Aaaaa
Aaaaa
Aaaaa
RESUMO............................................................................................................... VI
ABSTRACT .......................................................................................................... VII
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
Importância econômica da citricultura no Brasil ..................................................... 1
Melhoramento genético de citros ........................................................................... 2
Poliploides .............................................................................................................. 4
Triploides em citros ................................................................................................ 6
Cultivo in vitro em citros ......................................................................................... 8
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................ 14
RESUMO.............................................................................................................. 15
ABSTRACT: ......................................................................................................... 16
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 17
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 23
Ploidia das plantas de citros obtidas de polinizações abertas, por meio da
citometria de fluxo ................................................................................................ 23
Ploidia das plantas de citros obtidas de cruzamentos controlados, por meio da
citometria de fluxo ................................................................................................ 27
CONCLUSÕES .................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 38
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................ 42
RESUMO.............................................................................................................. 43
ABSTRACT .......................................................................................................... 44
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 45
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 46
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 48
CONCLUSÕES .................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 55
CULTIVO IN VITRO EM AUXÍLIO À OBTENÇÃO DE TANGERINEIRAS
TRIPLOIDES E PROPAGAÇÃO DE PORTA-ENXERTOS DE CITROS
Poliploides
A poliploidia, isto é, a ocorrência de indivíduos ou espécies com números
cromossômicos múltiplos do comum na espécie ou no gênero é um fenômeno
muito importante em duas áreas da genética de plantas: na evolução e no
melhoramento genético (SCHIFINO-WITTMANN; DALL’AGNOL, 2001).
Poliploides podem surgir pela duplicação de cromossomos em células
somáticas ou por via sexual, pela união de gametas não reduzidos. Células
poliploides ocorrem com frequência entre células diploides nos tecidos
vegetativos da maioria das plantas. A indução artificial de poliploidia pode ser feita
5
Triploides em citros
No gênero Citrus o número básico de cromossomos é (n = x = 9), sendo
que a condição mais frequente de se encontrar são os diploides (2n = 2x = 18),
mas também podem ocorrer cromossomos triploides (2n = 3x = 27) e tetraploides
(2n = 4x = 36) em menor proporção na natureza (WEILER et al., 2011).
Uma alternativa importante para o desenvolvimento de variedades com
potencial para produzir frutos sem sementes é a obtenção de híbridos triploides.
As plantas triploides são normalmente inférteis, devido a um desbalanceamento
no número de cromossomos durante a meiose, onde os gametas recebem
números distintos de cromossomos, o que causa esterilidade, e
consequentemente não produzem sementes ou estas abortam em sua maioria,
embora eles possam ocasionalmente produzir frutos com muito poucas sementes
(NAVARRO et al., 2005; ALEZA et al., 2010).
7
REFERÊNCIAS
AGRIANUAL: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2008.
552p.
AGRIANUAL: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2015,
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ALEZA, P.; JUÁREZ, J.; CUENCA, J.; OLLITRAULT, P.; NAVARRO, L. Recovery
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hybridisation and its application to extensive breeding programs. Plant Cell
Report, v.29, p. 1023-1034, 2010.
BALDASSARI, R.B.; de GOES, A.; TANNURI, F. Declínio dos citros: algo a ver
com o sistema de produção de mudas cítricas?. Revista Brasileira de
Fruticultura, Comunicação científica, Jaboticabal, v.25, n.2, 2003.
BASTOS, D. C.; FERREIRA, E. A.; PASSOS, O. S.; de SÁ, J. F.; ATAÍDE, E. M.;
CALGARO, M. Cultivares copa e porta-enxertos para a citricultura brasileira.
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.35, n.281, p.36-45, 2014.
BENEDITO, V. A; MOURÃO FILHO, F. A. A; MENDES, B.M.J. Calogênese,
embriogênese somática e isolamento de protoplastos em variedades de laranja
doce. Scientia Agricola, v.57, n.1, 2000.
10
CAPÍTULO 1
______________________________
Artigo será submetido ao comitê editorial do periódico científico Revista Brasileira de Ciências
Agrárias.
15
INTRODUÇÃO
Os citros estão entre o grupo de fruteiras mais importantes para o Brasil,
devido ao valor nutritivo dos frutos e ao papel socioeconômico que desempenham
na exportação (COELHO et al., 2006). E a ampliação da base genética dos
pomares brasileiros, especialmente relacionada às variedades utilizadas para
copas e porta-enxertos, incluindo aquelas com capacidade de adaptação a
estresses abióticos, contribuirá significativamente para que se alcancem
rendimentos economicamente superiores no país (BRITO et al., 2008).
Apesar dos citros apresentarem grande importância na economia do país,
o Brasil apresenta participação pouco expressiva nas exportações mundiais de
laranja e tangerina in natura. Além de questões de ordem fitossanitária, uma das
razões para a baixa participação brasileira neste mercado é a inexistência de
cultivares que atendam aos requisitos de qualidade exigidos pelo mercado
externo de fruta fresca, sendo um dos principais, a exigência de frutos sem
sementes (LATADO et al., 2007).
Uma das estratégias utilizadas para a obtenção de frutos sem sementes é
a utilização de cultivares triploides, como a limeira ácida 'Tahiti' (Citrus latifolia
Tanaka), que apresenta alto valor comercial e é altamente produtiva,
provavelmente originada de hibridação natural (LUCHETTI et al., 2003).
Os híbridos triploides em citros podem ser obtidos a partir de cruzamentos
de parentais diploides (2x) com tetraploides (4x) e diploides (2x) com diploides
(2x) neste último caso, os embriões triploides originam-se da fertilização de
gametas femininos não reduzidos (diploides), com gametas masculinos reduzidos
(haploides), sendo a frequência natural de obtenção de triploides muito baixa
(próxima de 5 %), neste último caso, variando em função do genótipo materno
(ESEN; SOOST, 1971; ESEN; SOOST, 1973a).
Programas de melhoramento genético de citros baseados em
hibridizações dirigidas a obtenção de variedades produtoras de frutos triploides,
necessitam de metodologias que permitam o resgate e cultivo de embriões e a
análise do nível de ploidia dos indivíduos obtidos. Nesse aspecto, as técnicas de
biotecnologia são aliadas essenciais para contornar as dificuldades encontradas
no melhoramento de variedades copas, disponibilizando ferramentas como a
18
cultura de tecidos vegetais, que por meio do cultivo in vitro possibilita o estudo
das necessidades físicas e nutricionais dos embriões (CHAGAS et al., 2003).
Frutos sem sementes é uma das características mais importantes para a
produção de tangerinas voltadas para o mercado de frutas frescas, pois os
consumidores, principalmente os europeus, não aceitam a presença de sementes
nos frutos (ALEZA et al., 2010b). A partenocarpia é uma peculiaridade
fundamental para a produção de frutos sem sementes, e é uma característica que
está presente no germoplasma de citros (ALEZA et al., 2010a). Com isso, a
criação de híbridos triploides é uma importante estratégia de melhoramento
genético para o desenvolvimento de novas variedades copas comerciais de citros
(OLLITRAULT et al., 2008).
Neste sentido, o objetivo do trabalho foi quantificar a frequência de
triploides obtidos a partir de cruzamentos naturais (polinizações abertas) e
controlados, em diferentes variedades de tangerineiras e condições ambientais do
Estado da Bahia.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos em dois municípios do Estado da
Bahia. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, coordenadas geográficas 12°40´19”
de latitude sul, 39°06’23” de longitude oeste com altitude de 226 m. O clima é
tropical quente e úmido, com pluviosidade média anual de 1170 mm, com
variações entre 900 e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais
chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é
de 24,5°C e umidade relativa de 80% (REZENDE, 2004). Mucugê, Chapada
Diamantina, coordenadas geográficas 13º 00’19” de latitude sul, 41º 22’ 15” de
longitude oeste com altitude de 983 m. O clima é caracterizado como semiúmido,
com estação chuvosa (outubro a março) e seca (abril a setembro). A pluviosidade
média anual é de cerca de 1100 mm, com média de 600 mm na estação seca e
1500 mm na estação chuvosa; a temperatura média anual é de 20°C
(STRADMANN, 1998).
Foram realizados dois experimentos: um envolvendo frutos obtidos a partir
de polinizações abertas e outro utilizando frutos provenientes de polinizações
19
intensidade solar e temperatura, em dias não chuvosos, entre as 10h e 16h, para
facilitar a liberação e uso do pólen.
O pólen colhido de flores recém-abertas dos parentais masculinos foi
utilizado na polinização de flores dos parentais femininos: estas últimas foram
emasculadas antes da antese. A emasculação foi realizada no estádio de balão
(próxima da abertura floral), eliminando-se cuidadosamente as pétalas e anteras
com auxílio de pinça e bisturi, evitando-se o contato com o estigma. A polinização
foi realizada imediatamente após a emasculação, estando o estigma receptivo
(úmido).
Em torno de quatro a cinco meses após as polinizações serem realizadas,
os frutos que vingaram foram coletados. Sendo que os frutos provenientes tanto
das polinizações naturais como dos cruzamentos controlados, foram levados ao
Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Mandioca e Fruticultura, onde
suas sementes foram removidas mediante a um corte transversal incompleto feito
no fruto, garantindo assim a integridade das mesmas (Figura 1A e 1B), as
sementes foram lavadas com detergente neutro e água corrente (Figura 1C),
contadas individualmente por fruto, e classificadas de acordo com o estágio de
desenvolvimento e o tamanho, em normal (sementes com o tegumento bem
formado), pouco desenvolvida (sementes com o tegumento enrugado) e pequena
(sementes com 1/3 a 1/6 do tamanho normal), Figura1D.
Selecionaram-se, prioritariamente, sementes que são de 3 a 6 vezes
menores que as sementes contendo embriões diploides por elas apresentarem
expressivo potencial de produção de indivíduos triploides (ALEZA et al., 2010b).
21
A B
C D
Figura 1. Frutos da variedade Page (A); frutos cortados para retirada das
sementes (B); sementes lavadas com detergente neutro depois de extraídas dos
frutos (C); sementes com tamanho normal, indicadas pela seta vermelha,
semente pouco desenvolvida, indicada pela seta azul e sementes pequenas,
indicadas pela seta verde (D).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 6. Cruzamentos controlados realizados em Mucugê, BA. Número de plantas obtidas a partir de sementes normais (SN),
número de plantas obtidas a partir de sementes pouco desenvolvidas (SPD), número de plantas obtidas a partir de sementes
pequenas (SP), porcentagem de plantas obtidas (PO%) e porcentagem de plantas triploides.
Parental feminino Parental masculino SN PO% Triploides% SPD PO% Triploides% SP PO% Triploides%
‘Kincy’ 3 7,9 0,0 0 0,0 0,0 2 40,0 1 (50,0%)
‘Montenegrina’ 9 9,3 0,0 0 0,0 0,0 4 50,0 4 (100%)
‘Ortanique’ ‘Page’ 10 17,2 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0 (0,0%)
‘Swatow’ 5 13,5 0,0 0 0,0 0,0 2 50,0 2 (100%)
‘Fremont’ 2 10,0 0,0 1 20,0 0,0 0 0,0 0 (0,0%)
‘Swatow’ 6 5,0 0,0 0 0,0 0,0 5 33,3 0 (0,0%)
‘Kincy’ 1 5,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0 (0,0%)
‘Nova’
‘Fremont’ 5 25,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0 (0,0%)
‘Montenegrina’ 2 10,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0 (0,0%)
1
‘Ortanique’ tangor natural [Citrus reticulata Blanco x C. sinensis (L.) Osbeck]; ‘Kincy’ (tangerineira ‘King’ C. nobilis Lour. x
tangerineira ‘Dancy’ C. tangerina hort. ex Tanaka); ‘Montenegrina’ (C. deliciosa Ten.); tangerineira-tangelo ‘Page’ (tangerineira
‘Clementina’ C. clementina hort. ex Tanaka x tangelo ‘Minneola’ C. paradisi Macfad. x C. tangerina); ‘Fremont’ (tangerineira
‘Clementina’ C. clementina x tangerineira ‘Ponkan’ C. reticulata); tangerineira ‘Swatow’ (C. reticulata); tangerineira-tangelo ‘Nova’
[tangerineira ‘Clementina’ x tangelo ‘Orlando’ (C. paradisi x C. reticulata)].
32
Tabela 7. Cruzamentos controlados realizados em Cruz das Almas, BA. Número de plantas obtidas a partir de sementes normais
(SN), número de plantas obtidas a partir de sementes pouco desenvolvidas (SPD), número de plantas obtidas a partir de sementes
pequenas (SP), porcentagem de plantas obtidas (PO%) e porcentagem de triploides.
Parental feminino Parental masculino SN PO% Triploides% SPD PO% Triploides% SP PO% Triploides%
‘Kincy’ 26 30,6 0,0 5 31,3 0,0 0 0,0% 0,0
‘Nova’
‘Page’ 4 40,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0
‘Ortanique’ ‘Kincy’ 28 75,7 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0
1
Tangerineira-tangelo ‘Nova’ [tangerineira ‘Clementina’ C. clementina hort. ex Tanaka x tangelo ‘Orlando’ (C. paradisi Macfad x C.
reticulata Blanco); ‘Kincy’(tangerineira ‘King’ C. nobilis Lour. x tangerineira ‘Dancy’ C. tangerina hort. ex Tanaka); ‘Ortanique’ tangor
natural [Citrus reticulata x C. sinensis (L.) Osbeck]; tangerineira-tangelo ‘Page’ (tangerineira ‘Clementina’ C. clementina hort. ex
Tanaka x tangelo ‘Minneola’ C. paradisi Macfad. x C. tangerina).
34
25.00 25.00
Temperatura (C°)
Pluviosidade (mm)
20.00 20.00
15.00 15.00
10.00 10.00
5.00 5.00
0.00 0.00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
CONCLUSÕES
A frequência de obtenção de triploides variou em função do genótipo, do
tamanho das sementes e do ambiente.
A ‘Ortanique’ destacou-se pelo seu maior potencial de produção de
triploides.
Sementes de menor tamanho e pouco desenvolvidas apresentaram maior
capacidade de geração de triploides que as sementes normais.
O ambiente de Mucugê, que apresenta maior altitude e temperaturas mais
baixas, favoreceu a formação de triploides.
38
REFERÊNCIAS
ALEZA, P.; CUENCA, J.; HERNÁNDEZ, M.; JUÁREZ, J.; NAVARRO, L.;
OLLITRAULT, P. Genetic mapping of centromeres in the nine Citrus clementina
chromosomes using half-tetrad analysis and recombination patterns in unreduced
and haploid gametes. BMC Plant Biology, v.15, n. 80, 2015.
ALEZA, P.; CUENCA, J.; JUÁREZ, J.; PINA, J. A.; NAVARRO, L. ‘Garbí’
Mandarin: A New Late-maturing Triploid Hybrid. Horticultural Science, January,
v. 45, n. 1, p.39-141, 2010a.
ALEZA, P.; FROELICHER, Y.; SCHWARZ, S.; AGUSTI, M.; HERNÁNDEZ, M.;
JUÁREZ, J.; LURO, F.; MORILLON, R.; NAVARRO, L.; OLLITRAULT, P.
Tetraploidization events by chromosome doubling of nucellar cells are frequent in
apomictic citrus and are dependent on genotype and environment. Annals of
Botany, v.108, p.37-50, 2011.
ALEZA, P.; JUÁREZ, J.; CUENCA, J.; OLLITRAULT, P. Extensive citrus triploid
hybrid production by 2x × 4x sexual hybridizations and parent-effect on the length
of the juvenile phase. Plant Cell Reports, v.3, p. 1723–1735, 2012b.
ALEZA, P.; JUÁREZ, J.; CUENCA, J.; OLLITRAULT, P.; NAVARRO, L. Recovery
of citrus triploid hybrids by embryo rescue and flow cytometry from 2X x 2X sexual
hybridisation and its application to extensive breeding programs. Plant Cell
Report, v.29, p. 1023-1034, 2010b.
Aleza, P.; Juárez, J.; Hernández, M.; Ollitrault, P.; Navarro, L. Implementation of
extensive citrus triploid breeding programs based on 4x × 2x sexual hybridization.
Tree Genetics & Genomes , v.8, p.1293-1306, 2012a.
ASKER, S.; JERLING, L. Apomixis in plants. Boca Raton, FL: CRC Press; 1992.
BARRETT, H.C.; HUTCHISON, D.J. Spontaneous tetraploidy in apomictic
seedlings of Citrus. Economic Botany, v.32, p.27-45, 1978.
BOSCO S, F. del.; MATRANGA, G.; GERACI, G. Micro and macrosporogenesis of
two triploid hybrids of citrus. International Society of Citriculture, Acireale, v.1,
p.122–124, 1992.
BRITO, M. E. B.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R.; MELO, A. S. DE;
CARDOSO, J. A. F.; SOARES FILHO, W. DOS. S. Sensibilidade de variedades e
39
CAPÍTULO 2
______________________________
Artigo será submetido ao comitê editorial do periódico científico Revista Brasileira de Ciências
Agrárias.
43
INTRODUÇÃO
O porta-enxerto é de extrema importância na formação das mudas cítricas,
pois, pode influenciar muitas características da copa, tais como a qualidade,
quantidade e precocidade da produção, desenvolvimento, vigor, período de
maturação dos frutos, resistência a pragas e doenças, capacidade de adaptação das
plantas às condições ambientais desfavoráveis, mantendo as características
essenciais das copas desejadas (ANDRADE; MARTINS, 2003).
A produção in vitro de porta-enxertos de frutas de caroço vem sendo realizada
de forma comercial em vários países da Europa, principalmente na Itália (LORETI;
MASSAI, 1995), não sendo utilizada no Brasil em função da inexistência de um
método economicamente viável (SILVA et al., 2003; TEIXEIRA, et al., 2004). A
ferramenta do cultivo in vitro é uma técnica que tem permitido propagar espécies
que possuem difícil multiplicação, e apresenta as vantagens de possibilitar a
produção em larga escala de mudas livres de patógenos e com uniformidade
genética, em pequeno espaço físico e curto período de tempo, de forma a atender
às exigências das entidades fiscalizadoras e às necessidades dos produtores de
mudas de qualidade (OLIVEIRA et al., 2001; CARRER et al., 2010).
Apesar de a citricultura ser extremamente importante para a economia do
país, no Brasil ocorre a concentração do porta-enxerto limoeiro ‘Cravo’ (Citrus
limonia Osbeck) sustentando a base dos pomares, principalmente nas regiões Norte
e Nordeste. O que acaba contribuindo para deixar a citricultura brasileira em estado
de vulnerabilidade, em virtude do surgimento de doenças, às quais o limoeiro ‘Cravo’
pode apresentar suscetibilidade (SOUZA et al., 2002; POMPEU JUNIOR; BLUMER,
2009; CARVALHO et al., 2016).
Normalmente a produção de porta-enxertos de citros ocorre por meio de
semeadura em viveiros, e a depender da taxa de poliembrionia das sementes essa
via de propagação pode comprometer a fidelidade genética e uniformidade dos
pomares, pois os embriões zigóticos não preservam as características do porta-
enxerto de interesse (SHARMA et al., 2009). Na germinação das sementes ocorre a
produção de 1% a 40% de plântulas zigóticas. Além disso, têm porta-enxertos que
não produz ou apresenta uma quantidade muito pouca de sementes; são
monoembriônicos; possuem baixa taxa de germinação; dificultando a produção de
mudas por esse método (SHARMA et al., 2009).
46
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na biofábrica da Campo Biotecnologia
Vegetal Ltda., localizada na Embrapa Mandioca e Fruticultura. Selecionaram-se dez
híbridos introduzidos ou obtidos pelo Programa de Melhoramento Genético de Citros
da Embrapa Mandioca e Fruticultura: citrandarins [Citrus sunki (Hayata) hort. ex
Tanaka x Poncirus trifoliata (L.) Raf.] ‘Indio’, ‘San Diego’ e ‘Riverside’; LRF x ( LCR x
TR ) - 005, híbrido de limoeiro ‘Rugoso da Flórida’(C. jambhiri Lush.) x limoeiro
‘Cravo’ C. limonia Osbeck x P. trifoliata; HTR - 051, HTR -069, híbridos de trifoliata;
TSKC x (LCR x TR) - 059, híbrido de tangerineira ‘Sunki’ (C. sunki Hort. ex Tanaka)
seleção comum x (C. limonia x P. trifoliata); TSK x TRBK - Colômbia, híbrido de
tangerineira ‘Sunki’ C. sunki x P. trifoliata seleções ‘Beneke’; tangerineira ‘Sunki
47
Tropical’ (C. sunki); e LCR x TR - 001, híbrido de limoeiro ‘Cravo’ (C. limonia) x
híbridos de (P. trifoliata).
Para a obtenção dos explantes, foram coletados cinco frutos maduros dos dez
genótipos, previamente selecionados, localizados no Campo Experimental da
Embrapa Mandioca e Fruticultura. Foram removidas todas as sementes, as mesmas
foram lavadas para a retirada da mucilagem e secas em temperatura ambiente.
Posteriormente, foi retirado o tegumento externo (testa) das sementes e realizou-se
a desinfestação em câmara de fluxo laminar, imergindo-as em etanol 70% por cinco
minutos e em solução de hipoclorito de sódio 0,5 %, contendo duas gotas de
Tween® por 20 minutos, seguindo-se três lavagens em água destilada autoclavada.
As sementes foram inoculadas em tubos de ensaio contendo aproximadamente 10
mL do meio de cultura WPM na sua constituição basal (LLOYD; MCCOWN, 1980).
Os tubos foram mantidos em sala de crescimento, incubados à temperatura de 27 ±
1 ºC, com densidade de fluxo de fótons de 30 μmol.m-2.s-1 e fotoperíodo de 16 horas.
Após 120 dias de cultivo, quando as plantas alcançaram altura de
aproximadamente 10 cm a 12 cm, foram utilizadas como fontes de explantes para o
estabelecimento do experimento.
Segmentos nodais das plantas cultivadas in vitro, com aproximadamente 1cm
de comprimento, foram inoculados em frascos de vidro (250 mL) contendo 50 mL do
meio de cultura WPM, em seguida os frascos foram levados a sala de crescimento,
à temperatura de 27 ± 1 ºC, com densidade de fluxo de fótons de 30 μmol.m -2.s-1 e
fotoperíodo de 16 horas.
Aos 150 dias de cultivo procedeu-se ao subcultivo dos explantes em novo
meio de cultura. O número de plantas formadas por explante foi avaliado aos 180
dias após a inoculação dos segmentos nodais.
Os dados obtidos foram submetidos ao teste F da análise de variância e as
médias agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, as análises
estatísticas foram realizadas com o programa estatístico Statistical Analysis System -
SAS (SAS, 2004).
Para determinação da taxa de poliembrionia nos genótipos estudados,
utilizou-se 23 sementes a partir do total coletado, considerando poliembriônicos
aqueles com mais de um embrião por semente, conforme metodologia descrita por
Santos et al. (2015).
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo in vitro de explantes dos citrandarins ‘Indio’, ‘San Diego’e ‘Riverside’,
da tangerineira ‘Sunki Tropical’, dos híbridos TSKC x (LCR x TR) - 059, LRF x (LCR
x TR) - 005, TSK x TRBK - Colômbia, HTR - 051, HTR - 069 e LCR x TR - 001,
apresentou respostas positivas à micropropagação em WPM.
Conforme pode ser observado na Tabela 1, os citrandarins ‘Indio’ e
‘Riverside’, os híbridos HTR - 051, LRF x (LCR x TR) - 005, LCR x TR - 001 e a
tangerineira ‘Sunki Tropical’ apresentaram elevada taxa de poliembrionia em suas
sementes, já o TSKC x (LCR x TR) - 059, HTR - 069 e TSK x TRBK - Colômbia
apresentaram baixa taxa de poliembrionia, evidenciando que o meio de cultivo WPM
na sua constituição basal, é eficiente na propagação tanto de indivíduos de origem
nucelar quanto de híbridos. O que permitirá, após serem feitas análises moleculares
de todas as plantas obtidas, a identificação e seleção apenas dos genótipos
nucelares, que serão multiplicados in vitro, e o descarte dos híbridos.
médias de explantes por planta foram: tangerineira ‘Sunki Tropical’, os híbridos LRF
x (LCR x TR) - 005 e LCR x TR - 001, todos com média (1,00), HTR - 069
(média1,40) e HTR - 051 (média 2,00).
Sabe-se que o WPM é um meio de cultivo básico, que vem sendo utilizado
para o estabelecimento in vitro do Banco Ativo de Germoplasma de Citros da
Embrapa Mandioca e Fruticultura, por proporcionar resultados muito promissores na
multiplicação de vários genótipos de citros (SOUZA et al., 2011).
O número de segmentos nodais ou de brotos é uma característica de grande
importância quando se objetiva a micropropagação. Neste estudo, foi possível a
obtenção de um número satisfatório de segmentos nodais da maioria dos genótipos
cultivados no meio WPM em sua concentração basal, mesmo quando comparado ao
número de brotos, obtidos em outros estudos. Esmaeilnia e Dehestani (2015)
obtiveram uma média de 1,2 brotos cultivando in vitro seguimentos apicais de Citrus
sinensis L. Osbeck., também em meio WPM. Oliveira et al. (2010), obtiveram a
mesma média de brotos no cultivo in vitro de laranjeiras 'Pêra', 'Valência' e 'Bahia'
em meio WPM.
Em estudo realizado por Rodrigues et al. (2015) eles constataram que os
genótipos LCR x TR - 001, citrandarins ‘Indio’ e ‘Riverside’, e tangerineira ‘Sunki
Tropical’ apresentaram 100% de poliembrionia em suas sementes, já os híbridos
HTR - 051 e TSKC x (LCR x TR) - 059 apresentaram taxa de poliembrionia variando
de 87,5% a 58,53%. De acordo com Passos et al. (2006) quanto mais elevada a taxa
de poliembrionia nas sementes, maiores serão as chances de o porta-enxerto
quando propagado produzir plantas de origem nucelar, pois, em sementes
poliembriônicas a maioria dos embriões é de origem nucelar, ou seja, são
geneticamente idênticos a planta mãe, garantindo desse modo, a integridade
genética e a homogeneidade dos pomares.
Em se tratando de porta-enxertos de citros, uma elevada produção de
sementes é uma característica muito importante, pois é diretamente proporcional a
quantidade de novas plantas que serão multiplicadas nos viveiros. Sabe-se que são
os fatores genéticos e ambientais que irão determinar o número de sementes por
fruto, sendo esse número variável a depender do genótipo (SANTOS et al., 2015).
Segundo Oliveira et al. (2014) em ensaios conduzidos no norte do estado de
São Paulo, os híbridos LCR x TR - 001, HTR - 051, HTR 069 e TSKC x (LCR x TR) -
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CONCLUSÕES
O meio WPM mostrou-se adequado à micropropagação dos genótipos
estudados, particularmente do citrandarin ‘Indio’ e dos híbridos TSKC x (LCR x TR) -
059 e TSK x TRBK - Colômbia.
Ajustes no meio WPM são necessários para melhorar a eficiência da
micropropagação da tangerineira ‘Sunki Tropical’ e dos híbridos LRF x (LCR x TR) -
005 e LCR x TR - 001.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, R. A. de.; MARTINS, A. B. G. Propagação vegetativa de porta-enxertos
para citros. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n.1, p. 134-136,
2003.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo in vitro é uma técnica de biotecnologia que tem sido utilizada na
tentativa de superar as barreiras da biologia reprodutiva das plantas cítricas. É uma
importante aliada na busca de tentar superar os obstáculos enfrentados pelo
melhoramento genético convencional, e tem contribuído com avanços no
aprimoramento e desenvolvimento de variedades copa e porta-enxertos.
A obtenção de plantas triploides em citros visa à produção de frutos sem
sementes. Característica que vem sendo explorada em programas de melhoramento
genético, objetivando desenvolver novas variedades copa, cujos frutos atendem as
exigências do mercado global de frutas de mesa.
Normalmente, a criação de híbridos triploides por meio de hibridações
utilizando parentais diploides, baseia-se na utilização de sementes pequenas e
pouco desenvolvidas, e apontam para a influência das condições ambientais e do
parental feminino na formação desses indivíduos. No entanto, neste trabalho
utilizaram-se sementes pequenas, pouco desenvolvidas e normais, notando-se que
a frequência de obtenção de triploides em sementes normais foi muito baixa, não
sendo viável a utilização das mesmas. Estes resultados corroboram com o
encontrado por outros autores.
Porta-enxertos com bom potencial de uso horticultural podem apresentar
restrições à sua propagação, destacando-se o reduzido número de sementes e a
baixa poliembrionia. Em auxílio ao contorno dessa situação, o cultivo in vitro é uma
ferramenta de grande utilidade, além de promover a obtenção de propágulos livres
de doenças, em larga escala e em pequena área. Nesse sentido, o meio de cultura
WPM mostrou-se eficiente na micropropagação de diferentes genótipos de citros.