico, pois atingem muitas vezes mulheres em idade
fértil, formadoras de famílias e economicamente ativas.

Sendo assim, a descoberta da doença causa grande impacto na vida da


mulher, necessitando de redes de apoio para ajudá-la a enfrentar essa fase
delicada, dolorosa e que desencadeia na maioria das vezes acentuado
sofrimento psicológico, sendo também de grande relevância posteriormente no
processo de reabilitação.
O presente estudo insere-se na área de saúde da mulher sendo um
trabalho exploratório e qualitativo.
A presente pesquisa trata-se de um estudo embasado em pesquisa
bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já
publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui
material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e
anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de
novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir
outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem
como o material disponibilizado pela Internet. (GIL, 2018, p.27)

A pesquisa tem como fonte secundária, sendo material de pesquisa


embasado em matérias previamente analisados e publicados.
Os dados utilizados na elaboração do projeto serão coletados mediante
livros, artigos científicos periódicos que abordam o tema delimitado.
A pesquisa tem como objetivo geral abordar a importância da
assistência de enfermagem na prevenção, tratamento e cuidados paliativos do
câncer de mama. E como objetivos específicos: Explanar a prevenção e
atuação do enfermeiro no câncer de mama; Abordar o tratamento do Câncer de
mama; Abordar os cuidados paliativos a clientes com câncer de mama;
Discorrer os cuidados com o membro homolateral; Ressaltar os aspectos
psicossociais da mulher.
4

A justificativa para a realização desta pesquisa baseia-se no desejo de


abordar o tema câncer de mama, explanar a prevenção, o tratamento, cuidados
paliativos e reabilitação do cliente, demonstrar o processo psicossocial, e
abordar a importância da assistência de enfermagem prestada.

DESENVOLVIMENTO

PREVENÇÃO E ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO CÂNCER DE MAMA


Existem vários fatores de risco que podem levar uma pessoa a
desenvolver um câncer de mama. Dentre eles têm-se: idade, fatores
endócrinos ou história reprodutiva, fatores comportamentais ou ambientais e
fatores genéticos/hereditários. (BRASIL, 2020).
Pode-se observar que nos fatores de riscos existem os fatores mutáveis
e os não mutáveis. Os não mutáveis, não tem como fazer uma prevenção, pois
são fatores que independentemente do estilo de vida do paciente, não irão
mudar, já os fatores mutáveis, podem ser influenciados pelos hábitos de vida
do cliente, ou seja, pode ser realizado uma prevenção dos mesmos.
Pode-se citar como exemplo de fator mutável/preventivo, os fatores
comportamentais ou ambientais:
Incluem ingestão de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade após
a menopausa e exposição à radiação ionizante (tipo de radiação
presente na radioterapia e em exames de imagem como raios X,
mamografia e tomografia computadorizada). O tabagismo é um fator
que vem sendo estudado ao longo dos anos, com resultados
contraditórios quanto ao aumento do risco de câncer de mama.
Atualmente há alguma evidência de que ele aumenta também o
risco desse tipo de câncer. (BRASIL, 2020, sp.)

Dentro das prevenções relacionadas a medidas gerais ou do estilo de


vida, destacam-se:

-menopausa
ou em idade mais jovem nas portadoras de mutação de BRCA 1 e 2;
 consumo de álcool: recomenda-se a ingestão máxima de 1
dose/dia;
 atividade física: 5 ou mais horas de atividade física/semana
estão associadas a uma redução de 38% no risco de câncer de
mama;
5

 tabagismo: também ainda controverso. Existem estudos


mostrando proteção e outros mostrando discreto aumento de risco.
Alguns estudos indicam que quanto mais cedo iniciado o consumo,
maior a associação com o aumento do risco;
 dieta específica: não existem estudos que comprovem a
eficácia de qualquer dieta específica (p.ex., pobre em gorduras) como
fator protetor para o câncer de mama;
 vitamina D: estudos recentes mostram associação entre níveis
adequados de vitamina D e redução do risco do câncer de mama;
 contraceptivos hormonais: discreto aumento após 10 anos de
uso nas formulações antes de 1975 (com mais de 30 mcg de
etinilestradiol). Meta -controle desde 1980
mostrou um aumento no risco relativo de 1,19 (IC 95% 1,09 – 1,29).
No entanto, os riscos não superam os benefícios. O anticoncepcional
oral reduz o risco de câncer de ovário e não aumenta o risco de
câncer de mama em portadoras de mutação do BRCA 1 e 2 (IODICE
et al., 2010 apud MARX; FIGUEIRA, 2017, p. 25).

Dentro das intervenções cirúrgicas e medicamentosas tem-se:


 cirurgias redutoras de risco: pode ser considerada nas
pacientes de alto risco e que desejam o procedimento. A técnica deve
possibilitar a retirada de quase todo o tecido mamário (envolvendo
região areolopapilar). A reconstrução imed
- -

acompanhamento com exame clínico anual, sem necessidade de


realização de exames de imagem, exceto na presença de achado
clínico relevante;
 salpingooforectomia redutora de risco: deve ser considerada
nas pacientes com mutação de BRCA 1 e 2 conhecida ou altamente
suspeita após prole constituída, pois apresentam risco elevado para
câncer de ovário e tuba uterina. Preferencialmente, deve ser
realizada por via laparoscópica. Obtém-se redução de 80% do risco
de câncer de ovário e tuba uterina. Importante ressaltar que esse
procedimento reduz em cerca

jovens). (MARX; FIGUEIRA, 2017, p. 26).

Como prevenção secundária, tem-se o autoexame das mamas. Este


deve ser realizado uma vez por mês, dando preferência ao 7º dia após o início
da menstruação para as mulheres que menstruam, já as que estão na
menopausa ou retiraram o útero, podem escolher qualquer dia do mês.
(BARRIOS et al, 2013.)
Como deve ser realizado o autoexame das mamas:
1. Ficar em pé, com os braços soltos ao lado do corpo, com a coluna
reta, olhando de frente para o espelho, deve-se observar as mamas
com atenção à forma, à cor e à textura da pele e verificar se há marca
do sutiã em somente uma das mamas, pois isso pode significar que
6

essa mama está inchada. As mesmas observações devem ser feitas


com as mãos na cintura e com os braços elevados atrás da cabeça.
2. Tocar as mamas, de preferência no banho e ensaboadas, para que
os dedos deslizem mais facilmente. Ficar com a coluna reta e colocar
o braço atrás da nuca, com a ponta dos dedos, e, de forma delicada,
mas firme, deve-se percorrer todas as áreas da mama em
movimentos circulares de fora para dentro, procurando por alterações
na pele ou caroços. Usar a mão direita para examinar a mama
esquerda e vice-versa. As axilas também fazem parte do autoexame
das mamas, devendo ser examinadas da mesma forma.
O mesmo autoexame das mamas e axilas deve ser feito na posição
deitada de costas, colocando um travesseiro embaixo do ombro
direito e, com a mão esquerda, examinando toda a mama e axila
direita. Depois, o processo deve ser invertido, fazendo o mesmo com
a mama e axila opostas. Por último, apertam-se delicadamente os
mamilos, observando se sai algum líquido. (BARRIOS et al, 2013,
p.32-33)

A atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de mama é realizada


basicamente de duas formas: na educação em saúde e no exame clínico das
mamas.
Na educação em saúde, o enfermeiro irá orientar o paciente sobre as
medidas gerais e estilo de vida a serem tomadas para que ocorra a prevenção,
mostrando quais são os fatores de risco que podem ser evitados, como por
exemplo, a obesidade, o consumo de álcool, o tabagismo, etc.
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro irá realizar o exame clínico
das mamas, que tem como objetivo a detecção precoce do câncer de mama.
Aproveita-se a oportunidade neste momento, para a orientação do autoexame
das mamas. (FERNANDES; NARCHI, 2012)
[...] para a detecção precoce do câncer de mama, o Instituto Nacional
do Câncer (Inca) recomenda a realização do exame clínico das
mamas anualmente, para todas as mulheres a partir de 40 anos de
idade. No entanto, enfatiza que, por tratar-se de um procedimento
que faz parte da assistência integral à saúde da mulher, deve ser
realizado em todas as consultas clínicas, independente da faixa
etária. (FERNANDES; NARCHI, 2012, p. 114)

A SAE permite ao enfermeiro coordenar a assistência prestada,


identificando as necessidades do paciente, até a sua reabilitação. A SAE
consiste em cinco fases, sendo elas: levantamento de dados (coleta de dados),
diagnóstico de enfermagem (os dados coletados deverão ser agrupados e
interpretados para a tomada de decisão), planejamento (determinação de
resultados que se espera alcançar), implementação (realização das ações ou
intervenções determinadas) e avaliação (processo contínuo de verificação de
7

mudanças nas respostas do usuário em tratamento oncológico, para


determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram os
resultados esperados, nela verifica-se a necessidade de mudanças ou
adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem). Sendo assim, através
da SAE, o enfermeiro pode utilizar seu raciocínio clinico para identificar e
levantar problemas e ajudar na escolha da melhor decisão. A implementação
da SAE deve ocorrer em todos os ambientes em que seja realizado o cuidado
de enfermagem. (COFEN, 2009, sp.)
Em virtude das Leis e resoluções que estabelecem que algumas
funções são privativas do enfermeiro ressalta-se a determinação da
assistência sistematizada através da lei 7.498/86, que dispõe sobre a
regulamentação do exercício da Enfermagem. Destaca-se no art. 11º,
que, dentre as atividades exclusivas do enfermeiro, estão suas
responsabilidades no tocante ao planejamento, organização,
coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de
enfermagem, bem como na consulta e na prescrição da assistência de
enfermagem. (NASCIMENTO et al., 2012, sp).

TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA


O tratamento do câncer de mama difere-se a cada caso. Após
diagnóstico, o tratamento é avaliado e iniciado conforme o estágio da doença e
as características do tumor. Também é importante que as condições de cada
paciente sejam avaliadas.
Os tratamentos podem variar desde cirurgias, até radioterapia,
quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.
Nas fases iniciais, considerado os estágios I e II, o mais comum é a
retirada do tumor através de cirurgia, com possibilidade de retirada somente do
tumor, ou realizado mastectomia parcial ou total. Após a cirurgia é avaliado o
complemento com radioterapia. O tratamento sistêmico será indicado após a
avaliação de risco de a doença retornar, também é considerado o tipo e
tamanho do tumor, idade do paciente e se existe algum comprometimento dos
linfonodos axilares. A reconstrução mamária em caso de mastectomia é de
extrema relevância para que seja possível reduzir os danos emocionais e
físicos ocasionados pelo tratamento e pela cirurgia. (BRASIL, 2012)
O estágio III, são tumores que se encontram localizados e maiores que 5
cm. Nesses casos o tratamento sistêmico é o indicado inicialmente. Após a
8

redução do tumor pela quimioterapia é indicado cirurgia e radioterapia.


(BRASIL, 2020)
“N gio IV, já existe metástase e é fundamental buscar o equilíbrio
entre o controle da doença e o possível aumento da sobrevida, levando-se em
” BR SIL 2 2
sp.)
Durante o tratamento é relevante que o enfermeiro esteja presente,
realizando o acolhimento do paciente e da sua família, sanando dúvidas e
medo.
Cumpre destacar que o tratamento do câncer pode ser prolongado,
muitas vezes doloroso, limitante, e provocar mudanças significativas
na vida pessoal, profissional e social de quem está doente e também
de seus familiares e amigos, o que certamente requer uma rede de
atenção que permita ao paciente dar seguimento ao seu tratamento.
Estes aspectos estão destacados na Política Nacional de Atenção
Oncológica, caracterizando a Atenção Integral à Saúde da Pessoa
com Câncer, além de se configurarem como evidências em muitos
estudos desenvolvidos por enfermeiros que atuam em oncologia no
Brasil. (SILVA; CRUZ, 2011, sp.)

CUIDADOS PALIATIVOS A CLIENTES COM CA DE MAMA


Cuidados paliativos são cuidados prestados a pacientes que portam uma
doença sem possibilidade de cura ou que ameace a vida, visando uma melhor
da qualidade de vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento. Os
cuidados paliativos não são para encurtar ou prolongar a vida, mas para
aumentar a qualidade de vida do tempo restante.
Os cuidados paliativos não são para tratar o paciente, tendo em vista
que para se iniciar o cuidado paliativo é necessário que o paciente entenda que
o mesmo irá proporcioná-lo uma melhor qualidade de vida, trazendo assim
benefícios por meio da prevenção e alivio dos sintomas. Os cuidados paliativos
são para ajudar o paciente a viver bem, com a perspectiva de cuidar e não
somente curar. O profissional de enfermagem deve ter uma formação
paliativista para exercer o cargo, pois ele exige técnicas, onde o profissional
deve comunicar-se de forma transparente e compassiva, promovendo conforto
para o paciente e seus familiares.
Os cuidados paliativos do CA de mama seguem os princípios gerais, que são:
9

 Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como


astenia, anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas.
 Reafirmar vida e a morte como processos naturais.
 Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao
aspecto clínico de cuidado do paciente.
 Não apressar ou adiar a morte.
 Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar
com a doença do paciente, em seu próprio ambiente.
 Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a
viverem o mais ativamente possível até sua morte.
 Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar
necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias,
incluindo aconselhamento e suporte ao luto. (BRASIL, 2018, sp.)

A maioria dos cuidados paliativos são oferecidos em casa, onde o


paciente pode ficar mais confortável.

CUIDADOS COM O MEMBRO HOMOLATERAL


O linfedema é o acúmulo de líquido linfático no tecido adiposo,
ocasionando inchaço. O câncer e seus tratamentos é uma de suas causas,
devido provocar danos no sistema linfático normal, sendo uma das principais
sequelas decorrentes do tratamento cirúrgico do câncer de mama. Quando é
ocasionado por doenças é conhecido como linfedema secundário. (BRASIL,
2015)
O linfedema pode apresentar como sintomas: aumento do volume do
membro, alteração das propriedades mecânicas da pele, alterações
sensitivas, predisposição à infecções sistêmicas e locais,
desenvolvimento de doenças malignas secundárias, rigidez e
diminuição na amplitude de movimento e, consequentemente,
diminuição da função do membro superior envolvido. Além desses
sintomas físicos, a paciente ainda pode apresentar redução da
autoestima, problemas com a imagem corporal e aceitabilidade
social. (BARROS et al., 2013, sp.)

Após a cirurgia para retirada do tumor é importante que seja realizado


avaliação constante do membro homolateral, observando aspecto e coloração
da pele e alterações ortopédicas, para detecção precoce do linfedema, para
que caso for diagnosticado, se inicie o tratamento adequado, pois quando não
tratado o edema aumenta progressivamente, podendo ocasionar fibrose e
erisipela. (ALMEIDA et al., 2009)
O linfedema é um incômodo físico e emocional para as mulheres
mastectomizadas, quando observamos que muitas delas
experimentam depressão, ansiedade, e chegam a necessitar de
seguimento psicológico ou psiquiátrico.O linfedema pós-mastectomia
10

causa para a paciente, não somente o dano estético, mas também o


prejuízo funcional do membro afetado, e sérias consequências
mentais, levando, ocasionalmente, a condições que ameaçam a vida.
O linfedema do membro superior homolateral à cirurgia é uma das
mais estressantes experiências para a paciente e pode preceder um
linfangiossarcoma. (MAMEDE; PANOBIANCO, 2002, sp.)

É necessário que os profissionais de enfermagem realizem as devidas


orientações sobre os cuidados a serem tomados, enfatizando a importância de
utilizar essas estratégias, a fim de evitar graves consequências.
O linfedema pode aparecer no período de até três meses após a
cirúrgia, causando transtornos físicos e emocionais. (MAMEDE;
PANOBIANCO, 2002, sp.)
Além da fisioterapia, diversos cuidados importantes devem ser
orientados, tais como: evitar uso de alicates ou instrumentos perfuro-cortantes;
carregar objetos pesados no lado da cirurgia e deitar sobre o lado operado;
evitar o uso de roupas apertadas; apertar o braço do lado operado, com
relógios, pulseiras, anéis, incluindo aferição da pressão arterial; movimentos
bruscos, repetidos e de longa duração; evitar traumatismo cutâneo, como
cortes, arranhões, picadas de insetos, queimaduras e depilação da axila, para
prevenir a porta de entrada de microorganismos, evitando assim infecções;
exposição excessiva ao sol e calor; é indicado banhos com água morna ou fria;
automassagem; manter a pele bem hidratada; uso de desodorante sem álcool,
pois o álcool resseca a pele; uso de luvas de proteção ao realizar as atividades
do lar e intervalos para descanso durante a execução de atividades rotineiras.
(ALMEIDA et al., 2009)

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA MULHER COM CÂNCER DE MAMA


A partir da descoberta do câncer de mama, a mulher passa por diversos
sentimentos, como: medo, tristeza, stress, angústia e ansiedade. Ao iniciar o
tratamento esses sentimentos podem aumentar, a insegurança, a vergonha de
aparecer em sociedade e a não aceitação, podem ser somados, podendo
provocar depressão e isolamento.
O diagnóstico e os tratamentos para o câncer de mama afetam a
sexualidade da mulher, tanto na dimensão física quanto emocional.
Muitas mulheres precisam de auxílio para superar o trauma da
11

doença e do tratamento e para retomar a prática da sexualidade de


forma plena. (FERREIRA et al., 2013, sp.)


imponderável, da infinitude e da morte, como toda doença potencialmente letal,
traz a perda do corpo saudável, da sensação de invulnerabilidade e de perda
” R SSI S NT S 2
A descoberta dessa neoplasia pode abalar intensamente a identidade
da mulher, dado a mama ser um órgão que está relacionado a
feminilidade, ao prazer, sensualidade, diferença de sexos,
sexualidade, além de estar intensamente ligada a maternidade, uma
vez ser fonte de alimento para o bebê. (RAMOS; LUSTOSA, 2009,
sp.)

“ o de trazer para a
sua convivência a incerteza da vida, a possibilidade de recorrência da doença e
” VIEIRA; LOPES; SHIMO, 2007, p.314
apud RAMOS; LUSTOSA, 2009, sp)
O tratamento precisa ser encarado de forma positiva. É preciso que
as representações envolvidas no câncer sejam reformuladas, de
forma que ao defrontar com a doença, a mulher consiga compreender
que existem tratamentos eficazes para isto, e que pode ter a sua
qualidade de vida de forma satisfatória. (VIEIRA; LOPES; SHIMO,
2007, p. 315 apud RAMOS; LUSTOSA, 2009, sp.)

A rede de apoio para essa mulher é de suma importância para que ela
consiga enfrentar as fases do tratamento e da reabilitação com mais facilidade,
e maior confiança. A religião, sendo praticada pela mulher, também pode ser
considerada como rede de apoio, a fim de facilitar a aceitação da doença. A
empatia dos profissionais de saúde com a paciente e a troca de confiança
também pode influenciar no enfrentamento da patologia.
O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama, muitas vezes,
afasta a paciente de suas relações sociais. Além do desânimo para
fazer visitas e passeios, a mulher ocupa grande parte de seu dia nos
hospitais, durante o período do tratamento. E, justamente, por estar
tão presente na vida da paciente, é que a equipe de saúde deve estar
ciente de sua função de apoio. (HOFFMANN; MULLER; FRASSON,
2006, p.12)

Torna- se imprescindível a elaboração de um plano de cuidados para


essa mulher, com atuação direta nas questões de sexualidade. Essa
assistência deve ser estendida aos parceiros que precisam ser
estimulados a estarem próximos da mulher e a participarem de todo o
processo, uma vez observada a importância de tal apoio. A
enfermagem precisa reconhecer no parceiro sexual um suporte e
trabalhar com as dificuldades encontradas por eles, ao lidarem com a
12

doença da sua parceira, tornando-os elementos de apoio durante a


reabilitação. (FERREIRA et al., 2013, sp.)

A tomada de decisões e ações para resolução dos problemas


identificados, são executados em grande parte dos casos pela equipe de
enfermagem. Por isso é importante que ao realizar esse planejamento, a
equipe investigue e realize o planejamento de maneira coerente com as
condições e valores pessoais da mulher com o câncer e de sua família, devido
ser nesse cenário que a situação da doença será vivenciada.(SILVA; CRUZ,
2011)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos dados apontados pela pesquisa bibliográfica, o
profissional de enfermagem desempenha um papel significativo dentro do
tratamento do câncer de mama. Não só no que diz respeito aos aspectos
físicos da doença, mas também como um apoio para os aspectos emocionais
que essa enfermidade traz ao paciente. O câncer, além das dores e angústia,
causa desestabilidade na vida da mulher e das pessoas que a cercam, família,
amigos, etc. Muda radicalmente todo o seu estilo de vida, seus planos e
projetos. A forma de lidar com a situação é diferente para cada indivíduo, pois,
cada um tem sua subjetividade e particularidades, é fato que os danos
causados pela doença podem cessar rapidamente, mas também podem
perdurar por mais tempo.
Considerando esses fatores a equipe de enfermagem deve estar
preparada para lidar com as adversidades que são ocasionadas pela doença.
Manter uma boa relação profissional-paciente, contribuir no processo clínico,
no processo psicológico do sujeito e também na adesão do paciente ao
tratamento. Mediante dessa situação é de extrema importância que o
profissional de enfermagem esteja preparado e capacitado para a
compreensão das extensões subjetivas que essa área propõe.
Poucos profissionais consideram os anseios, as preocupações e o
sentimento de baixa autoestima. Como foi abordado neste trabalho, uma das
formas de tratamento para o câncer de mama é a mastectomia, que é a
retirada parcial ou total da mama, dependendo do quão, avançado está o
13

tumor. Isso pode contribuir para que a mulher não se sinta confortável com seu
próprio corpo e que não dispõe mais da sua sexualidade.
Para que haja uma boa interação entre o enfermeiro e a paciente, as
práticas assistenciais devem ser usadas cada vez mais. Deve-se estender o
plano de cuidados também para os parceiros dessas mulheres, pois é preciso
que eles também entendam todo o processo pela qual, sua companheira está
passando. Essa iniciativa pode colaborar em uma melhor adesão do tratamento
por parte da paciente.
Com isso verifica-se que o profissional de enfermagem é uma peça
importante para a prevenção e tratamento do câncer de mama. Pois são os
enfermeiros que irão orientar sobre os sintomas, os cuidados que se devem ter,
oferecer o acolhimento das pessoas envolvidas e participar ativamente em todo
processo clínico. Seu papel é sem dúvida muito importante, sem desconsiderar
também a importância de todos os profissionais da saúde. Pois só assim pode-
se contribuir de fato na vida das pessoas.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ana Maria et al. Estudo da adesão as estratégias de


prevenção e controle do linfedema em mastectomizadas. Rev. Anna Nery de
Enfermagem; São Paulo, v. 13, n. 1, 2009. Disponível em:
< https://www.scielo.br/pdf/ean/v13n1/v13n1a22.pdf> Acesso em: 12 mai. 2020

BARRIOS, Carlos Henrique Escosteguy, et al. Tudo o que você


sempre quis saber sobre o câncer de mama: Grupo Brasileiro de estudos do
câncer de mama (GBECAM). 1ed., Barueri, SP: Manole, 2013.

BARROS, Vanessa Mundim e et al. Linfedema pós-mastectomia: um


protocolo de tratamento. Rev. Fisioterapia e Pesquisa; São Paulo, v.20, n.2,
2013. Disponível
em:<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
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BRASIL. Câncer de mama. Instituto Nacional de Câncer, 2020.


Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama>.
Acesso em: 10 abr. 2020.

BRASIL. Câncer de mama: sintomas, tratamentos, causas e prevenção.


Blog do ministério da saúde. Disponível em: <https://antigo.saude.gov.br/saude-
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