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Aula 6

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Este capítulo analisa os circuitos retificadores que convertem tensão AC em tensão DC pulsante.

Apresenta ainda os cálculos de corrente e tensão nos diodos e na carga de cada tipo de circuito
retificador e faz uma comparação entre eles.

6.1 Conceito de capacitância


Considere duas placas condutoras paralelas A e B, denominadas armaduras, separadas por um
material isolante denominado dielétrico, como mostra a Figura 6.1.

Figura 6.1 - Composição básica dc um capacitor.

Aplicando uma diferença de potencial (tensão) entre as placas, com potencial positivo na placa
A e potencial negativo na placa B, a placa A começa a ceder elétrons para o polo positivo da fonte,

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carregando-se positivamente, e a placa B, simultaneamente, começa a atrair elétrons do polo nega­
tivo da fonte, carregando-se negativamente, formando um fluxo de elétrons (corrente i).

Como entre as placas existe um material isolante, esse fluxo de elétrons não o atravessa,
fazendo com que as cargas fiquem armazenadas nas placas, como mostra a Figura 6.2.

Figura 6.2 - Carga dc um capacitor.

Conforme aumenta a carga q armazenada nas placas, aumenta a diferença de potencial v entre
elas, fazendo com que o fluxo de elétrons diminua.
Após um determinado tempo, a carga armazenada atinge o seu valor máximo Q. Isso ocorre
quando a diferença de potencial entre as placas se iguala à tensão da fonte (v = £)» cessando o fluxo
de elétrons (i = 0), como mostra a Figura 6.3.

Figura 6.3 - Capacitor carregado.

Esse dispositivo, com capacidade de armazenar cargas elétricas (energia eletrostática), é cha­
mado de capacitor ou condensador, cujos símbolos mais comuns estão representados na Figura 6.4.

Cjpacrtor Xâo ÍMlamado Capacitar Varüvel

Figura 6.4 - Símbolos do capacitor.

Em geral, nos capacitores fabricados com placas condutoras separadas por um dielétrico, a
tensão pode ser aplicada aos seus terminais com qualquer polaridade.

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Em alguns capacitores, como os eletrolíticos de alumínio ou de tântalo, as placas devem ser
polarizadas corretamente; caso contrário, eles podem se danificar. Para isso o fabricante identifica o
terminal positivo ou negativo no próprio encapsulamento por meio dos sinais + ou

6.2 Características elétricas


A capacidade de armazenamento de cargas elétricas é chamada de capacitância, simbolizada
pela letra C.
A capacitância é a medida da carga elétrica q que o capacitor pode armazenar por unidade de
tensão vc, como mostra a Figura 6.5.

Matematicamente: C = —
vc

_c

Figura 6.5 - Características elétricas do capacitor.

Por esta fórmula, a unidade de capacitância é coulomb/volt [C/V] ou simplesmente farad [FJ.
Vamos analisar, agora, o comportamento da tensão e da corrente no capacitor.
Considere o circuito a seguir, com a chave S aberta e com o capacitor inicialmente descar­
regado, isto é, vc = 0 (Figura 6.6).

Figura 6.6 - Circuito de teste.

Fechando a chave no instante t = 0, a tensão entre as placas do capacitor cresce exponencial-


mente até atingir o valor máximo, isto é, vc = E.
Com a corrente acontece o contrário. Inicialmente, com as placas do capacitor descarregadas,
a corrente não encontra nenhuma resistência para fluir, tendo um valor máximo i - I, caindo expo-
nencialmente até cessar, i = 0.

Capacitores

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O período entre o fechamento da chave e a estabilização da tensão é rápido, mas não instantâ­
neo, sendo denominado transitório, como mostra o Gráfico 6.1.

Gráfico 6.1 - Período transitório

6.3 Características físicas


Considere a Figura 6.7.

Figura 6.7 - Capacitor - características físicas.

A capacitância de um capacitor de placas paralelas depende da área S [m2] das placas, da dis­
tância d [m] entre elas c do material diclétrico, que é caracterizado por sua permissividade absoluta,
representada pela letra grega e (épsilon), cuja unidade de medida éfarad/metro (F/m).
g
Matematicamente: C = e-
d

No vácuo, e0 = 8,9x10"12F / m. Para os demais materiais, essa característica pode ser dada em
relação à permissividade do vácuo, conforme a Tabela 6.1.

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Tabela 6.1 - Permissividade

Dielétrico Permissividade - e [F/m]

Ar

Pohetileno 2.3 e0

Mi ca

Porcelana 6.5-Eo

Exercício resolvido
1) Considere capacitor formado por placas paralelas de 10 cm7, distanciadas em 1,78 mm uma
da outra com dielétrico de ar.
a) Determine a capacitância.
b) Determine o novo valor de capacitância se trocarmos o dielétrico por porcelana.

Solução

a) 10cm2 10 3 m2 e 1,78mm - 1,78 10 3 m


c m 3
C = e- = 8,9x!0 12------------ -=>C = 5pF
d 1,78 10 3

b) Alterando-se o dielétrico para porcelana a permissividade fica 6,5 vezes maior. Como a
permissividade é diretamente proporcional à capacitância, temos:
C = 6,5-5pF = 32,5 pF

Amplie seus conhecimentos

Cientista inglês, Figura 6.8. estudou as relações entre a ele­


tricidade estática e a corrente elétrica, e entre a eletricidade
e a luz, chegando a formular uma teoria sobre a natureza
eletromagnética da luz. Inventou o voltímetro durante suas
pesquisas sobre eletrólise.

A unidade de medida de capacitância é farad, em sua


homenagem.

Sites para pesquisas complementares:

http://www.expiicatorium.com e
http://www.algosobre.com.br. Acesso em: 20 dez. 2013

Figura 6.8 - Michacl Faraday (1791-1867).

Capacitores

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6.4 Especificações dos capacitores
Os fabricantes de capacitores, além de seus valores nominais, fornecem várias outras especifi­
cações em seus catálogos e manuais, as quais destacamos a seguir.

6.4.1 Tolerância
Dependendo da tecnologia de fabricação e do material dielétrico empregado, a tolerância dos
capacitores pode variar. Em geral, ela está entre ±1% e ±20%.

6.4.2 Tensão de isolação

É a máxima tensão que pode ser aplicada


continuamente ao capacitor, de alguns volts [VJ
até alguns quilovolts [kVj.

A máxima tensão de isolação está relacio­


nada, principalmente, com o dielétrico utilizado
na fabricação do capacitor (Figura 6.9).
Isso se justifica pelo fato de que uma ten­
são muito elevada pode gerar um campo elétrico
entre as placas, suficiente para romper o dielé­
trico, abrindo um caminho de baixa resistência
para a corrente.
Quando isso ocorre, dizemos que o capacitor possui uma resistência de fuga, podendo, inclu­
sive, entrar em curto-circuito.

Nos capacitores cerâmicos e plásticos (poliéster, poliestireno e polipropileno), a tensão de iso­


lação está na faixa de algumas dezenas de volts até alguns quilovolts.
Nos capacitores eletrolíticos (de alumínio e de tântalo), a tensão de isolação é limitada a algu­
mas dezenas de volts.

6.4.3 Capacitores comerciais


As décadas de múltiplos e submúltiplos mais comuns de valores comerciais de capacitores
estão na Tabela 6.2.

Tabela 6.2 - Valores comerciais de capacitores

Capacitores não eletrolíticos até IjiF

Capacitores eletrolíticos acima de IjiF

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A Tabela 6.3 mostra alguns tipos de capacitares fixos e variáveis, bem como algumas de suas
características.

Tabela 6.3 - Tipos de capacitares fixos

6.5 Códigos de especificação de capacitores


Em geral, os capacitores não trazem as suas especificações no próprio encapsulamento. Por isso,
existem três códigos para expressá-las: código de cores (para capadtância nominaJ, tolerância e tensão
de isolação) é usado principalmente nos capacitores de poliéster metalizado, código alfabético (para
tolerância) é usado em diversos tipos de capacitor e código numérico (para capadtância nominal e
tensão de isolação) é usado principalmente nos capacitores cerâmicos, como mostra a Tabela 6.4.

Tabela 6.4 - Código dc valores dos capacitores

Capacitores de poliéster metalizado Capacitores cerâmicos


(Código de cores) (Código alfanu mérico)

C X múltipl 0
pF <—__

x letra

1 1
Cores !• Díg 2* Díg Múltiplo ± (%> Tensão N9 (x) Múltiplo Tensão Tolerância
Preto 0 20 0 B ± O.lOpF
Marrom 1 1 x 10 pF 1 x 10 pF 100V C 0,25pF
Vermelho 2 2 x 102 pF 250 V 2 x 102 pF 25 V D ± 0.50pF
Laranja 3 3 x IO3 pF 3 x 103 pF ± IpF
F
Arrare o 4 4 x IO4 pF 400 V 4 x 10» pF ± 1 %
Verde 5 5 x 10* pF 5 x IO5 pF 50 V G ±2%
Azul 6 6 630 V 6 x 106 pF H ±3%
Violeta 7 7 7 x 107 pF J ±5%
Cinza 8 8 x 10 2 pF 8 x IO2 pF K ±10%
Branco 9 9 x 10 '• pF 10 9 x 10-1 pF M ±20%

Capacitores

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Exercício resolvido
2) Especifique os capacitores a seguir conforme os dados dos seus encapsulamentos:
a) Capacitor cerâmico com a inscrição 104.
b) Capacitor de poliéster metalizado com as cores: laranja, laranja, amarelo, branco,
vermelho.

Solução
a) Valor = 10.10“ pF = 100 nF
b) Vilor = 33.10“ pF = 330 nF
Tolerânica = 10%
Tensão de isolação = 250 V

6.6 Circuito RC - temporização


Um circuito temporizador é aquele que executa uma ação após um intervalo de tempo pre-
estabelecido.
Neste tópico, analisaremos o comportamento de um circuito formado por um resistor e um
capacitor ligados em série que, como veremos, estabelece uma relação entre níveis de tensão e
um intervalo de tempo definido pelos valores do resistor e do capacitor.

6.6.1 Constante de tempo


Como vimos no tópico 6.2, o tempo de carga de um capacitor alimentado diretamente por
uma fonte de tensão não é instantâneo, embora seja muito pequeno.
Ligando um resistor em série com o capacitor, pode-se retardar o tempo de carga, fazendo
com que a tensão entre os seus terminais cresça mais lentamente, como mostra a Figura 6.10.

Figura 6.10 - Circuito RC série.

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Vamos analisar dimensionalmente o produto entre resistência e capacitância [R.C], conside­
rando as seguintes unidades de medida das grandezas envolvidas:
» [R] = Q (ohm) = V/A (volt/ampère)
» [C] = F (farad) = C/V (coulomb/volt)
» [I] = A (ampère) = C/s (coulomb/segundo)

C
V C C 1 Cs
[RC] = Q.F = -•- = —= £ = — => [R-C] = s = segundo
A V A C
s

Portanto, o produto R.C resulta na grandeza tempo [segundo]. Esse produto é denominado
constante de tempo, representado pela letra grega r (tau).

Matematicamente: t =R•C

Em um circuito RC, quanto maior a constante de tempo, maior é o tempo necessário para que
o capacitor se carregue.

6.6.2 Carga e descarga do capacitor


Considere um circuito RC série ligado a uma fonte de tensão contínua E e a uma chave S
aberta, com o capacitor completamente descarregado, Figura 6.11.

Figura 6.11 - Tensões na carga do capacitor.

Após uma constante de tempo t, o capacitor atinge 63% da tensão E.


Após um tempo equivalente a 5 • t, o capacitor pode ser considerado completamente car­
regado.
Na descarga, o fenômeno é análogo. Após uma constante de tempo t, a tensão cai 63%; e, após
5 • t, o capacitor pode ser considerado completamente descarregado.

Capacitores

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Exercício resolvido
3) Considere o circuito RC dado na Figura 6.12 , no qual o capacitor encontra-se totalmente
descarregado.

Figura 6.12 Circuito RC série.

Dados:
R = 100 kQ
C = 100 pF
F. = 5 V

a) Determine a constante de tempo t do circuito.


b) Após o fechamento da chave S, cm que tempo pode-se considerar o capacitor complc-
tamente carregado?

Solução
a) t = R C = 100 103 100 10 fi=>t = 10s
b) Pode se considerar que em t = 5 • r, o capacitor se encontrará completamente carregado,
portanto, t = 5 • 10 = 50 s.

Vamos recapitular?

Você aprendeu nesse capítulo as características físicas, elétricas e especificações dos capacitores.

Analisa também o tempo de carga e descarga de um capacitor ligado em série com um resistor,
pois esses comportamentos são de suma importância para entender o circuito do filtro capacitivo de fon­
tes de alimentação.

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Agora é com você!

D Qual c o valor do capacitor que, submetido a uma tensão de 100 V, armazena 10 pC


de carga?

2) Um capacitor de 100 nF está carregado com 50 pC. Qual é a tensão entre os seus
terminais?

3) Um capacitor de placas paralelas tem as dimensões indicadas na Figura 6.13.

Figura 6.13 - Dimensões das placas de um capacitor.

Determine a sua capacitância se:


a) o dielétrico for de ar;
b) o dielétrico for de mica.
4) Especifique os capacitores abaixo conforme os dados dos seus encapsulamentos:

5) Considere o circuito RC dado na Figura 6.14, no qual o capacitor encontra-se total


mente descarregado.

Figura 6.14 - Circuito RC série.

Capacitores

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Dados:

R=100kD
C=10pF
E=10V
a) Determine a constante de tempo r do circuito;
b) Após o fechamento da chave S, cm que tempo se pode considerar o capacitor
complctamcntc carregado?

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