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Aprendizagem

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WBA0847_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

ECONOMIA CIRCULAR
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Denise da Silva Mota Carvalho
Leitura crítica: Karoline Arguelho da Silva

A economia circular é um conceito que visa os fluxos circulares no


processo de produção, propondo repensar o design dos produtos
desde sua concepção até o seu descarte final, priorizando a redução
da geração dos resíduos e o seu reaproveitamento como insumos
para outros processos, por meio da reutilização e reciclagem.

É um modelo de produção que visa desassociar o crescimento e


desenvolvimento econômico do uso infinito de recursos naturais
propondo a sustentabilidade no âmbito ambiental, econômico e
social. As primeiras discussões iniciaram na década de 1970 com o
conceito “do berço ao berço” (indicando que os resíduos gerados
em cada etapa do ciclo de vida do produto, podem ser um novo
começo para um determinado processo), propondo, portanto,
uma alternativa para o modelo de economia linear “do berço ao
túmulo” vigente desde a Revolução Industrial, baseado na extração,
produção e descarte.

A discussão sobre fluxos circulares avançou para o conceito de


design regenerativo de produtos e processos, ecologia industrial
e simbiose industrial. Posteriormente, surge a conceito de
bioeconomia, que propõe o uso de recursos biodegradáveis nos
processos produtivos e a Biomimética, com abordagem industrial
pautada nas inspirações e design naturais. A ideia comum entre
esses conceitos é encontrar equilíbrio entre eficiência na produção e
resiliência ambiental, social e econômica.

Todas essas correntes fomentaram as discussões sobre fluxos


circulares, redução do desperdício e reaproveitamento dos insumos
nas empresas e cadeias de suprimento.
2
No século XXI, intensificou-se a discussão global sobre
sustentabilidade, questões relacionadas à redução do desperdício
e gestão e reaproveitamento de resíduos. Legislações foram
desenvolvidas por diversos países para preservação ambiental e
gerenciamento dos resíduos. Com isso, as cadeias de suprimentos
precisam de estratégias sustentáveis para conseguir eficiência
ecológica no processo de produção e, ao mesmo tempo, garantir
lucratividade a médio e longo prazo.

No caso brasileiro, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída


pela Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010 tem pautado as decisões
de gerenciamento de resíduos e logística reversa no país. Para
implantação de práticas sustentáveis e obtenção de certificados
ambientais, as empresas utilizam, também, de algumas ferramentas
que serão tratadas durante o curso.

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

3
TEMA 1

Desafios da economia circular


______________________________________________________________
Autoria: Denise da Silva Mota Carvalho
Leitura crítica: Karoline Arguelho da Silva
DIRETO AO PONTO

O modelo econômico linear (extrair, produzir, distribuir, consumir e


descartar) está atingindo o seu limite, comprometendo a capacidade
de a natureza repor os recursos e absorver os resíduos gerados.
Para os negócios, o modelo é baseado nas visões de curto prazo e
não gera valores diferenciais no mercado, com produtos duráveis e
de melhor qualidade.

A economia circular (EC) é um modelo que propõe conciliar


rentabilidade com sustentabilidade, promovendo um ciclo de
desenvolvimento contínuo que preserva e prioriza o capital natural,
além de otimizar a produção de recursos, que constrói resiliência
em longo prazo. E, ainda, gera oportunidades econômicas e novos
negócios, e proporciona benefícios ambientais e sociais, com fluxos
aprimorados de bens e serviços.

A EC é restaurativa e regenerativa dede o princípio. Não se trata


apenas de reciclar os materiais, ou reduzir resíduos. Propõe a
eliminação ou a rentabilidade dos resíduos no design do produto,
amplia a cadeia de valor para abranger todo o ciclo de vida, envolve
todos os estágios desde a produção até o consumo.

A EC requer atividades econômicas de acordo com o princípio 3R,


que são Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O modelo é baseado em três
princípios:

1. Preservar e aprimorar o capital natural, reduzindo o uso de


recursos e resíduos gerados.
2. Otimizar os rendimentos dos recursos naturais, promovendo a
circulação de produtos, componentes e materiais, por meio da
reutilização.

5
3. Melhorar a efetividade do sistema diminuindo as
externalidades negativas, reciclando os materiais para novos
processos, reduzindo a extração de insumos não renováveis.

O modelo distingue os ciclos biológicos e os ciclos técnicos.


Os recursos biológicos podem ser reutilizados no tratamento
anaeróbico a partir de compostagem, na produção de energia
e combustível renovável (biogás), na indústria de bioquímica
e devolvidos na natureza. Os recursos técnicos podem fazer
parte de atividades de logística reversa e passar por processo
de manutenção, reuso, redistribuição, recondicionamento,
remanufatura e reciclagem.

Diversas linhas de pensamento contribuíram para a evolução do


conceito da EC dentre elas: economia de performance; ecologia
industrial; design regenerativo; bioeconomia; economia azul; e
biomimética. Os pontos em comum entre as linhas de pensamento
e a economia circular são: fluxos circulares, design de materiais e
produtos e otimização dos recursos.

Na Figura 1 está apresentada uma estrutura genérica da economia


circular. De acordo com Weetman (2019), os modelos de negócios e
relacionamentos circulares requerem contratos e serviços que visam
compartilhamento e troca, com princípios 3R. Essa estrutura ainda
inclui imputs circulares, design do produto e do processo, fluxos
circulares e os capacitadores e aceleradores da EC.

6
Figura 1 – Framework da economia circular

Fonte: Weetman (2019, [s.p.]).

Os imputs circulares referem-se a entrada de materiais que


favoreçem a reciclagem, feitos com produtos renováveis, que sejam
seguros à saúde humana e ao meio ambiente.

O design dos produtos e processos precisam priorizar a


regeneração, a durabilidade, a minimização dos resíduos e
a reutilização destes resíduos como “alimentos” para outros
processos. Para promoção dos fluxos circulares.

Os desafios para implantação da EC incluem interconexão entre


setores. Desta forma, os capacitadores e aceleradores compõem
equipes integradas de pesquisa, organizações tecnológicas,
instituições certificadoras e formuladores de políticas públicas
(WEETMAN, 2019).

7
Referências bibliográficas
WEETMAN, C. Economia circular: conceitos e estratégias para fazer negócios
de forma mais inteligente, sustentável e lucrativa. Autêntica Business, São
Paulo, 2019.

PARA SABER MAIS

No Brasil, a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é de


79 milhões de toneladas por ano, de acordo com a Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE). Cerca de 59,5% dos RSU no Brasil são depositados em
aterros sanitários. Apenas 3% dos resíduos são reciclados no Brasil,
e apenas 1% dos resíduos orgânicos são reaproveitados. A geração
de resíduos orgânicos resultantes de perdas de alimentos e resíduos
vegetais corresponde a 45,3% da composição dos RSU (ABRELPE,
2020).

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e


Agricultura (FAO), estima que cerca de um terço da produção de
alimentos mundial é perdida ou desperdiçada, o que equivale
aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de alimentos. Dentre
essas quantias, 30% correspondem a cereais, entre 40 e 50% são
raízes, frutas e hortaliças, 20% de carne e produtos lácteos e 35% de
peixes (FAO, 2018).

Em relação ao sistema alimentar, a economia circular pode


contribuir na reutilização de alimentos, na redução da quantidade de
resíduos gerados, na utilização dos resíduos em subprodutos e na
reciclagem de nutrientes. Os alimentos desperdiçados poderiam ser
reinseridos no sistema, envolvendo toda a cadeia de abastecimento
alimentar, promovendo interconexão entre os setores (FAO, 2018).
Na Figura 2, é apresentado como a economia circular pode ser
aplicada à cadeia de abastecimento alimentar.
8
Figura 2 – Economia circular aplicada à cadeia de abastecimento
alimentar

Fonte: elaborada pela autora.

De acordo com a FAO, as perdas acontecem nas primeiras etapas


da cadeia de abastecimento alimentar, o que inclui a produção,
colheita, transformação, processamento e transporte. O desperdício
está associado à comercialização e ao consumo. Os resíduos
resultantes das perdas e desperdícios saem com novo valor,
podendo ser reinseridos como subprodutos no sistema alimentar.
Quando a reutilização não é possível os rejeitos são descartados e
não retorna ao sistema (FAO,2018).

As perdas e desperdício de alimentos podem ser reinseridos no


processo com nova saída de valor e utilizados em geração de
energia renovável, compostagem, reprocessados ou ainda destinado
a banco de alimentos ou ração animal.

9
Referências bibliográficas
ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2020.
FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. The State Of
The World series of the Food and Agriculture. Rome, 2019.

TEORIA EM PRÁTICA

A economia circular pode ser desenvolvida em diversos setores


da economia. Tomado como exemplo o setor de construção
civil, a aplicação do modelo pode ser implementada por meio de
investimentos em edifícios que proporcionem a circularidade dos
produtos e reaproveitamento dos resíduos.

Reflita sobre os limites do trabalho de uma construtora deste


setor. Em quais parcerias comerciais ela poderia investir para o
êxito da economia circular? Que tipo de resíduos seriam viáveis
para recuperação/reaproveitamento? A economia circular pode ser
aplicada além da reutilização dos resíduos?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
10
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O artigo trouxe uma revisão dos conceitos de economia circular


analisando sua aplicação na indústria de construção civil no
reaproveitamento dos resíduos gerados. Os resultados apontaram
um aumento na aplicação dos conceitos de economia circular e uma
tendência de crescimento de questões da sustentáveis neste setor.

BARBOZA, D. V. et al. Aplicação da Economia Circular na Construção Civil.


Research, Society and Development, v. 8, n. 7, p. e9871102, 2019.

Indicação 2

O artigo analisou iniciativas de aderência economia circular e


logística reversa dos resíduos eletroeletrônicos no Brasil e como
esses conceitos se relacionam com as metas dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Concluiu-se que existe uma
ausência interação entre os atores e a assimetria de informação
entre os setores dificultam a cadeia reversa dos resíduos de
equipamentos eletroeletrônicos.

11
SANTANA, Y. R. S.; LIMA, A. M. F. Resíduos eletroeletrônicos: sinergia entre
a economia circular, logística reversa e as perspectivas dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil. In: 11th International
Symposium on Technological Innovation. 2021.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. A economia circular é um modelo de produção que vem sendo


discutido como alternativa ao modelo de economia linear. Em
relação ao conceito de economia circular é correto afirmar:

a. É um modelo que produz resiliência a curto prazo.


b. Está preocupada apenas com a reciclagem dos materiais.
c. Aumenta os custos porque precisa conciliar sustentabilidade
com a produção.
d. Amplia a cadeia de valor com fluxos aprimorados de bens e
serviços.
e. É baseada na extração, produção e descarte dos insumos.

2. A estrutura genérica da economia circular (EC) inclui


modelos de negócios e relacionamentos circulares,

12
imputs circulares, design do produto e do processo, fluxos
circulares e os capacitadores e aceleradores da EC. São os
principais elementos desta estrutura, exceto:

a. Compartilhamento de bens e serviços.


b. Produção em grande escala com produtos de pouca
durabilidade.
c. Contratos e serviços que visam design de produtos e
processos.
d. Interconexão entre os setores.
e. Fluxos circulares visando a recuperação, reuso e reciclagem.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: A economia circular promove a ampliação da cadeia
de valor, trazendo rentabilidade através do fluxo de bens e
serviços.
A EC é um modelo de longo prazo.
A EC vai além da reciclagem.
A EC propõe a redução do custo ao conciliar rentabilidade à
sustentabilidade.
A EC desassocia o desenvolvimento econômico à extração de
recursos.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: A EC prioriza a otimização do uso dos produtos em
qualquer escala de produção.
Todas as demais alternativas estão de acordo com a estrutura
genérica da economia circular, cujos principais elementos são:

13
compartilhamento de bens e serviços; contratos que visam
design de produtos e processos; interconexão entre os setores
e fluxos circulares visando a recuperação, reuso e reciclagem.

14
TEMA 2

Gestão da cadeia de suprimentos


sustentável
______________________________________________________________
Autoria: Denise da Silva Mota Carvalho
Leitura crítica: Karoline Arguelho
DIRETO AO PONTO

As atividades econômicas são constituídas por processos de


produção de bens e serviços interligados por diversos elos
(ramificações) que juntos colaboram para atender as necessidades
de consumo da sociedade. A definição de cadeia de suprimentos
(CS) está relacionada à essa rede de atividade produtiva de um
determinado segmento.

A preocupação com o uso intensivo de recursos naturais e o impacto


no meio ambiente, tem levado as organizações a repensarem seu
modo de produção em busca de sustentabilidade. No Quadro 1
são apresentados os principais conceitos relacionados à cadeia de
suprimentos sustentável.

Quadro 1 – Principais conceitos relacionados a cadeia de


suprimentos sustentável
Desenvolvimento É aquele que atende as necessidades do
sustentável presente sem comprometer a habilidade
das gerações futuras de atender suas
próprias necessidades.
Empresa sustentável Aquela que mantém um equilíbrio entre
o objetivo de lucro e as necessidades
ambientais e sociais.
Cadeia de Suprimentos Elos (ramificações) de produção de bens
(CS) e serviços, fornecimento de insumos,
distribuição, transporte, comercialização,
fluxos físicos e financeiros, entre outros,
de um determinado segmento de
produto.
Gestão da cadeia de Práticas que visam reduzir impactos
suprimentos verde ambientais resultantes das atividades
(GCSV) produtivas.

16
Gestão da cadeia de Coordenação sistêmica para a realização
suprimentos sustentável e o alcance de metas sociais, ambientais
(GCSS) e econômicas.
Sistema de gestão Contabilidade ambiental, monitoramento
ambiental (SGA) dos fluxos de materiais dentro de uma
empresa.
Design regenerativo Processo produtivo que usa
componentes biodegradáveis na
concepção em seus produtos.
Avaliação do ciclo de Método de avaliação do impacto
vida (ACV) ambiental de bens e serviços em todo o
ciclo de vida do produto.
Fonte: elaborado pela autora.

Todos esses conceitos estão relacionados à coordenação e gestão da


cadeia de suprimentos sustentável. Os três últimos itens do quadro:
sistema de gestão ambiental (SGA); design regenerativo; e avaliação
do ciclo de vida (ACV) são ferramentas usadas pelas empresas para
realização e alcance das metas em direção a sustentabilidade.

A série de normas da ISO 14.000 serve de suporte legal na


concessão do certificado da SGA e apresenta diretrizes para
avaliação do desempenho ambiental e análise do ciclo de vida dos
produtos, para conciliação da proteção ambiental e a prevenção
de poluição com as necessidades sociais e econômicas da empresa
e, consequentemente, da cadeia de suprimentos como um todo.
No Quadro 2 é apresentada a gestão sustentável da cadeia de
suprimentos em três níveis.

17
Quadro 2 – Os três níveis da gestão da cadeia de suprimentos
sustentável
Via Descrição
Ambiental Visa a redução dos impactos ambientais
decorrentes do processo de produção gerados
pelo ciclo de vida do produto. A avaliação
dos impactos pode ser medida por meio de
indicadores como a redução de insumos e
recursos naturais, e controle para redução do
desperdício e reaproveitamento de resíduos,
entre outros.
Social Promove a redução das externalidades sociais
de todos envolvidos na cadeia, trazendo
retornos positivos à sociedade. Entre os
indicadores de desempenho social destacam-se,
segurança e saúde do trabalho, capacitação com
cursos e treinamentos, respeito e cumprimento
da legislação trabalhista e inclusão social.
Econômica Objetiva a maximização da rentabilidade
financeira, vantagens competitivas, diferenciação
de produto e simbiose industrial fortalecendo os
elos da cadeia.
Fonte: elaborado pela autora.

A divulgação dos resultados de desempenho ambiental obtidos


pelas empresas é importante dentro da cadeia, pois auxiliam a
tomada de decisões dos demais elos. Além disso, as informações
do desempenho ambiental contribuem também para alcançar
vantagem competitiva e garantir a diferenciação do produto frente
aos demais similares do mercado.

18
PARA SABER MAIS

As cadeias de suprimentos tradicionais geralmente são compostas


por redes extensas e de longa distância, com vários setores e
fornecedores. Isso ocorre porque as empresas deslocam a captação
de recursos para a base de manufatura com menor custo. Com isso,
acontecimentos em determinada região podem provocar crises nas
cadeias de suprimento em outras localidades e impacto a produção
de matéria-prima, manufatura ou até mesmo o transporte.

As tendencias globais têm levado as organizações a buscarem


soluções que envolva:

• Gestão de riscos, por meio de análises quantitativas com


monitoramento de acontecimentos isolados e controle de
crises globais.

• Sustentabilidade, buscando a criação de valor econômico e


social.

• Integração de fluxos de entrada de materiais e saída de


informações.

Evoluindo a tomada de decisões para perspectiva de custo vitalício,


o que requer informações de todos os estágios da vida do produto.
A transparência nas informações proporciona a divulgação da
responsabilidade social da empresa junto a seus concorrentes e
clientes.

A gestão da cadeia de suprimentos sustentável, pode sincronizar os


objetivos dos designs dos produtos e os engenheiros de processo a
fim de explorarem as oportunidades de criação de valor. Com isso
podem recorrer a:

19
• Simplificação da complexidade, reduzindo o desperdício,
usando recursos mais simples e renováveis, de modo a facilitar
a recuperação e reutilização.

• Padronização dos componentes e materiais.

• Proteção do fornecimento e segurança dos materiais,


reduzindo os riscos e impactos negativos.

Com isso, as cadeias de suprimento da economia circular fazem


a captação de inputs circulares e outros capacitadores tecnológicos
procurando melhorias na avaliação do ciclo de vida.

Referências bibliográficas
WEETMAN, C. Economia circular: conceitos e estratégias para fazer negócios
de forma mais inteligente, sustentável e lucrativa. São Paulo: Autêntica
Business, 2019.

TEORIA EM PRÁTICA

O desenvolvimento de novos produtos com tecnologias digitais,


como tablets, notebooks, smartphones e outras inovações levam em
conta o ciclo de vida destes produtos. Quando um produto novo é
lançado no mercado, os consumidores estão ansiosos pela novidade
tecnológica. Entretanto, a demanda e oferta por modernização e
novas tecnologias avançam rapidamente, implicando em ciclos de
vida cada vez menores para esses produtos.

Reflita sobre a possibilidade de se obter uma gestão sustentável


para a cadeia de suprimentos eletroeletrônicos, levando em
consideração os aspectos mencionados acima.

20
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,
acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O trabalho apresenta um estudo de caso em duas cadeias de


suprimento baseadas em ativos da biodiversidade envolvendo
seis organizações à empresa Natura, considerando os requisitos
impostos aos fornecedores e o desenvolvimento de novos produtos.

21
CARVALHO, A. P.; BARBIERI, J. C. Inovações socioambientais em cadeias de
suprimento: um estudo de caso sobre o papel da empresa focal. RAI Revista
de Administração e Inovação, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 232-256, 2013.

Indicação 2

O trabalho discute a eficiência na capacitação de recursos como


facilitadores para obtenção da sustentabilidade em cadeias de
suprimento.

NEUTZLING, D. M.; SILVA, M. E. A sustentabilidade em cadeias de suprimento a


partir da visão de recursos e capacidades. Revista Ciências administrativas,
Fortaleza, v. 22, n. 1, p. 42-71, 2016.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

22
1. A preocupação com o uso intensivo de recursos naturais, o
encarecimento das matérias-primas e o impacto no meio
ambiente, tem levado as organizações a repensarem seu modo
de produção de maneira que consigam promover resultados
eficientes de forma sustentável. Em relação à gestão da cadeia de
suprimento sustentável é correto afirmar:

a. Foca apenas na avaliação do ciclo de vida do produto analisar


o desempenho dos elos da cadeia.
b. Garante a sustentabilidade apenas com a reciclagem a e
reutilização dos materiais.
c. Visa a criação de valor em detrimento das externalidades.
d. Não se preocupa com os fluxos de bens e serviços.
e. Faz a captação de entradas circulares e outros capacitadores
tecnológicos, procurando melhorias na avaliação do ciclo de
vida.

2. Para obtenção de resultados sustentáveis na cadeia de


suprimentos, as empresas utilizam algumas ferramentas que
são capazes de avaliar e mensurar os impactos ambientais, e
contribuir para processos menos poluentes ao meio ambiente.
Desta forma, as principais ferramentas utilizadas para alcançar
a sustentabilidade na cadeia de suprimentos são:

a. Reciclagem, reuso e reutilização.


b. Minimização dos recursos naturais e disposição adequada de
resíduos .
c. Sistema de gestão ambiental, design regenerativo e avaliação
do ciclo de vida.
d. Integração dos stakeholders e acesso à informação
e. Avaliação do ciclo de vida e ISO 14.000.

23
GABARITO

Questão 1 - Resposta E
Resolução: A gestão da cadeia de suprimento sustentável
faz a captação de entradas circulares e outros capacitadores
tecnológicos procurando melhorias na avaliação do ciclo de
vida. A gestão da cadeia de suprimento sustentável foca outros
temas, além do ciclo de vida e criação de valor, e não depende
apenas da reciclagem e da reutilização, preocupando-se com os
fluxos dos produtos.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: As principais ferramentas utilizadas para alcançar
a sustentabilidade na cadeia de suprimentos são: design
regenerativo do produto com processos produtivos menos
poluentes, e a gestão do ciclo de vida do produto.
A reciclagem e reutilização são apenas alguns caminhos na
ACV (avaliação do ciclo de vida) e os resultados sustentáveis na
cadeia de suprimentos vão além da minimização dos recursos e
disposição adequada de resíduos.
A integração dos stakeholders e o acesso à informação são
apenas alguns elementos da GCSS, enquanto a ISO 14.000, por
si só, não garante a sustentabilidade da cadeia.

24
TEMA 3

Avaliação de ciclo de vida e


estratégias corporativas e
ambientais
______________________________________________________________
Autoria: Denise da Silva Mota Carvalho
Leitura crítica: Karoline Arguelho
DIRETO AO PONTO

As estratégias ambientais adotadas pelas empresas buscam integrar


os objetivos de otimização de resultados econômicos da corporação
e as preocupações com impactos ambientais e sociais associados ao
processo de produção.

Para alcançar mercados “verdes” as empresas precisam de


marketing ambiental, informando aos seus consumidores e
parceiros comerciais, por meio de rótulos e certificações ambientais,
os aspectos ecológicos de seu produto.

A obtenção destes programas de rotulagem e certificação ambiental


precisam, inicialmente, de uma análise detalhada do ciclo do
produto a fim de identificar quais são impactos e quais medidas a
serem tomadas pela empresa.

A Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia utilizada para


entender os impactos ambientais associados ao sistema produtivo.
O método consiste em analisar os fluxos de energia e materiais em
todos os ciclos do produto, desde a extração e processamento de
matérias-primas, manufatura e produção, transporte e distribuição,
consumo, manutenção, reutilização, reciclagem, até à disposição
final. Na Figura 1 são apresentados os principais estágios do ciclo
de vida de um produto que são: aquisição da matéria-prima;
processamento do material; manufatura e produção; uso e consumo
e disposição final. O impacto ambiental pode ocorrer em qualquer
etapa do ciclo.

O consumo de energia é empregado na aquisição da matéria-


prima, no processamento do material, na manufatura e produção
e nos processos de reciclagem do produto. O transporte é usado
em todos os estágios, deslocando a materiais para a produção,
fazendo a distribuição dos produtos e transportando os resíduos até
26
o descarte ou reinserção na produção. A reciclagem pode ocorrer
em todo o ciclo, não apenas nos resíduos finais de produção, mas
também por meio de remanufatura e reuso de materiais.

Figura 1 – Principais estágios do ciclo de vida de um produto

Fonte: adaptada de Giannetti e Almeida (2006).

A avaliação do ciclo de vida é, portanto, uma ferramenta que


define os parâmetros de formulação para rotulagem e certificação
ambiental de acordo com as estratégias corporativas da empresa.

A certificação ambiental é direcionada aos métodos e processos de


produção utilizados pelas empresas com objetivo de atestar um ou
mais atributos ecológicos do processo de produção.

A rotulagem ambiental disponibiliza informações do produto


ao consumidor relacionadas ao impacto ambiental e permite a
comparação com demais produtos similares disponibilizados no
mercado. Existe três tipos de rotulagem ambiental:

27
Tipo I: conhecido também como selo verde (ecolabels). São rótulos
concedidos por terceira parte, órgão governamental ou instituições
certificadoras. São baseados em vários critérios do ciclo de vida.
Seguem uma padronização internacional, regulamentado pela ISO
14024.

Tipo II: autodeclarações ambientais efetuadas pela própria empresa,


por exemplo: “não tóxico” ou “reciclável”. Não precisa de avaliações
de terceiros.

Tipo III: considera o ciclo de vida completo do produto. Não precisa


de padronização, mas carece de avaliação de terceiros para análise
detalhada. É aplicado aos processos e relações comerciais entre as
empresas.

PARA SABER MAIS

Os rótulos ambientais são usados pelas empresas como estratégia


de competitividade para o alcance de mercados “verdes”. Na Figura
2 são apresentados alguns dos principais rótulos internacionais.

Figura 2 – Principais selos ambientais internacionais

Fonte: Fonte: https://www.wissen.de/ lexikon/umweltzeichen. Acesso em: 8 out. 2021.


Fonte: https://www.pngjoy.com/ fullpng/t3t0o5c9o9l8q8/. Acesso em: 8 out. 2021.
Fonte: https://de.wikipedia.org/ wiki/Datei:Euroblume_logo.svg. Acesso em: 8 out.
2021.

28
Da esquerda para a direita, temos o selo Blaue Englel (do alemão:
anjo azul) foi lançado em 1977 pela República Federal Alemã e
aplica a ACV para concessão da logomarca. O selo norte-americano
Green Seal foi criado em 1989, e tem como objetivo regulamentar
parâmetros ambientais nos Estados Unidos. Faz uma adaptação
simplificada da ACV e revê os parâmetros de categorias de produtos
a cada três anos. O terceiro selo da Figura 2 é o Ecolabel da
Comunidade Europeia, instituído em março de 1992. A concessão
feita por um país-membro terá validade para todos os outros países
da comunidade europeia.

No Brasil, existem vários selos amientais, dentre os principais


rótulos ambientais certificados se destacam o selo de qualidade da
ABNT e o selo PROCEL, ilustrados na Figura 3.

Figura 3 – Principais selos ambientais no Brasil

Fonte: https://www.abntonline.com.br /sustentabilidade/Rotulo/ Acesso: 8 out. 2021.


Fonte: http://www.procelinfo.com.br/ main.asp?TeamID=%7B88A19AD9-04C6-43FC-
BA2E-99B27EF54632%7D. Acesso em: 8 out. 2021.

O selo de qualidade ABNT foi instituído em 2008 pela Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O selo PROCEL, certificado
pelo Inmetro, muito conhecido pelos consumidores de
eletrodomésticos, é um selo que atesta que o produto consome

29
menos energia em comparação com os demais similares no
mercado.

As estratégias corporativas e ambientais levam em consideração a


obtenção destes e demais rótulos ambientais para atingir um “nicho”
de mercado cada vez mais exigente e preocupado com impactos
ambientais.

TEORIA EM PRÁTICA

As operações logísticas de empresas dos mais variados segmentos


geralmente precisam usar pallets para transportar e armazenar seus
produtos em almoxarifados. No mercado são encontrados produtos
fabricados em madeira e plástico.

Reflita sobre a escolha deste item para uma empresa do ramo de


produtos hospitalares, que está planejando o armazenamento de
seus produtos no almoxarifado e busca alternativas e estratégias
ambientais. Se você fizesse parte da administração desta empresa
e precisasse efetuar a compra deste item, como você faria sua
escolha?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

30
LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

Este trabalho apresentou uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV),


cálculos de impactos ambientais e testes comparativos entre os
principais sistemas de geração de eletricidade em Portugal: carvão;
gás natural; hídrica de reservatório; hídrica a fio de água; eólica e
solar fotovoltaico. O artigo faz parte de uma coletânea de trabalhos
relacionados a ACV da Revista Latino Americana de Análise de Ciclo
de Vida (LALCA).

MARQUES, P. et al. Avaliação Ambiental de Ciclo de Vida dos principais sistemas


de geração de eletricidade em Portugal. LALCA-44, 2020.

31
Indicação 2

Este trabalho corresponde a uma dissertação de mestrado a


respeito trazendo a abordagem da avaliação do ciclo de vida para o
transporte urbano na cidade de Porto Alegre (RS).

HACKENHAAR, I. C. Avaliação do ciclo de vida para apoiar políticas públicas


para o desenvolvimento urbano sustentável: um estudo de caso do sistema
de transporte público coletivo de Porto Alegre. 2020. 104 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2020.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Uma das estratégias corporativas e ambientais de uma


empresa é a adoção da ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV), cujos resultados servem para formulação de rotulagem
e certificação ambiental, instrumentos usados pelas empresas
para alcançar mercados “verdes”, indicando aos seus clientes
e parceiros comerciais a responsabilidade ambiental da
empresa. Sobre a ACV é correto afirmar:

a. A ACV avalia o impacto ambiental do produto final.

32
b. A ACV considera o impacto ambiental desde a fase da
aquisição de matéria-prima, processamento do material,
manufatura, consumo final e descarte
c. A estrutura da ACV é composta pela prospecção de vendas,
definição de objetivos, inventário, avaliação de impacto e
interpretação.
d. A ACV não analisa questões relacionada ao transporte dos
seus produtos.
e. O objetivo da ACV é o impacto ambiental causada pelos
resíduos de seus produtos.

2. A rotulagem ambiental disponibiliza informações do produto


ao consumidor relacionadas ao impacto ambiental, e permite
a comparação com demais produtos similares disponibilizados
no mercado. São usadas pelas empresas como “marketing
ambiental” e traz confiabilidade ao consumidor. Sobre os tipos
de rotulagem ambiental, assinale a alternativa correta:

a. O tipo I são autodeclarações emitidas pelas empresas.


b. O tipo I são chamados “selos verdes” e precisam de
autorização de um órgão competente.
c. Os rótulos ambientais são emitidos pelo Inmetro.
d. Os rótulos ambientais garantem ao consumidor que a
empresa possui certificado ambiental.
e. O único órgão competente para validar os rótulos ambientais
é o Ministério do Meio Ambiente.

33
GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: A ACV considera o impacto ambiental desde a fase
da aquisição de matéria-prima, processamento do material,
manufatura, consumo final e descarte, levando em conta
o transporte usado durante os ciclos, questões de reuso,
reutilização e reciclagem e o emprego da energia para os
processos.
Não avalia apenas o produto final.
A estrutura da ACV não visa prospecção de vendas e o objetivo
da ACV não é apenas analisar o impacto ambiental causado
pelos resíduos.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: O tipo I são chamados “selos verdes”, e precisam
de autorização de um órgão competente, certificadores
credenciados.
As autodeclarações são rótulos tipo II, não precisam de
autorização de terceiros.
Não é apenas o Inmetro que certifica os rótulos. A ABNT
também faz a certificação.
Não há garantias ao consumidor para os rótulos
autodeclarados.
O Ministério do Meio Ambiente não valida rótulos ambientais.

34
TEMA 4

Logística reversa, PNRS e benefícios


para as organizações
______________________________________________________________
Autoria: Denise da Silva Mota Carvalho
Leitura crítica: Karoline Arguelho da Silva
DIRETO AO PONTO

A sociedade do século XXI é caracterizada pelo consumismo e


descarte, decorrentes das constantes inovações tecnológicas que
influenciam no lançamento de produtos com ciclo de vida cada vez
mais curto. O descarte incorreto dos produtos pós-consumo ou
dos resíduos resultantes tanto do processo de produção quanto do
fim da vida útil dos bens constituem fator gerador de custos para a
sociedade em termos de gastos com destinação final e, impactos ao
meio ambiente e à saúde pública (BRASIL, 2019).

A reutilização dos produtos usados, componentes e resíduos é algo


que vem sendo discutido e realizado na cadeia de suprimentos
por meio da logística reversa, um caminho inverso dos materiais
e produtos usados possibilitando o retorno desses ao processo
produtivo. Na Figura 1 são apresentadas as duas áreas de atuação
da logística reversa: pós-venda e pós consumo.

36
Figura 1 – Logística reversa – Área de atuação

Fonte: adaptada de Leite (2017).

A logística reversa pós-venda refere-se à operacionalização do fluxo


físico e das informações dos produtos em condições de uso, com
algum problema de qualidade, e dos resíduos industriais. A logística
reversa pós-consumo refere-se ao retorno dos produtos usados
e materiais que são reaproveitados e se constituem em matérias-
primas secundárias voltando ao ciclo produtivo pelo mercado
correspondente. Nota-se no Quadro 1 que a logística reversa é
possível mediante aos canais reversos de reciclagem, desmanche,
reuso e remanufatura. Esses canais fluem no sentido inverso da
cadeia de suprimentos do consumidor ao varejista ou fabricante,
ou entre empresas por problemas relacionados à qualidade (LEITE,
2017).

Ainda que não haja uma obrigatoriedade legal para todas as cadeias
de suprimentos, de acordo com o art. 33º da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS), as estratégicas para implantação de

37
logística reversa no macroambiente empresarial devem levar em
consideração as perspectivas de competitividade associada com a
questão de sustentabilidade. No Quadro 1 estão relacionados os
ganhos de competitividade resultantes de estratégia de logística
reversa.

Quadro 1 – Estratégia de logística reversa e ganhos de


competitividade
Estratégia de logística reversa Ganhos de competitividade
Flexibilização de retorno dos Fidelização de clientes.
produtos.
Realocação de estoques. Redução de custos e serviços ao
cliente.
Revalorização do produto Competitividade de custos.
retornado.
Prestação de serviços pós-venda. Competitividade por serviços,
imagem corporativa.
Reaproveitamento de Redução de custos com insumos para
componentes. confecção do produto.
Responsabilidade ambiental. Imagem corporativa.
Liberação de espaço (área). Competitividade de custos.
Revalorização de estoques Competitividade de custos.
remanescentes.
Fonte: adaptado de Leite (2017).

A implantação do sistema de logística reversa reflete em vantagens


competitivas e benefícios ambientais para as empresas, diminuindo
custos e agregando valor aos produtos e resíduos, beneficia o
consumidor por meio da qualidade do serviço pós-venda prestado
pelas empresas e garante resultados sustentáveis promissores para
toda a comunidade ao redor (WEETMAN, 2019).

38
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. Agenda
Ambiental na Administração Pública. Gestão adequada dos resíduos
gerados. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2019.
LEITE, P. R. Logística reversa. São Paulo: Saraiva, 2017.
WEETMAN, C. Economia Circular: conceitos e estratégias para fazer negócios
de forma mais inteligente, sustentável e lucrativa. Porto Alegre: Autêntica
Business, 2019.

PARA SABER MAIS

A exigência de um Acordo Setorial determinada pela PNRS impõe


às empresas da cadeia de suprimentos a responsabilização, de
forma compartilhada, das operações da logística reversa de resíduos
sólidos. O que incorre em complexidade dos resultados além do alto
custo, porque muitas empresas comercializam uma pluralidade de
produtos (LEITE, 2017).

O acordo setorial envolve compromisso entre agentes do setor


público e privado por meio de documentos que firme os planos de
ação referente a implantação da política reversa.

Contudo, após 10 anos da implantação da Lei nº 12.305 que


instituiu a PNRS, nota-se um confronto entre a visão empresarial e o
cumprimento da legislação, ocasionando a lentidão do cumprimento
da PNRS no setor (LEITE, 2017).

Desafios relacionados ao transporte, questões de embalagens


e armazenamento impactam o êxito das indústrias de
reaproveitamento dos resíduos. Para que se cumpra a lei e não
fique apenas no “papel”, é necessário ações governamentais que
estimulem essas atividades, tornando-as mais atrativas. Soma-se
a isso a necessidade de as empresas se dedicarem às questões

39
sustentáveis com estratégias e planejamento, visando o alcance
desse campo promissor com potencial competitivo que é a logística
reversa.

Referências bibliográficas
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília: D.O.U., 2010.
LEITE, P. R. Logística reversa. São Paulo: Saraiva, 2017.

TEORIA EM PRÁTICA

Uma das obrigatoriedades de implantação da logística reversa no


Brasil diz respeito aos produtos e embalagens de agrotóxicos.

Reflita sobre a possibilidade de reaproveitamento desses resíduos


de forma que atenda a legislação da PNRS e não proporcione riscos
à saúde pública e ao meio ambiente.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições

40
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O trabalho foi realizado por um grupo de pesquisadores da


Universidade Federal de Itajubá, e trouxe um estudo de logística
reversa aplicada ao óleo de cozinha originário de residências,
comércios e indústrias. O estudo apresentou uma projeção de um
Sistema de Informação Gerencial capaz de expor dados referentes
ao potencial poluidor do óleo de cozinha como forma de vantagem
competitiva para as empresas do ramo que praticam logística
reversa.

SANTOS, C. A. et al. Um modelo de sistema de informação gerencial: vantagem


competitiva no processo da logística reversa do óleo de cozinha. Research,
Society and Development, v. 4, n. 1, p. 62-88, 2017.

Indicação 2

O trabalho discutiu a utilização da logística reversa aplicada em


uma empresa, que fabrica madeira plástica composta de plásticos
reciclados que recebe de outras empresas. Identificando a redução
dos custos com aterro sanitário e a diminuição da geração dos
resíduos.

41
SCHWARZER, E.; ROCHA, J. A. S.; SELEME, R. Análise da utilização da logística
reversa e sustentabilidade em uma empresa fabricante de madeira plástica.
Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, Curitiba, v. 6, n. 5,
p. 109-133, 2021.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. A logística reversa é a gestão dos produtos não consumidos


que, por diferentes motivos, voltam para o mercado por meio
de canais reversos de pós-vendas e de produtos já consumidos
ou usados que retornam por canais reversos de pós-consumo.
Sobre essas duas áreas de atuação da logística reversa é correto
afirmar:

a. O canal de distribuição reverso se inicia com a produção dos


bens.
b. A reciclagem é o conserto de falhas ou desgaste no produto
mediante a substituição.
c. O desmanche é a transformação dos produtos descartados,
geralmente envolve a alteração de suas propriedades físicas,
químicas ou biológicas.

42
d. Os bens pós-consumo podem retornar ao ciclo produtivo por
meio do desmanche e reciclagem e reuso.
e. Os bens pós-venda podem retornar ao ciclo produtivo por
meio do desmanche e reciclagem e reuso.

2. A Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010 “instituiu a


Política Nacional de resíduos Sólidos”, estabelecendo,
princípios, diretrizes, instrumentos e objetivos para gestão
e gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil. A ordem
de prioridade da PNRS se dá em: não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. Assinale
a alternativa que não é objetivo da PNRS são:

Fonte: BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.305, de 02 de agosto


de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília: D.O.U.,
2010.

a. Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e


consumo de bens e serviços.
b. Gestão integrada de resíduos sólidos.
c. Estímulo a implementação da avaliação do ciclo de vida do
produto (ACV).
d. Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e
consumo de bens e serviços.
e. Eliminar os aterros sanitários.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: Os bens pós-consumo podem retornar ao
ciclo produtivo por meio do desmanche e reciclagem dos

43
componentes e produtos, reuso de “segunda mão” de produtos
em condições de uso e remanufatura de produtos defeituosos.
O canal de distribuição reverso se inicia com a coleta desses
produtos e resíduos e reintegrando-os ao ciclo produtivo.
A reciclagem é a transformação dos produtos descartados, e
geralmente envolve a alteração de suas propriedades físicas,
químicas ou biológicas.
O desmanche é um processo industrial no qual um produto
de pós consumo é desmontado e separado as partes ou
componentes com condições de revalorização ou reciclagem.
Os bens pós-venda, podem retornar ao ciclo produtivo por
meio de conserto e reforma, otimização de estoques, validade
dos produtos e remanufatura.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: A PNRS considera o aterro sanitário destinação
ambientalmente adequada quando não há possibilidade de
tratamento e recuperação dos resíduos.

44
BONS ESTUDOS!

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