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Transferencia de Calor

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Transferência de Calor

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quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Sumário
Transferência de Calor

Unidade I
1 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ......................................................................................7
2 CONDUÇÃO DE CALOR.................................................................................................................................. 12
3 CONDUÇÃO EM PLACAS PLANAS ............................................................................................................. 14
4 ASSOCIAÇÃO DE PLACAS PLANAS ........................................................................................................... 16

Unidade II
5 CONDUÇÃO EM SISTEMAS RADIAIS ........................................................................................................ 20
6 FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO ............................................................................................................. 23
7 ALETAS ................................................................................................................................................................. 26
8 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS E PLACAS PLANAS .......................................................................... 30
Ementa

Introdução aos processos de transferência de calor: condução de calor unidimensional e convecção.

Objetivos Gerais

Estudar os principais processos de transferência de calor e o seu comportamento durante o


escoamento. Dar subsídios para cálculo de balanço de massa e entender os trocadores de calor (aletas).
Prover condições ao aluno de indicar processos envolvidos na transferência de calor, recomendar uma
melhor solução do problema enfrentado e avaliar os resultados.

Objetivos Específicos

Estudo e aplicação dos diversos fenômenos de transferência de calor aplicados em projetos


mecânicos. Determinar a melhor solução para problemas envolvendo fenômenos de calor em sólidos e
fluidos, dimensionando métodos para dissipação de calor ou tecnologia para isolamento.

Conteúdo Programático

Introdução

1. Origens Físicas e Equações de Taxas

2. Conservação da Energia

3. Transferência de Calor

Condução

1. Equação da Taxa de Condução

2. Estudo de Paredes Planas e Sistemas Radiais

3. Estudo de Aletas

Convecção

1. Camadas-Limite

2. Coeficientes Convectivos

3. Equação da Camada Limite

5
Estratégia de Trabalho

Leitura das notas de aulas (módulos) e treino em exercícios especificados.

Avaliação

Provas de acordo com o regimento da Universidade.

6
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Unidade I
1 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Introdução

Possivelmente, no ciclo básico da engenharia, foi estudo o efeito de materiais condutores e isolantes
na condução de eletricidade. Tais materiais também podem ser aplicados aos processos de condução
de calor, ou seja, materiais que permitem a condução de calor serão denominados de condutores e
materiais que impedem a transferência de calor entre os corpos serão denominados isolantes. Ao
estudar os mecanismos de transferência de calor, o grande interesse está em determinar as taxas de
transferência de energia. Por exemplo, na cozinha utiliza-se uma panela de alumínio para que ocorra
uma boa transferência de calor entre o fogão e o interior da panela, enquanto na geladeira, a sua parede
é feita para que não ocorra a transferência de calor de seu interior para o meio ambiente.

Basicamente, o calor e a temperatura serão aliados no estudo dos processos de transferência de calor.
Lembre-se de que calor pode ser definido como a energia em trânsito que flui do corpo de maior energia
para o corpo de menor energia e temperatura representa a medida do nível de agitação molecular;
quanto maior for a temperatura, maior será a agitação molecular.

Podem-se definir os mecanismos de transferência de calor como:

1. Condução: processo que ocorre no interior de um corpo ou entre dois corpos em contato.

2. Convecção: processo que depende do movimento de massa de uma região para outra.

3. Radiação: processo que ocorre pela radiação eletromagnética, como a luz solar, podendo ocorrer
no vácuo.

Breve Apresentação da Condução

Considere o seguinte experimento: uma extremidade de uma longa barra de cobre é colocada
diretamente sobre uma chama, enquanto a outra extremidade se mantém na mão do experimentador.
O que ocorre após algum tempo? Certamente, o calor irá se propagar ao longo da barra, de modo que
o examinador irá perceber o aumento da temperatura na extremidade que está segurando. Observe
que o calor foi transferido por condução pelo material, iniciando-se da região de maior energia (calor)
até atingir a região mais fria. Se um microscópio fosse utilizado para determinar o que está ocorrendo,
certamente seria possível visualizar colisões entre átomos com maior energia cinética (região mais
quente) com átomos de menor energia cinética.

7
Unidade I

Metais são substâncias mais eficientes para conduzir o calor. No interior dos metais, são os elétrons
livres que transmitem rapidamente a energia da região mais quente para a região mais fria, o que os
caracterizam como bons condutores térmicos. Observe: quando você coloca a mão na maçaneta da
porta (feita de metal), que está na temperatura ambiente, e com a outra mão encosta na madeira, existe
uma confusão de informação, ou seja, acredita-se que a maçaneta está mais fria que a madeira. Na
verdade, ambas estão na mesma temperatura, mas como a condução do metal é melhor que a madeira,
o calor flui mais facilmente entre a mão e o metal.

A transferência de calor sempre ocorre em regiões com diferenças de temperatura e o sentido do


fluxo de calor é sempre da temperatura maior para a temperatura menor, conforme a figura 1.

Figura 1 - fluxo de calor constante produzido pela condução de calor em uma barra uniforme. A barra apresenta uma espessura L
com uma seção reta de área A. A extremidade esquerda da barra é mantida a uma temperatura maior (ou temperatura quente, Tq),
enquanto a extremidade da direita é mantida a uma temperatura menor (ou temperatura fria, Tf), o que faz o calor fluir da esquerda
para a direita. Nas extremidades, há um isolante ideal, de modo que não ocorra troca de calor com o meio ambiente.

Quando uma quantidade de calor dQ é transmitida pela barra em um intervalo de tempo dt, a taxa
de transferência de calor é dada por dQ/dt. Essa grandeza pode ser chamada de taxa de transferência
de calor, corrente de calor ou fluxo de calor, e será designado pela letra q. A experiência mostra que o
fluxo de calor é proporcional à área (A) de seção reta da barra e a diferença de temperatura (Tq - Tf)1,
e inversamente proporcional ao comprimento L da barra, muitas vezes denominado espessura para a
condução. Introduzindo uma constante de proporcionalidade k, denominada condutividade térmica do
material, o fluxo de calor será:

q =
(
dQ k ⋅ A ⋅ Tq − T f
=
)
dt L
(Tq − T f )
A quantidade é a diferença de temperatura por unidade de espessura, sendo denominada
L
módulo do gradiente de temperatura. Quanto maior for o valor de k, maior será a capacidade de o
material conduzir calor, ou seja, cinética, bons condutores térmicos. Quanto menor o valor de k, menos
calor é conduzido e o material é dito isolante. A equação apresentada para a barra também pode ser
utilizada para qualquer corpo homogêneo que possua uma seção reta A ortogonal à direção do fluxo
de calor.

1 Em muitos textos, a temperatura maior, ou quente, pode ser definida como TH, em que o subíndice H faz menção
a palavra hot (quente) e a temperatura fria pode ser expressa por TC, em que o subíndice C representa a palavra cool (fria).
8
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A unidade da taxa de transferência de calor corresponde à unidade de energia por tempo (ou
potência). No Sistema Internacional (SI), a unidade para a taxa de transferência de calor é o watt (1W =
1J). A unidade da condutividade térmica, k, será definida no SI por: W/m.k. Alguns valores da constante
k estão expressos na tabela 1.

Se a temperatura varia de modo não uniforme ao longo do comprimento da barra não condutora, o
gradiente da temperatura deve ser escrito de forma geral, ou seja, dT/dx. Assim, a taxa de transferência
de calor pode ser reescrita como:

dQ dT
q = = −k ⋅ A ⋅
dt dx

O sinal negativo apresentado na equação anterior mostra que o fluxo de calor ocorre sempre no
sentido da diminuição da temperatura. A equação anterior também é conhecida como Lei de Fourier da
condução térmica.

Tabela 1 – Condutividade Térmica

Metais k(W/m . k) Sólidos k(W/m . k) Gases k(W/m . k)


Alumínio 205 Tijolo isolante 0,15 Ar 0,024
Latão 109 Tijolo comum 0,60 Argônio 0,016
Cobre 385 Concreto 0,80 Hélio 0,14
Chumbo 34,7 Cortiça / Feltro 0,04 Hidrogênio 0,14
Mercúrio 8,30 Fibra de vidro 0,04 Oxigênio 0,023
Prata 406 Vidro 0,80
Aço 50,2 Gelo 1,60
Lã Mineral 0,04
Isopor 0,01
Madeira 0,12 – 0,04

Fonte: Adaptado de Çengel & Tipler.

Determine o fluxo de calor de uma vidraça com 50 cm de comprimento, 75 cm de altura


e 1,5 cm de espessura se a temperatura em um de seus lados é de 27ºC, enquanto a do outro
lado é 15ºC.

Variáveis: c = 50 cm, h = 75 cm, L = 1,5 cm = 1,5 . 10-2 m, Tq = 27ºC, Tf = 15ºC,


kvidro = 0,8W / m . k.

q =
(
k ⋅ A ⋅ Tq – T f ) = 0,8 ⋅ (50 ⋅10 −2
⋅ 75 ⋅ 10 −2 ) ⋅ ( 27 – 15)
⇒ q = 240W
L 1,5 ⋅ 10 −2

9
Unidade I

Breve Apresentação da Convecção

A convecção é a transferência de calor pelo movimento de massa de uma região do fluido (líquido/
gás) para outra região. O sistema de refrigeração do motor de um automóvel é um exemplo do processo
de convecção. Se o fluido é impulsionado pela ação de um ventilador ou bomba, o processo é denominado
convecção forçada; quando o escoamento é produzido pela existência de uma diferença de densidade
provocada por uma expansão térmica, tal como a ascensão do ar quente, o processo é denominado
convecção natural ou convecção livre.

A convecção natural desempenha importante papel na determinação das condições climáticas e


é um importante mecanismo de transferência de calor nos oceanos. No corpo humano, o mecanismo
mais importante para a transferência de calor, de modo a manter a temperatura do corpo constante, é
a convecção forçada do sangue, em que o coração desempenha o papel de uma bomba.

A transferência de calor por convecção é um processo muito complexo, não existindo uma equação
simples para descrevê-lo. Entretanto, pode-se observar alguns fatos experimentais:

• A taxa de transferência de calor por convecção é diretamente proporcional à área da superfície. É


por essa razão que se utiliza uma área superficial grande em radiadores e aletas de refrigeração.

• A viscosidade do fluido retarda o movimento da convecção natural nas vizinhanças das superfícies
estacionárias, dando origem a uma película ao longo da superfície que, quando é vertical,
costuma ter, aproximadamente, o mesmo valor isolante que 1,3 cm de madeira compensada. A
convecção forçada provoca uma diminuição da espessura dessa película, fazendo aumentar a
taxa de transferência de calor.

• A taxa de transferência de calor na convecção é, aproximadamente, proporcional à potência de


5/4 da diferença de temperatura entre a superfície e um ponto do fluido.

Apesar dessa complexidade, a taxa de transferência de calor por convecção é diretamente


proporcional à diferença de temperatura, sendo expressa por qconv = h . AS . (TS - T∞), em que h é o
coeficiente de transferência de calor por convecção (W / m2 . K), AS é a área da superfície por meio da
qual a transferência de calor por convecção ocorre, TS é a temperatura da superfície e T∞ é a temperatura
do fluido suficientemente longe da superfície. A equação anterior também é conhecida como Lei de
Newton do resfriamento.

Uma resistência elétrica é utilizada para aquecer um ambiente em um dia de inverno


que está a 10ºC. Se o calor gerado por tal resistência equivale a 120W enquanto a sua
temperatura for de 250ºC, determine o coeficiente de transferência de calor para o ambiente,
considerando um aquecedor com 0,0425 m2 de área e desprezando qualquer outro processo
de transferência de calor.

Variáveis: T∞ = 10C, Q = 120W, TS = 250ºC, AS = 0,0425 m2, h = ?

10
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

qconv 120
qconv = h ⋅ AS ⋅ (TS − T∞ ) ⇒ h = = ⇒ h = 11, 76W / m 2 ⋅ K
AS ⋅ (TS − T∞ ) 0, 0425 ⋅ ( 250 − 10)

Observe que a resposta está em Kelvin, pois na escala termométrica de Celsius e Kelvin
sempre haverá a mesma variação.

Radiação

Radiação é a energia emitida pela matéria sob a forma de ondas eletromagnéticas, como a luz visível,
a radiação infravermelha e a radiação ultravioleta. Diferente da condução e da convecção, a radiação
não precisa de nenhum meio para se propagar, sendo a única que não sofre atenuação no vácuo. Ao
se observar o calor proveniente de uma churrasqueira, a maior parte do calor sentido a certa distância
é proveniente da radiação. Como o foco do estudo é a transferência de calor, a radiação que será
observada é denominada radiação térmica, ou seja, a energia emitida por toda matéria que se encontra
a uma determinada temperatura. As emissões podem ocorrer em sólidos, líquidos e também nos gases.

A taxa de radiação de energia de uma superfície, ou simplesmente a energia emitida, é proporcional à


área (A) e à temperatura absoluta da superfície (TS). A taxa aumenta muito rapidamente com a temperatura,
já que é proporcional à quarta potência da temperatura absoluta (Kelvin). Essa taxa também depende
da natureza da superfície e é descrita pela grandeza (ε), denominada emissividade. A emissividade é
uma propriedade que fornece a capacidade de emissão de energia de uma superfície, sendo que o
seu valor depende fortemente da superfície do material. Tratamentos de superfícies e acabamentos
perfeitos contribuem para emissão de calor; assim, valores baixos de emissividade representam baixa
capacidade de emissão da superfície, enquanto emissividade igual a 1 (um) representa uma superfície
com capacidade máxima de emissão de calor, o que a caracteriza como uma superfície ideal ou um corpo
negro. Note que a emissividade é um número adimensional compreendido entre 0 e 1, representando
a razão entre a taxa de radiação de uma superfície particular e a taxa de radiação de uma superfície
de um corpo ideal com a mesma área e a mesma temperatura. A emissividade depende ligeiramente
da temperatura, logo, a taxa de radiação de uma superfície de área (A), com uma temperatura (T) e
emissividade (ε), pode ser expressa pela relação: qemitida = A . ε . σ . TS4, em que σ é uma constante física
fundamental, denominada constante de Stefan-Boltzmann. O valor numérico dessa constante, com
uma melhor precisão, será de 5,67 . 10-8W / m2 . K4.

Além de emitir energia, uma superfície também poderá receber energia a partir de sua vizinhança. A
energia recebida é conhecida como energia de radiação incidente. A taxa de energia incidente (qincidente)
sobre uma superfície é proporcional à absorvidade, à área de transferência de calor e à temperatura da
vizinhança (Tviz). Efetuando-se um balanço de energia, a taxa líquida de calor transmitida por radiação a
partir da superfície é dada por, qrad = A ⋅ ε ⋅ σ ⋅ (TS4 − Tviz4 ) .

11
Unidade I

Tabela 2 – Emissividade de alguns materiais a 300K

Fonte: Adaptado de Çengel & Tipler.

É comum em um dia de inverno sentirmos frio, pois as trocas de calor devido à radiação
do corpo para o ambiente são intensas, afinal deve-se sempre atingir o equilíbrio térmico.
Considere uma pessoa em pé em uma sala, com temperatura constante de 20ºC. Se a
temperatura média desse dia de inverno for de 10ºC, a superfície corporal da pessoa for de
1,75 m2 e apresentar uma temperatura de 36ºC, determine a taxa de transferência de calor
por radiação.

Variáveis: T∞ = 20ºC, TS = 36ºC, AS = 1,75 m2, Tar = 10ºC

( )
q = ε ⋅ AS ⋅ σ ⋅ TS4 − Tar4 = 0,95 ⋅ 5, 67 ⋅ 10 −8 ⋅ 1, 65 ⋅ (36 + 273) 4 − (10 + 273) 4  ⇒ q = 274, 74W

2 CONDUÇÃO DE CALOR

A condução pode ser interpretada como a transferência de energia das partículas mais energéticas
para as menos energéticas de uma substância devido às interações entre partículas. Assim, o gradiente
de temperatura é o responsável pela transferência de energia térmica em material sólido ou fluido.
Considerando um processo realizado em uma dimensão (unidimensional), a densidade de fluxo de calor
dT
por condução é diretamente proporcional ao gradiente de temperatura, q = − k ⋅ , em que ké a
dx
dT
condutibilidade térmica do material e é o gradiente de temperatura.
dx
A expressão anterior é a equação de Fourier 2 para a condução de calor, a qual pode ser reescrita

na forma vetorial: q = − k ⋅ ∇T . O sinal de menos na equação de Fourier para a condução de calor
é devido ao fluxo de calor por condução ser no sentido contrário ao gradiente de temperatura.

2 A Lei de Fourier foi desenvolvida por observações dos fenômenos da natureza nos experimentos. Neste
experimento utilizou-se uma barra de ferro, em que uma das extremidades era aquecida, enquanto a área lateral da mesma
era mantida isolada termicamente. Variando-se a área de seção da barra, a diferença de temperatura e a distância entre as
extremidades, verificou-se a Lei de Fourier.
12
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A unidade no Sistema Internacional para a densidade de fluxo de calor é o watt por metro
quadrado, W/m2.

Como densidade de fluxo de calor representa o quociente do fluxo de calor que atravessa uma
seção reta da superfície (área), outra forma de definir tal densidade é utilizar o conceito de fluxo
de calor (quociente da quantidade de calor que atravessa uma superfície durante um intervalo
de tempo), ou simplesmente, a taxa de transferência da quantidade de calor por unidade de área:
q dT dT , em que q é o fluxo de calor por condução e A é a área de seção
= −k ⋅ ⇒ q = − k ⋅ A ⋅
A dx dx
normal ao fluxo. No Sistema Internacional, a unidade do fluxo de calor é o watt, W .

A condutibilidade térmica (k)indica a facilidade ou a dificuldade que o meio oferece ao fluxo de calor.
Assim, os bons condutores térmicos são materiais que apresentam pouca resistência ao fluxo de calor,
obtendo altos valores de condutibilidade térmica (k >>), enquanto os isolantes térmicos apresentam
baixos valores de condutibilidade térmica (K <<). Geralmente, bons condutores elétricos são também
bons condutores térmicos, por exemplo, os metais (alumínio, cobre, ouro).

Na figura 2, um gradiente de temperatura pode ser visualizado ao longo do eixo x; como ocorre para
apenas um eixo coordenado, o fluxo de calor é dito unidimensional. Note que a equação que representa
o fluxo de calor é expressa por um gradiente de temperatura (ou pelo cálculo diferencial), que pode ser
reescrita apenas como função da variação de temperatura (∆T). O desenvolvimento matemático será:

L 2 T
dT
q = − k ⋅ A ⋅ ⇒ q ⋅ dx = − k ⋅ A ⋅ dT ⇒ q ⋅ ∫dx = − k ⋅ A ⋅ ∫ dT ⇒ q ⋅ ( L − 0) = − k ⋅ A ⋅ T − T ⇒ q
dx 0 T1

k ⋅ A ⋅ (T1 − T2 )
  0) = − k ⋅ A ⋅ (T2 − T1 ) ⇒ q =
L

Figura 2 – Transferência de calor unidimensional. O fluxo de calor ocorre devido ao gradiente de temperatura, em que T1
representa a maior temperatura e T2 representa a menor temperatura.

13
Unidade I

Um equipamento condicionador de ar deve manter uma sala de 15m de comprimento,


6,0m de largura e 3,0m de altura, a 22ºC. As paredes da sala, de 25cm de espessura, são
feitas de tijolos com condutividade térmica de 0,14kcal/ h . m . ºC e a área das janelas são
consideradas desprezíveis. A face externa das paredes pode estar até a 40ºC em um dia de
verão. Desprezando a troca de calor pelo piso e teto, que estão bem isolados, pede-se o calor
a ser extraído da sala pelo condicionador (em HP). Considere: 1HP = 641,2kcal / h.

Variáveis: c = 15 m, l = 6,0 m, h = 3,0 m, TF = 22ºC; L = 25 cm; k = 0,14kcal / h . m . ºC;


TQ = 40ºC.

Desconsiderando a influência das janelas, a área lateral das quatro paredes, desprezando-
se o piso e o teto, será: A = 2 . (6 . 3) + 2 . (15 . 3) = 126m2. Utilizando a equação da condução
de calor, temos:

TQ – TF 40 − 22
q = k ⋅ A ⋅ ⇒ q = 0,14 ⋅ 126 ⋅ ⇒ q = 1270kcal / h
L 0, 25 .

Trabalhando com as unidades para se determinar a unidade final, temos:



[T ] kcal C kcal
[q ] = [k ] ⋅ [ A] ⋅ ⇒ [q ] = ⋅ m 2
⋅ ⇒ [q ] =
[ L] h⋅m⋅ C

m h

Entretanto, como o exemplo pede a resposta em HP:

 kcal  1[ HP]
q = 1270   ⋅ ⇒ q = 1,98 HP
 h  641, 2  kcal 
 h 

Portanto, a potência requerida para o condicionador de ar manter a sala refrigerada é


de, aproximadamente, 2 HP.

3 CONDUÇÃO EM PLACAS PLANAS

A condução de calor pode ser vista como a transferência de energia das partículas mais energéticas
para as partículas de menor energia. Essa energia está relacionada ao movimento aleatório de translação,
rotação e vibração das moléculas. A condução de calor necessita de um “meio estacionário” para ocorrer,
podendo ocorrer em um sólido ou em fluido, quando em repouso. Sob um gradiente de temperatura, o
calor fluirá da região de temperatura mais alta para a de temperatura mais baixa. A taxa na qual o calor
é transferido por condução em uma dada direção, qcondução, é proporcional ao gradiente de temperatura
 dT 
  , à área (A) e à capacidade de conduzir calor do material, conhecida como condutividade térmica, k.
dx

14
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Para um material de condutividade homogênea, a taxa de transferência de calor em uma dada


direção x é escrita como:

dT
qcond = − k ⋅ A ⋅
dx

a qual é conhecida como lei de Fourier.

A transferência de calor por condução por uma parede plana, submetido a uma diferença de
temperatura pode ser obtida aplicando-se a lei de Fourier. Após a separação das variáveis e a sua
integração, obtém-se a equação utilizada em placas planas:

L 2 T
dT
q = − k ⋅ A ⋅ ⇒ q ⋅ dx = − k ⋅ A ⋅ dT ⇒ q ⋅ ∫dx = − k ⋅ A ⋅ ∫ dT ⇒ q
dx 0 T1

(T1 – T2 )
 T ⇒ q ⋅ ( L − 0) = − k ⋅ A ⋅ (T2 − T1 ) ⇒ q = k ⋅ A ⋅
L

Considerando (T1 - T2) como a diferença de temperatura, o fluxo de calor que atravessa uma parede
plana pode ser dado por:

k⋅A
q = ⋅ ∆T
L

Uma analogia com a resistência elétrica pode ser feita. Considere:

1. ∆T a diferença entre a temperatura representa a diferença de potencial que causa a transferência


de calor;
L
2. : é equivalente à resistência elétrica (R) que a parede oferece à transferência de calor.
k⋅A
Assim, o fluxo de calor pode ser expresso da seguinte forma:

∆T
q =
RTérmica

A simbologia utilizada para placas planas pode ser a mesma aplicada para a resistência elétrica:

15
Unidade I

Figura 3 – Representação esquemática da resistência térmica

A resistência térmica para paredes planas é dada por:

L e
RTérmica = =
k⋅A k⋅A

Em que:

• e: representa a espessura do material (em muitos casos, substituído por L);

• k: representa a condutibilidade térmica;

• A: representa a área de secção transversal ao fluxo do calor.

Considere uma placa plana de vidro de espessura L = 1,0 cm e condutividade térmica


de 0,78W / m . ºC. A superfície esquerda é mantida a uma temperatura de 25ºC, enquanto a
superfície direita permanece com temperatura de 10ºC. Determine a densidade de fluxo de
calor que atravessa a placa de vidro.

Variáveis: L = 1,0 cm = 1,0 . 10-2 m, k = 0,78W / m . ºC, Tq = 25ºC, Tf = 10ºC

A densidade de fluxo de calor é dada pelo fluxo de calor dividido pela área:

Tq − T f q Tq − T f q 0, 78 ⋅ 25 − 10 q
q = k ⋅ A ⋅ ⇒ = k⋅ ⇒ = −2
⇒ = 1170W / m 2
L A L A 1, 0 ⋅ 10 A

4 ASSOCIAÇÃO DE PLACAS PLANAS

Placas Planas – Associação em Série

Na associação em série, o fluxo de calor que atravessa a parede A é o mesmo que atravessa a parede
B e assim sucessivamente, conforme a figura 4. Dessa forma, o fluxo de calor que percorre as paredes é
constante (igual ao ocorrido em associação em série de circuitos elétricos).
16
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Figura 4 – Representação esquemática de uma associação em série de paredes planas e a analogia com resistores elétricos

O fluxo de calor que atravessa as paredes da figura 4 pode ser obtido para cada uma das paredes
planas, ou:

k A ⋅ AA k ⋅A
q = ⋅ (T1 − T2 )q = B B ⋅ (T2 − T3 )
LA LB

Isolando as temperaturas:

q ⋅ LA q ⋅ LB
= T1 − T2 = T2 − T3
k A ⋅ AA k B ⋅ AB

Somando todas essas temperaturas, teremos:

q ⋅ LA q ⋅ LB q ⋅ LA q ⋅ LB
T1 − T2 + T2 − T3 = + ⇒ T1 − T3 = +
k A ⋅ AA k B ⋅ AB k A ⋅ AA k B ⋅ AB

Colocando o fluxo de calor em evidência:

q ⋅ LA q ⋅ LB  LA LB 
T1 − T3 = + ⇒ T1 − T3 = q ⋅  + ⇒ T1 − T3 = q ⋅ ( RTA + RTB )
k A ⋅ AA k B ⋅ AB  k A ⋅ AA k B ⋅ AB 

Assim, o fluxo de calor é dado por:

T1 − T3 ∆T
q = ⇒ q =
RTA + RTB RTérmica

17
Unidade I

Para a associação em série de paredes planas, a resistência térmica total é dada por:

n
RTérmica = RTérmicaTotal = ∑RTi = RT 1 + RT 2 + … + RTn
i =1

Placas Planas – Associação em Paralelo

Para uma associação em paralelo, conforme a figura 5, o fluxo de calor que atravessa a parede 1 é
diferente do fluxo de calor que atravessa a parede 2. Observe que a diferença entre as paredes é indicada
pelo valor da condutividade térmica, k1 ou k2. Para se obter o fluxo de calor total, deve-se somar os
fluxos que percorrem cada parede da associação. Observe que tal característica é semelhante à aplicada
em associação de resistores em paralelo, em que diferentes correntes elétricas percorrem o circuito.

Figura 5 – Representação esquemática de uma associação em paralelo de paredes planas

Para determinar o fluxo de calor que passa por cada parede e iniciando o cálculo com a parede 1,
teremos:

k1 ⋅ A1
q1 = ⋅ (T1 − T2 )
L1

Aplicando o mesmo conceito para a parede 2:

k2 ⋅ A2
q2 = ⋅ (T1 − T2 )
L2

Note que as resistências térmicas para as paredes 1 e 2 podem ser escritas, respectivamente, como:
k1 ⋅ A1 k ⋅A
RT1 = e RT2 = 2 2 .
L1 L2

18
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Aplicando as equações do fluxo de calor determinado para cada parede, o fluxo de calor total é dado
por:

k ⋅ A  k ⋅ A  k ⋅ A k ⋅ A 
qTotal = q1 + q2 =  1 1 ⋅ (T1 − T2 ) +  2 2 ⋅ (T1 − T2 ) ⇒ qTotal =  1 1 + 2 2  ⋅ (T1 − T2 )
 L1   L2   L1 L2 

L 1 k⋅A
Como R = , sabemos que = e assim a equação anterior pode ser reescrita como:
k⋅A R L
1 1
qTotal =  +  ⋅ (T1 − T2 ) ⇒ qTotal =
(T1 − T2 )
 R1 R2  RTotal

1 1 1
em que, = + .
RTotal R1 R2
Para o caso de n paredes em paralelo, o fluxo de calor será:

∆T
n
1 1 1 1 1 1
q =
RTotal
e
RTotal
= ∑
i =1 Ri
= + +
R1 R2 R3
+…+
Rn

19

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