Escravos Da Erva
Escravos Da Erva
Escravos Da Erva
Escravos da Erva
RELATÓRIO TÉCNICO
do Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à disciplina de Projetos Experimentais
ministrada pelo Prof. Fernando Crócomo
no primeiro semestre de 2016
Orientador: Prof. Carlos Locatelli
Florianópolis
Julho de 2016
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FICHA DO TCC – Trabalho de Conclusão de Curso –
JORNALISMO UFSC
ANO 2016.1
ALUNO Poliana DallabridaWisentainer
TÍTULO Escravos da Erva
ORIENTADOR Carlos Locatelli
MÍDIA x Impresso
Rádio
TV/Vídeo
Foto
Web site
Multimídia
Pesquisa Científica
CATEGORIA Produto Comunicacional
Produto Institucional (assessoria de imprensa)
Produto Local da apuração:
Jornalístico
(inteiro)
Reportagem ( ) Florianópolis ( )
Livro- ( ) Brasil Internacional
reportagem ( ) Santa Catarina País:
x ( x ) Região Sul ____________
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fragilidades das instituições públicas no combate ao
trabalho escravo e apresento as perspectivas dos tarefeiros
em relação ao seu próprio futuro.
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Aos tarefeiros da erva-mate no Brasil.
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AGRADECIMENTOS
À mãe que se foi cedo. Continue guiando meu caminho com seu
baile delicado.
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Eu vejo a liberdade dada aos que se põem
Além da lei, na lista do trabalho escravo,
E a anistia concedida aos que destroem
O verde, a vida, sem morrer com um centavo.
Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes,
Tal como eu vejo com amor a fonte linda –
E além do monte o pôr-do-sol porque por sorte
Vocês não destruíram o horizonte… Ainda.
1. RESUMO...............................................................................................12
2. INTRODUÇÃO.....................................................................................14
3. JUSTIFICATIVA DO TEMA E DO FORMATO.............................20
3.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA.......................................................20
3.2 JUSTIFICATIVA DO FORMATO...............................................22
4. PROCESSO DE PRODUÇÃO............................................................25
4.1 PRÉ-APURAÇÃO.........................................................................25
4.2 APURAÇÃO..................................................................................26
4.3 FONTES.........................................................................................28
4.4 REDAÇÃO....................................................................................30
4.5 EDIÇÃO.........................................................................................31
4.6 DIAGRAMAÇÃO.........................................................................33
5. CUSTOS................................................................................................34
6. DIFICUDADES E APRENDIZADO..................................................35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................37
ANEXO A....................................................................................................38
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1. RESUMO
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2. INTRODUÇÃO
14
erva-mate tem se mantido como uma atividade que usa a mão-de-obra do
trabalhador de forma especulativa e sem o cumprimento de uma série de
obrigações trabalhistas” (REZENDE, 2011).
Manter trabalhadores em regime análogo à escravidão em setores
da agricultura, pecuária e mineração é uma prática antiga, cuja existência foi
reconhecida pelo poder público brasileiro apenas em 1995 (MTE, 2012). As
tentativas de combate a essa prática começaram oito anos depois, com a
articulação de diferentes ministérios e secretarias.
O Quadro de Operações de Fiscalização para Erradicação do
Trabalho Escravo, divulgado anualmente pela Secretaria de Inspeção do
Trabalho do MTE, mostra que de janeiro de 1998 a dezembro de 2015
foram resgatados 49.157 trabalhadores em 2.080 operações no Brasil. Só
em 2015 foram 1010 trabalhadores resgatados em 143 operações realizadas
(ver anexo A).
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), instituição que denuncia
desde os anos 1970 o crime do Brasil, publica anualmente relatórios com
números de resgate de trabalhadores em condições análogas a escravidão
em todos os estados brasileiros. O relatório mais recente da CPT é de 2014
(ver Anexo B) e demonstra que, naquele ano, em Santa Catarina, 48
trabalhadores foram libertados em seis municípios: Campo Erê, Caxambu
do Sul, Criciúma, Grão Pará, Imbuia e Pinhalzinho, em atividades como
reflorestamento, pecuária e lavoura. Dos casos registrados, um diz respeito à
denúncia contra a Ervateira Cavalo Branco, no município de Pinhalzinho,
que mantinha cinco trabalhadores em condições análogas às de escravos.
Segundo levantamentos da CPT, de 2010 a 2014, a cada ano, pelo menos
um caso de denúncia e resgate de trabalhadores em Santa Catarina está
relacionado à atividade ervateira.
Os trabalhadores são submetidos a condições análogas à
escravidão no Brasil, entre outros motivos, por estarem presos a dívidas que
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contraíram no recrutamento ao trabalho, o chamado “abono” (FIGUEIRA,
2004), mais comum na região Norte do país. A prática de adiantamento do
salário, porém, também ocorre no Sul, na colheita da erva-mate – seja para a
compra de equipamentos de trabalho, como botas, lona e facão, seja para
compra de mantimentos em um mercado “na conta do patrão”. Parte dos
alimentos é levado com o trabalhador e parte fica com a família do tarefeiro.
Diferente do relatado por Ricardo Rezende Figueira em zonas do
Piauí e do Pará, onde é comum haver a coerção através da violência ou
mesmo da responsabilidade moral que sentem os trabalhadores em relação a
sua dívida, os safristas da colheita da erva-mate aceitam esse tipo de
trabalho como a única opção (RENK, 1997). O fragmento a seguir esclarece
as diferenças entre as violações ocorridas no trabalho escravo:
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A categoria trabalho escravo por dívida também tem
sido utilizada para formas parecidas de trabalho sob
coerção em outras regiões urbanas e rurais em
diversas atividades produtivas. Como não se trata
exatamente da modernidade de escravidão que havia
na Antiguidade grego-romana, ou da escravidão
moderna de povos africanos na América, em geral o
termo escravidão veio acrescido de alguma
complementação: “semi”, “branca”,
“contemporânea”, “por dívida”, ou, no meio jurídico
e governamental, com certa regularidade se utilizou
o termo “análoga”, que é a forma como o artigo 149
do Código Penal Brasileiro (CPB) designa a relação1.
18
e étnico-raciais. Esta postura teórico-analítica
permite, mutatis mutandis, a compreensão da
multiplicidade, das diferenças, das especificidades
destas relações. E mais. Permite a percepção de
maneira pela qual os diferentes agentes da
dominação apoiam-se uns sobre os outros, negam-se
entre si ou se reforçam mutuamente. Não se entende
a dominação como algo político e a exploração como
algo econômico. Não se tem a visão dualista
assentada sobre oposições. Exploração e dominação
(...) são as faces de um mesmo fenômeno. (SILVA,
1999, p. 16).
19
representações étnico-raciais descritas por Moraes Silva se repete, enfim,
nos ervais do Sul do Brasil.
3. JUSTIFICATIVA
22
irregularmente essa mão-de-obra. Este trabalho de reportagem não é só
sobre as vítimas, mas também sobre os cúmplices da exploração.
Algumas reflexões surgiam ao tentar traduzir e descrever o que eu
via naquelas casas de compensado de madeira, naquelas crianças sem
calçado, brincando no barro. A primeira era entender a quem serve
emocionar e explorar a subjetividade de homens e mulheres à margem das
oportunidades, como são os tarefeiros.
Esse tipo de material, quando produzido por grandes empresas de
mídia, é, muitas vezes, apelativo e vago. Não é também contraditório que
um produto jornalístico como este se insira na lógica de um modelo de
negócios que, muitas vezes, visa ao lucro em detrimento do interesse
público, como é o caso dos grandes jornais?
Como exemplo de reportagem com viés subjetivo, que apenas
expõe e não problematiza questões inerentes à realidade incrustada aos
personagens, cito a reportagem “As quatro estações de Iracema e Dirceu”,
publicada em 21 de junho de 2015 em versão multimídia no site e em um
encarte de 24 páginas na edição impressa do jornal Diário Catarinense, do
Grupo RBS3. Com fotos produzidas, diagramação interativa e inserções em
áudio da repórter, a reportagem conta a história de uma família composta
por pai, mãe e 14 filhos de Timbó Grande, no Planalto Norte Catarinense.
O casal que dá nome a reportagem do Diário Catarinense se
conheceu num erval e, não por coincidência, vive em situação de extrema
pobreza. Iracema e Dirceu foram tarefeiros na colheita da erva-mate,
expostos às jornadas exaustivas e condições insalubres da atividade. A
reportagem não discute, porém, o porquê da miséria e nem expõe quem
lucra com a exploração: só interessa o que é mais subjetivo, singular e que,
3
Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/sites/swf/DC_quatro_estacoes_iracema_dirceu/.
Acesso em: 24 nov. 2015.
23
por isso mesmo, dificulta a problematização da realidade externa à Iracema
e Dirceu, como a escravidão no campo.
O mesmo grupo empresarial que financia um trabalho jornalístico
sobre personagens à margem de direitos básicos, como o caso do casal de
Timbó Grande, investe em uma reportagem sobre os empresários do Rio
Grande do Sul que compraram terras baratas na região conhecida como
Matopiba, no Norte e Nordeste, no final da década de 1980 4. A relação de
exploração do trabalho e exclusão do desenvolvimento que marca a história
do casal de trabalhadores rurais de Santa Catarina se repete na vida dos
nativos e indígenas expulsos de suas terras, transformando “Matopiba” em
uma das regiões de maior conflito por terra do Brasil (CPT, 2014). Adelmo
Genro Filho ajuda a esclarecer o duplo papel do jornalismo realizado pela
RBS:
Em virtude do caráter de classe da sociedade
burguesa, o jornalismo cumpre uma tarefa que
corresponde aos interesses de reprodução objetiva e
subjetiva da ordem social. Nesse sentido, o
jornalismo desempenha seu papel ideológico de
reforçar também determinadas condições imaginárias
de cidadania, preparando os indivíduos e as classes
para a adesão ao sistema. Isso ocorre, tanto através
da produção de um conhecimento que coincide com
a percepção positivista que emana espontaneamente
das relações reificadas do capitalismo, como pela
reprodução e ampliação dessa percepção, a fim de
garantir que a universalidade conquistada pelo
capital continue sob a égide particular dos interesses
capitalistas. (GENRO FILHO, 1987, p. 152-168).
4
Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/especiais-zh/zh-matopiba-tche/. Acesso em: 24 nov.
2015.
24
empresarial, porém, não abre mão de produzir conteúdos com temáticas
relacionadas às mazelas do sistema, reportagens que costumam causar
comoção. Para Ciro Marcondes Filho, isso é sensacionalismo, ou “o grau
mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende é
aparência e, na verdade vende-se aquilo que a informação interna não irá
desenvolver melhor do que a manchete” (MARCONDES FILHO, 1989, p.
66).
Para fugir disso, tentei realizar uma reportagem que dê voz às
histórias de vida de trabalhadores subalternos (SPIVAK, 2010) e, ao mesmo
tempo, conectá-las a uma realidade econômica e social, expondo os
elementos universais em cada narrativa singular (GENRO FILHO,1987).
Mais do que um mero compromisso burocrático para a conclusão
do curso, espero que o livrorreportagem, ao narrar uma realidade inerente ao
modo capitalista, contribua para reforçar o caráter transformador do
jornalismo, possível apenas quando este é independente dos interesses
empresarias.
4. PRODUÇÃO
4.1 Pré-Apuração
A pré-apuração deste Trabalho de Conclusão de Curso começou no
final de 2015, quando defini as localidades e ervateiras que eu visitaria. A
escolha pelos destinos foi facilitada pela contribuição da auditora fiscal
Lilian Rezende, que me forneceu materiais sobre o trabalho escravo na
erva-mate, como listagem de resgates, planilhas com empresas autuadas e
relatórios sobre a atuação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel
(GEFM) em Santa Catarina.
A escolha das ervateiras seguiu os seguintes critérios: registro de
autuação por irregularidades trabalhistas ou por subter trabalhadores em
25
condições análogas à escravidão e proximidade com a cidade de Chapecó,
“QG” da apuração.
Nos meses de janeiro e fevereiro pude ficar hospedada na casa dos pais
do Daniel Giovanaz, também jornalista e que ficou esse tempo na cidade se
dedicando a apuração de um livrorreportagem sobre um crime político não
esclarecido em Chapecó.
A estadia da casa dos seus pais, Graziela e João, foi determinante para a
realização deste projeto. Eu contava com um orçamento muito baixo e teria
que economizar no que fosse possível. Registro também aqui o meu
agradecimento à família.
Pelo limite orçamentário, este projeto seria realizado apenas em Santa
Catarina, no Oeste, Meio Oeste e Planalto Norte Catarinense. Eu acreditava
que não seria possível visitar cidades do Paraná e Rio Grande do Sul, mas
quando comecei a apuração, isso mudou.
4.2 Apuração
A apuração foi dividida em pequenas viagens, para que eu não
tivesse que ficar dias em um único local, pois isso significaria gastos
com alimentação e hospedagem que eu não poderia arcar. Algumas
cidades foram visitadas em um único dia – eu saía de Chapecó no
primeiro ônibus e voltava no último.
Ao conhecer melhor a região, vi que as distâncias entre Chapecó e
cidades do Alto Uruguai, no Rio Grande do Sul, e do Sudoeste do
Paraná não eram muito grandes. As passagens de ônibus variavam entre
R$ 18,00 e R$ 40,00. Readaptei o orçamento e decidi por estender a
apuração do livro para duas cidades do Rio Grande do Sul e três
cidades do Paraná. Assim, abrangeria os três estados da Região Sul e
poderia afirmar que realizei um trabalho sobre os tarefeiros da erva-
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mate no Brasil, já que quase a totalidade da produção ervateira se
concentra nas localidades que visitei.
A maior parte das entrevistas foi realizada entre o dia 7 de janeiro e
28 de fevereiro. Em Florianópolis, realizei algumas entrevistas por
telefone com os auditores fiscais do Paraná e do Rio Grande do Sul e
programei uma nova viagem ao Paraná, realizada em maio.
27
Santa Catarina, cheguei durante a semana e contei com a sorte para
encontrar os tarefeiros em casa no final do expediente.
Nenhuma entrevista com os trabalhadores da colheita foi agendada. Os
próprios moradores dos bairros me indicavam onde eu encontraria
tarefeiros. Em uma dessas orientações, inclusive, recebi um “tem um
tarefeiro ali, mas, cuidado, ele é perigo” como resposta. Isso ocorreu em
Palmas, no Paraná, quando eu tentava encontrar o trabalhador conhecido
como “Russo”. Ao chegar na casa do tarefeiro, a pintura na parede com a
frase “mata sem medo” foi o cartão de visitas. Senti que “o que quer dizer
essa frase?” era uma pergunta que eu poderia evitar. A despeito disso,
“Russo” e seu sobrinho, Anderson, foram ótimas fontes e se mostraram
interessados em ajudar.
Quase toda a apuração nos municípios foi feita a pé. Os bairros
visitados ficavam, em média, a 5 km de distância do centro dos municípios.
Somente em dois momentos peguei um táxi e consegui uma carona em
outros cinco: três vezes com ervateiros, uma com uma assistência social e
outra com um funcionário de uma empresa de produtos de limpeza que
entregava um pedido em uma ervateira de Catanduvas e estava indo rumo a
Chapecó.
Quando estava em Chapecó, realizei também entrevistas por telefone
com as procuradoras de Passo Fundo, Blumenau (antes lotada em Joaçaba),
Pato Branco e Guarapuava, com o representante no Brasil da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e com o presidente da Câmara Setorial
Nacional da Erva-mate.
4.3 Fontes
Ao todo, realizei 40 entrevistas, das quais 29 foram aproveitas na redação
do livro. As fontes entrevistas e que estão neste livrorreportagem foram as
seguintes, por ordem de realização:
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1 - Junior Danielli, proprietário da Ervateira Cavalo Branco;
2 - Arlene Renk, professora e autora do livro “A Luta da Erva”;
3 - Sérgio Antônio Picolo, proprietário da Erva Mate Barão de Cotegipe;
4 - José Adilson Roteles, tarefeiro de Ponte Serrada;
5 - Zenita Fontoura dos Santos, tarefeira de Ponte Serrada;
6 - Reducino Mouque dos Santos, tarefeiro de Ponte Serrada;
7 - Marilene Alvez da Silva, esposa do tarefeiro de Ponte Serrada;
8 - Luiz Machado, coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil;
9 - Neide Bonzano, tarefeira do distrito de Marechal Bormann, em Chapecó;
10 - Ederli Pisinatto, proprietário da Erva Mate Catanduvas;
11 – Cláudio Marinha Boscos, proprietário da Erva Mate Regina;
12 - Aquimar Rech, tarefeiro de Catanduvas;
13 - Divo Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias da Erva Mate de
Catanduvas e dono da Ervateira Jacutinga;
14 - Leandro Gheno, presidente da Câmara Setorial Nacional da Erva-Mate
e diretor da filial de São Mateus do Sul, no Paraná, da Erva Mate Baldo;
15 - Maurício Pavesi, auditor fiscal coordenador do Projeto de Fiscalização
Rural da SRTE do Paraná;
16 - Lilian Rezende, auditora fiscal responsável pelo Projeto de Fiscalização
Rural de Santa Catarina até abril deste ano e presidente da delegacia
sindical do Sindicato dos Auditores Fiscais (Sinait) em Santa Catarina;
17 - Bruna Bonfante, procuradora do MPT na Procuradoria de Blumenau e
responsável pelas autuações aos ervateiros entre 2007 e 2008. Até início
deste ano, era presidente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do
Trabalho Escravo no Brasil (CONAETE);
18 - Darci Titon, 57 anos, tarefeiro resgatado em Catanduvas;
19 - Sergio Garcia, chefe da área de Saúde e Segurança da SRTE do RS;
29
20 - Gean Tormen, administrador da Comércio de Erva Mate Tormen Ltda,
no Distrito de Marechal Bormann, em Chapecó;
21 - Cibelle Costa Farias, procuradora do MPT na Procuradoria de
Guarapuava, no Paraná;
22 - Nivaldo dos Santos, tarefeiro e capataz de Palmas, no Paraná;
23 - Anderson dos Santos Camargo, tarefeiro de Palmas, no Paraná;
24 - Flávia Fuck, procuradora do MPT na Procuradoria de Passo Fundo, no
Rio Grande do Sul;
25 - Paulo Pinheiro Machado, professor do Departamento de História da
UFSC;
26 - Flávio Apolinária, 23 anos, tarefeiro de Bituruna, no Paraná;
27 - Celso Mota dos Santos, tarefeiro de Bituruna, no Paraná;
28 - Rita Aparecida Apolinária, tarefeira de Bituruna, no Paraná;
29 - Luize Surkamp, auditora fiscal da SRTE do Paraná e autora do livro
“Erva Mate - a Erva que Escraviza”
4.4 Redação
Um terço da apuração do livrorreportagem teve fim no começo de
março, quando retornei a Florianópolis. O mês de março foi destinado a
decupar as entrevistas e definir a estrutura do trabalho. De abril e junho,
os capítulos eram escritos, em média, um a cada duas semanas. O
primeiro capítulo foi apresentado no dia 27 de abril.
Inicialmente, o livrorreportagem seria divido em três capítulos: o
“antes”, onde eu contaria o origem dos caboclos e o início do comércio
de erva-mate no Brasil; o “durante”, quando descreveria como são as
condições de trabalho atual e como os empresários do setor reagiram às
primeiras fiscalizações. Por último, escreverei um capítulo sobre o
“depois”, apresentando as consequências dos cortes no orçamento e da
30
falta de auditores fiscais do MTE e das novas gerações de tarefeiros que
seguiam o mesmo caminho dos pais.
As correções do capítulo entregue nem bem tinham sido
terminadas pelo meu orientador, professor Carlos Locatelli, e eu resolvi
mudar toda a estrutura do trabalho. Ao reler o capítulo entregue e
refletir sobre alguns comentários gerais do orientador sobre o meu
trabalho, tive a sensação de que o livro estava começando “pelo pé”.
Apesar da estrutura de um livrorreportagem ser diferente da
aplicada em uma notícia, optei por hierarquizar as informações também
no livro, assim como é feito no hard news. Da maneira como eu estava
estruturando o livro, as condições atuais dos tarefeiros, talvez o mais
importante para discutir mudanças e conscientizar a sociedade, estaria
presente apenas na metade do trabalho.
Reescrevi esse capítulo, que se tornou a terceira parte do
livrorreportagem. Ao final, este trabalho está dividido em um prólogo e
quatro capítulos. O trabalho mais intenso de redação começou, então,
em maio, interrompido por mais uma viagem de apuração, e terminou
no final de junho. Foram entregues três capítulos de uma só vez ao
orientador e, duas semanas depois, o último.
4.5 Edição
O livrorreportagem está dividido em um prólogo e quatro capítulos,
conforme detalho a seguir. Os capítulos não são autônomos – um depende
do outro para formar uma narrativa que compreenda toda a questão que
envolve atualmente o trabalho escravo na erva-mate.
Prólogo: A função do prólogo é localizar o leitor sobre o que ele lerá nas
próximas páginas. Achei necessário usar este recurso porque se trata de um
31
trabalho extenso e com diferentes nuances – quem são os tarefeiros, o que
pensam os patrões, as fragilidades da fiscalização no Brasil.
4.6 Diagramação
A identidade visual deste livro é de autoria de Alice da Silva,
estudante do curso de Design da UDESC (Universidade do Estado de
Santa Catarina) e amiga desde 2011, quando ingressamos, juntas, no
curso de Jornalismo da UFSC.
O conceito da identidade visual do livrorreportagem era a de uma
capa que remetesse ao trabalho e os mesmo tempo à vida do tarefeiro.
A princípio, a capa seria criada com alguma textura que simulasse a
erva-mate cancheada. Após a escolha e tratamento das imagens que
entrariam no livro, percebi que a foto vertical de um tarefeiro que se
movimenta de um galho a outro da erveira representaria a ideia do
livro. É como se esse homem, na fotografia, fosse a própria continuação
33
dos galhos. Ele se pendura na árvore, depende dela. É assim também
com seu trabalho: só sabe cortar erva e se agarra a isso para sobreviver.
Além disso, considerei que a fotografia continha os elementos
necessários para uma capa: espaços livres para escrever as informações
principais, como o nome do livro e do autor.
Para o interior da publicação, pretendia que o livrorreportagem
fosse o mais acessível possível: a letra do texto um pouco maior que o
normal e espaços em branco no começo de cada capítulo para suavizar
a leitura. Pedi também que as letras de abertura, sumário e outros
elementos fossem simples, com fontes “thin”.
Todas as fotos que compõem este livrorreportagem são de minha
autoria. Fotografei apenas os tarefeiros e suas famílias. Fiz essa escolha
para registrar a realidade de homens e mulheres que recebem um
espaço menor na sociedade, diferente do ocupado pelos empresários
ervateiros. Como acrescentou o professor Carlos Locatelli em uma
reunião de orientação, a fotografia e esse livro podem ser os únicos
registros desses trabalhadores em muitos anos.
5. CUSTOS
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Equipamento Câmera Fotográfica D300 -
cedida do LabFoto
Hospedagem Duas pernoites 110,00
Alimentação - 300,00
Demais gastos Táxi e ligações 200,00
Diagramação Apenas o layout 50,00
Impressão Seis exemplares e relatório 230,00
6. DIFICULDADES E APRENDIZADO
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO A
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39