E-Fólio B DEZ 2016
E-Fólio B DEZ 2016
E-Fólio B DEZ 2016
Número: 1300139
Turma: 01
Licenciatura em História
Marta Covita
Dezembro 2016
Adelaide Antunes História das Civilizações Pré-Clássicas
1300139 2016-17
A história dos Assírios começou a ser documentada a partir do século XIV, das mais diversas
formas, tais como, «crónicas, cartas e tratados com estrangeiros». Podemos encontrar referências a
relações comerciais, designadamente com a região de Anatóliai. Shamshi Adad Iii, iniciou o
percurso deste impérioiii. Durante uma primeira fase, encontramos uma época obscura, até chegar
Assur-Ubalitiv. Este irá estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Egipto,
desvinculando-se da soberania de Babilónia, chegando ao ponto de colocar um dos seus filhos no
trono da região atrás referida. Este facto é importante, porque era a Babilónia que exercia domínio
político sobre a Assíria até esse momento. Adad-Nirariv, enquanto soberano, estendeu o poder da
Assíria até ao «Próximo Oriente», chegou às «zonas periféricas da Mesopotâmia». Guerra e
conquista, é um dos pontos de referência da história dos Assírios, principalmente, contra Babilónia,
para dessa forma se libertarem do jugo político, deixando de lado a parte cultural, já que estava
entranhada na consciência desse povovi.
Thkulti·Ninurta Ivii aumentou a predisposição da Assíria para a guerra. Um reinado onde incutir
o terror, tornou-se uma filosofia, perante as cidades conquistadas. Chegaram até à capital da Assíria
(Assur), grandes quantidades de tributos, tomados de forma coerciva, designadamente, prisioneiros
como escravos, matérias primas, cereais e animais. Na Babilónia, tomou os centros mais
importantes, e confiscou, também, o deus Mardukviii, um símbolo nacional. Esta situação dura
pouco tempo, porque este reinado entrou em crise e começou a desagradar à nobreza e ao povo,
pelo seu lado despótico e falhas que foram acontecendo no campo militar. Após a queda deste
soberano e da abertura do processo de sucessão, as rivalidades das duas potências da Mesopotâmia,
não foram suplantadas.
Tiglat-Falasar Iix, conseguiu superar aqueles que o precederam, dado o carácter imperialista e a
crueldade que aplicou nas suas guerras. Estamos perante um conceito que o deus Assur deseja e
estimula, ou seja, a guerra religiosa. Um soberano que organizou um «exército forte e disciplinado».
Atingiu «cidades fenícias de Arvad, Sídon e Biblos», derrotou os Arameus, um povo em franca
expansão nesses temposx. Com a morte deste rei, a Assíria entra em declínio, por causa das
devastações dos povos do Ocidente, no qual se destacam os Arameus. Destes factos, ocorre a
desagregação do império assírio, entre o séc. XI e X a.c..
Com Assurdão IIxi, começa a reorganização do império, considerado como o fundador do
período Neo-Assírio. Uma era onde se começa a trilhar mais um avanço expansionista, com
qualidades militares mais fortes. As campanhas tinham como escopo principal o controlo das «rotas
dos produtos que deviam chegar a Assur» e protecção das populações que procediam ao cultivo dos
campos. A economia era a condicionante base para esta evolução. A guerra servia como principal
fonte de produção de riqueza. Esse é o fundamento principal, para transformar a Assíria, num
«estado militarizado». Assurnasirpal IIxii, foi um dos maiores seguidores deste pensamento.
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Adelaide Antunes História das Civilizações Pré-Clássicas
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Levantei uma coluna (torre) à frente da porta da cidade e esfolei todos os chefes que se
tinham revoltado contra mim e estendi as suas peles na torre .... Queimei muitos
prisioneiros entre eles. Capturei muitos soldados vivos. A alguns cortei-lhes os braços ou as
mãos; a outros cortei-lhes o nariz, as orelhas e as extremidades. Arranquei os olhos a
numerosos soldados. Fiz um monte de vivos e outro de cabeças; pendurei as suas cabeças a
árvores à volta da cidade. Queimei os seus adolescentes, rapazes e raparigas ... xv
(ARAB, I, 443)xvi
Constata-se que a Assíria ganhou mais poder, mas «a corte de Assur» encontrava-se descontente
porque a Babilónia encontrava-se ainda como reino independente. Esta não tinha uma força militar
influente, mas o «prestígio das suas ancestrais tradições, […] santuários e […] cultura» ainda
estavam bem visíveis. Considerada nessa época, como a «terra santa». Um exemplo desse sentido
foi realizado por Salmanasar III. Tendo este soberano dado auxilio ao rei da Babilónia, entre 852 e
850, após a vitória, foi em «peregrinação aos santuários tradicionais», entre eles Babilónia para dar
graças à «divindade». Daqui se depreende que «as guerras, por mais injustas e cruéis que fossem,
eram feitas em nome dos deuses». Apesar destas atitudes, o que mantinha a subjugação dos povos
vencidos era o terror provocado pelo exército, que tinham como função principal: «conquista e
esmagamento das populações», tal como nos indica o texto atrás citado. Qualquer tipo de rebelião,
tinha como resposta direta um tipo de violência que servia de exemplo. O medo é o sentimento que
sustenta as bases do império, não oferecendo capacidade para a existência de uma pazxvii.
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Adelaide Antunes História das Civilizações Pré-Clássicas
1300139 2016-17
i
Conhecida como Ásia Menor. Compõe a maior parte da República da Turquia.
ii
Rei que é considerado o fundador do império antigo. Governou de 1813-1781 a.c..
iii
TAVARES, António Augusto, Civilizações Pré-Clássicas, Lisboa, Universidade Aberta, 1995. p.281.
iv
c. 1366-1330.
v
c. 1307-1275.
vi
TAVARES. op. cit. p.282.
vii
C. 1244-1208.
viii
Trata-se do Deus protetor da cidade da Babilónia. pertencente a uma geração tardia de deuses da
antiga Mesopotâmia. Era filho de Enki e Ninhursag. Foi pai de Dumuzi.
ix
c. 1115- 1077.
x
TAVARES. op. cit. p.283.
xi
C. 934.
xii
C. 883-859.
xiii
TAVARES. op. cit. p.284.
xiv
TAVARES. loc. cit. apud ANET,558.
xv
TAVARES. op. cit. p.285.
xvi
TAVARES. loc. cit. apud ARAB, I, 443.
xvii
TAVARES. op. cit. p.288.
Bibliografia
TAVARES, António Augusto. Civilizações Pré-Clássicas, Lisboa, Universidade Aberta, 1995.