NAYARA Projeto de Iniciação Científica
NAYARA Projeto de Iniciação Científica
NAYARA Projeto de Iniciação Científica
1. INTRODUÇÃO
O Programa Minha Casa Minha Vida foi lançado no ano de 2009 com a intenção de
tornar a moradia acessível a toda população, contemplando, principalmente, as
faixas de renda de três a dez salários-mínimos. Além disso, buscava aquecer a
atividade da construção civil como resposta à crise econômica global de 2008.
Sua ideia originária surge nos anos 2000 dentro do Instituto Cidadania, presidido, na
época, por Luiz Inácio Lula da Silva. A principal intenção do Programa, além de
solucionar o financiamento habitacional e dar subsídios às pessoas de mais baixa
renda, era combater a ideia de que as unidades habitacionais prontas, que seguem
um modelo, resolveriam o problema de habitação. Além disso, o projeto inicial,
propunha construir as moradias em uma localização adequada, para que fizessem
parte da cidade. Porém, estudando o Programa, pode-se perceber que esses ideais
que formularam a política habitacional do governo Lula não foram cumpridos em sua
totalidade.
Desse modo, os estudos nessa área são de suma importância tendo em vista que o
acesso à moradia digna consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos. No
entanto, mesmo com tentativas de implementação de políticas que abordam essa
situação, essa garantia ainda é muito falha e negligenciada, visto que é possível se
observar muitos cidadãos que não desfrutam desse direito.
Esse projeto de Iniciação Científica está vinculado a um grupo de pesquisa que tem
como objetivo refletir sobre os diversos aspectos da produção de habitação social no
país. Tendo em vista que o quadro social de precariedade habitacional da população
urbana brasileira se agrava cada vez mais, torna-se imprescindível uma reflexão
urgente sobre as possíveis soluções para o problema. De acordo com essa
abordagem, a pesquisa busca desenvolver uma análise crítica e uma produção de
conhecimento acerca das dinâmicas que envolvem a temática da habitação social no
país, dentro do viés da discussão em torno do projeto arquitetônico e urbanístico,
estudando o Programa Minha Casa Minha Vida em Bragança Paulista, Estado de
São Paulo.
No ano de 2020, o Programa Minha Casa Minha Vida chegou ao fim, sob supervisão
do Ministério de Desenvolvimento Regional, sendo substituído pelo Programa Casa
Verde e Amarela. Essa nova política habitacional alterou apenas o limite de renda
para receber subsídios do Governo, assim, foi excluída a faixa de renda mais baixa
do Programa. Além disso, diferentes taxas de juros foram aplicadas de acordo com
as regiões do país. O programa habitacional vigente, em nível federal, ainda é muito
recente. Por esse motivo, não se sabe ao certo qual será sua repercussão em escala
urbana e quais seus impactos na vida dos moradores. Portanto, a escolha por
estudar o Programa Minha Casa Minha Vida, também está ligada ao fato desse ter
sido concluído há pouco tempo, tornando a análise mais concreta e apropriada para
compreender seus resultados práticos.
A fim de compreender sua atuação na cidade de Bragança Paulista e as condições
que está inserido, foi escolhido o empreendimento da Rua Luiz Carlos Bonucci
Filócomo, 409 - Jardim Morumbi, como objeto de estudo. A escolha do projeto se
deu pelo fato de sua consolidação. Como possui 15 casas e mais de quatro anos,
seus moradores adquiriram experiência do morar, o que ajuda a produzir resultados
mais concretos para a pesquisa. Além disso, se assemelha a maioria das
construções do PMCMV na cidade de Bragança Paulista, ou seja, casas afastadas
do centro e construídas por iniciativa privada, possibilitando que o estudo
compreenda sua generalidade e não apenas um caso isolado. Outro motivo dessa
escolha foi o fácil contato com os encarregados pela obra, o que possibilita colher
maior número de dados com veracidade.
Figuras 1 e 2 - Fotos do empreendimento da Rua Luiz Carlos Bonucci Filócomo, 409
1.2 Justificativa
O Brasil é um país populoso, mas por possuir um extenso território, possui baixa
densidade habitacional. Um dos motivos desse cenário de desigual distribuição
populacional por sua área é devido ao crescimento progressivo da população
urbana, concentrando maior parte das pessoas nas grandes metrópoles desde o
início do século XX em razão da industrialização. Em consequência dessa
densidade demográfica alta, o número de pessoas que carecem de uma habitação
adequada vem aumentando exponencialmente. Em 2020, segundo uma nota
técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o número de pessoas
que viviam em condição de rua no Brasil chegou a quase 222 mil, evidenciando uma
continuidade do problema habitacional, visto que mais de 4 milhões de habitações
foram entregues em dez anos de existência do Programa Minha Casa Minha Vida,
segundo uma pesquisa feita pelo G1 no ano de 2019.
Apesar de ao longo da história brasileira várias políticas terem sido instituídas com
intenção de melhorar esse cenário de precariedade habitacional, ainda há a
necessidade de abrigar um elevado número de pessoas que não desfrutam desse
direito fundamental. Dentro desse contexto, surge o Programa Minha Casa Minha
Vida, objeto de estudo dessa pesquisa, que possibilitou a muitas pessoas o acesso
à moradia.
Dessa forma, podem ser levantados questionamentos que norteiam o trabalho:
as construções do PMCMV em Bragança Paulista são adequadas?
atendem às reais necessidades da população?
propuseram melhorias das condições de vida anteriores à atual?
1.3 Objetivos
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesse contexto, o Programa Minha Casa Minha Vida também foi lançado na
tentativa de sanar o déficit habitacional histórico do Brasil. Por mais que só tenha
entrado em vigência no ano de 2009, no mandato de Luiz Inácio Lula da
Silva, seu conceito de criação já havia surgido anos antes com o nome de “Projeto
Moradia”, dentro do Instituto Cidadania em 2000. A partir desse Projeto, foi criado o
“Ministério das Cidades” assim que Lula assume a presidência, em 2003. O
Ministério se estruturou em 4 eixos: saneamento, mobilidade urbana, habitação e
programas urbanos estruturantes. Também foram criados a Conferência Nacional
das Cidades e o Conselho das Cidades, visando ampliar a participação
popular nessa área (MARICATO; ROYER, 2017).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa tem como objetivo entender a dinâmica do Programa Minha Vida na
cidade de Bragança Paulista (SP) estudando as relações que o empreendimento
escolhido exerce com a cidade ao seu redor, com o intuito de concluir se são
eficientes aos seus usuários. Para esse fim, serão seguidos os seguintes
procedimentos:
1. Revisão bibliográfica:
i. Produção de pesquisadores na área de habitação popular para entender
quais serão os aspectos positivos e negativos a serem considerados na
pesquisa de caso e qual a melhor maneira de realizá-la.
ii. Funcionamento do Programa Minha Casa Minha Vida, considerando as
divergências entre o proposto em sua criação e sua aplicação prática,
para compreensão de sua dinâmica.
2. Estudo de caso específico: Empreendimento da Rua Luiz Carlos Bonucci
Filócomo, 409 – Jardim Morumbi, será desenvolvido da seguinte maneira:
i. a) Fichamento técnico do projeto
b) Análise dos Projetos entregues à Prefeitura de Bragança Paulista (SP).
c) Entendimento da localização do empreendimento dentro de seu núcleo
urbano.
d) Entrevista com representante da construtora responsável.
ii. Entrevista com um Correspondente Caixa Aqui, responsável pelas
contratações MCMV na cidade de Bragança, para melhor compreender o
papel do banco no Programa.
3. Pesquisa em campo: Para realização de uma investigação qualitativa e sensível,
com o levantamento de dados, será preciso:
a) Realizar visitas técnicas a fim de observar os empreendimentos e seu
contexto urbano.
b) Conversar e realizar um questionário com todos os moradores, dentro do
possível, para fazer um levantamento a partir das necessidades e
vivência deles.
c) Fazer um levantamento fotográfico das moradias e da região em seu
entorno, realizando uma análise do estado em que se encontram os
equipamentos urbanos e de infraestrutura que atendem aos beneficiários
do Programa.
4. Análise dos resultados: Nessa etapa, serão realizadas a discussão com o grupo
de pesquisa e a montagem de gráficos, tabelas e painéis de imagens a partir de
todo material recolhido ao longo da pesquisa.
5. Montagem do relatório final: Criação de um relatório, a partir dos estudos e
levantamento realizados, contendo as conclusões extraídas ao longo do
processo além de gráficos, tabelas e imagens que possibilitem a melhor
compreensão do estudo qualitativo. Esse documento terá a finalidade de auxiliar
com o estudo da análise teórica e prática do Programa Minha Casa Minha Vida,
apontando seus aspectos positivos e negativos.
6. Conclusão: Exposição de todo material desenvolvido, a partir de sua
apresentação para a Comunidade Acadêmica.
4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Meses
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 – Revisão bibliográfica X X X X
2 – Estudo de caso específico X X X X X
3 – Entrevista com a construtora X
4 – Entrevista com o Caixa Aqui X
5 – Visitas Técnicas X X
6 – Entrevista com os moradores X X X
7 – Levantamento fotográfico X X
8 – Análise dos resultados X X X X
9 – Discussão com o grupo de
X X X X X X X X X X X
pesquisa
10 – Montagem do relatório final X X
11 – Revisão X X
12 – Conclusão X
5. METAS E INDICADORES
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasil. (06 de julho de 1992). Decreto nº 591, de 06 julho de 1992. Disponível em Pacto
Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PIDESC):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.htm. Acesso em: 09 de abril
de 2021 às 15:06.
Brasil. (10 de julho de 2001). LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm#:~:text=Para%20todos%20os
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em: 07 de abril de 2021 às 10:45.
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Programa Casa Verde e Amarela agora é lei. Governo do Brasil, 2021. Disponível em
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https://repositorio.unesp.br/handle/11449/182238