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Jadir Rostoldo

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O PATRIMÔNIO COMO INSTRUMENTO DE (RE)AFIRMAÇÃO DE

IDENTIDADES

Jadir Peçanha Rostoldo


Doutor em História Social (USP)
Professor Visitante na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
jadirostoldo@yahoo.com.br

RESUMO

Patrimônio, ou patrimônio cultural, se refere aos bens, sejam materiais ou imateriais, que
reflitam a sociedade e seus componentes. O processo contínuo de transformação histórica
mantém as sociedades conectadas com seu passado pela construção de patrimônios, que
reafirmam suas identidades. O reconhecimento de um patrimônio é o reconhecimento da
história de um povo, de suas lutas, conquistas, valores e crenças em determinados
períodos. O patrimônio é onde as referências civis e sociais se ampliaram no sentido de
pertencimento a certa comunidade, grupo ou sociedade. O patrimônio remete a identidade
e a memória de determinado grupo ou sociedade, pois ambas estão repletas de referências.
A memória, como objeto da história, codifica as identidades que proporcionam à fixação
dos patrimônios e seus suportes sociais. Para além de seus valores, os bens patrimoniais
conservam em si elementos da história do lugar e da sociedade, contribuindo para a
continuidade histórica de um povo. Sendo assim, podemos indicar que os patrimônios se
constituem e se mantêm na fronteira entre a história e a memória, enquanto identidade
individual ou coletiva.

Palavras-chave: Identidade; Patrimônio; Memória

IDENTIDADES

A importância do tema identidade se revela nos inúmeros e diversos trabalhos


sobre o tema, assim como sua fundamental participação nas concepções e construções
das sociedades, seus grupos e indivíduos. Analisando o conceito, Pereira (2009) destaca
que a identidade é uma construção histórico-social, com forte influência ideológica, mas
também um estado transitório. As identidades são relativas. Se as sociedades estão em
constante movimento e adaptação, suas conexões também estão, proximidades e
distanciamentos são passíveis de se formarem a todo tempo. Por outro lado, o conceito
acaba por se unificar na concepção humana de raça, ou seja, se existe apenas uma todos
os seus membros se identificam. Sendo assim, utilizamos como base o conceito de
identidade apresentado por Goulart, Perazzo e Lemos (2005, p. 158), onde

identidade indica semelhança a si próprio a partir de um processo de


reconhecimento do outro. A identidade coletiva de um grupo processa-
se a partir de sentimentos de pertencimento a esse grupo, garantido por
imagens ou símbolos que permitem o reconhecimento do outro como a
mim mesmo.

Dessa forma, identidade não é um conceito imutável, um fim em si mesmo, mas


é maleável e mutável, seguindo as interações dos sujeitos nos campos político, social e
cultural. Na visão de Simonard e Santos (2017, p. 17) a sociedade atual “se caracteriza
pela rapidez, pelo mutável, pelo volúvel, o que se reflete nas identidades que surgem das
interações sociais que nela ocorrem e se formam”. Assim, as identidades fixas, sólidas e
duráveis tendem a encolher, dando lugar a identidades múltiplas. A multiplicidade é
reflexo da diversidade de lugares onde sujeitos e grupos podem surgir e se expressar.
Para Pereira (2002, p.108) a construção da identidade ocorre a partir de
“complexos processos que levam o homem a ser aquilo que é, a agir, apresentar-se e
autopercepcionar-se de determinada forma”. Partindo da observação do processo de
construção identitária o autor argumenta que a identidade é algo dinâmico e não
essencialista, resultando de múltiplos fatores. Pereira (2002) rejeita a ideia de uma
identidade básica, com características imutáveis, que torna o indivíduo aquilo que ele é
independente de suas experiências vividas. Cada indivíduo compõe sua identidade a partir
de sua multiplicidade de pertencimentos e inserções, pelo trânsito em diversos mundos,
atuando em diversos papéis e interagindo em contextos distintos.
O reconhecimento recíproco é fundamental para constituição prática das
identidades. Aceitar uma identidade traz o sentimento de segurança, de pertencimento, de
proteção, mesmo que o processo de sua construção seja repleto de insegurança e incerteza.
A identidade pode se movimentar por vários grupos, desde que suas histórias e memórias
se encontrem. Ela só pode ser entendida como um processo que se constrói por meio da
diferença.
Identidade é algo em processo, permanentemente inacabado, e que se
manifesta através da consciência da diferença e contraste com o outro,
pressupondo, assim, a alteridade. (...) Assim, a identidade é sempre
construída em um processo de interação e de diálogo que estabelecemos
com os outros (FERNANDES; SOUZA, 2016, p. 106).

Ao nos apropriar da divisão da identidade, em três tipos, feita por Castells (apud
SIMONARD; SANTOS, 2017, p. 19), onde ela pode ser “legitimadora (dominação), de
resistência (marginalizados) e de projeto (transformação social)”, assumimos em nossa
análise que a identidade de resistência se constitui a mais importante. A partir dela, que
seria a responsável pela formação de comunidades, a identidade de projeto gera sujeitos
críticos e atuantes, que transformam sua posição social. Para Castells (apud SIMONARD;
SANTOS, 2017, p. 19-20) “as pessoas resistem ao processo de individualização,
tendendo a agrupar-se em organizações comunitárias que geram um sentimento de
pertença e também identidade cultural”. Dessa forma, novos sujeitos estariam aptos a
atuar como “agentes coletivos de transformação social”, provocando novos significados
e reconhecimentos e projetos coletivos.
Revendo o processo de engajamento militante, Naujorks e Silva (2016)
desnudaram o reconhecimento do que vem a ser identidade individual e identidade
coletiva. Além de ser um fenômeno coletivo, a identidade também assume um caráter
múltiplo a partir da interação entre identidade individual e coletiva, nesse contexto “não
é apenas o atributo ou a posição social que determina a identidade, mas também são as
experiências e orientações coletivas dentro de um dado contexto concreto que criam o
potencial para formas diferenciadas de reconhecimento” (MISCHE apud NAUJORKS;
SILVA, 2016, p. 138).
O fenômeno identitário é uma construção social e histórica, fruto das relações
sociais dos indivíduos em seus grupos de convivência. O sujeito constrói suas identidades
a partir de identificações com símbolos, objetos, histórias e memórias que se tornam
referências. A identidade individual engloba as dimensões pessoal, social e coletiva,
enquanto a identidade coletiva é um fenômeno grupal, o que dá coerência ao grupo para
as movimentações coletivas. Para Naujorks e Silva (20016, p. 139)

Pode-se entender a identidade como um conjunto de processos


cognitivos e afetivos, de construção e atribuição de significados que
pessoas, individual e coletivamente, elaboram sobre si mesmas, outras
pessoas, grupos e a sociedade, a partir de referências pessoal e
socialmente construídas. (...) A identidade é uma construção social de
significados, sentimentos e emoções associados ao
autorreconhecimento e ao reconhecimento dos outros. Essa construção
é tanto singular (própria a um indivíduo particular) quanto coletiva
(própria a um conjunto de indivíduos).

As identidades, sejam individuais ou coletivas, também são reconhecidas a partir


de padrões de relacionamento na sociedade, que podem ser econômicos, políticos,
religiosos, históricos ou culturais. O reconhecimento e conexões entre as identidades
individuais leva a identidade coletiva. Assim, processos e ações individuais podem
ganhar a dimensão coletiva. A identidade coletiva não é apenas um dado na sociedade,
mas é a resposta que os atores sociais dão quando investigam “como” e “por que” se
aglutinam e se mantêm. Descobrir como e por que indivíduos se conectam a grupos é a
chave para sua identificação coletiva, sua manutenção e ação (MAIA, 2009). Cohem e
Arato (apud MAIA, 2009, p. 96) defendem que a criação de identidade coletiva “envolve
o conflito social em torno das reinterpretações de normas, a criação de novos sentidos e
o desafio da construção social das próprias fronteiras entre o privado e o público e os
domínios de ação política”.
Enquanto construção social a identidade ressalta o semelhante, podendo ser
assimilada, absorvida e internalizada. Pode também designar aquilo que perdura, que
mantém o grupo estável reproduzindo o idêntico. “O conjunto de experiências de uma
comunidade (...) define sua identidade” (DANTAS, 2015, p. 125). A identidade está
vinculada ao pertencimento, pertencer a um grupo, a uma organização, a um processo. As
pessoas se unem pelo pertencimento. Com essa perspectiva fica claro que a identidade é
uma construção social e histórica.

O PATRIMÔNIO COMO INSTRUMENTO IDENTITÁRIO

Patrimônio, ou patrimônio cultural, se refere aos bens, sejam materiais ou


imateriais, que reflitam a sociedade e seus componentes. Nas palavras do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), “O patrimônio cultural de um povo
é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que
remetem à história, à memória e à identidade desse povo” (IPHAN, 2012, p. 12). O
processo contínuo de transformação histórica mantém as sociedades conectadas com seu
passado pela construção de patrimônios, que reafirmam suas identidades. O
reconhecimento de um patrimônio é o reconhecimento da história de um povo, de suas
lutas, conquistas, valores e crenças em determinados períodos. Partindo dessa
constatação, Almeida (2013, p. 426) defende que

Pelo patrimônio, os grupos sociais reconhecem sua identidade e, uma


vez assumidos, materializados são, no presente, transmitidos às
gerações futuras. Cabe adiantar que o papel de representação simbólica
da identidade que o patrimônio detém pode ser entendido como a busca
da ideia de continuidade dos grupos sociais.

D’Alessio (2012, p. 79) sustenta que “A ideia moderna de patrimônio está ligada
ao impulso de preservação de bens materiais e imateriais que emerge do social”. Sua
incorporação a esfera pública e as humanidades acabou por ser uma forma social de
afirmação política de grupos distintos, se convertendo em um instrumento de articulação
para o pertencimento coletivo (SANTIAGO JÚNIOR, 2015). O patrimônio é onde as
referências civis e sociais se ampliaram no sentido de pertencimento a certa comunidade,
grupo ou sociedade. As identidades presentes no reconhecimento do patrimônio são as
mesmas que acabam por dar voz e ação aos indivíduos, tornando a vestimenta de cidadão
mais consistente. Para Santiago Júnior os grupos sociais buscam o patrimônio como um
direito cultural, como um aspecto de sua cidadania. “Junto ao aspecto memorial do
patrimônio consolidaram-se os seus valores de uso amplos e o próprio ‘direito à memória’
poderia ser exercido como princípio de cidadania e da conquista de outros direitos sociais
pelos grupos sociais” (SANTIAGO JÚNIOR, 2015, p. 262).
O Patrimônio carrega diversos valores de memória, um deles é o valor histórico
onde “o objeto permite ao indivíduo ou coletividade construir uma narrativa para o
próprio passado do qual é prova”, conforme a conceituação de Alois Riegl assumida por
Santiago Júnior (2015, p. 260). Guillen (2014) concorda que esses bens não podem ser
vistos como uma entidade natural, pois é resultado de uma seleção histórica realizada por
instituições criadas e preparadas para isso, envolvidas no contexto local, seus conflitos e
disputas. “Patrimônio é um locus para o qual afluem práticas e representações que
encontram correspondência em diversas políticas públicas, consubstanciadas em
instituições que objetivam preservar e/ou mesmo instituir o que é patrimônio”
(GUILLEN, 2014, p. 641). Essas práticas e representações, em contato com os conflitos
e disputas, carregam o patrimônio de identidades.
Ao atribuir existência ao sujeito e elevá-lo a categoria de agente histórico e social,
a memória, que está no centro da estrutura dos patrimônios, também interfere no exercício
da cidadania. Segundo Goulart; Perazzo e Lemos (2005, p. 160), essa categorização
garante ao indivíduo “poder nas relações, resgata sua identidade, cria valores sociais
relacionados ao grupo e ao espaço de convivência”. Como uma estrutura dinâmica, a
memória está sempre sujeita a mudanças, levando a novas inclusões e reparações na
história. “O trabalho com a memória permite que outros indivíduos e grupos tenham
destaque, atualiza lutas reprimidas e valoriza culturas e identidades vistas como
‘inferiores’ ou ‘primitivas’, daí a sua importância para a cidadania” (SILVA, 2010, p.
329).
A articulação entre história e memória aduba o debate e a compreensão sobre os
bens patrimoniais. Assim como a produção histórica se apoia na operação que altera o
perfil de documentos para fontes, a constituição de patrimônios demanda uma operação
de escolha e valoração de bens do passado, sejam materiais ou imateriais, como
representantes da coletividade social. Também a partir do vínculo com o passado, o
patrimônio pode proporcionar a reconstrução das conexões do presente com seus
precedentes. O resultado é o estabelecimento de laços sociais importantes para a
sobrevivência das coletividades (GUIMARÃES, 2008).
A partir dessa articulação as relações entre patrimônio e memória ficam evidentes.
Apenas a continuidade do bem no tempo não tem a capacidade de transformá-lo em
identidade. Alguns assumem esse papel e outros não. As lembranças dos indivíduos e dos
grupos, transformadas em memórias historicizadas, acabam por se traduzir em
representações, símbolos e signos cuja expressão material e/ou imaterial pode ser
percebida no patrimônio cultural. Dessa forma,

O patrimônio é, portanto, resultado de uma produção marcada


historicamente. É ao fim de um trabalho de transformar objetos,
retirando-lhes seu sentido original, que acedemos à possibilidade de
transformar algo em patrimônio. Adjetivar um conjunto de traços do
passado como patrimônio histórico é mais do que lhes dar uma
qualidade; é produzi-los como algo distinto daquilo para o qual um dia
foram produzidos e criados. (GUIMARÃES, 2008, p. 21)

Destacando o pressuposto da dimensão imaginária da sociedade, Oliveira (2010)


discute a memória como definida em função de conceber um universo mental que adquire
substância social. Para ele, uma das particularidades desta concepção, distinguindo-a de
outras dimensões mentais, é ter o passado como foco. Outra é ser uma prática, uma ação
presente e recorrente. Considera que toda a discussão sobre memória deve considerar as
novas questões impostas pelo debate entre patrimônio e patrimônio imaterial: identidade,
diversidade cultural, relações de significados. Esse debate também pode apontar para a
constituição da memória na relação com outras práticas sociais ou mesmo com práticas
que se desenrolam na relação com o ambiente natural.
Como operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado, que
se pretende conservar, a memória se vincula as tentativas de definir e reforçar sentimentos
de pertencimento e fronteiras sociais entre diversas coletividades. A referência ao passado
serve para manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade,
para definir seu lugar respectivo, sua complementariedade, mas também as oposições
irredutíveis. Manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem
em comum são as duas funções essenciais da memória comum, que fornecem um quadro
de referências e de pontos de referências. Nesse sentido, a memória coletiva de um
determinado grupo se constitui em uma memória estruturada com suas hierarquias e
classificações. Definindo o que é comum a um grupo e o que o diferencia dos outros,
fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras socioculturais.
Dessa forma, a memória coletiva acaba produzindo um patrimônio ou levando a
constituição de um (POLLAK, 1989).
Entendemos o patrimônio para além do seu vínculo com a memória, mas também
por sua representação material, simbólica, de preservação, comemoração e cultural. A
emergência do patrimônio, ou sua instituição, só pode ser compreendida no respectivo
contexto cultural, político e ideológico. Para Matos (2015) o processo de
patrimonialização é crescente, abarcando todo o espectro de lugares de memória. Isso
também indica um alargamento do conceito de identidade, que passa a abarcar “aspectos
e manifestações culturais antes não reconhecidas como essenciais para a definição dessa
identidade” (GUILLEN, 2014, p. 640-641). O reconhecimento de identidades, por todos
os grupos ou sociedades, reforça e amplia a percepção de patrimônio como construção
coletiva. O bem patrimonial aglutina as referências e valores históricos dos envolvidos.
A representação do patrimônio também é percebida na conexão entre patrimônio
e paisagem, que segundo Nobre (2007, p. 110) “é composta por frações de formas naturais
e artificiais, que se constituem num conjunto heterogêneo em que se torna difícil
distinguir o que é natural do que é artificial”. Os elementos e os sinais presentes nas
paisagens são importantes no reconhecimento social, pois acabam por preservar atributos
das diversas comunidades para as gerações futuras. A paisagem possui a função de
abastecer a memória social, estando em constante transformação. Sendo assim, ela reflete
as interações entre os homens e a natureza, como reflexo do movimento cotidiano da
sociedade. Como resultado de sua investigação sobre os temas, Figueiredo (2013) avalia
que independente da classificação dada a paisagem seu vínculo com o patrimônio é
indissociável. O reconhecimento de que a paisagem representa o trabalho combinado da
natureza e do homem ratifica sua importância na coesão social. Assumindo esse papel a
paisagem torna-se patrimônio.

Partindo-se de uma concepção mais alargada e integradora entre a ação


do homem e a natureza e entre os patrimônios material e imaterial,
adotar a paisagem como patrimônio pressupõe, ao passo que admite, o
constante movimento e as relações intrínsecas e inseparáveis entre
conceitos e abordagens da história, da sociologia, da antropologia, da
memória, da arte, da cultura, da ecologia e suas correspondências no
meio físico, seja na edificação, nos objetos ou nos territórios – urbano,
rural ou natural. (FIGUEIREDO, 2013, p. 86-87)

Observando apenas criticamente o avanço da patrimonialização, sem atentar para


o cidadão refletido nela, corre-se o risco da não identificação dos novos sujeitos sociais
que surgem no entorno da sociedade. Grupos subalternos que a partir de seus
reconhecimentos e identificação apontam para a necessidade de ampliação da diversidade
social, muitas vezes diminuída. O reflexo se dá na posse da cidadania por intermédio do
patrimônio, que passa a referendar todas as camadas da sociedade. O exercício da
cidadania é valorizado e fortalecido com a constituição de patrimônios, pois constrói e
referencia elementos de reconhecimento identitário, seja individual ou coletivo, nas
sociedades.
O patrimônio remete a identidade e a memória de determinado grupo ou
sociedade, pois ambas estão repletas de referências. A memória, como objeto da história,
codifica as identidades que proporcionam à fixação dos patrimônios e seus suportes
sociais. Para além de seus valores, os bens patrimoniais conservam em si elementos da
história do lugar e da sociedade, contribuindo para a continuidade histórica de um povo.
Sendo assim, podemos indicar que os patrimônios se constituem e se mantêm na fronteira
entre a história e a memória, enquanto identidade individual ou coletiva. Os patrimônios
são lugares de memória, consequentemente objetos da história.

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